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Apostila Farmacologia

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Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Apostila de 
Farmacologia I 
UNESA
2016
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Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Professora Débora
Aula fev / 2016 
Bases Teóricas da Farmacocinética
Introdução: Qual a diferença entre farmacocinética e a farmacodinâmica?
Farmacocinética: é como organismo age na droga que foi administrada. Ou seja, como o 
organismo se manifesta na droga. ‘’Primeiramente foi definida como o movimento das drogas 
através do organismo. Estudo quantitativo e cronológico dos processo metabólicos da 
absorção, distribuição, biotransformação e eliminação das drogas. Em outras palavras, é o que o 
organismo faz com a droga.’’ (slide) 
Quando a droga é administrada, ela atinge a circulação sistêmica e se distribui para diversos 
órgãos do corpo. Essa distribuição faz com que ela se ligue a diferentes órgãos, e tenha 
comportamentos diferentes nos mesmos. A droga liga-se predominantemente aos seus sítios 
efetores (órgãos alvos) para exercer sua função. No entanto, ela não se liga a apenas aos seus 
sítios efetores; porém também, pode-se ligar em outros órgãos - que não sãos os efetores, os 
quais, causam os denominados efeitos adversos. Ademais, os medicamentos circulantes no 
organismo ligam-se a órgãos onde serão metabolizados, depurados e excretados. Ou seja, não é 
em todos os órgãos em que a droga estará disponível no organismo. Deve-se avaliar: o quanto 
efetivamente a droga atinge o sítio efetor para exercer sua função, o quanto da droga é 
metabolizada e o quanto causa efeitos adversos. (melhor explicado mais a frente) 
Exemplo.: algumas drogas sofrem excreção renal e hepática. Drogas que sofrem excreção renal, 
como antibióticos, eventualmente são necessário realizar ajustes de drogas em pacientes com 
IRC. Ou àquelas que sofrem metabolização hepática, também é necessário ajustar a dose com 
pacientes portadores de insuficiência hepática. Ajuste de dose: reduzir a dose ou aumentar o 
intervalo das drogas para que não haja um efeito adverso em resultado à toxicidade da droga 
(aumento da quantidade sérica).
Farmacodinâmica: como a droga administrada age no organismo. Ou seja, relaciona-se com 
efeitos das ligações em seus receptores, proteínas que se ligam, etc.; como elas agem e 
interferem do organismo. 
Exemplo.: drogas que atuam no SNAS. Quais receptores essas drogas se ligam no organismo, e 
quais os resultados da ligação a esses receptores. A noradrenalina se liga predominantemente ao 
receptor alfa, principalmente os r-alfa localizados nos vasos sangüíneos. A ativação desses 
receptores gera uma resposta de aumento da resistência vascular sistêmica, vasoconstricção, e 
consequentemente, um aumento da pressão sangüínea. 
Importância da Farmacocinética
Entre as aplicações práticas da farmacocinática podem ser citadas as seguintes: 
1) Usada para determinar a posologia adequada de acordo com:
- Forma farmacêutica (suspensão, cápsula, comprimido, injeção, etc.). 
- Dose indicada no caso clínico. 
- Intervalo entre as doses. 
- Via de administração: a dose varia de acordo com a via de administração. 
obs.: quando o fármaco é intravenoso, ele atinge um pico de concentração sérica assim que é 
administrado na veia. Diferente da via enteral, a qual o pico de concentração sérica do fármaco 
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não é imediato. Há um tempo de pico. Há uma curva relacionada com a absorção do fármaco e 
o decréscimo da curva relaciona-se com a depuração e excreção do mesmo. 
2) Reajuste da posologia, quando necessário de acordo com a resposta clínica. 
3) Interpretação de resposta inesperada ao medicamento, como por exemplo, ausência de 
efeito terapêutico ou presença de efeitos colaterais pronunciados. 
obs.: Efeito terapêutico = aquele desejado ao administrar o fármaco; Ou seja, o que ocorre no 
órgão alvo, no sítio efetor. Efeito adverso = efeito da droga quando ligado a sítios indesejáveis. 
4) Melhor compreensão da ação das drogas, pois a intensidade e a duração dos efeitos 
terapêuticos e tóxicos das drogas dependem da absorção, distribuição, metabolismo e excreção 
do fármaco. 
5) Posologia em situações especiais, como por exemplo, em pacientes com IRC, em 
hemodiálise ou em diálise peritoneal no tratamento de intoxicação aguda por medicamentos.
6) Pesquisa de aspectos da farmacocinética clínica dos medicamentos, como meia vida, 
clearence renal, etc. (FALTA)
(esquema do quadro)
Independente da via de administração, assim que o fármaco é administrado, ele sofre etapas. A 
primeira etapa é a absorção. Nessa etapa, determinada concentração de fármaco (dose) atinge 
o compartimento central. Ou seja, denominamos de compartimento central a circulação 
sistêmica, o plasma sanguíneo. Dessa forma, a droga atinge a circulação sistêmica na sua forma 
livre, não está ligado a nenhuma proteína plasmática. De acordo com as propriedades de cada 
fármaco, o mesmo pode sofrer uma dissociação, levando a formação de compostos mais polares 
ou menos polares*, e ou se ligar a proteínas plasmáticas. Como por exemplo a albumina e alfa-1-
proteinase. Estas proteínas plasmáticas são capazes de se ligar ao fármaco livre e transportá-los 
para diversos locais. Dessa maneira, parte do fármaco que foi absorvido se liga a proteínas 
plasmáticas, e outra parte do fármaco continua livre na circulação sistêmica (compartimento 
central). 
Esse fármaco será distribuído para todos os órgãos e sistemas do corpo. Inicialmente, essa 
distribuição se inicia pelos órgãos mais vascularizados: coração, cérebro, pulmão e rins. Em 
um segundo momento, o fármaco irá atingir os órgãos menos nobres e menos vascularizados: 
tecido adiposo, pele, etc. Dessa forma, ao ser distribuído pelos sistemas, o fármaco irá atingir 
seus órgãos alvos, os sítios efetores, onde irão exercer o efeito desejado. 
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Exemplo: Beta-bloqueadores. São fármacos que atinge receptores beta 1 e beta 2 do coração. Ao 
atingir os beta 1 cardíacos, esse fármaco os bloqueia controlando a FC (efeito esperado). Ou 
seja, a ligação ao receptor beta 1 é desejável a esse fármaco. Outra parte do fármaco distribuída 
liga-se a receptores beta 2 do trato respiratório da musculatura brônquica; diminui a 
broncodilatação. Esse efeito em pacientes asmáticos pode desencadear uma crise asmática, e 
passaria a ser um exemplo de efeito adverso. 
Outro fator importante ligado à distribuição é que os fármacos podem se ligar ao tecido 
adiposo, como já citado. Os medicamentos mais lipossolúveis, o tecido adiposo pode funcionar 
como um reservatório do fármaco e ser prejudicial, dependendo do peso e da massa corporal. 
Pois a droga que está no reservatório pode sofrer recirculação e agravar os efeitos adversos. O 
fármaco será redistribuído conforme a concentração sérica. O impacto será diferente de 
paciente para paciente. Em pacientes obesos, o fármaco mais lipossolúvel tende a se acumular 
na reserva de tecido adiposo extra que esses pacientes possuem. 
obs.: todos fármacos irão ter um tecido reservatório. A diferença é o quanto aquele fármaco 
consegue ser armazenado (de acordo com suas características físico-químicas). 
obs.: o tecido reservatório mais clássico é o tecido adiposo. Mas pode ser qualquer um do 
organismo: hepático, pulmonar, etc. Desde que não seja o tecido alvo. 
Exemplo: na anestesia geral inalatória de obesos, eventualmente, se não desligar o gás 
anestésico um pouco antes da cirurgia terminar o paciente demora mais a acordar em relação a 
uma pessoal magra. Porque o tecido adiposo funciona como um reservatório para o fármaco 
redistribuindo todo o anestésico inalatório que foi armazenado na circulação sanguínea. 
Além disso, os fármacos passam pelo processo de depuração e metabolização. Os fármacos ao 
atingirem a circulação hepática, sofrem o processo de biotransformação.Esse processo é 
dividido em duas fases; a fase 1 degrada o fármaco em compostos iônicos polares, onde vão ser 
eliminados pelos rins. E a fase 2 leva a . É um processo de equilíbrio dinâmico. 
A principal via de excreção é pelos rins. Ocorre o processo de depuração hepática e excreção 
renal. 
obs.: os fármacos se ligam mais facilmente aos seus receptores em sua forma livre, ou seja, na 
forma não ligada a proteína plasmática. Exercem sua função de modo mais fácil. Logo, quanto 
maior a ligação ao fármaco à proteínas plasmáticas, menor será a biodisponibiliade da droga 
para ela exercer o efeito desejável. Quando maior a concentração livre do fármaco, maior a 
biodisponibilidade, maior aumento também dos efeitos adversos.
Exemplo: pacientes cirróticos ou oncológicos, os quais tem uma redução da concentração de 
determinadas proteínas plasmáticas. Esses pacientes, por terem as proteínas de ligação a 
fármacos diminuídas, a tendência é que a fração livre do fármaco aumente. E 
consequentemente tem um maior risco de ter toxicidade e de ter efeitos adversos. 
Propriedades Físico-Químicas
Influenciam na farmacocinética de acordo com a capacidade do fármaco de ionizar ou não, o 
pH da solução, e o PKA de cada fármaco. 
A passagem do fármaco pelas células é facilitada de acordo com a lipossolubilidade do fármaco 
e também com a fração ionizável ou não ionizável do fármaco. Eles podem ser básicos ou 
ácidos. Sofrem dissociação química. 
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obs.: Os fármacos que conseguem atravessar a membrana plasmática com mais facilidade são 
não ionizáveis, não dissociados e lipossolúveis; penetram com maior facilidade na célula. 
Exemplo: anestésicos locais. Cada anestésico local tem um PKA diferente; a fração não 
ionizável varia conforme o pH do meio. Isso faz com que haja uma diferença de ação quando 
aplica-se lidocaína em tecido inflamados e infectados, para os tecidos normais. Tecidos 
infectados possuem pH alterado. Dessa forma, pode contribuir para diminuir a concentração 
não ionizável da lidocaína e dificultar a passagem não ionizável formada de lidocaína para o 
tecido nervoso. 
O efeito do fármaco é resultado da sua ligação com o receptor da membrana plasmática . Os 
receptores estão localizados entre os lipídeos da bicamada fosfolipídica. São as proteínas 
transmembranas. Uma vez administrado, o fármaco exerce seu efeito quando se liga a 
receptores dos órgãos alvo, no entanto, essa ação não é direta. 
O fármaco é: 
1 - Absorvido;
2- Circ. sistêmica;
3- Distribuído a todos os órgãos;
4- Órgãos alvo - se liga à receptores sítios alvo;
5- Efeitos adversos;
6- Possíveis reservatórios; 
7- Atinge a circulação hepática; Onde gera metabólitos ativos e inativos. A maioria são 
metabólitos inativos. No entanto, pode gerar metabólitos ativos com atividade maior do que o 
fármaco administrado. Exemplo.: morfina. Quando administrada na corrente sangüínea sofre 
metabolização hepática. O metabólito gerado é ativo e, eventualmente, mais ativo do que a 
própria morfina administrada.
8- Metabólitos ativos ou inativos são excretados pelo rins. obs.: os rins possuem mais facilidade 
em excretar formas polares. 
Equilíbrio Dinâmico: quando diminui a concentração livre do fármaco por causa da 
distribuição, tende-se a ter um novo equilibro, e reservatórios residuais tendem a redistribuir o 
fármaco de volta para a corrente sangüínea. 
1) Absorção: está diretamente relacionada com a via de administração.
2) Distribuição: relacionada com a vascularização dos tecidos. 
3) Biotransformação: processo de metabolismo hepático.
4) Eliminação: principal via de excreção e de diminuição da concentração sérica das drogas.
Absorção
Tem por finalidade transferir o fármaco do lugar onde é administrado para os fluidos 
circulantes, representados especialmente pela corrente sanguínea. 
A velocidade de absorção de um fármaco está estreitamente relacionada ao tempo necessário 
para que o mesmo atinga o seu nível plasmático efetivo. Seu pico maior ocorre logo que o 
fármaco é administrado. A medida que ele vai sendo distribuído, biotransformado e excretado, 
sua concentração diminui. 
obs.: dependendo da via de administração do fármaco, o mesmo pode haver um decréscimo 
inicial na sua concentração, até que atinge um pico plasmático, e conforme vai sendo 
distribuído pelos tecidos do organismo, e excretado, há um decréscimo da sua concentração. 
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Ou seja, há uma relação direta com o pico efetivo plasmático da droga e com sua via de 
administração. Ou seja, não obrigatoriamente o pico da droga coincide coma hora que foi a 
mesma foi tomada. 
Absorção depende de:
- Solubilidade;
- Grau de ionização;
- Tamanho e forma da molécula;
- Estereoquímica; 
- Membranas biológicas. 
Mecanismos de Transporte Através de Membranas
Algumas drogas sofrem transporte ativo, outras de transporte passivo, ou difusão. O 
mecanismo mais clássico: ligação do fármaco à proteínas transmembranas. 
Absorção das Drogas de Acordo com a Via de Administração 
- Lipofilicidade: coeficiente de partição. Afinidade da droga pela gordura. 
- Coeficiente de ionização: pKa.
Lipofilicidade: é definida pelo coeficiente de partição de uma substância entre a fase aquosa e 
fase orgânica. Ou seja, a relação entre a fase aquosa (lipofílica) e a concentração orgânica (fase 
lipossolúvel). 
K = Corg/Caq
obs.: drogas com afinidade maior pelo tecido gorduroso atingem mais rápido o meio 
intracelular, logo, agem mais rápido nos sítios efetores. 
Coeficiente de Ionização 
- Equação de Henderson - Hasselbach. 
pKA = pH - log. 
Drogas administradas no pH fisiológico (em torno de 7,4), sofrem dissociação conforme seu 
pKA. Dependendo do pKA, aumenta-se a concentração ionizada da droga no sangue ou a 
fração não ionizada. As drogas que tem concentração não ionizada, no meio com pH 
fisiológico, possuem maior facilidade de atravessar membranas plasmáticas e atingir o meio 
intracelular. 
Locais de Absorção 
obs.: Via enteral X parenteral. 
1) Trato gastrointestinal (via oral):
- Mucosa bucal: veia jugular, drogas fogem do fígado, suco gástrico. (adm. sublingual - vantagem 
em relação a adm. oral porque essas drogas podem ser absorvidas pelas veias sublinguais e 
atingirem diretamente a circ. sistêmica diminuindo o metabolismo de 1 passagem). Ex.: 
nicotina, cocaína, esteroides. 
- Mucosa gástrica: água, pequenas moléculas, drogas de natureza ávida fraca. Ex.: aspirina e 
fenobarbital.
- Mucosa do ID: principal e mais extensa. Todos os tipos de transporte atuam nessa região. 
- Mucosa retal: as drogas fogem do fígado, sangue vai direto pro coração.
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A via enteral sofre ação do pH do estômago podendo parte da droga ser degradada no mesmo. 
Ou mesmo, a droga pode ter uma absorção mínima no estômago. A maioria das drogas 
administradas por via oral são absorvidas grande parte pelo intestino delgado. Dessa forma, a 
droga é absorcida na circulação enteroepática e sofre o efeito de metabolismo de 1 
passagem. Ou seja, todas as drogas administradas por via oral sofrem o metabolismo de 1 
passagem. 
Metabolismo de primeira passagem: é quando ocorre uma degradação inicial da droga antes de 
atingir o compartimento central (circulação sistêmica). Ou seja, a droga absorvida no intestino 
delgado, cai na circulação enteroepática, atinge a circulação porta e o sistema hepático, e sofre 
uma metabolização, antes de atingir o sistema sanguíneo. Isso faz com que a maioria das drogas 
que são de via oral não atingem a circulação sistêmica na mesma dose em que foram 
administradas. Ou seja, a biodisponibilidade é reduzida (diminui-se a concentração sérica). 
Diferente da via endovenosa em que não ocorre esse metabolismo de 1 passagem, visto que 
todadroga administrada atinge diretamente a corrente sangüínea. 
 
Facilidades de adm.:
Pela via oral:
- Posologia;
- Paciente aceita melhor; 
- Concentração sérica tende a não ter um pico agudo como nas vias parenteral. Curva de 
concentração sérica é mais lenta. 
- Principal via de adm. da maioria dos fármacos. 
Sublingual: 
- Absorção direta pelo plexo sublingual as quais drenam para veia cava exercendo sua função no 
compartimento central (circulação sistêmica).
Retal: 
- Reduz o metabolismo de 1 passagem. 
- Mais fácil para pacientes pouco cooperativos. 
- 50% da dose administrada é capaz de fazer by pass (pular) do metabolismo de 1 passagem. 
Porque parte do fármaco é absorvido direto na corrente sangüínea. 
Locais de Absorção 
- Pele. Ex.: PET. Adesivos de absorção transcutânea. 
- Região subcutânea e intramuscular.
- Mucosa genitourinária. Ex.: pomadas via vaginal. 
- Mucosa conjuntival. Ex.: colírios.
- Peritônio.
- Medula óssea.
Via Enteral 
1) Oral
Administração de fármacos pela boca é a mais comum. Entretanto é a mais variável e envolve o 
trajeto mais complicado de acesso aos tecidos. Maior parte da absorção acontece no intestino 
delgado. 
2) Sublingual
Colocação sob a língua permite ao fármaco difundir-se para a trama capilar mucosa e assim 
passar diretamente para a circulação sistêmica. 
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3) Retal 
50% da drenagem da região retal contorna a circulação porta, assim, a biotranformação 
hepática de fármacos é mínima. Usada em pacientes vomitando e pacientes incapazes de tomar 
por via oral. Ex.: diazepan em crianças com epilepsia. 
Via Parenteral 
A administração parenteral é usada para fármacos que são de difícil absorção pelo TGI e para 
agentes como a insulina que são instáveis no TGI (esta via evita o TGI).
1) Subcutânea
Ex.: Cápsulas com contraceptivos, bombas de liberação de insulina.
2) Intramuscular
Veículo aquoso ou com etileno-glicol ou óleo de amendoim. 
3) Intravascular ou Intravenoso
Mais rápida via de adm. ter cuidado coma velocidade de aplicação pois pode ser letal. 
4) Intratecal ou Intraventricular
Insere o fármaco diretamente no liquido céfalo-raquidiano. Ex.: em casos de leucemia. Alguns 
fármacos possuem dificuldade em atravessar a barreira hematoencedálica. Ex.: anestesia 
subaracnóide (raquianestesia); quimioterápicos. 
Outras Vias 
1) Inalatórias
- Uso de broncodilatadores (salbutamol) e glicocorticóides (beclometazona). Gera um pico 
maior de concentração sérica da droga. 
2) Intranasal 
Ex.: cocaína, desmopressina para tratamento de diabetes insipidus. 
Trato Respiratório
- Mucosa nasal Ex.: cocaína e heronina. 
- Mucosa traqueal e brôquica. 
- Alvéolos pulmonares. É uma membrana biológica de fácil travessia, grande superfície de 
absorção, rica vascularização sangüínea. Pode ser comparável com a administração intravenosa. 
obs.: ACLS - quando o paciente está numa parada cardíaca e não tem acesso periférico, pode -
se administrar a droga por via traqueal (prevê doses maiores).
3) Tópica 
Timolol (gotas oculares) para tratamento de glaucoma. Cuidado: pode provocar 
broncoespasmos em pacientes com asma (efeitos adversos).
4) Transdérmica
Droga é incorporada num emplastro com fita adesiva e aplicado na área de pele fina. Ex.: 
estrogênio.
obs.: a via com maior biodisponibilidade é a IV porque administração é feita diretamente no 
compartimento central. Dose tende a ser menor do que a dose comparável do mesmo fármaco 
por outras vias. 
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Distribuição 
Depois de administrada e absorvida, a droga é distribuída, isto é, transportada pelo sangue e 
outros fluidos a todos os tecidos do corpo. Apesar de ser um todo funcional, o organismo 
divide-se em diferentes compartimentos bem delimitados pelas membranas biológicas. 
Podemos de um modo geral observar duas etapas sucessivas de distribuição:
1) Fase inicial: medicação distribuída para os órgãos nobres vastamente irrigados: coração, 
fígado, rins, cérebro, e outros órgãos altamente perfundidos. 
2) segunda fase: medicação distribuída para os demais compartimentos corporais: músculos, 
vísceras, pele e gordura. 
Fatores que Modificam a Distribuição
a) Propriedades físico químicas das substâncias: hidrossolubilidade, lipossolubilidade, grau de 
ionização. 
b) Nível de proteínas plasmáticas: fármaco livre é o capaz de se distribuir para os tecidos, de 
atravessar a mem. plasmática e fazer seu efeito. 
c) Maior grau ou menor grau de vascularização dos tecidos: tecidos mais vascularizados 
recebem o fármaco primeiro.
d) Composição aquosa e lipídica dos órgãos e tecidos: relação direta com a solubilidade do 
fármaco. 
e) Capacidade de biotransformação do organismo. 
Volume de Distribuição ou Volume Aparente de Distribuição:
É o volume hipotético de líquido no qual o fármaco está contido. 
Compartimentos Hídricos do Organismo:
- Compartimento plasmático: 4L para adulto de 70Kg.
- Líquido extracelular : 14L para adulto de 70Kg.
- Água total do organismo: 42L para adulto de 70Kg.
- Outros locais : gravidez, tiopental armazenado na gordura.
- Volume real de distribuição = 40 a 42L de água.
“É o volume que seria necessário no organismo para uma droga atingir determinada 
concentração sanguínea. Não necessariamente reflete um valor fisiológico (volume hipotético). 
Tanto pode ser menor que o volume plasmático, quanto maior que o volume do próprio 
organismo; variando de droga para droga e em cada paciente. É um fator matemático 
relacionado com a quantidade de droga no organismo e a concentração desta em um 
compartimento, que geralmente é o plasma”
“Em outras palavras, é o volume necessário de sangue para atingir determinada concentração 
plasmática da droga. Ou seja, ao administrar um fármaco, ele sofre uma distribuição para 
outros compartimentos, fora o compartimento central, como já estudado. Conforme a 
distribuição ocorre, atinge-se uma concentração determinada sérica da droga. Se todo o 
fármaco ficasse concentrado na circulação sanguínea e não fosse distribuído, essa concentração 
sérica seria diferente de quando o mesmo fosse distribuído. Dessa forma, o volume de 
distribuição tenta avaliar o volume total no qual o fármaco foi distribuído, tentando medir 
qual o volume em que a droga se distribui independente do sítio de ligação; onde ela se liga: 
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gordura, pele, pulmão, etc. É um volume virtual, e não real, ou seja, não é um valor fisiológico, 
pois não bate com o volume real.”
VD = quantidade da droga no organismo/ concentração plasmática da droga
(slide)
Volume de Distribuição
- Volume aparente de distribuição = descreve a relação entre a quantidade de droga no corpo 
inteiro e a quantidade existente no plasma. Ex.; varfarina 0,1L/kg
- Aumenta-se o volume aparente de distribuição; aumenta-se a concentração tecidual da droga, 
em comparação com a do plasma.
- Deslocamento da droga das ligações proteicas: aumenta o volume aparente de distribuição das 
drogas deslocadas.
O volume de distribuição depende:
- Droga: lipossolubilidade, polaridade, ionização, ligação com proteínas.
- Paciente: idade, peso, tamanho corporais, hemodinâmcia, conc. de proteínas 
plasmáticas, patologias, genética.
Exemplo.: droga que se distribui amplamente pelos tecidos terá uma concentração sérica baixa 
porém um volume de distribuição alto. VD = alto, maior do que a própria volemia do paciente. 
Droga muito lipossolúvel. 
Exemplo.: droga mais concentrada no sangue, que não se distribui bem nos tecidos. VD= baixo 
ou próximo à volemia do paciente. 
A maioria da drogas são distribuídas de forma irregular/desigual pelo organismo. Algumas 
drogas (Digoxina) se distribuem e se ligam à tecidos extensamente, abaixando a concentração 
plasmática das mesmas, aumentando portanto o Volume deDistribuição Aparente.
Exemplo.: Digoxina
- Volume plasmático típico com 79 kg: 3L. 
- Volemia: 5,5L. Vol LEC: 12 litros.
- Volume total de líquido no organismo: 42L. 
- Concentração plasmática de 500mg de digoxina: +-0,7ng/ml. 
VD = 500mg/0,7 ng/ml = 0,8 ng/ml = 714, 285ml = 700litros. 
Se a droga não sofresse nenhuma distribuição seria necessário 700L de sangue para obter a 
concentração que foi administrada. 
obs.: drogas amplamente distribuídas e armazenadas nos compartimentos tendem a ter um alto 
volume de distribuição. 
Depósitos de Armazenamento - Reservatório de Drogas
São os locais onde a droga se acumula. É diferente do local de ação do fármaco. A substância 
armazenada fica em equilíbrio como a do plasma e é liberada à medida que a concentração 
plasmática reduz.
Principais Sítios de Armazenamento:
- Proteínas plasmáticas.
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- Reservatórios celulares: tecido adiposo, tecido ósseo, tecido conjuntivo. 
- Depósitos Menores: humor aquoso, endolinfa e líquidos articulares
Barreira hematoencefálica
- Difícil penetração da droga.
- Drogas apolares, lipossolúveis e de pequeno tamanho tendem a atingir melhor o SNC. 
Exemplo: anestésicos, analgésicos e tranquilizantes. 
- Usos: combate a infecção no SNC através de antimicrobianos. Drogas que precisam atingir o 
encéfalo - altera a atividade do SNC (anestésicos, hipnóticos). 
Barreira Placentária 
- Conjunto de tecidos entre a circulação materna e fetal. 
- Drogas lipofílicas, apolares de peso molecular inferior a 1.000. 
- Drogas que atravessam: tiopental, outros anestésicos, álcool, antibióticos, morfina e heroína. 
obs.: lembrar da amamentação, drogas que passam para o bebe via leite materno. 
Exemplo.: morfina durante o parto aumenta o risco do recém nascido ter uma depressão 
central cardiovascular ou respiratória caso a morfina passe pela barreira placentária. 
Exercício 
- Uma droga adm. de 10mg, com concentração plasmática de 20mg/l. O volume de distribuição 
seria de 500ml. 
- Uma droga com dose de 10mg, concentração plasmática = 2mg/l, precisaria de 5l de sangue de 
vol. de distribuição.
Fases do Metabolismo De Fármacos 
O metabolismo hepático pode gerar metabólitos inativos e ativos. Dividimos a 
biotransformação em duas fases: fase 1 - reações que geram compostos mais polares. , as 
quais consistem nas reações de hidroxilação, oxidação, desalquilação e desaminação. Grande 
parte é realizada pela enxima citocromoP450.
Seguida pela fase 2 de conjugação, na qual gera-se metabólitos que podem ser reabsorvidos pela 
circulação renal. Podem gerar compostos que serão excretados pela via renal ou reabsorvidos. 
Ou seja, a reações de metabolismo podem ser responsáveis pela diminuição da concentração 
sérica a medida que geram metabólicos inativos, os quais são eliminados. Como também pode 
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ser responsáveis por aumentar a concentração sérica pela geração de de compostos ativos, e 
pois serão reabsorvidos pelos túbulos renais. 


Metabolismos de fase I : convertem o fármaco original em um metabólito mais polar através de 
oxidação, redução ou hidrólise. O metabólito resultante pode ser farmacologicamente inativo, 
menos ativo ou, às vezes, mais ativo que a molécula original. Algumas drogas polares são 
conjugadas na sua forma original sem passarem por reações da Fase I.
Indução Enzimatica
Algumas das enzimas responsáveis pela fase 1: enzimas do citocromo p450 podem sofrer 
interferências enzimáticas e interações com outros medicamentos ou substâncias. Podem ser 
inibidas ou induzidas/ aumento do efeito das enzimas. 
O fígado pode sofrer processos de inibição enzimática, podendo ser capazes de diminuir a 
concentração sérica da droga ou aumentá-la. Isso depende se gera um metabólito ativo ou 
inativo. Se inibe uma enzima que gera metabólitos inativos, aumenta-se a concentração sérica 
do fármaco ativo. Por outro lado, se inibe uma enzim que gera um efeito ativo, aumenta a 
concentração sérica (FALTA) - verificar.
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A estimulação da atividade das enzimas microssomais por medicamentos e outras substâncias 
representa importante problema clínico. Drogas tais como analgésicos, anticonvulsivantes, 
hipoglicemiantes orais, sedativos e tranquilizantes estimulam a sua própria biotransformação e 
a de outras drogas.
Indução Enzimática Pode: 
- Aumenta a velocidade de biotransformação hepática da droga.
- Aumenta a velocidade de produção dos metabólitos.
 - Aumenta a depuração plasmática da droga.
- Diminui a meia-vida sérica da droga.
- Diminui as concentrações séricas da droga livre e total.
- Diminui os efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos.
- Um indutor pode estimular ativamente a síntese de uma enzima.
 
O citocromo P450 é rapidamente induzido por muitas drogas. Exemplos: hipnóticos, 
benzodiazepínicos. 
A inibição das enzimas microssomais:
- Diminui a velocidade de produção de metabólitos.
- Diminui a depuração total.
- Aumenta a meia vida da droga no soro.
- Aumenta as concentrações séricas da droga livre e total.
- Aumenta os efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos.
Inibidores da Biotransformação de drogas
- Exposição aguda ao etanol.
- Cloranfenicol e alguns outros antibióticos.
- Cimetidina. 
- Dissulfiram. 
- Propoxifeno.
 
Enzimas que Sofrem Interferência de Inibidores:
- Colinesterases, 
- Monoaminooxidase (MAO), 
- Aldeído Desidrogenase, 
- Álcool Desidrogenase 
- Citocromo P450. 
Variação das Enzimas Conforme a Idade dos Pacientes
Crianças quando nascem ainda não 
possuem o s i s tema d iges t i vo 
desenvolvido, e principalmente, as 
enzimas hepáticas. Os recém nascidos 
demoram em média 30dias a 6meses 
para normalizar essa função de 
metabolização no fígado. Além disso, 
o processo amadurecimento da 
fil t ração g lomer ular (excreção ) 
também é tardio, podendo gerar 
!13
Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
diminuição da taxa de filtração. Logo, a exreção renal tende a ser menor pela imaturidade do 
sistema. 
obs.: Em idosos, pode haver uma diminuição da taxa de filtração glomerular; e uma maior 
incidência de insfuciência hepática. 
Eliminação das Drogas
Eliminação = excreção e processos metabólicos que inativam a droga – ambos terminam com a 
ação da droga no organismo.. 
Vias de Eliminação
- Excreção Renal- principal via
- Excreção pelo sistema hepatobiliar
- Excreção pulmonar ( anestésicos gasosos)
- Suor (salicilatos), saliva (fenitoína), lágrimas, leite materno amiodarona, aspirina), fezes e 
secreção nasal. 
- Outra via: diálise – eliminação extracorpórea
- Ex.: Rifampicina – fezes / Digoxina
Eliminação Via Renal
- As drogas são, na sua maior parte, removidas do corpo através da urina, na forma inalterada 
ou como metabólitos polares (ionizados). 
- As substâncias lipofílicas (apolares) não são eliminadas suficientemente pelo rim. 
- As drogas lipofílicas são metabolizadas, em sua maioria, em produtos mais polares, que são, 
então, excretados na urina. 
obs.: a maioria das substancias filtradas e secretadas pelos glomérulos são polares, ao passo que 
as reabsorvidas são lipofílicas. 
Destino dessas droga
Excreção ou reabsorção no ducto coletor – depende da ionização da droga.
- Quanto maior ionização – excreção.
- Quanto menor ionização – reabsorção.
Nos pacientes que realizam hemodiálise as drogas hão de serem reajustadas. Deve-se ajustas a 
concentração e intervalo de adm. conforme o grau de IRC ou o seu esquema de hemodiálise. 
Eventualmente os renais crônicos terminas, ao realizarem hemodiálise, aumenta-se a exceção 
da droga. O efeito inverso no caso, seria de diminuição da concentração da droga. 
Eventualmente, após a hemodiálise, precisa-se administrar mais um pouco da droga (porque 
eliminou mais do que deveria). 
Logo, 
IRC- tem que diminuir a concentração da droga no organismo.
Diálise - aumentara concentração da droga ou administrar novamente após a hemodiálise
Excreção Biliar
Drogas e seus metabólitos com peso molecular maior que 350 podem ser excretados ativamente 
na bile: ampicilina, rifampicina. Este processo é seguido da excreção da droga nas fezes. 
Entretanto, conjugados podem ser quebrados por bactérias entéricas liberando a droga original 
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que pode ser novamente absorvida: circulação entero-hepática. Ex: contraceptivos orais 
esteroidais, alcalóides do ergot.
Parâmetros Farmacocinéticos 
- Volume aparente de distribuição (Vd).
- Clearence total (Cl).
- Meia vida de eliminação (t1/2).
- Biodisponibilidade (F).
Volume Aparente de Distribuição 
- Relação entre a quantidade da droga adm. e sua concentração sérica. 
- Utilidade: relacionado coma recirculação da droga (redistribuição). As drogas que possuem 
alta distribuição e baixa concentração sangüínea, maior a possibilidade da droga se redistribuir, 
maior o risco de toxicidade relacionada ao armazenamento. Maior as chances de somar a 
concentração da nova adm. com a que está sendo redistribuída. Risco de Toxicidade. 
Usos de Vd:
1) Em conjunto com a concentração alvo pode ser usada para determinar a dose a ser 
administrada. 
2) Situações de overdoses e em certos casos médicos legais, para estimar a quanto da droga no 
organismo. 
3) Avaliar a praticabilidade de se utilizar hemoperfusão ou diálise para remoção de uma 
determinada droga no organismo. 
Quanto maior o Vd menor é a fração da dose no plasma, sendo portanto menos eficientes a 
remoção de drogas através de medicamentos extra-corpóreos. 
Clearence ou Depuração 
Taxa de excreção do órgão. Relação entre a eliminação renal e concentração plasmática. 
Uma droga que seja eliminada rapidamente por via renal, tende a ter um clearence renal maior e 
menor concentração plasmática. Enquanto que drogas com maior concentração plasmática, 
menor o clearence renal. 
É a porcentagem da taxa de eliminação de uma droga através de todos os mecanismos e vias na 
concentração plasmática da droga. Também pode ser definido como: vol. de plasma 
completamente limpo de uma determinada droga por uma unidade de tempo, através de todas 
as vias de eliminação. 
obs.: a cada 1 minuto, 5L de plasma é limpo de uma determinada droga. 
Uso do clearence: o valor numérico total do clearence, incluindo os componentes hepático e 
renal, nos fornece importante compreensão do processo de eliminação e das necessidade 
potenciais para ajustes de doses em caso de disfunção renal e ou hepática. 
Meia Vida de Eliminação
Tempo gasto para que a concentração de uma determinada droga no plasma reduza à metade 
do valor inicial. É um parâmetro secundário poi depende de Vd e Cl. Unidade usada: tempo 
(minutos, hora, dia). 
obs.: drogas com clearence alto possuem uma meia vida menor. Drogas com clearence baixo 
possuem meia vida prolongada. Assim como, distribuição tecidual alta, são drogas com meia 
vida alta. 
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Usos de Meia Vida (T1/2):
1) Prever quanto tempo é necessário para que a droga seja eliminada do plasma. 
2) Prever quanto tempo é necessário a partir de uma dose inicial para alcançar o estágio de 
equilíbrio estável durante administração de múltiplas doses ou infusão contínua (I.V.). Existe a 
possibilidade de acúmulo de doses quando adm. em infusão contínua. Possibilidade de 
redistribuição da droga. 
3) A relação entre o tempo de meia vida e o intervalo entre as doses pode ser utilizada para 
prever o grau de acúmulo de uma droga no organismo. Quanto maior o tempo de meia vida e 
mais curto for o intervalo, mais droga se acumula. Quando menor o tempo de meia vida, e 
mais longo o intervalo de adm. menor o acúmulo da droga no organismo. 
4) A relação entre o tempo de meia vida e o intervalo entre as doses pode ser utilizado para 
prever o grau de flutuação da concentração de uma droga dentro dos intervalos de 
administração. 
5) Prever quanto tempo se gasta para que a concentração de uma droga decline de um 
específico valor para outro. 
obs.: t = intervalo. 
- t =˜ t1/2 - acúmulo moderado durante o tratamento. 
- t < t1/2 - acúmulo significativo durante o tratamento. 
- t > t1/2 - acúmulo insignificante durante o tratamento. 
Biodisponibilidade e Bioequivalência
Bioequivalência: a comparação entre dois produtos que sejam a mesma substância química, 
mesma forma de posologia, mesma concentração, mesma dose. Se esses fármacos forem 
testados em laboratório podem ser equiparáveis ou não. Equiparáveis: mesma 
biodisponibilidade, mesma via de adm., mesma dose, mesmas características, logo podem ser 
chamados de bioequivalentes. Ou seja quando há a mesma biodisponibilidade, são 
bioequivalentes. 
obs.: Conceito de medicamento genérico: quando o genérico é testado em laboratórios de 
forma padrão é possível comprovar ou não a bioequivalência dos genéricos. 
Biodisponibilidade: é a fração efetiva da droga na corrente sangüínea que será capaz de atingir 
os órgãos alvos/efetores. Nem toda droga adm. vai atingir efetivamente o seu órgão efetor, pois 
ela é distribuída, metabolizada e excretada. Indica a velocidade e a extensão da absorção do 
princípio ativo numa curva de dosagem. 
Exemplo.: administração oral - possui uma biodisponibilidade menor do que a droga 
administrada via venosa. A adm. oral depende da absorção do TGI. Dessa forma, se o paciente 
aumenta a acidez do estômago, possui uma diarréia, náusea, vomito, pode diminuir a absorção 
oral. Outro fator importante que reduz a biodisponibilidade é o metabolismo de 1 passagem. 
Gráfico da concentração da droga ao longo do tempo: 
Pode ser determinada pela área da curva que relaciona concentração com o tempo. Área = 
relação direta com a biodisponibilidade. Dessa maneira, quanto maior a área da curva gráfica, 
maior será a biodisponibilidade. 
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Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Caso Clínico 
SR FC, 50 anos, engenheiro, viaja frequentemente para fora do país. Apresenta fibrilação atrial 
crônica, para o qual usa varfarina. Após viagem a trabalho, apresentou diarréia do viajante e fez 
uso de sulfametoxazol-trimetoprima por 7 dias. Em 4 dias após o início do antibiótico, após 
libação alcoólica, sofre acidente, caiu e apresentou acentuada elevação da relação de INR. 
Nesse contexto, é marcador substituto do nível plasmático de varfarina. Responda:
a) Quais as vantagens e desvantagens do uso de um anticoagulante oral em relação ao 
parenteral. 
b) Explique porque FC desenvolveu manifestações clínicas de trombólise farmacológica. 
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Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Professor Claúdio
Aula fev / 2016 
Medicamentos: pesquisa, prescrição e farmacovigilância
Introdução
“Química X Química: o organismo é uma química e a droga é outra química.” 
Apresentação do Fármaco
- Forma líquida.
- Gotas.
- Xarope.
- Injetável. 
- Sólida: supositório ou comprimido oral. 
obs.: Forma Farmacêutica x Forma Efetiva de Uso 
Unidade posológica: determinar a quantidade de medicamento a ser utilizado e sua 
periodicidade. Ex: mL, por comprimido, gota, etc. 
obs.: não existe medicamento sem efeito adverso. 
Exemplo: Doença de Parkinson. 
Medicamento A 
Possui efeito colateral hepatotóxico: pode gerar hepatite aguda fulminante. Conduta. 
1) Ser de última escolha.
2) Avaliar função hepática do paciente elegido a fazer uso da droga. Só deve-se prescrever se a 
função hepática estiver normal.
3) Acompanhar o paciente. Caso o mesmo apresente alteração, suspender o medicamento. 
4) Uso prolongado sem melhora deve-se suspender a medicação. 
Medicamento B
É uma droga do mesmo grupo químico e possui mesmo mecanismo de ação. Inibe a mesma 
enzima. No entanto, é muito menos hepatotóxico do que o medicamento A. Isso ocorre 
porque as moléculas são diferentes.Droga: qualquer substância que ocasiona uma alteração no funcionamento biológico por suas 
ações químicas. Causa efeito benéfico: fármaco - farmacologia. Efeito adverso: agente tóxico - 
toxicologia. 
Riscos aceitáveis: probabilidade de que um efeito ou dano seja tolerado por um organismo. Ou 
seja, que o benefício real trazido pelo uso da substância seja maior do que o risco. 
Drogas no Organismo
Há três pilares que sustentam a farmacologia: farmacodinâmica, farmacocinética e 
farmacovigilância. 
Farmacodinâmica: mecanismo de ação e efeitos do medicamento no organismo. Ou seja, a ação 
da droga sobre o corpo. Ex.: inibir, estimular, bloquear = (são) conceitos relativos. 
obs.: Xenobiótico - quando o organismo não reconhece a substância. 
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Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Medicamento de Referência: produto inovador registrado no órgão federal responsável pela 
vigilância sanitária e comercializado no país, cuja eficácia, segurança e qualidade foram 
comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro. 
Domínio de Patente 
FALTA. 
Medicamento Similar: contém os mesmo princípios ativos, concentração, forma farmacêutica, 
posologia, via de administração, posologias do medicamento de referência podendo diferenciar 
somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, 
embalagem, rotulagem, recipientes e veículos, devendo sendo sempre identificado por nome 
comercial ou marca. 
Medicamento Genérico: medicamento similar a um produto de referência ou inovador que 
presente ser intercambiável, possui mesmas características, só que não tem nome comercial. 
Geralmente produzido após a expiração ou renuncia da proteção patentária ou outros direitos 
de exclusividade; comprovado a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCB ou 
na sua ausência pela DCI. 
obs.: Denominação Comum Brasileira (DCB) e Denominação Comum Internacional (DCI). 
Pesquisa e Farmacovigilância 
Pesquisa de Medicamentos 
- Processo de descoberta: modificação de moléculas conhecidas; identificação e isolamento de 
moléculas a partir de plantas ou de microorganismos; desenvolvimento a partir do 
entendimento dos mecanismos biológicos. 
Farmacovigilância: processo contínuo que permite o monitoramento de todos os 
medicamentos do mercado, em busca de efeitos adversos ainda não detectados e em busca de 
novas aplicações para o mesmo medicamento. (Fase V - tabela).
obs.: URM - uso racional de medicamentos.
Testes Em Animais (Fase Pré Clínica)
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Modelo experimental Material / Tecido Avaliação 
Estudos moleculares Membranas, nervos, glândulas, 
enzimas, fígado (frações)
Afinidade, seletividade, 
indução, inibição e metabolismo 
Celular Cultura de células Ação sobre receptores 
Sistemas * Animais Efeitos desejados 
Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Pesquisa Humana ou Farmacologia Clínica 
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Sistemas / modelo de 
doenças *
 Animais Avaliação
PA Cães, gatos, ratos PA
Coração Cães, gatos ECG, RVP
SNA Cães Efeitos gerais
SR Cães, cobaias Broncodilatação
Rins Cães Efeito diurético
TGI Ratos Motilidade e secreção
SE Ratos e coelhos Níveis hormonais
Coagulação Coelhos Efeitos gerais
SNC Ratos, camundongos Sedação, etc.
Fase Perfil Número médio de 
participantes
I – Voluntários sadios Sadios ou especiais 25 a 50
II – Investigação clínica Potencial terapêutico 50 a 150
III – Ensaios terapêuticos PT e segurança 250 a 1000
IV - Divulgação e promoção Hospitais e clínicas (já 
registrado)
5000 a 10000
V –Famacovigi-
lância
Acompanhamento Ilimitado
Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Professor Hugo
Aula março / 2016 
Farmacodinâmica
Como uma determinada substância faz o efeito esperado no organismo? 
Exemplo: aspirina. Essa droga sempre tem um efeito semelhante em diversas pessoas. Ou seja, 
há uma especificidade entre a ação do determinado medicamento e sua substância química. 
Induz sempre o mesmo tipo de ação e efeito. Existe uma forma do organismo reconhecer a 
presença da substância específica, e reagir à ela sempre de uma maneira muito semelhante, 
independente de quem seja a pessoa (diferentes organismos). Há um padrão de reação. Tendo 
em vista isso, passou-se a estudar como uma substância tinha seu efeito no organismo, e as 
peculiaridades relacionadas a isso.
Reducionismo: tentar pegar um problema complexo e reduzir a várias principais, as quais, 
podem ser identificadas e manipuladas. Estratégia. 
Como o conhecimento se desenvolveu? 
Determinadas substâncias sempre davam o mesmo tipo de efeito. De modo geral, testaram-se 
as substâncias em um pedaço do organismo e mediram o efeito da droga sobre esse pedaço. 
Para tentar reduzir ao máximo as interferências que o organismo produz no efeito final da 
droga (ex. de interferência: hormônios, absorção, metabolismo). 
Objetivo principal = identificar um determinado efeito em um órgão específico. Quando 
identificado, medir a intensidade desse efeito. Quando ele aparece, como se relaciona com 
quantidade de medicamento administrado. Quantificar o efeito. Etc. 
Como descobriram as respostas dessas perguntas? 
Mediram o efeito causado por substâncias que promovem contração muscular. Mede a 
intensidade de contração do músculo. Era viável para o grau de desenvolvimento cientifico da 
época. Era o teste adequado para o então objetivo- medir efeito de substâncias. 
Experimento: cuba de vidro com solução fisiológica. Dentro do soro acrescentaram glicose, ar 
borbulhado, e aquecia essa mistura a 37 graus C. De maneira que esse líquido tinha condição 
fisiológica próxima as dos tecidos do organismo humano. Resolveram medir a contração 
muscular porque era algo macroscopicamente visível para ser quantificado. 
Pegaram músculo liso (intestinal) de um rato e prenderam com uma linha de costura na cuba de 
vidro. De modo que a linha com o músculo ficasse presa no fundo da cuba e a outra linha presa 
em uma haste associada a um tripé. Associado, colocaram um contrapeso para manter a haste 
na horizontal. Com esse experimento, quando o músculo se contrai a fibra muscular encurta e 
consequentemente a haste era puxada para baixo, visualizando a contração do músculo pela 
haste que se mexia. No entanto, só isso não era suficiente. Era necessário registrar o efeito 
observado para ter crédito científico. Para isso, pegaram um cilindro de metal acoplado a um 
eixo conectado a um sistema de engrenagens de modo que o cilindro dava uma volta em torno 
do seu próprio eixo. Concetado a isso, havia uma folha de papel com foligem, colada nas 
laterais do cilindro. A haste ia raspando a foligem do papel. Fazendo o registro do experimento. 
Marcando a contração muscular. 
!21
Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Esse sistema ainda é utilizado hoje em dia para descoberta de novos medicamentos. Porém 
atualmente é conectado a um transdutor eletrônico direto no computador, computando-se os 
registos gráficos. 
Uma das substâncias descobertas nessa época foi a histamina (vasodilatador, liberada 
geralmente em reações alérgicas. Contrai musculatura lisa dos brônquios e do intestino). Agia 
no músculo liso do íleo de uma cobaia, causando contração. 
Etapa 1: histamina 1
Registro inicial do experimento: linha reta com pequenas tremidas relacionada ao movimento 
peristáltico normal da musculatura lisa do intestino. Colocaram uma quantidade de histamina 
(essa concentração era muito pequena): a curva de registro não sofreu alterações, 
demonstrando nenhum efeito. Uma das explicações para essa não alteração era que a histamina 
não fazia efeito no tecido (porque o mesmo não conseguia reconhecer a substância histamina) 
ou porque a dose era muito baixa para produzir efeito, como nesse caso. 
Etapa 2: histamina 2
O segundo passo do experimento foi colocar uma concentração maior de histamina 
(histamina2). No momento que pingava histamina2 nacuba de vidro, apresentava um registro 
de contração muscular provando que o tecido era capaz de reconhecer a molécula de histamina. 
Resolveram lavar o músculo e a cuba, e o traçado voltou ao normal, para sua linha de base. 
Explica-se isso porque removendo a molécula de histamina o efeito cessa. 
Etapa 3: histamina 4, 8, 16, etc. 
Com a adição de histamina 4, o músculo contraía de novo só que dessa vez o registro era mais 
alto / maior intensidade do que a anterior, e entrava em platô. Repetiu o processo, lavou, 
retirou a histamina e o registro voltou para base. Adição de histamina 8, subiu mais que 
histamina 4, atingindo novamente um platô. Adição de histamina 16, a linha de registro sobe 
devido as contrações musculares, mas parou na mesma altura que a histamina 8, ao atingir o 
platô. Adição de histamina 32, e viu que o padrão continuou igual da histamina 16, e histamina 
8. A partir da histamina 8 o registro não mudou.
Explicações:
- Histamina 1: é necessário uma concentração mínima da droga para se obter efeito. A 
quantidade não foi suficiente para permitir que ocorra um encontro entre as duas moléculas 
(histamina e receptor) e reaja. 
- Histamina 8: dose mínima para obter-se o efeito máximo. 
Substâncias Receptoras (receptores): são proteínas que conseguem reagir com a substância 
administrada e provocar um determinado efeito. Reações entre substâncias químicas. 
Mecanismo básico: adição de uma substância química, reagindo com a substância química 
presente no tecido. Ocorre reação e reconhecimento da substância adicionada.
obs.: quanto maior o número de moléculas presentes de uma substância, maiores as chances da 
reação química ocorrer. No caso do experimento, o músculo dentro da cuba de vidro possui 
uma concentração de substancia química fixa (porque só tem um pedaço de músculo- número 
fixo de receptores). 
 
Características da Reação Química
- Reversível
- Saturável (pois dependente do número de substância química). 
!22
Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Como a quantidade de substância se relaciona com a intensidade do efeito? 
Interesse clínico: qual dose tem que ser administrada de um determinado medicamento. A 
resposta dessa pergunta é que não há uma relação linear. Não se aumenta sempre na mesma 
proporção, a medida que se dobra a concentração da droga. Pois o efeito não dobra. 
obs.: a histamina é chamada de agonista = qualquer substância que colocada dentro do 
sistema, e reconhecida por um receptor, com capacidade de causar um efeito qualquer. 
Produzir efeito = atividade intrínseca no receptor).
Reação Química: [A] + [R] <=> AR
O agonista reage com o receptor gerando uma reação, cujo produto é o complexo agonista -
receptor. 
Tendência das substâncias se combinarem: pode ter alta afinidade ou baixa afinidade. Mas para 
uma mesma substancia, a tendência de se ligar será sempre constante, denominamos de K+ 
(constante de associação). Assim como, há uma tendência de dissociar que chamamos de K - 
(constante de dissociação). 
Em uma reação química reversível atinge-se um ponto de equilibro. O equilibro é 
quando a velocidade de associação/formação (AR se forma) é igual a de dissociação de AR. Não 
necessariamente as concentrações precisam ser iguais. Calcula-se a velocidade de reação pela lei 
de ação das massas. Velocidade de formação é igual a produto da constante de associação pelas 
concetrações do reagentes. Velocidade de dissociação = constante de de dissociação pelo 
produto das concentrações dos reagentes. 
Voltando ao experimento… 
- Histamina 1: pouca concentração. Há chances da histamina não ser reconhecida no receptor e 
não produzir ação. Ou seja, não teve afinidade suficiente para promover a reação. AR não foi 
formado. 
- Histamina 8: todo o R foi usado. Todos os receptores foram utilizados pela histamina e o 
efeito foi máximo. 
- Histamina 2: o A (histamina) não usou todos os receptores, só se ligo a uma parte. Porção 
pequena usada de receptores = efeito pequeno.
Cálculo do grau de ocupação de um receptor: descobrir quanto do receptor for utilizado para 
uma determinada concentração da droga. Isso vai influenciar no efeito da droga. Em uma 
determinada concentração do agonista quantos receptores ficam ocupados?
- Ocupação zero = efeito zero.
- Ocupação 100% = efeito máximo. 
Ocupância: grau de ocupação do receptor é chamado de ocupância. Relação da quantidade 
ocupada e o total disponível de receptores (unidade: “rô”). 
obs.: Constante de equilíbrio = Ka 
obs.: há dois fatores fundamentais que influenciam na intensidade do efeito do agonista; 
concentração do agonista e a afinidade do agonista pelo receptor. 
!23
Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
Exemplo: duas substâncias A e B com capacidade de contrair o músculo liso. A substância A 
tem mais afinidade pelo receptor do que a substância B, logo precisa-se de menor quantidade 
de A para produzir o efeito esperado. 
Gráfico: Curva-Dose-Resposta 
- Gráfico: hipérbole retangular.
- Gráfico: logaritmo da concentração do agonista produz um gráfico em sigmoide. Esse gráfico 
é mais utilizado devido os experimentos serem realizados em concentração molar. 
Exemplo: utiliza-se esse gráfico para estudar diferentes medicamentos capazes de matar as 
células cancerosas (medicamentos análogos). Quer descobrir qual das moléculas vai dar uma 
relação de efeito e dose melhor. Testa-se essas diferentes moléculas fazendo um gráfico teste-
dose-resposta (gráfico com 3 curvas sigmoides).
Determinar a concentração eficaz 50%: a concentração da substância que faz 50% do efeito 
máximo. A melhor droga é aquela que produz 50% do efeito máximo em menor concentração. 
Significa que precisa-se de menos substância para fazer a mesma intensidade de efeito. Ou seja, 
a substancia é mais potente. 
Antagonista: grupo de substâncias capazes de reagir com receptores, porém a conseqüência 
química não gera nenhum efeito (não produz nada que possa se observar no organismo). 
Experimento 2: 
Coloca-se o agonista (histamina) + outra substância (B1) em uma concentração fixa de B.
- Histamina 1 + B1
- Histamina 2 + B1
- Histamina 4 + B1
- Histamina 8 + B1
- Histamina 16 + B1
- Histamina 32 + B1 
Antagonista Competitivo
- Gráfico: observa-se que ocorre uma inibição. 
- A mesma concentração que fazia 50% do efeito, com histamina sozinha, com o antagonista 
faz uma concentração muito menor. 
Experimento 3: 
Dobrar a quantidade de B (B2). 
- Gráfico: EC50 na presença de B2 a concentração é quase zero. 
Inibição competitiva com o agonista. O experimento mostra a competição entre o 
antagonista e o agonista pelo sítio do receptor. Ou seja, o que ocorre é que uma substância vai 
competindo e deslocando a outra substancia. Isso é possível ver no experimento porque 
consegue-se voltar a ter o efeito máximo da substância de histamina (agonista) quando 
aumenta-se a sua concentração. A curva do gráfico se descola paralelamente à direita. O efeito 
máximo é sempre atingido, basta aumentar a concentração do agonista. 
[A] + [R] <=> [AR]
[B] + [R] <=> [BR]
Cálculo da ocupância na presença do antagonista: 
!24
Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
- Variáveis: concentração do agonista, concentração do antagonista e a afinidade de ambos pelo 
receptor. 
- Ou seja, antagonista com muita afinidade, um pequeno efeito ja inibe o efeito de A (agonista). 
Antagonista Não Competitivo
Antagonista se liga no mesmo lugar que o agonista, e essa ligação é reversível. Tem situações 
onde a substância química que se liga no receptor não é reversível. Isso significa dizer que uma 
vez ligada ao receptor, não solta. Não adianta colocar maior concentração de agonista porque 
não tem competição. Dessa forma, visualiza-se em uma curva- dose- resposta do antagonista 
não competitivo (irreversível) com inibição do efeito máximo. O agonista não chega no efeito 
máximo. Pois os receptoresestão ligados a C (antagonista não competitivo). 
Experimento 4:
- Colocar substância C1 (antagonista não competitivo) no lugar de B.
- Resultados: ao contrário do antagonista competitivo, o antagonista não competitivo achata a 
curva do gráfico. Não chega-se mais no efeito máximo. 
Antagonista Fisiológico 
Exemplo: paciente com tumor feocromocitoma. 
Se usar uma substância hipotensora, como um vasodilatador, e administrar no paciente com 
excesso de catecolamina devido ao tumor, ela terá um efeito oposto a catecolamina. Não estaá 
relacionada com o receptor, pois atuam em locais diferentes No entanto, sua ação é oposta ao 
da catecolamina. 
Antagonista Químico
Substancia que não se relaciona com o receptor, mas reage com o agonista, ligando-se a ele, e 
consequentemente neutralizando-o. Exemplo: heparina (anticoagulante). Quando administra-se 
heparina demais pro paciente pode fazer hemorragia espontânea. 
Transdução do Sinal 
A ligação do agonista com o receptor é interpretada pela célula como um sinal de mudança de 
comportamento celular. Desse modo, ela recebe uma sinalização para mudar de 
comportamento quando está na presença de um agonista. Efeito é resultado da mudança 
bioquímica dentro da célula. 
Mecanismos que o receptor utiliza para transduzir o sinal (realizar mudança bioquímica): 
- Receptores acoplados a canal iônico. 
- Receptores acoplados a proteína G.
- Receptores acoplados com atividade enzimática.
- Receptores intracelulares.
Nessas quatro grande famílias, conseguimos encaixar os tipos de mecanismo que os receptores 
utilizam para gerar cascata bioquímica e promover o efeito. 
a) Receptores Acoplados a Canal Iônico 
Neste caso, o receptor faz parte de um canal iônico (aglomerado de subunidades proteicas que 
atravessam a membrana do meio externo para o interno formando um canal, passagem, aqual 
permitem que alguns íons passem por esse canal.). São canais específicos. Exemplos: canais de 
sódio, canais de cálcio, canais de potássio, etc. Ou seja, deixam passar alguns íons específicos. 
Esse canal possui uma membrana com subunidades de proteínas transmembranares, as quais 
fecham o canal, atravessando a membrana plasmática, formando uma espécie de passagem pela 
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Farmacologia I Maria Eduarda Bello 
membrana plasmática da célula. Permite o fluxo de entrada e saída de íons. Do lado de fora da 
membrana, tem um sitio receptor em uma das subunidades, o qual é o local responsável pelo 
reconhecimento do agonista. Quando o agonista se liga nesse sitio receptor, induz uma 
mudança conformacional do canal, abrindo ou fechando o mesmo. O comportamento do 
agonista ao se ligar ao receptor é para mudar a conformação espacional do mesmo. Isso gera 
um efeito. 
Exemplo: a acetilcolina (mediador parassimpático fundamental). Induz a contração muscular 
lisa e esquelética pois se liga ao receptor nicotínico. Esse receptor nicotínico é um receptor de 
canal iônico (canal de sódio). Ao se ligar ao receptor, gera-se contração muscular porque ele 
despolariza a célula perimitindo um influxo de cálcio do retículo sarcoplasmático. Na verdade, 
a acetilcolina é um neurotransmissor também, modulando a atividade do SNAP. A grande 
maioria dos neurotransmissores usam o mecanismo de receptor de canal iônico. Esse 
mecanismo permite uma resposta muito rápida e eficiente. Tanto para iniciar, quanto para 
finalizar o efeito. Na hora que o agonista se liga ao receptor da célula, a mesma se despolariza 
muito rápido. Assim como, quando o agonista desliga do receptor, o canal muda de 
conformação, e a sinalização se encerra, também de forma rápida. Isso é importante para 
neurotransmissores porque modulam resposta no SNC muito precisas. Efeito rápido = 
milissegundos. Exemplo de antagonista: lidocaína (bloqueia o canal de sódio). 
b) Receptores Acoplados a Proteínas G
O receptor é uma proteína que tem uma ou no máximo duas subunidades. Proteína complexa 
com capacidade de atravessar a membrana sete vezes (serpenteia a membrana). Sequência de 
aminoácidos hidrofílicos e hidrofóbicos. Esse receptor tem uma predileção pra se associar a 
uma proteína G na cauda citoplasmática dele. O sitio aceptor do agonista está do lado de fora 
da membrana, em um dos seguimentos voltados para fora da membrana plasmática. Quando o 
agonista se liga ao receptor, ele modifica a afinidade da cauda citoplasmática que está acoplada 
a proteína G. 
A proteína G tem a capacidade de ligar ao GDP. A proteína G é um heterotrímero. Composta 
por 3 subunidades distintas entre si denominadas de alfa, beta e gama. O GDP fica ligado na 
subunidade alfa. O agonista se liga no sítio aceptor, gera uma mudança conformacional, 
fazendo com que a cauda citoplasmática perca sua afinidade pela proteína G. Ou seja, solte a 
proteína G. A cauda dessa proteína fica instável, e se quebra. Formando unidade alfa ligada a 
GDP e subunidade beta-gama. Essas subunidades isoladas quando soltas possuem atividade 
enzimática, ou seja, conseguem catalisar reações bioquímicas na célula ativando outras enzimas, 
e gerando uma cascata de sinalização. Passa a ativar enzimas dentro da célula. O efeito se 
encerra quando a molécula alfa solta o GDP. Quando ela fica sozinha, ela tem atividade GTP-
ásica. Solta GDP e pega GTP, hidrolisando-o. GDP +Pi (fosfato inorgânico). Nesse meio do 
caminho, o agonista saiu do receptor, e o receptor volta para conformação anterior. E nesse 
momento, a subunidade alfa se liga ao receptor novamente, virando ancora para a subunidade 
beta e gama, que se liga de novo na cauda citoplasmática e encerra o efeito. Volta a 
conformação “normal”. Nesse mecanismo, a sinalização demora mais. Efeito mais lento do 
que o receptor de canal iônico = alguns segundos a minutos. 
c) Receptores Acoplados a Atividade Enzimática. 
Proteína transmembranar com uma porção extracelular e intracelular. A porção extracelular é o 
sitio aceptor aonde o agonista se liga. E a porção intracelular é onde está presente o sítio 
catalítico. O próprio receptor é uma enzima. E essa enzima passa a funcionar quando o 
agonista se liga a ela. O sitio catalítico catalisa a reação enzimática, ocorrem reações em cadeia. 
Normalmente a atividade enzimática desses receptores é uma atividade de proteína-quinase. 
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Capacidade de fosforilar outras proteínas. Modulação da expressão gênica de outras proteínas 
ou a mobilização de proteínas reservatórias para compartimentos celulares. 
Exemplo: receptor comum em hormônios com ações metabólicas importantes; efeitos 
imunológicos; ação de fatores de crescimento. Insulina. Age nesse tipo de receptor. 
d) Receptores Intracelulares
O receptor se localiza dentro da célula, no citoplasma, ancorado à proteínas. Essas proteínas 
tem o nome de chaperones. O agonista precisa ser lipofílico para que consiga atravessar a 
membrana. Quando o agonista se liga ao receptor, ele modifica a afinidade pelas proteínas 
chaperones. Estas se desligam do receptor e esse complexo droga-receptor se difunde pela 
célula conseguindo chegar no núcleo. Possui domínios chamados de dedos de zinco. Toda 
proteína que tem dedos de zinco, possui afinidade de ligação de DNA (= capacidade de ligar-se 
ao DNA). Passa a ter a capacidade de se ligar às sequências especificas de DNA, porém não é 
em qualquer lugar. Há um local específico compatível com o dedo de zinco. Esse tipo de 
resposta modula a transcrição genica. Pode impedir do gene ser transcrito, ou não. 
Exemplo: corticoesteroides (são derivados do colesterol, atravessam a membrana com 
facilidade). Se ligam a receptores que vão pra o núcleo celular, onde se ligam aos genes. No caso 
dos corticoides, a sequência de DNA tem um nome. São chamados de elementos responsivos a 
esteroides. Efeito antiinflamatório. Esse efeito é gerado a partir da modulação do gene. Genepró-inflamatório: gene pra IL-1, TNF. Esses genes são reprimidos pelo glicocorticoide. O gene 
para de produzir essas citocinas inflamatórias. Já o gene da IL-10, por exemplo, é estimulado 
pelo corticoide, pois é uma citocina antiinflamatória. Esses receptores possuem efeito 
demorado - muitos minutos a horas. 
obs.: Nem sempre a droga vai ser um agonista. E sim um antagonista. Exemplo: HAS uso de 
beta bloqueador no coração. Substancia que bloqueia a adrenalina no receptor beta 1. 
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Professora Débora
Aula março / 2016 
Sistema Nervoso Autônomo Simpático 1
Introdução
O SNA faz parte do sistema nervoso periférico e é composto pelo simpático e parassimpático. 
Ambos realizam respostas autonômicas no organismo. Existe uma homeostasia entre esses dois 
sistemas, e eles atuam em paralelo; um é capaz de influenciar no outro. 
SNA Simpático: ações relacionadas a luta e fuga. O principal neurotransmissor é a 
noradrenalina e epinefrina. São neutransmissores endógenos. São produzidas a partir da 
dopamina. Ou seja, a dopamina é um precursor da noradrenalina e adrenalina. A adrenalina é 
produzida especificamente pela glândula suprarrenal (presença de enzimas específicas capazes 
de converter noradrenalina em adrenalina). Ao passo que a noradrenalina pode ser produzida 
em terminações nervosas e outros gânglios do sistema nervoso autônomo simpático.
Existem alguns receptores que predominam em cada um desses sistemas. No SNAS os 
receptores relacionados a ação da adrenalina e noradrenalina são alfa, beta, e dopaminérgicos. 
Destes, existem subtipos: alfa 1, alfa2; beta 1, beta2, e beta 3. Dopaminérgicos do tipo 1 e tipo 2. 
Os receptores do SNAS quando ativados são capazes de promover efeitos. Exemplos: a 
ativação do receptor alfa no vaso leva a vasocontricção. Receptores beta no coração leva a 
aumento da FC. O primeiro neurônio conecta com 2 neurônio levando a liberação de 
noradrenalina e adrenalina. 
SNA Parassimpático: está relacionado a ações ao repouso e homeostasia. O principal 
neurotransmissor desse sistema é acetilcolina. Os principais receptores da acetilcolina são os 
muscarínicos e nicotínicos. Será explicado na próxima aula. 
(explicação figura) - Divide os principais tipos de 
conexão do SNA:
O pr imei ro neurôn io do s i s tema ner voso 
parassimpático pode se conectar tanto com o segundo 
neurônio do SNA parassimpático*, quanto é capaz 
também de regular o sistema nervoso simpático. 
*No gânglio parassimpático os principais receptores 
pós sinápticos são os receptores nicotínicos; e os 
receptores localizados no órgão alvo no SNA 
parassimpático são receptores muscarínicos. 
A ativação do primeiro neurônio do parassimpático é 
capaz também de mediar a liberação de noradrenalina 
e adrenalina no SNA simpático, como já citado. Dessa 
forma, esses sistemas se intercomunicam. Existem 
receptores nicotínicos que são capazes de auto-regular 
a liberação de noradrenalina e adrenalina do sistema 
nervoso simpático. 
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Quando se trata de sistema nervoso autônomo parassimpático a conexão mais clara é a do 
neurônio motor, a qual é dada pelo neurônio diretamente com a placa neuromuscular. Libera 
acetilcolina e ativa receptores nicotínicos da junção neuromuscular promovendo a contração do 
músculo. Também é capaz de se conectar com o segundo neurônio do sistema nervoso 
autônomo parassimpático levando a liberação de acetilcolina em órgãos efetores que vão atuar 
em receptores muscarínicos. Exemplos: no trato gastrointestinal aumenta-se a motilidade, no 
trato genitourinário ocorre uma contração da musculatura urinária e relaxamento do músculo 
detrusor, promovendo-se a diurese. 
O SNA simpático leva a liberação de noradrenalina e adrenalina em órgãos efetores, ativando 
receptores, e gerando efeito nesses órgãos. Exemplos: ativação dos receptores alfa da 
musculatura lisa vascular causa vasocontricção. A ativação dos receptores beta no coração leva 
ao aumento da FC. 
Correlação entre os SNA parassimpático e simpático
Existe uma relação entre os neurônios de ambos os sistemas, simpático e parassimpático. O 
sistema nervoso parassimpático é capaz de modular a liberação de adrenalina e noradrenalina. 
O primeiro neurônio do sistema nervoso parassimpático é capaz de se conectar com o corpo 
do segundo neurônio do sistema nervoso simpático, levando a liberação de noradrenalina e 
adrenalina. A glândula suprarrenal com os receptores nicotínicos, os quais quando estimulados 
pela acetilcolina, irão mediar a liberação de adrenalina. 
obs.: glândula suprerrenal e sudorípara são excessão em relação ao sistema nervoso 
parassimpático. 
Existem outros neurotransmissores, que não são os principais, porém interferem na liberação 
de noradrenalina e adrenalina (inibem a liberação de NA e A). Exemplos: ADP, serotonina, 
prostaglandinas, dopamina, encefalina. 
Diferenças Anatômicas: SNA simpático é predominantemente tóraco-lombar; enquanto que o 
sistema SNA parassimpático é predominantemente crânio-sacral. 
Noradrenalina e Adrenalina - Fenda Sináptica: ela é produzida a partir da dopamina. Ao ser 
produzida, é armazenada em vesículas. Para sua liberação é necessário que haja um influxo de 
cálcio, fazendo com que as vesículas se fundem às terminações nervosas, e o neurotransmissor 
seja liberado na fenda sináptica (exocitose). Uma vez na fenda sináptica, a noradrenalina ou 
adrenalina, podem se ligar a receptores pós sinápticos (alfa1, alfa2, beta1, etc) e produzir efeitos. 
No entanto, ela pode também se ligar a receptores pré sinápticos (principal: alfa 2). Quando a 
adrenalina ou noradrenalina se ligam nos receptores pré sinápticos e estes são ativados, 
produzem um efeito de feedback negativo. Ou seja, ocorre uma autorregulação do 
neurotransmissor. Leva a diminuição da própria liberação do neurotransmissor. 
Além disso, o término do efeito da noradrenalina pode se dar por dois principais mecanismos: 
pela recaptação de noradrenalina pela terminação nervosa, ou pela degradação do 
neurotransmissor. A recaptação ocorre pelos receptores tipo NET. Como pode ser degradada 
por algumas enzimas: MAO e COMPT. A MAO está localizada nas mitocôndrias, 
principalmente a nível neuronal. A COMPT está localizada extra-neuronal. Ela pode estar 
também fora do sistema nervoso. 
Término dos Efeitos das Catecolaminas (resumo)
1) Captura e reempacotamento
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- NET: transportador de norepinefrina. Receptores do tipo NET. 
- EMT: transportador extraneuronal de monoamina (específicos da epinefrina = adrenalina). 
Mesmo mecanismo dos receptores tipo NET. 
2) Degradação Enzimática 
- MAO (monoamino-oxidase). Pode ser dividida em tipo A e B. Está ligada à membrana 
mitocondrial, presente em terminações nervosas noradrenérgicas, fígado, epitélio intestinal. 
Qual a utilidade da localização dessas enzimas fora do sistema nervoso? Degradação 
de compostos que podem ser precursores de catecolaminas. Fármacos que atuam inibindo a 
MAO. Esses fármacos aumentam a concentração endógena de nora e adrenalina nas fendas 
sinápticas. Por exemplo, há alguns alimentos como queijos e vinhos, que são ricos em 
precursores de adrenalina e nora. Se não tivesse MAO nesses sítios extra neuronais, poderia 
produzir uma resposta adrenérgica por ingestão dessas substâncias. 
- COMPT (catecol-O-metil transferase. Está presente na medula supra-renal e outros tecidos 
fora neurônios noradrenérgicos. É uma das principais responsáveis pelo término de efeito da 
adrenalina. 
obs.: em relação a noradrenalina a enzima principal atuante é a MAO. E em relação a 
degradação da adrenalina predomina-se a COMPT. 
A ação dessas enzimas geram alguns metabólitos, os quais, são excretadospor via urinária. E 
alguns desses metabólitos podem ser dosados clinicamente. Aplicação clínica importante em 
alguns tumores, como o feocromocitoma (tumor hipersecretor de catecolamina). Produtos da 
degradação da MAO e da COMPT: MHPG (3-metoxi-4-hidroxifenilglicol), convertido à VMA 
(ácido vanilmandélico*), eliminado via urinária. A eliminação aumentada de VMA serve como 
teste diagnóstico de tumores de tecido cromafim.
*pode ser detectado por via urinária quando há produção de catecolaminas em excesso. 
Adrenoreceptores e Sua Ativação:
Os receptores adrenérgicos possuem densidade variante de acordo com os sistemas. Exemplo: 
existem muitos receptores alfa 1 localizados na musculatura lisa do vaso. E o resultado da 
ativação desse receptor é a vasoconstricção (aumento da resistência vascular sistêmica). 
Receptores alfa 2 presentes na musculatura lisa vascular também é capaz de gerarem 
vasoconstricção (porém há menor proporção). 
Tabela - Receptores e Principais Efeitos de Ação de Luta e Fuga 
1) Aumento do débito cardíaco (beta 1).
2) Desvio de sangue pros órgãos relacionados a luta e fuga: musculatura esquelética.
3) Diminuição da produção de insulina (alfa 2 - nas células pancreáticas). 
4) Aumento da glicemia (beta 1 - nas células pancreáticas). 
5) Otimização da visão (alfa 1 - músc. dilatador da pupila).
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Drogas agonistas adrenomiméticas:
As drogas são divididas em agonistas adrenomiméticas (= aquelas que mimetizam a ação da 
adrenalina e noradrenalina). E antagonistas, que são as drogas que se opões aos efeitos dos 
neutransmissores endógenos, adrenalina e noradrenalina. 
a) Ação Direta
Por si só são capazes de se ligar e provocarem uma ativação desses receptores. Ou seja, se ligam 
nos receptores pré sinápticos ou pós sinápticos. Semelhante ao neurotransmissor. São divididos 
em alfa-agonistas e beta-agonistas. Os alfa-agonistas possuem uma seletividade maior pelos 
receptores alfa, do que pelos receptores beta. Dentro desse grupo, ainda podem ser divididos 
em alfa-1 seletivos, alfa-2 seletivos e não seletivos. Ou seja, o alfa 1 - seletivo possui uma 
afinidade maior pelos receptores alfa 1. O alfa 2 seletivos, possui uma afinidade maior pelo 
receptor alfa 2. E os não seletivos ligam-se igualmente em alfa 1 e alfa 1. Segue o mesmo padrão 
para os receptores beta-agonistas. Dentro desse grupo, há os receptores beta 1 - seletivos, beta 
2 - seletivos, e não seletivos (atuam sobre os dois receptores). 
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Tipos Tecidos Ação
α1 Maioria do músculo liso vascular Contração (↑ resistência vascular)
Músculo Dilatador da Pupila Contração (midríase)
α2 Terminações nervosas adrenérgicas 
e colinérgicas 
Inibição da liberação do 
neurotransmissor
Plaquetas Estimula agregação 
Parte da musculatura lisa vascular Contração
Células B pancreáticas Inibição da liberação de Insulina 
β1
Coração Estimula frequência e força
Células justaglomerulares Estimula liberação de renina 
Células B pancreáticas Estimula liberação de Insulina 
β2
Musculo liso vascular, respiratório e 
uterino
Relaxamento 
Fígado (humano) Estimula glicogenólise 
Nervo motor somático (músculo 
voluntário)
Causa tremores
β3
β1, β2
Células adiposas Estimula lipólise 
D1 Vasos esplânicos e renal Relaxamento (diminuição da 
resistência) 
D2 Terminação nervosa Inibição da Adenil ciclase
Norepinefrina 
> ou = 
Epinefrina >> 
Isoproterenol
Isoproterenol > 
Epinefrina > 
Norepinefrina
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b) Ação Indireta
São aqueles que atuam aumentando a concentração do neutransmissor endógeno. Ou seja, eles 
não se ligam diretamente nos receptores, como os fármacos de ação direta, mas de alguma 
forma, promovem o aumento da concentração do neurotransmissor endógeno. Mas como? 
Aumentando a liberação de noradranlina ou adrenalina; ou diminuindo a recaptação ou 
degradação dos neutransmissores. 
Resumindo…
b.1) Liberadores de NE.
b.2) Inibidores da Recaptação (ex.: inibir os receptores tipo NET).
b.3) Inibidores da Degradação Enzimática = Inibidores da MAO/COMPT. 
Simpaticomiméticos de Ação Direta
São fármacos sintéticos que mimetizam a ação da noradrenalina e adrenalina endógenas. As 
drogas mais usadas na prática clínica são: 
- Noradrenalina
- Epinefrina = Adrenalina
- Isoproterenol
- Dobutamina
- Dopamina
- Agonistas alfa1: fenilefrina
- Agonistas alfa 2: clonidina, dexmedetomidina, guanfacina, metildopa
- Agonistas beta 2: salbutamol, terbutalina, metaproterenol, fenoterol
obs.: Chama-se de aminosimpaticomiméticas as drogas noradreanalina, epinefrina, 
dobutamina e dopamina. São muito utilizadas na prática clínica. 
a) Noradrenalina
É administrada por via intra-venosa e atua predominantemente sobre receptores alfa. Quando 
ela é administrada em seres humanos ela parece ter uma afinidade maior por receptores alfa, e 
principalmente, sobre receptores alfa 1. Estes, são receptores relacionados a vasoconstrição. 
Logo, a ativação desses receptores leva um aumento da resistência vascular periférica, aumento 
da pressão arterial sistólica e diastólica, e também da pressão arterial média. Logo, é um efeito 
importante em situações clínicas de hipotensão, hipovolemia, e situações de choque 
(principalmente choque vasoplégico). Vasopressor. 
obs.: Choque = são situações que cursam com má perfusão periférica, geralmente, associado a 
hipotensão. Paciente chocado apresenta sinais de choque, como baixo débito, hipotensão, 
hipovolemia, etc. Existem várias causas para o choque, e são classificados de acordo com a 
origem: choque cardiogênico (causa cardíaca; por exemplo, IAM). Choque vasoplégico 
(associado a vasodilatação; pode ser por um trauma com perda abrupta de sangue; sepse com 
liberação de citocinas inflamatórias. Choque neurogênico. Entre outros. 
b) Adrenalina 
Possui uma ação em receptores alfa e beta. Dependendo da dose, da diluição e da via de 
administração da epinefrina, ela possuirá uma maior afinidade por receptores beta e também 
uma ação sobre receptores alfa. Atenção: maior afinidade por receptores beta é dose-
dependente!
c) Isoproterenol 
Possui uma maior afinidade sobre receptores beta. 
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Gráfico Comparativo: 
Comparação dos efeitos da noradrenalina, epinefrina, e isoproterenol em relação a FC, RVP e 
pressão arterial. Efeitos de cada uma dessas drogas quando administradas via IV nos seres 
humanos. 
a) Noradrenalina = Aumento da RVS, acompanhado por uma aumento da pressão sistólica, da 
pressão diastólica e da pressão média. obs.: Em relação a frequência cardíaca, o organismo 
pode lançar mão de um efeito protetor, de ativação dos barorrecepotes, para diminuir a 
frequência cardíaca. Dessa forma, eventualmente, pode haver uma resposta compensatória por 
ativação de barorreceptores, e consequentemente observa-se uma discreta diminuição da 
frequência cardíaca. Nem sempre isso ocorre em todos os pacientes. Indicação clínica: choque 
vasoplégico, choque séptico - fase vasoplégica, vasopressor, hipovolemia. 
b) Adrenalina = Possui um efeito que é correspondente entre a noradrenalina e o isoproterenol. 
Possui uma ação tanto alfa quanto beta, dependendo da dose que fora administrada. Observa-
se o aumento da FC, com uma hipotensão discreta dependendo da dose, ou até um aumento da 
RSP e da pressão arterial média. Porém a afinidade parece ser maior em receptores beta. 
Exemplo: doses mais concentradas levam ao aumento das chances da adrenalina atuar em 
receptores alfa (atuam em beta e em alfa). No gráfico, a dose de 10 microgramas por minuto 
evidencia-se que a adrenalina atua em receptores alfa, porém não tão significativamente a 
ponto de aumentar a pressão sanguínea e aumentar a RVS, como a noradrenalina. Evidencia-se 
que ela mantém a RVS, pois não observa-se uma queda na RVS, como na curva

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