Buscar

Resumo do Primeiro Capítulo do livro O Capital

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resumo do Primeiro Capítulo do livro “O Capital” 
A análise de Karl Marx na obra “O Capital: crítica da economia política” 
inicia o primeiro capítulo caracterizando o papel da mercadoria como expressão 
síntese do modo de produção capitalista. Compreendida como forma elementar 
da riqueza na sociedade, o autor vai trabalhar a mercadoria, em um primeiro 
momento, a partir de dois fatores principais: o valor de uso e o valor. 
Tendo a mercadoria como um objeto externo que satisfaz as 
necessidades humanas, o conceito de valor de uso é apresentado como 
categoria representativa da utilidade de uma determinada mercadoria 
condicionada pelas propriedades do seu corpo. Partindo de uma compreensão 
de subjetividade, o próprio corpo da mercadoria é um valor de uso, independente 
da sua apropriação custar muito ou pouco trabalho. 
Além do valor de uso, Marx traz a conceituação do valor de troca enquanto 
uma relação mais quantitativa da mercadoria em termos de comércio, definindo 
como a “proporção na qual valores de uso de um tipo são trocados por valores 
de uso de outro tipo” (p.158). Nesse sentido, o valor de troca, em termos de 
comparação, confere a uma mercadoria múltiplos valores de troca que se 
traduzem a partir da permutabilidade entre si e a igualdade de grandeza no 
processo de troca, de modo que, uma x quantidade de ferro seria equivalente a 
y de trigo, z de ferro e etc. 
A partir dessa relação no processo de troca, o autor revela que há algo 
em comum de mesma grandeza que existe em duas coisas diferentes. Isso é 
esclarecido diante da abstração do valor de uso das mercadorias e da 
especificidade técnica (“carpinteiro, pedreiro ou fiandeiro”) do trabalho 
empreendido na sua transformação. Guardados esses dois elementos, resta 
como substância residual uma concepção indiferenciada de trabalho humano, 
que caracteriza o que será chamado de valor – ou valor da mercadoria. Portanto, 
o elemento em comum que se apresenta no processo de troca de duas 
mercadorias diferentes é o valor. 
Como esse valor é medido? De acordo com Marx, essa grandeza será 
medida a partir da quantidade de trabalho socialmente necessário contido na 
mercadoria. Logo, a medida desse trabalho seria estimada através da 
constituição do tempo, em média, necessário para a produção, ou seja, o tempo 
para “produzir um valor de uso qualquer sob as condições normais para uma 
dada sociedade e com o grau social médio de destreza e intensidade do 
trabalho” (p.162). Sendo assim, para o autor, as mercadorias nas quais estão 
contidas massas iguais de trabalho - ou que podem ser produzidas em um 
mesmo período de tempo – possuem a mesma grandeza de valor. 
No entanto, o tempo de trabalho para se produzir algo é suscetível a 
mudanças conforme as alterações na força produtiva, de forma que alguns 
fatores determinantes devem ser considerados: grau médio de destreza do 
trabalhador, condições naturais, volume e eficácia dos meios de produção, 
organização social do processo produtivo e grau do progresso técnico-científico. 
Através de tais relações, Marx estabelece as razões existentes entre força 
produtiva, tempo de trabalho e valor. À título de regra geral, quanto maior for a 
força produtiva do trabalho, menor será o tempo empreendido para produzir, 
menor será a quantidade de trabalho contida e menor será o valor. Assim como, 
quanto menor a força produtiva, maior será o tempo gasto e maior será o valor 
da mercadoria. 
Finalizando a primeira seção sobre os dois fatores da mercadoria, o autor 
traz considerações gerais a serem destacadas, são elas: 
- Elementos que não possuem a sua utilidade mediada pelo trabalho são 
passíveis de valor de uso, mas não possuem valor (Ex: ar, madeira bruta, 
campos naturais); 
- A mercadoria é constituída com finalidade na troca, portanto, algumas 
coisas produzidas para subsistência, por exemplo, possuem valor de uso, mas 
não são consideradas mercadorias; 
- O valor tem relação direta com o objeto de uso, sendo assim, não há 
valor naquilo que é inútil. 
Na segunda seção do capítulo, Marx se dedica a elucidação do duplo 
caráter do trabalho representado nas mercadorias. A partir da categoria da 
mercadoria enquanto valor de uso e valor, o autor apresenta aspectos do 
trabalho relativos a esses dois desdobramentos. O aspecto qualitativo surge 
enquanto trabalho útil, ou seja, a utilidade do trabalho representada através do 
valor de uso do produto. Nesse sentido, o entendimento do trabalho enquanto 
valor de uso, revela a compreensão subjetiva da diferenciação das suas 
finalidades (alfaiataria, tecelagem). 
Sendo assim, da mesma maneira que há uma diferenciação qualitativa 
dos valores de uso de duas mercadorias distintas (linho e casaco, por exemplo), 
também há uma distinção entre o tipo de trabalho que as produzem (alfaiataria 
e tecelagem, por exemplo). A esfera da diferenciação entre os trabalhos úteis 
suscita a possibilidade de comparação entre mercadorias durante o processo de 
troca, tendo em vista que “um valor de uso não se troca pelo mesmo valor de 
uso” (p.166). 
A divisão social do trabalho aparece a partir desse conjunto de valores de 
uso diversificados e, portanto, do conjunto de trabalhos úteis distintos, 
constituindo a “condição de existência da produção de mercadoria”. 
O aspecto quantitativo do trabalho, segundo o autor, vai dialogar 
diretamente com a ideia de valor. Partindo do pressuposto que o trabalho que 
produz valor tem um caráter abstrato, Marx apresenta a ideia de que a 
substância do valor das mercadorias está apenas na abstração dos seus 
aspectos qualitativos específicos e redução das mesmas a uma única qualidade: 
trabalho humano. 
Portanto, ao medir a grandeza de valor das mercadorias através da 
quantidade de trabalho contida no produto, a mensuração é realizada a partir de 
parâmetros objetivos que abstraem as especificidades do trabalho na medida do 
tempo necessário para a sua execução. Em certo sentido, o que se retém da 
análise é que, em termos de valor de uso, questiona-se como o trabalho é feito, 
o que é esse trabalho; por outro lado, em termos de valor, a questão gira em 
torno da quantidade de trabalho necessária para a produção da mercadoria. 
Com o objetivo de compreender a gênese da forma-dinheiro, Marx 
constrói a terceira seção como pavimentação do caminho a partir do 
entendimento da forma de valor. Nesse sentido, o autor apresenta a objetividade 
do valor como a expressão abstrata do trabalho humano, tendo a sua 
manifestação apenas diante da relação social entre as mercadorias. 
Forma de valor simples, individual ou ocasional 
A relação social de valor entre duas mercadorias distintas será chamada 
pelo autor de expressão mais simples da relação de valor. Ou seja, a forma de 
valor simples, individual ou ocasional, a título de exemplo, consiste na seguinte 
relação de troca: x braças de linho = y casaco. Ao considerar essa relação, Marx 
apresenta que o valor do linho é expresso no valor de uso do casaco; de forma 
que o linho possui um papel ativo, sob forma de valor relativa, e o casaco um 
papel passivo, sob a forma de valor equivalente. Embora sejam repartidas entre 
mercadorias diferentes, essas formas se relacionam entre si através da 
expressão de valor, assim como também são momentos inseparáveis, 
mutuamente excludentes, inter-relacionados e que se determinam entre si. 
 A forma de valor relativa 
Ao tratar sobre relação social entre duas mercadorias, embora possuam 
qualidades distintas, Marx afirma que só é possível comparar as suas grandezas 
na medida em que estiverem sob uma mesma unidade. Portanto, na equação x 
linho = y casaco, as grandezas podem ser comparadas quantitativamente porque 
compartilham de uma primeira unidade, o valor. 
Tendo em vista que o valor da mercadoria consiste em uma cristalização 
de trabalho humano, na relação de equiparação do valor entre duas mercadorias 
distintas, há,igualmente, uma comparação do trabalho humano contido em cada 
uma delas. A comparação entre os trabalhos contidos só é possível devido a sua 
redução a uma segunda unidade, o caráter comum de trabalho humano 
socialmente necessário aplicado. Ou seja, se falamos na relação entre linho e 
casaco, os trabalhos de alfaiataria e tecelagem são reduzidos a categoria única 
de trabalho humano abstrato. 
Porém, o autor afirma que, ao dizer que, enquanto valor, a mercadoria é 
trabalho humano cristalizado, a reduzimos a uma ideia, mas não damos uma 
forma a esse valor que seja diferente da sua forma física. A força de trabalho, 
apesar de criar valor, não o é per si. Logo, o valor só passa a ser, de fato, quando 
é incorporado na forma de um objeto, e só é possível expressá-lo como algo com 
essência material diversa da sua, mas sendo comum a ele e a todas as outras 
mercadorias. 
Nesse sentido, a forma objetiva de existência do valor ganha corpo a partir 
da relação entre duas mercadorias diferentes, ou seja, passa a ser revelada na 
própria relação que estabelece com outra mercadoria. Sendo assim, a título de 
exemplo, na relação x de linho = y de casaco, o casaco é considerado como 
corpo a ser assumido pelo valor do linho, de modo que o valor de uma 
mercadoria assume a sua forma relativa ao ser expresso pelo valor de uso de 
outra. 
Na forma de valor simples, não apenas o aspecto qualitativo é equiparado, 
como visto anteriormente, mas também uma determinada quantidade de 
mercadoria e, consequentemente, uma determinada quantidade de trabalho 
humano. O autor mostra que, mantendo constantes as forças produtivas, a 
expressão 20 braças de linho valem 1 casaco expõe o fato de que um casaco 
contém tanta substância de valor quanto 20 braças de linho e que as duas 
quantidades de mercadoria equivalem a mesma quantidade de tempo de 
trabalho gasto. 
No entanto, as forças produtivas não se mantêm sempre constantes, o 
que influencia diretamente na mudança de tempo de trabalho necessário para a 
produção. Nesse sentido, a análise de Marx destaca dois cenários principais: 
- Variação do valor do linho, mantendo o valor do casaco constante: a partir da 
dobra do tempo de trabalho para produção do linho, o seu valor dobra simultaneamente. 
Em termos de comparação, 20 braças de linho = 2 casacos. Caso o valor do linho caia 
pela metade, 20 braças de linho = ½ casaco. 
- Variação do valor do casaco, mantendo o valor do linho constante: a partir da 
dobra do tempo de trabalho para a produção do casaco, o seu valor dobra 
simultaneamente. Em termos de comparação, 20 braças de linho = ½ casaco. Caso o 
valor do casaco caia pela metade, 20 braças de linho = 2 casacos. 
A partir da elucidação desses dois cenários principais, Marx deixa 
explícito a dinâmica de determinação do valor relativo de uma mercadoria x a 
partir da expressão no valor da mercadoria y. Além disso, fica claro que a mesma 
variação de grandeza do valor relativo de uma mercadoria pode ter motivações 
distintas. 
 A forma de valor equivalente 
A estruturação da forma equivalente é definida por Marx a partir da 
compreensão de que, quando o valor de uma mercadoria x é expresso no valor 
de uso de uma mercadoria y, esta última recebe a sua forma de valor 
equivalente. Permanecendo com o exemplo de z de linho = w de casaco, o autor 
afirma que a expressão da qualidade de ter valor característica ao linho se dá na 
medida em que o casaco é diretamente permutável com ele. Sendo assim, “a 
forma de equivalente de uma mercadoria é a forma de sua permutabilidade direta 
com outra mercadoria” (p.183). 
Entretanto, a consideração do casaco como equivalente o linho não 
informa por si só a proporção em que os dois são permutáveis. Para tal 
determinação, é necessário que a grandeza de valor dos casacos seja exposta, 
tendo em vista que a grandeza de valor do linho já é dada. 
A grandeza de valor das mercadorias não depende diretamente da sua 
forma de valor, ou seja, sendo o linho expresso como forma equivalente e o 
casaco como forma relativa e vice-versa, a grandeza de valor permanece porque 
é determinada pelo tempo de trabalho necessário à produção, não pela forma. 
Todavia, ao assumir a posição de forma equivalente na relação de valor, a 
grandeza de valor da mercadoria não obtém mais a sua expressão como 
grandeza de valor – tendo em vista que constitui uma característica da posição 
da forma relativa -, mas figura como quantidade determinada de uma coisa. Na 
expressão 40 braças de linho valem 2 casacos, o papel do objeto de forma 
equivalente (casaco) é informar a grandeza de valor do linho, nunca a sua própria 
grandeza. 
Para o autor, a forma equivalente possui três características 
fundamentais. A primeira delas diz respeito ao caso do valor de uso se tornar a 
forma de manifestação do seu contrário, o valor. Nesse sentido, quando a 
mercadoria assume a forma de equivalente (casaco), o seu valor expressa um 
caráter quantitativo, ou seja, o corpo da mercadoria assume a forma de valor. 
Assim, ao expressar o valor do linho, o casaco representa um elemento de valor 
comum aos dois. A transformação da forma natural da mercadoria x 
(equivalente) em forma de valor só ocorre no interior do confronto entre duas 
mercadorias, alerta Marx. 
A segunda das características diz respeito ao caso do trabalho concreto 
se tornar a forma de manifestação do seu contrário, o trabalho humano abstrato. 
A constituição corpórea da mercadoria que funciona como forma equivalente na 
equação é produto do trabalho humano concreto e incorporação do trabalho 
humano abstrato. Ao confrontar a tecelagem com a alfaiataria, no objetivo de 
expressar a criação de valor do linho, é necessário que os trabalhos concretos 
específicos sejam reduzidos a uma unidade comum de comparação, o trabalho 
humano abstrato. 
A última das características diz respeito ao caso do trabalho privado se 
tornar a forma de manifestação do seu contrário, o trabalho em forma social 
imediata. A partir do momento em que o trabalho concreto, ao constituir na 
relação de valor uma expressão de trabalho humano indiferenciado, ele assume 
a forma de igualdade com outro trabalho e, assim, “se apresenta num produto 
que pode ser diretamente trocado por outra mercadoria” (p.188). 
 O conjunto da forma de valor simples 
Em termos de análise conjunta, Marx resume que a qualidade de uma 
mercadoria x é expressa por meio da permutabilidade da mercadoria y com ela, 
já o seu teor quantitativo é expresso por meio da permutabilidade de uma 
determinada quantidade da mercadoria y por uma determinada quantidade da 
mercadoria x. 
A demarcação mais precisa dessa análise é delimitada pelo autor a partir 
da distinção da mercadoria enquanto valor de uso e valor, de forma que o valor 
de troca apenas surge como manifestação do valor durante as relações de troca 
entre mercadorias distintas, nunca de forma isolada. Na relação entre duas 
mercadorias, aquela cujo valor deseja ser expresso (x) é considerada 
exclusivamente valor de uso, enquanto aquela onde o valor é expresso (y), de 
fato, é considerada exclusivamente valor de troca. 
Como foi visto, a expressão simples das relações de troca demonstra 
quantificações individuais, onde a forma de equivalente de uma determinada 
mercadoria corresponde à forma relativa de outra, na medida em que a 
equivalência não traduz a igualdade qualitativa e a proporção quantitativa com 
todas as outras mercadorias. Nesse sentido, a forma de valor simples surge 
como configuração embrionária até alcançar o desenvolvimento de uma forma 
mais complexa e geral, a forma-preço. 
Forma de valor total ou desdobrada 
Além da forma simples de expressão do valor da mercadoria, a mesma 
pode ser representada em confronto com o mundo das mercadorias, ou seja, a 
relação de cada mercadoria com inúmeras outras (20 braças de linho = 1 casaco, 
ou = 1 quarter de trigo, ou = ½ toneladade ferro). Isso, de acordo com Marx, é 
chamado de forma de valor total ou desdobrada. 
A relação com diversas mercadorias faz com que a forma de valor total 
expresse verdadeiramente o trabalho humano abstrato, independente da 
especificidade e do valor de uso de cada uma. Se na forma simples há o lugar 
da forma de valor relativa na expressão, na forma total existe o valor relativo e 
desdobrado, que nada mais é do que a soma das expressões daquelas. 
A mercadoria na qual é expressa o valor do produto, segundo o autor, é 
chamada de forma equivalente particular. No entanto, a infinidade de formas 
equivalentes faz com que, ao acréscimo de cada nova mercadoria à relação de 
valor, a expressão de troca se mostra sempre desconexa e ilimitada, de maneira 
que as formas equivalentes sempre sejam mutuamente excludentes. 
No processo de progressão da complexidade da análise, Marx destaca 
que a troca de uma determinada mercadoria (x) por diversas outras faz com que 
o seu valor, consequentemente, seja expresso em uma série de outras 
mercadorias distintas. A reprodução desse comportamento de troca por uma 
mercadoria x determina a expressão de valor de distintas mercadorias em uma 
só, ou seja, a construção de um padrão universal de valor. 
 
 
Forma de valor universal 
A partir de então, a expressão do valor das mercadorias se dá de forma 
simples, unitária – por meio de uma única mercadoria – e comum a todas as 
demais, ou seja, os valores de todas as mercadorias são refletidos mediante a 
sua igualdade com um parâmetro específico. Em termo de relação de troca, o 
elemento em comum entre todas as mercadorias passa a ser o fato de que, 
enquanto iguais a uma mercadoria x, o valor de cada uma não é mais apenas 
distinto do seu valor de uso, mas de qualquer outro valor de uso. 
De acordo com Marx, ao utilizarem o mesmo equivalente como termo de 
expressão de valor, as mercadorias tornam-se qualitativamente iguais e 
quantitativamente comparáveis entre si. Diferente da forma de valor total ou 
desdobrada, aqui elas contêm, dentro do mundo das mercadorias, uma conexão 
firmada em um padrão universal, como, por exemplo: “10 libras de chá = 20 
braças de linho, e 40 libras de café = 20 braças de linho. Portanto, 10 libras de 
chá = 40 libras de café” (p.198). 
Ainda, o autor apresenta que, na medida em que uma mercadoria y toma 
a forma de equivalente universal, ela é excluída da sua qualidade de equivalente 
particular para todas as demais. A partir dessa exclusão, ela passa a ganhar a 
forma de mercadoria-dinheiro, sendo a sua função social específica 
desempenhar o papel social de equivalente universal das relações de troca. Se 
nos exemplos do autor, esse papel coube ao linho, historicamente, o ouro 
conquistou esse lugar privilegiado de equivalente universal. A expressão do valor 
relativo de uma mercadoria z na mercadoria-dinheiro vai determinar a forma-
preço. 
O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo 
Contrariando o primeiro olhar de que a mercadoria aparece como uma 
categoria de simples análise e através da recuperação de alguns conceitos 
trabalhados ao longo do primeiro capítulo do Capital, Marx procura demonstrar 
que, para além de ser apenas valor de uso, há um caráter misterioso na forma-
mercadoria. 
A compreensão da determinação do valor da mercadoria por meio do 
tempo de trabalho abstrato aplicado à sua produção reflete, no campo das 
relações de troca, expressões implícitas de igualdades entre os diferentes 
trabalhos concretos. Portanto, segundo o autor, a misticidade por trás da 
mercadoria tem profunda relação com o elemento do trabalho humano contido 
em cada uma delas. 
Essa análise do autor se desdobra sob a categoria chamada fetichismo 
das mercadorias, que nada mais é do que a dissimulação das relações sociais 
entre os homens em relações entre as coisas, ou seja, por meio da redução a 
ordem valor, a relação entre os trabalhos individuais dos produtores e o seu 
conjunto ficam implícitas ou a margem dos processos de trocas mercantis. 
Porém, Marx afirma que, por mais que exista essa abstração de trabalho 
útil específico à trabalho comum humano no processo de expressões dos valores 
de troca, isso constitui um processo que os homens realizam sem o saber. De 
acordo com o autor, o processo de produção domina os homens e, portanto, só 
a libertação desse processo de produção e do misticismo por trás dos seus 
produtos só é possível a partir da quebra das amarras e constituição de homens 
livremente socializados e com controle consciente das estruturas produtivas.

Outros materiais