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As Queimadas e os Princípios Ambientais

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FADIR – Faculdade de Direito e Relações Internacionais
Acadêmico: Jehad Ibrahim
Acadêmica: Letícia Andrade
Profª Drª Verônica Maria Bezerra Guimarães
Direito Ambiental
(Bacharel em Direito | RAE | 2020.2)
A devastação dos biomas brasileiros já é um problema endêmico no país, porém, na atual conjuntura governamental parece que não medem esforços para que o problema se agrave. Sendo por razões climáticas ou ações humanas (principalmente), o Brasil sofre com uma crescente absurda nos números de áreas desmatadas nos últimos dois anos, conforme a consolidação dos dados divulgados pelo INPE, que demonstra uma alta de 72% no número de alertas de queimadas nos últimos 12 meses comparados com o mesmo período do ano anterior[footnoteRef:1]. [1: INPE: Desmatamento da Amazônia em 2019 (http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=5465)] 
Muito se questiona sobre o que fazer para evitar essa crescente absurda oriunda da atividade criminosa humana, já que reduzir a zero torna-se impossível dada as razões climáticas naturais, então, para responder esse questionamento, primeiro de tudo devemos entender o direito ambiental como um direito fundamental (art. 225, caput, CF/88)[footnoteRef:2], assim o é por ser o meio ambiente considerado um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida[footnoteRef:3], razão pela qual se fez necessária uma proteção permanente deste direito social no ordenamento jurídico constitucional[footnoteRef:4]. Dito isso, podemos responder a problemática abordando outros princípios ambientais, sejam já consolidados em leis ou jurisprudências. [2: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.] [3: SALLES, Carolina. O meio ambiente como um direito fundamental da pessoa humana. 2013] [4: SANSON, Alexander. O princípio do desenvolvimento sustentável como limitação do poder econômico. 2006] 
Consolidado no art. 225 da Constituição Federal, o princípio da solidariedade intergeracional ambiental, afirma que deve-se preservar o meio ambiente saudável para que gerações futuras usufruam de seu direito, sem que a geração atual fique em detrimento deste objetivo de garantir o direito ao meio ambiental saudável para as gerações posteriores.
“[...] “o princípio da solidariedade intergeracional visa obrigar as gerações presentes a incluir como medida de acção e de ponderação os interesses das gerações futuras” (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016)
Previsto no art. 170, VI da CF/88, a partir de 2003, e também no art. 225 do mesmo código, o princípio do desenvolvimento (econômico) sustentável tem como objetivo impor limites às atividades econômicas que acarretem em uma exploração desmedida de recursos naturais. Tal dispositivo não deve ser compreendido como óbice ao desenvolvimento tecnológico ou econômico, mas como forma de gestão racional de recursos naturais apta a impedir uma devastação ambiental desenfreada, de modo que as necessidades atuais possam ser atendidas sem causar prejuízos irrecuperáveis às futuras gerações[footnoteRef:5]. [5: SANSON, Alexander. 2006] 
O princípio da prevenção surge como garantia para que o Estado não se torne um órgão de repressão as atividades econômicas mas sim que ele consiga evitar um possível dano certo causado pelas queimadas, como por exemplo a aplicação deste princípio nos tribunais para que proíba as queimadas das palhas de cana-de-açúcar das empresas sucroalcooleiras[footnoteRef:6] ou destruição de áreas ambientais para atividade agropastoril[footnoteRef:7]. [6: (TJ-SP - APL: 17388820048260614 SP 0001738- 88.2004.8.26.0614, Relator: Renato Nalini, 01/12/2011, Câmara Reservada ao Meio Ambiente, Data de Publicação: 07/12/2011)] [7: (TJ-MT: AI 1010163-15.2018.8.11.0000, Relator: Marcio Aparecido Guedes, Data de Julgamento: 16/10/2019, Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo, Data de Publicação: 23/10/2019)] 
Quando não há como prevenir o dano causado, surge o princípio do poluidor-pagador, como forma de responsabilizar o causador pelos danos ambientais na esfera cível, penal e administrativa como por exemplo o a Ação Civil Pública 5004973-55.2015.4.04.7107 RS 5004973-55.2015.4.04.7107 que que foi ajuizada pelo IBAMA exigindo que um indivíduo recuperasse a área ambiental que degradou, sob pena de multa diária decorrente dos prejuízos imateriais causados à coletividade pela ocorrência de queimadas em área rural. 
Pode-se citar também o princípio da precaução que consiste no dever de precaução em relação aos danos ambientais e da avaliação prévia dos impactos ambientais de qualquer natureza, sendo um verdadeiro mecanismo de planejamento que insere a obrigação de considerar o meio ambiente antes de tomadas de decisões e da realização de atividades que possam influir na qualidade ambiental, requerendo um estudo prévio de impacto ambiental (art. 225, §1º, IV da CF/88), como caso concreto da aplicação do princípio pode-se citar a AC 0008182-55.2015.4.01.3307 em que fora negado a autorização para uso de fogo no manejo florestal em uma área ambiental para exercício de atividade agropastoril. 
Acima fora abordado alguns princípios que estão entrelaçados no âmbito jurídico da situação, mas existem alguns princípios que podem ser citados como forma de conscientização da população, tal como o princípio do protetor-recebedor que visa recompensar indivíduos que cumprem seu dever de preservação ambiental, comumente a recompensa é isenção de impostos.
Além de todos esses princípios abordados, não podemos deixar de citar projetos ambientais que vieram dando certo ao longo dos anos no combate ao desmatamento no Brasil, tendo por exemplo a criação do ICMBio e seu voluntariado que tem o propósito de promover o engajamento da sociedade na conservação da biodiversidade por meio da ação voluntária e do reconhecimento público dessa contribuição[footnoteRef:8]. Outro exemplo foi a criação do PPCDAm (Plano para Controle do Desmatamento da Amazônia Legal) e do PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado) que foram estruturados para enfrentar as causas do desmatamento de forma abrangente, integrada e intensiva, tendo ações articuladas que contribuíram significativamente para a drástica redução na taxa de desmatamento da Amazônia e do Cerrado[footnoteRef:9], conforme dados do PRODES. [8: ICMBio e Voluntariado – Ministério do Meio Ambiente ] [9: Plano para Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa] 
O Direito Ambiental no Brasil por mais recente que seja deu longos passos quando falamos sobre a conservação ambiental, porém, em meio aos esforços de civis e políticos engajados existe uma estrutura econômica e política, que está bastante explícita hoje, que também está engajada mas para criar um desmonte ambiental e jogar na vala todas as conquistas celebradas nos últimos 30 anos após a consolidação do direito ambiental como um direito fundamental, existindo vários princípios constitucionais e jurisprudenciais que amparam nossa garantia a um meio ambiente saudável, se torna mais a luta, em contrapartida, não há engajamento de uma grande parcela da sociedade quando se discute sobre causas ambientais, então, se torna fácil aos governos vigentes tentarem praticar desmontes ambientais para benefício de poucos.

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