Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pró-Reitoria de Graduação Curso de Física Trabalho de Conclusão de Curso ASTRONOMIA NO BRASIL: DAS GRANDES DESCOBERTAS À POPULARIZAÇÃO Autor: Diones Charles Costa de Araújo Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito Brasília - DF 2010 DIONES CHARLES COSTA DE ARAÚJO ASTRONOMIA NO BRASIL: DAS GRANDES DESCOBERTAS À POPULARIZAÇÃO Monografia apresentada ao curso de graduação em Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do Título de Licenciado em Física. Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito Brasília - DF 2010 Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos, sobrinhos e a minha noiva que sempre apostaram em mim e me deram total apoio. Sendo neste longo período as pessoas que sempre pude contar. A todo o tempo tiveram paciência, carinho e compreensão. E nos meus momentos de desânimo e dificuldades, foram os responsáveis por meu sucesso. AGRADECIMENTO Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado força de vontade para nunca desistir apesar das dificuldades; Aos meus verdadeiros amigos que sempre me motivaram, em particular a amiga Conceição Aparecida; A Universidade Católica de Brasília e ao Curso de Física que me deram a oportunidade de descobrir o desconhecido; Ao Governo Federal por ter financiado parcialmente meus estudos; Em especial, agradeço ao Professor Doutor Paulo Eduardo de Brito pela maneira simpática e respeitosa como me conduziu na tarefa de orientador, sobretudo pela preocupação e critério com a elaboração deste trabalho; Ao Professor Doutor Sérgio Luiz Garavelli pelo apoio e a liberdade que sempre me deu para elaborar e desenvolver os meus pequenos e humildes projetos dedicados ao Curso; Ao Professor Mestre Edson Benício de Carvalho Júnior por seus incentivos e suas maravilhosas aulas de Astronomia; A todos os professores que contribuíram para está conquista e, aos inúmeros amigos que ganhei durante esses longos e alegres anos de graduação. Finalmente, agradeço a todos que de alguma forma colaboraram para a realização deste sonho. “O céu é um espetáculo sem concorrência. É possível contemplar todas as maravilhas do nosso planeta, palmilhar os desertos, atravessar os oceanos e visitar todas as suas cidades; mas o Cosmo permanecerá sempre para ser descoberto”. Ronaldo Rogério de Freitas Mourão “Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”. Isaac Newton RESUMO Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo principal é fazer um resgate histórico sobre a Astronomia no Brasil, apresentando as suas origens, conquistas e progressos tecnológicos, bem como, expondo alguns dos diversos mecanismos que contribuem para a popularização dessa ciência. A fundamentação teórica constituiu-se, essencialmente, em três etapas: um levantamento histórico sobre a astronomia brasileira, que principiou antes mesmo do descobrimento do Brasil, os conhecimentos astronômicos da época, e seus avanços no decorrer dos séculos. Na etapa seguinte, será descrito os méritos alcançados, suas principais descobertas e contribuições em caráter nacional e mundial, as tecnologias desenvolvidas e os importantes Centros e Institutos de Pesquisas existentes no Brasil. Na terceira e última etapa deste trabalho o foco será dado à popularização, em que o ensino da astronomia nas escolas e universidades, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e a comemoração do Ano Internacional da Astronomia no Brasil aparecerão como os mais importantes meios de sua divulgação. Para finalizar serão apresentados de forma resumida os principais livros, periódicos e sites da Internet que contribuíram para a elaboração deste trabalho. Embora haja uma enorme preocupação em intensificar as pesquisas desenvolvidas no território nacional, o ensino e a popularização da Astronomia, ainda, indicam insuficientes. Contudo, a motivação para a realização deste trabalho veio como mecanismo para valorizar a Astronomia desenvolvida em nosso país. Palavra-chave: Astronomia no Brasil. Grandes descobertas na astronomia. Popularização da astronomia. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8 1.1. Panorama da astronomia brasileira ........................................................................... 10 1.2. Objetivo geral .............................................................................................................. 11 1.3. Justificativa ................................................................................................................. 11 1.4. Metodologia ................................................................................................................. 12 2. ASTRONOMIA NO BRASIL ............................................................................................ 13 2.1. A astronomia antes do descobrimento ..................................................................... 13 2.1.1. O Sol indígena .......................................................................................................... 16 2.1.2. A Lua para os nativos .............................................................................................. 18 2.1.3. O planeta Vênus e as estrelas ................................................................................. 19 2.1.4. As constelações dos índios brasileiros ................................................................. 20 2.2. A astronomia depois do descobrimento ................................................................... 22 2.2.1. A astronomia brasileira do século XVIII ao XXI ..................................................... 25 3. O PROGRESSO DA ASTRONOMIA NO BRASIL .......................................................... 28 3.1. As instituições e os órgãos de pesquisas ................................................................ 29 3.1.1. Observatório Nacional (ON) .................................................................................... 29 3.1.2. Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) ............................................................ 30 3.1.3. Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)................................................................. 31 3.1.4. Agência Espacial Brasileira (AEB) .......................................................................... 31 3.1.5. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ................................................. 32 3.1.6. Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) .................................................... 33 3.1.7. Universidades brasileiras ........................................................................................ 34 3.2. Programa Espacial Brasileiro .................................................................................... 35 3.3. O Observatório Gemini e o Telescópio SOAR .......................................................... 37 3.3.1. O Observatório Gemini ............................................................................................ 37 3.3.2. O Telescópio SOAR ................................................................................................. 39 4. A POPULARIZAÇÃO DA ASTRONOMIA NO BRASIL ................................................... 40 4.1. O ensino de astronomia no Brasil ............................................................................. 41 4.2. Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) ..................................... 43 4.3. O Ano Internacional da Astronomia em 2009 ........................................................... 454.4. O astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão .................................................................. 47 5. TEXTOS DE APOIO E LEITURAS COMPLEMENTARES .............................................. 47 5.1. Livros ........................................................................................................................... 48 5.2. Periódicos ................................................................................................................... 49 5.3. Internet......................................................................................................................... 50 6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 52 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 54 8 1. INTRODUÇÃO “O Universo não passa de um grande vazio povoado de estrelas aqui e ali, em geral agrupadas em miríades. Povoada também por nuvens de gás e poeira. Há mais de cinco bilhões de anos, uma dessas grandes nuvens cósmicas começava a implodir e dava origem ao Sol e a seu cortejo de planetas”. (VERDET, 1987, p.11). O mundo em que vivemos é um lugar grandioso, estendendo-se em todas as direções aparentando não ter fim. É neste extenso e misterioso Universo que conseguimos enxergar as mais fantásticas variedades de coisas: terra, água, plantas, animais, pessoas, Lua, Sol, planetas, galáxias e etc. O conhecimento da natureza, do espaço e das estrelas fez com que a curiosidade humana aumentasse juntamente com a sua evolução. A necessidade em investigar o mundo natural e o desejo de romper o limite da razão vem acompanhando o homem desde o período pré-histórico. O mais primitivo ser humano se interessou em observar os fenômenos que ocorriam à sua volta, bem como em tentar compreendê-los. A claridade do dia e a escuridão da noite, o posicionamento do Sol, a Lua e seus movimentos, os eclipses e muitos outros fizeram com que o homem examinasse por longos anos os astros na tentativa de explicar seus comportamentos. Relatos através do tempo mostram que a busca dessas respostas originam o que hoje se conhece por Astronomia, a ciência mais antiga que se tem vestígio. Os registros astronômicos mais remotos datam de aproximadamente 3000 a.C. e se devem aos chineses, babilônios, assírios e egípcios (FILHO, 2004). Na astronomia antiga, as civilizações confiavam nos movimentos aparentes dos objetos celestes e a posições do Sol e da Lua serviam para medir o tempo em dias, meses e anos. Observadores constantes dos astros, os povos antigos tiveram a oportunidade de não apenas conhecer e prever fenômenos que ocorriam a sua volta, mas como também em criar métodos para determinar a sua posição na superfície da Terra, o início das estações do ano e, principalmente, as atividades agrícolas. Esses povos não faziam astronomia só por fazer, pois tudo tinha uma razão lógica para eles. Além da parte prática, havia também a religiosa, de ritual e culto aos mortos, de fertilidade, que também estavam relacionados à astronomia. Deuses e semi-deuses era homenageados. Muitos acreditavam que os astros eram verdadeiros deuses de veneração e para outros, símbolo de respeito e divina adoração. Para Faria (2009, p. 13) o desconhecimento da verdadeira natureza dos astros deve ter produzido no homem primitivo um sentimento misto de curiosidade, admiração e temor, levando-o a acreditar na natureza divina dos corpos. Em sua evolução, o homem percebeu que podia se utilizar das estrelas e demais astros para a sua orientação em viagens sobre a superfície terrestre e sobre os mares 9 (FARIA, 2009, p. 13). Com os primeiros deslocamentos verificaram que o céu parecia inclinar-se, à medida que caminhavam para o Sul, as constelações do lado oposto desapareciam no horizonte. Surgiu então a ideia de que a Terra, longe de ser uma extensão plana e ilimitada, poderia ser uma esfera, como o Sol e a Lua. Essa idéia foi aos poucos introduzida no pensamento do homem e, este com o decorrer do tempo chegou à conclusão de que o seu mundo era um astro como os demais avistados no céu. A curiosidade despertada no homem fez com que o tornasse cada vez mais conhecedor dos astros, com isso surge a ideia de que poderiam se locomover à distâncias até então jamais atingida. Logo, surgem às grandes navegações, ou seja, o conjunto de viagens marítimas que expandiram o limite do mundo até então conhecido. Com o auxílio da Astronomia, mares nunca antes navegados, terras, povos, flora e fauna começaram a ser descobertos. Para Mourão (2000, p. 60): Apesar da origem da navegação remontar à mais recuada antiguidade e o uso dos astros, como marco de orientação, provir do tempo dos primeiros viajantes, a arte de navegar só deve ser considerada um processo de navegação astronômica a partir da época em que a observação da posição relativa dos astros, no céus, passou a ser realizada no mar e a medidas tiveram um uso imediato na orientação dos navegantes. Porém, com o aumento do conhecimento do homem sobre o céu, os estudos astronômicos permitiram a resolução, com maior facilidade, dos problemas de determinação da latitude, como também, ajudou na criação de novos instrumentos e o descobrimento de novas técnicas astronômicas para a sua determinação. Com o passar dos séculos, o foco da astronomia mudaria. Ao invés de tentar entender os posicionamentos das estrelas e catalogá-las, o homem, que se tornaria agora astrônomo começaria a tentar descobrir como os astros eram e são de fato. Hoje, Astronomia vem assumindo de fato um papel importantíssimo dentro das civilizações detentoras do poder científico e tecnológico, na qual, ao longo de sua história sempre esteve intrinsecamente ligada. Com as novas técnicas de observação em contínuos aperfeiçoamentos desde os tempos mais remotos, a astronomia está sendo obrigada a desenvolver equipamentos mais modernos, cuja tecnologia tem diversas aplicações e entram atualmente nos domínios das grandes explorações espaciais. Pesquisas, teorias e descobertas nas áreas de astronomia, astrofísica e astronáutica auxiliam diversos estudos e estão cada vez mais tornando possíveis deter os conhecimentos dos fenômenos que descrevem o Universo que esta a nossa volta. Pensando nisso, este trabalho tem por objetivo apresentar e resgatar a história da Astronomia no Brasil. 10 1.1. Panorama da astronomia brasileira Assim como em todas as civilizações do mundo, a astronomia brasileira também tem a sua história e, ao longo de sua evolução conseguiu nas últimas décadas uma posição de destaque no cenário nacional e internacional. Inicialmente praticada pelos povos indígenas que habitaram o território brasileiro antes mesmo da sua ocupação por europeus, a astronomia nativa é fruto de mitos e lendas. Com a colonização dos portugueses uma nova etapa na astronomia brasileira se inicia e na sua atual conjuntura está conquistando novos progressos. A astronomia brasileira, do mesmo modo que as demais ciências, desenvolve-se gradualmente com o decorrer do tempo, passando por crises, avanços e retrocessos, fracassos e sucessos. A História da Ciência tem procurado desvendar e compreender as transformações pelas quais a astronomia está atravessando. Nas últimas décadas, a astronomia praticada no Brasil obteve progressos notáveis e, não há de negar a poderosa presença da tecnologia na sociedade brasileira. Os últimos dez ou vinte anos testemunharam um claro despertar para a importância da pesquisa e do ensino da Astronomia em todo território nacional. Em nosso país, os trabalhos desenvolvidos sobre a astronomia teve início praticamente no século XX, sendo explorada como uma atividade complementar de pesquisadores interessados em fortalecer a História da Ciência. Embora a preocupação com a pesquisa sobre o ensinoda Astronomia em território nacional tenha se intensificado nos últimos anos, a literatura da área indica que o seu estudo não é tão recente, remontando à algum tempo antes da chegada dos colonizadores ao país (LANGHI e NARDI, 2009, p. 1). Hoje, a Astronomia no Brasil tem seu papel de destaque no cenário mundial. Grandes investimentos em pesquisas, parcerias com outros países, modernos Centros e Institutos de pesquisas, universidades com laboratórios que possibilitam o desenvolvimento de pesquisas, um ensino que está tentando se adaptar ao atual padrão de ciência que nosso país vem oferecendo, e etc. A Astronomia brasileira, assim como as demais ciências é considerada, atualmente, um componente essencial para o país que está desejando ampliar o seu desenvolvimento científico e tecnológico, econômico e social. Graças às pesquisas desenvolvidas em astronomia, ou especificamente, na tecnologia espacial, podemos fazer uma ligação telefônica interurbana, assistir jogos de futebol com transmissão ao vivo de outros países, fazer previsões do tempo, entre tantas outras aplicações. Por trás desses avanços estão professores, astrônomos, cientistas, tecnólogos, engenheiros e empresários que com experiência e competência, aliadas a uma boa criatividade, estão conseguindo atingir progressos notáveis na ciência brasileira, em especial na astronomia. 11 1.2. Objetivo geral A idéia central deste trabalho é apresentar um panorama histórico sobre a Astronomia no Brasil, buscando compreender todas as suas etapas de evolução que se deu através dos tempos. Com o objetivo de melhor compreender a autêntica história da astronomia brasileira e suas influências, este trabalho compõe-se de uma visão mais ampla sobre o progresso desta ciência, buscando suas origens entre as tribos indígenas que habitaram o Brasil antes de 1500, fazendo uma relação de todo o seu desenvolvimento que se deu após a chegada dos europeus em solo brasileiro até alcançar os tempos mais recentes. No entanto, quando se fala em séculos passados no Brasil, é difícil separar somente a Astronomia de outros assuntos, pois o tema é muito vasto e as épocas mencionadas são bastante extensas. Se analisarmos o Brasil no período colonial, por exemplo, identificamos situações onde a ciência teve uma presença marcante. Como a história da Astronomia no Brasil é pouca conhecida, será dada ênfase, tanto em sua origem bem como na sua situação atual. Porém, para uma visão mais ampla sobre a história da Astronomia no Brasil, mesmo nos tempos atuais, exige um número de informação e detalhes muito grande sendo necessária, para conhecê-la, uma pesquisa mais aprofundada e específica sobre o tema, o que aqui não é a intenção. 1.3. Justificativa Motivado pelas maravilhosas noites de observações astronômicas realizadas no campus da Universidade Católica de Brasília (UCB) nas quais tiveram a coordenação do inspirador Professor Doutor Paulo Eduardo de Brito (atualmente professor da Universidade de Brasília – UnB) durante a extinta Semana Universitária e a primeira Semana da Física, até mesmo, pelas excelentes aulas de astronomia ministradas pelo Professor Mestre Edson Benício de Carvalho Júnior, bem como, pelos debates e idéias elaboradas, por mim juntamente com alguns amigos de graduação (Demétrius Leão e Deivid Cavalcanti), imaginei que seria interessante e de tamanha importância para a minha formação a realização de um Trabalho de Conclusão de Curso na área na qual passei a admirar com tanto gosto. Para mim, a astronomia é uma ciência apaixonante, de sonhos, de realidades e descobertas, e devido a essas razões que resolvi compartilhar os poucos conhecimento astronômicos que adquiri como estudante de graduação. Por meio da elaboração deste trabalho pretendo contribuir para que a astronomia brasileira seja compreendida como uma ciência que estimule ativamente a curiosidade humana e o envolvimento pessoal, fazendo uso dos sentidos e dos esforços intelectuais na formulação de questões e na busca de soluções, que objetive oferecer respostas, mas, sobretudo que possibilite gerar a indagação 12 e o interesse pela astronomia. Popularizar a astronomia, talvez, este seja o termo mais adequado para as minhas colocações. 1.4. Metodologia A metodologia empregada neste trabalho é classificada como uma pesquisa de natureza bibliográfica, pois foi elaborada a partir de materiais já publicados, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com materiais disponibilizados na Internet sobre a Astronomia no Brasil. Os livros utilizados foram basicamente de conhecimentos científicos, incluindo dicionários e anuários sobre astronomia. Apesar de ter obtidos poucos livros que descrevessem a história da Astronomia brasileira, em geral foram de grande ajuda, pois possibilitou a rápida obtenção das informações que desejava utilizar. Com relação aos periódicos, as revistas foram às principais fontes de pesquisas bibliográficas, pois tiveram a maior contribuição para o desenvolvimento deste trabalho, mesmo aparecendo dispersos o assunto sobre Astronomia no Brasil, foi possível investigar de uma forma mais ampla. Outro recurso que teve grande contribuição para esta pesquisa foi a Internet, ou seja, as bibliotecas digitais. Facilitador e com mais rapidez, diversos sites da Internet disponibilizam gratuitamente artigos científicos e textos integrais sobre a história da Astronomia brasileira. Da mesma forma que os periódicos, os assuntos sobre Astronomia no Brasil disponíveis na Internet sempre estavam dispersos. De certa forma, foi possível organizar todas as fontes bibliográficas e montar da melhor forma este trabalho. É preciso esclarecer, antes de tudo, que este trabalho, apesar de apresentar a origem da Astronomia brasileira como sendo a astronomia indígena, não se caracteriza como uma pesquisa de Etnoastronomia1, mas sim, um estudo em que se busca compreender a Astronomia no Brasil por meio da história dos índios brasileiros. Os periódicos pesquisados foram obtidos de editoras conhecidas, com autoria dos artigos publicados dos mais renomados astrônomos e cientista brasileiros. A pesquisa bibliográfica realizada que envolveu a Internet teve uma minuciosa investigação, para que não ocorresse o risco de obter informações errôneas. As grandes áreas afins desenvolvidas no Brasil, como Etnoastronomia, Arqueoastronomia2, Astrofísica, Astronáutica, Astronomia amadora tiveram uma enorme contribuição na construção desta pesquisa que aqui será apresentada. 1 A Etnoastronomia investiga o conhecimento astronômico dos povos antigos, por meio de vestígios arqueológicos, documentos históricos, registros etnográficos relatos de tradições orais. É uma atividade transdisciplinar envolvendo, principalmente, pesquisadores das áreas de astronomia e antropologia. A Etnoastronomia tem um grande potencial no Brasil, reflexo da amplitude e diversidade étnicas nacionais (AFONSO, 2006, p. 54). 2 Ciência que tem por objetivo estudar os conhecimentos astronômicos dos povos antigos, em especial os do período pré-histórico; astronomia arqueológica, arqueologia astronômica, astroarqueologia. 13 2. ASTRONOMIA NO BRASIL 2.1. A astronomia antes do descobrimento “Desde o começo dos tempos, o homem examina, interroga, anima, dramatiza o céu. Ele o povoa de deuses bondosos e aterrorizantes, de animais, familiares e fantásticos, de objeto bizarro, frutos de sua criação – e tece histórias maravilhosas sobre cada um deles.” (VERDET, 1987). Pode-se afirmar que a Astronomia no Brasil teve origem antes mesmo da chegada da esquadra portuguesa em terras brasileiras no ano de 1500. Para ser mais preciso, a astronomia originou-se com os diversos povos indígenas que habitavam essas terras e provavelmente já possuíam alguns conhecimentos astronômicos naquela época.As atividades cíclicas, como plantio e colheita de alimentos, eram determinadas pelo surgimento ou desaparecimentos de alguns astros. Com astronomia própria, os índios brasileiros definiam a contagem de dias, meses e anos, a duração das marés, a chegada das chuvas, desenhavam no céu história de mitos, lendas e seus códigos morais, fazendo do firmamento esteio de seu cotidiano (AFONSO, 2006). Figura 1: Aldeia indígena Tupinambá, antes de 1500. Fonte: DATAMEX, 2010. Antes da chegada dos europeus em terras brasileiras, o atual território brasileiro era habitado por vários povos nativos. Esses povos se dividiam praticamente em tribos aos quais destacam-se os tupis-guaranis localizados na região do litoral, os macro-jê ou tapuias na região do Planalto Central, os aruaques e os caraíbas na Amazônia. Embora não saiba exatamente quantas tribos indígenas existiam no Brasil anteriormente a sua colonização, de 14 acordo com alguns historiadores a população estimava entre três a cinco milhões de nativos. No entanto, os diferentes povos indígenas brasileiros, a exemplo dos demais índios da América pré-colombiana, porém mais atrasados culturalmente, tinham maneiras próprias de se organizar, diferentes modos de vida, línguas e culturas. Suas principais atividades estavam diretamente relacionadas à sustentabilidade de suas tribos, como a caça, a pesca, a colheita e lavoura. Profundos conhecedores da natureza, além de conviverem intimamente com ela, mantiveram sempre notáveis adoração e reverência ao meio que os envolvia. Assim, como em todas as sociedades antigas a observação do céu, também, era à base do conhecimento dos índios brasileiros, apesar de não terem possuído uma tecnologia aperfeiçoada essa prática se tornou um elemento de grande importância em suas vidas. A necessidade de conhecer a natureza fez com que os indígenas percebessem que as atividades cíclicas ocorriam sempre em determinadas épocas do ano, ou seja, estavam sujeitas a variações sazonais. Na tentativa de compreender essas variações, procuraram desvendar os processos que descreviam tais fenômenos cósmicos com o intuito de utilizá- los a seu favor, principalmente para a sua sobrevivência. Os conhecimentos adquiridos tradicionalmente ao longo dos anos, pelos indígenas envolviam não somente as observações dos movimentos dos astros, mas também a continuidade das estações do ano e o comportamento de plantas e animais. Com isso eles conseguiam identificar, por exemplo que quando o Sol aparecia do lado norte trazia-lhes ventos brandos e frescos e que, ao contrário, quando aparecia do lado sul, trazia ventos fortes e chuvas. Para Mourão (2000) é conveniente assinalar desde logo, que os nossos índios acreditavam na existência de vários céus, imaginando que todos os astros se situassem a distâncias diferentes, o que explicaria a diversidade do brilho, pois deveriam achar que as estrelas tivessem igual intensidade luminosa. Além do mais, a visibilidade de certas estrelas e constelações marcava épocas significativas do ano. Desta forma, o surgimento da astronomia indígena veio como subsídio para os seguintes propósitos: Além da orientação geográfica, um dos principais objetivos práticos da astronomia indígena era sua utilização na agricultura. Os indígenas associavam as estações do ano e as fases da Lua com a biodiversidade local, para determinar a época do plantio e da colheita, bem como para a melhoria da produção e o controle natural das pragas. Eles consideram que a melhor época para certas atividades, tais com, a caça, o plantio e o corte de madeira era perto da lua nova, pois perto da lua cheia os animais se tornam mais agitados devido ao aumento de luminosidade, por exemplo, a incidência dos percevejos que atacam a lavoura. (AFONSO, 2009, p. 2). É evidente no entanto, que nem todos os grupos indígenas, mesmo de uma única etnia, atribuíam idênticos significados a um determinado fenômeno astronômico específico, e a razão disso está no fato de cada grupo ter sua própria estratégia de sobrevivência (AFONSO, 2006, p. 48). Para os índios brasileiros, o céu tinha um significado bem diverso e 15 os astros tinham muita importância prática. Inicialmente, a atenção dos indígenas era atraída para os corpos celestes que afetavam diretamente sua vida diária e com o passar do tempo outras interpretações foram dadas. O desconhecimento da verdadeira natureza dos astros e o sentimento de curiosidade, admiração e medo por eles produzidos, levou-os a acreditarem na natureza divina, ou seja, atribuíam a seres superiores os fatos e fenômenos naturais ao qual não conseguiam explicar. E por não ter conhecimento maior do universo e da mecânica celeste, criaram uma cosmologia mitológica bem desenvolvida, a que não faltam explicações pitorescas acerca das origens dos cometas, das fases da Lua, dos meteoros, da Via láctea, etc. (MOURÃO, 2000). Portanto, o Sol que fornecia calor e luz durante o dia se tornaria um deus e a Lua que fornecia durante a noite se tornou uma deusa. É bom ressaltar, que para a maioria dos indígenas, o Sol e a Lua eram considerados do sexo masculino. A grande maioria dos mitos e lendas dos nativos brasileiros estava associada às estrelas e constelações e logo foram criados com o objetivo de ajudá-los na identificação, bem como em um método de memorização para transmitir os conhecimentos dos Cosmos de geração a geração. Os indígenas brasileiros sempre davam a extrema importância às constelações localizadas na Via Láctea3, seja ela constituída de estrelas individuais ou de nebulosas e atribuíam a elas nomes de animais típicos da fauna brasileira, como Anta ou Ema. De modo frequente tendemos a julgar a astronomia de outras civilizações por meio dos nossos próprios conhecimentos. Embora os índios brasileiros tivessem desenvolvido toda sua astronomia na base das rotineiras relações entre o surgimento de certos astros, constelações e variações sazonais, sua contribuição para o entendimento da origem da astronomia brasileira foi muito importante. No entanto, a busca para compreender a significação social que cada tribo construiu para justificar seus atos, costumes, valores e crenças é um dispositivo para melhor entender a importância a respeito das diversas visões de mundo. 3 Galáxia espiral à qual pertence a Terra, de diâmetro igual a 100.000 anos-luz e espessura de 16.000 anos-luz. A faixa luminosa que atravessa o céu e que podemos facilmente observar é o plano horizontal desta espiral. (MOURÃO, 1987, p. 841) 16 2.1.1. O Sol indígena “O Sol é uma estrela banal, de porte e temperaturas médias. Estrela banal decerto, mas que apresenta a propriedade fundamental de estar próxima a Terra: o Sol é a nossa estrela. Há cinco bilhões de anos, ele inunda a Terra com uma torrente luz onde nascem toda energia e toda vida. Quase em toda parte, o Sol foi honrado, e muitas vezes deificado, mas os cultos solares são muito mais raros do que se imagina.” (VERDET, 1987, p.67). O índio brasileiro pré-cabralino4 foi um atento observador do céu e certamente o Sol, astro mais brilhante da abóbada celeste, objeto de curiosidade e veneração teve suas mudanças de direções atentamente estudadas. Para as tribos mais antigas, o Sol era o principal regulador da vida na Terra e tinha uma grande importância prática, pois fornecia calor e luz durante o dia. Eles viam o Sol como um astro poderoso, mas não sabiam ao certo como descrever a imensidão que seria esse poder. Além do mais, o Sol tinha um enorme significado religioso, pois os indígenas buscavam nele a força divina e espiritual. Os guaranis, por exemplo, nomeiam o Sol de Kuaray, na linguagem do cotidiano e de Nhamandu, na espiritual (AFONSO, 2006, p. 50). Figura 2: Arte computacional deuma gravura rupestre do que representa o Sol para os indígenas. Fonte: AFONSO, 2010. Desde seus tempos mais remotos, os índios brasileiros pré-cabralinos observaram que haviam constantes mudanças no clima e que os animais, as plantas e os frutos apareciam de acordo com as diferentes estações do ano. Assim, para desfrutar da natureza eles começaram a registrar os fenômenos celestes, principalmente os deslocamentos do Sol. Uma parcela significante desses registros obtidos pelos indígenas, deram-se através de um instrumento astronômico muito simples chamado de gnômon vertical ou relógio solar e a 4 Se refere ao período de tempo antes de Pedro Álvares Cabral, navegador português, dito o descobridor do Brasil. 17 sua utilização teve um papel de destaque no desenvolvimento das atividades cíclicas por eles praticadas. Os índios observavam os movimentos aparentes do Sol para determinar, o meio dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano utilizando o Gnômon, que consiste de uma haste cravada verticalmente no solo, da qual se observa a sombra projetada pelo Sol, sobre um terreno horizontal. Ele é um dos mais simples e antigos instrumentos de Astronomia, sendo chamado de Kuaray Ra’anga, em guarani e Cuaracy Raangaba, em tupi antigo. (AFONSO, 2009, p. 2). Contemplado das latitudes médias, o Sol exibe um movimento diário, desenhando um arco que se inicia na alvorada a Leste e termina no crepúsculo, a Oeste (FARIA, 1987, p. 57). Os fenômenos de aparecimento ou desaparecimento do Sol, ou seja, as posições do nascer (aurora) e do pôr-do-sol (ocaso), nos dia de início de verão e de inverno (solstícios5). Para os índios eram pontos de retorno dos astros para o ponto cardeal Leste (equinócios6) e obviamente muito importantes para fornecer o calendário solar indígena. O dia do início de cada estação do ano era obtido através da observação da aurora ou do acaso, sempre de um mesmo lugar fixo. Figura 3: Trajetória do Sol nos dias do solstício e equinócio. Fonte: LIMA e MOREIRA, 2005, p.12. Devido à complexidade de seu pensamento religioso os índios brasileiros guardavam a maioria de seus antigos conhecimentos astronômicos em seu folclore. Segundo algumas lendas indígenas o Sol sendo um deus de adoração permaneceu com o domínio do dia dando calor, e a sua alternância com a Lua é que possibilitou a vida na Terra. 5 Época em que o Sol no seu movimento aparente na esfera celeste atinge o seu maior afastamento do equador. 6 Instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, corta o equador celeste. Nessa data do ano ocorre a igualdade de duração entre o dia e a noite sobre toda a Terra. 18 2.1.2. A Lua para os nativos “Se a Lua é poderosa, é antes do mais nada porque ela é a senhora do tempo.” (VERDET, 1987, p.60). A Lua, posteriormente ao Sol, foi o objeto celeste mais observado pelos índios brasileiros como também, foi o principal regente da vida marinha. Para uma grande parcela da população indígena, a Lua era considerada como pertencente do sexo masculino e irmão mais novo do Sol. No entanto, na maioria das outras culturas ela era considerada do sexo feminino e em geral, relacionada com a vida e a morte (AFONSO, 2010). Figura 4: Arte computacional de uma gravura rupestre representando a Lua para os indígenas. Fonte: AFONSO, 2010. Em virtude das constantes práticas observacionais da Lua, os nativos conheciam e utilizavam as fases lunares (lua cheia e lua nova) na pesca, na caça e na agricultura, pois consideravam esses períodos do ano com sendo os melhores para essas atividades. A Lua, por sua vez permitia adivinhar as mudanças de tempo. Inicialmente, a primeira unidade temporal utilizada pelos indígenas foi o dia, medido por dois nasceres sequente do Sol e depois veio o mês, que era definido a partir de duas aparições consecutivas de uma mesma fase da Lua. Além de serem utilizadas como calendário, as fases da Lua serviam para orientação geográfica, pois a Lua brilha por refletir a luz do Sol (AFONSO, 2006, p. 51). Os índios brasileiros ao observarem atentamente o céu quando as águas dos mares e rios se agitavam constantemente, fizeram uma ligação de que a Lua era a principal causadora das marés. Segundo d’Abbeville (apud LIMA e MOREIRA, 2005, p. 14): “Eles atribuem à Lua o fluxo e o refluxo do mar e distinguem muito bem as duas marés cheias que verificam na Lua cheia e na Lua nova ou poucos dias depois”. Os nossos índios foram bem atentos as observações do Sol e da Lua, e sempre se preocupavam em prever os eclipses, pois era motivo de terror entre as tribos. Embora, 19 assim como o Sol a Lua era visto com um astro de grande poder e subordinado ao deus maior. Paradoxalmente, embora a Lua seja muitas vezes um Sol decaído, embora incida muito menos sobre a Terra que o Sol, atribuem-se a ela muito mais influências e poderes. Até o poder de engravidar as incautas que urinam à noite voltadas para ela! (VERDET, 1987, p.60). Algumas das diversas tradições indígenas a respeito da Lua chegaram até nossos dias por meio de um conjunto de lendas e mitos transmitidos de geração em geração. Os índios se baseavam nas crenças de que as forças da natureza, tais com os eclipses lunares, eram simbolismo de deuses. Eles portanto, recorriam às lendas e a seus deuses que tudo explicavam e por isso, adoravam entidades sobrenaturais que pareciam possuir o poder sobre os fenômenos naturais. Desta maneira foi pelo qual a Lua passou a ser idolatrada como um deus para os nativos. E como consequência destes processos folclóricos, uma série de superstições foram acrescentadas nas lendárias histórias indígenas, com o objetivo de justificar tudo aquilo que não era explicado racionalmente. É interessante sabermos que os povos indígenas pré-cabralinos dominavam um vasto conhecimento empírico em vários segmentos e a observação da Lua teve uma enorme contribuição em suas vidas. 2.1.3. O planeta Vênus e as estrelas “Conhecida popularmente como estrela d'Alva, quando nasce na madrugada antes do Sol. Na mitologia grega é chamada de Afrodite, deusa do amor. Na mitologia romana a deusa correspondente é Vênus.” (ESCOLA, 2010). O planeta Vênus7 é o astro que mais se caracteriza no céu depois do Sol e da Lua, é conhecido desde os tempos mais remotos. Ao anoitecer, quando aparece no céu o planeta Vênus é um dos astros mais brilhante, só não mais que a Lua. Os indígenas brasileiros pré-cabralinos costumavam direcionar o seu olhar para o espaço ilimitado, percebendo que havia algumas estrelas com brilhos mais intensos e cores bem diferentes. Nas pinturas indígenas gravadas em rochas, por exemplo, as estrelas com maior intensidade de luz eram representadas em tamanhos maiores do que às demais. Eles pensaram por muitas vezes que os planetas fossem estrelas muito brilhantes e em geral, os chamavam de estrela grande. Vênus era um planeta muito observado pelos índios brasileiros sendo utilizado principalmente para a orientação, por ser visto antes do nascer ou logo após o pôr-do-sol, sempre próximo ao Sol (AFONSO, 2010). Eles imaginavam que a associação das aparições 7 Vênus é o segundo planeta em ordem de afastamento do Sol, com órbita situada entre Mercúrio e a Terra. É o planeta mais próximo da Terra, da qual dista entre 39 e 260 milhões de quilômetros, e o mais brilhante objeto do céu depois do Sol e da Lua, atingindo a magnitude visual de -4,4 na oposição. (MOURÃO, 1987, p. 836). http://pt.wikipedia.org/wiki/Sol http://pt.wikipedia.org/wiki/Lua 20 matutinas e vespertina deste planeta constituía-se de dois astros bem diferentes: A estrela matutina chamada de Dalva e a estrela vespertina chamada de Vésper. De formageral, os indígenas brasileiros acreditavam que a aparição de Vênus era um sinal de boas profecias, um início de esperança, principalmente quando atingia sua intensa luminosidade em alguns dias do ano. 2.1.4. As constelações dos índios brasileiros “O céu, como envoltório do mundo e espaço onde brilham os astros, não preocupa muito os camponeses nem os marinheiros. Enquanto o Sol, as estrelas e os meteoros suscitam uma literatura abundante, sendo objeto de superstições e observações variadas, a curiosidade popular parece não se estender à abóbada celeste”. (VERDET, 1987, p.25). As constelações formam figuras imaginárias, criadas para reunir grupos de estrelas aparentemente próximas, visíveis a olho nu, tendo em vista nomear cada uma delas era tarefa difícil (AFONSO, 2006, p. 52). O céu estrelado foi talvez a primeira atividade exploratória dos índios brasileiros conforme apresenta algumas inscrições rupestres datadas antes do descobrimento do Brasil. Neste passado recente (levando em consideração as civilizações mais antigas), o céu era observado pelos indígenas como sinônimo de medo e admiração, espanto e respeito, provocando profundo sentimento de adoração. Os astros eram considerados como verdadeiras divindades e o céu sagrado servia de morada aos deuses. Olhando para o céu em noites extremamente escuras, os índios pré-cabralinos inventaram figuras imaginárias de seres lendários e de animais pertencente à fauna brasileira. Cada tribo tinha as suas próprias constelações que serviam como calendário, para lembrar épocas do ano e explicar fenômenos naturais que ocorriam a sua volta. Mais que um simples depósito de mitos e lendas, as figuras desenhadas no céu ajudavam os indígenas em suas atividades agrícolas, na sua localização geográfica, até mesmo em suas navegações. Não diferentemente das demais civilizações ocidentais, as principais constelações indígenas brasileiras estavam localizadas na Via-Láctea e portanto, eram constituídas pela união de estrelas e pelas manchas claras e escuras que atravessavam o céu noturno, sendo para eles as mais fáceis de imaginar. No Brasil, a arte rupestre dos índios pré-cabralinos são as principais fontes de estudos e as mais importantes que conseguiram explicar as antigas constelações indígenas. Em enormes paredes de pedra, tribos esculpiam, há mais de quinhentos anos, todas as constelações da esfera celeste. 21 Figura 5: Em cima, Constelações Zodiacais ao longo da Eclíptca. Em baixo, grifos das Constelações indígenas brasileira. Fonte: FARIA, 1987 p. 71. Em geral, as primeiras constelações registradas pelos indígenas são aquelas situadas no percurso imaginário, a eclíptica, por onde aparentemente passa o Sol, a Lua e os planetas. Entres as constelações mais observadas e desenhadas pelos índios brasileiros, quatro se destacam, são elas: da Ema, do Homem velho, da Anta do Norte e a do Veado. Figura 6: A constelação da Ema fica na região do céu limitada pelas constelações ocidentais Crux e Scorpius. Fonte: AFONSO, 2010, p. 4. A constelação do Homem Velho, por exemplo, engloba partes das constelações que hoje se conhece por Órion e Touro. A constelação da Ema envolve partes do Cruzeiro do 22 Sul, Centauro e Escorpião e, também, é formada pelas estrelas das constelações Musca, Centaurus, Triangulum Australe, Ara, Telescopium, Lupus e Circinus. Curioso é que o sistema astronômico dos Tupinambá do Maranhão (já extintos) é muito semelhante ao utilizado, atualmente pelos Guarani da região Sul do Brasil, embora estejam “separados pelas línguas (Tupi e Guarani), pelo espaço (mais de 2500 km, em linha reta) e pelo tempo (quase 400 anos)”. (AFONSO, 2003 apud LANGHI, 2004, p. 14). 2.2. A astronomia depois do descobrimento “E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça- feira, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas (...)” Pero Vaz de Caminha Oficialmente, pode-se dizer que a astronomia brasileira iniciou-se há mais de quinhentos anos, ou seja, juntamente com o descobrimento do Brasil. As primeiras observações e medidas astronômicas de caráter científico realizadas em solo brasileiro datam deste período, e foram de responsabilidade do astrônomo presente na esquadra portuguesa de registrá-las. Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos com dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. A navegação marítima, no entanto, foi o único método adotado pelos europeus para se deslocarem de uma superfície a outra da Terra e os seus conhecimentos astronômicos foram colocados em prática com intuito de serem utilizados nas grandes viagens. Orientados pelas estrelas e outros astros e, contado com alguns instrumentos de navegação da época como a bússola, o astrolábio e a balestilha, no dia 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil a poderosa esquadra de Portugal, composta por 13 caravelas e liderada pelo navegador Pedro Álvares Cabral. Ao explorarem o novo território, os colonizadores europeus ficaram espantados ao encontrarem tamanha beleza em um mundo que para eles ainda era desconhecido. Ao desembarcarem em terras brasileiras, os primeiros registros astronômicos foram efetuados pelo então Bacharel João Emeneslau ou simplesmente Mestre João. Personagem importantíssimo para da frota de Cabral, João Faras, como também era conhecido, foi bacharel em artes e medicina, era físico, astrônomo e astrólogo, e cirurgião. Ao fazer as primeiras medidas, escreveu de imediato uma carta em português castelhanizado dirigida ao rei de Portugal, Dom Manuel, escrita entre 28 de abril e 1º de maio de 1500, narrando o que avistou no céu do Brasil. Nela, ele relata a primeira determinação da latitude geográfica do local de desembarque, obtida no Brasil, - na qual foi realizada a partir da observação do Sol efetuada através de um instrumento chamado de astrolábio - nos seguintes termos: 23 Ontem, segunda-feira, 27 de abril, descemos em terra, eu e o piloto do capitão-mor e o piloto de Sancho de Tovar; tomamos a altura do Sol ao meio-dia e achamos 56 graus, sendo a sombra setentrional, pelo que, segundo as regras do astrolábio, julgamos estar afastados de equinocial por 17 graus e portanto ter a altura do pólo 17 graus segundo manifesto na esfera. (FARAS, Mestre João, 1500 apud CAPAZZOLA, 2009, p. 11). Encontra-se também neste documento uma rica descrição do céu austral, com destaque para a constelação do Cruzeiro do Sul e outras situadas próximas ao pólo celeste sul (FARIA, 2009, p. 183). Após as referidas observações da latitude, Mestre João acrescenta em sua carta: Somente mando a Vossa Alteza como estão situadas as estrelas do sul, mas em que grau está cada uma não o pude saber; antes me parece ser impossível, no mar, tomar a altura de alguma estrela, porque eu trabalhei muito nisso e por pouco que o navio balance, se erram 4 ou 5 graus, de modo que não se pode fazer senão em terra... Tornando, senhor, ao propósito, estas Guardas nunca se escondem, antes sempre andam em derredor sobre o horizonte, e ainda, estou em dúvida que não sei qual daquelas duas mais baixas seja o Polo Antártico; e estas estrelas, principalmente a da Cruz, são grandes quase como as do Carro; e a estrela do Polo Antártico, ou Sul, é pequena como a do Norte e muito clara e a estrela que está em cima de toda a Cruz é muito pequena. (FARAS, Mestre João, 1500 apud CAPAZZOLA, 2009, p. 11). As primeiras observações astronômicas, ou seja, a primeira atitude científica em solo brasileiro, efetuadas pelo Bacharel Mestre João foram precedidas da celebração da primeira missa no Brasi na qual foi realizada pelo religioso Henrique de Coimbrano dia 26 de abril de 1500, e descrita por Pero Vaz de Caminha na carta que enviou ao rei Dom Manuel, informando o descobrimento de novas terras. Figura 7: Primeira observação astronômica realizada por Mestre João em solo brasileiro. Fonte: BLOGSPOT, 2010. http://pt.wikipedia.org/wiki/1500 24 Até então, alguns séculos depois da chegada dos portugueses e dos primeiros registros astronômicos, a astronomia práticada no Brasil era uma ciência muito particular, apenas de exposição de pensamentos e portanto, não era um estudo puramente metodológico e objetivo. Ainda que a primeira investigação científica no Brasil tenha sido de natureza astronômica, a prática desta ciência como atividade organizada e regular só surgiria tardiamente, ou seja, demoraria mais alguns séculos para se consolidar. Para Faria (2009, p. 184) foi somente a partir do século XVII que a astronomia começou a se desenvolver de forma mais intensa e sistemática no Brasil e isto só ocorreu devido à invasão holandesa. No final do século XVI a Holanda desenvolvia-se rapidamente nos campos da cartografia, construção naval e instrumentos de navegação começando a participar da conquista de novos territórios ao lado de portugueses e espanhóis (VRIS, 2010). Em decorrência, resolveram enviar suas expedições ao Brasil com objetivo de invadirem o nordeste brasileiro. Com a invasão e durante o domínio holandês em terras brasileiras, entre 1624 e 1661, coube ao príncipe Maurício de Nassau a responsabilidade de governa-lás e formar nestas uma colônia holandesa. Quando o príncipe João Maurício de Nassau aportou em Pernambuco, na qualidade de Governador do Brasil Holandês, em 23 de janeiro de 1637, trazia em sua comitiva não um exército à moda dos colonizadores de então, mas uma verdadeira missão científica que ainda hoje desperta as atenções dos estudiosos daquele período (SILVA, 2010). Essa comitiva era formada por pintores, arquitetos, escritores, naturalistas, médicos e astrônomos. Interessado em ciência e admirador das belas artes, Nassau determinou em 1639 a instalação do que seria o primeiro Observatório Astronômico em terras brasileiras. Um dos membros da equipe de Nassau, o astrônomo alemão Georg Marcgrave foi o responsável pela construção em Pernambuco, do Observatório Astronômico brasileiro. Empolgado, em 1640, Marcgrave realizou importantes observações científicas, ou seja, os primeiros estudos sistemáticos de Astronomia no Brasil. Provavelmente, o primeiro astrônomo a utilizar uma luneta no hemisfério sul, Marcgrave realizou também consideráveis trabalhos, como a observação de um eclipse solar, além de eclipses lunares, registrou o movimento do planeta Mercúrios e as conjunções planetárias, fez um mapeamento do céu astral e outras efemérides astronômicas. Ainda no século XVII mereceram destaques os trabalhos realizados por Valentin Estancel (1621-1705) e Aloísio Conrad Pfeil (1638-1701) jesuítas, professores de Astronomia, os primeiros a lecionar esta ciência no Brasil e, também, vale registrar a presença do astrônomo Edmund Halley, realizando observações em terras brasileiras, no final do século (FARIA, 2009, p. 184). 25 2.2.1. A astronomia brasileira do século XVIII ao XXI "...o nosso céu, de uma beleza notável... carregado de nuvens... que parecem fazer cortejo ao Sol". Luiz Cruls O inicio do século XVIII no Brasil foi marcado pela exploração mineral. Essa exploração passou a dominar o cenário brasileiro, intensificando a vida urbana da colônia, além de ter promovido uma sociedade menos aristocrática em relação aos tempos anteriores. A ciência brasileira da época, ao contrário da procura por ouro, ainda era pouca práticada. Sabe-se apenas que a estudavam em graus muito limitados, no entanto, não se pode entrar em discussão de que tipo de ciência se produzia no Brasil. O que se tem conhecimento é que houve um controle muito rigoroso do ensino pelos jesuítas, com escolas basicamente para se aprender a ler e a escrever, portanto, não havendo instituições de ensino superiores nesse período. Foi somente, a partir de 1750, com o Tratado de Madri, que visava delimitar as fronteiras entre os territórios da América subordinados à Espanha e a Portugal que a ciência ganhou novas formas e, novos trabalhos astrônomicos foram desenvolvidos (FARIA, 2009, p. 184). Com o planejamento para a construção de um novo Observatório Astronômico no Rio de Janeiro, possibilitou, em 1781, a chegada no Brasil dos primeiros instrumentos astronômicos de cunho científico. No início do século XIX, acontecia no Brasil um grande movimento político, ou seja, a instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, o que passou a mudar a aparência da cidade e a condição da Colônia, onde as instituições da metrópole tinha que ser recriadas. Pode-se dizer, no entanto, que foi somente nesse século que a Colônia, depois de Império brasileiro, passou a contar com um amparato institucional diversificado na qual passaria a contribuir com o desenvolvimento da ciência brasileira. Um fato marcante e o que interessa dizer sobre o século XIX, do ponto de vista da astronômia, foi a criação do Observatório Astronômico, em 1827, e que em 1846 daria origem ao Imperial Observatório. O objetivo principal para a criação do observatório era de manter o horario oficial para que possibilitasse a orientação nas navegações, que naquela época dependia da hora marcada por um cronometro oficial no navio e a altura do Sol no horizonte, que estabelecia a hora local. O início do Observatório foi precário, de certa maneira só teve um impulso na métade do século, o que lhe daria uma caracteristica de instituição de pesquisa. Equipado com modernos instrumentos, para a época, um grande número de observações de excelente qualidade foram realizadas, destacando-se o apoio dado ao Observatório pelo imperador Dom Pedro II, que inclusive cedeu parte dos primeiros instrumentos (FARIA, 2009, p. 184- 185). 26 Figura 8: Imperial Observatório, no Morro do Castelo, Rio de Janeiro, como era em 1881. Fonte: ZENITE, 2010. Com tanto detalhes, o Observatório só teria seu primeiro diretor em 1845, o professor Soulier de Sauve (?-1850), da Escola Militar, que ficou responsável pelo levantamento e pela aquisição dos primeiros instrumentos científicos, na sua grande maioria de Meteorologia. Soulier dirigiu o Observatório de 1845 a 1850. Passando por muitas dificuldades orçamentária na época, o incentivo para o Observatório só chegaria em 1870, com o convite que Dom Pedro II fez ao astronômo francês Emmanuel Liais (1826-1900) para assumir a direção do Imperial Observatório. Liais assumiu a direção neste mesmo ano permanencendo até 1881. Foi um período de grandes dificuldades enfrentadas por ele, mas de bom desempenho para o Observatório. Para Faria (2009, p.185) Liais realizou importante trabalhos de observação do Sol, deixou publicadas varias observações, particularmente de cometas. Em 1886, o colaborador de Liais, o astronômo belga Luiz Cruls (1846-1908) ocupou a direção do Imperial Observatório de 1881 a 1908 deixando importantes contribuições como: a publicação do primeiro volume do Anuário Astronômico do Observatório, a medição do semi-diâmetro aparente de Mercúrio, determinação do período de rotação de Marte, observação de estrelas duplas e cometas períodicos (FARIA, 2009, p. 185). A passagem do século XIX para o XX, no Brasil, foi caracterizada por mudanças substanciais na sociedade, na política, na economia, enfim em todo o país. Em 1913, depois de um longo período de precariedades, o Observatório Nacional (ON), como foi batizado com a proclamação da República (1889), teve sua pedra fundamental lançada na sede atual, no bairro de São Cristóvão, para onde se mudou em 1921 com altas demandas – delimitação de fronteiras – e infraestrutura deficiente(NAGAMINI, 2009, p. 58). Sob a direção do professor Henrique Morize (1860-1930), francês naturalizado brasileiro, Engenheiro Industrial, dirigiu o já então Observatório Nacional de 1908 a 1929. Com uma excelente equipe e como novos instrumentos adquiridos foram realizadas várias 27 atividades, como a instalação de um serviço da hora, observações de cometas, estrelas duplas, da superfície de Marte e trabalhos fotográficos do eclipse total do Sol, ocorrido em Sobral (CE), no ano de 1919 (FARIA, 2009, p. 186). No Estado de São Paulo, no ano de 1941 foi inaugurado o Observatório de São Paulo, atualmente localizado no Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP), onde foram realizados os primeiros trabalhos de Radioastronomia no Brasil em 1958. Na década de 1960 o Observatório do Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ofereceu o primeiro curso de graduação, até então, existente no Brasil. Por volta de 1965, o Observatório Nacional sob a direção do Dr. Luiz Muniz Barreto efetua a compra de um telescópio refletor de 1,60 m, dando inicio aos trabalhos de construção do Observatório Astrofísico Brasileiro (OAB) e proporcionando a obtenção de dados para inúmeros trabalhos científicos de nível internacional nas várias áreas de Astronomia. Também, tornou possível a formação de mestres e doutores dentro e fora do Observatório Nacional. Ainda, na década 1970, instalou-se na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) um Observatório com um telescópio refletor de 52 cm, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas e disciplinas de Pós-Graduação em Astrofísica. Em 1976, o Observatório Nacional (ON) foi transferido do Ministério da Educação e Cultura (MEC), atual Ministério da Educação, para o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, assumindo sua direção em 1978 o Dr. José Antônio Freitas (FARIA, 2009, p. 192). O gerenciamento do então chamado Observatório Astrofísico Brasileiro ficou a cargo do Observatório Nacional, um instituto do CNPq, no Rio de Janeiro. Foram então, terminados os trabalhos de construção do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA). Até 1984, o OAB foi uma Divisão do Observatório Nacional. Em 1985 o CNPq criou o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), que, por motivos logísticos, ainda permaneceu ligado administrativamente ao ON. Foi somente em 1989 que o CNPq promoveu a independência administrativa, dando-lhe a autonomia necessária para pleno funcionamento. A astronomia brasileira atual é, em boa parte, fruto de um projeto iniciado há cerca de vários anos e não há de negar a forte presença, hoje, das tecnologias envolvidas. Os principais centros de atividades de pesquisa astronômica do Brasil estão associados a Universidades e outros órgãos estaduais e federais. Devido aos grandes esforços, a comunidade internacional notou uma crescente taxa ao ano da astronomia brasileira em termos de publicações e formação de doutores, além disso, o Brasil tem investido em projetos de grande porte, como os telescópios Gemini de 8 metros (no Havaí e Andes Chileno) e o Soar de 4 metros (nos Andes chilenos) (DOMINELLI, 2009). Para uma melhor 28 compreensão do atual quadro da Astronomia no Brasil, na segunda etapa deste trabalho, será abordado o progresso da astronomia brasileira, com isso será dada uma maior ênfase nos principais centros e institutos de pesquisa existentes atualmente em nosso país, bem como nos investimentos em pesquisas desenvolvidas na área astronômica. 3. O PROGRESSO DA ASTRONOMIA NO BRASIL "Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade". Neil Armstrong A construção dos grandes telescópios, a substituição do olho humano pelas fotografias, e os objetivos de sistematização e classificação, fizeram a astronomia evoluir muito mais nestes últimos cinquênta anos, do que nos cinco milênios de toda sua história (FRANCISCO, 2010). Em meados do século XX, a astronomia brasileira, em decorrência do seu desenvolvimento tecnológico sofreu diversas mudanças, deixando a sua característica de astronomia observacional para se tornar, também, uma astronomia experimental. Seu crescimento foi extraordinário, principalmente no período de 1970 a 2000. Enquanto ciência institucionalizada e produtiva, pode-se considerar a Astronomia no Brasil como uma atividade recente, que se desenvolveu a partir da década de 1970 com a implantação dos programas de pós-graduação, na qual tiveram a participação dos primeiros brasileiros doutores em astronomia, que estudaram no exterior. Com a criação do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) em 1985, onde se encontra instalado o telescópio de 1,60 metros de diâmetro, o Brasil intensificou suas pesquisas na área da astronomia. Para Steiner (2009, p. 45) a operação desse laboratório procurou seguir as melhores práticas internacionais na gestão e na utilização dos seus equipamentos e com isso, possibilitou o desenvolvimento da comunidade astronômica que deu um passo além, com a entrada do Consórcio Gemini, em 1993, e formando o Consórcio Soar, em 1998. Na área espacial, o Ministério da Aeronáutica já vinha dado atenção desde o ano de 1961 com o desenvolvimento de pequenos foguetes para sondagens meteorológicas. A partir de 1970, o Brasil já participava de vôos de balões estratosféricos, nos quais voaram equipamentos para observar a radiação cósmica de fundo e fontes de raio-X (STEINER, 2009, p. 45). Em 1980 o Governo Federal aprovou a proposta para realização de estudos que viabilizasse uma Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) cujo objetivo visou elaborar projetos, desenvolver, construir e operar satélites de fabricação nacional. No ano 1991 foi criado o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), autarquia do Ministério da Defesa, com a missão de realizar pesquisas e desenvolvimentos no campo Aeroespacial. 29 Atualmente, cabe ao IAE o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), criado em 1971, o desenvolvimento dos satélites e das estações de solo correspondentes (COSTA, 2010). Em 1994, com o objetivo de dar continuidade aos esforços empreendidos pelo governo brasileiro, desde 1961, foi criada a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia do MCT, na qual ficou responsável por formular e coordenar a política espacial brasileira. A área espacial tem característica de atrair o desenvolvimento de vários outros setores, incentivando a inovação tecnológica. Para Ganem (2008) hoje, o programa espacial é visto como um importante instrumento de defesa nacional, além de vital para as telecomunicações, pesquisas de novos materiais e produtos, fonte de lucrativos negócios e como consequência, gera desenvolvimento social, emprego, renda e educação. Graças aos esforços e evolução da astronomia brasileira, o Brasil está investindo no espaço, com isso, vem assumindo um papel de destaque no cenário astronômico internacional. 3.1. As instituições e os órgãos de pesquisas A pesquisa, a tecnologia e a informação, são hoje consideradas essenciais para o desenvolvimento de todas as etapas da vida humana. Requer tratamento e disseminação que possibilite permanecer ao alcance do público. Em nosso país, tanto o governo federal até mesmo os locais, bem como a iniciativa privada concordam que o incentivo e investimento em pesquisas são indispensáveis para ter uma ciência mais competitiva. Aqui serão apresentadas informações básicas sobre algumas das mais conceituadas Instituições e órgãos brasileiros que desenvolvem Pesquisas na área de Astronomia, Astrofísica e Astronáutica. 3.1.1. Observatório Nacional (ON) Uma das mais antigas instituições brasileira de pesquisa, ensino e prestação de serviço tecnológico, foicriada oficialmente por Dom Pedro I em 15 de outubro de 1827. Sua finalidade inicial foi a orientação e os estudos geográficos do território brasileiro e de ensino da navegação. Em 1889, com a proclamação da república, o então chamado Imperial Observatório do Rio de Janeiro passaria a ser denominado como Observatório Nacional. Atualmente o Observatório Nacional (ON) está localizado na Cidade do Rio de Janeiro. Tendo passado quase toda a primeira metade de seu século inicial sob o regime militar, em 1930 o Observatório Nacional passou a integrar o recém criado Ministério da Educação e Cultura (MEC) até o ano de 1976, sendo transferido para o CNPq e em 2000 o 30 Observatório foi colocado a cargo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) onde até hoje encontra-se subordinado. O ON é atualmente responsável pela geração, manutenção e divulgação da Hora Legal Brasileira8 e por diversos estudos em Astronomia, Astrofísicos e Geofísicos, possuindo um Programa de Pós-Graduação para a formação de Mestres e Doutores. Desde 1997 o Observatório organiza, anualmente, o curso de Astronomia no Verão voltado para professores e alunos do ensino médio e a Escola de verão para alunos graduando e graduados nas áreas de ciências exatas e da terra. Realiza também, desde 2003 o curso a distância em Astronomia e Astrofísica, em nível de divulgação, oferecido anualmente pela Divisão de Atividades Educacionais (EAD/ON). Os pesquisadores do ON têm trabalhado no mapeamento de galáxias, bem como no desenvolvimento detectores sensíveis à fraca luminosidade desses corpos celestes. Em geral, o Observatório tem como missão, possibilitar o acesso à informação científica correta, aproximar a sociedade de uma instituição de pesquisa e capacitar professores para multiplicar o conhecimento adquirido. 3.1.2. Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) Criado em 13 de março de 1985, o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) foi o primeiro laboratório a ser executado no Brasil. Com sede na cidade de Itajubá, no sul do Estado de Minas Gerais o LNA é atualmente uma das Unidades de pesquisa integrantes da estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Como missão o LNA vem exercendo um papel prioritário de dirigente de serviços sofisticados para a comunidade científica brasileira, com isso vem viabilizando um aumentado do crescimento das ciências astronômicas no Brasil. O LNA é o responsável por opera o maior telescópio brasileiro, localizado no Observatório Pico dos Dias em Brasópolis, cidade de Minas Gerais. É também a instituição que administra a participação brasileira nos consórcios internacionais, telescópio SOAR e Observatório Gemini. Em 2000, o LNA passou a intensificar as suas atividades tecnológicas quando se tornou parte da estrutura do MCT e como consequência tem ampliado sua participação no desenvolvimento tecnológico dos grandes observatórios internacionais, através de geração e construção de instrumentos periféricos modernos e competitivos internacionalmente. Recentemente o LNA tem investido tanto na parte de pessoal, atuante na área tecnológica, bem como na ampliação de sua infraestrutura, com a criação de um novo laboratório óptico especializado no manuseio de fibras ópticas para uso em instrumentos astronômicos. Com o 8 Lei nº 2.784, de 18 de junho de 1913 estabelece o uso da Hora Legal no Brasil e regulamentada pelo Decreto nº 10.546 de 05 de novembro de 1913. 31 constante processo de evolução na área de Astrofísica o LNA está suficientemente apto para participar e competir, em termos de igualdade, com outros centros de desenvolvimento de instrumentos na área astronômica. 3.1.3. Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) Fundado em 17 de outubro de 1967, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IEA) é uma autarquia subordinada ao Ministério da Defesa. Em 1991 surge uma nova proposta de reorganização do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), ocorrendo a fusão entre o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) e o Instituto de Atividades Espaciais (IAE), criando- se o atual Instituto de Aeronáutica e Espaço. Entre as diversas ações o IAE tem como missão as atividades de pesquisa e desenvolvimento no campo aeroespacial, com ênfase às áreas de materiais, foguetes de sondagem, sistema de defesa, sistemas aeronáuticos, ciências atmosféricas, ensaios em vôos e ensaios de componentes aeroespaciais, possuindo ainda, um Curso de Extensão em Engenharia de Armamento Aéreo, criado em 1977 no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 139). O IAE juntamente com o INPE, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) atualmente são as estruturas da realização dos objetivos propostos para o Programa Espacial Brasileiro. Dentro desse programa, cabe a IAE o desenvolvimento dos foguetes e lançadores, como o VLS e ao INPE o desenvolvimento de satélites e as estações de solo. Além de ampliar o conhecimento e desenvolver soluções científicas e tecnológicas o IAE tem como objetivo ser reconhecido, nacionalmente e internacionalmente, como uma Instituição de excelência capaz de transformar pesquisas e desenvolvimento em inovação na área Aeroespacial, buscando sempre a valorização do ser humano, a ética, rigor científico, responsabilidade social, disciplina e respeito à hierarquia. 3.1.4. Agência Espacial Brasileira (AEB) Criada pela lei nº 8.854 de 10 de fevereiro de 1994 a Agência Espacial Brasileira (AEB) é uma autarquia federal de natureza civil, vinculada ao MCT. Com sede em Brasília/DF, a AEB é responsável pela Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) na qual estabelece os objetivos e as diretrizes a serem materializados nos programas e projetos nacionais relativos à área espacial, com destaque para o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 146). Sob a administração geral da AEB, o Programa Espacial Brasileiro conta com a participação do INPE e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Este último é responsável pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), pelo Centro de 32 Lançamento de Alcântara (CLA) e pelo Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). Essas instituições dão suporte a todas as atividades que se desenvolvem em torno da área espacial. Qualquer lançamento e rastreio de um engenho aeroespacial deve seguir normas e critérios para que sua execução seja considerada eficiente. No Brasil, a AEB é responsável pela elaboração do Regulamento de Segurança. Além de promover a autonomia do setor espacial, a AEB criou em 2003 o Programa AEB Escola que tem o objetivo de levar a temática especial para a sala de aula. A idéia é despertar nos estudantes do Ensino fundamental e médio o interesse pela ciência e tecnologia, estimulando a vocação de futuros cientistas, pesquisadores, técnicos e empreendedores do País. Ações oferecidas pela AEB Escola como palestras, exposições interativas e oficinas tem contribuído com a divulgação científica. Para auxiliar os docentes na elaboração de metodologias para inserção de conteúdos de ciência e tecnologia relacionadas à área espacial em sala de aula, o Programa oferece atividades voltadas para a formação continuada de professores. 3.1.5. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Com sede na cidade de São José dos Campos no Estado de São Paulo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nasceu da vontade de alguns brasileiros em fazer com que o Brasil participasse da conquista do espaço. Unidade de Pesquisa do MCT o INPE foi fundado em 1971. Contudo, a sua origem remonta no ano de 1961, quando o Decreto presidencial criou o Grupo de Organização da Comissão de Atividades Espaciais (GOCNAE), um embrião do INPE, tonando-se mais tarde, em 1963,a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE). Em 1971 a CNAE é extinta, criando-se o Instituto de Pesquisas Espaciais e somente em 1991 passaria a ser denominado Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Durante a década de 80, o INPE implantou e passou a desenvolver programas que são hoje prioritários como: a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), o Satélite Sino- Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), o Programa Amazônia (AMZ) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) (WIKIPÉDIA. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2010). Atualmente, o INPE tem como missão, produzir ciência e tecnologia na área espacial e do ambiente terrestre, bem como, oferecer produtos e serviços singulares em benefício do Brasil. Há mais de quarenta anos o INPE desenvolve atividades de pesquisa e desenvolvimento na área espacial, com estudos que vão desde o desflorestamento de matas, previsão de tempo até as origens do universo, sendo, hoje uma referência nacional no Sensoriamento Remoto, Metrologia, Ciências Espaciais e Atmosféricas e Engenharias e 33 Tecnologias Espaciais (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 142). Possui, ainda, cursos de pós-graduação em níveis de mestrado e doutorado, nas áreas de Astrofísica, Geofísica Espacial, Computação Aplicada, Meteorologia, Sensoriamento Remoto e Engenharia e Tecnologias Espaciais, titulando-se até a presente data 159 doutores e 1072 mestres9. O INPE é uma Unidade de Pesquisa com grande reputação a nível nacional e internacional, pois sempre tem buscado ampliar e consolidar competências em ciência, tecnologia e inovação, desenvolver liderança científica e tecnológica, com também, promover uma política espacial que visa atender às necessidades de desenvolvimento de serviço, tecnologia e sistemas espaciais, entre tantas outras atribuições que fazem parte dos seus objetivos estratégicos. 3.1.6. Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) é uma instituição pública federal fundada em 8 de março de 1985, sendo atualmente uma Unidade de Pesquisa do MCT. Com sede no Rio de Janeiro o MAST foi uma das primeiras instituições criadas no Brasil voltadas para as áreas de história da ciência, preservação da memória científica e tecnológica, bem como na popularização da ciência e tem sido desde a sua criação, um centro de realização de encontros e congressos que reúne especialistas de todas as áreas do conhecimento. Como Unidade de Pesquisa o MAST realiza estudos acadêmicos em História da Ciência, Educação em Ciência e preservação de acervos documentais e museológicos (MAST, 2010). Na qualidade de museu, apresenta seu acervo em exposição permanente, abre ao público sua biblioteca e videoteca, detém a guarda de coleções de instrumentos, objetos e documentos ligados à atividade científica brasileira, possuindo um acervo documental riquíssimo, principalmente nas áreas relacionadas às ciências exatas e da natureza e a tecnologia. O museu desenvolve, ainda, trabalhos para a preservação de acervos históricos, incluindo a pesquisa, a restauração, a gestão e a sua conservação, além de investir em programas de divulgação da ciência, como “Brincando com a ciência” e “Observação do Céu”. Oferece também, atividades para o público em geral, qualifica professores para que sejam capazes de utilizar novos instrumentos didáticos no ensino de ciências, promove atividades itinerantes e desenvolve programas de atendimento escolar, que incluem visitação guiada para grupos de alunos. 9 Dados disponível em: <http://www.inpe.br/pos_graduacao/index.php>. Acesso em: 17 mai. 2010. 34 3.1.7. Universidades brasileiras O ensino da Astronomia no Brasil começa com a Carta de Lei de 4 de dezembro de 1810 que criou a Academia Real Militar, responsável pelo ensino de Matemáticas e Ciências. Nos primórdios, como o ensino de Astronomia destinava-se basicamente aos Engenheiros, a área de Astronomia de Campo, acoplada com a Geodésia10, era a única parte estudada da Astronomia (CAMPOS, 1995, p. 1). Com a decadência das atividades de pesquisa no final da década de 50 devido a falta de renovação de pessoal científico habilitado, o prof. Abraão de Moraes do Instituto Astronômicos e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP), estimulou o envio de vários estudantes de Física e Matemática ao exterior, para realizarem cursos de Doutorado em Astronomia em instituições de pesquisa astronômica consagradas (CAMPOS, 1995, p. 2) No Rio de Janeiro, em 1958, foi fundado o primeiro curso de Graduação em Astronomia do Brasil, na Faculdade Nacional de Filosofia, da antiga Universidade do Brasil. No final de década de 1960 e inicio da década de 1970 começaram a ser construídas as primeiras instalações do Observatório Abraão de Moraes, do IAG-USP, onde com o decorrer dos tempos foram instalados modernos equipamentos com fins de pesquisas na qual destaca-se o telescópio refletor de 61 cm (FARIA, 2009, p. 192). Estes equipamentos permitiram a elaboração de várias pesquisas na área de Astronomia e Astrofísica e deram origem a teses de mestrados e doutorados, bem como a artigos publicados em revistas especializadas (FARIA, 2009, p. 192). Também por volta de 1970 sob o comando do Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi instalado no Rio Grande do Sul um Observatório com um telescópio refletor de 52 cm na qual possibilitou o desenvolvimento de pesquisas e disciplinas de Pós-Graduação em Astrofísica. Na Bahia, foi instalado o Observatório Antáres, vinculado à Universidade Estadual de Feira de Santana. No Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRGN), também, desenvolve- se trabalhos de pesquisa em Astronomia. O Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro, associado ao Observatório do Valongo também oferece um curso de Astronomia a nível de graduação. A pós-graduação no Brasil, também teve um papel importante no sentido de impulsionar a formação de novos mestre e doutores (STEINER, 2009, p. 46). Os primeiros programas foram implantados no ITA, no IAG-USP e na Universidade Mackenzie, no início dos anos 1970 e, posteriormente na UFGRS e UFGM (Universidade Federal de Minas Gerais), sendo o programa do Mackenzie transferido para o Observatório Nacional (STEINER, 2009, p. 46). De acordo com Steiner: 10 Estudo da forma e campo gravitacional da Terra. 35 Se, em 1970, havia apenas três doutores no Brasil, em 1981, o Brasil já contava com 41 doutores em astronomia e, hoje existem 234 doutores empregados em 40 instituições, além de 60 pós-doutores. Atualmente são formandos cerca de 30 mestres e 25 doutores por ano somando-se todos os programas no Brasil. São, ao todo, 12 programas de doutorado e 17 de mestrado. O total de alunos matriculado no primeiro semestre de 2009 é de 90 no mestrado e 130 no doutorado (STEINER, 2009, p. 46). Ao longo dos anos, os Cursos de Astronomia passaram progressivamente a ser o principal fornecedor de Astrônomos para Institutos de Pesquisa Astronômica, Planetários, Observatórios e Cursos de Pós-graduação em Astronomia espalhados pelo Brasil. O número anual de Astrônomos formados pelos cursos indica uma sintonia com a capacidade de absorção do mercado de trabalho e o crescimento da taxa de aproveitamento e, ainda, demonstra o progressivo reconhecimento da qualidade dada aos alunos pelos Cursos de Astronomia oferecidos pelas universidades brasileiras. 3.2. Programa Espacial Brasileiro O Programa Brasileiro Espacial Brasileiro teve início no ano de 1961, inspirado pelo vôo do cosmonauta soviético Yuri Gagari, o primeiro homem a atingir o espaço. Naquela época não havia no Brasil qualquer infraestrutura relacionado a atividades espaciais.
Compartilhar