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Princípios da bioética na relação médico-paciente em estado terminal

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1- Princípios da bioética na relação médico-paciente em estado terminal 
 
1.1- Princípio da autonomia 
 
O princípio da autonomia se refere à condição do ser humano criar suas próprias leis, 
com ausência de qualquer forma de obstáculos que impeçam ou diminuam a sua liberdade de 
escolha, ou seja, é a capacidade do paciente terminal escolher o que é bom ou o que lhe 
oferece um bem-estar. Esse princípio visa defender o exercício da escolha pessoal, 
respeitando a decisão de cada indivíduo. 
 A autora Maria Helena Diniz entende que: 
O princípio da autonomia requer que o profissional da saúde respeite a vontade do 
paciente, ou de seu representante, levando em conta, em certa medida, seus valores 
morais e crenças religiosas. Reconhece o domínio do paciente sobre a própria vida 
(corpo e mente) e o respeito à sua intimidade, restringindo, com isso, a intromissão 
alheia no mundo daquele que está sendo submetido a um tratamento. Considera o 
paciente capaz de auto governar-se, ou seja, de fazer suas opções e agir sob a 
orientação dessas deliberações tomadas, devendo, por tal razão ser tratado com 
autonomia. Aquele que tiver sua vontade reduzida deverá ser protegido. Autonomia 
seria a capacidade de atuar com conhecimento de causa e sem qualquer coação ou 
influência externa. (DINIZ, 2009, p. 14) 
 
 A explicação da autora Diniz remete ao entendimento que o citado princípio determina 
que o profissional de saúde respeite a decisão do paciente ou de seu representante, assim 
como os valores morais e suas crenças religiosas. Reconhecendo que o paciente possui o 
domínio sobre a própria vida, assim como o seu corpo e mente, possuindo também capacidade 
de se autogovernar e tomar as decisões de acordo com as suas vontades e interesses. 
 Segue o mesmo entendimento a autora Maria de Fátima Freire de Sá, porém 
acrescenta que: 
A relação médico-paciente sofre substancial transformação com a consideração 
desse princípio. A relação de autoridade perde espaço para a consideração do 
paciente como sujeito partícipe do processo de tratamento. Para tanto, o processo de 
intervenção deve ser transparente permitindo que o paciente tenha o máximo de 
informações antes de decidir. Daí a exigência do consentimento informado. (SÁ, 
2009, p.34) 
 
 A citada autora complementa que a relação do médico com o paciente sofre uma 
significativa mudança com o reconhecimento do supramencionado princípio, isso ocorre a 
partir do momento em que o paciente passa a participar do andamento do processo de 
tratamento. A autoridade do profissional perde espaço com essa mudança, pois o paciente 
deverá ter acesso a todas as informações que sejam pertinentes a sua condição, para que possa 
tomar a decisão que atender as suas vontades, tal situação se refere ao consentimento 
informado. 
 
 
 Contudo, o princípio da autonomia não é absoluto, devendo sempre respeitar a 
dignidade e a liberdade de terceiros, assim quando a utilização da autonomia pelo paciente 
causar danos à terceiros devem ser estabelecidos limites. Também poderá haver confronto 
entre a autonomia do paciente e a autonomia do profissional de saúde, dependendo dos 
pedidos do paciente, o médico poderá analisar com base na ética e possivelmente poderá 
rejeitar esses pedidos, violando o exercício da autonomia do paciente por questões éticas 
relacionadas com o exercício da profissão. 
 
1.2- Princípio da beneficência 
 
A palavra beneficência deriva do latim bonum facere que o seu significado é fazer o 
bem, assim podemos tirar a conclusão que na relação entre o médico e o paciente, deverá o 
médico sempre fazer o bem aos pacientes da melhor maneira possível e evitando ou 
removendo o mal, visando atender as suas vontades, interesses e necessidades. 
 Sobre o princípio da beneficência esclarece a autora Diniz, informando: 
O princípio da beneficência requer o atendimento por parte do médico ou geneticista 
aos mais importantes interesses das pessoas envolvidas nas práticas biomédicas, 
para atingir seu bem-estar, evitando na medida do possível, quaisquer danos. Baseia-
se na tradição hipocrática de que o profissional da saúde, em particular o médico, só 
pode usar o tratamento para o bem do enfermo, segundo sua capacidade e juízo, e 
nunca para fazer o mal ou praticar a injustiça. No que concerne às moléstias, deverá 
ele criar na práxis médica o hábito de duas coisas: auxiliar ou socorrer, sem 
prejudicar ou causar mal ou dano ao paciente. (DINIZ, 2009, p.15) 
 
 A autora explica que o princípio da beneficência determina que o atendimento 
executado pelo profissional de saúde ao paciente deverá buscar sempre o bem-estar, evitando 
adotar medidas que irão ocasionar danos para o enfermo. Sendo assim, só poderá utilizar o 
tratamento para promover o bem, e nunca fazer o mal ou praticar condutas injustas, devendo 
sempre adotar medidas que proporcione alívio e conforto ao paciente terminal. 
 Evitar procedimentos que não irão desenvolver benefícios e vantagens é uma forma de 
respeitar o citado princípio, pois o indivíduo não pode ter o seu corpo utilizado como 
laboratório de experiências por terceiros, com a finalidade de testar a possível cura para 
determinada enfermidade, assim buscando avanços tecnológicos para a área da saúde. 
Devendo sempre evitar agressões ao paciente com a utilização desses avanços, buscando 
respeitar o princípio da dignidade da pessoa humana e melhorar a qualidade de vida. 
 O benefício ou vantagem que o profissional de saúde deverá buscar num primeiro 
momento de tratamento da enfermidade do paciente é promover a saúde com a prevenção de 
doenças. Já num segundo momento quando a doença não puder ser curada deverá o 
 
 
profissional de saúde analisar quais medidas deverão ser adotadas pesando os bens e os males, 
devendo sempre prevalecer sua decisão em prol dos bens que poderá causar. Dessa forma, 
aumentará a possibilidade de causar mais benefícios e minimizar os malefícios. 
 
1.3- Princípio da não-maleficência 
 
O princípio da não-maleficência tem sua origem do latim primum no nocere que 
significa em primeiro não prejudicar. Possui uma relação direta com o princípio da 
beneficência, porque busca defender que não deve ser praticado o mal de forma intencional ou 
com negligência, por esse motivo visa valorizar o bem e abolir o mal. Em outras palavras 
nesse princípio existe a imposição de um dever para o profissional de saúde que deverá 
realizar o seu serviço de uma forma que não cause danos ou riscos aos seus pacientes. 
 Os males que o princípio deve evitar se refere a males não morais sendo aqueles que 
afetam e desrespeita a dignidade do paciente. E os males corporais que são aqueles que 
elevam o sofrimento do paciente para um nível insuportável, sendo eles, dores, doenças e até 
a morte. 
O profissional de saúde não poderá realizar condutas com a finalidade de obter a 
manutenção da vida do paciente terminal a qualquer custo, utilizando tratamentos terapêuticos 
infrutíferos, desnecessários e desproporcionais, tendo em vista que a morte é um evento 
iminente e inevitável. 
Sobre o citado princípio os autores Leocir Pessini e Luciana Bertachini (2004, p.44) 
entende que: “O médico ou outro profissional da área da saúde deve evitar causar danos à 
pessoa sob seus cuidados, e, se precisar causar algum dano, o mal-estar provocado deve ser 
proporcional aos efeitos benéficos desejados e previsíveis”. Para o autor o profissional de 
saúde deve evitar causar dano ao seu paciente, mas se for causar algum mal-estar, esse deverá 
proporcional aos benefícios que poderão ser alcançados, ou seja, quando for impossível não 
causar dano, deve-se fazer escolha pela conduta que cause menos prejuízo e sofrimento ao 
paciente, e sua conduta deverá ser prudente sempre priorizando o bem-estar e a dignidade do 
paciente. 
 
1.4- Princípio da justiça 
 
O princípio da justiça se refere pela igualdade no atendimento aos pacientes,ou seja, 
todas as pessoas deverão ter tratamento igualitário, devendo a distribuição de recursos ser de 
 
 
forma que busque a igualdade e o sistema de saúde possa dispor atendimentos que busquem a 
realização da prevenção de doenças ou a cura para os males que atingem a coletividade. 
 Os riscos e benefícios que se referem à condutas médicas deverão ter a sua 
distribuição realizada de maneira imparcial pelo profissional de saúde, por conta disso o 
princípio da justiça relaciona-se com o princípio da igualdade, onde aqueles que são menos 
favorecidos deve ter um tratamento igual ao mais favorecido. 
A autora Maria Freire de Sá entende sobre o princípio da justiça, dizendo: 
O princípio da justiça refere-se ao meio e fim pelo qual se deve dar toda intervenção 
biomédica, isso é, maximizar os benefícios com o mínimo de custo. Nesse “mínimo 
de custo”, devem ser abrangidos não apenas os aspectos financeiros, que quando 
bem equacionados permitem a igualdade de acesso aos serviços de saúde, mas 
também os custos sociais, emocionais e físicos. Ou seja, justa é a intervenção 
médica que leva em conta os valores do paciente, bem como sua capacidade de 
deliberação e unidade psicofísica. Subjazem ao princípio da justiça, problemas 
importantes na garantia de funcionalidades eficiência e equidade: a administração 
dos escassos recursos de saúde; a imparcialidade na distribuição dos riscos e 
benefícios; a igualdade material, que reconhece as diferenças como socialmente 
válidas, etc. (SÁ, 2009, p.35) 
 
 O entendimento da autora é que o princípio deverá ser utilizado para aumentar os 
benefícios para a população com o mínimo de custo. Esse mínimo de custo não se refere 
somente aos aspectos financeiros, que quando são bem distribuídos permitem uma igualdade 
no acesso aos serviços de saúde, mas também os custos sociais que são emocionais e físicos 
referindo-se à intervenção médica que deverá ser justa respeitando os valores inerentes ao 
paciente, assim como a sua capacidade autônoma e unidade psicológica e física. 
 Nesse sentido, para que seja evidenciado o verdadeiro significado do princípio da 
justiça, é preciso complementá-lo com o princípio da não-maleficência, pois esse princípio 
não deve ser reduzido apenas para alcançar o interesse individual, mas deve alcançar o 
interesse de toda a coletividade, para não prejudicar a saúde de qualquer indivíduo por 
qualquer tipo de discriminação. 
 Lembrando que a conduta do profissional de saúde além de respeitar os direitos e 
princípios elencados no ordenamento jurídico deve também seguir aquilo que é determinado 
pelos princípios da bioética que permeiam a relação com seu paciente. Para que este não sofra 
nenhuma forma de violação ou dano a sua integridade física, moral e psicológica, assim toda 
conduta do médico deve ser em benefício do paciente para que esteja de acordo com os seus 
interesses. 
 Contudo, às vezes o paciente em estado terminal não tem os seus interesses e 
necessidades atendidos pelo profissional de saúde, quando tal decisão do paciente se refere à 
sua morte, havendo uma resistência da equipe médica em atender a tal pedido. Restando ao 
 
 
paciente recorrer aos tribunais de justiça para que sua decisão seja atendida e tenha o seu 
interesse e desejo realizado, diante dessas circunstâncias faz-se necessário demonstra na 
próxima seção desse trabalho acadêmico alguns casos concretos de pacientes que passarão por 
essa situação, onde depois de muita luta conseguiram a realização do seu direito de morte.

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