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Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 1 ETE “Cel. Fernando Febeliano da Costa” TECNOLOGIA MECÂNICA - I 1o Ciclo de Técnico Mecânica Apostila baseada nas anotações de Professores e do TC – 2000 Técnico – Distribuição gratuita aos Alunos Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 2 PRODUTOS SIDERÚRGICOS A carga num alto-forno é feita na parte superior e consta do seguinte: minério de ferro a reduzir (hematita), coque ou carvão de lenha (para fornecer o calor e o CO necessários à redução), e fundente (calcário) para fluidificar as impurezas e formar uma escória mais fusível. Na parte inferior, logo acima do cadinho é injetado ar quente para alimentar a combustão do carvão. Das reações que se dão resultam os seguintes produtos: 1. gusa que goteja dentro do cadinho 2. a escória que flutua sobre a gusa 3. gases A gusa é recolhida para ulteriores transformações (ob- tenção de ferro fundido e aço). A escória é aproveitada para o fabrico de tijolos refratá- rios, cimento, lã mineral e lastro de pavimentação. Os gases saem pela parte superior e são recolhidos para sua utilização como combustível. FERRO FUNDIDO A gusa retirada do alto-forno pode ser solidificada em blocos. Refundido num forno cubilô, junto com sucatas de ferro fundido e aço dá origem ao ferro fundido. É um ferro de segunda fusão. É utilizado para a fabri- cação de peças fun- didas. A temperatu- ra de fusão é em torno de 1200° C. FORNO CUBILÔÞ AÇO O aço é um produto resultante: 1.) Do refino da gusa bruta no conversor Bessemer ou Thomas (figura abaixo) a ar ou a oxigênio; No conversor o oxigênio ou o ar é insuflado entre a massa líquida deixando-a gorgulhar. Esses conversores são usados para refino da gusa rica em silício (Si) e pobre em fósforo (P), também serve para o refino do Chumbo (Pb), Cobre (Cu) e Níquel (Ni). Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 3 2.) Do refino da gusa bruta com sucatas de aço ou de ferro fundido em fornos como o Siemens-Martin e elétrico; FORNO SIEMENS MARTIN FORNO ELÉTRICO 3.) Da refusão de sucata de aço em qualquer forno, menos do tipo conversor. A temperatura de fusão do aço é em torno de 1350 à 1400° C. FERRO FUNDIDO É uma liga de ferro-carbono que contém 2 a 6,7 % de carbono (industrialmente de 2,5 a 5 % C). As impurezas do minério de ferro e do carvão, deixam no ferro fundido, pequenas porcentagens de silício, manganês, enxofre e fósforo. Os dois primeiros melhoram as qualidades do ferro fundi- do, o mesmo não acontecendo com os outros dois. O silício favorece a formação do ferro fundido cinzento e o manga- nês, o ferro fundido branco. Características do ferro fundido cinzento: 1. o carbono se apresenta quase todo em estado livre, sob a forma de palhetas pretas de grafita; 2. quando quebrado, a parte fraturada é escura devido à grafita; 3. apresenta elevadas porcentagens de carbono, 3,5 a 5 % e silício 2,5 %; 4. muito resistente à compressão. Não resiste bem à tração; 5. fácil de ser trabalhado pelas ferramentas manuais e de ser usinado nas máquinas; 6. funde-se a 1200° C, apresentando-se muito líquido, condição que é a melhor para a boa modelagem de peças. Características do ferro fundido branco: 1. quando quebrado, a parte fraturada é brilhante e branca; 2. tem baixo teor de carbono, 2,5 a 3 % e silício 1 %; 3. muito duro, quebradiço e difícil de ser usinado; 4. funde-se a 1160 ° C mas são é bom para a modelagem porque permanece pouco tempo em estado líquido AÇO AO CARBONO É uma liga de ferro-carbono que contém 0 a 2 % de carbono (in- dustrialmente de 0,05 a 1,7 %). Apresenta também pequenas porcentagens de manganês, silício, fósforo e enxofre. Depois do ferro o carbono é o elemento mais importante. É o elemento determinativo do aço: a quantidade de carbono define o tipo de aço em doce ou duro. O aumento do carbono resulta no aumento da dureza e da resistência à tração e diminuição da resis- tência e da maleabilidade. No aço doce, o manganês, em pequena porcentagem torna-o dútil e maleável. No aço rico em carbono, entretanto, o manganês endurece o aço e aumenta-lhe a resistência. Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 4 O silício torna o aço mais duro e tenaz, evita a porosidade, remove os gases, os óxidos, as falhas e vazios na massa do aço. É um elemento purificador. O fósforo quando em teor elevado torna o aço frágil e quebradiço, motivo pelo qual se deve reduzi-lo ao mínimo possível, já que não se pode eliminá-lo integralmente. O enxofre é também um elemento prejudicial ao aço, tornando-o granuloso e áspero, devido aos gases que produz na massa metá- lica. O enxofre enfraquece a resistência do aço. Característica do aço: 1. cor acinzentada; 2. peso específico: 7,8g/cm3 ; 3. temperatura de fusão: 1350 a 1400º C; 4. maleável (lamina-se bem); 5. dúctil (estira-se bem em fios) 6. tenaz (resiste bem à tração, à compressão e a outros esforços de deformação lenta); 7. deixa-se soldar, isto é, uma barra de aço liga-se a outra pela ação do calor (solda autágena) ou pela ação combinada do ca- lor com os choques, na bigorna ou no martelete (caldeamento); 8. deixa-se trabalhar bem pelas ferramentas de corte; 9. apresenta boa resiliência, isto é, resiste bem aos choques; 10. com determinadas porcentagens de carbono, apresenta condi- ções especiais de dureza (adquire têmpera); 11. com determinadas porcentagens de carbono, é mais elástico; 12. oferece grande resistência à ruptura. Pelo teor de C costuma-se classificar os aços em: · aços extra-doces < 0,15 % C · aços doce 0,15 - 0,30 % C · aços meio-doces 0,30 - 0,40 % C · aços meio-duros 0,40 - 0,60 % C · aços duros 0,60 - 0,70 % C · aços extra-duros 0,70 - 1,20 % C AÇOS LIGA OU AÇOS ESPECIAIS Além do ferro-carbono contém outros elementos, chamados ele- mentos de adição: níquel, cromo, manganês, tungstênio, molibdê- nio, vanádio, cobalto, silício e alumínio. Estes elementos são adicionados em quantidades que proporcio- nam determinadas características ao aço, tais como: resistência à tração e à corrosão, elasticidade, dureza, etc., bem melhores do que as dos aços-carbono comuns. Dependendo da porcentagem dos elementos obtém-se: aços de usinagem, aços para cementação, aços para beneficiamento, aços para molas, aços para ferramentas, aços resistentes à corrosão e ao calor (inoxidáveis), aços com propriedades físicas especiais, aços para válvulas de motores de explosão, etc... Aço prata é uma denominação comercial dos aços ferramentas (ao carbono ou especial) de bitola pequena, temperáveis em água ou em óleo. Apresenta aparência brilhante, prateada. FORMAS COMERCIAIS DOS AÇOS Os aços de baixo teor de carbono (< 0,30 %) são vendidos na forma de vergalhões, perfilados (L, T, duplo T, H, U, etc.) chapas, fios e tubos. Os aços com médio e alto teor de carbono (> 0,30 %) são encon- trados no comércio na forma de vergalhões (chatos, quadrados, redondos, sextavados) chapas e fios. As chapas são em geral: · chapas pretas: tais como saem dos laminadores; · chapas galvanizadas: revestidas de zinco; · chapas estanhadas (folhas de flandres). Os tubos podem ser: · com costura: resultam da curvatura de chapas estreitas, cujas bordas são encostadas e soldadas por processo automático. · sem costura: produzidos por meio de perfuração, a quente, emmáquinas chamadas prensas de extrusão. CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS 1 - Classificação da DIN (alemã) a) Aços ao carbono: Usa-se o símbolo St (stahl = aço), seguido da resistência mínima à tração. Ex.: St 42 ( str = 42 Kg/mm2) No caso de aços de qualidade emprega-se a letra C seguido do teor de carbono multiplicado por 100. Ex.: C 35 (teor médio de C = 0,35 %) Quando o aço é fino (c/baixo teor de P e S), usa-se o símbolo CK seguido do teor médio de C multiplicado por 100. Ex.: CK 15 (aço fino com teor médio de C = 0,15 %) b) Aços liga No caso de baixa liga, os aços são representados de acordo com o seguinte exemplo. 25 Cr Mo 4 Elementos liga Multiplicador Cr, Co, Mn, Ni, Si, W 04 Al, Cu, Mo, Ti, V 10 P, S, N, C 100 Ex.: 10 Cr Mo 9 10 C = 0,10 % Cr x 4 = 9 Cr = 2,25 % Mo x 10 = 10 Mo = 1 % No caso de aços de alta liga (> 5%) a designação é feita antepon- do-se a letra X, e dispensando os multiplicadores com exceção do multiplicador do C. Ex.: X 10 Cr Ni Ti 1892 0,1 % C 18 % Cr 9 % Ni 2 % Ti Aços e ferros fundidos: GG (grauguss) fe fo cinzento GH (hartguss) fe fo em coquilha GT (temperguss) fe fo nodular GS (stahlguss) aço fundido Ex.: GG 18 - fe fo cinzento com str = 18Kg/mm2 GS 22 Mo 4 - aço fundido com 0,22 C e 0,4 % Mo Teor C multiplicado por 100 % final, obtida através do liga, no caso, o do cromo símbolos dos elementos liga Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 5 Símbolos complementares: M ? aço Siemens-Martin Y ? aço L.D. T ? aço Thomas E ? aço de forno elétrico W ? aço Bessemer Ex.: MSt 60 aço Siemens-Martin com str = 60Kg/mm2 B ? .por usinagem (Bearbeiten) V ? beneficiado (verguten) E ? cementado (Einsatzhaerten ) N ? normalizado (Normalgluehen) G ? recozido (Gluehen) K ? deformado a frio Ex.: M 16 Mn Cr 5 G ? aço Siemens-Martin recozido mole E 36 Cr Ni Mo 4 V ? aço de forno elétrico, beneficiado 2 - Classificação da ABNT É a adotada pela SAE. Os dois primeiros algarismo definem o tipo de aço e os dois últimos (XX) o teor de C divido por 100. Ex.: SAE 3150 (1,25 Ni, 0,65 Cr, 0,50 % C) Os aços fundidos são designados por 4 algarismos seguidos por AF. Os dois primeiros indicam a tensão de ruptura em Kg/mm2 e os dois últimos a elongação em %. Ex.: 4524 AF C = carbono Ni = níquel Mo = molibdênio V = vanádio Mn = manganês Denominação Tipos ABNT Villares Características e composi- ção em % Aços C 10XX 11XX 13XX T-13XX VT-XX - - - Comuns Usinagem fácil ou Resulf. Ao manganês - 1,75 Mn Com elevado teor de Mn Aços Ni 20XX 21XX 23XX 25XX - - - - 0,5 Ni 1,5 Ni 3,5 Ni 5,0 Ni Aços Ni - Cr 30XX 31XX 32XX 33XX 34XX - - - - - inox e resist. À altas temperaturas 1,25 Ni - 0,65 Cr 1,75 Ni - 1,0Cr 3,5 Ni - 1,5 Cr 3,0 Ni - 0,8 Cr Aços Mo 40XX 41XX 43XX 46XX 48XX - VL-XX VM-XX - - 0,25 Mo 0,90 Cr - 0,20 Mo 1,75 Ni - 0,80 Cr - 0,25 Mo 1,75 Ni - 0,25 Mo 3,5 Ni - 0,25 Mo Aços Cromo 50XX 50XXX 501XX 51XX 51XXX 511XX 514XX 515XX 52XX 52XXX 521XX - - - VR-XX - - - - - - - 0,3 - 0,6 Cr 0,5 Cr - 1,0 C 0,5 Cr (para rolamentos) 0,8 - 1,05 Cr 1,0 Cr - 1,0 C 1,0 Cr Resistente ao calor Resistente ao calor 1,20 Cr 1,45 Cr - 1,0 C 1,45 Cr Aços Ni - Cr Mo 86XX 87XX 93XX 97XX 98XX VB-XX - VA-XX - - 0,55 Ni - 0,5 Cr - 0,20 Mo 0,55 Ni - 0,5 CR - 0,25 Mo 3,25 Ni - 1,2 Cr - 1,12 MO 0,55 Ni - 0,17 Cr - 0,20 Mo 1,0 Ni - 0,8 Cr - 0,25 Mo Vários 61XX 70XX 92XX 94XX VN-XX - VS-XX - 0,9 Cr - 0,15 V Aço tungstênio 2,0 Si - 0,55 Mn 1,0 Mn - 0,45 Ni - 0,4 Cr 0,12 Mo INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS NOS AÇOS LIGA ALUMINIO (Al) - Tem efeito semelhante ao do silício. É conside- rado um importante desoxidante na fabricação do aço. Apresenta também uma grande afinidade pelo nitrogênio e, por esta razão, é um elemento de liga muito importante para os aços que serão submetidos à nitretação, pois facilita a penetração do nitrogênio. BORO (B) - Quando adicionado em quantidade variável de 0,001 a 0,003 % melhora a temperabilidade, a penetração de tempera, a endurecibilidade, a resistência à fadiga, as características de lami- nação, forjamento e usinagem. CHUMBO (Pb) - Ele não se liga ao ferro, quando adicionado a este, espalha-se uniformemente na sua massa em partículas finís- simas. Uma adição de 0,2 a 0,25 % Pb melhora grandemente a usinabili- dade dos aços sem prejudicar qualquer sua propriedade mecânica. COBALTO (Co) - Sozinho não melhora os aços. É sempre utilizado em liga com outros metais, como o Cr, Mo, W, V. O Co confere aos aços uma granulação finíssima, com grande capacidade de corte, e resistência ao calor, como nos aços rápi- dos, influi nas propriedades magnéticas. Os aços com Co são empregados em ferramentas com altas velo- cidades de corte. COBRE (Cu) - Aumenta o limite de escoamento e a resistência do aço, mas diminui o alongamento. O principal efeito é o aumento da resistência `a corrosão atmosféri- ca. A presença de 0,25 % Cu no aço é suficiente para dobrar esta resistência em relação aos aços carbono comuns. CROMO (Cr) - Aumenta a resistência ao desgaste, a dureza e moderadamente a capacidade de corte. Aumenta a penetração de tempera. ENXOFRE (S) - Prejudicial ao aço, pois torna-o frágil e quebradi- ço. Para fabricação em série de peças pequenas usam-se aços resul- furados. A adição de S proporciona aços de fácil usinagem, pois os cavacos se destacam em pequenos pedaços. FÓSFORO (P) - É uma impureza normal existente nos aços. É prejudicial. Sua única ação benéfica é a de aumentar a usinabili- dade dos aços de ?corte fácil?. MANGANES (Mn) - Depois do carbono, é talvez o elemento mais importante no aço. Baixa a temperatura de tempera e diminui as deformações por ela produzidas. O Mn dá bons aços de tempera em óleo, mas dificulta a usinagem por ferramentas cortantes. Os aços apresentam boa solda e fácil forjamento. Aços com 1,5 a 5 % Mn são frágeis mas duros. Com 0,8 a 1,5 % C e 11 a 14 % Mn são dúcteis, resistentes ao desgaste e aos choques. Os aços Mn são empregados em ferramentas, machos, cosinetes, pentes de roscas, etc. MOLIBDÊNIO (Mo) - Os aços Mo apenas, são poucos tenazes, por isso o Mo nunca é utilizado sozinho, mais com outros elemen- tos de liga como Cr, W, etc. Proporciona aços de granulação fina. Juntamente com o Cr dá aços Cr-Mo, de grande resistência, princi- palmente aos esforços repetidos. Proporciona aços rápidos, empregados na construção de estam- pos, matrizes, laminas de corte submetidas a grandes cargas, etc. Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 6 NÍQUEL (Ni) - É o mais importante dos elementos liga que au- mentam a tenacidade, a carga de ruptura e o limite de elasticidade dos aços. Dá boa ductilidade e boa resistência `a corrosão. Teores elevados de Ni produzem aços inoxidáveis. O Ni permite grande penetração de tempera. Os aços Ni apresen- tam grande tenacidade e alta resistência mecânica também a altas temperaturas. Aços com 1 a 3 % Ni são empregados em ferramentas. SILÍCIO (Si) - É praticamente pouco usado sozinho. Torna os aços de forjamento difícil e praticamente não soldáveis. É usado em geral em ligas com o Mn, Mo, Cr. O Si é o único metaloide que pode ser utilizado nos aços sem prejudicá-los. Aumenta a temperatura e a penetração de tempera, assim como a elasticidadee a resistência. Suprime o magnetismo. Acalma os aços e melhora a resistência à corrosão atmosférica. TUNGSTÊNIO (W) - Elemento importante na formação de aços rápidos. Dá aos aços maior capacidade de corte e maior dureza. Os aços rápidos com liga de W conservam o fio de corte mesmo quando, pelas condições de trabalho, aquecem ao rubro. Os aços com 13 a 18 % W apresentam grande resistência mesmo em elevadas temperaturas. São empregados em ferramentas de corte de todas as espécies. VANADIO (V) - O V é excelente desoxidante. Os aços que con- tem V são isentos de bolhas de gás e portanto altamente homogê- neos, dando a eles maior capacidade de forjagem , estampagem e usinagem. Em virtude de sua alta resistência, as ferramentas de aço V podem ter secções bastante reduzidas. O V entra em quase todas as ligas que compõem os aços rápidos. Geralmente os aços Cr-V contem 0,13 a 1,1 % C, 0,5 a 1,5 % Cr, 0,15 a 0,3 % V. São empregados na fabricação de talhadeiras para máquinas rebarbadoras e ferramentas para grandes esforços: chaxes, alicates, alavancas, etc. DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DO FERRO-CARBONO (Fe-C) As ligas de ferro – carbono são as mais utilizadas dentre todas as ligas metálicas. O ferro é um metal abundante na crosta terrestre e caracteriza-se por ligar-se com outros elementos, metá- licos ou não metálicos, dos quais o principal é o carbono. O dia- grama ferro - carbono é fundamental para facilitar a compreensão sobre o que ocorre com as ligas ferrosas quando submetidas a operações de tratamento térmico, que modificam suas proprieda- des mecânicas para aplicações sob as mais variadas condições de serviço. Inicialmente, observaremos as transformações do ele- mento ferro quando submetido ao aquecimento ou resfriamento lentos. O ferro, como todos os metais tem uma estrutura cristali- na. A disposição própria e regular dos átomos de cada metal, em forma de cristais, se chama rede cristalina ou reticulado cristalino. ALOTROPIA DO FERRO PURO *ALOTROPIA: é um fenômeno químico que consiste em poder um elemento químico cristalizar-se em mais de um sistema cristalino e ter por isso diferentes propriedades físicas. *FENÔMENO DE CRISTALIZAÇÃO: é o fenômeno em que as “células unitárias” se reúnem e forma uma rede cristalina ou retícu- lo cristalino. *CÉLULA UNITÁRIA: é o agrupamento dos átomos metálicos que procuram ocupar posições definidas e ordenadas que se repetem em três dimensões formando uma figura geométrica regular. Os metais formam três importantes retículos cristalinos que são: I- RETICULADO CÚBICO DE CORPO CENTRADO (CCC) Contem 9 átomos Metais: Césio, Rubídio, Potássio, Sódio, Tungstênio, Molibdênio, Vanádio, e Ferro. (temperatura ambiente) II- RETICULADO CÚBICO DE FACE CENTRADA (CFC) Contem 14 átomos Metais: Cálcio, Chumbo, Ouro, Prata, Alumínio, Cobre, Cobalto, Níquel, e Ferro. (temperaturas elevadas) III- RETÍCULO HEXAGONAL COMPACTO (HC) (Disposi- ção compacta) Contém 17 átomos Metais: Magnésio, Zinco , Titânio , etc... O conjunto de “células unitárias” forma os cristais. Os cristais adquirem contornos irregulares, devido aos pontos de contato de cada conjunto e desse modo passam a receber o nome de “GRÃOS CRISTALINOS”. Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 7 O “Graõ Cristalino” é constituídos por milhares de células unitárias. Os grãos podem ser observados melhor com auxílio de um micros- cópio metalográfico. A figura, abaixo, ilustra uma peça de aço de baixo teor de carbono, com a superfície polida e atacada quimica- mente ampliada muitas vezes. As regiões claras e escuras, todas com contornos bem definidos como se fossem uma colmeia, são os grãos. O ferro sólido, quando aquecido ou resfriado, apresenta diferentes estruturas em seu reticulado cristalino; conseqüentemen- te, suas propriedades também ficam diferentes. Esse fenômeno se denomina alotropia e é representado pelas letras do alfabeto grego: a, b, g, d, etc. O gráfico a seguir mostra a curva característica de resfri- amento ou aquecimento. do ferro puro e sua correspondente trans- formação alotrópica. No intervalo de 1538ºC e 1394ºC o ferro puro se solidifi- ca em reticulado cúbico de corpo centrado CCC, chamado Fe d (ferro delta). A 1394ºC se realiza a reestruturação do reticulado cúbi- co de corpo centrado em reticulado cúbico de face centrada, permanecendo até 912ºC. O reticulado cúbico de face centrada CFC denomina-se Fe g (ferro gama) ou austenita. A 912ºC o ferro puro sofre mudança na estrutura do reti- culado novamente para cúbico de corpo centrado CCC, chamado Fe a ( ferro alfa) ou ferrita. Abaixo dessa temperatura, a estrutura do reticulado do ferro é cúbica de corpo centrado. O trecho abaixo de 770ºC não representa mudança de estrutura do reticulado, mas o surgimento de propriedades magné- ticas do ferro; o Fea abaixo de 770ºC é magnético e acima de 770ºC não tem propriedades magnéticas. A mudança estrutural do reticulado cristalino do ferro traz consigo a modificação de suas propriedades; assim, o Fea quase não dissolve o carbono; o Feg dissolve até 2,11% de carbono e o Fe d dissolve até 0,09% de carbono. Essa situação ocorre devido à estrutura cúbica de face centrada do Feg apresentar uma distância maior entre os átomos do que a estrutura cúbica de corpo centrado do Fea e Fed, então é mais fácil aceitar átomos estranhos, como por exemplo, átomos de carbono. A esse fenômeno damos o nome de solubilidade no estado sólido. O ferro puro raramente é usado, comumente está ligado com o carbono. No gráfico apresentado foi vista a curva de resfri- amento ou aquecimento do ferro puro com indicações das formas alotrópicas e suas respectivas temperaturas de transformação. Nas ligas de ferro – carbono existem também as formas alotrópicas a e g, mas as temperaturas de transformação oscilam em função do teor de carbono na liga. O diagrama abaixo de fase ferro – carbo- no, auxilia na visualização dessas oscilações importantes para o estudo dos aços e ferros fundidos. Grão Cristalino Os quadradinhos são as Células Unitárias. Tecnologia Mecânica – I 1o Ciclo de Mecânica 8 O diagrama de fase ferro ? carbono pode ser dividido em três partes: · de 0 a 0,008%C - ferro puro · de 0,008 a 2,11%C - aço · de 2,11 a 6,69%C - ferro fundido Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 9 Fases relevantes do diagrama ferro - carbono · Ferrita (a) - solução sólida de carbono em ferro CCC , existente até a temperatura de 912ºC, caracteriza-se pela baixa solubilidade de carbono no ferro, chegando ao máximo de 0,0218% a 727ºC. · Austenita (g) - solução sólida de carbono em ferro CFC, existindo entre as temperaturas de 912ºC e 1495ºC, e com solubilidade máxi- ma de carbono no ferro de 2,11% a 1148ºC. · Ferrita (d) – solução sólida de carbono em ferro CCC, sendo estável até 1538ºC, quando o ferro se liqüefaz. A solubilidade do carbono é baixa, atingindo um máximo de 0,09% a 1495ºC. Quando não houver referência contrária, o termo ferrita, subentenderá a ferrita a . · Cementita (Fe3C) - é um carboneto de ferro de alta dureza com teor de carbono de 6,69% de carbono. Linhas relevantes do diagrama ferro- carbono Linha A1 – indica a ocorrência de uma parada (Arrêt) durante a trans- formação. Assim ao resfriar um aço com 0,77% C, observa-se uma “parada” na temperatura de 727ºC, ou seja, enquanto a transforma- ção g ®a+ Fe3C não se completar a temperatura permanecerá constante. Linha A2 – indica atemperatura de transformação magnética do ferro CCC a 770ºC. Linha A3 – indica a temperatura de transformação g ®a. À medida que o teor de carbono vai aumentando, a temperatura A3 vai diminu- indo, até o limite de 727ºC, onde se encontra com A1. Linha Acm – indica a temperatura de transformação g ® Fe3C. Inicia- se a 727ºC com 0,77% C e vai aumentando com a elevação do teor de carbono, até atingir 1148ºC a 2,11% C. Linha Solidus – indica que abaixo desta linha todo material estará no estado sólido. Linha Liquidus – indica que acima desta linha todo material estará na forma líquida. Pontos relevantes do diagrama ferro-carbono Ponto eutético - indica a presença de uma liga eutética, com 4,3% C a 1148ºC Ponto eutetóide ?indica a presença de uma liga eutetói- de, com 0,77%C a 727ºC. Componentes da estrutura dos aços No ponto eutetóide se verifica uma transformação importante no estudo dos aços, ou seja um aço com 0,77%C acima de 727ºC encontra-se no estado de austenita. No ponto eutetóide a austenita se transforma em uma mistura de duas fases – ferrita e cementita - que se denomina perlita. A perlita tem uma estrutura finamente raiada que, semelhante a madrepérola, está formada de lâminas finíssimas superpostas, alter- nando-se uma camada de ferrita e outra de cementita, conforme a figura a seguir. Assim os aços com 0,77% C são chamados de eutetóides. Aços com menos de 0,77%C são chamados hipoeutetóides e com mais de 0,77%C são chamados hipereutetóides. Embora a perlita não seja uma fase, e sim um constituinte, é possí- vel prever quais são as microestruturas presentes nos aços após o resfriamento lento. Os aços hipoeutetóides (até 0,77%C) apresentam em sua microes- trutura ferrita e perlita conforme mostra a figura esquemática abaixo. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 10 A figura a seguir mostra o aspecto micrográfico de um aço hipo- eutetóide com aproximadamente 0,3%C, submetido ao ataque reativo de nital, ampliado 200 vezes. Os grãos escuros são de perlita e os grãos brancos são de ferrita. Os aços eutetóides (0,77%C) apresentam em sua microestrutura somente perlita, conforme mostra a figura esquemática abaixo. A figura a seguir mostra o aspecto micrográfico de um aço eutetóide com 0,77%C, submetido ao ataque reativo de nital, ampliado 1000 vezes. Nota-se a estrutura lamelar; as linhas escuras representando a ce- mentita e as linhas brancas a ferrita Os aços hipereutetóides (0,77% a 2,11%C) apresentam em sua microestrutura perlita e cementita, conforme mostra a figura esque- mática a seguir. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 11 A figura a seguir mostra o aspecto micrográfico de um aço hipereute- tóide com aproximadamente 1%C, submetido ao ataque reativo de picral, ampliado 200 vezes. Nota-se que a cementita está disposta em torno dos grãos de perlita, formando uma rede. Os aços hipoeutetóides apresentarão tanto maior quantidade de ferrita quanto menos carbono contiverem, e os aços hipereutetóides tanto maior quantidade de cementita quanto mais se aproximarem do teor de 2,11% de carbono. A figura a seguir mostra de modo esque- mático o teor de carbono e sua microestrutura correspondente. Interpretação final dos diagrama Os aços hipoeutetóides (0,4%C por exemplo) têm pouco carbono, portanto há pouca perlita e quase nenhuma cementita livre. A maior parte de massa constitui-se de ferrita que é Fea , caracterizando-se pela baixa dureza, porém com alta ductilidade. O diagrama de fase apresentado a seguir, indica as fases presentes nos pontos determi- nados e o respectivo estado físico do aço hipoeutetóide com 0,4% C, quando submetido ao resfriamento lento. Ponto Temperaturaaproximada Estado físico Fases presentes Comentários A 1600ºC líqüido líqüida Toda a matéria líqüida. Todo o carbono dissolvido B 1480ºC líqüido líqüida Início da solidifica- ção. Forma-se o primeiro cristal sólido C 1450ºC mistura líqüida + sólida Campo bifásico. O líqüido vai trans- formando-se conti- nuamente em austenita D 1350ºC sólido austenita Todo material solidificado. O ultimo líqüido solidificou-se E 1000ºC sólido austenita Apenas sólido presente – austeni- ta - é Fe CFC com todo carbono dis- solvido F 780ºC sólido austenita Início da transfor- mação da austenita em ferrita. O car- bono começa a liberta-se G 750ºC sólido austenita + ferrita CFC transforma-se continuamente em CCC, libertando carbono para for- mar a perlita H 727ºC sólido perlita + ferrita Completada a transformação I <727ºC sólido perlita + ferrita Material pronto para ser utilizado Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 12 Nos aços hipereutetóides ( 0,9%C por exemplo), devido ao alto teor de carbono, teremos a formação de cementita mais a perlita. O diagrama de fase apresentado a seguir mostra as fases presentes e o respectivo estado físico do aço hipereutetóide com 0,9% C ,quando submetido ao resfriamento lento. Ponto Temperaturaaproximada Estado físico Fases presentes Comentários A > 1500ºC líqüido líqüida Toda a matéria líqüida. Todo o carbono dissolvido. B 1500ºC líqüido líqüida Início da solidifica- ção. Forma-se o primeiro cristal sólido. C 1450ºC mistura líqüida + sólida Campo bifásico. O líqüido vai trans- formando-se conti- nuamente em austenita. D 1430ºC sólido austenita Todo material solidificado. O último líqüido solidificou-se. E 1000ºC sólido austenita Apenas sólido presente - austenita - é Fe CFC com todo carbono dis- solvido. F 800ºC sólido austenita Início da transfor- mação da austenita em cementita. O carbono começa a libertar-se. G 760ºC sólido austenita + cementita CFC transforma-se continuamente em CCC, libertando carbono para for- mar a cementita. H 727ºC sólido perlita + cementita Completada a transformação. I < 727ºC sólido perlita + cementita Material pronto para ser utilizado. Efeito da velocidade de resfriamento nos aços Um aço resfriado muito lentamente a partir do campo aus- tenítico apresentará, em temperatura ambiente, uma ou mais das fases ferrita, perlita e cementita, dependendo de seu teor de carbono. Porém, se o resfriamento do aço a partir da região austenítica for muito rápido impede-se a formação da perlita. Certamente produz-se um rearranjo cúbico de face centrada (CFC) para cúbico de corpo centrado (CCC), porém os átomos de carbono permanecem retidos em seu núcleo. Como o resfriamento é rápido e a dimensão do reticulado cristalino a é menor que a dimensão do reticulado crista- lino g, o carbono é forçado a permanecer no reticulado cristalino a, causando deformação e tensão, a conseqüência disso é uma estru- tura dura, quebradiça, acicular denominada martensita, que não é prevista no diagrama ferro carbono. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 13 Metais Não Ferrosos Introdução Metais não ferrosos são todos os metais puros ou ligados, com exce- ção do ferro e suas ligas. Os metais não ferrosos podem ser classificados em função de densi- dade em metais leves e metais pesados. A maioria dos metais puros é mole e tem baixa resistência àtração. Quanto maior for a pureza, mais alto será o ponto de fusão, maior a condutibilidade elétrica e a resistência à corrosão. Na indicação dos metais não ferrosos puros, deve-se usar a designa- ção química do elemento mais o grau de pureza. Metais não ferrosos 3dm 5kg pesadosMetais ³r Metais leves 3dm 5kg £r Cobre Chumbo Zinco Níquel Estanho Tungstênio Molibdênio Cromo Cu Pb Zn Ni Sn W Mo Cr Manganês Vanádio Cobalto Cádmio Alumínio Magnésio Titânio Mn V Co Cd Al Mg Ti Designação dos metais puros Ex.: Zn 99 , 99 Pureza = 99,99%Elemento químico Obtenção dos metais Os minérios de onde são retirados os metais, além do próprio metal, contêm também impurezas, tais como: oxigênio, hidrogênio e enxo- fre. A quantidade (porcentagem) de metal varia em função do tipo de minério. O esquema abaixo mostra o processo de obtenção da maioria dos metais. Para se obter um metal quase que totalmente puro (99,99%) usam- se normalmente outros processos além do processo normal de alte- ração do metal siderúrgico, os quais dependem do tipo de metal. Minério Metal puro Metal siderúrgico Afinagem (eliminação das impurezas) Metal bruto Redução Calcinação Normalização Segundo a DIN 1700, para metais puros escreve-se o símbolo do elemento químico seguido do grau de pureza. Exemplo: Para as ligas, adota-se a seguinte forma: Produção ou aplicação Composição Propriedades especiais G = Fundido 1. Símbolo químico do metal base F-40 = Resistên- cia a tração em Kgf/mm2 GD = Fundido a pressão GK = Fundido em 2. Símbolo químico dos W = mole coquilha elementos de liga seguidos h = duro Gz = Fundido por de seu teor em porcenta- gem Wh = dureza de laminado centrifugação Zh = dureza de trefilado V = Liga prévia de P = dureza de prensa- gem adição 150Hv = dureza vickers Gl = Metl. antifric- ção bk = brilhante para mancais gb = decapado L = Metal para solda g = recozido dek = oxidável com efeito decorativo Exemplos: GD-Zn Al 4 Cu1 ® Liga de zinco fundido sob pressão com 4% de Al, 1% de Cu. AlCu Mg1 F40 ® Liga de alumínio com ±4% de Cu, ±1% de Mg e resistência a tração de 40kgf/mm2 @ 390N/mm2. As propriedades dos metais puros podem ser melhoradas através de elementos de liga. Liga é um processo onde se misturam dois ou mais elementos entre si no estado líquido. Nos metais ligados, geralmente a dureza e a resistência aumentam, enquanto a ductilidade e a condutibilidade elétrica diminuem. Designação das ligas não ferrosas É feita pela indicação (símbolo químico) dos metais que nela estão contidos, seguidos pelo teor (em porcentagem) de cada um dos metais. Exemplo: Designação Cu Zn 40 Pb2 Chumbo 2% Zinco 40% Liga de cobre Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 14 Metais não ferrosos pesados Cobre (Cu) É um metal de cor avermelhada, bastante resistente à intempérie e à corrosão. É também um excelente condutor elétrico e de calor (seis vezes mais que o ferro). Propriedades do cobre Densidade (r) 8,93kg/dm3 Temperatura da liquefação 1083º Resistência à tração 200 ... 360 N mm2 Transformação fria até 600N/mm2 Alongamento 50 ... 35% Transformação fria 2% Normalização Exemplo: E-Cu 99,99 Cobre especialmente puro Obtenção pela eletrólise (E) É fácil de fundir, dobrar, forjar, repuxar, tanto a quente como a frio. A deformação a frio deixa o cobre duro e difícil de dobrar. Com o cobre recozido a uma temperatura de aproximadamente 600ºC, e sem o resfriamento rápido, elimina-se a dureza proveniente da deformação a frio. Nos processos de usinagem com cavacos, devem-se usar ferramentas com grande ângulo de saída e, como fluido de corte, o óleo solúvel. Aplicação É normalmente empregado para confecção de fios e cabos conduto- res elétricos, sistemas de aquecimento e resfriamento, tubos, cha- pas, peças fundidas e peças de artesanato. Chumbo (Pb) É um metal com aspecto exterior característico, pois apresenta uma cor cinza azulada. Sua superfície de ruptura (recente) é de uma cor branca prateada muito brilhante. É fácil de reconhecê-lo pelo peso: é um material muito denso e macio. O chumbo é muito dúctil, fácil de dobrar, laminar, martelar (a frio). Os tubos são curvados com auxílio de uma mola ou enchendo-os de areia fina e seca, ou com ajuda de um aparelho de curvar. Propriedades do chumbo Densidade (r) 11,3 kg dm3 Ponto de fusão ºC 327ºC Resistência à tração 15...20 N mm2 Alongamento 50...30% Liga-se com dificuldade a outros metais, exceto o estanho, com o qual se produz a solda de estanho. É bem resistente à corrosão, pois, quando exposto ao ar, recobre-se de uma camada protetora de óxido. Designação do chumbo Norma DIN 1719 : 1963 Denominação Norma Impureza Chumbo fino Pb 99,99 0,01% Chumbo siderúrgico Pb 99,94 0,06% Chumbo refundido Pb 99,9 0,01% Precaução Partículas de chumbo que aderem às mãos podem penetrar no orga- nismo e provocar uma intoxicação por isso é indispensável lavar bem as mãos após, seu manuseio. Aplicação É aplicado, de forma geral, no revestimento de cabos elétricos sub- terrâneos e de recipientes para ácidos, usados na indústria química. Como liga chumbo-estanho, é utilizado na solda. O chumbo fino, especificamente, aplica-se em placas de acumulado- res, cristais óticos e proteção contra raios X. Zinco (Zn) É um metal branco azulado. Sua superfície de ruptura é formada de cristais que se distinguem facilmente. Entre os metais, é o que tem o maior coeficiente de dilatação térmica (0,000029/ºC). Exposto à umidade do ar, combina-se com o dióxido de carbono (CO2) forman- do uma capa cinzenta de carbonato de zinco (Zn + CO2), que protege o metal. É muito sensível aos ácidos, que o atacam e destroem, sendo por- tanto impossível conservar ácidos em recipientes de zinco. As propriedades do zinco podem ser sensivelmente melhoradas pela adições de outros metais. Propriedades do zinco Densidade (r) 7,1 kg dm3 Ponto de fusão ºC 419ºC Resistência à tração 20...36 N mm2 Alongamento 1% Com liga, o zinco de alumínio se torna mais resistente; com liga de cobre, mais duro. O magnésio compensa as impurezas existentes e igualmente o torna mais duro. Também o bismuto, o chumbo e o tálio melhoram consideravelmente as propriedades do zinco para sua usinagem. Designação do zinco Norma DIN 1706 Denominação Norma Impureza Zinco fino Zn 99,995 0,005% Zinco siderúrgico Zn 99,95 0,05% Zinco fundido G-Zn.Al6.Cu 1% Aplicação Peças de aço que estejam sujeitas à oxidação do tempo, devem receber uma zincagem (banho de zinco) para sua proteção. O zinco é um material muito utilizado na fundição de peças. Peças complicadas são obtidas através de fundição por injeção, a qual facilita a fabricação em série e aumenta a precisão das peças. Estanho (Sn) É um metal branco azulado e macio que se funde facilmente e é resistente à corrosão. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 15 Propriedades do estanho Densidade 7,3 kg dm3 Temperatura de liquefação 232ºC Resistência à tração 40...50 N mm2 Ductibilidade 50% Dobrando uma barra de estanho, ouve-se um ruído como se o metal estivesse trincado. Esse ruído é produzido em conseqüência do deslizamento dos cristais, atritando-se entre si (grito do estanho). Não se altera quando em contato com ácidos orgânicos ou quando exposto às intempéries. Em temperaturas inferiores a -15ºC, o esta- nho se decompõeformando um pó de cor cinzenta. Designação do estanho Denominação Norma Estanho Sn 99,9 Liga fundida Cu Sn 6 Aplicação O estanho puro não é empregado em construções de peças devido a sua pequena resistência à tração. Graças a sua ductilidade, podem-se laminar folhas delgadas de até 0,008mm de espessura. É muito utilizado no equipamento e maquinaria da indústria alimentí- cia, por ser não tóxico. Liga-se perfeitamente a outros metais: cobre, chumbo e antimônio. A solda de estanho é possível sobre latão, aço e aço fundido. Ligas dos metais pesados não ferrosos Para melhorar as propriedades dos metais com base o cobre, são adicionadas ligas de outros metais, como o zinco e o estanho. As ligas de cobre possuem cores diferentes, conforme o metal que entra na constituição da liga e na proporção em que é adicionado. As ligas de cobre mais importantes são: latão, bronze e latão vermelho. Latão É uma liga de cobre e de zinco com um teor mínimo de 50% de cobre. Produção do latão Cobre Zn Latão Tomback, Latão especial Fundição Fundição em areia Fundição em coquilha Laminados Chapas Tiras Barras maciças Tubos Arames Peças de pressão Barras perfiladas Propriedades do latão Latão Massa específica 8,5kg/dm3 Ponto de fusão 980ºC Classifica-se segundo DIN 1709, 17660, 17661 1. Ligas de fundição (latão fundido) Denominação Abreviatura Composição em % Propriedades Emprego especiais Latão fundido G - CuZn 36 64 até 3 Pb Boa conduti- bi-lidade Instalações para gás, Latão de fundição em coquilha G - CuZn 38 62 até 3 Pb Superfície brilhante água e para indús- tria elétrica Latão fundido sob pressão G - CuZn 40 60 até 2 Pb Superfície brilhante A abreviatura CuZn = Latão teor de zinco em % = 36 teor de cobre em % = 64 O latão é um metal de cor amarelo-claro ou amarelo-ouro. As classes do latão são reconhecidas pela superfície de ruptura ou em sua superfície polida. É fácil de dobrar e repuxar. Tem uma resistência maior do que a do cobre (200 - 800N/mm2). Aplicação Devido a sua boa resistência à corrosão causada pelo ar e fluidos, o emprego do latão fundido é muito grande na fabricação de válvulas, torneiras e registros. Laminado, o latão é empregado na confecção de chapas, perfis de qualquer forma ( , , ) e tubos de radiadores. Bronze O bronze é uma ligas com 60% de cobre e um ou vários elementos de liga. O bronze pode ser classificado em ligas fundidas e ligas laminadas. O quadro a seguir mostra os diversos tipos de bronze. Tipos de bronze Bronze - ao estanho - fosforoso - ao alumínio - ao chumbo - ao silício - ao manganês - ao berílio Ligas de Laminação Ligas de Fundição Propriedades e aplicações As ligas de bronze variam entre macias e duras. Resistem muito bem à corrosão. Devido a sua fácil fusão, são empregadas na fabricação de sinos, buchas e peças hidráulicas. O bronze laminado é empregado na fabricação de molas, partindo de tiras e de arames estirados a frio. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 16 Propriedades do bronze Densidade (r) 7,6 - 8,8 kg dm3 Ponto de fusão 900 - 1000ºC Resistência à tração 350 - 770 N mm2 Bronze ao estanho Esta liga tem de 4 a 20% de estanho. É dúctil e elástica, dura e resis- tente à corrosão. Exemplo de normalização DIN Cu Sn 6 6% de estanho 94% de cobre Bronze ao chumbo Até 25% de chumbo. Boa característica de deslizamento, autolubrifi- cante. Empregada na construção de buchas. Exemplo de normalização DIN G - Cu Pb 15 Sn 75% de cobre 15% de chumbo 8% de estanho 2% de zinco Bronze ao alumínio Esta liga tem de 4 a 9% de alumínio. Resistente à corrosão e ao desgaste. Utilizada na construção de buchas, parafusos sem-fim e rodas-dentadas. Exemplo de normalização DIN Cu Al8 Fe F45 89% de cobre 8% de alumínio @ 1% de ferro F45 - resistência à tração = 450N/mm2 Latão vermelho (bronze ao zinco) O latão vermelho é uma liga de cobre, estanho (bronze) e zinco, cujo componente predominante é o cobre. É resistente à corrosão e ao desgaste. Além disso, resiste bem à pressão. É empregada na fundição de buchas e na fabricação de peças hi- dráulicas, tubos e engrenagens helicoidais. Propriedades do latão vermelho Densidade 8,6 kg dm3 Ponto de fusão 900 - 1000ºC Resistência à tração 240 - 650 N mm2 Normalização conforme DIN G - Cu Sn 10 Zn G = Fundido 10% de estanho @ 3% de zinco 87% de cobre Torno Mecânico Torno mecânico é uma máquina-ferramenta utilizada para executar operações de usinagem cilíndrica externa ou interna e outras operações que normalmente são feitas por furadeiras, fresadoras e retificadoras, com adaptações relativamente simples. A principal característica do torno é o movimento rotativo contínuo realizado pelo eixo-árvore, conjugado com o movimento de avanço da ferramenta de corte. As outras características importantes são o diâmetro do furo do eixo principal, a distância entre pontas e a altura da ponta, que compreende a distância ao fundo da cava, ao barra- mento e ao carro principal. O torno básico é o torno universal; estudando seu funcionamento, é possível entender todos os outros tipos de torno, por mais sofistica- dos que sejam. Partes principais do torno As partes principais do torno universal são: placa, cabeçote fixo, recâmbio, caixa de engrenagem, barramento, carro principal e cabe- çote móvel. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 17 Cabeçote fixo Cabeçote fixo é um conjunto constituído de carcaça, engrenagens e eixo- árvore. O elemento principal do cabeçote é o eixo-árvore, também chama- do árvore ou eixo principal, onde está montada a placa, responsável pelo movimento de rotação da peça; o eixo-árvore é vazado de ponta a ponta, de modo a permitir a passagem de barras. Caixa Norton Também conhecida por caixa de engrenagem, é formada por carcaça, eixos e engrenagens; serve para transmitir o movimento de avanço do recâmbio para a ferramenta. Recâmbio O recâmbio é a parte responsável pela transmissão do movimento de rotação do cabeçote fixo para a caixa Norton. É montado em uma grade e protegido por uma tampa a fim de evitar acidentes. As en- grenagens do recâmbio permitem selecionar o avanço para a ferra- menta. Barramento Barramento é a parte do torno que sustenta os elementos fixos e móveis do torno. Na parte superior do barramento estão as guias prismáticas, que devem ter um paralelismo perfeito em relação ao eixo-árvore, a fim de garantir o alinhamento da máquina. Carro principal O carro principal é um conjunto formado por avental, mesa, carro transversal, carro superior e porta-ferramenta. O avanço do carro principal pode ser manual ou automático. No avanço manual, o giro do volante movimenta uma roda dentada, que engrenada a uma cremalheira fixada no barramento, desloca o carro na direção longitudinal. No avanço automático, a vara com uma rosca sem-fim movimenta um conjunto de engrenagens ligadas à cremalheira do barramento que, por sua vez, desloca o carro. O avental transforma os movimentos giratórios do fuso ou da vara em movimento retilíneo longitudinal ou transversal em relação ao eixo- árvore, permitindo o avanço da ferramenta sobre a peça. A mesa, que desliza sobre as guias prismáticas do barramento, suporta o carro transversal. Nela também estão montados o fuso e o volante com anel graduado, que determinam o movimento do carro transversal. O carro transversal é responsável pelo movimento transversal daferramenta e desliza sobre a mesa por meio de movimento manual ou automático. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 18 No movimento automático, o giro da vara movimenta a rosca sem-fim existente no avental; o movimento é transmitido até a engrenagem do parafuso de deslocamento transversal por meio de um conjunto de engrenagens; esse conjunto de engrenagens faz girar o parafuso, deslocando a porca fixada no carro. O movimento manual é realizado por meio do manípulo existente no volante montado na extremidade do parafuso de deslocamento transversal. O movimento é controlado por meio de um anel gradua- do, montado no volante. O carro superior possui uma base giratória graduada que permite o torneamento em ângulo. Nele também estão montados o fuso, o volante com anel graduado e o porta-ferramentas ou torre. O porta-ferramentas ou torre é o local onde são fixados os suportes de ferramentas, presos por meio de parafuso de aperto. Cabeçote móvel O cabeçote móvel é a parte do torno que se desloca sobre o barra- mento, oposta ao cabeçote fixo; a contraponta e o eixo principal estão situados na mesma altura e determinam o eixo de rotação da superfície torneada. O cabeçote pode ser fixado ao longo do barramento por meio de parafusos, porcas, placas e alavanca com excêntrico. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 19 O cabeçote móvel tem as seguintes funções: · servir de suporte à contraponta, destinada a apoiar um dos ex- tremos da peça a tornear; · servir para fixar o mandril de haste cônica para furar com broca no torno; · servir de suporte direto para ferramentas de corte de haste côni- ca como brocas, alargadores e machos; · deslocar a contraponta lateralmente para tornear peças de pe- quena conicidade. As partes principais do cabeçote móvel são: base, corpo, mangote, trava do mangote e volante. Base - desliza sobre o barramento e serve de apoio ao corpo. Corpo - é onde se encontra todo o mecanismo do cabeçote móvel e pode ser deslocado lateralmente, a fim de permitir o alinhamento ou desalinhamento da contraponta. Mangote - é uma luva cilíndrica com um cone morse num lado e uma porca no outro; a ponta com o cone morse serve para prender a contraponta, a broca e o mandril; o outro lado é conjugado a um parafuso, que ao ser girado pelo volante, realiza o movimento de avanço e recúo. Trava do mangote - serve para fixá-lo, impedindo que se movimente durante o trabalho. Volante - serve para fazer avançar ou recuar o mangote. Acessórios do torno O torno tem vários tipos de acessórios que servem para auxiliar na execução de muitas operações de torneamento. Denominação Figura Função Placa de 3 casta- nhas fixar peças cilíndricas Placa de 4 casta- nhas independen- tes fixar peças cilíndricas para tornear excêntricos e fixar peças quadradas Placa lisa fixar peças de formas irregulares Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 20 Denominação Figura Função Placa arrasta- dora fornecer movimen- to giratório à peça fixada entre pontas Ponta suportar a peça por meio dos furos de centro Luneta fixa e móvel servir de mancal na usinagem de eixos longos e de pequeno diâmetro Bucha cônica adequar o cone da haste cônica das brocas ou mandris com encaixe côni- co do mangote e eixo-árvore Operações do torno O torneamento é um processo de usinagem que se baseia no movi- mento da peça ao redor de seu próprio eixo, com a retirada progres- siva de cavaco. O cavaco é cortado por uma ferramenta de um só gume cortante, com dureza superior à do material a ser cortado. O torneamento exige três movimentos relativos entre a peça e a ferramenta: corte, avanço e penetração. Variando os movimentos, a posição e o formato da ferramenta, é possível realizar grande varie- dade de operações, tais como: faceamento, torneamento cilíndrico, furação, torneamento cônico, interno, externo, sangramento, corte e recartilhamento. Torneamento cilíndrico externo O torneamento cilíndrico consiste em dar um formato cilíndrico a um material em rotação submetido à ação de uma ferramenta de corte. Essa operação é uma das mais executadas no torno e tem a finalida- de de produzir eixos e buchas ou preparar material para outras ope- rações. Faceamento Faceamento é a operação que permite fazer no material uma super- fície plana perpendicular ao eixo do torno, de modo a obter uma face de referência para as medidas que derivam dessa face. A operação de facear é realizada do centro para a periferia da peça. Também é possível facear partindo da periferia para o centro da peça, desde que se use uma ferramenta adequada. Furação A furação permite abrir furos de centro em materiais que precisam ser trabalhados entre duas pontas ou entre placa e ponta. Também é um passo prévio para fazer furo com broca comum. Usa-se a furação no torno para fazer furo cilíndrico por deslocamento de uma broca montada no cabeçote. É um furo de preparação do material para operações posteriores de alargamento, torneamento e roscamento internos. A furação no torno também serve para fazer uma superfície cilíndrica interna, passante ou não, pela ação da ferramenta deslocada parale- lamente ao torno. Essa operação também é conhecida por broquea- mento e permite obter furos cilíndricos com diâmetro exato em bu- chas, polias, engrenagens e outras peças. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 21 Torneamento cônico externo Operação muito comum, o torneamento cônico externo admite duas técnicas: com inclinação do carro superior e com desalinhamento da contraponta. O torneamento com inclinação do carro superior é usado para tornear peças cônicas de pequeno comprimento. O torneamento cônico com deslocamento do carro superior consiste em inclinar o carro superior de modo a fazer ferramenta avançar manualmente ao longo da linha que produz o corte no ângulo de inclinação desejado. O torneamento com desalinhamento da contraponta é usado para peças de grande comprimento com conicidade de até 10º, aproxima- damente. Consiste em delocar transversalmente o cabeçote móvel por meio de parafuso de regulagem, de modo que a peça forme um ângulo em relação às guias do barramento. Ao avançar paralela- mente às guias, a ferramenta corta um cone com o ângulo escolhido Torneamento cônico interno Neste tipo de torneamento, o ângulo de deslocamento do carro supe- rior é igual ao ângulo de inclinação do cone que se pretende fabricar. A ferramenta é a mesma utilizada no broqueamento e o controle de conicidade é feito com um calibrador cônico. Quando se constrói um cone interior para ser acoplado a um cone exterior, deve-se fabricar primeiro o cone exterior, usando-o depois como calibrador para controlar a conicidade da peça com cone inter- no. A principal aplicação do torneamento cônico é na produção de pontas de tornos, buchas de redução, válvulas e pinos cônicos. Ferramentas de Corte As ferramentas de corte são empregadas para cortar materiais metá- licos e não metálicos por desprendimento de cavaco. São constituí- das de materiais com elevada dureza, o que lhes permite cortar materiais de dureza inferior. Existem dois fatores de influência nas ferramentas de corte: a dureza dos materiais de que são feitas e o ângulo dageometria de corte da ferramenta. Materiais das ferramentas Normalmente os materiais das ferramentas de corte são aço carbo- no, aço rápido, metal duro e cerâmica. Aço carbono O aço carbono utilizado para ferramentas de corte tem teores de carbono que variam entre 0,7 e 1,5%; é utilizado em ferramentas para usinagem manual ou em máquinas-ferramenta como, por e- xemplo, limas, talhadeiras, raspadores e serras. As ferramentas de aço carbono são utilizadas para pequenas quantidades de peças e não se prestam a altas produções; são pouco resistentes a tempera- turas de corte superiores a 250º C, daí a desvantagem de usar bai- xas velocidades de corte. Aço rápido As ferramentas de aço rápido possuem, além do carbono, vários elementos de liga, tais como tungstênio (W), cobalto (Co), cromo (Cr), vanádio (Va), molibdênio (Mo) e boro (B), que são res- ponsáveis pelas propriedades de resistência ao desgaste e aumen- tam a resistência de corte a quente até 550º C, possibilitando maior velocidade de corte em relação às ferramentas de aço carbono. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 22 Outra vantagem das ferramentas de aço rápido é que são reafiáveis, além de que um grande número de arestas de corte pode ser produzido numa mesma ferramenta. As ferramentas de aço rápido são comercializadas em forma de bastões de perfis quadra- dos, redondos ou lâminas, conhecidos como bites. Metal duro Metal duro ou carbeto metálico, conhecido popularmente como car- boneto metálico, compõe as ferramentas de corte mais utilizadas na usinagem dos materiais na mecânica. O metal duro difere totalmente dos materiais fundidos, como o aço; apresenta-se em forma de pó metálico de tungstênio (W), tântalo (Ta), cobalto (Co) e titânio (Ti), misturados e compactados na forma desejada, recebendo o nome de briquete. O último estágio de fabri- cação do metal duro é a sinterização, em que os briquetes se tornam uma peça acabada de metal duro em forma de pastilha, sob uma temperatura entre 1 300 e 1 600º C. Todo esse processo garante ao metal duro grande resistência ao desgaste, com as vantagens de alta resistência ao corte a quente, pois até uma temperatura de 800ºC a dureza mantém-se inalterada; possibilidade de velocidades de corte de 50 a 200m/min, até vinte vezes superior à velocidade do aço rápido. Devido à alta dureza, os carbetos possuem pouca tenacidade e necessi- tam de suportes robustos para evitar vibrações. As pastilhas de metal duro podem ser fixadas por soldagem, sendo afiáveis, ou mecanicamen- te, por meio de suportes especiais que permitem intercâmbio entre elas e neste caso não são reafiáveis; são apresentadas em diversas formas e classes, adequadas a cada operação; a escolha das pastilhas é feita por meio de consulta a tabelas específicas dos catálogos de fabricantes. Cerâmica As ferramentas de cerâmica são pastilhas sinterizadas, com uma quantidade aproximada de 98 a 100% de óxido de alumínio; possu- em dureza superior à do metal duro e admitem velocidade de corte cinco a dez vezes maior. São utilizadas nas operações de acaba- mento de materiais tais como ferro fundido e ligas de aço; sua aresta de corte resiste ao desgaste sob temperatura de 1 200º C. Ângulos da ferramenta de corte O fenômeno de corte é realizado pelo ataque da cunha da ferramen- ta; o rendimento desse ataque depende dos valores dos ângulos da cunha, pois é esta que rompe as forças de coesão do material da peça. Os ângulos e superfícies na geometria de corte das ferramen- tas são elementos fundamentais para o rendimento e a durabilidade delas. A denominação das superfícies da ferramenta, dos ângulos e das arestas é normalizada pela norma brasileira NBR 6163/90. Para a compreensão dos ângulos das ferramentas, é necessário estabelecer um sistema de referência que facilita consultas mais rápidas a catálogos técnicos. Esse sistema de referência é constituí- do por três planos ortogonais, quer dizer, perpendiculares entre si, e que são: · plano de referência - PR - é o plano que contém o eixo de rota- ção da peça e passa pelo ponto de referência sobre a aresta principal de corte; é um plano perpendicular à direção efetiva de corte. · plano de corte - PC - é o plano que passa pela aresta de corte e é perpendicular ao plano de referência. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 23 · plano de medida - PM - é o plano perpendicular ao plano de corte e ao plano de referência; passa pelo ponto de referência sobre a aresta principal de corte. Os ângulos da ferramenta de corte são classificados em: de folga a (alfa), de cunha b (beta), de saída g (gama), de ponta e (epsi- lon), de posição c (chi) e de inclinação de aresta cortante l (lambda). Ângulo de folga a É o ângulo formado entre a superfície de folga e o plano de corte medido no plano de medida da cunha cortante; influencia na diminui- ção do atrito entre a peça e a superfície principal de folga. Para tornear materiais duros, o ângulo a deve ser pequeno; para materi- ais moles, a deve ser maior. Geralmente, nas ferramentas de aço rápido a está entre 6 e 12º e em ferramentas de metal duro, a está entre 2 e 8º . Ângulo de cunha b Formado pelas superfícies de folga e de saída; é medido no plano de medida da cunha cortante. Para tornear materiais moles, b = 40 a 50º ; materiais tenazes, como aço, b = 55 a 75º ; materiais duros e frágeis, como ferro fundido e bronze, b = 75 a 85º. Ângulo de saída g Formado pela superfície de saída da ferramenta e pelo plano de referência medido no plano de medida; é determinado em função do material, uma vez que tem influência sobre a formação do cavaco e sobre a força de corte. Para tornear materiais moles, g = 15 a 40º ; materiais tenazes, g = 14º ; materiais duros, g = 0 a 8º . Geralmente, nas ferramentas de aço rápido, g está entre 8 e 18º ; nas ferramentas de metal duro, entre -2 e 8º . A soma dos ângulos a, b e g , medidos no plano de medida, é igual a 90º. a + b + g = 90º Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 24 Ângulo da ponta e É formado pela projeção das arestas lateral e principal de corte sobre o plano de referência e medido no plano de referência; é determinado conforme o avanço. O campo de variação situa-se entre 55 e 120º e o valor usual é 90º. Ângulo de posição principal c Formado pela projeção da aresta principal de corte sobre o plano de referência e pela direção do avanço medido no plano de referência. Direciona a saída do cavaco e influencia na força de corte. A função do ângulo c é controlar o choque de entrada da ferramenta. O campo de variação deste ângulo está entre 30 e 90º ; o valor usual é 75º . Ângulo cs - é o ângulo formado entre a projeção da aresta lateral de corte sobre o plano de referência e a direção de avanço medido no plano de referência; sua principal função é controlar o acabamen- to; no entanto, deve-se lembrar que o acabamento superficial tam- bém depende do raio da ferramenta. A soma dos ângulos c , e e cs, medidos no plano de referência, é igual a 180º. c + e + cs = 180º Ângulo de inclinação da aresta cortante l É o ângulo formado entre a aresta principal de corte e sua projeção sobre o plano de referência medido no plano de corte. Tem por finali- dade controlar a direção do escoamento do cavaco e o consumo de potência, além de proteger a ponta da ferramenta e aumentar seu tempo de vida útil; o ângulo de inclinação pode variar de -10 a + 10º; em geral, l = -5º . Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 25 Ângulo l negativo - é usado nos trabalhos de desbaste e em cortes interrompidos de peças quadradas, com rasgos ou com ressal- tos, em materiais duros, quando a ponta da ferramenta for a parte mais baixa em relação à aresta de corte. Nesta situação, o cavaco se apresenta sob forma helicoidal a contínua. Ângulo l positivo - diz-se que l é positivo quando a ponta da ferramenta em relação à aresta de corte for a parte mais alta; é usa- do na usinagem de materiais macios, de baixa dureza. Nesta situa- ção, o cavaco se apresenta sob forma helicoidal contínua. Ângulo l neutro - diz-se que l é neutro quando a ponta da ferramenta está na mesma altura da aresta de corte; é usado na usinagem de materiais duros e exige menor potência do que l positi- vo ou negativo. O cavaco se apresenta espiralado e contínuo, situa- ção em que um grande volume pode ocasionar acidentes. Ângulos em função do material Experimentalmente, determinaram-se os valores dos ângulos para cada tipo de material das peças; os valores de ângulo para os mate- riais mais comuns encontram-se na tabela. Ângulos recomendados em função do material ÂngulosMaterial a b g Aço 1020 até 450N/mm2 Aço 1045 420 a 700N/mm2 Aço 1060 acima de 700N/mm2 Aço ferramenta 0,9%C Aço inox FoFo brinell até 250HB FoFo maleável ferrítico brinell até 150HB FoFo maleável perflítico brinell de 160HB a 240HB Cobre, latão, bronze (macio) Latão e bronze (quebradiço) Bronze para bucha Alumínio Duralumínio 8 8 8 6 a 8 8 a 10 8 8 8 8 8 8 10 a 12 8 a 10 55 62 68 72 a 78 62 a 68 76 a 82 64 a 68 72 55 79 a 82 75 30 a 35 35 a 45 27 20 14 14 a 18 14 a 18 0 a 6 14 a 18 10 27 0 a 3 7 45 a 48 37 a 45 Duroplástico Celeron, baquelite Ebonite Fibra 10 15 10 80 a 90 75 55 5 0 25 Termoplástico PVC Acrílico Teflon Nylon 10 10 8 12 75 80 a 90 82 75 5 0 0 3 Além dos ângulos, também as pontas de corte são arredondadas em função do acabamento superficial da peça; o raio é medido no plano de referência da ferramenta. Alguns valores, em função do material da ferramenta, são: aço rápido: re = 4x s; ou re ³ p 4 ; metal duro: s < 1,0mm/r Þ re = 1mm s ³ 1,0mm/r Þ re = s onde re Þ raio da ponta da ferramenta s Þ avanço p Þ profundidade mm/r Þ unidade de avanço A posição da aresta principal de corte indica a direção do avanço; segundo a norma ISO 1832/85, a ferramenta pode ser direita, repre- sentada pela letra R (do inglês ?right?), esquerda, representada pela letra L (do inglês ?left?), ou neutra, representada pela letra N. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 26 Ferramentas de Corte para Torno As ferramentas de corte para torno podem ser classificadas em ferramentas de desbastar, facear, sangrar, tornear interno, alisar, formar e roscar. São basicamente as mesmas, tanto para torneamen- to externo como para interno. 1. cortar 2. cilindrar à direita 3. sangrar 4. alisar 5. facear à direita 6. sangrar com grande dimensão 7. desbastar à direita 8. cilindrar e facear à esquerda 9. formar 10. roscar As ferramentas para tornear internamente podem ser de corpo único, com pastilhas soldadas ou com insertos. Podem ser utilizadas nas operações de desbaste ou de acabamento, variando os ângulos de corte e a forma da ponta. 1. desbastar 2. alisar 3. sangrar 4. formar 5. roscar 6. tornear com haste Ferramenta de desbastar Remove o cavaco mais grosso possível, levando-se em conta a resistência da ferramenta e a potência da máquina. O desbaste pode ser feito à direita ou à esquerda, com ferramenta reta ou curva, po- dendo ser de aço rápido, carboneto metálico soldado ou intercambiá- vel. Ferramentas para desbastar de aço rápido Ferramentas para desbastar de carboneto metálico soldado. Ferramentas para desbastar de carboneto metálico intercambiável. Ferramenta de facear Empregada para desbastar e para fazer acabamento, pode ser curva ou reta; o trabalho pode ser feito do centro para a periferia, da perife- ria para o centro, à esquerda e à direita. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 27 Ferramenta de sangrar A ferramenta para sangrar é o bedame, que corta o material perpen- dicularmente ao eixo de simetria da peça, no sentido de fora para dentro, formando canais. É usada na fabricação de arruelas, polias, eixos roscados e canais para alojar anéis de trava ou de vedação e saídas de ferramentas. O bedame também pode ser usado para separar um material do corpo da peça; quando utilizado para cortar, o bedame deve ter uma ligeira inclinação na aresta de corte, para evitar que a rebarba fique presa à peça. A relação de medida entre a parte útil b e a aresta de corte a varia aproximadamente de 4:1 até 5:1; essa relação pode ser exemplifica- da pelo quadro, que mostra uma aresta do bedame a = 3,8mm para uma peça de aço 400N/mm2 , com diâmetro de 45mm. Uma outra maneira de cortar com bedame é afiá-lo com um grande raio na aresta de corte, de modo a não aumentar o esforço de corte; nesta situação, o cavaco se apresenta em forma de arco, o que facilita sua saída do canal devido a uma compressão lateral; podem- se utilizar velocidades de corte maiores porque o cavaco não atrita com as pa redes laterais da ranhura. A abundância de fluido na região de corte é fundamental para a refrigeração da peça e da fer- ramenta, além de facilitar a expulsão do cavaco. Aplica-se esse tipo de corte em bedame com até 3mm de largura. Para a execução de canais em peças cilíndricas, como por exemplo na saída de ferramentas, as dimensões e a forma das ranhuras são padronizadas com a finalidade de aumentar a vida útil da peça e da ferramenta. As normas que padronizam a forma e as dimensões de saída para ferramentas e rebolos são a NBR 5870 e DIN 509. As ferramentas são normalmente afiadas com raios e ângulos em con- cordância. Saída de rosca conforme a NBR 5870 Saída de rebolo conforme a DIN 509 Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 28 Ferramenta para tornear interno Utilizada para torneamento interno de superfícies cilíndricas, cônicas, faceadas ou perfiladas. Ferramenta de formar Empregada para tornear peças de perfil variado; usam-se ferramen- tas cujas arestas de corte têm a mesma forma do perfil que se deseja dar à peça. Ferramenta de roscar Utilizada para fazer rosca na peça; é preparada de acordo com o tipo de rosca que se deseja executar. Fixação e ajustagem da ferramenta de tornear O posicionamento e a rigidez da fixação da ferramenta influenciam a vida útil e, em conseqüência, a produtividade da ferramenta. A posi- ção influi nos ângulos a e g, que, por sua vez, influem na formação do cavaco e, conseqüentemente, na força de corte. A posição correta da porta da ferramenta deve coincidir com o centro geométrica da peça. As ferramentas de corte podem ser presas no torno de duas manei- ras: diretamente no porta-ferramentas do carro superior ou por meio de suporte que, por sua vez, é fixado no porta-ferramentas. Ao fixar a ferramenta, deve-se observar se é necessário colocar um ou mais calços de aço para obter a altura desejada daferramenta. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 29 Os ângulos a, b e g devem ser conservados quando se fixam ferra- mentas nos diferentes tipos de porta-ferramentas. Para que uma ferramenta seja fixada rigidamente, é necessário que sobressaia o menos possível do porta-ferramentas, ou seja, o balan- ço b deve ser o menor possível, para evitar a flexão da ferramenta que pode provocar alterações na rugosidade e nas dimensões da peça. O valor do ângulo formado pela aresta de corte da ferramenta com a superfície a cortar é variável, conforme a operação. Assim, em ope- ração de desbastar, o ângulo c pode variar de 30º até 90º, conforme material. Quanto maior a resistência do material, menor será o ângu- lo. Em operação de facear, o ângulo pode variar de 0 a 5º FURADEIRA Furadeira é uma máquina-ferramenta que permite executar opera- ções como furar, roscar com machos, rebaixar, escarear e alargar furos. Essas operações são executadas pelo movimento de rotação e avanço das ferramentas fixadas no eixo principal da máquina. O movimento de rotação é transmitido por um sistema de engrena- gens ou de polias, impulsionados por um motor elétrico. O avanço é transmitido por um sistema de engrenagem (pinhão e cremalheira) que pode ser manual ou automático. Tipos de furadeiras A escolha da furadeira está relacionada ao tipo de trabalho que será realizado. Assim, temos: · furadeira portátil; · furadeira de bases magnética; · furadeira de coluna; · furadeira radial; · furadeira múltipla; · furadeira de fusos múltiplos. A furadeira portátil é usada em montagens, na execução de furos de fixação de pinos, cavilhas e parafusos em peças muito grandes como turbinas e carrocerias, quando há necessidade de trabalhar no pró- prio local devido ao difícil acesso de uma furadeira maior. Esse tipo de furadeira também é usado em serviços de manutenção para a extração de elementos de máquinas tais como parafusos e prisioneiros. Pode ser elétrica e também pneumática. A furadeira de coluna tem esse nome porque seu suporte principal é uma coluna na qual estão montados o sistema de transmissão de movimento, a mesa e a base. A coluna permite deslocar e girar o sistema de transmissão e a mesa, segundo o tamanho das peças. A furadeira de coluna pode ser: Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 30 Furadeira de coluna de piso a-) de bancada (também chamada de sensitiva, porque o avanço da ferramenta é dado pela força do operador) - tem motores de pequena potência e é empregada para fazer furos de até 15 mm de diâmetro. A transmissão do movimento é feita por meio de sistema de polias e correias. Alavanca de avanço manual Furadeira de coluna de bancada b) de piso - geralmente usada para a furação de peças grandes com diâmetros maiores do que os das furadeiras de bancada. Possui uma mesa giratória que permite maior aproveitamento em peças com formatos irregulares. Apresenta, também, mecanismo para avanço automático do eixo árvore. Normalmente a transmissão de movimen- to é feita por engrenagens. A furadeira radial é empregada para abrir furos em peças pesadas volumosas e difíceis de alinhar. Possui um potente braço horizontal que pode ser abaixado e levantado e é capaz de girar em torno da coluna. Esse braço, por sua vez, contém o eixo porta-ferramenta que também pode ser deslocado horizontalmente ao longo do braço. Isso permite furar em várias posições sem mover a peça. O avanço da ferramenta também é automático. A furadeira múltipla possui vários fusos alinhados para executar operações sucessivas ou simultâneas em uma única peça ou em diversas peças ao mesmo tempo. É usada em operações seriadas nas quais é preciso fazer furos de diversas medidas. A furadeira de fusos múltiplos é aquela na qual os fusos trabalham juntos, em feixes. Cada um dos fusos pode ter uma ferramenta dife- rente de modo que é possível fazer furos diferentes ao mesmo tempo na mesma peça. Em alguns modelos, a mesa gira sobre seu eixo central. É usada em usinagem de uma só peça com vários furos, como blocos de motores, por exemplo, e produzida em grandes quantidade de peças seriadas. Partes da furadeira de coluna As principais partes de uma furadeira de coluna são: motor, cabeçote motriz, coluna, árvore ou eixo principal, mesa porta-peças e base. O motor fornece energia que impulsiona o sistema de engrenagens ou de polias. Tecnologia Mecânica - I 1o Ciclo de Mecânica 31 O cabeçote motriz é a parte da máquina na qual se localiza o sistema de engrenagens ou polias e a árvore (ou eixo principal). O sistema de engrenagens ou polias é responsável pela transformação e seleção de rotações transmitidos à árvore ou eixo principal. A árvore (ou eixo principal), montada na cabeça motriz, é o elemento responsável pela fixação da ferramenta diretamente em seu eixo ou por meio de um acessório chamado de mandril. É essa árvore que transmite o movimento transformado pelo sistema de engrenagens ou polias à ferramenta e permite que esta execute a operação dese- jada. A coluna é o suporte da cabeça motriz. Dispõe de guias verticais sobre as quais deslizam a cabeça motriz e a mesa porta-peça. A mesa porta-peça é a parte da máquina onde a peça é fixada. Ela pode ter movimentos verticais, giratórios e de inclinação. A base é o plano de apoio da máquina para a fixação no piso ou na bancada. Pode ser utilizada como mesa porta-peça quando a peça é de grandes dimensões. O movimento de avanço de uma broca ou de qualquer outra ferra- menta fixada no eixo principal da furadeira de coluna pode ser execu- tado manual ou automaticamente. As furadeiras com avanço manual são as mais comuns. Nessas furadeiras, o avanço é controlado pelo operador, quando se executa trabalhos que não exigem grande precisão. As furadeiras de coluna de piso, radiais, múltiplas e de fusos múlti- plos têm avanço automático. Isso permite a execução de furos com melhor acabamento. Elas são usadas principalmente na fabricação de motores e máquinas. Manuseio da furadeira Para obter um bom resultado nas operações com a furadeira, a ferramenta deve estar firmemente presa à máquina a fim de que gire perfeitamente centralizada. A peça, por sua vez, deve estar igual- mente presa com firmeza à mesa da máquina. Se o furo a ser executado for muito grande, deve-se fazer uma pré furação com brocas menores. Uma broca de haste cônica não deve jamais ser presa a um mandril que é indicado para ferramentas de haste cilíndrica paralela. Para retirar a ferramenta deve-se usar unicamente a ferramenta adequada. BROCAS A broca é uma ferramenta de corte geralmente de forma cilíndrica, fabricada com aço rápido, aço carbono, ou com aço carbono com ponta de metal duro soldada ou fixada mecanicamente, destinada à execução de furos cilíndricos. Essa ferramenta pode ser fixada em máquinas como torno, fresado- ra, furadeira, mandriladora. Nos tornos, as brocas são estacionárias, ou seja, o movimento de corte é promovido pela peça em rotação. Já nas fresadoras, furadei- ras e nas mandriladoras, o movimento de corte é feito pela broca em rotação. A broca do tipo helicoidal de aço rápido é a mais usada em mecâni- ca. Por isso, é preciso conhecer suas características de construção e nomenclatura. As brocas são construídas conforme a norma NBR 6176. A nomen- clatura de suas partes componentes e seus correspondentes em termos usuais em mecânica estão apresentados
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