Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DESNUTRIÇÃO INFANTIL Profª Drª Myrella Lira myrellacariryl@gmail.com DESNUTRIÇÃO Definição • A desnutrição corresponde a uma doença de natureza clínico-social multifatorial, cujas raízes se encontram na pobreza. Quando ocorre na primeira infância, está associada à maior mortalidade, à recorrência de doenças infecciosas, a prejuízos no desenvolvimento psicomotor, ao menor aproveitamento escolar e à menor capacidade produtiva na idade adulta. Prevalência de baixo peso e baixa estatura no Brasil DESNUTRIÇÃO • Mais prevalente nas regiões Norte e Nordeste • Acomete 1/3 das crianças com idade inferior a cinco anos Baixo nível sócio econômico Baixa estimulação Desajuste familiar Saneamento básico: ausente ou inadequado de alimentos Baixo peso ao nascer Processo infecciosos Abandono ao aleitamento materno Baixa escolaridade da mãe Fraco vínculo mãe-filho Fatores de Risco Quanto a Etiologia a Desnutrição é Classificada como: Ingestão alimentar inadequada. Primária Outras doenças que levam a baixa ingestão alimentar, redução da absorção kkkkkou uso inadequado de nutrientes e/ou necessidades nutricionais aumentadas (infecções, doenças crônicas). Quimioterapia, radioterapia, cirurgias. Secundária Terciária Quanto aos Índices utilizados para classificar a Desnutrição Infantil: • Peso/Idade (P/I) • Estatura/Idade (E/I) • Peso/Estatura (P/E) • IMC para idade Classificação da Desnutrição Infantil Quanto a intensidade: • LEVE ocorre comprometimento ponderal e estatural • MODERADA ocorre maior comprometimento do sistema imunológico e neuropsicomotor • GRAVES Marasmo e Kwashiorkor Classificação da Desnutrição Infantil Quanto ao tempo de instalação: • DESNUTRIÇÃO AGUDA - Criança é desnutrida - Déficit de peso para idade (diagnóstico) - Déficit de peso para altura - Não afeta a altura alcançada • DESNUTRIÇÃO CRÔNICA - Criança foi e é desnutrida - Redução de peso e altura para idade - Afeta o crescimento • DESNUTRIÇÃO PREGRESSA - Criança foi, mas não é desnutrida - Redução de altura para idade, mas não de peso para idade Classificação da Desnutrição Infantil Graus de Desnutrição: • Grau zero = P10 a P90, normalidade • Grau I = P3 a P10, desnutrição leve • Grau II = < OU = P3, desnutrição moderada • Grau IV = < P3, desnutrição grave Classificação da Desnutrição Infantil KWASHIORKOR Tipos de Desnutrição Infantil Albumina < 3 g/Dl; Transferrina < 180mg/dL; Linfócitos < 1500 mm³ Diagnóstico Deficiência proteica, com gordura corporal geralmente normal, predomina em crianças acima de 2 anos, hipoalbuminemia, edema, esteatose hepática, hepatomegalia, falta de apetite, cabelo descolorido (sinal de bandeira), lesões na pele, redução da função imune. Sinais Clínicos MARASMO Tipos de Desnutrição Infantil Peso < 80% do ideal ou perda de peso > 10% do habitual nos últimos seis meses com redução da massa muscular; DCT < 15 cm e ingestão crônica deficiente de energia Diagnóstico Deficiência de energia e proteínas, predomina em crianças menores de um ano, deficiência acentuada do crescimento, perda marcante de tecido muscular e adiposo, ausência de edema, fraqueza generalizada, sente fome, cabelo escasso, quebradiço, descolorido, irritadiça, redução na TMB, temperatura corporal e frequência cardíaca. Sinais Clínicos KWASHIORKOR-MARASMÁTICO Tipos de Desnutrição Infantil Peso < 60% do ideal; albumina < 3 g/dLDiagnóstico Deficiência de energia e proteínas, atinge crianças entre um e dois anos, combinação dos sinais de marasmo e kwashiorkor, pode haver edema e despigmentação do cabelo, lesões na pele, anorexia, esteatose hepática, risco de infecção. Sinais Clínicos INGESTÃO INADEQUADA DE NUTRIENTES ALTERAÇÕES FÍSICAS ALTERAÇÕES HORMONAIS ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS ALTERAÇÃO DO SISTEMA IMUNE DESCOMPENSAÇÃO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS COMA ÓBITO Dez passos para recuperação da criança com desnutrição grave 1. Tratar/prevenir hipoglicemia; 2. Tratar/prevenir hipotermia; 3. Tratar/prevenir desidratação e o choque séptico; 4. Corrigir os desequilíbrios de eletrólitos; 5. Tratar infecção; 6. Corrigir as deficiências de micronutrientes; 7. Começar a alimentação cautelosamente; 8. Reconstruir os tecidos perdidos; 9. Prover estimulação sensorial e suporte emocional; 10. Preparar para acompanhamento após a alta hospitalar. Terapia Nutricional MS, 2005 Conduta Nutricional • Recomenda-se um aumento médio de 500 a 1000 kcal. • Terapia Nutricional Enteral deve-se iniciar 20 kcal/h e aumentar gradativamente até que se atinja as necessidades nutricionais. • Cuidado com a Síndrome da Realimentação!!! Terapia Nutricional • A SR foi descrita pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial em prisioneiros que apresentaram anormalidades cardiológicas e neurológicas após o inicio da realimentação (após terem passado por um longo período de jejum). SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO (SR) Definição: SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO (SR) • A Síndrome da Realimentação pode ser definida como uma condição potencialmente fatal, em que ocorrem graves distúrbios hidroeletrolíticos que podem ocorrer após a reintrodução do suporte nutricional (oral, enteral ou parenteral) em um paciente desnutrido. A chance do paciente desenvolver SR é proporcional ao seu grau de desnutrição e seus fatores de risco. Quadro clínico: SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO (SR) DHE Hiper/hipo glicemia Hipercapenia/ IRespertória ICC após a reintrodução alimentar FISIOPATOLOGIA DA SR Jejum Proteólise Gliconeogênese Lipólise Perda de peso Depleção de água, vitaminas e minerais Fase Catabólica Realimentação Glicose Liberação de insulina Fluxo de glicose para célula Síntese proteica Fluxo intracelular de P, K, Mg ( extracelular de P, K, Mg Fase Anabólica Utilização de Tiamina Caracteristicas clínicas da SR DHE Edema ICC Hiper/hipo glicemia IRespiratória • A reintrodução da dieta deve ser feita com cautela, com reposição de eletrólitos, minerais e vitaminas. • Essa reposição pode ocorrer antes ou em paralelo com o início da dieta. • Suplementação: tiamina 200 a 300 mg por dia; complexo B 3 comprimidos por dia; polivitamínicos 1 vez por dia, durante no mínimo 10 dias. • Paciente de risco moderado: 50% das necessidades diárias, com progressão lenta. • Paciente de alto risco: iniciar a dieta com 10 Kcal/kg/dia, podendo chegar à meta entre o quarto e o sétimo dia. • Pacientes extremamente desnutridos: 5 Kcal/kg/dia. Terapia Nutricional da SR • Redução a nível sérico dos eletrólitos fósforo, potássio e/ou magnésio; • Disfunção orgânica devido a diminuição dos eletrólitos e/ou tiamina; • Ocorrendo dentro de 5 dias após a introdução ou aumento substancial da oferta energética. DIAGNÓSTICO DA SR Segundo o MS o tratamento da criança com desnutrição é dividido em três fases: “Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar” • FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO • FASE II – REABILITAÇÃO • FASE III - ACOMPANHAMENTO Terapia Nutricional na Desnutrição Infantil Esta fase compreende as ações descritas nos Passos 1 a 7 e objetiva: • Tratar os problemas que ocasionem risco de morte; • Corrigir as deficiências nutricionais específicas; • Reverter as anormalidades metabólicas; e • Iniciar a alimentação. FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO • Fase inicial: 1 a 7 dia • Criança instável pela presença de processos infecciosos e ou alterações metabólicas RECOMENDAÇÃO: -Oferta hídrica: 120 a 140 ml/kg/dia - Calorias: 80 a 100 kcal/kg/dia -Proteína: 1 a 1,5g/kg/dia - Lactose: 1,3% - Fracionamento: 2 em 2 horas (dia e noite), em pequenos volumes. - Administração: por via oral, preferencialmente. Utilizar TN via nasogástrica só no caso de a criança não aceitar o equivalente a 80 Kcal/Kg de peso/dia. ESQUEMA PARA ALIMENTAÇÃO UTILIZANDO O PREPARADO ALIMENTAR INICIAL QUE OFERECE 100 KCAL/KG/DIA FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃOPREPARADOS ALIMENTARES PARA CRIANÇAS COM DESNUTRIÇÃO GRAVE EM TRATAMENTO FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO Estas ações estão descritas nos Passos 8 e 9 e objetivam: • Dar a alimentação intensiva para assegurar o crescimento rápido visando recuperar grande parte do peso perdido, ainda quando a criança estiver hospitalizada; • Fazer estimulação emocional e física; • Orientar a mãe ou pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa e, • Realizar a preparação para a alta da criança, incluindo o diagnóstico e o sumário do tratamento para seguimento e marcação de consulta, na contra-referência da alta hospitalar. FASE II – REABILITAÇÃO FASE II – REABILITAÇÃO • Criança estável e o objetivo é a recuperação ponderoestatural RECOMENDAÇÃO: - Transição gradual do preparado inicial para o preparado de crescimento rápido -Calorias: 1,5 a 2,0x a recomendação para sua idade ou 150 a 220 kcal/kg/dia -Proteína: 4 a 6g/kg/dia - Lactose: 3 a 4% -Ganho de peso: > 10g/Kg/dia - Fracionamento: 4 em 4 horas - Crianças menores de 24 meses: se amamentada, oferecendo o preparado alimentar de crescimento rápido antes do leite materno. - Crianças maiores de 24 meses: receber dieta livre adequada para sua idade + o preparado alimentar, entre as principais refeições. Compreende as ações descritas no Passo 10 e objetiva: • Após a alta, encaminhar para acompanhamento ambulatorial/centro de recuperação nutricional/atenção básica/comunidade/família para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do tratamento. O Ministério da Saúde está desenvolvendo protocolos de atenção à saúde da criança com desnutrição nesses níveis de atenção. FASE III - ACOMPANHAMENTO Como tratar as deficiências de micronutrientes? Deficiência de Vit. A Cegueira Esquema de tratamento para crianças com manifestações clínicas oculares provocadas pela deficiência de Vitamina A. COMPOSIÇÃO DA MISTURA DE VITAMINAS PARA 1000ML DOS PREPARADOS ALIMENTARES Tratamento da Deficiência de Outras Vitaminas • As deficiências mais importantes são de zinco, cobre, magnésio, potássio e ferro; - A deficiência de potássio afeta a função cardíaca e o esvaziamento gástrico da criança - O magnésio é essencial para a entrada e retenção do potássio dentro da célula - O cobre entra como um componente de enzimas no metabolismo do ferro - O ferro está relacionado a Anemia grave • A suplementação com ferro deve ser iniciada quando houver melhora do estado geral da criança. Tratamento da Deficiência de Minerais e Eletrólitos TRATAMENTO DA DEFICIÊNCIA DE FERRO • O tratamento com ferro inicia geralmente na segunda semana de tratamento (Fase de reabilitação). • Ferro elementar (3 a 4mg/Kg peso/dia, por via oral). Tratamento da Deficiência de Minerais e Eletrólitos A administração de ferro não deve ser iniciada no primeiro dia de tratamento para recuperação da criança com desnutrição, porque pode piorar a lesão tecidual e a infecção, por facilitar o crescimento de bactérias patogênicas. Tratamento da deficiência de zinco • Suplementação: Administrar por via oral 1 ml/Kg de peso/dia dessa solução Tratamento da Deficiência de Minerais e Eletrólitos Deficiência de Zinco Lesões na pele Outros minerais • Cobre 0,2 mg/Kg/dia, via oral. • 0,3 ml/Kg de peso (máximo de 2ml) de sulfato de magnésio a 50% em dose única, via intramuscular. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MISTURA DE SAIS ELETRÓLITOS/MINERAIS PARA O PREPARO DA SOLUÇÃO DE RESOMAL E PREPARADOS ALIMENTARES Adicione 20 ml da solução de eletrólitos/sais minerais para completar cada 1000 ml dos preparados alimentares ou do RESOMAL. Tratamento da Deficiência de Minerais e Eletrólitos OFERTA HÍDRICA TOTAL (DIETA, SORO E MEDICAÇÕES) • Recomendação: 120 e 140 ml/kg/ dia • Limitar na presença de edema • Repor perdas hídricas se houver vômitos e diarreia Tratamento da Deficiência de Minerais e Eletrólitos CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA PARA GANHO DE PESO Bibliografia
Compartilhar