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A ordem Siphonaptera (siphon = tubo; aptera = sem asas) compreende insetos hematófagos de ambos os sexos, vulgarmente conhecidos como pulgas e bichos-de-pé. Esses insetos são encontrados em todo o mundo, com aproximada- mente 3.000 espécies conhecidas. Dessas, pouco mais de 250 ocorrem na América do Sul, e no Brasil já foram assinaladas 60 espécies elou subespécies. Estudos filogenéticos apontam a ordem Mecoptera como a mais próxima de Siphonaptera, embora as larvas de pulgas sejam semelhantes as larvas dos dípteros. Suctoria e Aphaniptera são nomes que anteriormen- te foram dados à ordem das pulgas. As pulgas na fase adulta são ectoparasitos de aves e ma- míferos, em especial destes últimos, enquanto, na fase larvária, apresentam vida livre e aparelho bucal do tipo mastigador. Al- gumas espécies apresentam especificidades de hospedeiro. Quase todas as ordens de mamíferos já foram encontradas parasitadas por sifonápteros, embora as mais fiequentes sejam Rodentia, Insectivora, Marsupialia, Chiroptera, Carnivora, Lagomolpha e Edentata. Entre os primatas, apenas o homem é hospedeiro habitual. Do ponto de vista epidemiológico, os roedores são os hospedeiros mais importantes, pelo fato de suas espécies serem incriminadas como reservatórios de vári- as infecções (peste, tularemia, tifo murino). Com relação à duração do parasitismo ou ao tempo de as- sociação com o hospedeiro, as pulgas podem viver sobre um determinado hospedeiro ou então, fora dele, geralmente em seu ninho. A maioria das espécies de pulgas enquadra-se no primeiro tipo, vivendo sobre a pelagem dos hospedeiros e neles alimentam-se intermitentemente (Xenopsylla spp, Ctenocephalides spp, Polygenis spp etc.) ou então, pene- trando sob a pele dos hospedeiros, aí se alimentando perma- nentemente (Emeas fertilizadas de Tunga spp). Outras es- pécies não vivem sobre o hospedeiro, só o procurando para exercer a hematofagia, como, por exemplo, Pulex irritans. As pulgas ocupam um lugar de destaque em Parasitolo- gia pelos diversos nichos que desempenham na interação entre organismos, atuando como parasitos, como transmis- sores (vetores) ou como hospedeiros intermediários. são agentes espoliadores sanguíneos (machos e fême- as), com várias espécies continuando a exercer a he- matofagia, mesmo após repletas; provocam irritação da pele devido à picada, oca- sionando dermatite e reações alérgicas de intensidade variada @. ex., prurigo de Hebra); causam lesões cutâneas nos locais de parasitismo por Tunga penetrans (bicho-de-pé), com a possível veicu- lação mecânica do tétano (Clostridium tetani), de gan- grenas gasosas (Clostridium perfrigens) e de esporos de fungos (Paracoccidioides brasiliensis). Em altas infestações, alguns animais de pequeno por- te podem apresentar-se anêmicos, pelas sucessivas hema- to fagias. Antígenos preparados de pulgas podem induzir hipos- sensibilidade ao hospedeiro, quando injetados intradermica- mente em concentrações graduais. Reações cmzadas entre antígenos de Ctenocephalides e Pulex ou entre os de Xenopsylla e Nosopsyllus (pulgas de roedores sinantrópi- cos mas que picam o homem) podem ocorrer. A tungíase apresenta alta prevalência no Brasil, es- pecialmente nos meses quentes e secos, ocasionando, en- tre os portadores, dificuldades de postura e locomoção, ne- crose óssea e tendinosa e até perda de dedos dos pés. viroses (Mixoma mollitor, agente da mixomatose em coelhos); doenças bacterianas: Yersinia pestis (anteriormente denominada Pasteurella pestis), agente da peste bu- bônica; Francisella tularensis, agente da tularemia; Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium, agentes de salmoneloses. Rickettsia mooseri, agente do tifo murino, que atinge humanos também. Recente- mente, usando-se técnicas moleculares, Rickettsia Capitulo 49 397 felis foi diagnosticada em pulgas Ctenocephalides, em Minas Gerais. Esta espécie de bactéria é agente etio- lógico de uma nova riquetsiose que infecta humanos no México, EUA e Brasil. A técnica da PCR tem tam- bém permitido reconhecer DNA de Leishmania chagasi em Ctenocephalides, retiradas de cães natu- ralmente infectadas, levantando, assim, a possibilida- de da transmissão mecânica do calazar canino por meio de pulgas. Protozoa: Trypanosoma lewisi, com evolução em roe- dores sinantrópicos; Cestoda: Dypilidium caninum, com evolução no cão (ou acidental no homem); Hymenolepis nana e Hymenolepis diminuta, que se desenvolvem pos- teriormente no homem elou roedores; Nematoda: Dipetalonema reconditum, verme filaria1 com posterior desenvolvimento em cães (ver Capítu- lo 58 - Exame de Vetores). De todos esses fatores, o mais importante é a transmis- são da peste bubônica. Essa é uma doença grave, co- nhecida-desde a Antiguidade, tendo sido responsabilizada por grandes pandemias, com milhões de mortes, na Europa e Asia, principalmente nos séculos VI e XIV. Nessa época, a doença era conhecida como "peste negra". Atualmente, existem certos focos isolados em várias partes do mundo, principalmente na Ásia, África e Américas (sudoeste dos EUA, Venemela, Peru, Equador, Bolívia, Argentina e Brasil). Alguns destes focos são considerados persistentes, pois a ocorrência dos surtos da doença é cíclica. No período de 197711 99 1 foram registrados 14.752 casos de Deste humana em todo o mundo. com cerca de 1.391 óbi- tos (9,42%). Discriminadamente por continentes, o nQ de ca- s,os/nQ de mortes assim se evidenciou neste mesmo período: Aíiica: 7.93911.010; Américas: 1.8741143; Asia: 4.9391238. Apenas em 1983 registraram-se 40 casos de peste huma- na no sudoeste dos EUA, o maior número desde 1920. Em nosso país, a peste bubônica entrou pelo porto de Santos em 1899, após ter sido introduzida na América do Sul através do porto fluvial de Assunção. Posteriormente, a pes- te se disseminou para várias cidades litorâneas e do interi- or. Passou a ser uma enzootia urbana, rural e silvestre. Com os combates sistemáticos feitos contra as pulgas (Xeno- psylla cheopis) e contra os ratos reservatórios (Rattus nowegicus - rato de esgoto; Rattus rattus - rato de te- lhados; Mus musculus - camundongos), a peste hoje se encontra no Brasil restrita a certos focos silvestres do Piauí, Ceará, Pemambuco, Bahia, Alagoas, norte de Minas e Rio de Janeiro (Teresópolis-Friburgo). Um total de 7 16 casos fo- ram notificados nos anos de 1974 e 1975. No Brasil, no período de 198011 993, foram registrados 736 casos, com predominância para os Estados do Ceará (393), Bahia (274) e Paraíba (54). A Yersinia pestis é um bacilo Gram-negativo, extrema- mente patogênico para ratos, camundongos, cobaias, coe- lhos, macacos e homem. É capaz de sobreviver e conservar sua infectividade em fezes dessecadas de pulga, no solo e ninho de animais por longo tempo (cinco a 16 meses). Há evidências de que animais de estimação atuem tam- bém na transmissão, pelas pulgas de roedores infectados que eventualmente possam albergar. Em felinos, a doença também pode ser contraída por ingestão de roedores e coe- lhos infectados. 1. Em geral, a doença humana ocorre após um surto da doença entre os ratos. O aparecimento de numerosos ratos mortos é o primeiro sinal de peste, que deve ser tomado como alarma. Após a mortalidade dos ratos, as pulgas, necessitando de alimentos, procuram outros hospedeiros. Em certas regiões rurais do Nordeste, hospedeiros silvestres são atraídos para o interior ou proximidades das residênci- as (paióis abertos, casas de farinha), que abrigam algum ce- real colhido e armazenado sob a forma de grãos. Desta for- ma, os roedores silvestres elou campestres, bem como suas pulgas, são postos em contato íntimo com os moradores. Todavia, mais frequentemente, as pulgas de roedores silves- tres (Polygenis spp), intercambiando de hospedeiros, po- dem trazer a peste do meio rural ou silvestre para roedores domésticos. Estes, com suas pulgas próprias (Xenopsylla cheopis), mantêm apeste na zona urbana elou periurbana. Atingindo o homem, a pulga pode infectá-10 através da pi- cada; isto é, pela inoculação do bacilo (Fig. 49.1). Alcançan- do a via linfática, os bacilos são levados até os linfonodos regionais onde produzem uma inflamação dolorosa, denomi- nada bubão - forma bubônica. Deste ponto os bacilos po- dem cair na corrente sanguínea, atingindo vários órgãos (pulmões, figado, baço, meninges etc.). A forma pneumôni- ca pode ser adquirida dessa maneira ou por inalação de per- digotos e esputos provenientes de um paciente já com le- sões pulmonares. A forma pulmonar é a mais grave, com le- talidade próxima dos 100%. Outras formas clínicas co- nhecidas são: a forma septicêmica - menos frequente, ocor- rendo na fase terminal da peste bubônica ou pulmonar; for- ma ambulatória - também denominada "peste minor" -, que é uma forma abortiva da bubônica, com adenopatia mais discreta e pouco dolorosa, tendendo a cura completa. Uma razoável estimativa da infectibilidade pestosa em determinadas regiões poderá ser proporcionada através da observação da relação pulgalrato - índice pulicidianos. O índice pulicidiano global diz respeito a quantidade de pul- gas em ratos, enquanto o índice pulicidiano específico tra- ta da qualidade das pulgas capturadas. Geralmente, o índice específico mais utilizado é o cheopis, enquanto o número máximo de pulgas tolerado em ratos (p. ex., média mensal durante o período de um ano) é cinco. Desta forma, toda vez que a média de pulgas em ratos for superior a cinco, e a pul- ga prevalente for X cheopis, a coletividade estará altamen- te exposta a infecção. Ultimamente, tem-se admitido um ín- dice cheopis crítico de um (total de X cheopisltotal de ra- tos), segundo o qual, medidas de controle, em especial desinsetização, devem ser implementadas. A profilaxia consiste no combate sistemático aos ratos e ao transmissor habitual, isto é, a Xenopsylla cheopis, atra- vés de medidas como desratização e despulização. A anti- ratização pode ser também empregada, tendo-se em vista o afastamento dos roedores da habitação humana ou toman- do-a inadequada para a colonização dos mesmos (impermea- bilização dos pisos e rodapés, blindagem de embarcações e de prédios, limpeza e queima do lixo, acondicionamento dos gêneros alimentícios etc.). Além disso, em caso de surtos, pode-se empregar a vacinação em massa. Capitulo 49 Epidemias pneumônicas Reservatório de peste urbana t Pulgas infectantes Pulgas infectantes Flg. 49.1 - Cadeia epidemiolbgia da peste: 1) peste urbana: transmissão da Yersinia pestis ao homem pela picada de Xenopsylla cheopis; 2) peste rural ou silvestre: manutenção da Y pestise entre medores silvestres (comum) e transmissão do bacilo ao homem pela picada de Polygenis spp (ocasional, seta ponti- lhada); 3) transmissão da peste de roedores silvestres e dom6sticos. A passagem de Polygenis spp para roedores domésticos é mais frequente do que a pas- sagem de X. cheopis para medores silvestres (modificado de Endemias Rurais - m6todos de trabalho adotados pelo DNERU - Rio de Janeiro, 1968). Quanto ao tratamento, é relativamente fácil, uma vez que o bacilo da peste é muito sensível a estreptomicina e sulfas. MORFOLOGIA As pulgas são insetos pequenos - 1 a 3rnm -, de cor castanho-escuro e corpo achatado lateralmente (para facili- tar a locomoção entre os pêlos). São ápteras; o último par de pernas é adaptado para saltar, o que lhes permite dar pu- los extraordinários, de várias vezes o seu tamanho. Apre- sentam aparelho bucal do tipo picador-sugador. Os machos, além de serem menores que as Emeas, diferenciam-se des- tas pela morfologia dos órgãos genitais: enquanto neles a extremidade posterior que alberga o órgão copulador es- piralado é pontuda e voltada para cima, nas Emeas a extre- midade posterior é arredondada, exibindo uma estrutura vi- sível após clarificação entre os segmentos VI1 e VI11 do ab- dome - espermateca - de paredes quitinizadas e com h- ção de reservatório de espermatozóides (Fig. 49.2B). As pul- gas possuem numerosas cerdas, de grande importância ta- xonômica. Dessas, as mais úteis para nós são as localizadas na cabeça, atrás das antenas, e as mais espessas, em forma de pente - ctenídio - presentes junto do aparelho bucal (gena) e no pronoto. Nas Figs. 49.2 e 49.3 são mostrados os detalhes mais importantes da morfologia desses insetos. BIOLOGIA mal, caso falte o seu preferido. Daí a possibilidade de transmissão de peste e outras doenças ao homem. A longe- vidade das pulgas é muito variável, dependendo da espécie, da atividade, da temperatura e umidade ambiente e do es- tado alimentar. Assim, certos experimentos sobre longevidade de algumas pulgas, alimentadas ou sem alimento, proporcio- naram os seguintes resultados: X cheopis (pulga do rato): alimentada, vive 100 dias; sem alimento, 38 dias; Pulex ir- ritans (pulga do homem): alimentada, 5 13 dias; sem alimen- to, 125 dias; Ctenophalides canis (pulga do cão e do gato): alimentada, 234 dias; sem alimento, 58 dias. A resistência ao As pulgas adultas são hematófagas obrigatórias. As lar- vas, que vivem no solo (frestas de assoalho) ou ninhos de Fig. 49.2 - Ctenocephalides felis felis - f6mea: A) sensilium; 8) es- animais, alimentam-se de dejeções ressecadas (sangue e fe- permateca; c ) tíbia posterior; D) peças bucais (palpos maxilares); E) ctenídio zes semidigeridas) das pulgas adultas. Cada espécie de pul- genal; F) olho; G) cerdas pds-antenais; H) ctenldio pronotal. ga tem um hospedeiro próprio, mas podem sugar outro ani- Capitulo: 49 399 Fig. 49.3 - Xenopsylla cheopis - macho: A) sensilium; 6) Órgão copulador (pénis ou edeago); C) pecas bucais (palpos maxilares e maxilas); 0) atena; E) cerdas pós-antenais; F) sutura mesopleural. jejum é explicada pelo fato de a pulga permanecer imóvel (sem gastar energia) junto ao local em que emergiu da pupa, até que passe perto dela um hospedeiro descuidado. Cada refeição da pulga demora cerca de dez minutos, alimentando-se duas a três vezes por dia. A hematofagia é exercida tanto de dia como de noite, e é fundamental para a oviposição das fêmeas. Após o repasto, a pulga expele go- tículas de sangue pelo ânus, muitas vezes misturado com fezes (essas gotículas ressecadas na roupa ou nos pêlos de animais são indicativas da presença desses insetos). Interessante que o sangue ingerido pelas pulgas do hos- pedeiro normal é digerido mais depressa que o dos não- usuais. Os estímulos responsáveis para que as pulgas en- contrem seus hospedeiros são, principalmente, os visuais, os térmicos e os olfatórios. Em geral, a cópula é realizada pouco depois que os in- setos emergem dos pupários, e a Emea é que cavalga o ma- cho. Após a fecundação, a fêmea necessita de repasto sanguíneo para começar a ovipor. As fases evolutivas das pulgas são: ovo, larva I, larva 11, larva 111, pupa e adulto (Figs. 49.4 e 49.5). São, portanto, insetos que têm metamor- fose completa - holometábolos. Ordem Familias Gêneros Espécies Siphonaptera i? irritans X cheopis Pulicidae L Xenopsylla X. brasiliensis Ctenocephalides C. canis C. felis i? bohlsi Rhopalopsyllidae [polygenis i? tripus - Tungidae [Tunga 1 penetram Cada pulga, dependendo da espécie, põe parceladamen- te seis ou mais ovos, perfazendo 500 a 600 em toda a sua vida. Em temperatura de 23-26°C e umidade relativa do ar elevada, a eclosão do ovo ocorre dentro de 1-3 dias. A lar- va I11 tece um casulo em volta de si, após imobilização e es- vaziamento dos intestinos (pré-pupa) para transformar-se em pupa. O período de pupa até a libertação do adulto de- mora cerca de 5- 10 dias em temperatura de 26°C; em tempe- raturas mais baixas (1 O0C), pode chegar a 200 dias. Das oito famílias de pulgas existentes no Brasil, apenas três apresentam espécies de importância médica (Tabela 49.1). ESPÉCIES PRINCIPAIS Alguns caracteres morfológicos e biológicos que permi- tem a diferenciaçãodas espécies de importância médica, são dados a seguir: Pulex irritans: é a pulga que mais frequentemente ata- ca o homem, embora também se alimente de outros hos- pedeiros; é cosmopolita e muito encontradiça em casas ve- lhas e cinemas. Não é boa transmissora da peste bubônica. Sua picada pode causar em pessoas mais sensíveis uma rea- ção dérmica generalizada - pulicose. E muito semelhante As duas espécies seguintes, diferenciando-se delas por: apresentar uma única cerca no occipício (parte pos- terior da cabeça) (Fig. 49.6B); mesopleura não-dividida (Fig. 49.6B); forma da espermateca, nos exemplares Emeas (Fig. 49.7A). XenopsyJla cheopis: é a pulga dos ratos domésticos e comensais. E cosmopolita e a principal espécie transmissora da peste bubônica entre roedores domésticos, podendo de- pois passar destes para os homens. X. cheopis é espécie prevalente sobre X brasiliensis, em todo o Brasil, com ex- ceção do Estado de São Paulo. As duas espécies de Xenopsylla podem ser diferenciadas entre si pela forma das espermatecas (Emeas) (Figs. 49.7B e C) e implantação das cerdas próximas a um órgão característico - "sensilium" - Fig. 49.4 - Ciclo de uma pulga: 1) f h e a grávida faz oviposiçáo no solo; 2) ovo; 3) larva; 4) larva alimenta-se de detritos orgânicos; 5) pupa (adap- tado de Brown, 1964). Capitulo 49 Fig. 49.5 - Ctenocephalides felis felis: ovos e larva de 29 estádio (aumento 133,ZX) (fotos gentilmente cedidas pelo Prof. Mário de Maria). (machos). A X. cheopis apresenta as seguintes caracterís- - ticas que a diferenciam da I? irritans: apresenta duas fileiras divergentes de cerdas no occipicio (parte posterior da cabeça), cujos pontos de inserção formam a figura de um V (Fig. 49.6C); mesopleura dividida por uma sutura (Figs. 49.3F e 49.E); morfologia das espermatecas (fêmeas) (Fig. 49.7). Ctenocephalides felis e Ctenocephalides canis. São as pulgas de carnívoros, e frequentemente podem ser encon- tradas parasitando indiferentemente, cães e gatos. Apresen- tam dois ctenídios evidentes: genal e pronotal. Em certas regiões do Brasil, C. felis é a principal espécie de pulga que parasita cães. Arnbas espécies podem, não raro, picar o ho- mem. Em algumas regiões do mundo, C. felis é também a pulga mais encontrada no interior de certas habitações. A diferenciação entre as duas espécies pode ser feita pelo ctenídio genal: o primeiro dente é bem menor que o segun- do, em fêmeas de C. canis, e um pouco menor que o segun- do, em Emeas de C. felis. Todavia, as diferenças mais no- táveis entre as duas espécies são proporcionadas pela quetotaxia do metepistemo (metapleura) e da tíbia posterior (Fig. 49.8). Das quatro subespécies de C. felis existentes no mundo, apenas uma ocorre no Brasil: C. felis felis. Polygenis spp. São as pulgas de roedores silvestres, mantenedoras da peste silvestre nas Américas. Quase 50% das pulgas existentes no Brasil pertencem ao gênero Polygenis. As espécies mais frequentes na zona de peste endêmica do Brasil, isto é, região Nordeste e parte da Sudes- te, são l? bohlsi e l? tripus. As várias espécies de Polygenis podem ser diagnosticadas pela morfologia das genitálias; Fig. 49.6 - A) Ctenocephalides sp; 6) Pulex irritans (com apenas uma porém, todas apresentam em 'Ornum as seguintes cerda no occipício); C) Xenopsylla cheopis (com cerdas no occipício forman- características que as diferenciam das demais de do um V); e) espessamente da mesopleura; D) macho de Ctenocephalides pulgas ~itadas neste trabalho (sobretudo as desprovidas de sp: a, pênis ou edeago; E) fêmea de Ctenocephalides sp; b, espermateca. ctenídios): Capitulo 49 Associação de Escolas Reunidas - ASSER - Leonel Carimbo três fileiras de cerdas no occipício; duas fileiras de cerdas no abdome; pênis ou edeago bastante característico pelo fato de ser enrolado e exibindo várias voltas (machos); formas das e s p e ~ t e c a s (fêmeas) (Fig. 49.7F). Tunga penetrans. E o "bicho-de-pé", também chamado de "bicho-de-porco" e "bicho-de-cachorro". Apesar de am- bos os sexos serem hematófagos, apenas a fêmea é que pe- netra nos tecidos alimentando-se de líquido tissular e san- gue e se enchendo de ovos, tomando uma forma hipertro- fiada, denominada meosoma. É a menor espécie de pulga co- nhecida (lmm). Tudo indica que essa espécie é originária da América, tendo posteriormente atingido a África. Os hos- pedeiros atacados mais frequentemente são: porco, homem, cão e gato. No homem, prefere penetrar principalmente na sola plantar, calcanhar, cantos dos dedos (dos pés e mãos) e raramente no escroto, ânus e pálpebras. Quando as lesões cutâneas são numerosas, próximas entre si e localizadas na borda do calcanhar, recebem a denominação "favo de mel". Machos e fêmeas permanecem em locais secos, próximos de chiqueiros, montes de esterco e no peridomicílio (jardins, hortas). Em geral, a disseminação desta espécie é feita atra- vés de dois mecanismos principais: 1) ovos, larvas, pupas ou adultos são disseminados com o esterco oriundo de sí- tios e fazendas, comprado com a finalidade de se adubar hortas e jardins; o esterco, ao chegar no domicílio e conten- do as diversas formas da pulga, passa a ser um novo foco da mesma; 2) cães vadios (ou mesmo gatos) parasitados por fêmeas grávidas de T penetrans durante suas andanças podem disseminar ovos da pulga que, se caírem em ambiente propício, darão origem a formas adultas. Após a cópula, a fêmea procura um hospedeiro e pene- tra ativamente no local escolhido. Permanece com a cabeça e o corpo mergulhados nos tecidos, deixando para fora ape- nas a extremidade posterior que contém a abertura genital, o ânus e os estigmas respiratórios (Fig. 49.9). Em alguns dias, começa a aumentar o abdome despropositadamente: é que ele está repleto de ovos (cerca de IOO), eliminando-os como balas de canhão. Ao fim de alguns dias (15, mais ou menos), todos os ovos estão eliminados e a fêmea morre e sai ou é destruída pela reação do hospedeiro. Os ovos no chão úmido e sombreado darão origem as larvas que passam por apenas dois estágios (as demais espécies de pulgas pas- sam por três estágios larvares). As larvas dão origem às pupas e, essas, aos adultos. Cerca de 20 a 30 dias após a oviposição, já surgem os adultos. As fêmeas, ao penetrarem, provocam um prurido inten- so. Depois de grávidas, continua o prurido e, as vezes, dor. Em infestações múltiplas pode dificultar a movimentação do hospedeiro. O maior perigo da tungíase é a veiculação me- cânica de tétano (Clostridium tetani), micoses (Paracocci- dioides brasiliensis), gangrena gasosa (Clostridium perfringens). As lesões iniciais podem servir também como porta de entrada para outros agentes bactenanos. Morfologicamente, machos e Emeas não-hipertrofiadas podem ser diferenciados das demais espécies de pulgas por: apresentarem o conjunto formado pelos três segmen- tos torácicos mais curto que o primeiro segmento ab- dominal (Fig. 49.10B); 1 oop I Fig. 49.8 - Quetotaxia da tíbia posterior das espécies de Ctenocephalides: Fig. 49.7 - Espermatecas das fêmeas de algumas espbcies de pulgas: A) A) Ctenocephalides felis felis: c = uma única cerda dorsal forte, entre os enta- Pulex irritans; 8 ) Xenopsylla cheopis; C ) Xenopsylla brasiliensis; D) lhes mediano e apical; 8 ) Ctenocephalides canis: c = duas cerdas dorsais Ctenocephalides felis felis; E) Ctenocephalides canis; F) Polygenis tripus. forte,s entre os entalhes mediano e apical. (Adaptado de Hopkins 8 Rothschild, 1953; as cerdas da face externa não estão representadas.) 402 Capitulo 49 Fig. 49.9 - Tunga penetrans: A) f6mea penetrando na pele; 5 ) fbmea grá- vida, repleta de ovos. lacínias semlhadas, situadas ântero-inferiormente na cabeça (Fig. 49.10C); fêmeas não-hipertrofíadas apresentam ainda os últi- mos quatro pares de espiráculos abdominais bem de- senvolvidos; fronte com tubérculo pronunciado (Fig. 49.10B e C). Após a desinfecção localcom álcool iodado, com uma agulha previamente esterilizada, fazer pequenas dilacerações na pele, circundando a turnoração. E necessário muito cuida- do para não aprofundar a agulha, o que iria provocar dor e romper a pulga. Após incisão completa da pele, retirar o bi- cho&-pé, puxando-o com os dedos polegar e indicador, que funcionam como pinça. Esta não deve ser usada, para não romper o parasito. Depois de retirado, o mesmo é colocado. no fogo ou em álcool @ara destruir os ovos); faz-se a aplicação de bacteriostático oxidante no orifício deixado (mertiolato). Em caso de parasitismo múltiplo, recomenda-se passar pomada mercurial, que matará todas as pulgas; em seguida, as mesmas serão retiradas cuidadosamente. Andar calçado e, ao trabalhar com esterco, usar luvas. Aplicação de malathion e piretróides (K-othrine) em chiquei- ros destrói o principal foco. Em caso da fonte de Tunga ser o esterco (comprado para jardinagem ou amontoado para posterior utilização), recomenda-se pulverizar inseticida (malathion ou piretróide) sobre o mesmo e em sua periferia. Para pessoas que lidam em áreas infestadas, recomenda- se a vacinação antitetânica. CONTROLE a hematofagia sobre outros animais, domésticos ou silves- tres. Conseqüentemente, o combate as pulgas deve ser efe- tuado em três diferentes níveis ou hábitats: sobre os animais domésticos parasitados, no interior das habitações infes- tadas e no ambiente peridomiciliar (quintais, lotes vagos, canis, abrigos de animais, terrenos baldios etc.). Em todos esses ambientes, o controle pode ser efetua- do através de métodos mecânicos (ou naturais) e químicos. MÉTODOS MECÂNICOS Sobre Animais Domésticos (Cães e Gatos) Catação manual do ectoparasito - após inspeção da pelagem e conseqüente reconhecimento de adultos, Fig. 49.10 - Diferenciação morfoldgica entre Pulicidae e Tungidae: A) h l e x irritans: t = tórax; I a = primeiro segmento abdominal; 5 ) Tunga penetrans: t = tdrax; I a = primeiro segmento abdominal; p = tubérculo frontal; C) Tunga penetrans: cabeça com peças bucais apresentando lacínias senilhadas. Na ordem Siphonaptera, nenhuma das espécies é exclu- siva do homem. As que dele se alimentam exercem, também Capitulo 49 ovos e fezes. O prurido incessante, acompanhado ou não de dermatite alérgica, é um meio auxiliar de diagnóstico da pulicose. O exame de fezes também pode evidenciar a infestação, uma vez que, pelo hábi- to de grooming (catação), as pulgas ingeridas por tais animais não são por eles digeridas; lavagem da pelagem - sobretudo quando realizada através de jato forte ou quando se mergulha o animal em recipiente adequado. As lavagens com óleos imo- bilizam as pulgas, retendo-as na pelagem do hos- pedeiro. o que facilita o processo de catação manual, se realizado logo em seguida; escovação ou penteação frequente - as espécies C. felis e C. canis, por apresentarem ctenídios, aderem firmemente A pelagem dos hospedeiros. O processo torna-se mais eficaz quando um pente fino (32 dentes por polegada) for utilizado posteriormente à untura da pelagem. Recomendado para animais de pêlos curtos ou médios. No Interior das Habitações Varreção cuidadosa da casa e posterior incineração da varredura - quando efetuada repetidamente (se pos- sível, diariamente), promove um controle relativo; uso de aspiradores de pó - recolhem não apenas ovos, larvas e pupas, mas, também, fezes de pulgas e outros nutrientes orgânicos necessários A alimentação das larvas; lavagem do piso dos domicílios - mais eficaz se rea- lizada com água quente e xampu que, em se tratando de carpete, limpa melhor as fibras, facilitando a pene- tração de inseticidas, caso algum destes venha a ser empregado posteriormente; lavagem frequente da "cama" do animal - represen- tada por panos, trapos, esteiras e similares que o ani- mal utiliza para dormir ou repousar. No Ambiente Peridomiciliar Varreção frequente do canil e outros abrigos, com pos- terior incineração da varredura; Fig. 49.11 - Tunga penetrans grávida (bicho-de-pé) no dedo; notar os Últi- mos segmentos abdominais exteriorizados que é a porção enegrecida no centro. impedir a veiculação de esterco e matéria orgânica para adubo; manejo da vegetação - através de poda e retirada de ervas e arbustos localizados nas proximidades das ca- sas dos animais ou ao longo de suas trilhas incluídas no percurso de rotina; manejo do solo - através da rotação e revolvimento de terra, de modo a interferir nas condições habituais de temperatura e umidade, essenciais ao desenvolvi- mento das larvas; impedir o contato ou intercâmbio do animal com ou- tros externos ao domicílio: animais vadios de mesma espécie ou itinerantes de outras espécies (roedores sinantrópicos e campestres, marsupiais etc.). Para o combate às pulgas, vários inseticidas, pertencen- tes a diferentes grupos químicos, encontram-se atualmente em uso, por todo o mundo: organoclorados, organofosfora- dos, carbamatos, produtos naturais (piretrina, rotenona) e piretróides sintéticos. Outros produtos, os reguladores de crescimento (IGRs = insect growth regulators) e os inibido- res de desenvolvimento, embora não classificados propria- mente com inseticidas, atuam com a mesma fmalidade. Nem todos os inseticidas e similares estão, todavia, disponíveis no mercado brasileiro, em face das restrições de uso, limita- ções de custo e período de testes experimentais. Organoclorados como o DDT e lindane, embora até re- centemente preconizados pela OMS para o controle de pul- gas, já estão ultrapassados, em virtude do efeito relativo advindo da resistência adquirida e das restrições atuais de toxicidade. Os organofosforados podem ser utilizados para o con- trole de pulgas, tanto no interior dos domicílios como no ambiente peridomiciliar, destacando-se entre eles o mala- thion, o chlorpyrifos, o diazinon e o propetamphos, este úl- timo com considerável atividade residual e fotoestabilidade, sendo, portanto, o mais recomendado para aplicações extradomiciliares. Quando aplicados diretamente sobre ani- mais domésticos, a operação deve ser cuidadosa, uma vez que atuam como inibidores da enzima acetilcolinesterase. Embora disponíveis comercialmente sob várias formula- ções (talco, xampu, sabão) para tratamento de animais domésticos (coumaphos, metriphonato), o uso mais frequen- te tem sido através de coleiras impregnadas, com o inseti- cida agindo por via sistêmica em caráter preventivo: fenthion, chlorpyrifos, dichlorvos (este último, atualmente proibido nos EUA para uso direto em animais e em caráter restrito para utilização em residências). Na categoria dos carbamatos incluem-se o carbaryl (Neocid), o propoxur e o bendiocarb, os dois últimos determinando efeitos mais tóxicos, embora apresentando uma boa ação residual. Disponíveis no mercado sob a for- ma de p6 ou talco, xampu e sabão, não obstante algumas coleiras antipulgas apresentarem o propoxur como princí- pio ativo. Entre os compostos sulfurados, inclui-se o monossulfeto de tetraetiltiuram, usado sob a forma de sabão ou loção para controle exclusivo de pulgas e outros ectoparasitos em ani- mais infestados. Capitulo 49 As piretrinas e piretróides, embora apresentando um bom efeito letal (knock down), conferem menor poder resi- dual. No Brasil, não apenas as piretrinas, mas sobretudo a deltametrina e a permetrina, entre os sintéticos (sabão, lo- ção, xampu e spray), têm sido empregadas para o controle de pulgas em animais domésticos. Para o controle no inte- rior dos domicílios, o K-othrine é o piretróide de eleição. A ação dos piretróides sintéticos é mais eficaz quando as- sociada a outros inseticidas (efeito sinérgico), em geral organofosfados ou IGRs, conforme demonstrado em es- tudos recentes. Ainda, recentemente, vários inseticidas para o controle de pulgas têm sido fabricados e empregados em diversos países, sob a forma de microencapsulados. O produto, ge- ralmenteuma piretrina ou um fosforado (diazinon, chlor- pyrifos), sendo armazenado em microcápsulas de náilon ou poliuréia, garante uma liberação gradual e progressiva de seu princípio ativo, o que determina uma efetiva ação resi- dual. Pode ser utilizado tanto no ambiente, quanto diretamen- te sobre o animal infestado, graças a relativa segurança do modo de elaboração. Os reguladores de crescimento (IGRs), sendo subs- tâncias análogas aos hormônios juvenis, atuam de modo a reproduzir os efeitos hormonais, podendo interromper ou inibir a metamorfose dos insetos, desde que aplicados em dosagens especificas a intervalos de tempo regulares. O tra- tamento das larvas e pupas de pulgas com IGRs provoca o desenvolvimento anormal do adulto, acarretando sua mor- talidade. Nos EUA, duas dessas substâncias, o metopreno e o fenoxycarb, já se encontram disponíveis para uso, en- quanto outras como o hidropreno encontram-se em fase ex- perimental. Desde que os IGRs são fotodegradáveis, a sua utilização é limitada ao controle das infestações intradomi- ciliares. Apesar de não exercerem efeito direto sobre os adultos, apresentam boa eficácia sobre ovos, larvas e pupas, além de não serem tóxicos aos mamíferos. Os inibidores de desenvolvimento têm no lufenuron o seu princípio ativo. Esta substância impede a formação de quitina nas larvas de primeiro estágio (apêndice cefálico rompedor de ovos), inviabilizando-as de eclosão. Adrninis- trado mensalmente por via oral em cães e gatos, e atuando como produto sistêmico, interrompe as infestações nos ani- mais e no ambiente. Desde que seu efeito será observado apenas a partir da próxima geração de pulgas, ele tem sido, por isso, denominado vulgar e incorretamente "anticoncep- cional de pulgas". O produto foi introduzido pela Ciba- Geigy (= Novartis) no mercado brasileiro, sob o nome "Program". Outros produtos empregados no controle de pulgas em cães e gatos são o Frontline (fipronil) e o Advantage (imidacloprid + cloronicotinil + nitroguanidina sintética), ambos com efeito residual além de 30 dias. O uso de boratos em carpetes apresenta bom resultado, pois alte- ram o processo alimentar das larvas. Embora atualmente comercializados em certos países, os colares e outros artefatos ultra-sônicos não provaram ser eficazes para controle de pulgas. Desde que as pulgas são capazes de detectar o som na faixa de 100 a 10.000 quilohertz e que tais artefatos são fabricados para operar na freqüên- cia de 40-50KHz, eles não repelem pulgas nem tampouco afetam o seu salto ou mesmo alteram a sua reprodução ou o seu desenvolvimento, conforme demonstrado em várias publicações. Diante disso, a sua comercialização tem sido considerada ilegal em vários estados norte-americanos. Um programa de controle de pulgas, para ser qualifica- do como de boa qualidade, deverá envolver diferentes es- tratégias, através da utilização simultânea de métodos mecânicos e químicos. O tratamento das infestações nos animais domésticos deverá ser estendido ao ambiente e vice-versa. Seria, também, de fundamental importância saber que espécie(s) de pulga(s) constitui(em) o foco de infestação, tendo em vista as particularidades do ciclo bio- lógico, longevidade, preferência e intercâmbio de hos- pedeiros, e veiculação de doenças. Assim, no caso de infestação por X. cheopis, medidas de vigilância e com- bate aos roedores (anti-ratização e desratização) devem ser tomadas paralelamente. O controle químico requer cuidados, em face da toxici- dade dos inseticidas. As formulações em uso para comba- te de pulgas em animais domésticos incluem sabão, xampu, pó, talco, loção e coleiras impregnadas. Desde que a maior parte dos inseticidas não atua sobre ovos e pupas de pul- gas - não apenas devido a ação do princípio ativo, mas também em virtude da formulação empregada -, a aplicação deve ser repetida duas vezes, com um intervalo de uma se- mana. Quando polvilhado sobre o corpo do animal, o inse- ticida deverá ser mantido por meia hora; em seguida, lavar bem todo o pêlo do animal com água e sabão. O pó (talco) ou spray, quando aplicado na pelagem, deve ser aspergido rente a pele do animal, o que facilmente se consegue com o deslizamento de um pente fino no sentido inverso ao da im- plantação dos pêlos. No interior dos domicílios, a aplicação do inseticida (polvilhamento, bombeamento) deverá ser direcionada as frestas do assoalho, cantos de paredes, carpetes, tapetes, panos e trapos onde habitualmente repousam os animais domésticos. A aplicação intradomiciliar envolve as seguin- tes medidas de segurança: retirar, previamente, as crianças e os animais de es- timação (peixes, pássaros etc.) dos locais-alvo de tra- tamento; cobrir adequadamente todos os alimentos e utensílios de cozinha; retomar ao domicílio somente após completa ventila- cão. O uso indiscriminado de inseticidas no interior do domi- cílio e no ambiente peridomiciliar requer experiência e cuida- dos. Conseqüentemente, uma boa medida poderá ser a pres- tação de serviços por parte de empresas profissionais de reconhecida competência. Pesquisas relacionadas com o desenvolvimento de uma vacina antipulga (C. felis felis) encontram-se em andamento, porém com resultados conflitantes. O seu princípio baseia- se no emprego de antígenos da membrana do intestino de pulgas adultos como elemento imunizante. Capitulo 49
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