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ECONOMIA DAS INSTITUIÇÕES - AULA 02

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DEFINIÇÃO
As instituições e suas origens
PROPÓSITO
Assimilar as teorias econômicas do desenvolvimento das instituições e suas influências sobre o
comportamento das pessoas.
PREPARAÇÃO
Para o acompanhamento deste tema, é necessário conhecimento básico de microeconomia, além
da utilização de uma calculadora.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Compreender as definições e origens das instituições
MÓDULO 2
Descrever instituições formais e informais
INTRODUÇÃO
Nesse tema, abordaremos as definições de instituições. Para isso, será feita uma discussão sobre
a origem das instituições políticas e por que elas diferem entre os países. Em seguida, definiremos
as instituições formais e informais, revelando aplicações de como estas acabam por determinar
comportamentos específicos – seja por leis ou por normas sociais.
MÓDULO 1
 Compreender as definições e origens das instituições
AS DEFINIÇÕES DAS INSTITUIÇÕES
A economia das instituições estuda o papel dessas estruturas na instituição do sistema econômico
e da sociedade de forma geral. No entanto, é preciso definições claras, além de entender as
origens e o desenvolvimento das instituições, como determinar a criação de instituições políticas
mais ou menos democráticas.
As instituições podem se referir especificamente a agências, fundações ou órgãos governamentais
e privados, cujo objetivo é a pesquisa de dados socioeconômicos, com provisão de um bem ou
serviço importante para a economia.
 EXEMPLO
São exemplos de instituições econômicas, a Receita Federal, que cobra impostos para o governo;
o Banco Central do Brasil, que gerencia a oferta de moeda em circulação e as regras do sistema
bancário; e o IBGE, um órgão de pesquisa.
Todavia as instituições vão muito além de agências ou institutos. Elas também podem ser
entendidas como estruturas bem estabelecidas que fazem parte da cultura ou sociedade. Outros
exemplos são o sistema bancário, a gorjeta habitual, e um sistema de leis com direitos e deveres.
 Fonte: freepik/tirachard
AS INSTITUIÇÕES TÊM CARACTERÍSTICAS
PRÓPRIAS. MAS O QUE ISSO QUER DIZER?
Elas são reproduzidas e reforçadas através de ações rotineiras, fornecendo relativa previsibilidade
para as interações sociais, econômicas e políticas cotidianas. Instituições costumam mudar
lentamente, de forma incremental – mas, às vezes, dão saltos, ainda que normalmente isso ocorra
apenas com eventos raros e normalmente violentos, como a Revolução Francesa.
As instituições são frequentemente internalizadas em cada pessoa, mas também podem estar
escritas e ser implementadas pelos agentes legais. Porém, os atores sociais podem não
reconhecer que estão seguindo formas institucionalizadas de interagir. Como elas moldam o
comportamento dos indivíduos, elas também afetam os resultados do desenvolvimento
econômico.
Diferentes autores definiram as instituições de diversas formas. Veja a seguir:
Uma definição comumente aceita vem de North (1990), como regras formais e informais que
organizam as relações sociais, políticas e econômicas — relativamente próximo de Furubotn e
Richter (1998), que também ressaltaram o papel dos arranjos que garantem a obediência dessas
regras. Já Hodgson as define como sistemas de regras sociais estabelecidas que estruturam as
interações sociais. Enquanto Schmid (2004) se aproxima deste último, mas sem foco nas regras, e
define instituições como relações humanas que estruturam oportunidades por meio de restrições e
capacidades — oportunidades que dificilmente existiriam na ausência destas relações.
 
Fonte:freepik/pressfoto
 Fonte:freepik/pressfoto
Segundo Fiani, 2011:
AO TER PREVISIBILIDADE SOBRE AS
CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE PODEM SE COORDENAR
MUTUALMENTE, AS INSTITUIÇÕES PROMOVEM A
COOPERAÇÃO, GERANDO GANHOS DE BEM-ESTAR.
HAVENDO TAMBÉM REGRAS COMUMENTE SEGUIDAS,
SÃO IDENTIFICADOS INDIVÍDUOS LEGITIMADOS PARA
ARBITRAR CONFLITOS E EXERCER PODER.
(FIANI, 2011)
Os economistas têm se empenhado tradicionalmente na análise do funcionamento e das
implicações do mecanismo de mercado. Este pode, certamente, ser considerado uma das
principais instituições que os seres humanos já produziram, mas há várias outras, tão ou mais
importantes. Nas últimas décadas, a literatura econômica tem reconhecido que as demais
instituições são tão importantes quanto o mercado para entender os diversos desempenhos
econômicos de diferentes países.
Os economistas estão interessados não apenas em entender agências institucionais, mas também
o motivo pelo qual algumas instituições evoluem e outras não.
Para isso, é preciso ter a resposta de algumas perguntas. Entre elas, estão:
Por que as instituições diferem de um país para o outro?
Por que algumas instituições levam séculos para começar, enquanto outras surgem em alguns
anos?
Por que algumas evoluem espontaneamente na sociedade em geral?
Quando e por que o governo se envolve na supervisão de instituições sociais?
A redação de uma Constituição ou a estrutura do histórico jurídico ou religioso de um país
influenciam as instituições econômicas que surgem em um país?
 
Fonte:freepik
 Fonte:freepik
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES
É plausível supor que, a partir do momento em que indivíduos se agregam em grupos — o que
ocorre desde o princípio da história do Homo sapiens —, são criadas instituições para regular as
ações individuais.
Segundo Hobbes e Locke (2003), e Rousseau (1987), as primeiras ideias seculares da formação
das instituições tiveram como origem as deduções históricas do jusnaturalismo, as quais
teorizavam que as pessoas abrem mão de parte de sua liberdade para criar uma sociedade com
autoridades legitimadas. Temos então um “contrato social” em que cada indivíduo na sociedade
aceita regras para viver em comunidade.
JUSNATURALISMO
Jusnaturalismo é o Direito Natural, ou seja, todos os princípios, normas e direitos que se têm
como ideia universal e imutável de justiça e independente da vontade humana.
Para Diermeier e Krehbiel (2003), Shepsle (1986), e Williamson (1975), a principal contribuição
das teorias dos contratos sociais foi oferecer uma justificativa individual para a existência das
instituições, principalmente as políticas. Ou seja, os indivíduos em uma sociedade concordariam,
racionalmente, com um conjunto de regras ou princípios. Mais recentemente, tais formações
teóricas se desenvolveram em hipóteses de contrato, que estudam instituições como o resultado
de interações entre indivíduos a partir de modelos de teoria dos jogos.
javascript:void(0)
 
Fonte:freepik
 Fonte:freepik
Por outro lado, ainda que o jusnaturalismo e suas extensões tenham tido tal contribuição para a
justificação teórica das instituições como soluções da interação de agentes racionais, essa
abordagem é pouco condizente com a evidência empírica da construção das instituições, ou como
estas tiveram alta heterogeneidade em suas evoluções entre diferentes sociedades.
Supondo, portanto, que indivíduos são racionais, é válido demandar as razões pelas quais há
diferenças tão marcantes entre as regras supostamente acordadas entre indivíduos de sociedades
distintas.
MERCADOS
Há diversos exemplos históricos de sociedades pouco ou nada baseadas em mercados ou
comércio, como comunidades que trocam presentes. Ainda que haja trocas, como no comércio, há
implicações diferentes.
 EXEMPLO
Pode haver maior bem-estar devido a normas sociais que valorizam a doação em detrimento à
acumulação. Também há exemplos de civilizações nas quais a rede de suprimento e distribuição
era operada através do sistema administrativo hierárquico, sem nenhum papel do mercado.
Em uma sociedade moderna, a troca é realizada como uma operação benéfica para todas as
partes com a transação de um bem ou serviço por uma quantidade de moeda legalmente
estabelecida. As primeiras instituições a serem desenvolvidas com mecanismos de mercado
começaram com o estabelecimento da agropecuária permanente, que permitiu a produção para
além do consumo de subsistência. Assim, surgirampequenos centros de comércio, similares ao
que se entende atualmente por uma feira de alimentos.
Com o advento da agropecuária, determinadas sociedades desenvolveram entre as suas
instituições a ideia de propriedade e, portanto, proprietários. Quando a extensão territorial de um
terreno se tornava superior à capacidade de trabalho do proprietário, instituiu-se o aluguel — ou
seja, o pagamento pelo uso da propriedade de outrem. Inicialmente, tal relação era paga em
grãos, como parte da produção dos locatários. Com o passar do tempo, isso levou ao
florescimento dos centros de comércio e produção.
 Fonte: Shutterstock
Com o avanço de tecnologias de transporte e comunicação (como a escrita, permitindo cartas), a
expansão da produção levou também à criação de redes de comércio entre territórios distantes.
Para isso, no entanto, eram necessárias instituições que permitissem que indivíduos pudessem
tomar riscos ao tentar acumular e transferir seu capital, transportando e transacionando produtos
de uma região para outra — gerando a necessidade de unidades de transação homogêneas e que
pudessem servir como reserva de valor, como o que acabaram se tornando as moedas.
O comércio entre regiões, com delimitações políticas distintas, permitiu o florescimento de um
mercado menos sujeito a arbitrariedades ou regulações das hierarquias, como o conceito de preço
justo, praticado na Europa Medieval. Assim, puderam também se desenvolver princípios
puramente comerciais, minando concepções feudais anteriormente estabelecidas de direitos e
deveres.
INSTITUIÇÕES POLÍTICAS
Ao longo da história do ser humano, diversas instituições políticas se desenvolveram e evoluíram.
Veja a seguir como foi a evolução de algumas instituições políticas no mundo:
 Fonte: Shutterstock
Atenas, por volta de 500 a.C., instaurou a primeira democracia, enquanto persas e egípcios já
tinham estabelecido os primeiros e maiores Estados-Nação, de caráter autocrático.
 Fonte: Shutterstock
Roma, nos séculos seguintes, criaria a primeira república. O direito romano influencia até hoje as
instituições políticas de todo o mundo ocidental. Relações servis — mas não de escravidão — e
de vassalagem seriam instauradas por quase um milênio na Europa Feudal, até serem seriam
substituídas por monarquias absolutistas.
 Fonte: Freepik
No século XVIII, treze colônias inglesas declaram independência e formam os Estados Unidos,
adotando um regime republicano e democrata que, ainda que com muitas falhas, se mantém até
hoje: Desde aquele tempo, democracias floresceram no mundo, principalmente após a falha de
regimes como o nazifascismo e o socialismo no século XX. No entanto, numerosos países ainda
permanecem sob regimes autoritários e repúblicas plutocráticas, ou retrocedem na qualidade de
suas instituições políticas.
Em vista disso, o que molda as instituições, de modo que elas evoluem de forma tão heterogênea
entre países? Teria a geografia algum papel? Diferentes relevos, qualidade do solo, proximidade
com o oceano podem impactar a forma como as sociedades se organizam politicamente? As
dotações de fatores iniciais — por exemplo, a quantidade de recursos naturais em uma região -
podem interagir com os demais fatores geográficos?
Engerman e Sokoloff (2002) argumentam que, devido a condições climáticas e de solo adequadas
para cultivo de plantações, o Brasil e o Caribe acabaram por desenvolver um regime econômico
baseado no plantation de cana-de-açúcar. Já a grande população indígena teria facilitado a
introdução do uso intensivo de trabalho de escravo. Assim, essas condições iniciais permitiram
aos colonizadores manter o monopólio de riqueza, estabelecendo instituições políticas mais
autoritárias, que perdurariam ao longo dos séculos. Esse trabalho, portanto, destaca o papel da
dotação de fatores de uma região para determinar o desenvolvimento de suas instituições.
Fenske (2013), mostra que variáveis geográficas afetam instituições como direitos de propriedade
e escravidão. Seu argumento é de que a alta proporção de terra por trabalhador moldou
negativamente instituições pré-coloniais. Da mesma forma, Klein e Ogilvie (2018), também
encontram uma relação positiva entre as proporções terra-trabalho e relações de trabalho de
servidão na Boêmia do século XVIII (atualmente parte da República Tcheca). Eles ainda
apresentam evidências de que a servidão era forte na Europa Oriental devido ao pequeno
tamanho do setor urbano, incapaz de absorver potenciais ex-servos no mercado de trabalho.
Mais recentemente, Ahmed & Stasavage (2020) oferecem uma explicação para a origem da
limitação do poder estatal (uma importante instituição política) pelo florescimento da governança
coletiva, feita através de conselhos, focando também no papel da geografia. Argumenta-se em seu
trabalho que tal fenômeno é determinado por uma questão relacionada ao desafio de tributação.
Racionalmente, governantes buscam um nível ótimo de tributação: aquele que extrai o máximo da
renda da população, mas sem gerar problemas sociais (fome, revoltas etc.). A melhor estratégia a
adotar dependeria, portanto, da produtividade das plantações e da tecnologia.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte:Shutterstock
A explicação é a seguinte:
Se o consumo calórico da sociedade fosse estável e de fácil previsão — devido à temperatura
estável, irrigação e outras tecnologias —, seria possível calcular o nível ótimo de tributação. Se,
por outro lado, a produção fosse irregular, tanto por mudança dos padrões climáticos ou
tecnologias primitivas, realizar essa estimativa de tributação seria mais difícil. Governantes, em
meio a esses dois possíveis contextos, recorreriam alternativamente ao corpo de burocratas ou à
governança por conselhos para lidar com a informação; o primeiro é uma resposta ótima à
produção regular e o segundo é adequado para o caso de produção irregular.
Vamos entender essas respostas.
Por que governança por conselho (mais democrático) seria uma escolha ótima, alternativamente à
burocracia, para produção irregular de grãos?
Porque esta instituição permite dar ao governante central uma informação mais precisa das
quantidades da colheita a cada estação. Nesse contexto, é possível ter um equilíbrio no qual os
cidadãos informam corretamente seus rendimentos antes da escolha da alíquota do imposto pelo
governante.
APLICAÇÃO
Ahmed & Stasavage (2020) argumentam que, devido a condições climáticas e tecnologias,
sociedades antigas tinham maior ou menor variabilidade de produção agrícola. Assim, para
aquelas com maior dificuldade de prever a quantidade de grãos colhidos a cada estação, foram
criados conselhos para passar essa informação ao governante, de modo que ele pudesse saber
quanto taxar seus cidadãos sem gerar fomes ou revoltas. Os autores apresentam evidência
histórica robusta para sustentar essa tese.
Assista ao vídeo e veja um exemplo de Instituições Políticas na Europa e na China.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SEGUNDO OS AUTORES VISTOS ANTERIORMENTE, QUAL É A MELHOR
DEFINIÇÃO DE INSTITUIÇÕES?
A) Instituições são um conjunto de políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento
socioeconômico, como políticas industriais.
B) Instituições são um conjunto de leis e aparato jurídico para reforçar tais leis, definindo as ações
consideradas legais e ilegais na sociedade.
C) Instituições são um conjunto de regras formais e informais, definidas pela interação da
sociedade e moldando as ações individuais.
D) Instituições são um conjunto de regras derivadas do desenvolvimento do mercado, permitindo
maior número de interações sociais ao longo da história.
2. QUAL SERIA O PRINCIPAL FATOR PELO QUAL SOCIEDADES SE
DESENVOLVERAM POLITICAMENTE ATRAVÉS DE CONSELHOS OU UMA
BUROCRACIA?
A) O desejo de governantes de taxar a população, restringido pela possibilidade de fome e/ou
revoltas, de modo que este precisa de informação sobre a produção agrícola.
B) O desejo das burocracias de florescer e crescer sobre a sociedade,restringido pela
necessidade de estudo e gastos com pesquisa.
C) A geografia a dificultar a criação de conselhos, pela dificuldade de se instalarem fisicamente em
cidades ou regiões muito distantes ou com condições climáticas e terrenas muito distintas.
D) A dotação inicial relativa dos fatores trabalho/terra. Caso haja muitos trabalhadores para pouca
terra, conselhos terão menor necessidade de se instalarem, podendo ser perfeitamente
substituídos por burocracias.
GABARITO
1. Segundo os autores vistos anteriormente, qual é a melhor definição de instituições?
A alternativa "C " está correta.
 
Instituições vão além de políticas públicas, leis e regras estabelecidas — essas são apenas
algumas instituições formais. O mercado, da mesma forma, é um tipo de instituição, mas não o
único. Há ainda um grande número de instituições informais, tais como hábitos, normais sociais,
entre outros. Instituições incluem as regras escritas e não escritas que regem a organização
política e social.
2. Qual seria o principal fator pelo qual sociedades se desenvolveram politicamente através
de conselhos ou uma burocracia?
A alternativa "A " está correta.
 
Quando os governantes podem prever a produção calórica dos camponeses (devido a condições
geográficas favoráveis ou sofisticação tecnológica), burocratas poderiam calcular a taxação ótima.
No entanto, caso houvesse grande variabilidade calórica produzida, conselhos teriam o papel de
enviar informação aos governantes da produção a cada temporada.
MÓDULO 2
 Descrever instituições formais e informais
A DEFINIÇÃO DE INSTITUIÇÕES FORMAIS E
INFORMAIS
Uma vez definindo as instituições, é preciso compreender como elas influenciam o comportamento
humano. Por que seguimos, muitas vezes, contra nossos desejos, leis e normas formais? Ainda,
por que obedecemos a costumes e seguimos hábitos estabelecidos?
Como visto anteriormente, as instituições podem ser entendidas como um conjunto de regras
reproduzidas e reforçadas através de ações rotineiras, fornecendo relativa previsibilidade para as
interações sociais, econômicas e políticas cotidianas. No entanto, essas regras podem ter caráter
formal ou informal.
Veja a seguir como são definidas as instituições formais e informais, suas características e
exemplos:
INSTITUIÇÕES FORMAIS
São explicitamente implementadas pelas autoridades. Elas têm como ponto comum acordos
claros, tipicamente escritos, como leis, regulamentos, acordos legais, contratos e constituições. As
estruturas políticas, tal como democracia, república, monarquia etc., também são consideradas
instituições formais, bem como suas partes (assembleias, tribunais, corpo policial, entre outros).
Instituições formais estão frequentemente relacionadas com o setor público. Há estruturas legais
que criam incentivos e estabelecem limites para a ação do governo, o comportamento dos
empregados públicos, a alocação de recursos e, finalmente, o exercício do poder na burocracia
estatal. Em grande parte, a capacidade estatal é determinada pelas instituições formais.
Podemos identificar facilmente algumas instituições formais brasileiras: a Constituição Federal, a
presidência da república, o poder judiciário, o ministério público, as diferentes polícias (militar, civil,
federal etc). Em todos esses casos, temos instituições ligadas ao setor público, mas existem
outras: a Confederação Brasileira de Futebol, a Igreja Católica, entre muitas outras.
INSTITUIÇÕES INFORMAIS
Este tipo de instituição tem influência tão ou ainda mais importante para o comportamento. Elas
podem ser identificadas como as normas, procedimentos, convenções e tradições — geralmente
não escritas—, normalmente embutidas na cultura (LEFWICH; SEN, 2010, p. 16).
As instituições informais podem complementar, competir ou se sobrepor às instituições formais.
Elas estão implícitas e são reveladas pela investigação dos incentivos e normas sociais que
orientam os comportamentos dos diferentes participantes da sociedade. O contexto em que essas
instituições operam determinará se as instituições são relativamente fortes ou fracas, ou se são
inclusivas ou discriminatórias (UNSWORTH, 2010).
Há vários exemplos: o hábito de pessoas gripadas usarem máscaras em países asiáticos, a
expectativa de que as pessoas usarão roupas específicas ao tipo de evento social de que
participem, a gorjeta, e outras.
COMO INSTITUIÇÕES FORMAIS E INFORMAIS
AFETAM O COMPORTAMENTO?
No caso das primeiras, será abordada a teoria de Becker sobre comportamentos criminosos. Para
a segunda, veremos as teorias de normas sociais.
APLICAÇÕES
TEORIA DO CRIME
As escolhas dos agentes econômicos (indivíduos ou firmas) dependem de dois fatores:
Primeiro, suas preferências: Uma pessoa pode preferir chocolate a sorvete, e outra pode preferir
um comportamento ético a outro antiético.
Segundo, as restrições às quais os agentes estão sujeitos: O chocolate pode estar muito caro, e o
comportamento antiético pode ser punido pela polícia. A interação entre preferências (algo
subjetivo) e as restrições impostas pelo ambiente (algo objetivo, externo ao agente) determina o
comportamento.
 
Fonte:Freepik
 Freepik
Becker (1968), aplica esse raciocínio para desenvolver uma teoria do crime. Ele estuda a decisão
individual diante das leis.
QUANDO COMETER UM CRIME É UMA DECISÃO
ÓTIMA DO PONTO DE VISTA DE UM AGENTE
ECONÔMICO?
O modelo básico propõe que os criminosos potenciais são economicamente racionais e
respondem significativamente aos incentivos dissuasores do sistema de justiça criminal. Eles
comparam o ganho de cometer um crime com o custo esperado, incluindo principalmente o risco
de punição e gravidade da pena.
Aquele que dissuade (induz) alguém a mudar de opinião ou intenção.
Em termos gerais, um indivíduo comete um crime se a seguinte desigualdade se mantiver:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
No qual representa a utilidade esperada quando o agente comete o crime (ou desvio da regra)
e é bem-sucedido (ou seja, não é punido). Já representa sua utilidade esperada quando se
comete crime, mas acaba sendo punido (como esse estaria associado a um desprazer,
normalmente assume-se valores negativos), e representa a probabilidade de punição. , por
sua vez, representa o nível de utilidade quando o agente respeita as regras.
A desigualdade, portanto, descreve a situação em que um indivíduo acredita que o crime
compensa, isto é, a utilidade esperada de cometer o crime é maior do que se obtém ao respeitar
as leis.
Desse modo, uma sociedade pode ter pessoas decidindo respeitar ou desrespeitar a lei, a
depender dos seguintes fatores:
A rigidez das punições (sistema jurídico-penal);
A probabilidade de ser punido (sistema policial-investigativo, dentre outros);
javascript:void(0)
O ganho que se tem no crime; e
O ganho que se tem ao respeitar as regras.
É também importante notar que, entre os ganhos e perdas esperados do desvio das normas, há
aqueles além dos financeiros. Pessoas com altos valores morais, por exemplo, teriam perdas no
sentido da própria honra de desviar das normas, e vice-versa — o que também pode ser
influenciado pelo exemplo das autoridades.
Da mesma forma, as pessoas podem ter ideias diferentes sobre as probabilidades de punição e
mudá-las ao longo do tempo.
 ATENÇÃO
Maior otimismo tende a aumentar as chances de indivíduos cometerem crimes e vice-versa.
Informações sobre a probabilidade e rigidez da punição são, portanto, potenciais influenciadores
dos comportamentos.
NORMAS SOCIAIS
É possível interpretar as normas sociais como parte do mesmo escopo da teoria do crime
apresentada por Becker, mudando apenas os agentes de punição, que não serão mais o sistema
legal, mas a própria sociedade.
Em outras palavras, os indivíduos tomariam ações consideradas divergentes do aceito
socialmente a depender do ganho do desvio em relação à ação considerada correta, da punição
da sociedade e da probabilidade de ser punido.Esse arcabouço teórico pode ajudar a
compreender, por exemplo, porque as pessoas evitam falar alto em um elevador cheio.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Shutterstock
Além de funcionarem como incentivos usuais, normas sociais também podem afetar o
comportamento individual pela formação das preferências dos agentes. Escolhas, apesar de
muitas vezes tomadas nos modelos como exógenas, são socialmente determinadas, de modo que
indivíduos as moldam como reflexo da sociedade. Assim sendo, normas sociais afetarão também
todo conjunto de decisões dos agentes econômicos.
North foi um dos primeiros economistas a formular preferências endógenas e dependentes das
instituições. Como os processos de tomada de decisão racional dependem dos quadros cognitivos
adquiridos para a seleção, priorização, interpretação e compreensão do enorme volume de
estímulos sensoriais que atinge o cérebro humano, a atribuição de significado a esse volume de
dados depende do uso de conceitos, símbolos, regras e sinais adquiridos. Essas regras e meios
de categorização e entendimento são introduzidas pelas normas sociais (North 1994).
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte:Shutterstock
Normas sociais também tendem a formar identidades, que agem como fatores de motivação.
Essas identidades seriam algo como o autoconceito de um indivíduo a partir do seu sentimento de
pertencimento a um ou mais grupos (TAJFEL, 1981). Akerlof e Kranton (2000) introduzem a
identidade no modelo de escolhas individuais com o mesmo arcabouço teórico de Becker (1968).
Formalmente, o modelo desenvolvido pelos autores pode ser expresso pela função de utilidade 
, que depende da identidade de , no vetor das ações de , e nas ações de outros indivíduos 
.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A identidade do agente j também depende da categoria social atribuída a ele ( ) e das
prescrições P que definem como os membros dessa categoria social devem se comportar em
situações específicas (P pode ser ilustrado como a expectativa em relação a membros de uma
casta na Índia – por exemplo, não se deve casar com membros de castas inferiores). Além disso,
denotamos por quão próximo o agente j está das características ideais para a sua categoria.
Além disso, a própria identidade do agente j também depende das ações e :
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Maximizamos as utilidades tendo como dados e P. Usando tal arcabouço teórico,
pode-se chegar a diversas funções de utilidade em que há um custo de desvio da norma.
Akerlof e Kranton aplicam sua teoria para a questão da desigualdade de gênero, na qual a função
de utilidade de mulheres em casamento, em relação a seus rendimentos do trabalho, segue a
seguinte especificação:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Nessa expressão, é o salário da mulher, é o salário do homem, enquanto a e t são
parâmetros de preferências: o último é o custo de desviar da identidade social.
Nessa função de utilidade, se a é inferior a t, temos que as mulheres irão preferir deixar de ter um
salário maior (digamos, trabalhando mais horas ou se engajando na carreira) para que não
tenham rendimentos de trabalho maiores do que os de seus maridos.
Empiricamente, esse modelo é testado por Codazzi et al. (2018), que verificam que as chances de
uma mulher no Brasil participar do mercado de trabalho são menores quando a probabilidade de
ganhar mais do que o marido é maior. O artigo também mostra que uma maior probabilidade de
ganhar mais do que o marido direciona uma mulher para o mercado de trabalho informal, que tem
características mais flexíveis.
Portanto, os resultados deste trabalho apontam para um peso significativo de normas sociais
relacionadas a gênero na formação do casamento e na participação feminina no mercado de
trabalho. Como se vê, as identidades geradas pelas normas sociais (instituições informais) podem
ser extremamente relevantes para explicar diversos comportamentos dos indivíduos, mesmo
quando estes parecem contraintuitivos ao assumir agentes maximizadores de utilidade.
Para compreender melhor o conteúdo, veja a seguir mais alguns exemplos de normas sociais:
EXEMPLO 1
Digamos que, em uma sociedade, há uma lei que estipula uma multa de R$400,00 para quem
avança o sinal pelo menos uma vez no dia. No entanto, para que a multa seja aplicada, é preciso
que o automóvel passe por uma câmera de segurança – espalhada aleatoriamente pela cidade,
com uma presença destas ao lado de 20% de todos os sinais. Uma pessoa que está atrasada
para ir ao trabalho perderá uma reunião com um cliente que aumentaria sua renda de R$1900,00
para R$2000,00 naquele mês. O indivíduo decidirá passar os sinais vermelhos?
A resposta é sim. Se a pessoa for pega por alguma câmera, terá uma perda de renda de
R$400,00, mas com probabilidade de apenas 20%. No entanto, se não chegar atrasado, terá um
ganho de R$100,00 naquele mês no seu trabalho.
Vamos calcular:
Renda Esperada de cometer infração: 0,2 x (2000-400) + 0,8 x (2000) = 1920
Renda Esperada de não cometer infração: 1900
Logo, o trabalhador decidirá passar os sinais vermelhos para chegar mais cedo no trabalho, uma
vez que as leis de punição e fiscalização o incentivam a isso. (para facilitar, supomos
implicitamente nesse exercício que o indivíduo é neutro ao risco, mas é possível fazer um
argumento análogo quando há aversão a risco.)
EXEMPLO 2
Uma sociedade machista julga negativamente mulheres que ganham mais do que seus maridos.
Se bem-estar pudesse ser medido em termos monetários, o julgamento da sociedade impõe uma
perda de bem-estar de 50% a cada real que a mulher ganha a mais que seu marido.
Suponha que, entre um casal, a mulher tem um ganho de bem-estar proporcional à sua renda em
40% (ou seja, R$10,00 a mais de renda gera 4 unidades adicionais de bem-estar). Atualmente ela
ganha R$2000,00 e o marido ganha R$2300,00.
No trabalho da mulher, é oferecido a ela um novo cargo em que ela teria um ganho salarial de
20%. Ela aceitaria esse cargo?
A resposta é não. Se o ganho de bem-estar da mulher com renda é inferior à perda de bem-estar
por julgamento alheio devido a um salário superior ao de seu marido, ela nunca vai preferir ganhar
mais do que ele. Desse modo, um ganho salarial de 20% significaria que ela teria uma renda de
R$2400,00 — valor superior ao rendimento de seu esposo. Portanto, ela declinaria dessa oferta
devido às instituições informais que a penalizam por desviar do comportamento esperado
associado à sua identidade.
EXEMPLO 3
Digamos que uma sociedade se divide entre dois grupos: 20% são pessoas honradas e 80% são
pessoas quase indiferentes. A renda das pessoas honradas é homogênea, equivalente a R$2000,
00, enquanto a das quase indiferentes é de R$2300,00. Sabe-se que, no mercado das drogas
ilegais, qualquer um dos grupos poderia ganhar cerca de R$2500,00, com chance de 10% de ser
pego e uma punição equivalente a uma perda de 40% da renda média (no mercado de trabalho
legítimo) ao longo de toda vida.
Além disso, o dinheiro advindo do mercado de drogas tem uma perda de 20% do valor para as
pessoas honradas (pois seria uma atividade desonrosa), enquanto para as indiferentes, essa
perda é de apenas 5%. Qual será a taxa de criminalidade? O resultado mudaria se todos fossem
indiferentes?
Vejamos a utilidade esperada de entrar no mercado de drogas para os dois grupos:
Pessoas honradas:
Pessoas quase indiferentes:
Logo, a taxa de criminalidade seria 0%, pois nenhum de ambos os grupos escolheria entrar para o
mercado das drogas.
Caso todos fossem quase indiferentes, a utilidade esperada dos outrora honrados seria descrita
dessa forma:
Portanto, elas prefeririam entrar para o mercado das drogas, elevando a taxa de criminalidade
para 20%.
EXEMPLO 4
Suponha que uma mulher tenha uma função de utilidade da seguinte forma:
Sendo - 0,2 o custo social de se desviar da identidade associadaàs mulheres.
Quanto a mulher estaria disposta a ganhar acima do rendimento de seu marido? Como
maximizadora de utilidade, a mulher irá fazer o seguinte cálculo: . Portanto:
Ou seja, ela está disposta a ganhar R$5,00 a mais.
EXEMPLO 5
Considere agora que, em uma sociedade de 300 mulheres e 300 homens, a renda média das
mulheres é de R$100,00 e todos os homens ganham R$100,00. Nessa sociedade, (i) todas as
mulheres têm a mesma função de utilidade expressada acima, e; (ii) 100 mulheres seriam capazes
de ganhar até R$50,00 mais do que seus maridos se tentassem (suponha que não há outros
fatores que expliquem desigualdade de renda entre mulheres).
Qual seria o ganho para essas mulheres e para toda sociedade (ambos em %) caso as normas
sociais mudassem, e o custo social de se ganhar a mais que seus maridos fosse reduzido de 0,2
para 0,05?
A renda média das mulheres é de R$100,00. No entanto, há 100 mulheres cuja renda média é
150, pois elas podem receber até R$50,00 a mais do que seus maridos (que ganham todos
R$100). Caso o custo social de ganhar a mais que o marido fosse reduzido a um valor de apenas
um quarto do original, tal como no exemplo, elas aceitariam ganhar agora R$20,00 a mais que
seus maridos, passando para uma renda de 120, ou seja, R$15,00 ou 14,3% superior a original.
Já a sociedade toda teria um ganho percentual de renda de (15)100/(600×100) = 15/600 = 2,5%.
Esse é, no exemplo, o crescimento de renda que se obtém ao reduzir o custo social de
constranger as mulheres a ganhar menos que seus maridos.
EXEMPLO 6
Uma sociedade está discutindo uma nova lei para obrigar as pessoas a cobrarem uma taxa de
juros de até 10% por mês. Até então, todo mercado de crédito emprestava a uma taxa de 20% por
mês. Os emprestadores têm uma renda mensal de R$2000,00, enquanto os tomadores de
empréstimo têm uma renda mensal de R$1500,00. Há quatro possibilidades de lei:
i) Punição forte e vigilância forte: A punição equivaleria a uma perda de renda de 20%
(seguindo a lei), e a probabilidade de ser pego seria de 30%. No entanto, a carga tributária para
financiar esse formato institucional seria de 10%.
ii) Punição forte e vigilância fraca: A punição equivaleria a uma perda de renda de 20%
(seguindo a lei), e a probabilidade de ser pego seria de 10%. No entanto, a carga tributária para
financiar esse formato institucional seria de 3%.
iii) Punição fraca e vigilância forte: A punição equivaleria a uma perda de renda de 15%
(seguindo a lei), e a probabilidade de ser pego seria de 30%. No entanto, a carga tributária para
financiar esse formato institucional seria de 5%.
iv) Punição fraca e vigilância fraca: A punição equivaleria a uma perda de renda de 15%
(seguindo a lei), e a probabilidade de ser pego seria de 10%. No entanto, a carga tributária para
financiar esse formato institucional seria de 1%.
Vamos supor que há uma demanda de crédito homogênea permanente para cada emprestador de
R$1000,00 (e vamos supor que a oferta de crédito independe da taxa de juros).
Qual projeto teria capacidade de fazer de fato reduzir os juros? E qual seria mais custo-efetivo?
Quem pode cometer um crime nessa situação são os emprestadores. Eles podem ter uma renda
de 2000 + 10%(1000) = 2100 seguindo a lei, ou 2000 + 20%(1000) = 2200 não seguindo a lei.
Vale lembrar ainda que haverá diferentes maiores cargas tributárias para financiar cada aparato
institucional. Desse modo, temos as seguintes utilidades esperadas de cobrar uma alta taxa de
juros:
70%(90%(2200))+ 30%(90%(80%(2100)))= 1839,60
90%(97%(2200))+ 10%(97%(80%(2100)))=2083,56
70%(95%(2200))+ 30%(95%(85%(2100)))=1971,73
90%(99%(2200))+ 10%(99%(85%(2100)))= 2136,92
Considere que, seguindo a legalidade, os rendimentos dos emprestadores em cada arcabouço
institucional serão de, respectivamente: i) 1890 ii) 2037 iii) 1995 iv) 2079.
Assim, os formatos i) e iii) seriam capazes de reduzir a taxa de juros. Tendo em vista que o
arcabouço iii) tem um menor custo, ele seria mais custo-efetivo.
EXEMPLO 7
Imagine um casal com diferentes rendimentos por hora trabalhada: R$12,00 para a mulher e
R$10,00 para o homem. Vamos supor que o homem trabalhe 40 horas por semana, e a função de
utilidade da mulher em relação aos salários mensais seja a seguinte:
Quantas horas de trabalho semanais a mulher vai escolher trabalhar? Para responder, vamos
maximizar sua utilidade, derivando e igualando a zero:
 
Ou seja, a mulher aceita receber até R$200,00 a mais do que o homem. Como ele trabalha 40
horas por semana (o que significa 160 horas por mês), ele recebe R$1600,00 por mês, de modo
que a mulher poderá receber até R$1800,00. No entanto, ela tem um salário-hora maior, de
R$12,00. Desse modo, tendo em vista que o mês tem 4 semanas, o que se deve fazer é dividir
1800 por 48, que será equivalente a 37,5 horas por semana.
EXEMPLO PRÁTICO
Para complementar seus estudos assista ao vídeo a seguir. Um exemplo prático que fala de
Regras para prestação de serviços de saúde.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. COMO AS INSTITUIÇÕES PODEM INFLUENCIAR NOS
COMPORTAMENTOS DOS INDIVÍDUOS?
A) Através de incentivos de mercado, com mecanismos tais como preços relativos e maximização
de utilidade.
B) As instituições influenciam tanto os incentivos, seja pelas punições definidas em lei ou pelos
julgamentos sociais, quanto a própria formação de preferência dos indivíduos, como por
formações de identidades.
C) Instituições usam estruturas de coerção legal a fim de limitar as ações individuais, moldando o
comportamento dos indivíduos a partir das limitações impostas pelas instituições políticas.
D) Instituições influenciam o comportamento pela construção de símbolos a definir de forma
permanente as preferências dos indivíduos.
2. LEIS PODEM, EM GRANDE PARTE, DEFINIR AS AÇÕES DOS INDIVÍDUOS,
MAS TAMBÉM PODEM FALHAR NESSE OBJETIVO. COMO ISSO PODE
ACABAR OCORRENDO?
A) Quando o ganho financeiro esperado de seguir as regras é menor do que a renda de não
segui-las, ponderado pela probabilidade de serem julgados pelas regras.
B) Quando a expectativa de punição não se torna crível o suficiente para gerar receios nos
indivíduos de serem punidos.
C) Quando a utilidade esperada – que envolve tanto ganhos financeiros quanto sentimentais – de
desviar das regras é maior do que a de segui-las.
D) Quando indivíduos acabam por formar uma identidade que os forma socialmente com maiores
tendências à criminalidade, devido às normas sociais constituídas.
GABARITO
1. Como as instituições podem influenciar nos comportamentos dos indivíduos?
A alternativa "B " está correta.
 
Instituições atuam por meio de incentivos (legais e sociais), além da própria formação de
preferências dos indivíduos.
2. Leis podem, em grande parte, definir as ações dos indivíduos, mas também podem falhar
nesse objetivo. Como isso pode acabar ocorrendo?
A alternativa "C " está correta.
 
A utilidade esperada de desviar das normas é uma soma ponderada pela probabilidade de
punição do ganho financeiro e sentimental do crime, e da perda financeira e sentimental de ser
punido.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Definimos, neste tema, instituições e estudamos suas origens. Vimos como elas influenciam o
comportamento humano, tal qual instituições formais podem afetar a decisão de cometer um
crime, e como as informais afetam decisões sobre carreira e casamento.
Em suma, convidamos você a prestar atenção nas instituições à sua volta e observar como elas
determinam o comportamento das pessoas.
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EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratatos neste tema, leia:
A Grande Transformação: As origens da nossa época, de Karl Polanyi, 1944.
CONTEUDISTA
Daniel Vasconcellos Archer Duque
 CURRÍCULO LATTES
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