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Astronomia no Brasil_ Das Grandes Descobertas à Popularização - Universidade Católica de Brasília

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Pró-Reitoria de Graduação 
Curso de Física 
Trabalho de Conclusão de Curso 
ASTRONOMIA NO BRASIL: DAS GRANDES 
DESCOBERTAS À POPULARIZAÇÃO 
Autor: Diones Charles Costa de Araújo 
Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito 
Brasília - DF 
2010 
 
 
 
 
 
DIONES CHARLES COSTA DE ARAÚJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASTRONOMIA NO BRASIL: DAS GRANDES DESCOBERTAS À POPULARIZAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
graduação em Física da Universidade 
Católica de Brasília, como requisito parcial 
para a obtenção do Título de Licenciado em 
Física. 
 
Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília - DF 
2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos, 
sobrinhos e a minha noiva que sempre 
apostaram em mim e me deram total apoio. 
Sendo neste longo período as pessoas que 
sempre pude contar. A todo o tempo tiveram 
paciência, carinho e compreensão. E nos 
meus momentos de desânimo e dificuldades, 
foram os responsáveis por meu sucesso. 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
 
Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado força de vontade para nunca desistir 
apesar das dificuldades; Aos meus verdadeiros amigos que sempre me motivaram, em 
particular a amiga Conceição Aparecida; A Universidade Católica de Brasília e ao Curso de 
Física que me deram a oportunidade de descobrir o desconhecido; Ao Governo Federal por 
ter financiado parcialmente meus estudos; Em especial, agradeço ao Professor Doutor 
Paulo Eduardo de Brito pela maneira simpática e respeitosa como me conduziu na tarefa de 
orientador, sobretudo pela preocupação e critério com a elaboração deste trabalho; Ao 
Professor Doutor Sérgio Luiz Garavelli pelo apoio e a liberdade que sempre me deu para 
elaborar e desenvolver os meus pequenos e humildes projetos dedicados ao Curso; Ao 
Professor Mestre Edson Benício de Carvalho Júnior por seus incentivos e suas 
maravilhosas aulas de Astronomia; A todos os professores que contribuíram para está 
conquista e, aos inúmeros amigos que ganhei durante esses longos e alegres anos de 
graduação. Finalmente, agradeço a todos que de alguma forma colaboraram para a 
realização deste sonho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O céu é um espetáculo sem concorrência. É 
possível contemplar todas as maravilhas do 
nosso planeta, palmilhar os desertos, 
atravessar os oceanos e visitar todas as suas 
cidades; mas o Cosmo permanecerá sempre 
para ser descoberto”. 
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão 
 
“Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre 
ombros de gigantes”. 
Isaac Newton 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo principal é fazer um 
resgate histórico sobre a Astronomia no Brasil, apresentando as suas origens, conquistas e 
progressos tecnológicos, bem como, expondo alguns dos diversos mecanismos que 
contribuem para a popularização dessa ciência. A fundamentação teórica constituiu-se, 
essencialmente, em três etapas: um levantamento histórico sobre a astronomia brasileira, 
que principiou antes mesmo do descobrimento do Brasil, os conhecimentos astronômicos da 
época, e seus avanços no decorrer dos séculos. Na etapa seguinte, será descrito os méritos 
alcançados, suas principais descobertas e contribuições em caráter nacional e mundial, as 
tecnologias desenvolvidas e os importantes Centros e Institutos de Pesquisas existentes no 
Brasil. Na terceira e última etapa deste trabalho o foco será dado à popularização, em que o 
ensino da astronomia nas escolas e universidades, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e a 
comemoração do Ano Internacional da Astronomia no Brasil aparecerão como os mais 
importantes meios de sua divulgação. Para finalizar serão apresentados de forma resumida 
os principais livros, periódicos e sites da Internet que contribuíram para a elaboração deste 
trabalho. Embora haja uma enorme preocupação em intensificar as pesquisas 
desenvolvidas no território nacional, o ensino e a popularização da Astronomia, ainda, 
indicam insuficientes. Contudo, a motivação para a realização deste trabalho veio como 
mecanismo para valorizar a Astronomia desenvolvida em nosso país. 
 
 
Palavra-chave: Astronomia no Brasil. Grandes descobertas na astronomia. Popularização 
da astronomia. 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8 
1.1. Panorama da astronomia brasileira ........................................................................... 10 
1.2. Objetivo geral .............................................................................................................. 11 
1.3. Justificativa ................................................................................................................. 11 
1.4. Metodologia ................................................................................................................. 12 
 
2. ASTRONOMIA NO BRASIL ............................................................................................ 13 
2.1. A astronomia antes do descobrimento ..................................................................... 13 
2.1.1. O Sol indígena .......................................................................................................... 16 
2.1.2. A Lua para os nativos .............................................................................................. 18 
2.1.3. O planeta Vênus e as estrelas ................................................................................. 19 
2.1.4. As constelações dos índios brasileiros ................................................................. 20 
2.2. A astronomia depois do descobrimento ................................................................... 22 
2.2.1. A astronomia brasileira do século XVIII ao XXI ..................................................... 25 
 
3. O PROGRESSO DA ASTRONOMIA NO BRASIL .......................................................... 28 
3.1. As instituições e os órgãos de pesquisas ................................................................ 29 
3.1.1. Observatório Nacional (ON) .................................................................................... 29 
3.1.2. Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) ............................................................ 30 
3.1.3. Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)................................................................. 31 
3.1.4. Agência Espacial Brasileira (AEB) .......................................................................... 31 
3.1.5. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ................................................. 32 
3.1.6. Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) .................................................... 33 
3.1.7. Universidades brasileiras ........................................................................................ 34 
3.2. Programa Espacial Brasileiro .................................................................................... 35 
3.3. O Observatório Gemini e o Telescópio SOAR .......................................................... 37 
3.3.1. O Observatório Gemini ............................................................................................ 37 
3.3.2. O Telescópio SOAR ................................................................................................. 39 
 
4. A POPULARIZAÇÃO DA ASTRONOMIA NO BRASIL ................................................... 40 
4.1. O ensino de astronomia no Brasil ............................................................................. 41 
4.2. Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) ..................................... 43 
4.3. O Ano Internacional da Astronomia em 2009 ........................................................... 454.4. O astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão .................................................................. 47 
 
5. TEXTOS DE APOIO E LEITURAS COMPLEMENTARES .............................................. 47 
5.1. Livros ........................................................................................................................... 48 
5.2. Periódicos ................................................................................................................... 49 
5.3. Internet......................................................................................................................... 50 
 
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 52 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 54 
8 
1. INTRODUÇÃO 
“O Universo não passa de um grande vazio povoado de estrelas aqui e ali, 
em geral agrupadas em miríades. Povoada também por nuvens de gás e 
poeira. Há mais de cinco bilhões de anos, uma dessas grandes nuvens 
cósmicas começava a implodir e dava origem ao Sol e a seu cortejo de 
planetas”. (VERDET, 1987, p.11). 
 
O mundo em que vivemos é um lugar grandioso, estendendo-se em todas as 
direções aparentando não ter fim. É neste extenso e misterioso Universo que conseguimos 
enxergar as mais fantásticas variedades de coisas: terra, água, plantas, animais, pessoas, 
Lua, Sol, planetas, galáxias e etc. O conhecimento da natureza, do espaço e das estrelas 
fez com que a curiosidade humana aumentasse juntamente com a sua evolução. A 
necessidade em investigar o mundo natural e o desejo de romper o limite da razão vem 
acompanhando o homem desde o período pré-histórico. O mais primitivo ser humano se 
interessou em observar os fenômenos que ocorriam à sua volta, bem como em tentar 
compreendê-los. 
A claridade do dia e a escuridão da noite, o posicionamento do Sol, a Lua e seus 
movimentos, os eclipses e muitos outros fizeram com que o homem examinasse por longos 
anos os astros na tentativa de explicar seus comportamentos. Relatos através do tempo 
mostram que a busca dessas respostas originam o que hoje se conhece por Astronomia, a 
ciência mais antiga que se tem vestígio. Os registros astronômicos mais remotos datam de 
aproximadamente 3000 a.C. e se devem aos chineses, babilônios, assírios e egípcios 
(FILHO, 2004). 
Na astronomia antiga, as civilizações confiavam nos movimentos aparentes dos 
objetos celestes e a posições do Sol e da Lua serviam para medir o tempo em dias, meses e 
anos. Observadores constantes dos astros, os povos antigos tiveram a oportunidade de não 
apenas conhecer e prever fenômenos que ocorriam a sua volta, mas como também em criar 
métodos para determinar a sua posição na superfície da Terra, o início das estações do ano 
e, principalmente, as atividades agrícolas. Esses povos não faziam astronomia só por fazer, 
pois tudo tinha uma razão lógica para eles. Além da parte prática, havia também a religiosa, 
de ritual e culto aos mortos, de fertilidade, que também estavam relacionados à astronomia. 
Deuses e semi-deuses era homenageados. Muitos acreditavam que os astros eram 
verdadeiros deuses de veneração e para outros, símbolo de respeito e divina adoração. 
Para Faria (2009, p. 13) o desconhecimento da verdadeira natureza dos astros deve ter 
produzido no homem primitivo um sentimento misto de curiosidade, admiração e temor, 
levando-o a acreditar na natureza divina dos corpos. 
Em sua evolução, o homem percebeu que podia se utilizar das estrelas e demais 
astros para a sua orientação em viagens sobre a superfície terrestre e sobre os mares 
9 
(FARIA, 2009, p. 13). Com os primeiros deslocamentos verificaram que o céu parecia 
inclinar-se, à medida que caminhavam para o Sul, as constelações do lado oposto 
desapareciam no horizonte. Surgiu então a ideia de que a Terra, longe de ser uma extensão 
plana e ilimitada, poderia ser uma esfera, como o Sol e a Lua. Essa idéia foi aos poucos 
introduzida no pensamento do homem e, este com o decorrer do tempo chegou à conclusão 
de que o seu mundo era um astro como os demais avistados no céu. 
A curiosidade despertada no homem fez com que o tornasse cada vez mais 
conhecedor dos astros, com isso surge a ideia de que poderiam se locomover à distâncias 
até então jamais atingida. Logo, surgem às grandes navegações, ou seja, o conjunto de 
viagens marítimas que expandiram o limite do mundo até então conhecido. Com o auxílio da 
Astronomia, mares nunca antes navegados, terras, povos, flora e fauna começaram a ser 
descobertos. Para Mourão (2000, p. 60): 
 
Apesar da origem da navegação remontar à mais recuada antiguidade e o 
uso dos astros, como marco de orientação, provir do tempo dos primeiros 
viajantes, a arte de navegar só deve ser considerada um processo de 
navegação astronômica a partir da época em que a observação da posição 
relativa dos astros, no céus, passou a ser realizada no mar e a medidas 
tiveram um uso imediato na orientação dos navegantes. 
 
Porém, com o aumento do conhecimento do homem sobre o céu, os estudos 
astronômicos permitiram a resolução, com maior facilidade, dos problemas de determinação 
da latitude, como também, ajudou na criação de novos instrumentos e o descobrimento de 
novas técnicas astronômicas para a sua determinação. Com o passar dos séculos, o foco da 
astronomia mudaria. Ao invés de tentar entender os posicionamentos das estrelas e 
catalogá-las, o homem, que se tornaria agora astrônomo começaria a tentar descobrir como 
os astros eram e são de fato. 
Hoje, Astronomia vem assumindo de fato um papel importantíssimo dentro das 
civilizações detentoras do poder científico e tecnológico, na qual, ao longo de sua história 
sempre esteve intrinsecamente ligada. Com as novas técnicas de observação em contínuos 
aperfeiçoamentos desde os tempos mais remotos, a astronomia está sendo obrigada a 
desenvolver equipamentos mais modernos, cuja tecnologia tem diversas aplicações e 
entram atualmente nos domínios das grandes explorações espaciais. Pesquisas, teorias e 
descobertas nas áreas de astronomia, astrofísica e astronáutica auxiliam diversos estudos e 
estão cada vez mais tornando possíveis deter os conhecimentos dos fenômenos que 
descrevem o Universo que esta a nossa volta. 
Pensando nisso, este trabalho tem por objetivo apresentar e resgatar a história da 
Astronomia no Brasil. 
10 
1.1. Panorama da astronomia brasileira 
Assim como em todas as civilizações do mundo, a astronomia brasileira também tem 
a sua história e, ao longo de sua evolução conseguiu nas últimas décadas uma posição de 
destaque no cenário nacional e internacional. Inicialmente praticada pelos povos indígenas 
que habitaram o território brasileiro antes mesmo da sua ocupação por europeus, a 
astronomia nativa é fruto de mitos e lendas. Com a colonização dos portugueses uma nova 
etapa na astronomia brasileira se inicia e na sua atual conjuntura está conquistando novos 
progressos. 
A astronomia brasileira, do mesmo modo que as demais ciências, desenvolve-se 
gradualmente com o decorrer do tempo, passando por crises, avanços e retrocessos, 
fracassos e sucessos. A História da Ciência tem procurado desvendar e compreender as 
transformações pelas quais a astronomia está atravessando. Nas últimas décadas, a 
astronomia praticada no Brasil obteve progressos notáveis e, não há de negar a poderosa 
presença da tecnologia na sociedade brasileira. Os últimos dez ou vinte anos 
testemunharam um claro despertar para a importância da pesquisa e do ensino da 
Astronomia em todo território nacional. 
Em nosso país, os trabalhos desenvolvidos sobre a astronomia teve início 
praticamente no século XX, sendo explorada como uma atividade complementar de 
pesquisadores interessados em fortalecer a História da Ciência. Embora a preocupação com 
a pesquisa sobre o ensinoda Astronomia em território nacional tenha se intensificado nos 
últimos anos, a literatura da área indica que o seu estudo não é tão recente, remontando à 
algum tempo antes da chegada dos colonizadores ao país (LANGHI e NARDI, 2009, p. 1). 
Hoje, a Astronomia no Brasil tem seu papel de destaque no cenário mundial. 
Grandes investimentos em pesquisas, parcerias com outros países, modernos Centros e 
Institutos de pesquisas, universidades com laboratórios que possibilitam o desenvolvimento 
de pesquisas, um ensino que está tentando se adaptar ao atual padrão de ciência que 
nosso país vem oferecendo, e etc. A Astronomia brasileira, assim como as demais ciências 
é considerada, atualmente, um componente essencial para o país que está desejando 
ampliar o seu desenvolvimento científico e tecnológico, econômico e social. Graças às 
pesquisas desenvolvidas em astronomia, ou especificamente, na tecnologia espacial, 
podemos fazer uma ligação telefônica interurbana, assistir jogos de futebol com transmissão 
ao vivo de outros países, fazer previsões do tempo, entre tantas outras aplicações. 
Por trás desses avanços estão professores, astrônomos, cientistas, tecnólogos, 
engenheiros e empresários que com experiência e competência, aliadas a uma boa 
criatividade, estão conseguindo atingir progressos notáveis na ciência brasileira, em 
especial na astronomia. 
11 
1.2. Objetivo geral 
A idéia central deste trabalho é apresentar um panorama histórico sobre a 
Astronomia no Brasil, buscando compreender todas as suas etapas de evolução que se deu 
através dos tempos. Com o objetivo de melhor compreender a autêntica história da 
astronomia brasileira e suas influências, este trabalho compõe-se de uma visão mais ampla 
sobre o progresso desta ciência, buscando suas origens entre as tribos indígenas que 
habitaram o Brasil antes de 1500, fazendo uma relação de todo o seu desenvolvimento que 
se deu após a chegada dos europeus em solo brasileiro até alcançar os tempos mais 
recentes. No entanto, quando se fala em séculos passados no Brasil, é difícil separar 
somente a Astronomia de outros assuntos, pois o tema é muito vasto e as épocas 
mencionadas são bastante extensas. Se analisarmos o Brasil no período colonial, por 
exemplo, identificamos situações onde a ciência teve uma presença marcante. Como a 
história da Astronomia no Brasil é pouca conhecida, será dada ênfase, tanto em sua origem 
bem como na sua situação atual. Porém, para uma visão mais ampla sobre a história da 
Astronomia no Brasil, mesmo nos tempos atuais, exige um número de informação e 
detalhes muito grande sendo necessária, para conhecê-la, uma pesquisa mais aprofundada 
e específica sobre o tema, o que aqui não é a intenção. 
 
1.3. Justificativa 
Motivado pelas maravilhosas noites de observações astronômicas realizadas no 
campus da Universidade Católica de Brasília (UCB) nas quais tiveram a coordenação do 
inspirador Professor Doutor Paulo Eduardo de Brito (atualmente professor da Universidade 
de Brasília – UnB) durante a extinta Semana Universitária e a primeira Semana da Física, 
até mesmo, pelas excelentes aulas de astronomia ministradas pelo Professor Mestre Edson 
Benício de Carvalho Júnior, bem como, pelos debates e idéias elaboradas, por mim 
juntamente com alguns amigos de graduação (Demétrius Leão e Deivid Cavalcanti), 
imaginei que seria interessante e de tamanha importância para a minha formação a 
realização de um Trabalho de Conclusão de Curso na área na qual passei a admirar com 
tanto gosto. 
Para mim, a astronomia é uma ciência apaixonante, de sonhos, de realidades e 
descobertas, e devido a essas razões que resolvi compartilhar os poucos conhecimento 
astronômicos que adquiri como estudante de graduação. Por meio da elaboração deste 
trabalho pretendo contribuir para que a astronomia brasileira seja compreendida como uma 
ciência que estimule ativamente a curiosidade humana e o envolvimento pessoal, fazendo 
uso dos sentidos e dos esforços intelectuais na formulação de questões e na busca de 
soluções, que objetive oferecer respostas, mas, sobretudo que possibilite gerar a indagação 
12 
e o interesse pela astronomia. Popularizar a astronomia, talvez, este seja o termo mais 
adequado para as minhas colocações. 
 
1.4. Metodologia 
 A metodologia empregada neste trabalho é classificada como uma pesquisa de 
natureza bibliográfica, pois foi elaborada a partir de materiais já publicados, constituído 
principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com materiais disponibilizados 
na Internet sobre a Astronomia no Brasil. Os livros utilizados foram basicamente de 
conhecimentos científicos, incluindo dicionários e anuários sobre astronomia. Apesar de ter 
obtidos poucos livros que descrevessem a história da Astronomia brasileira, em geral foram 
de grande ajuda, pois possibilitou a rápida obtenção das informações que desejava utilizar. 
Com relação aos periódicos, as revistas foram às principais fontes de pesquisas 
bibliográficas, pois tiveram a maior contribuição para o desenvolvimento deste trabalho, 
mesmo aparecendo dispersos o assunto sobre Astronomia no Brasil, foi possível investigar 
de uma forma mais ampla. Outro recurso que teve grande contribuição para esta pesquisa 
foi a Internet, ou seja, as bibliotecas digitais. Facilitador e com mais rapidez, diversos sites 
da Internet disponibilizam gratuitamente artigos científicos e textos integrais sobre a história 
da Astronomia brasileira. Da mesma forma que os periódicos, os assuntos sobre Astronomia 
no Brasil disponíveis na Internet sempre estavam dispersos. De certa forma, foi possível 
organizar todas as fontes bibliográficas e montar da melhor forma este trabalho. 
É preciso esclarecer, antes de tudo, que este trabalho, apesar de apresentar a 
origem da Astronomia brasileira como sendo a astronomia indígena, não se caracteriza 
como uma pesquisa de Etnoastronomia1, mas sim, um estudo em que se busca 
compreender a Astronomia no Brasil por meio da história dos índios brasileiros. Os 
periódicos pesquisados foram obtidos de editoras conhecidas, com autoria dos artigos 
publicados dos mais renomados astrônomos e cientista brasileiros. A pesquisa bibliográfica 
realizada que envolveu a Internet teve uma minuciosa investigação, para que não ocorresse 
o risco de obter informações errôneas. As grandes áreas afins desenvolvidas no Brasil, 
como Etnoastronomia, Arqueoastronomia2, Astrofísica, Astronáutica, Astronomia amadora 
tiveram uma enorme contribuição na construção desta pesquisa que aqui será apresentada. 
 
1
 A Etnoastronomia investiga o conhecimento astronômico dos povos antigos, por meio de vestígios 
arqueológicos, documentos históricos, registros etnográficos relatos de tradições orais. É uma atividade 
transdisciplinar envolvendo, principalmente, pesquisadores das áreas de astronomia e antropologia. A 
Etnoastronomia tem um grande potencial no Brasil, reflexo da amplitude e diversidade étnicas nacionais 
(AFONSO, 2006, p. 54). 
2
 Ciência que tem por objetivo estudar os conhecimentos astronômicos dos povos antigos, em especial os do 
período pré-histórico; astronomia arqueológica, arqueologia astronômica, astroarqueologia. 
13 
2. ASTRONOMIA NO BRASIL 
 
2.1. A astronomia antes do descobrimento 
 
“Desde o começo dos tempos, o homem examina, interroga, anima, 
dramatiza o céu. Ele o povoa de deuses bondosos e aterrorizantes, de 
animais, familiares e fantásticos, de objeto bizarro, frutos de sua criação – e 
tece histórias maravilhosas sobre cada um deles.” (VERDET, 1987). 
 
Pode-se afirmar que a Astronomia no Brasil teve origem antes mesmo da chegada 
da esquadra portuguesa em terras brasileiras no ano de 1500. Para ser mais preciso, a 
astronomia originou-se com os diversos povos indígenas que habitavam essas terras e 
provavelmente já possuíam alguns conhecimentos astronômicos naquela época.As 
atividades cíclicas, como plantio e colheita de alimentos, eram determinadas pelo 
surgimento ou desaparecimentos de alguns astros. Com astronomia própria, os índios 
brasileiros definiam a contagem de dias, meses e anos, a duração das marés, a chegada 
das chuvas, desenhavam no céu história de mitos, lendas e seus códigos morais, fazendo 
do firmamento esteio de seu cotidiano (AFONSO, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Aldeia indígena Tupinambá, antes de 1500. 
Fonte: DATAMEX, 2010. 
 
Antes da chegada dos europeus em terras brasileiras, o atual território brasileiro era 
habitado por vários povos nativos. Esses povos se dividiam praticamente em tribos aos 
quais destacam-se os tupis-guaranis localizados na região do litoral, os macro-jê ou tapuias 
na região do Planalto Central, os aruaques e os caraíbas na Amazônia. Embora não saiba 
exatamente quantas tribos indígenas existiam no Brasil anteriormente a sua colonização, de 
14 
acordo com alguns historiadores a população estimava entre três a cinco milhões de 
nativos. No entanto, os diferentes povos indígenas brasileiros, a exemplo dos demais índios 
da América pré-colombiana, porém mais atrasados culturalmente, tinham maneiras próprias 
de se organizar, diferentes modos de vida, línguas e culturas. Suas principais atividades 
estavam diretamente relacionadas à sustentabilidade de suas tribos, como a caça, a pesca, 
a colheita e lavoura. Profundos conhecedores da natureza, além de conviverem intimamente 
com ela, mantiveram sempre notáveis adoração e reverência ao meio que os envolvia. 
Assim, como em todas as sociedades antigas a observação do céu, também, era à 
base do conhecimento dos índios brasileiros, apesar de não terem possuído uma tecnologia 
aperfeiçoada essa prática se tornou um elemento de grande importância em suas vidas. A 
necessidade de conhecer a natureza fez com que os indígenas percebessem que as 
atividades cíclicas ocorriam sempre em determinadas épocas do ano, ou seja, estavam 
sujeitas a variações sazonais. Na tentativa de compreender essas variações, procuraram 
desvendar os processos que descreviam tais fenômenos cósmicos com o intuito de utilizá-
los a seu favor, principalmente para a sua sobrevivência. 
Os conhecimentos adquiridos tradicionalmente ao longo dos anos, pelos indígenas 
envolviam não somente as observações dos movimentos dos astros, mas também a 
continuidade das estações do ano e o comportamento de plantas e animais. Com isso eles 
conseguiam identificar, por exemplo que quando o Sol aparecia do lado norte trazia-lhes 
ventos brandos e frescos e que, ao contrário, quando aparecia do lado sul, trazia ventos 
fortes e chuvas. Para Mourão (2000) é conveniente assinalar desde logo, que os nossos 
índios acreditavam na existência de vários céus, imaginando que todos os astros se 
situassem a distâncias diferentes, o que explicaria a diversidade do brilho, pois deveriam 
achar que as estrelas tivessem igual intensidade luminosa. Além do mais, a visibilidade de 
certas estrelas e constelações marcava épocas significativas do ano. Desta forma, o 
surgimento da astronomia indígena veio como subsídio para os seguintes propósitos: 
 
Além da orientação geográfica, um dos principais objetivos práticos da 
astronomia indígena era sua utilização na agricultura. Os indígenas 
associavam as estações do ano e as fases da Lua com a biodiversidade 
local, para determinar a época do plantio e da colheita, bem como para a 
melhoria da produção e o controle natural das pragas. Eles consideram que 
a melhor época para certas atividades, tais com, a caça, o plantio e o corte 
de madeira era perto da lua nova, pois perto da lua cheia os animais se 
tornam mais agitados devido ao aumento de luminosidade, por exemplo, a 
incidência dos percevejos que atacam a lavoura. (AFONSO, 2009, p. 2). 
 
É evidente no entanto, que nem todos os grupos indígenas, mesmo de uma única 
etnia, atribuíam idênticos significados a um determinado fenômeno astronômico específico, 
e a razão disso está no fato de cada grupo ter sua própria estratégia de sobrevivência 
(AFONSO, 2006, p. 48). Para os índios brasileiros, o céu tinha um significado bem diverso e 
15 
os astros tinham muita importância prática. Inicialmente, a atenção dos indígenas era 
atraída para os corpos celestes que afetavam diretamente sua vida diária e com o passar do 
tempo outras interpretações foram dadas. O desconhecimento da verdadeira natureza dos 
astros e o sentimento de curiosidade, admiração e medo por eles produzidos, levou-os a 
acreditarem na natureza divina, ou seja, atribuíam a seres superiores os fatos e fenômenos 
naturais ao qual não conseguiam explicar. E por não ter conhecimento maior do universo e 
da mecânica celeste, criaram uma cosmologia mitológica bem desenvolvida, a que não 
faltam explicações pitorescas acerca das origens dos cometas, das fases da Lua, dos 
meteoros, da Via láctea, etc. (MOURÃO, 2000). Portanto, o Sol que fornecia calor e luz 
durante o dia se tornaria um deus e a Lua que fornecia durante a noite se tornou uma 
deusa. É bom ressaltar, que para a maioria dos indígenas, o Sol e a Lua eram considerados 
do sexo masculino. 
A grande maioria dos mitos e lendas dos nativos brasileiros estava associada às 
estrelas e constelações e logo foram criados com o objetivo de ajudá-los na identificação, 
bem como em um método de memorização para transmitir os conhecimentos dos Cosmos 
de geração a geração. Os indígenas brasileiros sempre davam a extrema importância às 
constelações localizadas na Via Láctea3, seja ela constituída de estrelas individuais ou de 
nebulosas e atribuíam a elas nomes de animais típicos da fauna brasileira, como Anta ou 
Ema. 
De modo frequente tendemos a julgar a astronomia de outras civilizações por meio 
dos nossos próprios conhecimentos. Embora os índios brasileiros tivessem desenvolvido 
toda sua astronomia na base das rotineiras relações entre o surgimento de certos astros, 
constelações e variações sazonais, sua contribuição para o entendimento da origem da 
astronomia brasileira foi muito importante. No entanto, a busca para compreender a 
significação social que cada tribo construiu para justificar seus atos, costumes, valores e 
crenças é um dispositivo para melhor entender a importância a respeito das diversas visões 
de mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
3
 Galáxia espiral à qual pertence a Terra, de diâmetro igual a 100.000 anos-luz e espessura de 16.000 anos-luz. 
A faixa luminosa que atravessa o céu e que podemos facilmente observar é o plano horizontal desta espiral. 
(MOURÃO, 1987, p. 841) 
16 
2.1.1. O Sol indígena 
 
“O Sol é uma estrela banal, de porte e temperaturas médias. Estrela banal 
decerto, mas que apresenta a propriedade fundamental de estar próxima a 
Terra: o Sol é a nossa estrela. Há cinco bilhões de anos, ele inunda a Terra 
com uma torrente luz onde nascem toda energia e toda vida. Quase em 
toda parte, o Sol foi honrado, e muitas vezes deificado, mas os cultos 
solares são muito mais raros do que se imagina.” (VERDET, 1987, p.67). 
 
O índio brasileiro pré-cabralino4 foi um atento observador do céu e certamente o Sol, 
astro mais brilhante da abóbada celeste, objeto de curiosidade e veneração teve suas 
mudanças de direções atentamente estudadas. Para as tribos mais antigas, o Sol era o 
principal regulador da vida na Terra e tinha uma grande importância prática, pois fornecia 
calor e luz durante o dia. Eles viam o Sol como um astro poderoso, mas não sabiam ao 
certo como descrever a imensidão que seria esse poder. Além do mais, o Sol tinha um 
enorme significado religioso, pois os indígenas buscavam nele a força divina e espiritual. Os 
guaranis, por exemplo, nomeiam o Sol de Kuaray, na linguagem do cotidiano e de 
Nhamandu, na espiritual (AFONSO, 2006, p. 50). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Arte computacional deuma gravura rupestre do que representa o Sol para os indígenas. 
Fonte: AFONSO, 2010. 
 
 Desde seus tempos mais remotos, os índios brasileiros pré-cabralinos observaram 
que haviam constantes mudanças no clima e que os animais, as plantas e os frutos 
apareciam de acordo com as diferentes estações do ano. Assim, para desfrutar da natureza 
eles começaram a registrar os fenômenos celestes, principalmente os deslocamentos do 
Sol. Uma parcela significante desses registros obtidos pelos indígenas, deram-se através de 
um instrumento astronômico muito simples chamado de gnômon vertical ou relógio solar e a 
 
4
 Se refere ao período de tempo antes de Pedro Álvares Cabral, navegador português, dito o descobridor do 
Brasil. 
17 
sua utilização teve um papel de destaque no desenvolvimento das atividades cíclicas por 
eles praticadas. 
Os índios observavam os movimentos aparentes do Sol para determinar, o 
meio dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano utilizando o 
Gnômon, que consiste de uma haste cravada verticalmente no solo, da qual 
se observa a sombra projetada pelo Sol, sobre um terreno horizontal. Ele é 
um dos mais simples e antigos instrumentos de Astronomia, sendo 
chamado de Kuaray Ra’anga, em guarani e Cuaracy Raangaba, em tupi 
antigo. (AFONSO, 2009, p. 2). 
 
 Contemplado das latitudes médias, o Sol exibe um movimento diário, desenhando 
um arco que se inicia na alvorada a Leste e termina no crepúsculo, a Oeste (FARIA, 1987, 
p. 57). Os fenômenos de aparecimento ou desaparecimento do Sol, ou seja, as posições do 
nascer (aurora) e do pôr-do-sol (ocaso), nos dia de início de verão e de inverno (solstícios5). 
Para os índios eram pontos de retorno dos astros para o ponto cardeal Leste (equinócios6) e 
obviamente muito importantes para fornecer o calendário solar indígena. O dia do início de 
cada estação do ano era obtido através da observação da aurora ou do acaso, sempre de 
um mesmo lugar fixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Trajetória do Sol nos dias do solstício e equinócio. 
Fonte: LIMA e MOREIRA, 2005, p.12. 
 
Devido à complexidade de seu pensamento religioso os índios brasileiros guardavam 
a maioria de seus antigos conhecimentos astronômicos em seu folclore. Segundo algumas 
lendas indígenas o Sol sendo um deus de adoração permaneceu com o domínio do dia 
dando calor, e a sua alternância com a Lua é que possibilitou a vida na Terra. 
 
 
 
 
5
 Época em que o Sol no seu movimento aparente na esfera celeste atinge o seu maior afastamento do equador. 
6
 Instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, corta o equador celeste. Nessa data do ano ocorre a 
igualdade de duração entre o dia e a noite sobre toda a Terra. 
18 
2.1.2. A Lua para os nativos 
 
“Se a Lua é poderosa, é antes do mais nada porque ela é a senhora do 
tempo.” (VERDET, 1987, p.60). 
 
 A Lua, posteriormente ao Sol, foi o objeto celeste mais observado pelos índios 
brasileiros como também, foi o principal regente da vida marinha. Para uma grande parcela 
da população indígena, a Lua era considerada como pertencente do sexo masculino e irmão 
mais novo do Sol. No entanto, na maioria das outras culturas ela era considerada do sexo 
feminino e em geral, relacionada com a vida e a morte (AFONSO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Arte computacional de uma gravura rupestre representando a Lua para os indígenas. 
Fonte: AFONSO, 2010. 
 
Em virtude das constantes práticas observacionais da Lua, os nativos conheciam e 
utilizavam as fases lunares (lua cheia e lua nova) na pesca, na caça e na agricultura, pois 
consideravam esses períodos do ano com sendo os melhores para essas atividades. A Lua, 
por sua vez permitia adivinhar as mudanças de tempo. Inicialmente, a primeira unidade 
temporal utilizada pelos indígenas foi o dia, medido por dois nasceres sequente do Sol e 
depois veio o mês, que era definido a partir de duas aparições consecutivas de uma mesma 
fase da Lua. Além de serem utilizadas como calendário, as fases da Lua serviam para 
orientação geográfica, pois a Lua brilha por refletir a luz do Sol (AFONSO, 2006, p. 51). 
Os índios brasileiros ao observarem atentamente o céu quando as águas dos mares 
e rios se agitavam constantemente, fizeram uma ligação de que a Lua era a principal 
causadora das marés. Segundo d’Abbeville (apud LIMA e MOREIRA, 2005, p. 14): “Eles 
atribuem à Lua o fluxo e o refluxo do mar e distinguem muito bem as duas marés cheias que 
verificam na Lua cheia e na Lua nova ou poucos dias depois”. 
Os nossos índios foram bem atentos as observações do Sol e da Lua, e sempre se 
preocupavam em prever os eclipses, pois era motivo de terror entre as tribos. Embora, 
19 
assim como o Sol a Lua era visto com um astro de grande poder e subordinado ao deus 
maior. 
Paradoxalmente, embora a Lua seja muitas vezes um Sol decaído, embora 
incida muito menos sobre a Terra que o Sol, atribuem-se a ela muito mais 
influências e poderes. Até o poder de engravidar as incautas que urinam à 
noite voltadas para ela! (VERDET, 1987, p.60). 
 
Algumas das diversas tradições indígenas a respeito da Lua chegaram até nossos 
dias por meio de um conjunto de lendas e mitos transmitidos de geração em geração. Os 
índios se baseavam nas crenças de que as forças da natureza, tais com os eclipses lunares, 
eram simbolismo de deuses. Eles portanto, recorriam às lendas e a seus deuses que tudo 
explicavam e por isso, adoravam entidades sobrenaturais que pareciam possuir o poder 
sobre os fenômenos naturais. Desta maneira foi pelo qual a Lua passou a ser idolatrada 
como um deus para os nativos. E como consequência destes processos folclóricos, uma 
série de superstições foram acrescentadas nas lendárias histórias indígenas, com o objetivo 
de justificar tudo aquilo que não era explicado racionalmente. É interessante sabermos que 
os povos indígenas pré-cabralinos dominavam um vasto conhecimento empírico em vários 
segmentos e a observação da Lua teve uma enorme contribuição em suas vidas. 
 
2.1.3. O planeta Vênus e as estrelas 
 
“Conhecida popularmente como estrela d'Alva, quando nasce na 
madrugada antes do Sol. Na mitologia grega é chamada de Afrodite, deusa 
do amor. Na mitologia romana a deusa correspondente é Vênus.” (ESCOLA, 
2010). 
 
O planeta Vênus7 é o astro que mais se caracteriza no céu depois do Sol e da Lua, é 
conhecido desde os tempos mais remotos. Ao anoitecer, quando aparece no céu o planeta 
Vênus é um dos astros mais brilhante, só não mais que a Lua. 
Os indígenas brasileiros pré-cabralinos costumavam direcionar o seu olhar para o 
espaço ilimitado, percebendo que havia algumas estrelas com brilhos mais intensos e cores 
bem diferentes. Nas pinturas indígenas gravadas em rochas, por exemplo, as estrelas com 
maior intensidade de luz eram representadas em tamanhos maiores do que às demais. Eles 
pensaram por muitas vezes que os planetas fossem estrelas muito brilhantes e em geral, os 
chamavam de estrela grande. 
 Vênus era um planeta muito observado pelos índios brasileiros sendo utilizado 
principalmente para a orientação, por ser visto antes do nascer ou logo após o pôr-do-sol, 
sempre próximo ao Sol (AFONSO, 2010). Eles imaginavam que a associação das aparições 
 
7
 Vênus é o segundo planeta em ordem de afastamento do Sol, com órbita situada entre Mercúrio e a Terra. É o 
planeta mais próximo da Terra, da qual dista entre 39 e 260 milhões de quilômetros, e o mais brilhante objeto do 
céu depois do Sol e da Lua, atingindo a magnitude visual de -4,4 na oposição. (MOURÃO, 1987, p. 836). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sol
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lua
20 
matutinas e vespertina deste planeta constituía-se de dois astros bem diferentes: A estrela 
matutina chamada de Dalva e a estrela vespertina chamada de Vésper. De formageral, os 
indígenas brasileiros acreditavam que a aparição de Vênus era um sinal de boas profecias, 
um início de esperança, principalmente quando atingia sua intensa luminosidade em alguns 
dias do ano. 
 
2.1.4. As constelações dos índios brasileiros 
 
“O céu, como envoltório do mundo e espaço onde brilham os astros, não 
preocupa muito os camponeses nem os marinheiros. Enquanto o Sol, as 
estrelas e os meteoros suscitam uma literatura abundante, sendo objeto de 
superstições e observações variadas, a curiosidade popular parece não se 
estender à abóbada celeste”. (VERDET, 1987, p.25). 
 
 As constelações formam figuras imaginárias, criadas para reunir grupos de estrelas 
aparentemente próximas, visíveis a olho nu, tendo em vista nomear cada uma delas era 
tarefa difícil (AFONSO, 2006, p. 52). O céu estrelado foi talvez a primeira atividade 
exploratória dos índios brasileiros conforme apresenta algumas inscrições rupestres datadas 
antes do descobrimento do Brasil. Neste passado recente (levando em consideração as 
civilizações mais antigas), o céu era observado pelos indígenas como sinônimo de medo e 
admiração, espanto e respeito, provocando profundo sentimento de adoração. Os astros 
eram considerados como verdadeiras divindades e o céu sagrado servia de morada aos 
deuses. Olhando para o céu em noites extremamente escuras, os índios pré-cabralinos 
inventaram figuras imaginárias de seres lendários e de animais pertencente à fauna 
brasileira. Cada tribo tinha as suas próprias constelações que serviam como calendário, 
para lembrar épocas do ano e explicar fenômenos naturais que ocorriam a sua volta. 
Mais que um simples depósito de mitos e lendas, as figuras desenhadas no céu 
ajudavam os indígenas em suas atividades agrícolas, na sua localização geográfica, até 
mesmo em suas navegações. Não diferentemente das demais civilizações ocidentais, as 
principais constelações indígenas brasileiras estavam localizadas na Via-Láctea e portanto, 
eram constituídas pela união de estrelas e pelas manchas claras e escuras que 
atravessavam o céu noturno, sendo para eles as mais fáceis de imaginar. 
No Brasil, a arte rupestre dos índios pré-cabralinos são as principais fontes de 
estudos e as mais importantes que conseguiram explicar as antigas constelações indígenas. 
Em enormes paredes de pedra, tribos esculpiam, há mais de quinhentos anos, todas as 
constelações da esfera celeste. 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5: Em cima, Constelações Zodiacais ao longo da Eclíptca. Em baixo, grifos das Constelações indígenas 
brasileira. 
Fonte: FARIA, 1987 p. 71. 
 
Em geral, as primeiras constelações registradas pelos indígenas são aquelas 
situadas no percurso imaginário, a eclíptica, por onde aparentemente passa o Sol, a Lua e 
os planetas. Entres as constelações mais observadas e desenhadas pelos índios brasileiros, 
quatro se destacam, são elas: da Ema, do Homem velho, da Anta do Norte e a do Veado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6: A constelação da Ema fica na região do céu limitada pelas constelações ocidentais Crux e Scorpius. 
Fonte: AFONSO, 2010, p. 4. 
 
A constelação do Homem Velho, por exemplo, engloba partes das constelações que 
hoje se conhece por Órion e Touro. A constelação da Ema envolve partes do Cruzeiro do 
22 
Sul, Centauro e Escorpião e, também, é formada pelas estrelas das constelações Musca, 
Centaurus, Triangulum Australe, Ara, Telescopium, Lupus e Circinus. Curioso é que o 
sistema astronômico dos Tupinambá do Maranhão (já extintos) é muito semelhante ao 
utilizado, atualmente pelos Guarani da região Sul do Brasil, embora estejam “separados 
pelas línguas (Tupi e Guarani), pelo espaço (mais de 2500 km, em linha reta) e pelo tempo 
(quase 400 anos)”. (AFONSO, 2003 apud LANGHI, 2004, p. 14). 
 
2.2. A astronomia depois do descobrimento 
“E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-
feira, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, os quais 
eram muita quantidade de ervas compridas (...)” 
Pero Vaz de Caminha 
 
Oficialmente, pode-se dizer que a astronomia brasileira iniciou-se há mais de 
quinhentos anos, ou seja, juntamente com o descobrimento do Brasil. As primeiras 
observações e medidas astronômicas de caráter científico realizadas em solo brasileiro 
datam deste período, e foram de responsabilidade do astrônomo presente na esquadra 
portuguesa de registrá-las. 
Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, 
lançaram-se nos oceanos com dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima 
para as Índias e encontrar novas terras. A navegação marítima, no entanto, foi o único 
método adotado pelos europeus para se deslocarem de uma superfície a outra da Terra e 
os seus conhecimentos astronômicos foram colocados em prática com intuito de serem 
utilizados nas grandes viagens. Orientados pelas estrelas e outros astros e, contado com 
alguns instrumentos de navegação da época como a bússola, o astrolábio e a balestilha, no 
dia 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil a poderosa esquadra de Portugal, composta por 
13 caravelas e liderada pelo navegador Pedro Álvares Cabral. 
Ao explorarem o novo território, os colonizadores europeus ficaram espantados ao 
encontrarem tamanha beleza em um mundo que para eles ainda era desconhecido. Ao 
desembarcarem em terras brasileiras, os primeiros registros astronômicos foram efetuados 
pelo então Bacharel João Emeneslau ou simplesmente Mestre João. Personagem 
importantíssimo para da frota de Cabral, João Faras, como também era conhecido, foi 
bacharel em artes e medicina, era físico, astrônomo e astrólogo, e cirurgião. Ao fazer as 
primeiras medidas, escreveu de imediato uma carta em português castelhanizado dirigida ao 
rei de Portugal, Dom Manuel, escrita entre 28 de abril e 1º de maio de 1500, narrando o que 
avistou no céu do Brasil. Nela, ele relata a primeira determinação da latitude geográfica do 
local de desembarque, obtida no Brasil, - na qual foi realizada a partir da observação do Sol 
efetuada através de um instrumento chamado de astrolábio - nos seguintes termos: 
23 
Ontem, segunda-feira, 27 de abril, descemos em terra, eu e o piloto do 
capitão-mor e o piloto de Sancho de Tovar; tomamos a altura do Sol ao 
meio-dia e achamos 56 graus, sendo a sombra setentrional, pelo que, 
segundo as regras do astrolábio, julgamos estar afastados de equinocial por 
17 graus e portanto ter a altura do pólo 17 graus segundo manifesto na 
esfera. (FARAS, Mestre João, 1500 apud CAPAZZOLA, 2009, p. 11). 
 
 Encontra-se também neste documento uma rica descrição do céu austral, com 
destaque para a constelação do Cruzeiro do Sul e outras situadas próximas ao pólo celeste 
sul (FARIA, 2009, p. 183). Após as referidas observações da latitude, Mestre João 
acrescenta em sua carta: 
 
Somente mando a Vossa Alteza como estão situadas as estrelas do sul, 
mas em que grau está cada uma não o pude saber; antes me parece ser 
impossível, no mar, tomar a altura de alguma estrela, porque eu trabalhei 
muito nisso e por pouco que o navio balance, se erram 4 ou 5 graus, de 
modo que não se pode fazer senão em terra... Tornando, senhor, ao 
propósito, estas Guardas nunca se escondem, antes sempre andam em 
derredor sobre o horizonte, e ainda, estou em dúvida que não sei qual 
daquelas duas mais baixas seja o Polo Antártico; e estas estrelas, 
principalmente a da Cruz, são grandes quase como as do Carro; e a estrela 
do Polo Antártico, ou Sul, é pequena como a do Norte e muito clara e a 
estrela que está em cima de toda a Cruz é muito pequena. (FARAS, Mestre 
João, 1500 apud CAPAZZOLA, 2009, p. 11). 
 
 As primeiras observações astronômicas, ou seja, a primeira atitude científica em solo 
brasileiro, efetuadas pelo Bacharel Mestre João foram precedidas da celebração da primeira 
missa no Brasi na qual foi realizada pelo religioso Henrique de Coimbrano dia 26 de abril de 
1500, e descrita por Pero Vaz de Caminha na carta que enviou ao rei Dom Manuel, 
informando o descobrimento de novas terras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7: Primeira observação astronômica realizada por Mestre João em solo brasileiro. 
Fonte: BLOGSPOT, 2010. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/1500
24 
 Até então, alguns séculos depois da chegada dos portugueses e dos primeiros 
registros astronômicos, a astronomia práticada no Brasil era uma ciência muito particular, 
apenas de exposição de pensamentos e portanto, não era um estudo puramente 
metodológico e objetivo. Ainda que a primeira investigação científica no Brasil tenha sido de 
natureza astronômica, a prática desta ciência como atividade organizada e regular só 
surgiria tardiamente, ou seja, demoraria mais alguns séculos para se consolidar. Para Faria 
(2009, p. 184) foi somente a partir do século XVII que a astronomia começou a se 
desenvolver de forma mais intensa e sistemática no Brasil e isto só ocorreu devido à 
invasão holandesa. 
No final do século XVI a Holanda desenvolvia-se rapidamente nos campos da 
cartografia, construção naval e instrumentos de navegação começando a participar da 
conquista de novos territórios ao lado de portugueses e espanhóis (VRIS, 2010). Em 
decorrência, resolveram enviar suas expedições ao Brasil com objetivo de invadirem o 
nordeste brasileiro. Com a invasão e durante o domínio holandês em terras brasileiras, entre 
1624 e 1661, coube ao príncipe Maurício de Nassau a responsabilidade de governa-lás e 
formar nestas uma colônia holandesa. 
Quando o príncipe João Maurício de Nassau aportou em Pernambuco, na qualidade 
de Governador do Brasil Holandês, em 23 de janeiro de 1637, trazia em sua comitiva não 
um exército à moda dos colonizadores de então, mas uma verdadeira missão científica que 
ainda hoje desperta as atenções dos estudiosos daquele período (SILVA, 2010). Essa 
comitiva era formada por pintores, arquitetos, escritores, naturalistas, médicos e 
astrônomos. Interessado em ciência e admirador das belas artes, Nassau determinou em 
1639 a instalação do que seria o primeiro Observatório Astronômico em terras brasileiras. 
Um dos membros da equipe de Nassau, o astrônomo alemão Georg Marcgrave foi o 
responsável pela construção em Pernambuco, do Observatório Astronômico brasileiro. 
Empolgado, em 1640, Marcgrave realizou importantes observações científicas, ou seja, os 
primeiros estudos sistemáticos de Astronomia no Brasil. Provavelmente, o primeiro 
astrônomo a utilizar uma luneta no hemisfério sul, Marcgrave realizou também consideráveis 
trabalhos, como a observação de um eclipse solar, além de eclipses lunares, registrou o 
movimento do planeta Mercúrios e as conjunções planetárias, fez um mapeamento do céu 
astral e outras efemérides astronômicas. 
Ainda no século XVII mereceram destaques os trabalhos realizados por Valentin 
Estancel (1621-1705) e Aloísio Conrad Pfeil (1638-1701) jesuítas, professores de 
Astronomia, os primeiros a lecionar esta ciência no Brasil e, também, vale registrar a 
presença do astrônomo Edmund Halley, realizando observações em terras brasileiras, no 
final do século (FARIA, 2009, p. 184). 
25 
2.2.1. A astronomia brasileira do século XVIII ao XXI 
 
"...o nosso céu, de uma beleza notável... carregado de nuvens... que 
parecem fazer cortejo ao Sol". 
Luiz Cruls 
 
O inicio do século XVIII no Brasil foi marcado pela exploração mineral. Essa 
exploração passou a dominar o cenário brasileiro, intensificando a vida urbana da colônia, 
além de ter promovido uma sociedade menos aristocrática em relação aos tempos 
anteriores. A ciência brasileira da época, ao contrário da procura por ouro, ainda era pouca 
práticada. Sabe-se apenas que a estudavam em graus muito limitados, no entanto, não se 
pode entrar em discussão de que tipo de ciência se produzia no Brasil. O que se tem 
conhecimento é que houve um controle muito rigoroso do ensino pelos jesuítas, com 
escolas basicamente para se aprender a ler e a escrever, portanto, não havendo instituições 
de ensino superiores nesse período. 
Foi somente, a partir de 1750, com o Tratado de Madri, que visava delimitar as 
fronteiras entre os territórios da América subordinados à Espanha e a Portugal que a ciência 
ganhou novas formas e, novos trabalhos astrônomicos foram desenvolvidos (FARIA, 2009, 
p. 184). Com o planejamento para a construção de um novo Observatório Astronômico no 
Rio de Janeiro, possibilitou, em 1781, a chegada no Brasil dos primeiros instrumentos 
astronômicos de cunho científico. 
No início do século XIX, acontecia no Brasil um grande movimento político, ou seja, a 
instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, o que passou a mudar a aparência da 
cidade e a condição da Colônia, onde as instituições da metrópole tinha que ser recriadas. 
Pode-se dizer, no entanto, que foi somente nesse século que a Colônia, depois de Império 
brasileiro, passou a contar com um amparato institucional diversificado na qual passaria a 
contribuir com o desenvolvimento da ciência brasileira. Um fato marcante e o que interessa 
dizer sobre o século XIX, do ponto de vista da astronômia, foi a criação do Observatório 
Astronômico, em 1827, e que em 1846 daria origem ao Imperial Observatório. O objetivo 
principal para a criação do observatório era de manter o horario oficial para que 
possibilitasse a orientação nas navegações, que naquela época dependia da hora marcada 
por um cronometro oficial no navio e a altura do Sol no horizonte, que estabelecia a hora 
local. O início do Observatório foi precário, de certa maneira só teve um impulso na métade 
do século, o que lhe daria uma caracteristica de instituição de pesquisa. Equipado com 
modernos instrumentos, para a época, um grande número de observações de excelente 
qualidade foram realizadas, destacando-se o apoio dado ao Observatório pelo imperador 
Dom Pedro II, que inclusive cedeu parte dos primeiros instrumentos (FARIA, 2009, p. 184-
185). 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8: Imperial Observatório, no Morro do Castelo, Rio de Janeiro, como era em 1881. 
Fonte: ZENITE, 2010. 
 
Com tanto detalhes, o Observatório só teria seu primeiro diretor em 1845, o professor 
Soulier de Sauve (?-1850), da Escola Militar, que ficou responsável pelo levantamento e 
pela aquisição dos primeiros instrumentos científicos, na sua grande maioria de 
Meteorologia. Soulier dirigiu o Observatório de 1845 a 1850. Passando por muitas 
dificuldades orçamentária na época, o incentivo para o Observatório só chegaria em 1870, 
com o convite que Dom Pedro II fez ao astronômo francês Emmanuel Liais (1826-1900) 
para assumir a direção do Imperial Observatório. Liais assumiu a direção neste mesmo ano 
permanencendo até 1881. Foi um período de grandes dificuldades enfrentadas por ele, mas 
de bom desempenho para o Observatório. Para Faria (2009, p.185) Liais realizou importante 
trabalhos de observação do Sol, deixou publicadas varias observações, particularmente de 
cometas. Em 1886, o colaborador de Liais, o astronômo belga Luiz Cruls (1846-1908) 
ocupou a direção do Imperial Observatório de 1881 a 1908 deixando importantes 
contribuições como: a publicação do primeiro volume do Anuário Astronômico do 
Observatório, a medição do semi-diâmetro aparente de Mercúrio, determinação do período 
de rotação de Marte, observação de estrelas duplas e cometas períodicos (FARIA, 2009, p. 
185). 
A passagem do século XIX para o XX, no Brasil, foi caracterizada por mudanças 
substanciais na sociedade, na política, na economia, enfim em todo o país. Em 1913, depois 
de um longo período de precariedades, o Observatório Nacional (ON), como foi batizado 
com a proclamação da República (1889), teve sua pedra fundamental lançada na sede 
atual, no bairro de São Cristóvão, para onde se mudou em 1921 com altas demandas – 
delimitação de fronteiras – e infraestrutura deficiente(NAGAMINI, 2009, p. 58). 
Sob a direção do professor Henrique Morize (1860-1930), francês naturalizado 
brasileiro, Engenheiro Industrial, dirigiu o já então Observatório Nacional de 1908 a 1929. 
Com uma excelente equipe e como novos instrumentos adquiridos foram realizadas várias 
27 
atividades, como a instalação de um serviço da hora, observações de cometas, estrelas 
duplas, da superfície de Marte e trabalhos fotográficos do eclipse total do Sol, ocorrido em 
Sobral (CE), no ano de 1919 (FARIA, 2009, p. 186). 
No Estado de São Paulo, no ano de 1941 foi inaugurado o Observatório de São 
Paulo, atualmente localizado no Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São 
Paulo (IAG-USP), onde foram realizados os primeiros trabalhos de Radioastronomia no 
Brasil em 1958. Na década de 1960 o Observatório do Valongo da Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ) ofereceu o primeiro curso de graduação, até então, existente no 
Brasil. Por volta de 1965, o Observatório Nacional sob a direção do Dr. Luiz Muniz Barreto 
efetua a compra de um telescópio refletor de 1,60 m, dando inicio aos trabalhos de 
construção do Observatório Astrofísico Brasileiro (OAB) e proporcionando a obtenção de 
dados para inúmeros trabalhos científicos de nível internacional nas várias áreas de 
Astronomia. Também, tornou possível a formação de mestres e doutores dentro e fora do 
Observatório Nacional. Ainda, na década 1970, instalou-se na Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS) um Observatório com um telescópio refletor de 52 cm, 
possibilitando o desenvolvimento de pesquisas e disciplinas de Pós-Graduação em 
Astrofísica. 
Em 1976, o Observatório Nacional (ON) foi transferido do Ministério da Educação e 
Cultura (MEC), atual Ministério da Educação, para o Conselho Nacional de Pesquisa 
(CNPq), atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, assumindo 
sua direção em 1978 o Dr. José Antônio Freitas (FARIA, 2009, p. 192). O gerenciamento do 
então chamado Observatório Astrofísico Brasileiro ficou a cargo do Observatório Nacional, 
um instituto do CNPq, no Rio de Janeiro. Foram então, terminados os trabalhos de 
construção do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA). Até 1984, o OAB foi uma Divisão 
do Observatório Nacional. Em 1985 o CNPq criou o Laboratório Nacional de Astrofísica 
(LNA), que, por motivos logísticos, ainda permaneceu ligado administrativamente ao ON. Foi 
somente em 1989 que o CNPq promoveu a independência administrativa, dando-lhe a 
autonomia necessária para pleno funcionamento. 
A astronomia brasileira atual é, em boa parte, fruto de um projeto iniciado há cerca 
de vários anos e não há de negar a forte presença, hoje, das tecnologias envolvidas. Os 
principais centros de atividades de pesquisa astronômica do Brasil estão associados a 
Universidades e outros órgãos estaduais e federais. Devido aos grandes esforços, a 
comunidade internacional notou uma crescente taxa ao ano da astronomia brasileira em 
termos de publicações e formação de doutores, além disso, o Brasil tem investido em 
projetos de grande porte, como os telescópios Gemini de 8 metros (no Havaí e Andes 
Chileno) e o Soar de 4 metros (nos Andes chilenos) (DOMINELLI, 2009). Para uma melhor 
28 
compreensão do atual quadro da Astronomia no Brasil, na segunda etapa deste trabalho, 
será abordado o progresso da astronomia brasileira, com isso será dada uma maior ênfase 
nos principais centros e institutos de pesquisa existentes atualmente em nosso país, bem 
como nos investimentos em pesquisas desenvolvidas na área astronômica. 
 
 
3. O PROGRESSO DA ASTRONOMIA NO BRASIL 
 
"Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a 
humanidade". 
Neil Armstrong 
 
A construção dos grandes telescópios, a substituição do olho humano pelas 
fotografias, e os objetivos de sistematização e classificação, fizeram a astronomia evoluir 
muito mais nestes últimos cinquênta anos, do que nos cinco milênios de toda sua história 
(FRANCISCO, 2010). Em meados do século XX, a astronomia brasileira, em decorrência do 
seu desenvolvimento tecnológico sofreu diversas mudanças, deixando a sua característica 
de astronomia observacional para se tornar, também, uma astronomia experimental. Seu 
crescimento foi extraordinário, principalmente no período de 1970 a 2000. 
Enquanto ciência institucionalizada e produtiva, pode-se considerar a Astronomia no 
Brasil como uma atividade recente, que se desenvolveu a partir da década de 1970 com a 
implantação dos programas de pós-graduação, na qual tiveram a participação dos primeiros 
brasileiros doutores em astronomia, que estudaram no exterior. Com a criação do 
Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) em 1985, onde se encontra instalado o telescópio 
de 1,60 metros de diâmetro, o Brasil intensificou suas pesquisas na área da astronomia. 
Para Steiner (2009, p. 45) a operação desse laboratório procurou seguir as melhores 
práticas internacionais na gestão e na utilização dos seus equipamentos e com isso, 
possibilitou o desenvolvimento da comunidade astronômica que deu um passo além, com a 
entrada do Consórcio Gemini, em 1993, e formando o Consórcio Soar, em 1998. 
 Na área espacial, o Ministério da Aeronáutica já vinha dado atenção desde o ano de 
1961 com o desenvolvimento de pequenos foguetes para sondagens meteorológicas. A 
partir de 1970, o Brasil já participava de vôos de balões estratosféricos, nos quais voaram 
equipamentos para observar a radiação cósmica de fundo e fontes de raio-X (STEINER, 
2009, p. 45). Em 1980 o Governo Federal aprovou a proposta para realização de estudos 
que viabilizasse uma Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) cujo objetivo visou 
elaborar projetos, desenvolver, construir e operar satélites de fabricação nacional. No ano 
1991 foi criado o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), autarquia do Ministério da Defesa, 
com a missão de realizar pesquisas e desenvolvimentos no campo Aeroespacial. 
29 
Atualmente, cabe ao IAE o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e ao 
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) órgão do Ministério da Ciência e 
Tecnologia (MCT), criado em 1971, o desenvolvimento dos satélites e das estações de solo 
correspondentes (COSTA, 2010). Em 1994, com o objetivo de dar continuidade aos esforços 
empreendidos pelo governo brasileiro, desde 1961, foi criada a Agência Espacial Brasileira 
(AEB), autarquia do MCT, na qual ficou responsável por formular e coordenar a política 
espacial brasileira. 
 A área espacial tem característica de atrair o desenvolvimento de vários outros 
setores, incentivando a inovação tecnológica. Para Ganem (2008) hoje, o programa espacial 
é visto como um importante instrumento de defesa nacional, além de vital para as 
telecomunicações, pesquisas de novos materiais e produtos, fonte de lucrativos negócios e 
como consequência, gera desenvolvimento social, emprego, renda e educação. Graças aos 
esforços e evolução da astronomia brasileira, o Brasil está investindo no espaço, com isso, 
vem assumindo um papel de destaque no cenário astronômico internacional. 
 
3.1. As instituições e os órgãos de pesquisas 
A pesquisa, a tecnologia e a informação, são hoje consideradas essenciais para o 
desenvolvimento de todas as etapas da vida humana. Requer tratamento e disseminação 
que possibilite permanecer ao alcance do público. Em nosso país, tanto o governo federal 
até mesmo os locais, bem como a iniciativa privada concordam que o incentivo e 
investimento em pesquisas são indispensáveis para ter uma ciência mais competitiva. Aqui 
serão apresentadas informações básicas sobre algumas das mais conceituadas Instituições 
e órgãos brasileiros que desenvolvem Pesquisas na área de Astronomia, Astrofísica e 
Astronáutica. 
 
3.1.1. Observatório Nacional (ON) 
 Uma das mais antigas instituições brasileira de pesquisa, ensino e prestação de 
serviço tecnológico, foicriada oficialmente por Dom Pedro I em 15 de outubro de 1827. Sua 
finalidade inicial foi a orientação e os estudos geográficos do território brasileiro e de ensino 
da navegação. Em 1889, com a proclamação da república, o então chamado Imperial 
Observatório do Rio de Janeiro passaria a ser denominado como Observatório Nacional. 
Atualmente o Observatório Nacional (ON) está localizado na Cidade do Rio de Janeiro. 
 Tendo passado quase toda a primeira metade de seu século inicial sob o regime 
militar, em 1930 o Observatório Nacional passou a integrar o recém criado Ministério da 
Educação e Cultura (MEC) até o ano de 1976, sendo transferido para o CNPq e em 2000 o 
30 
Observatório foi colocado a cargo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) onde até 
hoje encontra-se subordinado. 
O ON é atualmente responsável pela geração, manutenção e divulgação da Hora 
Legal Brasileira8 e por diversos estudos em Astronomia, Astrofísicos e Geofísicos, 
possuindo um Programa de Pós-Graduação para a formação de Mestres e Doutores. Desde 
1997 o Observatório organiza, anualmente, o curso de Astronomia no Verão voltado para 
professores e alunos do ensino médio e a Escola de verão para alunos graduando e 
graduados nas áreas de ciências exatas e da terra. Realiza também, desde 2003 o curso a 
distância em Astronomia e Astrofísica, em nível de divulgação, oferecido anualmente pela 
Divisão de Atividades Educacionais (EAD/ON). 
Os pesquisadores do ON têm trabalhado no mapeamento de galáxias, bem como no 
desenvolvimento detectores sensíveis à fraca luminosidade desses corpos celestes. Em 
geral, o Observatório tem como missão, possibilitar o acesso à informação científica correta, 
aproximar a sociedade de uma instituição de pesquisa e capacitar professores para 
multiplicar o conhecimento adquirido. 
 
3.1.2. Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) 
 Criado em 13 de março de 1985, o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) foi o 
primeiro laboratório a ser executado no Brasil. Com sede na cidade de Itajubá, no sul do 
Estado de Minas Gerais o LNA é atualmente uma das Unidades de pesquisa integrantes da 
estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). 
 Como missão o LNA vem exercendo um papel prioritário de dirigente de serviços 
sofisticados para a comunidade científica brasileira, com isso vem viabilizando um 
aumentado do crescimento das ciências astronômicas no Brasil. O LNA é o responsável por 
opera o maior telescópio brasileiro, localizado no Observatório Pico dos Dias em Brasópolis, 
cidade de Minas Gerais. É também a instituição que administra a participação brasileira nos 
consórcios internacionais, telescópio SOAR e Observatório Gemini. 
 Em 2000, o LNA passou a intensificar as suas atividades tecnológicas quando se 
tornou parte da estrutura do MCT e como consequência tem ampliado sua participação no 
desenvolvimento tecnológico dos grandes observatórios internacionais, através de geração 
e construção de instrumentos periféricos modernos e competitivos internacionalmente. 
Recentemente o LNA tem investido tanto na parte de pessoal, atuante na área tecnológica, 
bem como na ampliação de sua infraestrutura, com a criação de um novo laboratório óptico 
especializado no manuseio de fibras ópticas para uso em instrumentos astronômicos. Com o 
 
8
 Lei nº 2.784, de 18 de junho de 1913 estabelece o uso da Hora Legal no Brasil e regulamentada pelo Decreto 
nº 10.546 de 05 de novembro de 1913. 
31 
constante processo de evolução na área de Astrofísica o LNA está suficientemente apto 
para participar e competir, em termos de igualdade, com outros centros de desenvolvimento 
de instrumentos na área astronômica. 
 
3.1.3. Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) 
 Fundado em 17 de outubro de 1967, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IEA) é uma 
autarquia subordinada ao Ministério da Defesa. Em 1991 surge uma nova proposta de 
reorganização do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), ocorrendo a fusão entre o Instituto 
de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) e o Instituto de Atividades Espaciais (IAE), criando-
se o atual Instituto de Aeronáutica e Espaço. Entre as diversas ações o IAE tem como 
missão as atividades de pesquisa e desenvolvimento no campo aeroespacial, com ênfase 
às áreas de materiais, foguetes de sondagem, sistema de defesa, sistemas aeronáuticos, 
ciências atmosféricas, ensaios em vôos e ensaios de componentes aeroespaciais, 
possuindo ainda, um Curso de Extensão em Engenharia de Armamento Aéreo, criado em 
1977 no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 139). 
 O IAE juntamente com o INPE, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e o 
Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) atualmente são as estruturas da 
realização dos objetivos propostos para o Programa Espacial Brasileiro. Dentro desse 
programa, cabe a IAE o desenvolvimento dos foguetes e lançadores, como o VLS e ao INPE 
o desenvolvimento de satélites e as estações de solo. Além de ampliar o conhecimento e 
desenvolver soluções científicas e tecnológicas o IAE tem como objetivo ser reconhecido, 
nacionalmente e internacionalmente, como uma Instituição de excelência capaz de 
transformar pesquisas e desenvolvimento em inovação na área Aeroespacial, buscando 
sempre a valorização do ser humano, a ética, rigor científico, responsabilidade social, 
disciplina e respeito à hierarquia. 
 
3.1.4. Agência Espacial Brasileira (AEB) 
 Criada pela lei nº 8.854 de 10 de fevereiro de 1994 a Agência Espacial Brasileira 
(AEB) é uma autarquia federal de natureza civil, vinculada ao MCT. Com sede em 
Brasília/DF, a AEB é responsável pela Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades 
Espaciais (PNDAE) na qual estabelece os objetivos e as diretrizes a serem materializados 
nos programas e projetos nacionais relativos à área espacial, com destaque para o 
Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 
146). 
Sob a administração geral da AEB, o Programa Espacial Brasileiro conta com a 
participação do INPE e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). 
Este último é responsável pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), pelo Centro de 
32 
Lançamento de Alcântara (CLA) e pelo Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). 
Essas instituições dão suporte a todas as atividades que se desenvolvem em torno da área 
espacial. Qualquer lançamento e rastreio de um engenho aeroespacial deve seguir normas 
e critérios para que sua execução seja considerada eficiente. No Brasil, a AEB é 
responsável pela elaboração do Regulamento de Segurança. 
 Além de promover a autonomia do setor espacial, a AEB criou em 2003 o Programa 
AEB Escola que tem o objetivo de levar a temática especial para a sala de aula. A idéia é 
despertar nos estudantes do Ensino fundamental e médio o interesse pela ciência e 
tecnologia, estimulando a vocação de futuros cientistas, pesquisadores, técnicos e 
empreendedores do País. Ações oferecidas pela AEB Escola como palestras, exposições 
interativas e oficinas tem contribuído com a divulgação científica. Para auxiliar os docentes 
na elaboração de metodologias para inserção de conteúdos de ciência e tecnologia 
relacionadas à área espacial em sala de aula, o Programa oferece atividades voltadas para 
a formação continuada de professores. 
 
3.1.5. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) 
 Com sede na cidade de São José dos Campos no Estado de São Paulo, o Instituto 
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nasceu da vontade de alguns brasileiros em fazer 
com que o Brasil participasse da conquista do espaço. Unidade de Pesquisa do MCT o 
INPE foi fundado em 1971. Contudo, a sua origem remonta no ano de 1961, quando o 
Decreto presidencial criou o Grupo de Organização da Comissão de Atividades Espaciais 
(GOCNAE), um embrião do INPE, tonando-se mais tarde, em 1963,a Comissão Nacional de 
Atividades Espaciais (CNAE). Em 1971 a CNAE é extinta, criando-se o Instituto de 
Pesquisas Espaciais e somente em 1991 passaria a ser denominado Instituto Nacional de 
Pesquisas Espaciais (INPE). 
 Durante a década de 80, o INPE implantou e passou a desenvolver programas que 
são hoje prioritários como: a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), o Satélite Sino-
Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), o Programa Amazônia (AMZ) e o Centro de 
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) (WIKIPÉDIA. Instituto Nacional de 
Pesquisas Espaciais, 2010). 
 Atualmente, o INPE tem como missão, produzir ciência e tecnologia na área espacial 
e do ambiente terrestre, bem como, oferecer produtos e serviços singulares em benefício do 
Brasil. Há mais de quarenta anos o INPE desenvolve atividades de pesquisa e 
desenvolvimento na área espacial, com estudos que vão desde o desflorestamento de 
matas, previsão de tempo até as origens do universo, sendo, hoje uma referência nacional 
no Sensoriamento Remoto, Metrologia, Ciências Espaciais e Atmosféricas e Engenharias e 
33 
Tecnologias Espaciais (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 142). Possui, ainda, cursos de 
pós-graduação em níveis de mestrado e doutorado, nas áreas de Astrofísica, Geofísica 
Espacial, Computação Aplicada, Meteorologia, Sensoriamento Remoto e Engenharia e 
Tecnologias Espaciais, titulando-se até a presente data 159 doutores e 1072 mestres9. 
 O INPE é uma Unidade de Pesquisa com grande reputação a nível nacional e 
internacional, pois sempre tem buscado ampliar e consolidar competências em ciência, 
tecnologia e inovação, desenvolver liderança científica e tecnológica, com também, 
promover uma política espacial que visa atender às necessidades de desenvolvimento de 
serviço, tecnologia e sistemas espaciais, entre tantas outras atribuições que fazem parte dos 
seus objetivos estratégicos. 
 
3.1.6. Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) 
 O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) é uma instituição pública federal 
fundada em 8 de março de 1985, sendo atualmente uma Unidade de Pesquisa do MCT. 
Com sede no Rio de Janeiro o MAST foi uma das primeiras instituições criadas no Brasil 
voltadas para as áreas de história da ciência, preservação da memória científica e 
tecnológica, bem como na popularização da ciência e tem sido desde a sua criação, um 
centro de realização de encontros e congressos que reúne especialistas de todas as áreas 
do conhecimento. 
Como Unidade de Pesquisa o MAST realiza estudos acadêmicos em História da 
Ciência, Educação em Ciência e preservação de acervos documentais e museológicos 
(MAST, 2010). Na qualidade de museu, apresenta seu acervo em exposição permanente, 
abre ao público sua biblioteca e videoteca, detém a guarda de coleções de instrumentos, 
objetos e documentos ligados à atividade científica brasileira, possuindo um acervo 
documental riquíssimo, principalmente nas áreas relacionadas às ciências exatas e da 
natureza e a tecnologia. O museu desenvolve, ainda, trabalhos para a preservação de 
acervos históricos, incluindo a pesquisa, a restauração, a gestão e a sua conservação, além 
de investir em programas de divulgação da ciência, como “Brincando com a ciência” e 
“Observação do Céu”. Oferece também, atividades para o público em geral, qualifica 
professores para que sejam capazes de utilizar novos instrumentos didáticos no ensino de 
ciências, promove atividades itinerantes e desenvolve programas de atendimento escolar, 
que incluem visitação guiada para grupos de alunos. 
 
 
 
 
9
 Dados disponível em: <http://www.inpe.br/pos_graduacao/index.php>. Acesso em: 17 mai. 2010. 
34 
3.1.7. Universidades brasileiras 
 O ensino da Astronomia no Brasil começa com a Carta de Lei de 4 de dezembro de 
1810 que criou a Academia Real Militar, responsável pelo ensino de Matemáticas e 
Ciências. Nos primórdios, como o ensino de Astronomia destinava-se basicamente aos 
Engenheiros, a área de Astronomia de Campo, acoplada com a Geodésia10, era a única 
parte estudada da Astronomia (CAMPOS, 1995, p. 1). Com a decadência das atividades de 
pesquisa no final da década de 50 devido a falta de renovação de pessoal científico 
habilitado, o prof. Abraão de Moraes do Instituto Astronômicos e Geofísico da Universidade 
de São Paulo (IAG-USP), estimulou o envio de vários estudantes de Física e Matemática ao 
exterior, para realizarem cursos de Doutorado em Astronomia em instituições de pesquisa 
astronômica consagradas (CAMPOS, 1995, p. 2) 
 No Rio de Janeiro, em 1958, foi fundado o primeiro curso de Graduação em 
Astronomia do Brasil, na Faculdade Nacional de Filosofia, da antiga Universidade do Brasil. 
No final de década de 1960 e inicio da década de 1970 começaram a ser construídas as 
primeiras instalações do Observatório Abraão de Moraes, do IAG-USP, onde com o decorrer 
dos tempos foram instalados modernos equipamentos com fins de pesquisas na qual 
destaca-se o telescópio refletor de 61 cm (FARIA, 2009, p. 192). Estes equipamentos 
permitiram a elaboração de várias pesquisas na área de Astronomia e Astrofísica e deram 
origem a teses de mestrados e doutorados, bem como a artigos publicados em revistas 
especializadas (FARIA, 2009, p. 192). 
 Também por volta de 1970 sob o comando do Departamento de Astronomia da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi instalado no Rio Grande do Sul um 
Observatório com um telescópio refletor de 52 cm na qual possibilitou o desenvolvimento de 
pesquisas e disciplinas de Pós-Graduação em Astrofísica. Na Bahia, foi instalado o 
Observatório Antáres, vinculado à Universidade Estadual de Feira de Santana. No Instituto 
de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRGN), também, desenvolve-
se trabalhos de pesquisa em Astronomia. O Instituto de Geociências da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, associado ao Observatório do Valongo também oferece um curso 
de Astronomia a nível de graduação. 
A pós-graduação no Brasil, também teve um papel importante no sentido de 
impulsionar a formação de novos mestre e doutores (STEINER, 2009, p. 46). Os primeiros 
programas foram implantados no ITA, no IAG-USP e na Universidade Mackenzie, no início 
dos anos 1970 e, posteriormente na UFGRS e UFGM (Universidade Federal de Minas 
Gerais), sendo o programa do Mackenzie transferido para o Observatório Nacional 
(STEINER, 2009, p. 46). De acordo com Steiner: 
 
10
 Estudo da forma e campo gravitacional da Terra. 
35 
Se, em 1970, havia apenas três doutores no Brasil, em 1981, o Brasil já 
contava com 41 doutores em astronomia e, hoje existem 234 doutores 
empregados em 40 instituições, além de 60 pós-doutores. Atualmente são 
formandos cerca de 30 mestres e 25 doutores por ano somando-se todos os 
programas no Brasil. São, ao todo, 12 programas de doutorado e 17 de 
mestrado. O total de alunos matriculado no primeiro semestre de 2009 é de 
90 no mestrado e 130 no doutorado (STEINER, 2009, p. 46). 
 
Ao longo dos anos, os Cursos de Astronomia passaram progressivamente a ser o 
principal fornecedor de Astrônomos para Institutos de Pesquisa Astronômica, Planetários, 
Observatórios e Cursos de Pós-graduação em Astronomia espalhados pelo Brasil. O 
número anual de Astrônomos formados pelos cursos indica uma sintonia com a capacidade 
de absorção do mercado de trabalho e o crescimento da taxa de aproveitamento e, ainda, 
demonstra o progressivo reconhecimento da qualidade dada aos alunos pelos Cursos de 
Astronomia oferecidos pelas universidades brasileiras. 
 
3.2. Programa Espacial Brasileiro 
O Programa Brasileiro Espacial Brasileiro teve início no ano de 1961, inspirado pelo 
vôo do cosmonauta soviético Yuri Gagari, o primeiro homem a atingir o espaço. Naquela 
época não havia no Brasil qualquer infraestrutura relacionado a atividades espaciais.

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