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Compromisso, Dedicação e Foco Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista – Pós-edital) - Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 2 de 94 www.cdfconcursos.com.br Olá! Seja bem-vindo(a) à aula 1 sobre Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital). Pelo portal do aluno você poderá acessar o conteúdo integral deste curso — aulas escritas e videoaulas —, bem como retirar suas dúvidas diretamente com o Professor da disciplina. SUMÁRIO INFORMAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 4 Apresentação do Professor .................................................................. 5 Metodologia de Ensino ........................................................................ 6 Conteúdo do Curso ............................................................................ 7 CONTEÚDO DA AULA 1 ...................................................................................... 8 1 Noções iniciais ................................................................................ 9 1.1 Conceito de Processo Penal ........................................................ 9 1.2 Finalidade ................................................................................ 9 1.3 Características ....................................................................... 10 1.4 Pressupostos .......................................................................... 10 2 Sistemas de processo penal ............................................................ 11 2.1 Sistema inquisitivo ou inquisitorial ............................................ 11 2.2 Sistema acusatório ................................................................. 12 2.3 Sistema misto ........................................................................ 12 3 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal ........ 13 4 Princípios ..................................................................................... 15 Princípio da dignidade da pessoa humana ........................................ 16 Princípio da igualdade processual ou da paridade de armas ................ 17 Princípio do juiz natural ................................................................. 17 Princípio do promotor natural ......................................................... 18 Princípio do defensor natural .......................................................... 19 Princípio do devido processo legal ou due process of law .................... 19 Princípio do contraditório ............................................................... 20 Princípio da ampla defesa .............................................................. 21 Princípio da plenitude de defesa ..................................................... 22 Princípio da vedação das provas ilícitas ........................................... 23 Princípio favor rei e in dubio pro reo ............................................... 24 Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 3 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da não culpabilidade ........................................................ 25 Princípio da publicidade ................................................................. 27 Princípios da duração razoável do processo e da celeridade ................ 29 Princípio da economia processual .................................................... 31 Princípio do juiz imparcial .............................................................. 31 Princípio da oralidade .................................................................... 32 Princípio da identidade física do juiz ................................................ 32 Princípio da motivação das decisões ................................................ 33 Princípio do duplo grau de jurisdição ............................................... 33 Princípio da oficialidade ................................................................. 34 Princípio da oficiosidade ................................................................ 34 Princípio da verdade material, substancial ou real ............................. 35 Princípio da não autoincriminação ................................................... 36 Princípio da iniciativa das partes ..................................................... 37 Princípio da comunhão ou aquisição da prova ................................... 38 Princípio do impulso oficial ............................................................. 38 Princípio da lealdade processual ..................................................... 38 ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA ..................................................................... 41 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................ 53 QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS ..................................................................... 77 GABARITO ..................................................................................................... 92 Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 4 de 94 www.cdfconcursos.com.br INFORMAÇÕES INICIAIS Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 5 de 94 www.cdfconcursos.com.br Apresentação do Professor Olá, tudo bem? Seja bem-vindo, seja bem-vinda! Sou o Professor Rodolfo Menezes e estou com você na disciplina sobre Noções de Direito Processual Penal. Atualmente exerço o cargo de Magistrado Federal. Fui Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal e Oficial de Carreira do Exército Brasileiro. Tenho duas graduações (Direito e Ciências Militares) e cinco especializações, entre elas Direito Penal e Direito Público, além da constante atualização jurídica em congressos e seminários. Tenho uma trajetória nos concursos em épocas diferentes da minha vida. O primeiro concurso foi para ingressar na AMAN. Depois de anos, já recentemente, fui aprovado para Analista Judiciário, para Delegado de Polícia e para Juiz. Nessa época, tinha pouco tempo (trabalhava, era casado, tinha filhos pequenos etc.), mas, embora já fosse servidor público de carreira, resolvi ir para a luta dos concursos novamente, por mais de uma vez. Garanto a você que a diferença está na qualidade do estudo e não apenas na quantidade de tempo. É necessário se dedicar e estudar bem, durante as horas possíveis dentro do seu cotidiano. Claro que deve retirar as atividades que neste momento não são tão importantes e podem esperar, para aumentar a carga horária dentro do razoável. Por isso, gostaria que pensasse em três pilares: compromisso, dedicação e foco. Eles formarão o espírito necessário para iniciar e manter a construção dessa trajetória, dessa estrada, visando chegar onde hoje é apenas um horizonte longínquo, mas na verdade é um objetivo possível de ser conquistado. Procurarei auxilia-lo neste estudo com qualidade e será uma satisfação colaborar com você nessa caminhada. Um grande abraço e bons estudos! “Oportunidades não surgem. É você que as cria”. Chris Grosser. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 6 de 94 www.cdfconcursos.com.br Caso você deseje acompanhar as atualidadesrelacionadas ao estudo da disciplina de Direito Processual Penal, siga minhas mídias sociais: www.instagram.com/prof.rodolfomenezes/ www.facebook.com/professorrodolfomenezes Metodologia de Ensino Inicialmente, deve perceber que as primeiras aulas são importantíssimas para o entendimento do Direito Processual Penal, por fornecerem a base para o conhecimento necessário sobre os princípios norteadores, forma de criação, sua aplicação, execução, definições etc. Para os que já estudaram essa disciplina, será o momento para reforçar os pontos mais importantes e lembrados pelos examinadores. Para uma melhor estruturação, em cada aula haverá um sumário visando guiar o nosso estudo sobre o assunto. Apresentaremos definições importantes, esquemas, exemplos para a melhor compreensão e, durante ou ao final de cada aula, resolveremos questões nas quais o examinador abordou aquele conteúdo, com a finalidade de verificar a aprendizagem e saber como são as assertivas sobre o tema. Com uma visão macro sobre a disciplina, abordaremos inicialmente as disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal, os sistemas, os princípios e as disposições preliminares, que permitirão o entendimento dos demais institutos e regras previstos no CPP. O foco não é fomentar discussões acadêmicas sobre a área, e sim a compreensão dos temas e a abordagem do que é cobrado nos concursos. Vamos?! Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 7 de 94 www.cdfconcursos.com.br Conteúdo do Curso Neste Curso, sobre Noções de Direito Processual Penal para PCDF com Videoaulas (Escrivão – Pós-edital), será abordado o conteúdo programático associado ao Direito Processual Penal e exigido de forma recorrente em provas de concurso público elaboradas pela banca examinadora. Haverá, também, resoluções de questões visando verificar como os temas aparecem nos certames, que podem ser uma ótima referência de como serão as assertivas. AULA CONTEÚDO Aula 1 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. Sistemas de processo penal. Princípios. Aula 2 Inquérito policial; notitia criminis. Aula 3 Prisão em flagrante. Aula 4 Prisão preventiva. Aula 5 Prisão temporária (Lei n.º 7.960/1989). Aula 6 Ação penal: espécies. Jurisdição; competência. Aula 7 Prova (artigos 158 a 184 do CPP). Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 8 de 94 www.cdfconcursos.com.br CONTEÚDO DA AULA 1 Nesta aula, abordaremos o conceito, a finalidade, as disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal, os sistemas de processo penal e os princípios, enfatizando os temas mais exigidos nos concursos elaborados pela banca examinadora. Padronização de siglas - União, Estados, Distrito Federal e Municípios, respectivamente: U, E, DF e M. - Emenda constitucional: EC. - Constituição Federal de 1988: CF. - Código Penal: CP. - Código de Processo Penal: CPP. - Código Penal Militar: CPM. - Código de Processo Penal Militar: CPPM. - Artigo: art. - Supremo Tribunal Federal: STF. - Superior Tribunal de Justiça: STJ. - Combinado com: c.c. - Inquérito Policial: IP. - Ministério Público: MP. - Defensoria Pública da União: DPU. - Auto de Prisão em Flagrante: APF. - Recurso Especial: RESP. - Recurso Extraordinário: RE. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 9 de 94 www.cdfconcursos.com.br 1 Noções iniciais 1.1 Conceito de Processo Penal O Estado detém o jus puniendi (direito de punir) e para isso elabora as leis penais, que tipificam crimes e impõe abstratamente uma sanção para quem praticá-las, visando coibir as pessoas de agirem contrárias as normas. Entretanto, o ser humano é complicado! Acaba cometendo crimes, surgindo a pretensão punitiva do Estado em aplicar a sanção penal prevista na lei penal. Ao cometer crimes, surge a necessidade do Estado sair do campo abstrato do direito penal e aplica-lo no plano concreto, sendo necessário um processo que garanta o correto exercício do poder Estatal. A garantia de um processo penal legal e justo é uma das características da democracia, diferente dos regimes totalitários em que o processo não é importante, mas sim a determinação de uma autoridade. Assim, podemos definir o Processo Penal como o conjunto de regras, normas e princípios que norteiam a persecução penal e a aplicação do Direito Penal abstrato aos casos concretos, proporcionando um julgamento justo. “é o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares” (MARQUES, Elementos de Direito Processual Penal, 2ª ed., vol. 1, pág. 20). 1.2 Finalidade Podem ser percebidos pelo menos duas finalidades do processo penal: mediata e imediata. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 10 de 94 www.cdfconcursos.com.br A finalidade imediata - é permitir uma aplicação do direito penal ao caso concreto de forma justa. A finalidade mediata - é a proteção dos direitos das pessoas, não permitindo que o Estado proceda de forma arbitrária contra a sociedade, sob o disfarce de persecução penal. - Manter a paz social. 1.3 Características 1.4 Pressupostos A aplicação do Processo Penal em sentido amplo inicia-se na fase investigativa, com a deflagração da averiguação de uma suspeita ou de uma notícia crime. Isso já representa a finalidade mediata, que proíbe que alguém seja investigado sem haver qualquer suspeita preliminar. Assim, o pressuposto é possibilitar a aplicação do direito penal. Instrumentalidade É um instrumento para a aplicação do Direito Penal. Muito importante entender que ele não é o fim (finalidade, objetivo); é o modo de aplicação. Normatividade Tem normas próprias, como Código de Processo Penal (lei 3.689/41), além de outras leis especiais. Autonomia Ramo do direito independente e com princípios, normas e regras próprias. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 11 de 94 www.cdfconcursos.com.br 2 Sistemas de processo penal São três os principais sistemas processuais penais. Diferenciam-se de acordo com as normas, regras e princípios que adotam para o processo penal. 2.1 Sistema inquisitivo ou inquisitorial Foi o sistema utilizado na Europa em grande parte da Europa do século XIII ao XVIII, baseado no Direito Canônico. Decorre do absolutismo da época, no qual o rei detinha os três poderes: legislar, administrar e julgar. Começou seu declínio com a Revolução Francesa. Suas principais características são: - Um órgão tem as funções de acusar, defender e julgar, conjuntamente. - Por exercer as três funções, o juiz não é imparcial. - Não há contraditório e ampla defesa, porque tudo se concentra em um único órgão. O réu um mero objeto do processo, sem direitos de se defender amplamente. - Não há publicidade no processamento e julgamento. - Utiliza o sistema de provas tarifadas, nas quais a lei indica um valor maior para umas em detrimento de outras. Com isso, a confissão passa a ser mais valorada, levando ao inquisidor a prática de tortura para conseguir uma confissão, considerando ser esta a principal prova. Essas são as características históricas, sendo que atualmente os principais traços para a doutrina considerar um sistema como inquisitivo são: sist em as inquisitivo acusatório misto Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 12 de 94 www.cdfconcursos.com.br - Concentrar em só órgão as três funções: acusar, defender e julgar. - Faltar a imparcialidade do órgão julgador. - Ofende o contraditório e a ampla defesa. 2.2 Sistema acusatório Surgiu na Grécia e Roma antiga, para substituir o sistema de vingança privada. Decaiu no século XIII, com a chegada do sistema inquisitório. Com o declínio deste, retornou como um sistema mais justo e com as atualizações necessárias. Suas principais características são: - Há divisão das funções de acusar, defender e julgar. - O juiz é imparcial. - O processo inicia-se com o requerimento do acusador. - O juiz tem o livre convencimento fundamentado diante das provas, pois estas não são tarifadas. - As partes devem produzir as provas, ficando o juiz com uma atividade supletiva, caso seja necessária para buscar a verdade real possível. - Presunção de não-culpabilidade do investigado/indiciado/réu. - Igualdade entre as partes: acusador e defensor. Respeito ao contraditório e ampla defesa. - O réu não é apenas um objeto no processo. É um sujeito com direitos e garantias. - O processo é público. Apenas em casos excepcionais podem ser sigilosos. 2.3 Sistema misto Surgiu na França, por isso também é conhecido como sistema francês, sendo a fusão dos dois anteriores: inquisitivo e acusatório. Com isso, divide-se em duas fases. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 13 de 94 www.cdfconcursos.com.br Nucci, minoritariamente, entende que CPP adota este sistema, considerando a 1ª fase como o inquérito policial. Entretanto, há críticas, considerando o advento da CF que trouxe várias normas demonstrando que adotamos o sistema acusatório. Também, nas últimas décadas ocorreram várias modificações no nosso ordenamento em relação as normas do inquérito policial, mitigando um pouco suas características inquisitivas. Para uma prova objetiva, o Brasil adotou o sistema acusatório. 3 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal As normas constitucionais serão analisadas durante os estudos de cada tema no curso, para contextualizar e facilitar a compreensão, como no capítulo dos princípios. Apenas para situa-lo na disciplina, veremos alguns tópicos importantes neste momento. a) A União é o ente federativo competente privativamente para legislar sobre direito processual penal, conforme art. 22, I, da CF (regra). A própria constituição prevê uma exceção que não deve ser esquecida: a União, por meio de uma LC, poderá autorizar que os Estados legislem sobre questões específicas em direito penal. Logo, a União não pode delegar genericamente aos Estados. 1ª fase: inquisitorial. Trata-se de uma instrução preliminar, que visa verificar a existência de indícios de autoria e materialidade do fato. 2ª fase: acusatória. Trata-se da fase do processo propriamente dito, com as características do sistema acusatório. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 14 de 94 www.cdfconcursos.com.br Assim, em regra, os Estados não poderão legislar sobre direito penal. Excepcionalmente, a UNIÃO poderá delegar, havendo a necessidade de 2 requisitos cumulativos: - autorização por LC; - para tratar de uma questão específica. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;[...] Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Não esquecer, também, que o art. 24, I, da CF traz a competência concorrente para legislar sobre direito penitenciário. b) É proibido a edição de Mediada Provisória em matéria de processo penal, conforme art. 62, §1º, I, ‘b’, da CF. art. 62 [...] § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: [...] b) direito penal, processual penal e processual civil; c) Respeito à dignidade do preso e direito da presa amamentar seu filho (art. 5º, XLIX e L, CF). art. 5º, XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; art. 5º, L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; Noções iniciais Sistemas processuais Disposições constitucionais aplicáveis Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 15 de 94 www.cdfconcursos.com.br 4 Princípios Princípios jurídicos são os valores fundamentais que sustentam o ordenamento legal, tanto para sua criação (legislador) como para sua efetiva aplicação (operadores do direito). Obrigatoriamente, eles antecedem a lei. Os princípios no processo penal podem estar positivados (estão em normas escritas) ou não positivados, sendo admitidos com a mesma força. A função é orientar a atividade legislativa responsável pela criação das normas penais e, ao mesmo tempo, a atividade judicante de aplicar a lei ao caso concreto. Alguns princípios estão previstos na constituição, tendo uma grande relevância para a disciplina, porque a CF tem força normativa e os torna aplicáveis de per si, além de serem a base da interpretação jurídica e ter função informativa. Também, serão vistos princípios gerais aplicáveis ao ramo do processo penal, ficando postergada a explicação daqueles que são intrínsecos a determinados temas ou institutos a serem estudados posteriormente. Por fim, lembrar que os princípios não se excluem, eles se complementam, devendo ser sopesados. A priori, não há princípio maior que outro abstratamente. Eventual conflito será resolvido pela ponderação de interesses, prevalecendo o que tem maior relevância àquele caso concreto (sopesamento). Princípios constitucionais expressos referentes ao processo penal Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III). Princípio da igualdade processual (art. 5°, caput). Princípio do juiz natural (art. 5°, Llll). Princípio do devido processo penal (art. 5°, LIV). Princípio do contraditório (art. 5°, LV). Princípio da ampla defesa (art. 5°, LV). Princípio da plenitude da defesa (art. 5°, XXXVlll, "a"). Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 16 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da vedação das provas ilícitas (art. 5°, LVI). Princípio da não culpabilidade (art. 5°, LVll). Princípio in dubio pro reo (art. 5°, LVll). Princípio da publicidade (arts. 5°, LX e XXXlll, e 93, IX, CF; art. 792, caput, CPP). Princípios da duração razoável do processo e da celeridade (art. 5°, LXXVlll). Princípio da dignidade da pessoa humana Tem natureza constitucional: CF - Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana; É um fundamento da República Federativa do Brasil, considerado como um verdadeiro conjunto de valores com a função de garantir os direitos de cada cidadão perante o Estado, para o bem-estar de todos. Ainda que se possa considerar a dignidade da pessoa humana como um atributo que antecede a própria compreensão jurídica, sua positivação no Texto Maior se afigura salutar, à medida que confere instrumento expresso ao Judiciário e, ademais, permite delimitar,no entrelace das normas constitucionais, seu alcance e sentido. (ESTEFAM, 2018)1 Os pensamentos de Kant auxiliam na interpretação do seu sentindo, por ser um conceito vago e indeterminado. Algumas decisões no processo penal. - proibição de manutenção em regime mais gravoso em decorrência de falta de vaga no regime adequado. - restrição do uso de algemas. Súmula Vinculante 11: só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 1 ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 17 de 94 www.cdfconcursos.com.br responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. - instauração de inquérito policial em caso de fato atípico caracteriza constrangimento ilegal. - necessidade de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais que não tem a mínima condição para servir como prisão. Princípio da igualdade processual ou da paridade de armas Também denominado de princípio da paridade das armas, diz que as partes no processo devem ter as mesmas oportunidades. Considerando a investigação prévia e o aparato Estatal, o réu recebe alguns tratamentos diferenciados para equilibrar a situação, tais como: a possibilidade de embargos infringentes e revisão criminal. Isso já indica a ligação com o princípio favor rei a ser visto posteriormente. É extraído do art. 5°, caput, da CF. Entende-se que as partes devem ter as mesmas armas para a “luta” durante o processo. Sendo essencial para o sistema acusatório, que tenham as mesmas obrigações, direitos e ônus. Princípio do juiz natural O juiz de um processo deve ser previsto objetivamente, genericamente e anteriormente pela CF e/ou por lei. Ou seja, a competência deve ser abstrata e prévia, sendo vedado a constituição de juízo de exceção (juiz escolhido posteriormente e especificamente para julgador determinado fato; art. 5º, XXXVII, da CF). Visa garantir um juiz imparcial para apreciação do fato. CF, art. 5°, Llll - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 18 de 94 www.cdfconcursos.com.br CF, art. 5º, XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; Assim, não é possível a criação de juízo ad hoc, designado para causas específicas. São conhecidos também como tribunais ou juízos de exceção, porque são nomeados posteriormente para atuar em causas concretas já ocorridas. Algumas consequências. - Declaração de suspeição e impedimento quando o juiz não for imparcial. - O foro por prerrogativa de função não ofende o princípio, porque refere- se a função e não a determinada pessoa, além de ser abstrato e prévio. - Juízes convocados para tribunais não ofende, porque prevalece o princípio da duração razoável do processo, além de ser abstrato. - O desaforamento no caso de tribunal do júri é uma garantia a isenção dos jurados. - A criação de novas varas visa a melhor prestação jurisdicional, sendo uma regra genérica, não individualizando uma pessoa ou fato. Princípio do promotor natural Alguns doutrinadores entendem que o órgão acusador também deve ser imparcial, sendo previamente designado por lei e proibido a indicação posterior para determinado fato. É uma forma de proteção da independência do membro do MP e da sociedade, que precisa de um órgão acusador independente e imparcial. Esse princípio é mitigado, porque há previsão em lei que permite a indicação de Promotor/Procurador em casos específicos, devendo ser predeterminada e abstrata. Não é pacífica a matéria no STF. Em um julgado, a Corte Constitucional não admitiu, considerando que violaria a unidade e indivisibilidade do MP. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 19 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio do defensor natural Da mesma forma que o princípio do promotor natural, advém de analogia do princípio do juiz natural. Refere-se aos Defensores Públicos, devendo ser nomeado aquele que tem atribuição previamente definida por critérios abstratos e genéricos, evitando que exista uma escolha casuística por parte do Defensor Público Geral. Da mesma forma, evita que o juiz nomeie advogado dativo sem um fundamento para tal. O STF não se manifestou, mas registre-se que tem o entendimento contrário ao princípio do promotor natural. Estes princípios querem reforçar o sistema acusatório, para evitar interferência até na atuação das partes técnicas. Princípio do devido processo legal ou due process of law Demonstra que o processo penal é uma garantia às pessoas contra qualquer abuso do Estado, porque todas as ações penais deverão respeitar as regras, normas e princípios que regem o sistema. O procedimento deve ser regular, perante a autoridade competente, com provas lícitas e respeitar os princípios e normas existentes. CF, art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; A doutrina entende que há duas dimensões. a) formal: está ligada ao procedimento, sendo uma garantia do cumprimento das normas e regras previstas em lei, para a correta persecução penal. b) material: além de aplicar as regras processais, deve ser observado a proporcionalidade e equilíbrio necessário. É a aplicação da razoabilidade e proporcionalidade. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 20 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio do contraditório Acompanha a paridade de armas e diz que a parte tem o direito de se manifestar em qualquer prova produzida pela outra parte, bem como nos requerimentos feitos. Traz a bilateralidade dos atos processuais, na qual haverá dialética, tese e antítese, para se chegar a uma síntese. CF, art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Em decorrência, temos três direitos das partes. É a garantia que a parte irá influenciar no processo e não ser mero espectador. Por exemplo, se o juiz presidente do tribunal do júri perceber que o réu está “indefeso”, poderá nomear outro defensor. Por fim, lembro que há o contraditório diferido tendo em vista as características do processo penal, como no caso de interceptação telefônica ou quebra de sigilo de dados. O contraditório diferido será aquele exercido posteriormente, tendo em vista as características da diligência que impede que seja feita naquele momento. Por exemplo, em uma perícia necroscópica ou de um lugar crime, não há tempo hábil para se aguardar o contraditório no momento da realização. Entretanto, o contraditório será realizado posteriormente. Alguns pontos relevantes. a) O contraditório é a regra na fase processual. A investigação, em regra, é inquisitorial, podendo ocorrer o contraditório diferido sobre as provas e indícios produzidos durante as apurações. Contraditório direito de ser intimado sobe ato processual praticado possibilidade de se manifestar a respeito do ato possibilidade de influenciar o julgador Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof.Rodolfo Menezes 21 de 94 www.cdfconcursos.com.br b) o contraditório não impede decisões judiciais sem oitiva da outra parte, que poderá se manifestar posteriormente a esta, caracterizando o contraditório posterior. Ex. relaxamento de prisão – não exige a oitiva do MP antes da decisão judicial; ordem de busca e apreensão domiciliar – a defesa terá conhecimento após a efetivação da diligência. Princípio da ampla defesa Garante ao réu a utilização de qualquer meio de defesa durante o processo. É uma forma de equilibrar a situação, tendo em vista o aparato Estatal e a investigação prévia necessária que se desenvolveu. Tem previsão no art. 5°, LV, da CF. Embora seja um direito constitucional, não se aplica na fase investigativa, como será visto no capítulo sobre inquérito policial. Segundo a doutrina, divide em autodefesa e defesa técnica. A autodefesa, como diz o nome, é a defesa feita pelo próprio réu durante, principalmente, seu interrogatório. É disponível (facultativa), podendo o réu preferir o seu direito ao silêncio. Ao contrário do que muitos pensam, ele não pode mentir sobre sua qualificação pessoal e nem imputar falsamente um crime a outrem, podendo ser responsabilizado penalmente por isso. Fora isso, pode contar sua versão falaciosa dos fatos, pois não é obrigado a produzir prova contra si e nem dizer a verdade. O réu tem o direito de ser ouvido (interrogatório) e de presença (estar presente aos atos judiciais; instrução). A defesa técnica é a exercida por um defensor técnico, advogado, sendo indisponível (obrigatória). O réu tem o direito de nomear um advogado para defende-lo (art. 263 do CPP). Se não o fizer, o magistrado irá nomear um defensor. Nesse sentido é a súmula 707 do STF, sobre o recurso contra a rejeição da denúncia; e a súmula 708, sobre o réu ser intimado para nomear novo defensor. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 22 de 94 www.cdfconcursos.com.br Súmula 707 do STF: “constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”. Súmula 708 do STF: “é nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro”. A falta de defensor constitui nulidade absoluta, enquanto a defesa deficiente somente anulará o processo se houver prejuízo ao réu. O ordenamento jurídico permite ao réu atuar algumas vezes sem defensor, como na interposição de recurso (art. 577 do CPP), impetração de habeas corpus (ar.t 654 do CPP). Em consequência deste princípio, apenas o réu tem o direito a revisão criminal e o juiz deve fiscalizar se o réu não está “indefeso” (deficiência na defesa técnica). Importante observar que o direito a defesa técnica traz como consequência a garantia de inviolabilidade do defensor, suas garantias, dos documentos e do seu local de trabalho, para que ele possa exercer eficazmente a defesa do réu. Lembrando que isso não é uma salvaguardar ao cometimento de crime por parte dos defensores, que, caso exista, autoriza uma ação do Estado para reprimir a ilicitude. Princípio da plenitude de defesa Além da ampla defesa, no tribunal do júri o réu tem o direito a plenitude de defesa, caracterizada pela utilização de qualquer meio lícito de provas, inclusive não técnicos, como os sentimentais e sociais, para convencer os jurados. CF, art. 5°, [...] XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; [...] Exemplo: pode o réu ter um maior tempo para se defender, se o juiz Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 23 de 94 www.cdfconcursos.com.br entender necessário, sem que isso acarrete paridade ao Ministério Público; pode apresentar nova tese defensiva na tréplica. Princípio da vedação das provas ilícitas O devido processo legal exige que as partes respeitem os limites na produção de prova. A prova considerada ilícita deverá ser desentranhada do processo e inutilizada, mas não causará nulidade se permanecer nos autos e o juiz não as utilizar para fundamentar a decisão ou sentença. CF, art. 5°, LVI: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; O art. 157 do CPP define o que são provas ilícitas. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Cuidadoso, o legislador proibiu também as provas que decorrem das provas ilícitas, conhecida como a teoria da árvore dos frutos envenenados (art. 157, §1º, CPP). Assim, todas as provas que derivaram de uma ilícita, também devem seguir o mesmo destino: desentranhadas dos autos. CPP, art. 157, § 1º: são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. Será importante para o operador do direito verificar se uma prova posterior tem fonte independente da considerada ilícita originariamente, porque a prova independente será válida. CPP, art. 157, § 2º: considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. Em respeito à ampla defesa, a jurisprudência já aplicou o princípio da proporcionalidade ou do interesse predominante para aceitar prova ilícita Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 24 de 94 www.cdfconcursos.com.br produzida pelo réu para provar sua inocência, por caracterizar legitima defesa, estado de necessidade ou inexigibilidade de conduta diversa. Princípio favor rei e in dubio pro reo Também denominado de princípio da prevalência do interesse do réu, favor libertatis, favor inocente, decorre do princípio da não culpabilidade. Determina que em caso de dúvida razoável, deve privilegiar-se a situação do réu, em detrimento do ius puniendi do Estado. Por isso, entende-se que também tem previsão no art. 5°, LVll, da CF. CPP, art. 386 - o juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: [...] VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena [...], ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação. Todavia, na decisão de recebimento da denúncia e na sentença de pronúncia prevalece o princípio do in dubio pro societate, sobressaindo-se o princípio de proteção da sociedade e objetivando uma apuração dos fatos. Nestas fases, na dúvida, havendo indícios suficientes de autoria e materialidade, o fato deve ser processado para ser esclarecido. Alguns doutrinadores preferem diferenciar e compreendem que o in dubio pro reo aplica-se no momento da sentença, enquanto o favor rei é mais amplo, podendo ser aplicado a qualquer momento em benefício do investigado/réu em caso de dúvida razoável. Por fim, cabe esclarecer que não é qualquer dúvida, mas aquela razoável, tendo em vista que o julgador pode ficar em dúvida entre um conjunto probatório robusto e uma versão contada pelo réu no interrogatório. No entanto, deverá fazer um juízo de valor sobre os elementos constantes nos autos e aplicar o princípio da razoabilidade. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes25 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da não culpabilidade Também conhecido como princípio da presunção de inocência ou de estado de inocência (porque inocente é um fato, não pode ser presumido), entende que o réu somente será culpado com o trânsito em julgado de sentença condenatória. CF, art. 5°, LVll: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Além da constituição, há previsões semelhantes em outros diplomas legais. Decreto nº 678, 1992 - Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) Art. 8º [...] 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. [...] Decreto nº 592, 1992 - Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Art. 14 [...] 2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Declaração Universal dos Direitos humanos Art 11, 1 - Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. É um princípio com eficácia irradiante no processo, tendo várias consequências, entre elas... Princípios – 1ª parte Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 26 de 94 www.cdfconcursos.com.br a) a acusação tem ônus de provar a autoria e a materialidade do crime. É uma regra de natureza probatória, pelo qual a acusação tem o encargo de provar o fato típico. Enquanto a defesa deverá provar o que alegar, inclusive se for uma excludente de ilicitude ou de culpabilidade, porque é a forma de demonstrar que o fato, embora ocorrido, não é crime. b) também, tem natureza de tratamento, impondo que qualquer constrição de direito deve ser exceção. As medidas deverão ser necessárias e a decisão fundamentada, como na interceptação telefônica ou na quebra de sigilo bancário. c) a regra é o réu responder ao processo em liberdade, sendo as prisões cautelares exceções, que necessitam de fundamentação da sua necessidade (tema a ser visto no capítulo de prisões). d) prisão após decisão de segunda instância. Em tese, a prisão definitiva somente acontece após o trânsito em julgado da sentença. Entretanto, o STF, em 2016, decidiu que o início do cumprimento da pena imposta pode ocorrer com a decisão de 2ª instância (HC 126.292), como pena provisória. A decisão entendeu que o Recurso Extraordinário (RE - STF) e o Recurso Especial (REsp – STJ), em regra, não tem efeito suspensivo, podendo ser cumprida a decisão, porque as cortes superiores discutem apenas matérias de direito e não matérias de fato. O princípio da não culpabilidade deve ser sopesado frente a outros, como da confiança da sociedade no sistema penal, da pretensão punitiva estatal, da segurança e da proteção da sociedade. Também, isso não afastará a análise do processo pelas cortes superiores. Em novembro de 2019, o STF mudou o posicionamento e decidiu que não é possível a execução provisória da pena. O início do cumprimento da pena condenatória imposta somente será possível após o trânsito em julgado, ou seja, após o esgotamento de todos os recursos, incluindo o Recurso Especial (RESP – STJ) e Recurso Extraordinário (RE – STF). Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 27 de 94 www.cdfconcursos.com.br Neste caso, para o réu ser preso, deverá haver a decretação de prisão preventiva (art. 312 do CPP). Fundamentada, é claro. Atualmente, para a prova: não pode haver prisão provisória antes do trânsito em julgado. e) quanto ao cumprimento das penas restritivas de direitos. O STJ e a 2ª turma do STF entendem que não porque esse caso específico não foi analisado pelo STF, devendo prevalecer o art. 147 da LEP. LEP, art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução [...] A 1ª turma do STF entende que é possível, pois a dedução é a mesma para a pena de prisão. f) quanto à execução da pena de multa. Somente após o trânsito em julgado, tendo em vista que o art. 50 do CPP e o art. 164 da LEP são taxativos. CPP, art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. LEP, art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora. Princípio da publicidade É uma forma de controle social, pela qual o acesso aos autos do processo e às sessões são públicas. Tem previsão em diversas normas: art. 5º, XXXIII e LX, art. 93, IX, da CF; art. 792, CPP. Excepcionalmente pode haver restrição em caso de defesa da intimidade ou do interesse social, desde que devidamente fundamentado pelo juiz. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 28 de 94 www.cdfconcursos.com.br CF, art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; CF, art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; CPP, art. 792 - as audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados. A publicidade interna não pode ser restringida, porque é direcionada aos órgãos da Administração e as partes. Por exemplo: não pode ser realizada a instrução processual sem a presença de um defensor; o defensor tem acesso amplo aos elementos de prova e aos autos. Cabe observar que o defensor não tem acesso aos elementos de prova ainda não juntados aos autos, por serem sigilosos, como a interceptação telefônica ou o mandado de busca e apreensão em curso. É da essência destes elementos o sigilo até o seu cumprimento; após, serão documentados e juntados aos autos do processo ou da investigação, passando a ser de amplo acesso. STF, súmula vinculante 14: é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. A publicidade externa pode ser restringida, desde que presentes motivos de intimidade ou de interesse social que justifiquem o segredo de justiça. • publicidade interna • publicidade externaExistem dois enfoques a serem observados: Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 29 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípios da duração razoável do processo e da celeridade Entende-se que justiça tardia é uma injustiça. Não se esquecendo que no processo penal deve haver um equilíbrio entre a celeridade e a garantia de defesa do acusado, devendo ter uma duração razoável. A demora do processotraz um desconforto ao acusado, principalmente se estiver preso. Ao mesmo tempo em que traz um sofrimento ao ofendido, seus familiares e ao sentimento de segurança e justiça social, devendo o Estado ser célere no exercício de seu jus puniendi sem ofender os direitos do acusado ou a proteção e segurança da sociedade. Com esse pensamento, o CPP traz regras que acompanham esse princípio, como: a carta precatória itinerante (art. 355, §1º); prazo para realizar a audiência de instrução (art. 400); prazo para a 1ª fase do júri (art. 412) Entretanto, este princípio não é absoluto e não pode ser considerado de maneira isolada, devendo ser harmonizado com os demais. Por isso, alguns doutrinadores dizem que o Brasil adotou a Teoria do Não Prazo, porque eles não possuem sanção pelo seu descumprimento. Em contraponto, a teoria do prazo fixo busca impor um prazo máximo de duração do processo, para sua tramitação (não adotada pelo Brasil). Com isso, a jurisprudência entende que esses prazos não devem ser rígidos, criando alguns critérios para apurar essa razoável duração do processo, tais como: complexidade da causa. qual a parte contribuiu para a demora. Evitar que a parte procrastine e depois queira ser beneficiada. se houve morosidade do órgão jurisdicional. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 30 de 94 www.cdfconcursos.com.br Alguns temas relevantes. a) o STF entende que a demora para concluir a instrução criminal pode caracterizar constrangimento ilegal, devendo ser observado os critérios acima. Isso pode ensejar a revogação de uma prisão preventiva, por exemplo. b) autoriza o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo. c) a análise se uma demora é razoável esbarra na indevida incursão dos fatos e elementos probatórios, por isso não é incabível Mandado de Segurança (MS), porque este reclama direito líquido e certo. d) o STJ já aceitou HC no caso de uma demora de 5 anos sem o julgamento de uma REsp, determinando um prazo para ser colocado em mesa. e) o STF aceita a convocação de juízes de 1º grau para atuarem nos Tribunais de Justiça considerando a elevada carga de processos. A duração razoável do processo tem previsão no art. 5º, LXXVIII, da CF e no art. 8º, ‘1’, da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH). CF, art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Na esteira deste princípio estão algumas súmulas do STJ. STJ, súmula 21 - Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução. STJ, súmula 52 - Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo. STJ, súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 31 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da economia processual É a busca da efetividade jurisdicional com o menor emprego de meios (recursos financeiros, tecnológicos, pessoal, tempo etc.) possíveis. É uma indicação ao legislador sobre a necessidade da modificação do sistema recursal existente, que torna um processo penal longo demasiadamente e dispendioso. Também, deve os sujeitos do processo, principalmente o juiz, preocupar- se em diminuir o custo processual, utilizando dos meios possíveis existentes no ordenamento, como a videoconferência, e preocupando-se em acompanhar os prazos. Princípio do juiz imparcial Acompanhando o sistema acusatório e complementando o princípio do juiz natural, existem regras no ordenamento jurídico para garantir a imparcialidade do juiz, evitando uma apreciação do fato por quem tenha algum vínculo subjetivo. A suspeição (art. 252 do CPP) e o impedimento (art. 252 do CPP) são exemplos destas regras. Tem previsão no art. 8º, ‘1’, da CADH (Dec 678/1992). CADH, art. 8º, I: toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela[...] Essa imparcialidade exige que o juiz tenha garantias no seu atuar, como as previstas no art. 95 da CF: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimento. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 32 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da oralidade Entende que a produção de atos no processo deve ser verbal, em regra. Com esse espírito, atualmente o judiciário tem utilizado em grande escala as videoconferências, em substituição as cartas precatórias tradicionais, bem como a gravação das declarações das testemunhas, ofendidos e do réu, sem necessidade de transcrição. Promove outros princípios diretamente ligados. a) imediatidade: contato direto do magistrado com as provas produzidas, com as partes, peritos, testemunhas etc. b) concentração: a audiência de instrução é una, mesmo que os atos sejam desmembrados. Visa que o julgador se lembre da instrução, facilitando o julgamento e a celeridade. c) identidade física do juiz. Princípio da identidade física do juiz O juiz que realiza a instrução e colhe as provas deve sentenciar. Visa dar mais força a celeridade processual, economia processual, oralidade e concentração dos atos judiciais, pois o juiz que contato direto com as partes e o processo terá maior conhecimento sobre os fatos a serem analisados. CPP, art. 399, § 2º - O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. Há exceções, como por exemplo se o juiz estiver afastado, de férias, convocado, licenciado, aposentado ou por outro motivo não estiver no exercício da jurisdição. Neste caso, quem o substituir fará o julgamento. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 33 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da motivação das decisões Em decorrência da imparcialidade, o juiz é livre para julgar, devendo motivar suas decisões para garantir a segurança jurídica na apreciação do processo, o contraditório e o controle social. CF, art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade [...] No processo penal a motivação deve estar alicerçada nos elementos produzidos durante o devido processo legal, como diz o art. 155, caput, e 381, III, do CPP. Com isso, não será fundamentada a decisão abstrata, que indique apenas dispositivos de lei, jurisprudência, súmulas ou doutrinas e não as relacione com o fato concreto. Em que pese essa exigência, a jurisprudência admite a motivação per relationem (por referência; aliunde) caracterizada pela utilização das razões empregadas previamente pelo MP em seu parecer, pela defesa em sua manifestação ou pelo juiz de primeiro grau (na 2ª instância). Por fim, verifica-se que há uma mitigação deste princípio no tribunal do júri, porque o conselho de sentença não pode motivar sua decisão, de acordo com o princípio da livre convicção dos jurados. CF, art. 5º, XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: [...] b) o sigilo das votações; Princípio do duplo grau de jurisdição Decorre da estrutura do Poder Judiciário, da insatisfação da parte que foi vencida e do art. 8º, ‘2’, da CADH. CADH, art. 8º, 2. [...] Durante o processo, toda pessoa tem direito, emplena igualdade, às seguintes garantias mínimas: [...] h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 34 de 94 www.cdfconcursos.com.br Garante a possibilidade de revisão das decisões judiciais, através dos recursos, proporcionando uma melhor atuação dos juízes. Nos casos de competência originárias dos tribunais, como no STF, não há a presença deste princípio. A Suprema Corte entende que o foro por prerrogativa de função é um privilégio ao réu, que não terá o sofrimento de aguardar os diversos recursos para tribunais superiores para saber seu destino no processo. Princípio da oficialidade A persecução penal é atividade do Estado, devendo ser realizada por seus órgãos oficiais. Punir uma pessoa pela prática de um crime é encargo do Estado, através de seus órgãos policiais (investigar), Ministério Público (denunciar) e Judiciário (julgar). Essa é a regra para ações penais públicas. Nas ações penais privadas o particular iniciará a ação e nas ações penais públicas condicionadas será necessária uma representação ou requerimento. Algumas doutrinas trazem o princípio da autoridade de uma forma semelhante, pois dizem que a investigação e o processo devem ser realizados por autoridades pública, com as mesmas exceções acima. Princípio da oficiosidade Em regra, os órgãos do Estado agem de ofício, não precisando serem provocados. É o que acontece nos crimes de ação penal pública incondicionadas. Diferente será nas ações penais públicas condicionadas e ações penais privadas, temas a serem estudados em outro capítulo. Princípios – 2ª parte Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 35 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da verdade material, substancial ou real Diferencia-se da verdade formal prevista no processo civil, porque no processo penal não é possível a presunção da veracidade dos fatos, ante os direitos indisponíveis em jogo (liberdade, privacidade etc.). Para isso, o juiz pode ter iniciativa probatória, devendo ser suplementar para não ferir o sistema acusatório, mas não se contentando apenas com o que as partes trazem ao processo. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: [...] II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Claro que essa busca esbarra nos limites impostos pelos direitos e garantias individuais das pessoas. Por exemplo: não se admite a tortura; não se admite a interceptação telefônica sem autorização judicial; etc. Alguns preferem denominar de verdade aproximada, porque entendem que não é possível a reprodução plena dos fatos em juízo, apenas aproximar-se da realidade. Outros, que não há diferença entre a verdade do processo civil e o penal, de acordo com o art. 370 do CPC, por isso é o princípio da busca da verdade. Alguns pontos importantes. a) não é possível revisão criminal em prol da sociedade, mesmo que esteja buscando-se a verdade. b) o princípio da vedação da prova ilícita não pode ser mitigado para se buscar a verdade. c) o art. 479 do CPP não admite a leitura em sessão do júri de documento juntado sem respeitar o lapso de três dias úteis antes da sessão. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 36 de 94 www.cdfconcursos.com.br Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. d) o art. 207 do CPP proíbe determinadas pessoas de depor, a nãos ser que desobrigadas pelo interessado no segredo. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Princípio da não autoincriminação Ninguém está obrigado a produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), previsto no art. 8º, ‘2’, ‘g’, da CADH. Esse princípio visa equilibrar a hipossuficiência do réu diante do poder do Estado em apurar os fatos e exercer seu jus puniendi. Reforçando que o órgão acusador é responsável por produzir as provas da autoria e da materialidade do crime, porque o ônus cabe a quem alega. Alguns pontos. a) o réu não está obrigado a participar dos atos em que tenha sua participação ativa, por exemplo interrogatório, ou intervenções corporais, como exame de DNA, exame de alcoolemia na direção de veículo automotor e grafotécnico. É possível serem feitos exames não invasivos, como exame de DNA com base na apreensão de um cigarro jogado fora. Se for invasivo, é proibido sem o consentimento, como coletar amostrar no interior da boca do indivíduo. b) na direção de veículo automotor embriagado, o suspeito não é obrigado a realizar o “teste do bafômetro”. Contudo, a legislação foi alterada para corrigir o equívoco e possibilitar que a prova seja feita por outros meios não invasivos. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 37 de 94 www.cdfconcursos.com.br c) o investigado/réu tem o direito ao silêncio durante o interrogatório. Não pode haver constrangimento para a confissão do crime e a falta do aviso dessa garantia constitucional anula o ato (Aviso de Miranda). O acusado poderá contar sua versão dos fatos da forma como desejar, sem estar comprometido com a verdade. Contudo, há limites, pois o investigado ou réu deve falar a verdade na qualificação pessoal; pode ficar calado ou contar sua versão sobre os fatos; não podendo fazer acusações falsas contra terceiros. CF, art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; Como o réu pode ficar em silêncio, o STF compreendeu que não pode haver condução coercitiva do investigado/réu para o interrogatório. Princípio da iniciativa das partes Com fundamento no sistema acusatório, o juiz não pode propor ação penal, sendo ato reservado ao órgão incumbido da acusação. CF, art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; CF, art. 5º, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; É possível existir a ação penal privada, na qual haverá iniciativa de um operador do direito diverso do MP. Todavia, não se admite mais o processo judicialiforme, que consistia na possibilidade do juiz iniciar o processo sem manifestação do órgão acusador, diretamente com o Auto de Prisão em Flagrante (APF), nos casos de contravenções penais. Dele decorre o princípio da congruência ou correlação entre a sentença é a denúncia. O réu se defende dos fatos imputados na denúncia ou em seus Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 38 de 94 www.cdfconcursos.com.br aditamentos, não podendo a sentença julgar fatos diversos, surpreendendo o réu. Em alguns casos previstos em lei, o julgador pode agir de ofício. Princípio da comunhão ou aquisição da prova Uma prova juntada aos autos pode ser utilizada por qualquer das partes, porque ela pertence ao processo e visa contribuir para a busca da verdade. Por exemplo, se uma das partes indica uma testemunha, podeo juiz de ofício determinar sua oitiva, como pode a outra parte requerer no mesmo sentido. Também, acontece da parte arrolar uma testemunha e as declarações desta ser totalmente contrária aos seus interesses. Neste caso, a prova faz parte do processo e poderá ser utilizada na argumentação da parte adversa. Princípio do impulso oficial A jurisdição é inerte e precisa ser iniciada. Todavia, após o recebimento da inicial, cabe ao juiz impulsionar o processo para que tenha uma duração razoável e seja julgado. Para isso, determinará citações, intimações, prazos, conduções coercitivas e outros atos que sejam necessários. Assim, o processo não pode ficar parado porque as partes nada requereram. CPP, art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. Princípio da lealdade processual Consiste no dever das partes em agirem com ética, honestidade e probidade, vedando-se o emprego de meios fraudulentos durante o processo. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 39 de 94 www.cdfconcursos.com.br As partes devem atuar de forma técnica e não um agir ardiloso, tentando construir nulidades, procrastinar o feito, tumultuar etc. O STF já entendeu que viola este princípio o advogado que age de forma contraditória ou abusando do direito. Não se revelam cabíveis os embargos de declaração quando a parte recorrente – a pretexto de esclarecer uma inexistente situação de obscuridade, omissão, contradição ou ambiguidade (CPP, art. 619, e RISTF, art. 337) – vem a utilizá-los com o objetivo de infringir o julgado e de, assim, viabilizar um indevido reexame da causa. Precedentes. EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO DE RECORRER – O abuso do direito de recorrer – por qualificar-se como prática incompatível com o postulado ético-jurídico da lealdade processual – constitui ato de litigância maliciosa repelido pelo ordenamento positivo, especialmente nos casos em que a parte interpõe recurso com intuito evidentemente protelatório. (ARE 1085289 AgR-EDv-AgR-ED-ED, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 31/05/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-127 DIVULG 11-06-2019 PUBLIC 12-06-2019) 1. O paciente, advogado com larga vivência profissional, após ser notificado a oferecer resposta à acusação (art. 4º da Lei nº 8.038/90), voluntariamente optou por se quedar inerte, deixando de atuar em causa própria ou de constituir advogado. 2. Nítida hipótese de estratégia defensiva, quiçá com o objetivo de lançar o germe de futura invocação de nulidade, a afastar a alegação de cerceamento de defesa. 3. Inexistência de nulidade no recebimento da denúncia sem a defesa preliminar, tanto mais que a impetração se limita a descrever a inércia do paciente, sem invocar um só fato extraordinário que a pudesse justificar. 4. Impossibilidade de se prestigiar o comportamento contraditório do paciente, uma vez que “no sistema das invalidades processuais[,] deve-se observar a necessária vedação ao comportamento contraditório, cuja rejeição jurídica está bem equacionada na teoria do venire contra factum proprium, em abono aos princípios da boa-fé e lealdade processuais” (HC nº104.185/RS, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 5/9/11). 5. Com efeito, “ninguém pode se opor a fato a que [tenha dado] causa; é esta a essência do brocardo latino nemo potest venire contra factum proprium” (ACO nº 652/PI, Pleno, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de 30/10/14). 6. Ausência, ademais, de arguição oportuna da nulidade e de demonstração do prejuízo sofrido pelo paciente. 7. Ordem denegada. (HC 137959, Relator(a): Min. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 40 de 94 www.cdfconcursos.com.br DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 04/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-087 DIVULG 26-04-2017 PUBLIC 27-04-2017) Princípios – 3ª parte Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 41 de 94 www.cdfconcursos.com.br ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA Conceito de Processo Penal Finalidade imediata - é permitir uma aplicação do direito penal ao caso concreto de forma justa. mediata - é a proteção dos direitos das pessoas, não permitindo que o Estado proceda de forma arbitrária contra a sociedade, sob o disfarce de persecução penal. - manter a paz social. Características • o conjunto de regras, normas e princípios • que norteiam a persecução penal e a aplicação do Direito Penal abstrato aos casos concretos, • proporcionando um julgamento justo. Processo Penal Instrumentalidade É um instrumento para a aplicação do Direito Penal. Muito importante entender que ele não é o fim (finalidade, objetivo); é o modo de aplicação. Normatividade Tem normas próprias, como Código de Processo Penal (lei 3.689/41), além de outras leis especiais. Autonomia Ramo do direito independente e com princípios, normas e regras próprias. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 42 de 94 www.cdfconcursos.com.br Pressupostos A finalidade mediata proíbe que alguém seja investigado sem haver qualquer suspeita preliminar. Possibilitar a aplicação do direito penal. Sistemas de processo penal São três os principais sistemas processuais penais. Sistema inquisitivo ou inquisitorial Atualmente, os principais traços para a doutrina considerar um sistema como inquisitivo são: Sistema acusatório Suas principais características são: Há divisão das funções de acusar, defender e julgar. O juiz é imparcial. O processo inicia-se com o requerimento do acusador. O juiz tem o livre convencimento fundamentado diante das provas, pois estas não são tarifadas. inquisitivo acusatório misto Concentrar em só órgão as três funções: acusar, defender e julgar. Faltar a imparcialidade do órgão julgador. Ofender o contraditório e a ampla defesa. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 43 de 94 www.cdfconcursos.com.br As partes devem produzir as provas, ficando o juiz com uma atividade supletiva, caso seja necessária para buscar a verdade real possível. Presunção de não-culpabilidade do investigado/indiciado/réu. Igualdade entre as partes: acusador e defensor. Respeito ao contraditório e ampla defesa. O réu é um sujeito com direitos e garantias; não é apenas um objeto no processo. O processo é público. Apenas em casos excepcionais podem ser sigilosos. Sistema misto Para a maior parte da doutrina, o Brasil adota o sistema acusatório. Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal a) A União é o ente federativo competente privativamente para legislar sobre direito processual penal, conforme art. 22, I, da CF. Exceção: b) É proibido a edição de Mediada Provisória em matéria de processo penal, conforme art. 62, §1º, I, ‘b’, da CF. 1ª fase: inquisitorial. Trata-se de uma instrução preliminar, que visa verificar a existência de indícios de autoria e materialidade do fato. 2ª fase: acusatória. Trata-se da fase do processo propriamente dito, com as características do sistema acusatório. Juiz DefesaMP requisitos cumulativos: autorização por LC; tratar-se de uma questão específica. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 44 de 94 www.cdfconcursos.com.br c) Respeito à dignidade do preso e direito da presa amamentar seu filho (art. 5º,XLIX e L, CF). Princípios Podem ser positivados ou não positivados. A priori, não há princípio maior que outro abstratamente. Eventual conflito será resolvido pela ponderação de interesses, prevalecendo o que tem maior relevância àquele caso concreto (sopesamento). Princípios com previsão expressa na CF Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III). Princípio da igualdade processual (art. 5°, caput). Princípio do juiz natural (art. 5°, Llll). Princípio do devido processo penal (art. 5°, LIV). Princípio do contraditório (art. 5°, LV). Princípio da ampla defesa (art. 5°, LV). Princípio da plenitude da defesa (art. 5°, XXXVlll, "a"). Princípio da vedação das provas ilícitas (art. 5°, LVI). Princípio da não culpabilidade (art. 5°, LVll). Princípio in dubio pro reo (art. 5°, LVll). Princípio da publicidade (arts. 5°, LX e XXXlll, e 93, IX, CF; art. 792, CPP). Princípios da duração razoável do processo e da celeridade (art. 5°, LXXVlll). • são os valores fundamentais que sustentam o ordenamento legal, tanto para sua criação (legislador) como para sua efetiva aplicação (operadores do direito). • Obrigatoriamente, eles antecedem a lei. Princípios jurídicos • a atividade legislativa responsável pela criação das normas penais • a atividade judicante de aplicar a lei ao caso concreto. A função é orientar Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 45 de 94 www.cdfconcursos.com.br Princípio da Dignidade Humana CF - Art. 1º. É um fundamento da República Federativa do Brasil, considerado como um verdadeiro conjunto de valores com a função de garantir os direitos de cada cidadão perante o Estado, para o bem-estar de todos. Algumas decisões: - proibição de manutenção em regime mais gravoso em decorrência de falta de vaga no regime adequado. - restrição do uso de algemas. Súmula Vinculante 11. - instauração de inquérito policial em caso de fato atípico caracteriza constrangimento ilegal. - necessidade de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais que não tem a mínima condição para servir como prisão. Princípio da igualdade processual ou da paridade de armas As partes no processo devem ter as mesmas oportunidades. Extraído do art. 5°, caput, da CF. Considerando a investigação prévia e o aparato Estatal, o réu recebe alguns tratamentos diferenciados para equilibrar a situação. Princípio do juiz natural O juiz de um processo deve ser previsto objetivamente, genericamente e anteriormente, pela CF e/ou por lei. Art. 5º, XXXVII, da CF. Visa garantir um juiz imparcial para apreciação do fato: CF, art. 5°, Llll; CF, art. 5º, XXXVII. Princípio do promotor natural Alguns doutrinadores entendem que o órgão acusador também deve ser imparcial, sendo previamente designado por lei e proibido a indicação posterior para determinado fato. Esse princípio é mitigado, porque há previsão em lei que permite a indicação de Promotor/Procurador em casos específicos, devendo ser predeterminada e abstrata. Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 46 de 94 www.cdfconcursos.com.br Não é pacífica a matéria no STF. Princípio do defensor natural Da mesma forma que o princípio do promotor natural, advém de analogia do princípio do juiz natural e refere-se aos Defensores Públicos. Princípio do devido processo legal ou due process of law Demonstra que o processo penal é uma garantia as pessoas contra qualquer abuso do Estado, porque todas as ações penais deverão respeitar as regras, normas e princípios que regem o sistema. CF, art. 5º, LIV. Princípio do contraditório Acompanha a paridade de armas e diz que a parte tem o direito de se manifestar em qualquer prova produzida pela outra parte, bem como nos requerimentos feitos. CF, art. 5º, LV. Princípio da ampla defesa Garante ao réu a utilização de qualquer meio de defesa durante o processo. É uma forma de equilibrar a situação, tendo em vista o aparato Estatal e a investigação prévia necessária que se desenvolveu. Art. 5°, LV, da CF. Dimensões a) formal: está ligada ao procedimento, sendo uma garantia do cumprimento das normas e regras previstas em lei, para a correta persecução penal. b) material: além de aplicar as regras processais, deve ser observado a proporcionalidade e equilíbrio necessário. É a aplicação da razoabilidade e proporcionalidade. Contraditório direito de ser intimado sobe ato processual praticado possibilidade de se manifestar a respeito do ato possibilidade de influenciar o julgador Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 47 de 94 www.cdfconcursos.com.br Autodefesa É a defesa feita pelo próprio réu durante, principalmente, seu interrogatório. É disponível (facultativa), podendo o réu preferir o seu direito ao silêncio. Defesa técnica É exercida por um defensor técnico, um advogado. É indisponível (obrigatória). Súmula 707 e 708 do STF. Princípio da plenitude de defesa Além da ampla defesa, no tribunal do júri o réu tem o direito a plenitude de defesa, caracterizada pela utilização de qualquer meio lícito de provas, inclusive não técnicos, como os sentimentais e sociais, para convencer os jurados. CF, art. 5°, [...] XXXVIII. Princípio da vedação das provas ilícitas Limites na produção de prova. CF, art. 5°, LVI. A prova ilícita deverá ser desentranhada do processo e inutilizada, mas não causará nulidade se permanecer nos autos e o juiz não as utilizar para fundamentar a decisão ou sentença. CPP, art. 157, § 1º e § 2º. Princípio favor rei e in dubio pro reo Princípio da prevalência do interesse do réu, favor libertatis, favor inocente, decorre do princípio da não culpabilidade. Em caso de dúvida razoável, deve privilegiar-se a situação do réu, em detrimento do ius puniendi do Estado. (Entende-se que também tem previsão no art. 5°, LVll, da CF). Ampla defesa autodefesa defesa técnica Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador e Papiloscopista - Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodolfo Menezes 48 de 94 www.cdfconcursos.com.br Todavia, na decisão de recebimento da denúncia e na sentença de pronúncia prevalece o princípio do in dubio pro societate, sobressaindo-se o princípio de proteção da sociedade e objetivando uma apuração dos fatos. Princípio da não culpabilidade O réu somente será culpado com o trânsito em julgado de sentença condenatória. CF, art. 5°, LVll. Princípio da publicidade É uma forma de controle social, pela qual o acesso aos autos do processo e às sessões são públicas. Art. 5º, XXXIII e LX, art. 93, IX, da CF; art. 792, CPP. Excepcionalmente pode haver restrição em caso de defesa da intimidade ou do interesse social, desde que devidamente fundamentado pelo juiz. A publicidade interna não poderá ser restringida e é direcionada aos órgãos da Administração e as partes. Ver súmula vinculante 14. A publicidade externa poderá ser restringida. Princípios da duração razoável do processo e da celeridade Justiça tardia é uma injustiça. No processo penal deve haver um equilíbrio entre a celeridade e a garantia de defesa do acusado. Com esse pensamento, o CPP traz regras que acompanham esse princípio, como: a carta precatória itinerante (art. 355, §1º); prazo para realizar a audiência de instrução (art. 400); prazo para a 1ª fase do júri (art. 412) Ônus de provar Acusação: provar a autoria e a materialidade do crime. Provar o fato típico. Defesa: provar uma excludente de ilicitude ou de culpabilidade • publicidade interna • publicidade externa Existem dois enfoques a serem observados: Noções de Direito Processual Penal para PCPR com Videoaulas (Investigador
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