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PROCEDIMENTOS PARA OBTENÇÃO DA PROVA PERICIAL Professor Dr. Ademir M. Moribe DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Editoração Ellen Jeane da Silva Designer Educacional Produção de Materiais Qualidade Textual Produção de Materiais Revisor Técnico Jovi Barboza NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MORIBE, Ademir M. Perícia Contábil. Ademir M. Moribe. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 40 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Contábil. 2. Perícia. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0092-4 CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 sumário 07| PROVA PERICIAL 21| PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS DA PERÍCIA 15| DILIGÊNCIAS PARA OBTENÇÃO DE PROVAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Desenvolver no(a) aluno(a) a capacidade de interpretação e análise de provas contábeis, visando prepará-lo(a) para enfrentar situações reais em ambiente de aprendizagem. • Propiciar ao(à) discente a possibilidade de enfrentar situações de pedidos e contestações judiciais ou extrajudiciais, na confrontação dos elementos de provas apresentados nos pareceres e laudo. • Explicar a importância da metodologia para aplicação dos procedimentos voltados à obtenção da prova pericial. • Explicar a observância da legalidade para aplicar procedimentos voltados à obtenção da prova. • Apresentar os meios de investigação para obter e produzir provas objeti- vas essenciais para responder aos quesitos. • Apresentar e explicar os procedimentos periciais. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Prova Pericial • Diligências para obtenção da prova • Procedimentos especiais da perícia PROCEDIMENTOS PARA OBTENÇÃO DA PROVA PERICIAL INTRODUÇÃO introdução Caro(a) aluno(a)! Nós já estudamos o fundamento do contexto da perícia, in- cluindo aspectos conceituais e legais. Relembremos agora que a observância do formalismo processual é importante na atividade pericial, tendo em vista tratar de conflitos ou litígios entre partes. Buscamos também detalhar os aspectos relacionados ao planejamento dos trabalhos a partir da convocação do perito e em que o perito deverá focalizar ao receber um processo judicial para fins periciais. Muitas vezes um processo contém centenas de páginas e a leitura poderá levar horas. Essa fase, engloba- da no planejamento, é oportuna para a definição dos honorários periciais e dos custos relacionados à execução do trabalho. Vamos estudar agora os processos da execução da perícia em si, o que o perito contador deverá fazer para executar o trabalho de perícia, bem como os cuidados necessários durante as diligências. A essência da produção da prova consiste na definição de procedimentos corretos, que poderão ser aplicados em cada trabalho. Quero chamar sua atenção para o fato de que são nulas as provas obtidas por meios ilegais. Assim é importante que a metodologia e os procedimentos periciais adotados sejam embasados em definições, nas normas e conceitos corretos e coerentes para evitar futuras responsabilizações. Os procedimentos consistem nas diligências que envolvem a vistoria, o in- terrogatório, a análise ou o exame das transações e documentos, a avaliação, a mensuração, conforme previsão das Normas Brasileiras de Contabilidade e do Código de Processo Civil. Vamos estudar, portanto, os cuidados que o perito deverá observar durante as diligências, como, por exemplo, cuidados no manuseio dos documentos, pois, em se tratando de ambiente hostil, todo cuidado será pouco. Veja que são comuns notícias envolvendo falsificação de documentos e de registros contá- beis, simulações de transações, manipulação de gastos, entre outros atos ilícitos. INTRODUÇÃO introdução Por outro lado, também são comuns desentendimentos entre sócios em uma empresa, dissoluções litigiosas de casamentos, indícios de sonegações de tributos, regularização de receitas obtidas por meios ilícitos etc. Nesse contexto, o perito deverá manter registros dos locais e datas das diligências, nomes das pessoas contatadas, documentos ou objetos examinados, rubricando a docu- mentação examinada, quando julgar necessário, e, principalmente, juntando o elemento de prova na versão original, cópia ou certidão. Espero que aprecie os temas. Bom estudo! Pós-Universo 7 Provas no meio jurídico representam o modo pelo qual o magistrado encontrará em- basamento fático que o convença das alegações de fatos para decidir uma causa, respeitando os argumentos e os fundamentos fornecidos pelas partes. O artigo 332, do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973) (CPC 2015, art. 369), define que provas são: “Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa”. No meio jurídico, são admissíveis dois tipos de prova: • Prova objetiva: é um meio hábil que comprova a existência do fato, como documentos, vistorias, testemunhas, evidências periciais etc. • Prova subjetiva: são convicções formadas mediante evidências de várias circunstâncias. PROVA PERICIAL Pós-Universo 8 A prova pericial, conforme definida no art. 420 do CPC (BRASIL, 1973) (Novo CPC – art. 464), consiste em exame, vistoria ou avaliação. Vale dizer a adoção de metodologias, técnicas e pesquisas integradas em procedimentos para verificação, constatação e análise devidamente fundamentadas em materialidades e consistência. É essencial a adoção de procedimentos técnicos para investigar e obter prova pericial. Por isso a prova pericial é descrita como uso de instrumentos confiáveis baseada em fatos expressos e materialmente documentados, que permita ao ma- gistrado ter elementos consistentes e objetivos para resolver uma disputa judicial. Tudo isto deve ser descrito em um laudo pericial que decorre da resposta aos que- sitos formulados pelas partes interessadas ou pelo juiz. O recente questionamento da Carga Tributária no Brasil poderia gerar uma demanda geral em todo o país, com a ajuda da perícia contábil. A questão é que a correção monetária das tabelas que geram as “bases de cálculo” dos tributos, como o IRRF, o IRPF, a CSLL, o IR-Lucro Presumido e o Simples Nacional, não vem sendo realizada por meio das normas regulamentado- ras desses tributos. Um trabalho de perícia, analisando os índices inflacionários desde a criação das leis que deram origem a esses tributos, poderia delinear uma cobran- ça injusta de tributos e demandar a União a ressarcir, no mínimo, o valor cobrado nos últimos cinco anos. Esse é um trabalho que, somente median- te técnicas periciais, é possível ser materializado. Fonte: o autor. saiba mais O perito contábil deverá ter acesso a todos os documentos necessários para a ela- boração do laudo, podendo, inclusive, solicitar o depoimento dos envolvidos. A pro- va pericial contábil tem como objetivo demonstrar a verdade dos fatos do processo perante a instânciadecisória. A perícia é uma forma de prova dos atos jurídicos, ou seja, o que há de mais essencial entre autor e réu. Os principais meios de prova são: confissão, depoimento pessoal, documentos particulares, inspeção, prova docu- mental, prova pericial, prova testemunhal, sendo a presunção do juiz considerada por alguns doutrinadores como um tipo de prova. Pós-Universo 9 A prova pericial é o meio de se demonstrar nos autos os fatos relevantes, pertinentes e controversos que deverão ser esclarecidos, respondendo aos quesitos, por meio legítimo, mediante a demonstração de fatos, documentos, peças ou declarações de testemunhas, enfim, tudo o que se colheu nos exames efetuados, por procedimentos e técnicas embasadas em definições com fundamentos concei- tuais corretos. Vale lembrar que em um ambiente de negócios empresariais, o perito ou assis- tente técnico pericial precisa estar atento às novas estratégias de negócio que se desenvolvem a cada dia e que criam procedimentos de gestão e informação, que devem se adequar às exigências dos sócios, investidores, credores, fornecedores, agências certificadoras ou reguladoras etc. Por isso é essencial conhecer como se desenvolvem as atividades nos diver- sos setores da empresa, como Compras → Almoxarifado → Produção → Tesouraria → Comercialização → Canais de Vendas → Expedição → Logística → Pós-Vendas → Finanças → Recursos Humanos → Contabilidade. Em uma circunstância em que os sócios estão se separando, o perito é chamado para avaliar o patrimônio e o fluxograma das operações que envolvem os diversos setores acima. Então, com a ajuda de “papéis de trabalho”, ele consegue demonstrar que os fluxos de operações que se iniciam com as “compras” e terminam com o “re- cebimento das vendas” têm falhas de controle que produzem demasiada fragilidade ao patrimônio da empresa, colocando em risco os investimentos dos sócios e a cre- dibilidade da empresa no mercado. Cada setor utiliza recursos (mão de obra, materiais, equipamentos, sistemas, tec- nologias e know-how), que resultam em gastos e que se transformam em despesas ou investimentos. O conhecimento desse ciclo resulta em avaliações de informações sobre lucratividade, rentabilidade, custos, faturamento, fluxos de caixa, análise da li- quidez, da solvência, para saber como as atividades serão financiadas. Adotando uma postura puramente profissional, o perito diligencia perante o Departamento de Recursos Humanos e coleta informações sobre a gama de mão de obra de cada departamento, produtivo e não produtivo (administrativos). Da mesma forma, dirige-se ao departamento financeiro e toma conhecimento dos “custos fixos”, que são aqueles que acontecem (em ocorrência e valores) independentemente do volume de negócios da empresa no período. Visita o departamento de contabilida- de, certifica-se de que os prazos de operação (pagamentos, recebimentos e ciclo Pós-Universo 10 de estoques) resultam em um período desfavorável para a empresa, determinando uma necessidade de “capital de giro” para aquele período. Com o levantamento dos “gastos diários”, por meio das informações coletadas, consegue dimensionar essa ne- cessidade de capital de giro e, da mesma forma, mediante a análise da rentabilidade do “mix” de produtos, inclusive, filtrando a lucratividade (margem de contribuição) pela incidência de tributos, consegue determinar que, em um determinado período, com uma determinada carga de negócios (compra, produção e vendas), manten- do-se o nível de lucratividade, a empresa conseguirá reduzir a sua necessidade de capital de giro e pagar seus encargos em dia. Com essa análise, o perito oferece ao sócio retirante uma melhor possibilidade de análise do valor de sua parte no patrimônio e ao sócio remanescente, uma melhor visão do investimento que precisa fazer para continuar com a empresa, medindo de forma mais precisa o tempo necessário para a recuperação desse investimento. Um documento contábil que poderá servir de prova deve estar revestido de for- malidade. O ITG 2000, aprovado pela Resolução no. 1330, do Conselho Federal de Contabilidade (BRASIL, 2011), documentação contábil que dá suporte à escrituração contábil dos livros diário e razão, compreende: 1. Documentação contábil é aquela que comprova os fatos que originam lançamentos na escrituração da entidade e que compreende todos os do- cumentos, livros, papéis, registros e outras peças, de origem interna ou externa, que apoiam ou compõem a escrituração. 2. A documentação contábil é hábil quando revestida das características intrín- secas ou extrínsecas essenciais, definidas na legislação, na técnica-contábil ou aceitas pelos “usos e costumes”. 3. Os documentos em papel podem ser digitalizados e armazenados em meio magnético ou digital, desde que assinados pelo responsável pela entida- de e pelo profissional da contabilidade regularmente habilitado, devendo ser submetidos ao registro público competente. Com o advento do SPED – SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL, registra-se uma mudança significativa no sistema de processamento e organização das informações, de certa forma, até facilitando o trabalho para aqueles profissionais mais atualizados e conhecedores de novas tecnologias. Pós-Universo 11 É importante não esquecer que, conforme o preceito constitucional, não são válidas as provas obtidas por meios ilegais. Assim, por exemplo, se o perito utilizar dados de um extrato de conta corrente bancário ou de um cliente como documento proban- te, este somente será válido se for obtido com o consentimento do cliente ou por autorização judicial. Conforme previsto no artigo 429 do CPC (BRASIL, 1973) (Novo CPC, art. 473, § 3º), para o desempenho de sua função, podem, o perito e o assistente técnico, uti- lizarem-se de todos os meios lícitos e necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder das partes ou de re- partições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e quaisquer outras peças que julgar necessárias. Comprova-se, portanto, a importância da obtenção e do uso de meios lícitos para a aquisição de documentos ou relatórios para a validade da prova. Assim filma- gens e escutas telefônicas não autorizadas pelo magistrado não têm valor probante. Quanto à validade de documentos, é importante estar atento a sua autenticidade, evitando, assim, a posse de documentos montados ou adaptados, mediantes cópias, bem como aqueles obtidos sem autorização, como o caso dos extratos bancários. Para o exercício da atividade pericial, é necessária a formação, o registro e a deter- minação legal nos termos do Decreto-Lei 9.295 (BRASIL, 1946) (cria o CFC - Conselho Federal de Contabilidade) e da Resolução do CFC 1243 (BRASIL, 2009), que disciplina as atividades exclusivas dos contadores legalmente habilitados. A Lei nº 8.455 (BRASIL, 1992) (que altera o Código de Processo Civil) define as ações processuais relaciona- das com a Perícia Contábil. O Código de Processo Civil detalha da seguinte forma: • Art. 342 a 354 (BRASIL, 1973) (CPC 2015, arts. 385-388) – Depoimentos pessoal: o juiz pode determinar o comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa. A recusa ou não compareci- mento pode implicar na aplicação da pena de confissão. O depoimento pessoal é classificado como prova semiplena, já que não tem o caráter de independência e isenção psíquica, que possa dar caráter de esclarecimen- to definitivo sobre o ato ou fato objetivo da lide. Pós-Universo 12 • Art. 348 a 354 (BRASIL, 1973) (CPC 2015, arts. 389-395) – Confissão: se dá quando a parte admite como verdadeiro um fato contrário ao seu interes- se, podendo ser espontânea ou provocada. • Art. 355 (BRASIL, 1973) (CPC 2015, arts. 396-404) – Exibição de documen- to ou coisa: o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se ache em seu poder,como elemento integrante de prova. Dois fatos ligam essa espécie de prova à perícia: a) se a apreciação do documento só for possivel através de conhecimento específico ou técnico em que a perícia será necessária; b) quando na investigação for necessária a exibição de documentos em poder de repartições públicas. Se houver recusa para o fornecimento desses documentos, acaretarrá como verdadeiros os fatos que o documento iria comprovar, chamado de “prova dentro da prova pericial”. • Art. 364 (BRASIL, 1973) (CPC 2015, arts. 405-429) – Prova documental: os documentos com força probante podem ser públicos ou particulares. Essa espécie de documento tem duas características especiais: a) deve ser feito por oficial, ter eficácia de documento particular; e b) quando a lei exigir como substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra forma pode su- prir-lhe a falta. Ainda podemos dizer que a prova documental é indivisível, sendo aceitas como verdadeiras as partes nelas que são favoráveis à parte interessada, mas valendo, também, as que não forem favoráveis. • Art. 400 (BRASIL, 1973) (CPC2015, arts. 442-463) – Testemunhal: a legisla- ção dispõe que podem depor como testemunhas quaisquer pessoas, exceto as incapazes, as impedidas e as suspeitas. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos: I – já provados por documento ou confissão de parte; II – que só por documentos ou por exame pericial puderem ser pro- vados. Essa prova pode se ligar à prova pericial quando: a) esta for produzida posteriormente, a testemunha; b) quando o perito ouve as testemunhas ou obtém informações delas. Pós-Universo 13 • Art. 440 (BRASIL, 1973) (CPC 2015, arts. 481-484) – Inspeção judicial: o juiz pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse a decisão da causa; se necessário pode ser assitido por um ou mais peritos. • Art. 420 (BRASIL, 1973) (CPC 2015, arts. 464-480) – Prova Pericial: a prova pericial consiste em exame, vistoria, arbitramento e avaliação. Segundo Ornelas (2003): • O exame pericial envolve inspeção de pessoas ou coisas com o objetivo de verificar determinados fatos relacionados com o objeto da lide. • A vistoria pericial é o trabalho desenvolvido pelo perito para costatar in loco o estado ou a situação de determinada coisa, geralmente imóveis. • O arbitramento consiste na fixação de valor, determinado pelo perito para coisas, direitos ou obrigações. É a estimação do valor da moeda. • A avaliação tem também por finalidade a fixação de valor. Extratos bancários ou escutas telefônicas somente terão valor como prova, caso sejam obtidos por meios legais. Mais detalhes, vide a Constituição Brasileira, art. 5º., incisos: X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegrá- ficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (BRASIL, 1988). Vide também: Lei nº 9296/1996: Art. 10 - Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autoriza- ção judicial ou com objetivos não autorizados em lei (BRASIL, 1996). fatos e dados Pós-Universo 14 Você vai perceber, quando verificar in loco, que a importância da perícia é conside- rada no novo Código de Processo Civil (2015), tal e qual o foi no atual (BRASIL, 1973). O que vale para o perito é estar atento a todos os regramentos jurídicos que envol- vem a perícia, além, é claro, daqueles importantes princípios deontológicos, que se referem à ética e moral no exercício da profissão. Pós-Universo 15 A diligência consiste nos meios de promover inquirições, vistorias, exames pertinen- tes a questões para obtenção de provas, de fatos relacionados ao processo ou ao problema investigado e, eventualmente, até mesmo a juntada de documentos. Muito cuidado, pois as diligências são todos os meios lícitos que o perito deve buscar para investigar, localizar e obter as provas relacionadas às respostas dos que- sitos. Dessa forma, invasões, coações, chantagens não são meios válidos e, caso as provas sejam obtidas por meio desses recursos, poderão ser facilmente impugnadas. Na prática, consistem em expedições de ofícios aos órgãos públicos ou empre- sas, solicitando informações ou complementação de dados sobre a identificação do objeto ou de vestígios de objetos ou dados que possam auxiliar no êxito das investi- gações, tais como: correspondência escrita ou eletrônica, lista de telefones, planilhas de cálculos, guias de recolhimento, recibos etc. DILIGÊNCIAS PARA OBTENÇÃO DE PROVAS Pós-Universo 16 Nem sempre a prova necessária está contida no processo, sendo muito comum que os dados contidos nos autos sejam insuficientes ou incompletos. Assim o perito deverá realizar as diligências para investigar e localizar em órgãos públicos, em em- presas e em outras localidades os documentos e dados necessários à elucidação do problema ou na produção probatória necessária para as respostas aos quesitos contidos nos autos. A solicitação de documentos deverá sempre ser por escrito me- diante o “Termo de Diligência”, para comprovar a solicitação e orientar o diligenciado das especificidades da solicitação (período, valores, nomes, quantidades etc.), esta- belecendo prazos para a entrega. Caso o diligenciado não apresente as informações solicitadas, o perito deve comunicar o fato ao magistrado, explicando o risco da in- viabilidade da obtenção da prova. Para fundamentar sua ação, durante a instauração das diligências, o perito deverá adotar alguns procedimentos de cautela, como: a. Registrar as datas, horários e locais das diligências, identificando com fotos, nomes e cargos as pessoas que o atenderam na localidade. b. Documentar, mediante a elaboração de papéis de trabalho, os dados, os cálculos, as fotografias ou outros elementos que servirão de suporte às res- postas que serão construídas no laudo ou parecer pericial. c. A oitiva de testemunha durante o interrogatório somente terá valor se for reproduzida na presença do magistrado. Porém interrogatórios prelimina- res que possam orientar ou subsidiar a obtenção da prova são importantes práticas que o perito pode utilizar. Porém os depoimentos devem ser vistos com prudência tendo em vista o envolvimento emocional do depoente. A organização das diligências e procedimentos periciais deve ser registrada em do- cumentos denominados “papéis de trabalho”. Assim, em procedimentos ou assuntos que envolverem questões de princípios conceituais ou de análise, o perito deve regis- trar nos papéis de trabalho os fatos pertinentes no momento em que forem utilizados para formar suas conclusões e convicções acerca do fato. Vale destacar que alguns tipos de trabalhos periciais não se enquadram nos ritos descritos nesse trabalho. São os casos de Liquidação de Sentença, por exemplo, ge- ralmente adotados pelas Varas Judiciais Trabalhistas, de primeira instância, quando tratam de revisão de reclamatórias trabalhistas. Pós-Universo 17 O artigo 475-A do CPC (BRASIL, 1973) (CPC 2015, art. 509) estabelece que “Quando a sentença não determinar o valor devido, proceder-se-á a sua liquidação”, uma vez que tão somente pela liquidação é que se poderá quantificar ou individualizar a obrigação. O Código de Processo Civil prevê três espécies de liquidação: • LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS (BRASIL, 1973) (art. 475-B): ocorre nas simples execuções de quantia de, por exemplo, cheques emitidos sem a suficiên- cia de fundos, em que é necessária tão somentea quantificação do valor do cheque acrescido dos encargos determinados pela sentença, tais como: correção monetária, juros etc. • LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO (BRASIL, 1973) (art. 475-C): ocorre quando for determinada pela sentença, convencionada pelas partes ou quando a natureza do objeto da liquidação assim o exigir. Exemplo: quantificação da obrigação não pode ser feita por meio de simples cálculos, requeren- do conhecimento especializado ou científico de um perito da área. São os casos das ações de desapropriação, quando é preciso avaliar a proprieda- de – terra e benfeitorias – que é objeto da expropriação. • LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS (BRASIL, 1973) (art. 475-E): para determinar o valor da condenação, existe a necessidade de alegação e prova de fatos novos. Observação: o Novo Código de Processo Civil prevê apenas duas formas de liqui- dação de sentença (BRASIL, 1973) (art. 509), a saber: I – por arbitramento; II – por procedimento comum. Por fim, é necessário destacarmos que nem sempre as respostas aos quesitos estão totalmente disponíveis no processo judicial. Assim são necessárias diversas formas de diligências para alcançar os dados e documentos e, dessa forma, respon- der aos quesitos apresentados. Por assim dizer, ao receber os documentos, dados e informações solicitadas por meio de “termos de diligências”, sempre é importante conferir o conteúdo do que foi entregue ou recebido pelo perito e classificar por data de recebimento, fonte de encaminhamento e tipos de dados ou de documentos. Pós-Universo 18 A conferência dos materiais entregues busca garantia de salvaguarda para evitar surpresas dos conteúdos recebidos, especialmente a efetiva entrega, a autenticida- de e o verdadeiro conteúdo dos arquivos, caixas ou pastas. Lembre-se de que o ambiente em que se executa a perícia é de litígio ou con- flito entre partes. Assim os cuidados nas diligências, no recebimento e no manuseio de dados e documentos, são essenciais e parte importante no trabalho do perito, para evitar quaisquer atos de sabotagem, impugnação ou contestação das diligên- cias efetuadas. A salvaguarda do perito é a elaboração e a organização dos “papéis de traba- lho”, que são apontamentos de cálculos e suas memórias, planilhas, pastas, arquivos, filmes, organização de dados que integram um processo organizado de registro de evidências, sejam em papel, filmes, meios eletrônicos etc. Os papéis de trabalho compõem o registro e o apontamento, de propriedade exclusiva do perito, que deve adotar procedimentos apropriados para manter sua custódia e confidencialidade dos mesmos, protegendo o interesse processual. Quadro 1: Modelo de Papel de Trabalho PAPEL DE TRABALHO PERITO N. da Perícia Autos: RT X3231/2002 Vara: 1ª Vara do Trabalho de Maringá Contato: Fone: Ação: Reclamação Trabalhista Juiz que nomeou: PARTES DO PROCESSO Autor: Réu: Domicílio: Maringá Domicílio: Maringá Advogado: Fone: Advogado: Fone: Ass. Técnico: Fone: Ass. Técnico: Fone: Honorários R$ 1º levantamento: Valor: 2º levantamento: Valor: Equipe envolvida: Valor da Causa: R$ Pós-Universo 19 Início dos trabalhos: Final do trabalho: Local da diligência: Não houve CEP: Estado: Fone: Quem solicitou a perícia: Horas previstas: Horas consumidas: Objeto da perícia: Cálculo de indenização trabalhista Documentos Analisados/Examinados: notas fiscais de compra, holerites, rescisão e sentença. Documentos Coletados: todos os documentos estavam anexos ao processo. HISTÓRICO DATA OCORRÊNCIA HORAS CONSUMIDAS Análise do processo e preenchimento do papel de trabalho. 4 horas Quadro de quantidade de horas extras e valor da hora extra. 3 horas Cálculo de alimentação, férias e décimo terceiro. 3 horas Cálculo INSS parte autora e parte ré. 2 horas Cálculo do IRRF e resumo da indenização. 2 horas Fonte: o autor. O conteúdo dos papéis de trabalho inclui ocorrências que comprovem as diligên- cias e os exames realizados, indicando em detalhes os dados diversos. O conteúdo mínimo dos papéis de trabalho consiste em: a. diligências requeridas, indicando nomes, locais e datas; b. informações solicitadas a cada um dos diligenciados; c. registro de documentos legais, contratos e atas recebidos por diligência; d. evidências do processo de planejamento, incluindo programas de trabalho, cronogramas de execução, atribuições e responsabilidades dos membros da equipe; e. evidências sobre o conteúdo e forma de organização dos dados e docu- mentos recebidos quanto a sua eficácia e adequação; f. análises de cálculos, movimentação e saldos de contas periciadas; Pós-Universo 20 g. memórias de cálculo das análises de coeficientes, índices e outros indicadores; h. evidências de que o trabalho executado pela equipe técnica foi supervi- sionado e revisado; i. indicação de quem executou e revisou cada um dos procedimentos que levam à resposta dos quesitos e quando foram realizados (data e horário); j. cópias de comunicações com outros especialistas e terceiros; k. condições do local objeto da perícia quanto às deficiências constatadas na organização de documentos, arquivos, segurança física das instalações etc.; l. conclusões transcritas das respostas dos quesitos e do laudo pericial, con- tendo os aspectos relevantes, incluindo o modo como foram adotadas as metodologias de cálculo, análise, vistorias, parâmetros de avaliação e men- suração e os casos atípicos ou questões não usuais. Como se vê, um documento que pode parecer simples torna-se complexo, levando-se em consideração a abrangência de conteúdo e a precisão que pode ser caracteriza- da pela forma e seriedade com que o perito o elaborar. Trata-se de um documento que pode servir para embasamento e comprovação da responsabilidade do perito, defendendo, inclusive, seus interesses, sua conduta e imagem, frente a qualquer questionamento que por ventura possa advir de interessados em diminuir ou des- qualificar o trabalho realizado. Os papéis de trabalho são indispensáveis para um bom trabalho de perícia. Como estudamos, o trabalho de perícia implica na realização de diversos tipos de diligência. Segundo o Dicionário Léxico de Português (online), diligência “é o meio de rastrear ou de realizar uma investigação”. Para melhor identificar a diligência realizada, convencionou-se a utilização do termo de diligência. O Termo de diligência é o instrumento por meio do qual o perito solicita docu- mentos, coisas, dados ou quaisquer informações necessárias à elaboração do laudo ou parecer. O documento servirá ainda para a execução de outros trabalhos que tenham sido determinados ou solicitados, ao perito por quem de direito, desde que tenham a finalidade de orientar ou colaborar nas decisões, judiciais ou extrajudiciais. Um termo de diligência deve conter, no mínimo, os seguintes elementos: a. identificação do diligenciado; PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS DA PERÍCIA Pós-Universo 22 b. identificação das partes ou interessados, e, em se tratando de perícia judi- cial ou arbitral, o número do processo, o tipo e o juízo em que tramita; c. identificação do perito-contador ou perito-contador assistente, com in- dicação do número do registro profissional no Conselho Regional de Contabilidade; d. indicação detalhada dos livros, documentos e demais dados a serem peri- ciados, consignando as datas e/ou períodos abrangidos, podendo identificar o quesito a que se refere; e. indicação do prazo e local para a exibição dos livros, documentos e dados necessários à elaboração da perícia, devendo o prazo ser compatível com aquele concedido pelo juízo, ou ser convencionado pelas partes, conside- rada a quantidade de documentos, as informações necessárias, a estrutura organizacional do diligenciado e o local de guarda dos documentos; f. após atendidos os requisitos da alínea “e”, quando o exame dos livros, docu- mentos e dados tiver que ser realizado junto à parte que os detém,indicação das data e hora para sua efetivação; g. local, data e assinatura. EXEMPLO DE TERMO DE DILIGÊNCIA EM PERÍCIA JUDICIAL TERMO DE DILIGÊNCIA Nº............ PROCESSO Nº..................... IDENTIFICAÇÃO DO DILIGENCIADO PROCESSO: XXXXX PARTES: SOCIEDADE COMERCIAL MXM LTDA e Senhor Luiz... XX.... PERITO-CONTADOR: (categoria e nº do registro) MARINGÁ-PR, ____ DE ABRIL DE 2010 ILMO SENHOR: Na condição de Perito-Contador, nomeado pelo Juiz da Vara de Falências e Recuperação Judicial de Empresa, solicita-se que sejam fornecidos ou postos Pós-Universo 23 à disposição, para análise, os documentos a seguir indicados: (INDIQUE QUE DOCUMENTOS SÃO NECESSÁRIOS PARA RESPONDER OS QUESITOS) ------------------------------------------------------------------------------------------------------ -------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------ -------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------ -------------- Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para a elaboração e a entrega do laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, é necessário que os documen- tos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição desse perito-contador até o dia __-__-__, às ____h, no endereço ..................... (do perito-contador). Solicita-se que seja comunicado quando os documentos tiverem sido reme- tidos ou estiverem à disposição para análise. Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o signatário no endereço e telefones indicados. Local e data ______/______________/___________ ___________________________________________ Assinatura do Perito A quem interessa uma Perícia Contábil? Em uma situação de dissolução de sociedade empresarial, em que haja su- posição de fraude cometida por uma das partes ou sócio, o que o Perito deve solicitar: auditoria ou perícia? Fonte: o autor. reflita Pós-Universo 24 É preciso não esquecer que todos os atos periciais devem ser documentados para evidenciar o trabalho do perito, evitando uma possível e futura contestação dos pro- cedimentos praticados. Portanto, mesmo que haja a facilidade do contato telefônico, e-mails e outros recursos tecnológicos, é essencial que haja a garantia de comprovação dos proce- dimentos periciais. Falsificação de documentos Código Penal: O Art. 297 e 298 prevê pena de 2 a 6 anos, além de multas, para quem falsificar ou alterar documento público ou particular, nele incluso os livros mercan- tis. Continuando, o § 3º do mesmo artigo destaca que: nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja des- tinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em do- cumento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relaciona- do com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado (BRASIL, 1940). Lei de Falências (Art. 168) (BRASIL, 1940) – Na Lei de falência, encontram-se tipifi- cados os seguintes crimes (com pena de reclusão de 3 a 6 anos e multa): • elaborar escrituração contábil ou balanço com os dados inexatos; • omitir, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou alterar a escrituração ou balanço verdadeiros; • destruir, apagar ou corromper dados contábeis ou negociais armazenados em computador ou sistema informatizado; • simular a composição do capital social; • destruir, ocultar ou inutilizar total ou parcialmente os documentos de es- crituração contábil obrigatórios. Pós-Universo 25 Responsabilidade Tributária: a responsabilidade do profissional contábil por crimes tributários é determinada pela Lei nº. 8.137, cujo art. 1º assim estabelece: Art. 1º - Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação; documentação referente a operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato (BRASIL, 1990). Conforme Resolução 1.243 (BRASIL, 1973) (reeditada com o mesmo número em 2015), os procedimentos de perícia visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao Laudo Pericial ou Parecer Contábil, e abrangem, segundo a natureza e complexidade, o exame, a vistoria, a indagação, a investigação, o arbitramento, a mensura- ção, a avaliação e a certificação. • Exame é a análise da autenticidade dos registros e das transações constantes dos livros comerciais, como o Diário, Razão, Apuração de ICMS, Registro de Inventário, Entradas e Saídas de Mercadorias, e outros documentos, como Notas Fiscais, Contratos, Duplicatas, Guias de Recolhimento, Contratos, Recibos, Folha de Pagamento, Holerites e outros. O perito pode também fazer o exame de componentes patrimoniais, como dinheiro, títulos de crédito, conta de mercadorias, bens móveis, veículos etc. Além disso, lida com instrumentações, como normas, cálculos, regulamentos etc. • Vistoria assemelha-se ao exame pericial, mas envolve diligências, visando verificar e constatar a situação, coisa ou fato. Na vistoria, se confirmam (ou não) situações e estado em que se encontram as condições alegadas pela reclamante e reclamada, para se defender de acusações, justificar e com- provar atos ou garantir seus direitos. Pós-Universo 26 • Indagação é o ato pericial de se obter testemunho pessoal (entrevista) de quem tem conhecimento de atos e fatos pertinentes à matéria periciada. • Investigação é uma técnica que tem por finalidade detectar ou esclarecer o fato que está oculto ou nebuloso, em decorrência de fraude, má-fé, dolo, erro etc. • Arbitramento é a técnica que se utiliza de procedimentos para atribuir valores ou quantidade por meio de procedimentos técnico-científicos. • Mensuração é o ato de definir o nível de qualidade e quantidade sobre coisas, bens, direitos e obrigações. Exemplo: Quanto vale a acusação de furto cometido dentro de uma Loja? Quanto vale um funcionário após voltar de um treinamento? Quanto vale o nome de uma empresa ao patrocinar um time de futebol? • Avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas, por meio de cálculos e análises. Quanto vale e como avaliou uma doença contraída por um funcionário durante o emprego? Quanto vale um jogador de futebol? Qual o valor de uma causa em que o fornecedor deixou de entregar matéria-prima no prazo contratado? Quanto vale um terreno localizado em um bairro nobre da cidade? • Certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial con- tábil pelo perito-contador, conferindo-lhe a autenticidade pela fé pública atribuída a esse profissional. Pós-Universo 27 Quando tratamos de registro contábil, estamos definindo o mecanismo de escrituração dos fatos contábeis. Em um registro contábil, é importante re- lembrar que deve conter os alguns elementos. Conforme a ITG 2000, aprovada através da Resolução n°. 1330 (BRASIL, 2011), do Conselho Federal de Contabilidade, a escrituração contábil deve ser exe- cutada da seguinte forma: a) em idioma e em moeda corrente nacionais; b) em ordem cronológica de dia, mês e ano; c) com ausência de espaços embranco, entrelinhas, borrões, rasuras ou emendas; d) com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos contábeis. Além disso, o lançamento derivado da escrituração deve conter: a) data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato contábil ocorreu; b) conta devedora; c) conta credora; d) histórico que represente a essência econômica da transação ou o código de histórico padronizado, neste caso, baseado em tabela auxiliar inclusa em livro próprio; e) valor do registro contábil; f ) informação que permita identificar, de forma unívoca, todos os registros que integram um mesmo lançamento contábil. Para mais detalhes, veja a Resolução CFC nº. 1330/2011 – ITG 2000 – Escrituração Contábil, disponível em: <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/ Default.aspx>. Acesso em: 30 jul. 2015. Fonte: o autor. saiba mais Pós-Universo 28 QUADRO – CÁLCULO DO IRRF Descrição Valor original R$ Valor R$ atualizado monetariamente Total da Remuneração 10.000,00 10.878,00 Valor 13º salário proporcional 1.200,00 1.305,36 Valor das férias proporcionais 1.200,00 1.305,36 Total da base de cálculo 12.400,00 13.488,72 (-) INSS (9%) 1.116,00 1.213,98 TOTAL 11.284,00 12.274,74 ALÍQUOTA 27,5% 3.375,55 (-) DEDUÇÃO PERMITIDA 869,36 TOTAL IMPOSTO A RETER 2.506,19 Utilizada a tabela de retenção IRRF disponível no site da Receita Federal: Aqui, foi apresentada uma demonstração de cálculo do Imposto de Renda Retido na Fonte. A empresa, ao fazer o pagamento de qualquer rendimento sujeito ao imposto de renda à pessoa física, deve fazer a retenção do valor correspondente desse tributo, descontando do credor e, em seguida, repassando (pagando) ao Fisco o respectivo valor, por meio das normas regulamentares do Imposto de Renda. Observe que há uma dedução permitida. Essa dedução é ocasionada pelo fato de que a alíquota de 27,5% é calculada sobre o “valor cheio” do ganho. Mas existe na tabela a isenção do IR para o valor de até R$ 1.903,98 e alíquotas menores para as classes inferiores à máxima, que é a classe que foi aplicada no exercício. Assim podemos afirmar categoricamente que todos são isentos, até o valor de R$ 1.903,98 e, a partir desse valor, são tributados em progressividade, conforme o avanço nas classes componentes da tabela. Veja a seguir: (Lei nº 11.482, de 2007, art. 1º, incisos VIII e IX, com a redação dada pela Medida Provisória nº 670, de 2015, art. 1º; Lei nº 12.469, de 2011, arts. 1º a 3º; Instrução Normativa RFB nº 1.500, art. 65 e anexo II, incisos V e VI) Pós-Universo 29 a. Nos meses de janeiro a março do ano-calendário de 2015: Base de Cálculo (R$) Aliquota (%) Parcela a Deduzir do Imposto (R$) Até 1.787,77 - - De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08 De 2.679,30 até 3.572,43 15 335,03 De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96 Acima de 4.463,81 27,5 826,15 b. A partir do mês de abril do ano-calendário de 2015: Base de Cálculo (R$) Aliquota (%) Parcela a Deduzir do Imposto (R$) Até 1.903,98 - - De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 Fonte: Receita Federal (online). É preciso entender o que aconteceu. Há um clamor geral para que o Governo corrija a tabela de “base de cálculo” do imposto de renda, pois, desde que foi criada, em dezembro de 1995, a tabela vem se desvalorizando com a ocorrência de inflação e, sendo mantida, ou sendo corrigida com percentuais inferiores à inflação oficial, no mínimo, o cidadão passa a pagar mais imposto de renda do que deveria pagar. Por isso, muita reclamação foi demandada de todas as classes sociais, e o Governo atual (2015) resolveu, então, fazer vigorar, neste ano, duas tabelas: uma que vigora até março e outra que vigora a partir de abril. Esta foi mais uma artimanha do Governo para tentar esconder as dificuldades que vem atravessando desde há muito como resultado de uma política assistencial exagerada (dando mais do que pode dar). O resultado é uma confusão que pode atrapalhar o trabalho de muitos técnicos envolvidos na questão, inclusive o perito, quando analisando algum caso que envolva a retenção do Imposto de Renda, na forma acima tratada. resumo Neste estudo, foram tratados alguns pontos sobre os cuidados na constituição da prova pericial, até pela importância da seriedade do trabalho do perito, porque o laudo destina-se especifica- mente à produção de prova diante de uma instância decisória. Conforme destaca o art. 145 do CPC (BRASIL, 1973) (CPC 2015, art. 156), quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito. Além disso, con- forme art. 332 do CPC (BRASIL, 1973) (CPC 2015, art. 369), as provas devem ser obtidas por meios legais e moralmente legítimos. Nesses dispositivos legais, fica claro que a prova representa a for- mação da convicção, que dará ao magistrado condições de decisão e julgamento do problema. É quase como imaginar que o laudo pericial faz parte da sentença. É claro que se ressalva esse dito, pois o magistrado, ao proferir a sentença, deverá fundamentar, o que significa que, mesmo que o trabalho do perito seja crucial, ainda assim, será revestido pelo fundamento do magistrado na elaboração da sentença, em atendimento ao inciso IX, do art. 93, da Constituição Federal, que determina que o julgamento sem fundamento pode ser anulado. No campo jurídico, existem diversos meios de prova que são, aliás, elencadas pelo próprio Código de Processo Civil: Confissão, Depoimento Pessoal, Documentos, Inspeção, Prova Documental, Prova Pericial, Prova Testemunhal etc. A Prova Pericial é o meio de se demonstrar nos autos os fatos relevantes, pertinentes e contro- versos, que deverão ser esclarecidos, respondendo os quesitos, por meios legítimos acerca de fatos, documentos, peças ou declarações de testemunhas, enfim, tudo que se colheu nos exames efetuados, medinate procedimentos e técnicas embasadas em definições com fundamentos con- ceituais corretos. Em se tratando de perícia contábil, o perito deve ter acesso a todos os documentos necessá- rios para a elaboração do laudo, inclusive, podendo solicitar o depoimento dos envolvidos. A documentação contábil é hábil quando revestida das características intrínsecas ou extrínsecas essenciais, definidas na legislação, na técnica-contábil, ou aceitas pelos “usos e costumes”, con- forme destacado pelo ITG 2000. resumo No processo, a diligência jurídica, que é um ato determinado pelo magistrado para uma inves- tigação e produção da prova, nem sempre está atrelada à perícia. Em contabilidade, a norma define diligências como procedimentos periciais caracterizados pelos procedimentos denomina- dos exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação. Portanto, quando o magistrado determina uma diligência que não exija esses procedimentos, exclusivos da perícia, pode representar um comando completamente diferente daquele reserva- do ao perito. O conjunto de procedimentos metodologicamente aplicados é que irá caracterizar a necessidade e constituir a prova pericial. O juiz do caso, portanto, detém o comando geral, já que, tecnicamente, é o presidente do proces- so. É ele quem determina que tipo de diligência é necessário para o deslinde de uma determinada questão. No momento em que suas convicções norteiam-se para o campo da perícia, obvia- mente, a conclusão lógica é que seja nomeado o perito judicial. Sendo a questão um assunto pertinente à Contabilidade, o expert a ser nomeado deverá ser um contador regularmente ins- crito no órgão regulador da profissão (CRC – Conselho Regional de Contabilidade) e, portanto, o magistrado transmite a esse profissional o poder de discernir quais diligências serão necessárias para que o laudo pericial possa atender às expectativas do juiz. Assim, não cabe ao juiz determinar ao perito que façadeterminado tipo de diligência, pois a na- tureza das diligências realizadas no âmbito do trabalho do perito é puramente pericial, isto é, foge do crivo do juiz. Essas diligências serão qualificadas como judiciais tão somente quando o laudo pericial passar a fazer parte do processo, o que significa dizer que o perito, no seu mister, é auxi- liar do juiz na composição do julgamento da causa. atividades de estudo 1. Assinale a alternativa correta. Sobre os meios de obtenção de prova através de dili- gências, é correto afirmar que: a) O perito pode se utilizar de todos os meios para investigar, localizar e obter as provas relacionadas às respostas dos quesitos, podendo ser escutas telefônicas, coações, ameaças. b) O registro em papéis de trabalho é um meio de prova que garante que todas as diligências necessárias para responder os quesitos foram efetivamente realizadas. c) As expedições de ofícios solicitando informações ou dados sobre a identificação do objeto ou de vestígios de objetos que possam auxiliar na produção de provas representam formas de diligências. d) Após cada diligência, é necessário o registro dos fatos em papéis de trabalho, pois estes deverão ser anexados ao laudo pericial. e) O perito não está obrigado a realizar diligências, pois pode solicitar aos assisten- tes técnicos que providenciem as diligências necessárias. 2. Assinale a alternativa correta. Sobre os papéis de trabalho, é correto afirmar que: a) Servem para registrar os dados, cálculos, fotografias ou outros elementos que ser- virão de suporte às respostas que serão construídas no laudo ou parecer pericial. b) São um instrumento para agendar a oitiva de testemunha durante o interroga- tório, que deverá ser reproduzida na presença do magistrado. c) Devem incluir a comprovação das diligências e exames realizados, bem como a proposta de honorários da perícia. d) São evidências que deverão ser anexadas à proposta de honorários contendo o processo de planejamento, incluindo programas de trabalho, cronogramas de execução, atribuições e responsabilidades dos membros da equipe. e) Podem ser dispensados, caso o perito esteja convencido e seguro acerca da qua- lidade do trabalho realizado. atividades de estudo 3. Assinale a alternativa correta. A confirmação física de um fato no local da ocorrência da irregularidade caracteriza um procedimento pericial denominado de: a) Exame. b) Investigação. c) Vistoria. d) Entrevista ou Interrogatório. e) Avaliação. 4. É o instrumento por meio do qual o perito solicita documentos, coisas, dados, bem como quaisquer informações necessárias à elaboração do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil. Essa afirmação se refere a: a) Termo de diligência. b) Planejamento da perícia. c) Laudo de procedimento de Perícia no Interrogatório. d) Laudo pericial. e) Carta de intimação. atividades de estudo ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. BARBOZA, J. Perícia Contábil e Arbitragem. Apostila. Maringá: Projus, 2015. BRASIL. Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acesso em: 30 jul. 2015. BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2015. BRASIL. NBC PP 01 - Norma Brasileira de Contabilidade. Resolução nº. 1.244/2009. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Per%C3%ADcia_ Cont%C3%A1bil.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2015. BRASIL. NBC TP 01 - Norma Brasileira de Contabilidade. Resolução nº. 1.243/2009. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1243.doc>. Acesso em: 30 jul. 2015. HOOG, W. Z. Prova Pericial Contábil: Teoria e prática. 10 ed. Curitiba: Editora Juruá. HOOG, W. A. Z. Perícia Contábil - Normas Brasileiras Interpretadas - Interpretação à Luz dos Códigos Civil, Processo Civil e Penal. 5. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. MAGALHÃES, A. de D. F.; LUNKES, I. C. Perícia Contábil nos processos Cível e Trabalhista. São Paulo: Atlas, 2008. MAYO, H. B. Finanças Básicas. 9. ed. São Paulo: Cenage Learning, 2008. ORNELAS, M. M. G. de. Perícia Contábil. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011. PIRES, M. A. A. Laudo Pericial Contábil. 4. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2013. atividades de estudo 1. c) As expedições de ofícios solicitando informações ou dados sobre a identificação do objeto ou de vestígios de objetos que possam auxiliar na produção de provas re- presentam formas de diligências. 2. a) Servem para registrar os dados, cálculos, fotografias ou outros elementos que ser- virão de suporte às respostas que serão construídas no laudo ou parecer pericial. 3. c) Vistoria. 4. a) Termo de diligência. material complementar A Firma Ano: Sydney Pollack Sinopse: trata de um escritório de advocacia de fachada para lavagem de dinheiro. Comentário: Tom Cruise, indicado 3 vezes ao Oscar, na mais eletrizan- te performance de sua carreira, estrela esse filme intenso, baseado no best-seller internacional. Cruise é Mitch McDeere, um brilhante e ambicioso advogado re- cém-formado em Harvard. Decidido a apagar seu passado pobre, Mitch emprega-se em uma pequena, mas próspera, firma de advocacia, na cidade de Memphis, que permite que ele e sua esposa (Jeanne Tripplehorn) passem a ter um estilo de vida que jamais sonharam. Mas quando agentes do FBI apresentam evidências de corrupção e assassinato envolvendo a firma, Mitch resolve descobrir a verdade, enfrentando uma cruzada de fogo entre o FBI, a Máfia e uma força que não se deterá diante de nada para proteger seus próprios interesses. Dirigido por Sydney Pollack e estrelado por Gene Hackman, ambos premiados com o Oscar, e com um elenco magnífico, A Firma é um filme imperdível. Wall Street Poder e Cobiça Ano: Oliver Stone Sinopse: o filme trata do uso de informações privilegiadas no mercado de ações associado à ganância de especuladores e os procedimentos de investigação. Comentário: Nova York, 1985. Bud Fox (Charlie Sheen) é um jovem e am- bicioso corretor que trabalha no mercado de ações. Após várias tentativas, ele consegue falar com Gordon Gekko (Michael Douglas), um inescrupuloso bilionário. Durante a conversa Bud sente que precisa dar alguma dica muito quente para ter a atenção de Gekko e então lhe fala o que seu pai, Carl Fox (Martin Sheen), um líder sindical, tinha lhe dito, que a Bluestar, a com- panhia aérea para a qual trabalha, ganhou um importante processo. Essa informação não foi ainda divulgada oficialmente, mas, quando isso acontecer, as ações terão uma significativa alta. Gekko o adota como discípulo e logo Bud trabalha secretamente para Gekko, abando- nando qualquer escrúpulo, ética e meios lícitos, pois só quer enriquecer. Bud obtém sucesso, o que faz seu padrão de vida mudar. Além disso, se envolve com Darien Taylor (Daryl Hannah), uma decoradora em ascensão, mas se os ganhos são bem maiores, os riscos também são. material complementar Perda Total Autor: Ivan Sant’Ana Editora: Objetiva Sinopse: narrativa dos trágicos acidentes aéreos ocorridos no Brasil. Os voos 402, 1907 e 3054 protagonizaram alguns dos episódios mais trági- cos da história da aviação brasileira. As circunstâncias que envolveram cada um desses acidentes mobilizaram a opinião pública, revelaram falhas no sistema aeroviário e revoltaram o país. A ausência de sobreviventes torna esses aconte- cimentos ainda mais estarrecedores. Em cada avião, nos poucos segundos em que pilotos, copilotos e tripulantes se viram diante de seu maior desafio — a luta pela sobrevivência —, a batalha já estava perdida. Ivan Sant’Anna, autor do impactante Caixa-preta, relata em Perda Total os meandros dessas histórias, mesclando à narrativa o rigor técnico dos fatos apurados e o toque humano dos relatos sobre as vidas afetadas pela tragédia. “Meu relato é baseado nos laudos doCENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), em inquéritos das polícias estaduais e federal, nos processos que tramitam na Justiça e nas sentenças dos magistrados. Todo esse material, embora imenso, não seria sufi- ciente para escrever este livro se eu não contasse com a colaboração de parentes das vitimas e com a ajuda de diversos pilotos comerciais (na ativa e aposentados), de peritos em desas- tres aéreos e de engenheiros aeronáuticos e projetistas de aviões”, atesta Ivan em seu texto de introdução. referências resolução de exercícios Prova Pericial
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