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Introdução à Física Moderna (Dualidade onda-partícula) Até agora, ✓ vimos que experiências como a emissão de radiação por um corpo negro, efeito fotoelétrico, espalhamento Compton e os espectros do hidrogênio não puderam ser explicadas pela Física Clássica (teoria ondulatória), pois foi preciso quantizar os níveis de energia no átomo e, consequentemente, a radiação eletromagnética. ✓ Por outro lado, se aceitarmos o caráter corpuscular da radiação eletromagnética, como entender os resultados de interferência na experiência de fenda-dupla de Thomas Young? (que prova que a luz é uma onda e sofre interferência e difração) ✓ Esta questão acabou ganhando um caráter ainda mais complexo quando o príncipe Louis de Broglie, num trabalho de sua tese de doutorado em 1923, propôs associar ao elétron um comportamento ondulatório (prêmio Nobel de 1929). Relembrando da abordagem para explicar o Efeito Compton ... Então a energia de um pacote de ondas podia ser escrito como E=pc; Por uma questão de simetria, se ondas podem ter comportamento corpuscular, então partículas podem ter comportamento ondulatório. Pela proposta de de Broglie, toda partícula com momento linear p deveria ter, associada a ela, um comprimento de onda , de forma que: Comprimento de onda de de Broglie Três anos depois de realizar esta proposta, o caráter ondulatório do elétron foi confirmado experimentalmente por Davisson-Germer ao observar franjas de interferência após a incidência de um feixe de elétrons em cristais. 𝐾 = 2 Onde, p pode ser reescrito em termos do número de onda K: Verificaram experimentalmente (sem ser essa a intenção) que um feixe de elétrons era difratado como ondas por cristais de Ni formando um padrão de difração Davisson (Nobel 1937) e Germer, seu aluno. Observe a semelhança entre os dois padrões G. P. Thomson (filho de J. J. Thomson que descobriu o elétron comprovando-o como partícula _ Nobel em 1906.) dividiu o Prêmio Nobel de Física em 1937 com Davisson, provando o elétron com comportamento ondulatório. Que ironia! Curiosidade Exemplo1: Determine o comprimento de onda associado de de Broglie para: a) um próton que se move com velocidade de 107 m/ s e para: b) uma pedra com massa 50 g e velocidade 40 m/ s . Exemplo2: Tem-se um fóton e um elétron, ambos com energia de 1 eV. Determine: Portanto, com mesma energia, fóton = 10 3eletron O resultado esperado classicamente em uma experiência de fenda dupla usando-se partículas, seria uma distribuição de impactos no anteparo como a mostrado abaixo. Elétrons como ondas com uma das fendas obstruída Entretanto, o formalismo da dualidade onda-partícula levanta algumas questões enigmáticas: o que acontece quando se lança apenas um elétron de casa vez em direção às fendas, considerando o padrão de interferência observado no anteparo? Pela proposta ondulatória, cada elétron seria, neste caso, representado por um pacote de ondas que, a princípio, passaria pelas duas fendas. Dualidade onda-partícula Como o elétron não pode ser dividido, por qual fenda ele efetivamente passará? Muitos físicos, incluindo Einstein, se propuseram a responder esta pergunta, através de alguma experiência apropriada, mas nenhum deles teve sucesso. O problema é que qualquer tentativa de medida irá interferir no sistema, modificando a configuração original! Posteriormente trataremos dessa propriedade da matéria a partir do Princípio da Incerteza de Heinsenberg. Ao realizar a experiência com feixe de elétrons passando por fendas “adequadas” para se observar o caráter ondulatório proposto: E este padrão é obtido mesmo fazendo-se passar pelas fendas apenas um elétron de cada vez! Como entender este comportamento, sabendo-se que não dá para “dividir” um elétron (por comprovação experimental)? Ou seja, colocando-se um detector no ponto P do anteparo (figura acima) e abrindo apenas a fenda B, 100 elétrons/s são medidos, por exemplo. E quando as duas fendas são abertas, esperando-se detectar no tempo um número maior de elétrons, quase nada é medido! Uma maneira de se tentar compreender observações experimentais deste tipo é associar algum tipo de função de onda ou talvez um pacote de ondas, que resultaria da soma de várias ondas planas de diferentes frequências e amplitudes: Dualidade onda-partícula https://www.animations.physics.unsw.edu.au/light/diffraction/index.html#5.6 https://www.animations.physics.unsw.edu.au/light/diffraction/index.html#5.6 De acordo com De Broglie, se o elétron realmente comporta-se como uma onda, estando restrito ao volume atômico, formaria ondas estacionárias no átomo de H. O comportamento da onda deve se ajustar à circunferência da órbita. Órbita permitida A circunferência da órbita é igual a n inteiros de . Órbita proibida A circunferência da órbita NÃO é igual a n inteiros de . Ondas estacionárias –apresentam uma frequência única característica e os nodos não sofrem deslocamentos (Energia confinada espacialmente). https://www.geogebra.org/m/W8etDR28 https://www.physicsclassroom.com/Physics-Interactives/Waves- and-Sound/Standing-Wave-Patterns/Standing-Wave-Patterns- Interactive https://www.geogebra.org/m/W8etDR28 https://www.physicsclassroom.com/Physics-Interactives/Waves-and-Sound/Standing-Wave-Patterns/Standing-Wave-Patterns-Interactive A condição de Bohr para a quantização do momento angular, utilizada agora com as novas ideias de de Broglie, faz sentido, pois corresponde à condição de ondas estacionárias para as órbitas eletrônicas (elétron preso num campo Coulombiano): n é um número inteiro n = circunferência da órbita Usando p=h/ e S=2r para o perímetro da órbita temos a relação: n=S Visualização do elétron como uma onda estacionária no átomo de hidrogênio Na mecânica clássica, conhecendo-se a posição inicial e o momento linear (massa e velocidade) das partículas de um sistema, pode-se calcular suas interações e prever sua evolução. Ou seja, as partículas têm trajetória bem definida e suas variáveis cinemáticas podem ser especificadas a cada instante. (Determinista) Entretanto, não é possível especificar a localização precisa de uma partícula se ela se comporta como uma onda. Segundo o princípio da incerteza, não se pode conhecer com precisão absoluta a posição ou o momento ( portanto, a velocidade) de uma partícula. Isto acontece porque no intuito de aumentar a precisão de uma das grandezas, interfere-se no sistema. Essa impossibilidade não advém da questão dos aparelhos de medida serem ou não adequados, mas sim da própria estrutura atômica da matéria! Princípio da incerteza de Heisenberg (1901-1976) – Nobel em 1932 Quanto maior a precisão na determinação da posição do elétron, menor a precisão na determinação de sua quantidade de movimento e vice-versa. Se a incerteza na posição é muito pequena, (x, muito pequeno), então a incerteza no momento linear deve ser grande, e vice-versa. Incerteza na posição Incerteza no momentum A localização e o momento de uma partícula são complementares. Ambos não podem ser conhecidos simultaneamente com precisão arbitrária. “Não é possível projetar qualquer experimento no qual seja possível determinar, ao mesmo tempo, ambas as características corpuscular e ondulatória de um objeto físico.” Não é possível estabelecer a localização de um elétron em um átomo. Em vez disso, é necessário considerar a probabilidade do elétron ocupar uma certa região do espaço. Princípio da incerteza A partir da equação acima chega-se ao princípio da incerteza referente às grandezas energia (E=hf) e tempo. Se a precisão na determinação da energia de uma partícula aumenta, aumenta a incerteza na determinação do intervalo de tempo que ela permanece com essa energia. Complementaridade (parte de texto extraído: pg 597 - Física Conceitual – Paul Hewit 12ª ed.) O domínio da física quântica parece confuso. Ondas luminosas, capazes de produzir interferência e de sofrer difração, entregam sua energia na forma de “pacotes” corpusculares, os quanta. Os elétrons,que se deslocam pelo espaço em linhas retas e que experimentam colisões como se fossem partículas, distribuem-se pelo espaço formando padrões de interferência como se fossem ondas. Nessa confusão, porém, existe uma ordem subjacente. O comportamento da luz e dos elétrons parece igualmente confuso! Tanto a luz como os elétrons exibem características de onda e de partícula. O físico dinamarquês Niels Bohr, um dos fundadores da física quântica, formulou uma expressão explícita da totalidade inerente a esse dualismo. Ele chamou de complementaridade a expressão dessa totalidade. Como Bohr a expressou, os fenômenos quânticos exibem propriedades complementares (mutuamente exclusivas) – revelando-se como partículas ou como ondas – dependendo do tipo de experimento que esteja sendo realizado. Os experimentos projetados para examinar trocas individuais de energia e de momentum expõem propriedades corpusculares, ao passo que os experimentos projetados para examinar a distribuição espacial da energia expõem as propriedades ondulatórias. As propriedades ondulatórias da luz e as propriedades corpusculares da luz complementam-se – ambas são necessárias para a compreensão da “luz”. Qual dessas partes é enfatizada depende de qual questão se indaga a respeito da natureza. A complementaridade não é uma solução de compromisso, e não significa que toda a verdade acerca da natureza da luz situa-se em algum lugar entre partículas e ondas. Ela se parece mais com olhar os lados de um cristal. O que você enxerga depende de para qual das facetas está olhando, razão pela qual luz, energia e matéria revelam-se como quanta em determinados experimentos, e como ondas em outros.
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