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ARTIGO Pedofilia

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CENTRO UNIVERSITÁRIO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
COORDENAÇÃO DE DIREITO
TALYTA LANNA TORRES PEREIRA
	
A PEDOFILIA COMO ESTADO CLÍNICO E A ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL NO SEIO FAMILIAR: Consequências de fato e o sistema jurídico brasileiro de repressão ao crime
Brasília/DF
2020
TALYTA LANNA TORRES PEREIRA
A PEDOFILIA COMO ESTADO CLÍNICO E A ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL NO SEIO FAMILIAR: Consequências de fato e o sistema jurídico brasileiro de repressão ao crime
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Direito do Centro Universitário Instituto de Educação Superior de Brasília, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Mazai. 
“Como se chega a ser o que se é”?
Nietzche: Ece Homo
A PEDOFILIA COMO ESTADO CLÍNICO E A ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL NO SEIO FAMILIAR: Consequências de fato e o sistema jurídico brasileiro de repressão ao crime sexual infantil
Resumo
O presente artigo visa problematizar alguns aspectos referentes ao debate contemporâneo que gira em torno das novas modalidades de experimentação sexual, em especial a pedofilia. Dessa forma, será discutido como a pedofilia tem sido tratada na sociedade e como ela é compreendida, bem como o tratamento que a legislação penal brasileira dá ao abuso sexual do menor impúbere. Visa ainda o trabalho discorrer sobre as variadas concepções que vendo sendo abordadas na atualidade sobre a pedofilia, problematizando no sentido de definir se se trata de uma doença, isto é, um estado biológico do autor do ato pedófilo. A partir do referencial teórico, será possível analisar as estruturas determinantes da problemática social, intrinsecamente ligada à pedofilia, e a consequência causada na vítima quando a relação é dentro do contexto familiar. Será levantada a questão das redes sociais digitais como fator que contribui para a abrangência da pedofilia, fator que atinge pessoas indeterminadas. 
Palavras-chave: Direito. Pedofilia. Crimes sexuais contra criança e adolescente. Abordagem psicológica e social.
PEDOPHILIA AS A CLINICAL STATE AND THE APPROACH OF CHILD SEXUAL VIOLENCE IN THE FAMILY: Consequences of fact and the brazilian legal system of repression of child sexual crime
Abstract
This article aims to problematize several aspects related to the contemporary debate that revolves around the new modalities of sexual experimentation, especially pedophilia. Thus, it will be discussed how pedophilia has been treated in society and how it is understood, as well as the treatment that Brazilian criminal law gives to the sexual abuse of the impúbere child. It also aims to discuss the various conceptions that are currently being addressed about pedophilia, problematizing in order to define whether it is a disease, that is, a biological state of the author of the pedophile act. From the theoretical framework, it will be possible to analyze the determining structures of the social problem, intrinsically linked to pedophilia, and the consequence caused in the victim when the relationship is within the family context. The issue of digital social networks will be raised as a contributing factor to the scope of pedophilia, a factor that affects undetermined people.
Keywords: Right. Pedophilia. Sexual crimes against children and adolescents. Psychological and social approach.
1. Introdução. 2. Aspectos teóricos da pedofilia e do abuso sexual de crianças e adolescentes. 3.A influência dos meios de comunicação na prática criminosa da pedofilia. 4. A pedofilia no Brasil. 5. Legislação sobre a pedofilia. 6. Consequências do abuso sexual para as vítimas. 7. Âmbito religioso. 8. Pedofilia no âmbito familiar. 9. Entrevista com a vítima de pedofilia. 10. Depoimento da vítima. 11. Questionário. 12. Relatório. 13. Conclusão. 14. Referências
1. Introdução
A população é assolada por um enorme número de notícias comunicando a ocorrência dos mais variados tipos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. Como se não bastasse, grande parte desses abusos são cometidos por pessoas que têm a responsabilidade de cuidar desses menores e dar-lhes toda assistência para o seu desenvolvimento e formação.
Comumente, os anúncios divulgados pelos meios de comunicações utilizam a expressão “pedofilia” considerando-a como crime, quando na verdade trata-se cientificamente de um estado clínico. Entretanto, com a edição da Lei n° 11.829/08 algumas condutas relacionadas à pedofilia passaram a ser punidas criminalmente.
Os costumes judaicos reconhecem como adulta a mulher de doze anos e o homem de treze. Várias tribos indígenas brasileiras relacionam a idade adulta da mulher a menstruação. Nesse sentido, a punição penal pode ser vista como uma forma de modificar certos costumes milenares de algumas sociedades específicas.
Os anseios das sociedades são no sentido de reprimir com veemência a prática sexual com menores. Com esse objeto, vários países possuem produção legislativa, administrativa, social e educativa que visam à proteção das crianças vítimas de pedofilia.
Todos os dias diversos sites publicam frases contendo a expressão errônea: “Pedofilia é crime”. Tecnicamente falando, pedofilia não é crime. O que há na legislação são condutas tipificadas como crime que objetivam preservar integridade sexual das crianças. Em contrapartida, o alerta mostra-se apropriado, pois a maioria dos crimes envolvendo atos sexuais contra crianças são realizados por pessoas que não sentem atração sexual primaria por crianças.
A questão é convertida em negócio lucrativo por boa parte do mundo por meio da exploração sexual comercial de crianças, seja prostituindo-as, seja oferecendo imagens na internet.
Conscientizar e prevenir o abuso sexual de crianças e adolescentes mostra-se para a sociedade uma abordagem penal e psicológica da pedofilia, que é, de per si, um tema crescente na sociedade.
Não é possível a realização de um estudo isolado sobre o abuso sexual. É preciso contar com auxílio do Direito Penal, do Direito da Criança e do Adolescente, bem como do Direito constitucional.
Dessa forma, o presente artigo visa abordar algumas teorias sobre os aspectos sociais, psicológicas e penais da pedofilia, − a diversa nuance da pedofilia que permeiam nossas crianças –, bem como compreender se realmente a pedofilia está entre as doenças classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os transtornos da preferência sexual e se pedófilos são pessoas adultas (homens e mulheres) que têm preferência sexual por crianças, meninas ou meninos, do mesmo sexo ou de sexo diferente, geralmente pré-púberes (que ainda não atingiram a puberdade) ou no início da puberdade, de acordo com a OMS, e, ainda, investigar se a lei, de fato, tem sido efetiva, a partir da criação de novos mecanismos de proteção, que intentam salvaguardar as crianças e adolescentes do abuso sexual.
2. Aspectos teóricos da pedofilia e do abuso sexual de crianças e adolescentes
O abuso sexual contra as crianças é um fato preocupante na sociedade brasileira. As notícias diárias revelam dados que mostram a dificuldade, em muitos, de descortinar o crime, pois em algum casos a pedofilia ocorre dentro do próprio lar da criança ou do adolescente.
O estudo que enfatiza a violência sexual intrafamiliar, é dificultado pela elevada taxa de cifra negra contida nas estatísticas. Cifra Negra é o número de infrações não conhecidas oficialmente porque não são detectadas pelo sistema, essa não detecção do crime por ocorrer tanto pelo desinteresse da família da vítima quanto a incapacidade do aparelho estatal para socorrer essas vítimas (GRECO, 2017).
Todas as crianças já nascem com direitos, que estão inscritos em documentos importantes: as Leis. Podemos dizer que essas leis são regras que definem o que cada pessoa deve fazer para garantir que os direitos das crianças sejam respeitados e cumpridos.
A lei que combate a pedofilia na internet (11.829/08), além de aumentar a pena máximade crimes de pornografia infantil na internet, de seis para oito anos, criminaliza a aquisição, posse e divulgação para venda de material pornográfico, condutas que não estão previstas na lei atual e que já são vigentes em outros países. Mesmo com norma específica, segunda dados da Polícia Federal o Brasil ocupa o quarto lugar no consumo de materiais de pedofilia no mundo (Fonte: Polícia Federal).
O Abuso, a violência e a exploração sexual de crianças e adolescentes são condutas típicas inscritas como corrupção de menores (art. 218) e atentado violento ao pudor (art.214), caracterizado por violência física ou grave ameaça, ambos do Código Penal brasileiro.
Dessa forma, consoante o artigo 213 do Código Penal brasileiro, o abuso sexual de menores, meninos e meninas, inclui a corrupção de menores, o atentado violento ao puder e o estupro. 
Com a Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, o estupro e o atentado violento ao pudor passaram a ser considerados crimes hediondos, e ainda tiveram as penas aumentadas.	Os autores de crimes hediondos não têm direito a fiança, indulto ou diminuição de pena por bom comportamento.
Consideram-se como hediondos os crimes revestidos de excepcional gravidade, evidenciando insensibilidade ao sofrimento físico ou moral da vítima ou a condições especiais das mesmas (crianças, deficientes físicos, idosos).
3. A influência dos meios de comunicação na prática criminosa da pedofilia
A Internet apresenta-se como a maior ferramenta de comunicação e revolução tecnológica desse milênio. O homem nunca foi tão longe em tão pouco tempo. A comunicação entre pessoas se dá instantaneamente, onde quer que estejam qualquer uma delas. Conectado à internet, o indivíduo não terá dificuldade na comunicação com qualquer outra pessoa no globo que também esteja conectado à rede. A navegação através da internet permitiu e permite ilimitados avanços nas relações de todos os gêneros (PAESANI, 2014).
A Internet foi programada para funcionar e distribuir informações de forma ilimitada. Em contrapartida, as autoridades judiciárias estão presas às normas e instituições do estado, portanto, a uma nação e a um território limitado. No entanto, a rede é dotada de características absolutamente próprias e conflitantes: ao mesmo tempo em que se tornou um espaço livre, sem controle, sem limites geográficos e políticos, e, portanto, insubordinado a qualquer poder
A internet foi criada, desenvolvida e aperfeiçoada para interligar pessoas do mundo inteiro, porém a ferramenta tem sido cada vez mais utilizada por criminosos para a prática de crimes, dentre eles a pedofilia. Por ser um mundo virtual e de difícil localização, nos últimos tempos os criminosos usam para atrair crianças. 
Em razão disso, por não haver fronteiras na rede mundial de computadores, a internet se tornou o meio mais fácil, barato e rápido de um abusador, além de proporcionar mudanças constantes em sites e e-mails tornando-se quase impossível controlar suas atividades. A prática de pedofilia na internet configura-se através de imagens pornográficas que contem crianças, essas imagens podem ser adquiridas em sites de venda e distribuições no mercado negro.
Conforme o Ministério Público do Estado de Santa Catarina (MPSC, 2020), a internet tem sido um meio bastante utilizado por pedófilos. A internet vem sendo cada vez mais utilizada por pedófilos como via privilegiada de comunicação. Existem, assim, comunidades virtuais pedófilas com sites, blogs e canais de chat específicos para troca de experiências, informações e imagens pornográficas, bem como para criar estratégias de abordagem de crianças no mundo real. Eles reconhecem uns aos outros por meio de expressões comuns (por exemplo: boy-lover, girl-lover, child-lover) e símbolos que identificam sobre qual sexo e faixa etária de crianças que seus interessem incidem. 
Ainda segundo o Ministério Público Catarinense (MPSC, 2020) o aumento das práticas pedófilas pela internet é muito preocupante, uma vez que esse tipo de crime é de difícil persecução justamente pelo criminoso conseguir facilmente mudar a sua localização.
Para o Parquet de Santa Catarina (MPSC, 2020) a inovação trazida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente passou a considerar como crime várias atividades relacionadas à produção, difusão e consumo de pornografia infantil, isto é, a pedofilia passou a ser caracterizada como a conduta da pessoa adulta que visa satisfazer-se sexualmente de algumas das formas tipificadas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Assim, passou a ser crime quem produz, participa e agencia a produção de pornografia infantil, bem como quem vende e expõe a venda ou troca e disponibiliza material pornográfico infantil, assim como assegurar os meios ou serviços para tanto. Além do mais considera-se como crime simular a participação de crianças e adolescentes em produções pornográficas, por meio de montagens e a atividade de aliciar crianças, pela internet ou qualquer outro meio, com o objetivo de praticar atos sexuais com elas, ou para fazê-las se exibirem de forma pornográfica,
O acesso frequente a tais imagens, assim como a filiação a sites de pedofilia, estarão sujeitos à investigação criminal. Adquirir e armazenar tais imagens agora é crime previsto no ECA (Art. 241-B). Muito embora não exista um tipo penal denominado de "pedofilia", ela pode se traduzir no crime de estupro (art. 213, §1o, do Código Penal, modificado pela Lei no 12.015/2009), classificado como crime hediondo, cuja pena de reclusão varia de 8 (oito) a 12 (doze) anos (MPSC, 2020).
Esclarece ainda o Ministério Público (MPSC, 2020) que aqueles que utilizam a internet para entrar em sites que contém conteúdo de pornografias infantis estão sujeitos a investigação criminal, pois quando o acesso a esses conteúdos são constantes o declara o usuário como alguém que gosta de cenas impróprias que exibem crianças, e que as visualizações frequentes contribuem para a proliferação da pedofilia.
O pedófilo não se distingue pela sua aparência na sociedade, já na internet eles podem ser qualquer um, criar um perfil fake de outra criança ou adolescente para, com isso, comunicar-se com outras crianças sem deixar desconfianças. O objetivo desses pedófilos é se tornarem amigos das crianças e, consequentemente, conquistar a confiança da vítima para poder praticar o crime.
Estima-se que no Brasil a cada cinco crianças que acessam a internet caem na lábia de criminosos, em uma pesquisa a empresa Google entregou ao presidente da CPI das pedofilias materiais confidenciais. O resultado foi surpreendente, pois nos estudos nota-se que os pedófilos agem na rede para selecionar as vítimas, fazer amizades, formar uma relação profunda com a vítima, avaliar os riscos, obter exclusividade e obter conversas sobre sexo.
Importante frisar, além do mais, que os abusos contra crianças não acontecem só por homens, mas por mulheres também que cometem esse tipo de crime, tanto na prática do ato para satisfazer seus desejos ou para satisfazer desejos de outrem ou para conseguir dinheiro vendendo as imagens e vídeos para uma rede de pedofilia.
4. A pedofilia no Brasil
No Brasil, a pornografia infantil só apareceu como problema social, político e criminal, a partir da segunda metade da década 1990, e ganhou maior notoriedade na primeira década do século XXI. Maria Regina Fay de Azambuja (2004) reporta-se à época antes do descobrimento do Brasil, quando as crianças eram enviadas para acompanhar o rei e se casarem com os súditos da coroa, assim, a chegada das primeiras crianças portuguesas no Brasil, anterior ao descobrimento oficial, foi marcada pela situação de total desproteção. 
A pedofilia no Brasil acontece há muito tempo, uma vez que algumas comunidades ribeirinhas da Amazônia o próprio pai inicia a vida sexual de suas filhas, o que se mostrava aceitável devido os costumes dessas tribos. Dessa forma, há uma combinação de incesto e pedofilia, incidência que explica a origem regional do boto cor de rosa que diz que em noite de lua cheia, o boto se transforma em homem e engravida as virgensincautas (DINIZ, et al., mar. 2009).
Felipe Jane (2006 p. 214) fala sobre a definição acerca da pedofilia, juntamente com campanhas de combate à violência/abuso sexual aliada a grande divulgação na imprensa envolvendo pessoas ligadas a este crime tem ocasionado “(...) mudanças de comportamento e há certo pânico moral, através de monitoramento de possíveis ações que antes pareciam tão inofensivas, mas que hoje podem ser interpretadas ou mesmo confundidas como nocivas às crianças.” Jane ainda afirma que outro ponto de vista é que em decorrência do pânico moral da sociedade, muitos profissionais, cujas atividades são ligadas diretamente com crianças, têm tomado precauções com receio de problemas. 
Felipe (2006) ainda faz referência aos homens que trabalham com educação infantil (0 a 6 anos) que, para evitarem maiores problemas, procuram não ficar sozinhos com elas – especialmente numa situação de troca de fraldas – ou mesmo colocá-las sentadas em seus colos. As próprias manifestações de afeto e interesse de homens por crianças pequenas podem ser vistas, nos dias de hoje, com certa desconfiança
5. Legislação sobre a pedofilia
Feitas as análises da pedofilia, ainda que embrionariamente, cumpre agora apontar os mecanismos legais existentes para que as pessoas entendam os seus direitos e que a lei ampara as vítimas, para promover a prevenção e a repressão das práticas que se englobam no conceito de pedofilia. Tais fatores foram certamente acolhidos pela legislação brasileira que trata a respeito dos direitos, garantias e deveres das crianças e adolescentes, desde o que vem disposto na Carta Magna até a edição de leis específicas, como o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
A ordem constitucional de 1988 veio a consagrar os direitos da criança e do adolescente como direitos fundamentais:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 2020).
O Estado, através do seu poder de legislar, introduziu no ordenamento jurídico o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 2020) que trouxe normas de conteúdo material e processual, para que as crianças sejam protegidas e abrigadas pela lei, e de natureza civil e penal, abrigando toda a legislação que reconhece os menores como sujeitos de direito, que nos tempos remotos as crianças não tinham proteção.
Com a edição da Lei 11.829/08, que modificou o Estatuto da criança e do adolescente, passou a incriminar pessoas que não eram punidas por possuírem qualquer material pornográfico. Dessa forma, a partir da Lei 11.829/08 o financiado da cadeia de consumo do material pornográfico passou a ser também punido pelo crime de abuso sexual de criança e adolescente. 
Já a Lei 12.015/09 passou a tutelar não mais os costumes, mas a dignidade sexual, expressão umbilicalmente ligada à liberdade e ao desenvolvimento sexual da pessoa humana (GOMES, et al., 2009).
O Código Penal ficou dividido em sete capítulos, com importantes mudanças, como, por exemplo, a criação do estupro de vulneráveis, para terminar com os questionamentos acerca da presunção da violência.
O Título VI do Código Penal, com a nova redação dada pela Lei n° 12.015, de 7 de agosto de 2009, passou a prever os chamados crimes contra a dignidade sexual, modificando, com isso, a redação anterior constante do referido Título, que previa os crimes contra os costumes.
A expressão crimes contra os costumes já não traduzia a realidade dos bens juridicamente protegidos pelos tipos penais que se encontravam no Título VI do Código Penal. O foco da proteção já não era mais a forma como as pessoas deveriam se comportar sexualmente perante a sociedade do século XXI, mas sim a tutela da sua dignidade sexual. A dignidade sexual é uma das espécies do gênero dignidade da pessoa humana. Ingo Wolfgang Sarlet (2010, p. 15), dissertando sobre o tema, esclarece ser a dignidade:
A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.
As modificações ocorridas na sociedade pós-moderna trouxeram novas e graves preocupações. Ao invés de procurar proteger a virgindade das mulheres, como acontecia com o revogado crime de sedução, agora, o Estado estava diante de outros desafios, a exemplo da exploração sexual de crianças e adolescentes. A situação era tão grave que foi criada, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, através do Requerimento 02/2003, apresentando no mês de março daquele ano, assinado pela Deputada Maria do Rosário e pelas Senadoras Patrícia Saboya Gomes e Serys Marly Slhessarenko, que tinha por finalidade investigar as situações de violência e redes de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Essa CPMI encerrou oficialmente seus trabalhos em agosto de 2004, trazendo relatos assustadores sobre a exploração sexual em nosso país, culminando por produzir o projeto de lei nº 253/2004 que, após algumas alterações, veio a se converter na Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009 (GRECO, 2017).
6. Consequências do abuso sexual para as vítimas
As vítimas de pedofilias sofrem com o trauma para o resto de suas vidas, não importa a idade pois sempre vão sofrer já que é um fato que dificilmente as vítimas não ficam com traumas, mesmo na vida adulta nunca conseguem superar.
Após o abuso sexual, surgem as consequências, especialmente, as físicas e psicológicas. As físicas são significativas em decorrência da resposta do corpo da criança, que ainda está em desenvolvimento, ao ato. Para Vitiello, (2007) crianças e adolescentes do sexo feminino não têm o desenvolvimento completo dos órgãos genitais. 
Vitiello (2007) afirma que somente após dois anos da primeira menstruação, haverá perfeita lubrificação para o ato sexual, o que prejudica as crianças abusadas sexualmente, pois a incidência de lesões é inevitável.
Para Suzana Braun (2002 p. 32), as lesões físicas estão agrupadas em cinco categorias:
a) Lesões físicas gerais: hematomas, contusões, fraturas, queimaduras de cigarro. As agressões físicas podem fazer parte do prazer sexual ou serem usadas como maneira de intimidar a vítima controlá-la e dominá-la. b) Lesões genitais: a mais frequente é a laceração da mucosa anal. As lesões podem infectar levando à formação de abscessos perianais. As lesões podem ocasionar perda involuntária das fezes. c) Gestação: as gestações costumam ser problemáticas, aparecendo complicações orgânicas cujos fatores causais são de origem psicossocial. Esses problemas levam a uma maior morbidade e mortalidade maternal e fetal. d) Doenças sexualmente transmissíveis: gonorréia, sífilis, herpes genital, AIDS, etc. e) Disfunções sexuais: a violência sexual pode deixar sequelas orgânicas futuras, que dificultam ou impedem a concretização do ato sexual.
As lesões são divididas em seis categorias: lesões físicas gerais, lesões genitais, lesões anais, gestação e doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo Vitiello (2007) as lesões físicas gerais podem variar desde a imobilização coercitiva até a morte da vítima, passando por graus variados de traumas físicos. Dessa forma:
Espancamentos resultando em hematomas, contusões e fraturas são comuns, bem como lesões que deixam manifesto o sadismo do agressor, como queimaduras por cigarro, por exemplo. São relativamente frequentes, principalmentequando a agressão sexual ocorre fora dos limites do incesto, ferimentos por armas brancas, tentativas de enforcamento etc. Ocorre ainda eventualmente que o agressor, após o estupro, assassine a vítima para evitar posterior reconhecimento (VITIELLO, 2007)
Para o Vitiello (1993) estes e outros tipos de lesões ocorrem por proporcionarem ao abusador o delírio pelo prazer sexual, ou o auxiliam a amedrontar a vítima para não delatá-lo às autoridades, com ameaças, e ainda existem pedófilos que sentem prazer com a dor e o medo das vítimas. Em razão disso, várias vítimas de pedofilia se amedrontam e não procuram ajuda de pessoas próximos, ao contrário disso, muitas dessas vítimas tendem a se isolarem, tanto da família quanto da sociedade.
7. Âmbito religioso
O perfil de um pedófilo pode ser realmente surpreendente, muitas vezes pode ser um amigo ou parente da vítima poderá vir a revelar - se um molestador de crianças com impulsos sexuais, exemplo disso são os líderes religiosos como já vimos na nossa realidade muitos deles são padres que abusam de seus fiéis , tanto de meninas como de meninos que confiam nessas pessoas, mas não é só na Igreja Católica, mas também em outras religiões como a mulçumana, por exemplo.
Pode-se observar que a maioria das dioceses católicas da República da Irlanda têm, desde 1987, contratos milionários com companhia de seguro para lidar com as denúncias de abusos sexuais de padres contra menores. Os Bispos irlandeses afirmam que dede 1999, os padres contam com um fundo especial de 10,6 milhões de Euros para enfrentar esse tipo de queixas, porque esses tipos de denúncias são bastante comuns contra os padres. 
Em 2009 veio à tona fato que sacudiu a Igreja Católica na cidade de Verona, na Itália. 67 surdos/mudos denunciaram 10 padres por abusos sexuais quando eram crianças. Por ter sido há muitos anos, os crimes já haviam prescritos, inclusive alguns padres mortos e outros transferidos. 
É triste que pessoas assim façam votos com Deus que mostrem para a sociedade que se dedicam exclusivamente a religião, sendo que por trás de toda a farsa existe uma pessoa fria, calculista, que não tem amor as crianças, que são um ser tão ingênuo, que aproveitam de sua ingenuidade para cometer tal absurdo. Não é só esse caso, mas vários outros casos que acontecem ao nosso redor em todos os tipos de religião.
A congregação dos legionários de Cristo, um dos maiores movimentos do cristianismo romano, fez um relatório sobre os abusos sexuais cometidos pelos membros das igrejas. O relatório indica que desde de 1941 até o momento 175 menores foram vítimas de abusos sexuais, esses abusos foram cometidos por 33 sacerdotes da congregação, entre os sacerdotes que abusaram, 14 também teriam sido vítimas de abuso na congregação. 
8. Pedofilia no âmbito familiar
Em um levantamento realizado pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de proteção à infância e adolescência) mostrou que cerca de 80% das crianças abusadas são por pessoas que elas confiam e amam dentro de suas casas. Cerca de 62,3% das ocorrências, o agressor é da própria família, pais e padrastos, na maior parte das vezes. 
Muitas vezes os abusos são cometidos na frente de outras pessoas e ninguém consegue definir que é um abuso, exemplo: um avó coloca a criança em seu colo já com a maldade de senti a criança, ou uma mão que passa despercebido nas partes íntimas entre outros exemplos, porque geralmente são conhecidos das vítimas, e que estão ao redor muitas vezes não consegue identificar um abusador, pois muitos deles são quem a família menos espera que possa praticar esse tipo de atrocidade.
Um pesadelo que começa na infância da vítima, muitas vezes as crianças têm seus pais ou seus entes queridos como protetores, que quando começa os abusos as crianças acham que elas estão erradas se culpam não tem coragem de falar com ninguém, sofrem caladas ao mesmo tempo tem medo de ninguém acreditar nelas, ou sofrem ameaças, os abusadores coagem as vítimas, e por serem inocentes ficam sem saber o que fazer. 
A importância de um enfoque multidisciplinar do abuso sexual infantil intrafamiliar é percebida por todos os profissionais que se dedicam a estudar o tema. Como destacou Azambuja (2013 p. 496): 
[...], por ser a violência sexual intrafamiliar praticada contra a criança um fenômeno multicausal, uma abordagem de atendimento que não considere todos os fatores intervenientes dificilmente atingirá as metas propostas, como a minimização dos danos causados pela violência e a interrupção do seu ciclo perpetuador, oferecendo à família a oportunidade de reconstrução dos seus vínculos afetivos.
A criança, quando perde a fome, o sono, não conversa, não brinca. Vive amedrontada e um toque ou carinho é rapidamente rejeitado. Isolados, esses comportamentos podem não dizer muito, mas se você percebe uma mudança brusca de atitudes em seu filho pode estar sendo vítima de abuso sexual, até mesmo por um parente mais próximos ou amigo da família etc.
Muitos casos de pedofilia familiar são denunciados por professores, tios, avós e vizinhos. Para essas pessoas os sinais são mais evidentes, pois as crianças fazem brincadeiras e desenhos com cunho sexual. As conversas das crianças repetem palavras ouvidas quando foram molestadas. Ao mesmo tempo, mostram grande interesse pelo assunto. Os mais novos expõem a prática da masturbação, pela estimulação que viveram. 
Nos tempos de hoje temos que ensinar nossas crianças desde cedo a identificar quando estão sendo violadas, que quando perceber que está acontecendo algo estranho denuncia para os pais ou em para alguém mas próximo, para que desde sempre elas entendam o que está errado quando pessoas tocarem seus corpos de forma estranha.
Nem toda criança que possui família e um lar é feliz; em vez de contarem com a proteção, amor e carinho do adulto ou responsável, elas são atormentadas com o estupro e carícias obscenas. E no lugar de amparo e cuidados, elas são espancadas, submetidas a ato obsceno e violências psicológicas para que permaneçam caladas e continuem sofrendo o abuso sexual praticado por pedófilos.
Superar os efeitos negativos do abuso sexual pode ser muito difícil, particularmente se tiver ocorrido com frequências [sic] por um longo período, se o criminoso tiver sido um parente próximo, como pai ou irmão mais velho, e se a mãe da criança tiver feito “vistas grossas”, se recusando a acreditar em sua história, ou sendo hostil para com a vítima por fazer tais acusações. (SHAFFER, 2005 p. 568)
A escola, juntamente com a família, deve prezar pela saúde de seus alunos e, sobretudo formar cidadãos conscientes, críticos e responsáveis, tanto em uma dimensão individual quanto social e ajudar eles a identificar quando que o abuso está ocorrendo, o que e certo e errado e até aonde uma pessoa pode o tocar de maneiras ilícitas.
As consequências negativas, sociais e emocionais para as crianças abusadas, são de longa duração; alguns jovens tentam fugir de suas dores, dúvidas, ansiedades e de vida socialmente desordenada, optando por viver sozinho. Além disso, muitos são mais propensos à violência, tanto dentro de casa como fora dela, e sofre muito de transtornos psicológicos: depressão, medo, insegurança entre outros. Temos a necessidade de pôr em prática a lei 12.015/09, para que futuras crianças não continuem a sofrer de abuso sexual.
9. Entrevista com a vítima de pedofilia
No dia 28 de setembro de 2020 realizei uma entrevista com uma vítima do crime de pedofilia, no qual obtive o depoimento e o questionário respondido por ela. Pude observar nas palavras da vítima uma imensa dor, na qual hoje em dia a situação foi superada com a ajuda do marido e da filha.
10. Depoimento da vítima
“Quando eu tinha 6 anos os abusos começaram pelo meu tio, minha mãe conseguiu intervir na época do ex-marido da minha tia porque ela viu que eu estava diferente, mas já na época do meu avô ela teve derrame cerebral e todo mundo estava cuidando dela e achando que ele também tava [sic] cuidando de mim, mas na verdade ele estava me abusando, porcausa do derrame minha mãe teve sequelas na cabeça e teve que tomar remédio controlado, eu por medo de perder ela não deixei ela suspeitar de nada e demostrava que era uma família feliz, mesmo ainda tentando cuidar dela ainda teve 2 crises depois da primeira vez que aconteceu, os médicos falava que ela passava muito nervoso não queria passar preocupação para ela e também como aconteceu um acidente com nos duas que ela bateu a cabeça no chão resultou nesse derrame que ela teve. Minha mãe não adoeceu por causa dos remédios, mais ela chegou a ter depressão e se culpava porque ela não estava perto para cuidar de mim, mesmo não sendo culpa dela poque ninguém pede para adoecer, Eu tomei coragem para contar para ela por causa da raiva que fiquei por ter gastado o meu dinheiro com presente de aniversário para ele Não lembro direito com quantos anos começou os abusos por parte do meu vô porque foi muito seguido, depois que resolvemos com o ex-marido da minha tia ele já começou abusar de mim, só lembro que eu sabia que tava [sic] cedo menstrua com 9 anos porque ele tinha penetrado em mim, então pensei que tinha sido por isso e fiquei com muito medo.
Eu comecei a notar que era errado porque ele me ameaçava, e que se eu contasse para alguém eu iria apanhar ou que ninguém iria acreditar em mim, sem contar que minha menstruação veio aos 9 anos e achava muito cedo pra [sic] ter chegado. Como tive que amadurecer cedo, conseguir fazer que ele parasse de mexer comigo, mais [sic] ele vivia pedindo e me oferecendo dinheiro para que eu ficasse com ele, depois de um tempo descobrir que meu vô de consideração, marido da minha vó, tinha tentando abusar da minha mãe e da minha tia quando era mais novas também que elas até fugiram de casa, tentaram contar para minha vó mas pra [sic] ela tudo era mentira ela não acreditou na minha mãe e nem em mim. Tanto que quando contei para minha mãe ela tomou providências minha vó também não acreditou em mim.
Acho que também o errado e isso sabe, fechar os olhos por que e muito sofrimento, como eu ia ver uma pessoa sofrendo com isso e não fazer nada, pra ser sincera não sei o que passou na cabeça da minha vó mais achei muito errado da parte dela, ela não faz ideia do quanto eu sofri e como foi difícil me curar depois de um tempo que contei ele teve câncer sofreu muito sabe quando falam que pagou tudo que fez, ele até me pediu perdão no leito de morte.
Hoje e tranquilo falar sofre o ocorrido e até gosto que as pessoas se cuidem e cuidem das crianças sabe, ninguém merece passar por isso, mesmo que no jornal eu vejo muito sobre essa má notícia”.
11. Questionário
1. Qual idade você tinha quando ocorreu o abuso?
R- Começou com 6 anos e acabou nos meus 14 anos
2: Com quem você morava na época que ocorreu os abusos? 
R- Morava eu, minha mãe, minha vó materna, meu vô de consideração que no caso era padrasto da minha mãe
3: Quem era o abusador?
R- Primeiro foi meu tio ex-marido da minha tia irmã da minha mãe e depois foi meu avô de consideração
4: Como o Abusador se comportava na frente de outras pessoas?
R-O ex marido da minha tia agredia ela então era tipo aquele homem que mandava em tudo, meu avô era o anjo que amava todo mundo.
5: Na época dos ocorridos você chegou a contar para alguém ou mostrar sinais que precisava de ajuda? 
R- Com o ex-marido da minha tia minha mãe percebeu e tomou providências, já com meu avô minha mãe adoeceu na época e eu tinha muito medo de perder ela então não demonstrava nada, a única coisa que fiz foi ficar revoltada mais todo mundo pensava que era fase de adolescência
6:Quais as principais marcas que ficaram do abuso?
R- As marcas que ficaram era que nunca ia confiar em homem, nunca ia realizar o sonho de casar e o principal muito ódio não só do abusador como do meu pai por não ter assumido a paternidade e ter cuidado de mim.
7: Quando você começou a procurar tratamento e ajuda?
R- Não procurei tratamento, guardava tudo só pra mim as vezes faço isso ainda, procurei amadurecer cedo demais pra cuidar de mim e da minha mãe, agora saúde procurei e não deu nada ruim tirando a parte psicológica de ter perdido a virgindade dessa maneira brutal.
8: O que te motivou a contar o seu caso?
R- O que me motivou a conta foi porque minha mãe ficou com raiva de mim porque eu não gostei de ter gastado meu dinheiro pra comprar presente de aniversário pro abusador foi a gota d'água.
9:O que você acha que necessita ser feito para prevenir este tipo de situação?
R- Pra ser sincera com essa questão eu acho que pra evitar tem que conversar muito com a criança desde cedo, toma cuidado com qualquer tipo de pessoa por que não e só estranhos que faz isso está até dentro da família também, não é só homem, mulher também ja vir muitos casos assim. Não é julgando as mulheres, mais tem muitas que se separa ou que é mãe solteira e sai com muitos homens que mal conhece e coloca dentro de casa, minha mãe mesmo ficou solteira por muito tempo por causa disso ela não sabia que ja tinha acontecido mais ela se prevenia em não entrar em relacionamentos ou levar homem pra dentro de casa.
10: Como foi o processo para se recuperar e reestruturar a sua vida?
R- Para minha recuperação eu conheci uma pessoa atualmente meu marido que eu contei tudo que aconteceu e ficou do meu lado dizendo que ia cuidar de mim, até hoje está comigo e formamos uma família linda, eu sou sincera mesmo com tudo eu ainda tenho trauma e hoje em dia piorou por ter minha filha não que isso seja um problema, mais meu maior sonho era ser mãe e eu morro de medo de acontecer com ela também então eu sou tipo mãe "chata, mega cuidadosa, protetora e exigente" muitos me entendem por que sabe da minha história mais os menos íntimos não entendem, também tenho que citar que Deus me ajudou muito fui para um encontro da igreja e me mudou muita coisa em mim.
12. Relatório
No momento da entrevista, pude perceber a dor nos olhos da vítima, as marcas que ficaram em sua vida, hoje ela tem uma filha e vi que o maior medo dela e que aconteça com a filha o que aconteceu com ela, pelo que pude perceber muitos fala que ela tem problemas que e super protetora não deixa ninguém pega em sua filha e não confia em ninguém, mas pelo fato de tenta proteger a filha.
Mas hoje ela está conseguindo superar esse trauma com a ajuda do amor de sua filha e de seu marido que sempre a apoiou e acreditou nela.
13. Conclusão
A violência sexual caracteriza-se, segundo Azevedo (1988), por um ato ou jogo sexual, que pode se dar tanto nas relações heterossexuais quanto nas homossexuais, ainda com um ou mais adultos e uma criança ou adolescente. A finalidade é estimular sexualmente a criança ou adolescente para, em consequência disso, o próprio adulto estimular-se sobre a pessoa cuja está em seu domínio.
Quanto ao comportamento social das vítimas, sabe-se que o abuso sexual compromete as crianças e adolescentes de maneira estrondosa, destruindo o modo de se relacionar e confiar em outras pessoas. Flores e Caminha (1994) apresentam um estudo no qual os resultados mostram que as crianças e adolescentes abusadas possuem menor comportamento pró-social: compartilham menos, ajudam menos e se associam menos a outras crianças, quando comparadas com crianças não abusadas; retraimento; relacionamentos superficiais.
As diversas formas de violência ou abuso afetam a saúde mental da criança ou do adolescente, visto este se encontrar em um processo de desenvolvimento psíquico e físico, produzindo efeitos danosos em seu desempenho escolar, em sua adaptação social, em seu desenvolvimento orgânico. Vários estudos relacionam a violência doméstica com o desenvolvimento de transtornos de personalidade, transtorno de ansiedade, transtornos de humor, comportamentos agressivos, dificuldades na esfera sexual, doenças psicossomáticas, transtorno de pânico, entre outros prejuízos, além de abalar a auto-estima, por meio da identificação com o agressor, um comportamento agressivo (ROMARO, et al., 2007 p. 121).
A mudança de paradigmas no que tange aos direitos da criança, operada no nosso país a partirda Constituição Federal de 1988, reflete-se em todas as áreas do conhecimento. Com a vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, a sociedade como um todo, assim como o sistema de Justiça Infanto-Juvenil necessitou reestruturar-se a fim de atender as novas normas, embasado no princípio de que a criança é pessoa em desenvolvimento, é sujeito de direitos e é prioridade absoluta.
O abuso sexual infantil é definido como a exposição de uma criança a estímulos sexuais impróprios para a sua idade, onde o adulto ou adolescente mais velho submete a vítima, com ou sem o seu consentimento, a satisfazer ou estimular seus desejos sexuais, impondo pela força física, ameaça, sedução com palavras ou ofertas de presente. 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais, o abuso sexual pode se caracterizar como um comportamento desviante denominado parafilia, que são caracterizadas por impulsos sexuais intensos e recorrentes, modulados por fantasias e manifestações de comportamentos não convencionais. 
Deste modo, o abuso sexual infantil acarreta sérios problemas para vítima, esses problemas podem ser psicológicos, físicos e sociais. As implicações destas agressões dependem de diversos fatores que se intrincam, já que não é possível falar de um trauma infligido à criança sem relacioná-lo com o contexto em que ocorre. 
Conclui-se, portanto, que as consequências deste crime podem aparecer de formas distintas na vida da criança, variando de acordo com o tipo de indução ao ato, com sua periodicidade, com o número de agressores envolvidos e até mesmo a reação dos adultos mais significativos para a vítima ao fato. Quando o adulto oferece o devido apoio à criança, não intensificando o seu sofrimento e apostando em sua capacidade de superação, facilita o enfrentamento da criança à situação, na qual ela mais facilmente elabora internamente o horror vivido podendo diminuir as sequelas danosas do abuso em sua vida.
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