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Planejamento em Saúde Coletiva

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Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde
Ministério da Educação
Planejamento em Saúde Coletiva e Construção
de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde
Kérlia Nether Nassau
KÉRLIA NETHER NASSAU
PLANEJAMENTO EM SAÚDE COLETIVA E CONSTRUÇÃO 
DE REDES COMUNITÁRIAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
1ª edição
Montes Claros
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
2015
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PLANEJAMENTO EM SAÚDE COLETIVA E CONSTRUÇÃO 
DE REDES COMUNITÁRIAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE 
Kérlia Nether Nassau
Montes Claros-MG
2015
Planejamento em Saúde Coletiva - correção.indd 3Planejamento em Saúde Coletiva - correção.indd 3 12/03/2015 09:25:0712/03/2015 09:25:07
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
Reitor
Prof. José Ricardo Martins da Silva 
Pró-Reitora de Ensino
Ana Alves Neta 
Pró-Reitor de Administração
Edmilson Tadeu Cassani
Pró-Reitor de Extensão
Paulo César Pinheiro de Azevedo 
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e 
Inovação
Rogério Mendes Murta 
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Alisson Magalhães Castro 
Diretor de Educação a Distância
Antônio Carlos Soares Martins
Coordenadora de Ensino
Ramony Maria da Silva Reis Oliveira
Coordenador de Administração e 
Planejamento
Alessandro Fonseca Câmara
Revisão Editorial
Antônio Carlos Soares Martins
Ramony Maria Silva Reis Oliveira
Rogeane Patrícia Camelo Gonzaga
Amanda Seixas Murta
Alessandro Fonseca Câmara
Kátia Vanelli L. Guedes Oliveira
Maircon Rasley Gonçalves Araújo
Maykon Thiago Ramos Silva
Coordenação Pedagógica
Ramony Maria Silva Reis Oliveira
Coordenação Adjunta - Cursos SAT
Maircon Rasley Gonçalves Araújo
Coordenação de Curso
Maria Orminda Santos Oliveira
Coordenação de Tutoria do Curso Técnico em 
Agente Comunitário de Saúde
Carlos Eduardo Oliveira
Revisão Linguística
Liliane Pereira Barbosa
Ana Márcia Ruas de Aquino
Marli Silva Fróes
Equipe Técnica
Alexandre Henrique Alves Silva
Cássia Adriana Matos Santos
Dilson Mesquita Maia
Eduardo Alves Araújo
Maria Natália Cardoso Loiola Andrade
Silma da Conceição Neves
Solange Martins Brito
Sônia Maria Gonçalves
Coordenação de Produção de Material 
Karina Carvalho de Almeida
Coordenação Gráfica e Visual
Leonardo Paiva de Almeida Pacheco
Projeto Gráfico, Capa e Iconografia
Leonardo Paiva de Almeida Pacheco 
Editoração Eletrônica
Karina Carvalho de Almeida
Tatiane Fernandes Pinheiro
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ÍCONES INTERATIVOS
Utilizado para sugerir leituras, bibliografias, 
sites e textos para aprofundar os temas discuti-
dos; explicar conceitos e informações.
Utilizado para auxiliar nos estudos; voltar em 
unidades ou cadernos já estudados; indicar si-
tes interessantes para pesquisa; realizar expe-
riências.
Utilizado para indicar atividades que auxiliam 
a compreensão e a avaliação da aprendizagem 
dos conteúdos discutidos na unidade ou seções 
do caderno; informar o que deve ser feito com 
o resultado da atividade, como: enviar ao tutor, 
postar no fórum de discussão, etc.. 
Utilizado para defininir uma palavra ou expres-
são do texto.
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SUMÁRIO
Palavra do professor-autor 9
Aula 1 – Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB 11
1.1 Conceito e aplicabilidade: 12
1.2 Finalidade do SIAB 14
1.3 Fluxo 15
1.4 Preenchimento de formulários e análise dos dados 16
Aula 2 – Técnicas de Levantamento das Condições de Vida e de Saúde/
Doença da População 19
Aula 3 – Condições de risco social: violência, desemprego, infância desprotegida, processos 
migratórios, analfabetismo, nutrição, ausência ou insuficiência de infraestrutura básica. 25
3.1 Violência 30
3.2 Desemprego 33
3.3 Infância Desprotegida 36
3.4 Processos Migratórios 38
3.5 Analfabetismo 41
3.6 Nutrição 43
3.7 Ausência ou insuficiência de infraestrutura básica 46
Aula 4 – Mapeamento Sociopolítico e Ambiental: Finalidade e Técnicas 50
4.1 Finalidade desse mapeamento 51
4.2 Técnica para o mapeamento 53
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Aula 5 – Interpretação demográfica 56
Aula 6 – Conceito de territorialização, microárea e área de abrangência; cadastramento 
familiar e territorial 60
6.1 Territorialização, microárea e área de abrangência 60
6.2 Cadastramento familiar e territorial: 65
Aula 7 – Indicadores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos 68
Aula 8 – Indicadores de saúde 75
Aula 9 – Estratégias de avaliação em saúde: conceitos, tipos, instrumentos e técnicas 85
Referências bibliográficas 93
Currículo do Professor-autor 97
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PALAVRA DO PROFESSOR-AUTOR
Caro cursista, muito bem-vindo à disciplina Planejamento em Saúde Co-
letiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde! 
Parabéns pela escolha do curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde!
Saiba que você é um dos principais agentes para a melhoria da Saúde Pública 
em nosso país, pois você será a ponte que liga o usuário do SUS aos gestores, 
e será, através do seu trabalho, que os nossos governantes terão o conheci-
mento das reais necessidades da comunidade como, também, as necessidades 
individuais de cada cidadão em que nela habita. A partir do seu trabalho, que 
essas pessoas terão acesso aos serviços de saúde. Em outras palavras, atrevo-
me a dizer que você é um dos principais atores que atuará junto a uma comu-
nidade, assistindo as suas necessidades e ao, mesmo tempo, incentivando-a 
a verbalizar os seus anseios. Nascimento e Correa (2008) confirmam essa 
afirmação quando dizem que “a função principal dos agentes comunitários de 
saúde foi pautada em dar voz à comunidade, sendo elo entre os trabalhadores 
das unidades básicas e a comunidade.” É nessa perspectiva de promoção da 
saúde, que este caderno foi elaborado a fim de articular trabalhadores, unida-
des de saúde e comunidade. 
Um dos princípios da Atenção Primária à Saúde é a orientação comunitária. 
Segundo Starfield (2002), para operacionalizar esse princípio, e, com o intui-
to de ajustar os programas de atenção à população, as equipes de saúde desen-
volvem, de forma complementar, habilidades clínicas e epidemiológicas das 
ciências sociais e de pesquisas avaliativas. No Brasil, os Agentes Comunitá-
rios de Saúde atuam diretamente na operacionalização desse princípio quan-
do estabelecem e reforçam os vínculos entre as equipes e as comunidades da 
sua área de jurisdição. 
Embora haja clareza de que o conceito de atenção primária é mais amplo e 
adequado para abranger as ações desenvolvidas pelas equipes locais de saúde, 
em vários momentos, utilizaremos o termo atenção básica, especialmente, 
quando nos referimos a instrumentos do Ministério da Saúde – MS. Mas, 
como você poderá observar, a descrição dos tópicos da ementa desta disci-
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plina condiz com os princípios desenvolvidos por Stafield (2002), quais se-
jam: o primeiro contato, a longitudinalidade, a integralidade, a coordenação,a centralização na família e, como mencionamos anteriormente, a orientação 
comunitária. 
Retornando a questão da ementa, nesta disciplina vamos juntos conhecer e 
discutir sobre os seguintes tópicos: 
• Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB): conceito, finalidades, 
fluxo, preenchimento dos formulários e análise dos dados.
• Técnicas de levantamento das condições de vida e de saúde/doença da 
população.
• Condições de risco social: violência, desemprego, infância desprotegida, 
processos migratórios, analfabetismo, nutrição, ausência ou insuficiência 
de infra-estrutura básica.
• Mapeamento sócio-político e ambiental: finalidades e técnicas.
• Interpretação demográfica.
• Conceito de territorialização, micro-área e área de abrangência; cadastra-
mento familiar e territorial. 
• Indicadores sócio-econômicos, culturais e epidemiológicos.
• Indicadores de saúde.
• Estratégias de avaliação em saúde: conceitos, tipos, instrumentos e técnicas.
No desenvolvimento desses tópicos, aprenderemos sobre algumas ferramen-
tas úteis à prática do seu trabalho. Tenho a pretensão de aprimorar nosso 
conhecimento a favor de uma saúde pública de qualidade. 
Estarei ao seu inteiro dispor para qualquer questionamento, tendo o enorme 
prazer em buscar, junto com você, a resolução das dúvidas que surgirem, 
através da nossa sala virtual.
Abraço fraterno,
A autora.
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e-Tec Brasil
Aula 1 – Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB
Figura 1- Alusão ao trabalho do Agente Comunitário de Saúde
Fonte: http://www.cmsnicolaalbano.blogspot.com > acesso em 25 de outubro de 2014.
Figura 2: Parceria entre as equipes e as famílias.
Fonte: http://reginaldotracaja.blogspot.com.br/2011/01/agentes-comunitarios-de-saude-recebem.html > acesso em 
23 de outubro de 2014.
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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde
1.1 Conceito e aplicabilidade:
Iniciaremos refletindo, primeiramente, sobre o que é um sistema de informa-
ções, para posteriormente discutirmos o SIAB.
A informação é o produto obtido a partir de determinada com-
binação e interpretação de dados. Possibilita o conhecimento, a 
avaliação e o juízo sobre determinada situação. É um importante 
recurso para subsidiar o processo de tomada de decisão, de pla-
nejamento, de execução e de avaliação das ações desencadea-
das. (FERREIRA, 2001. p. 174).
Atualmente, vivemos na “era da informação”. Os meios de comunicação cada 
vez mais se tornam ágeis e modernos. Nas últimas décadas, a tecnologia deu 
um passo muito grande, pois aproximou nações e encurtou a distância para 
a comunicação. Nessa “nova era tecnológica”, temos a possibilidade de tra-
balhar com ferramentas que auxiliam a construção de conhecimento e o bom 
andamento dos serviços, como ocorre com os sistemas de informações.
A implementação de um Sistema de Informação significa uma 
mudança, muitas vezes profunda, na organização, que deve ser 
planejada e preparada para que se garanta seu sucesso... Na Era 
da Informação, o enfoque passou a ser a vantagem competitiva; 
as competências principais são, no negócio, aspectos gerenciais 
e estratégias de Tecnologia de Informação... (Albertin, 1996).
Os sistemas de informações são importantes instrumentos para o gerencia-
mento dos serviços. Eles possibilitam o armazenamento de dados que serão 
úteis, dando suporte e fortalecendo a tomada de decisões ou até mesmo para de-
monstrar transparência em relação à prestação de serviços para uma sociedade. 
O processo de gestão no setor saúde demanda a produção de 
informações que possam apoiar um contínuo (re)conhecer, de-
cidir, agir, avaliar e novamente decidir. Portanto, o processo de 
produção de informações, além de contínuo, também precisa ser 
sensível o bastante para captar as transformações de uma situa-
ção de saúde. (FERREIRA, 2001. p. 176).
Em 1998, o Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de 
Saúde – SIPACS foi substituído pelo Sistema de Informação da Atenção Pri-
mária – SIAB, com o intuito de acompanhar ações e resultados das Equipes 
da Atenção Básica – EAB, tornando um instrumento de grande importância 
para toda população, pois através dele é que teremos condições de avaliar, 
conhecer, inserir e expor dados relevantes à melhoria da saúde pública. Atra-
vés desse sistema de informações, você terá condições de registrar todas as 
implicações que mais comprometem a saúde da comunidade em que atua. O 
Ministério da Saúde (2012) define assim o SIAB:
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e-Tec Brasil
Sistema de Informação Atenção Básica é um sistema (softwa-
re), desenvolvido pelo DATASUS em 1998, cujo objetivo cen-
tra-se em agregar, armazenar e processar as informações relacio-
nadas à Atenção Básica (AB) usando como estratégia central a 
Estratégia de Saúde da Família (ESF). (http://dab.saude.gov.br/
portaldab/siab.php> acesso em setembro de 2014).
O Ministério da Saúde – MS desenvolveu outros tipos de sistemas de in-
formação, vale a pena conhecê-los, uma vez que muitas informações estão 
apresentadas por municípios e, certamente, irão ajudá-lo a conhecer melhor a 
vida e saúde da população do lugar em que você vive e atua.
Convido você a visitar o site http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-aplicativos 
para conhecer outros tipos de sistemas de informações e aplicativos da saúde.
Segue quadro esquemático com alguns sistemas utilizados na saúde pública, 
neles são apresentados as siglas, os indicadores e os órgãos que os regem. 
QUADRO 1 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NACIONAL
SIGLAS SISTEMAS INDICA-
DORES
ORGÃO
SIM Sistema de Informações de Morta-
lidade
Informa-
ções rela-
cionadas 
ao perfil 
epidemio-
lógico
Centro 
Nacional 
de 
Epidemiolo-
gia 
- CENEPI
SINAN Sistema de Informações de Agra-
vos notificáveis
SINASC Sistema de Informações de Nasci-
dos Vivos
SAI – 
SUS
Sistemas de Informações Ambula-
toriais do SUS
Sistemas 
relacio-
nados à 
assistência 
e a admi-
nistração
DATASUS
SIH – 
SUS
Sistema de Informações Hospitala-
res do SUS
SIAB Sistema de Informações da Aten-
ção Básica
SI – PNI Sistema de Informações do Progra-
ma Nacional de Imunização
SISVAN Sistema de Informação da Vigilân-
cia Alimentar e Nutricional
SICLOM Sistema de Controle Logístico de 
Medicamentos
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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde
SIGAB Sistema de Gerenciamento de Uni-
dade Ambulatorial Básica
Sistemas 
gerenciais
DATASUS
HOSPUB Sistema Integrado de Informatiza-
ção de Ambiente Hospitalar
CENSO Levantamento decenal de dados 
populacionais e indicadores sociais
Instituto 
Brasileiro 
de Geogra-
fia e Estatís-
tica – IBGE
Fonte: FERREIRA, 2001. p. 184.
1.2 Finalidade do SIAB
Numa visão geral, é, através desse sistema, que o Ministério da Saúde – MS 
organiza suas intervenções para ações na Atenção Básica, a nível nacional. 
Segundo BRANCO (2001), “é fundamental a existência de sistemas de in-
formação de concepção federal para o adequado acompanhamento, controle, 
avaliação e produção de conhecimento em nível nacional.” 
Numa perspectiva regional, o SIAB torna-se instrumento igualmente de gran-
de relevância para o levantamento local, a situação da saúde, social e sanitária 
de uma comunidade, pois nele irá conter informações detalhadas que auxilia-
rão as estratégias para intervenção e criação de metas das Equipes de Atenção 
Básica – EAB acerca das condições relacionadas à prevenção,promoção e 
recuperação da saúde, bem como para a avaliação das equipes e dos gestores 
sobre as ações realizadas. A seguir, um esquema do ciclo das informações 
coletadas para o desenvolvimento do trabalho a nível local.
Figura 3: Ciclo das informações a nível local
Fonte: acervo pessoal.
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e-Tec Brasil
Esse esquema demonstra o fluxo para a sistematização dos dados. Aponta 
para um movimento contínuo no qual o sistema de informação local deverá 
ser alimentado, continuamente, com dados acerca das condições de vida da 
população. A partir desses dados, os indicadores que surgirem é que irão nor-
tear as ações que deverão ser discutidas e planejadas pela equipe de saúde, na 
tentativa de alcançar os resultados esperados.
Tal instrumento é útil para que a EAB, composta por multiprofissionais, tenha 
acesso à realidade do território em que atua, como as condições de saúde, 
moradia e saneamento de cada família, para, posteriormente, formular meca-
nismos de sanar as necessidades e acompanhar o desempenho dessa equipe.
O SIAB tem com principal função tornar público a real situação de cada mu-
nicípio frente à atenção básica para a elaboração de estratégias e ações. 
1.3 Fluxo 
As informações são coletadas pelos profissionais através de fichas específi-
cas, as quais darão origem a dados que serão consolidados ainda nas equi-
pes, para, posteriormente, serem lançados e encaminhados à Coordenação 
da Atenção Primária do município, esta repassará às Superintendências Re-
gionais de Saúde, as quais enviarão às Secretárias Estaduais de Saúde onde 
todos os dados serão encaminhados ao Ministério da Saúde / Departamento 
de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS. 
Os dados deverão ser encaminhados mensalmente. A ausência ou o não re-
passe dos mesmos, seguindo o fluxo citado, por dois meses consecutivos ou 
três meses alternados, acarretará na suspensão do cadastro do programa da 
equipe, logo, também serão suspensos os recursos financeiros, isso se aplica 
também para outros sistemas de informação relacionados à assistência, admi-
nistração e ao perfil epidemiológico que são alimentados a partir das equipes 
de saúde dos municípios.
Como mencionamos no início do nosso trabalho, os ACS ocupam lugar de 
destaque dentro do SUS. O início do processo de coleta de dados está a cargo 
desses profissionais. Analise o esquema demonstrativo do fluxo de informa-
ções que segue:
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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde
Figura 4: Esquema do fluxo
Fonte: acervo pessoal.
1.4 Preenchimento de formulários e análise dos dados
Todo o fluxo das informações coletadas terão origem no preenchimento de 
fichas específicas, o que será realizado por profissionais como os Agente Co-
munitário de Saúde – ACS. Esses profissionais farão o levantamento de todas 
as famílias que moram em sua área de atuação. Mensalmente, os agentes 
deverão visitar essas famílias para que todas as informações sejam frequen-
temente atualizadas. 
Tais fichas são organizadas da seguinte forma:
• Ficha para cadastramento das famílias (Ficha A). 
• Ficha para acompanhamento (Fichas B).
• Ficha de gestantes (Ficha B-GES).
• Ficha de hipertensos (Ficha B-HA).
• Ficha de diabéticos (Ficha B-DIA).
• Ficha de pessoas com tuberculose (Ficha B-TB).
• Ficha de pessoas com hanseníase (Ficha B-HAN).
• Ficha para acompanhamento da criança – Ficha C (Cartão da Criança).
• Ficha para registro de atividades, procedimentos e notificações (Ficha D).
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e-Tec Brasil
Após os ACS coletarem as informações utilizando as fichas específicas acima 
citadas, os dados coletados serão consolidados pelas equipes e inseridos no 
Cadastramento das Famílias (Fichas A), nos Relatórios de Situação de Saúde 
e Acompanhamento das Famílias (SSA) e nos Relatórios de Produção e Mar-
cadores para Avaliação (PMA). Após essa consolidação é que as informações 
serão lançadas no SIAB seguindo o fluxo descrito anteriormente.
Você pode ver os modelos dessas fichas acessando a página http://www.
planilhasprontas.com/planilhas-saude/ Acesso em 19/01/2015.
Resumo
Nessa aula, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o Sis-
tema de Informações da Atenção Básica – SIAB, refletindo sobre:
• Conceito de sistemas de informações, a criação do SIAB e os outros sis-
temas de informações da saúde.
• Sua finalidade, ou seja, para que são utilizados e a forma em que auxilia 
na saúde pública.
• Sobre o fluxo a ser seguido, desde a coleta dos dados até o lançamento no 
DATA-SUS.
• O preenchimento e análise dos dados coletados e lançados no banco de 
informações do DATA-SUS.
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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde
Vamos reforçar o nosso conhecimento? Com base no que foi discutido nesta 
aula, reflita sobre a importância dos sistemas de informação de saúde e res-
ponda às questões a seguir:
1. Para que servem os sistemas de informação?
2. Como funciona o fluxo do SIAB?
3. Como se dá a coleta e a análise dos dado que irão alimentar o SIAB?
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e-Tec Brasil
Aula 2 – Técnicas de Levantamento das Condições de Vida e de Saúde/Doença 
da PopulaçãoFigura 5: Coleta de dados individual 
Fonte: www.sumare.sp.gov.br > acesso em 25 de outubro de 2014. 
Figura 6: Alusão coleta de dados coletiva
Fonte: www.noticiasdeitauna.com.br >acesso 25 de outubro de 2014.
Antes de falarmos sobre uma das etapas do trabalho do agente, o qual é fun-
damental para a melhoria das condições de vida das pessoas e para registro 
e comunicação dos dados às autoridades competentes através do SIAB, con-
sideramos importante abordar a composição da equipe de saúde. Como já 
afirmamos, o trabalho na atenção primária é um trabalho coletivo, no qual 
todos os membros da equipe de saúde são extremamente importante para o 
êxito do trabalho. Sabe-se que a Atenção Básica ou Primária tem condições 
de resolver 85% dos problemas de saúde. Isso se a equipe funcionar efetiva-
mente com a atuação de todos os atores envolvidos nas ações educativas e 
preventivas de forma contínua. Se as metas elaboradas forem alcançadas, os 
demais níveis de atenção (média e alta complexidade) reduzirão a demanda 
financeira e assistencial, melhorando a qualidade de vida e do atendimento, 
como afirma Belisário:
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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde
Sabe-se hoje que as ações educativas e de prevenção, aliadas 
aos atendimentos mais freqüentes, considerados ações da aten-
ção básica ampliada, resolvem 85% dos problemas de saúde da 
população. Isso significa que o investimento na atenção básica 
previne o adoecimento ou o agravamento das doenças. Assim, a 
qualidade de vida da população melhora e tendem a diminuir os 
gastos com procedimentos de média e alta complexidade. Como 
conseqüência deste processo, evidenciam-se: redução dos índi-
ces de mortalidade infantil, diminuição do número de mortes por 
doenças de cura simples e conhecida, bem como diminuição das 
filas nos hospitais das redes públicas e conveniadas com o SUS. 
(BELISÁRIO, 2001. p. 194).
Ainda, segundo Belisário (2001), cada equipe deve atender uma área com, no 
máximo, 4.500 habitantes, sendo que cada ACS deverá ser responsável por 
aproximadamente 575 pessoas. As EAB são compostas normalmente por um 
médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e agentes comunitários 
de saúde (4 a 6 profissionais), toda a equipe precisa conhecer a situação de 
todo território de abrangência, para isso, é necessário o levantamento de in-
formações que identifiquem problemas reais que afligem as famílias da área 
correspondente, para a tomada de decisões que possam sanar as mesmas. Para 
que haja o sucesso das ações, todas as informações deverão ser ponderadas, 
identificando e analisando soluções para os problemas. Dessa forma, nenhum 
elemento será subestimado ou omitido.
Belisário (2001) estabelece ainda, critérios para o recrutamento de agentes 
comunitário de saúde, conforme descrito na citação a seguir:
Os agentes comunitários são moradores da própria área de atu-
ação. Eles recebem treinamento e são supervisionados por um 
instrutor/supervisor. A visita domiciliar é seu principal instru-
mento de trabalho. Cada agente vai pelo menos uma vez por 
mês a cada casa localizada em sua área de atuação. Eles fazem 
a ligação entre as famílias e o serviço de saúde... (BELISÁRIO, 
2001. p. 194.)
Esse critério é muito importante, pois estar junto da população, morando no 
mesmo território, possibilita ao ACS a aquisição de uma proximidade com os 
moradores, gerando vínculo mais amistoso e uma relação de confiança, favo-
recendo na atuação desse profissional, uma vez que terá as portas dos lares 
abertas para conhecer a situação e condições em que vivem as famílias, pro-
movendo o acesso destas aos serviços que irão atender às suas necessidades. 
Belisário pontua também a importância de ser morador no mesmo território, 
pois auxilia na logística das visitas, uma vez que esse procedimento deve 
ser feito ao menos uma vez por mês. O MS (Brasil, 1997) define, através da 
portaria nº 1.886 de dezembro de 1997, os requisitos para atuar como ACS, 
conforme descreve-se a seguir: 
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São considerados requisitos para o ACS: ser morador da área 
onde exercerá suas atividades há pelo menos dois anos, saber 
ler e escrever, ser maior de dezoito anos e ter disponibilidade de 
tempo integral para exercer suas atividades. O Agente Comu-
nitário de Saúde deve desenvolver atividades de prevenção das 
doenças e promoção da saúde, através de visitas domiciliares e 
de ações educativas individuais e coletivas, nos domicílios e na 
Comunidade, sob supervisão e acompanhamento do enfermeiro 
Instrutor-Supervisor lotado na unidade básica de saúde da sua 
referência. (BRASIL, 1997).
Figura 7: Equipe da Atenção Básica
Fonte: http://atencaobasica.org.br/relato/6583 > acesso em 25 de outubro de 2014
O trabalho de campo, na coleta das informações, será realizado mensalmente 
pelos agentes comunitários de saúde. É muito importante que esses profis-
sionais criem vínculo amistoso com as famílias, para que conheçam mais de 
perto a realidade e as necessidades de todos, assim como as condições sócio-
sanitárias do território onde atua. Através desse trabalho, é que os gestores 
terão oportunidade de conhecer a situação dos indivíduos, elaborando, formu-
lando e implementando ações para responder às necessidades.
É importante enfatizarmos a forma de abordagem da comunidade. O respeito 
e a ética devem ser princípios adotados por todos os profissionais que atuam 
nas equipes de saúde, a começar pelos agentes, os quais farão o primeiro 
contato com a população e terão, frequentemente, que visitar essas famílias 
entrando em suas casas, em suas intimidades. A ausência da postura adequada 
pode dificultar todo o trabalho, se o indivíduo tiver seus problemas expostos 
publicamente, o mesmo poderá se sentir humilhado, desamparado, compro-
metendo ainda mais as questões que o aflige. 
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Para obtenção de um diagnóstico local, os profissionais envolvidos deverão 
realizar, segundo Belisário (2001, cap.7. p. 194-195), ações que colaborem 
para as condições de vida da população – “cadastramento, mapeamento, iden-
tificar as micro-áreas de risco e realizar ações coletivas” que envolvam toda a 
comunidade. Vejamos separadamente cada um desses aspectos.
• Cadastramento – é realizado segundo o fluxo estudado na aula anterior. 
Primeiramente, são preenchidas as fichas com os dados referentes a cada 
indivíduo de uma família e a situação de saúde de cada um, bem como as 
condições de moradia, educação, sanitária, segurança, etc. Posteriormente, 
esses dados serão consolidados e lançados no SIAB. O cadastramento é 
um aspecto muito importante, pois é nesse momento que os profissionais 
de saúde terão acesso à quantidade de moradores, condições em que vi-
vem e suas reais necessidades.
Voltar ao fluxo de dados da aula 1, item 1.3
• Mapeamento – nessa etapa, há a importância de identificar os pontos mais 
fortes e os mais fracos do território, como pontos de referências positi-
vas e negativas. Quando falamos em pontos fortes e fracos, referimos, 
de forma mais ampla, às questões como, por exemplo, ausência ou insu-
ficiência de saneamento (ponto fraco) ou algum projeto social voltado à 
ocupação dos adolescentes (ponto forte). Fazemos referência a serviços 
que ainda não foram implantados ou que são precários, numa perspectiva 
de ponto fraco; ou aqueles que surtem bons resultados e que funcionam 
com efetividade, como ponto forte em uma comunidade. Jáos pontos de 
referência, são aqueles os quais todos ou quase todos os habitantes de 
um território têm o conhecimento e usa como referencial igrejas, escolas, 
farmácias numa percepção positiva e, matagal, ausência de iluminação 
pública em algum ponto da região, presídios, ponto de venda de drogas, 
entre outros pontos que possam gerar algum dano ou risco à população 
daquela comunidade, como sendo pontos de referências negativas. A se-
guir, descreveremos uma ação de igual relevância que pode auxiliar na 
identificação desses pontos.
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Figura 8: Mapa com micro áreas de saúde
Fonte: http://www.serafinacorrea.rs.gov.br > acesso em 25 de outubro de 2014.
• Identificação das micro áreas de risco – deverão ser levantadas/mapeadas 
e registradas todas as áreas que coloquem em risco a saúde e segurança 
da população, como matagal, ausência de tratamento de esgoto, de coleta 
de lixo e de asfalto, pontos mais violentos, etc. Essas micro áreas serão 
levantadas a partir dos indicadores, os quais estudaremos mais adiante.
• Ações coletivas – nessa etapa os agentes promoverão reuniões com a co-
munidade, com as associações, com os grupos das igrejas ou com outros 
grupos que primem valores ou necessitem de acompanhamento mais de 
perto como as gestantes, portadores de doenças crônicas, adolescentes, 
crianças, idosos, pais e mães. Podendo utilizar até mesmo dos pontos de 
referências positivas, as edificações públicas como escolas e igrejas, no 
horário de funcionamento, podem favorecer às mobilizações. A promoção 
dessas reuniões é uma forma de agregar a comunidade e todas as famílias 
que serão envolvidas, pois serão convidadas a estarem discutindo a rea-
lidade de seu território, formas de recuperar e prevenir agravos na saúde, 
elaborando ações que visem sanar as prioridades. 
Essas ações realizadas pelos agentes comunitários de saúde aproximam o 
usuário do sistema. Entretanto, cada profissional que compõe a equipe de-
sempenha funções de igual relevância, pois visam bons resultados como res-
posta ao trabalho para melhoria da saúde individual e coletiva de todos que 
habitam no território onde atuam.
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Resumo
Tivemos a oportunidade de aprendermos um pouco mais sobre as Equipes de 
Saúde Básica abordando assuntos acerca:
• Da composição das equipes de saúde, bem como o papel do Agente Co-
munitário de Saúde – ACS e sua importância.
• Da resolubilidade das EAB quando o seu trabalho é efetivo e contínuo.
• Dos critérios para se tornar um Agente Comunitário de Saúde.
• De algumas técnicas que auxiliam em nosso trabalho como: cadastramen-
to, mapeamento, identificação das microáreas de risco a ações coletivas.
Com base no que estudamos, responda:
1. Descreva como deve ser composta uma EAB.
2. Quais os requisitos para ser Agente Comunitário de Saúde?
3. Como é a atuação dos ACS?
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Aula 3 – Condições de risco social: violência, desemprego, infância 
desprotegida, processos migratórios, analfabetismo, nutrição, ausência ou 
insuficiência de infraestrutura básica.
Observe o conteúdo ou temas que está compondo o que chamamos de risco 
social. Reflita sobre o porquê de essas questões serem consideradas como 
sendo de risco social. Nem sempre foi assim, ou seja, nem sempre o conceito 
de saúde foi tão abrangente. Por isso, faremos um breve retorno à história 
para citarmos momentos que serviram de marco para o novo conceito de saú-
de. A preocupação com os níveis de saúde da população passou a ser uma 
questão de interesse mundial. Para entendermos a introdução desses temas, 
torna-se fundamental acompanhar os movimentos e as discussões a cerca das 
condições de vida dos seres humanos em todo o mundo.
Após a segunda guerra mundial, surgiram, por todo o planeta, problemas so-
ciais que afetavam diretamente a saúde dos seres humanos. Diante desse qua-
dro, essas questões passaram a ser amplamente discutidas pelas organizações 
não governamentais – ONG’s e governantes de vários países, levando-os a se 
unirem na tentativa de minimizar esses problemas, surgindo, assim, a neces-
sidade de organizarem conferências para tais discussões.
A Organização Mundial de Saúde – OMS declarou, no final da década de 
1940, que saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social e 
não a mera ausência de doença ou enfermidade, como afirmam BUSS e FI-
LHO (2007) na citação a seguir: 
A definição de saúde como um estado de completo bem-estar 
físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou 
enfermidade, inserida na Constituição da OMS no momento de 
sua fundação, em 1948, é uma clara expressão de uma concep-
ção bastante ampla da saúde, para além de um enfoque centrado 
na doença. (BUSS e FILHO, 2007).
Em 1978, a OMS e Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas 
para a Infância – UNICEF organizaram a 1ª Conferência Internacional Sobre 
Cuidados Primários à Saúde, no Cazaquistão, na cidade de Alma – Ata. Nessa 
conferência, foi elaborado um documento que reafirma a saúde como direito 
de todos, e a saúde é uma das metas mais importantes para a melhoria social 
no mundo. Esse documento foi denominado como Declaração de Alma – Ata 
e propõe a diminuição da desigualdade social e o fortalecimento da Atenção 
Básica.
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• UNICEF: “O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) foi 
criado em 11 de dezembro de 1946, pela Organização das Nações Unidas 
(ONU), para atender, na Europa e na China, às necessidades emergenciais 
das crianças durante o período pós-guerra.”. (Site oficial da UNICEF Bra-
sil). 
• ONU: “Criada em 16 de outubro de 1945, a Organização das Nações 
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lidera os esforços interna-
cionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar.” (Site oficial 
ONU Brasil).
• OMS: A Organização Mundial de Saúde foi criada depois da segunda 
guerra mundial e é representada no Brasil pela Organização Pan-Ameri-
cana de Saúde – OPAS.
Visite os sites http://www.unicef.org/brazil/pt/faq.html, http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/fao/, http://www.paho.org/bra/ 
Em novembro de 1986, ocorreu a I Conferência Internacional sobre Promo-
ção da Saúde, na cidade de Ottawa, no Canadá, teve a participação de cerca 
de 40 países, principalmente os mais industrializados. Nessa conferência, foi 
produzida a Carta de Ottawa (WHO, 1986), a qual passou a ser referência 
para a organização dos serviços de saúde através da redefinição dos concei-
tos, princípios e formas de promoção de saúde, distribuindo, de forma inter-
setorial, a responsabilidade pelas ações que dariam origem a essa nova defini-
ção de saúde. Tendo como pontos imprescindíveis: paz, educação, habitação, 
alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social 
e equidade. 
Logo após a Conferência em Ottawa, no ano de 1988, surge o Sistema Único 
de Saúde – SUS no Brasil, através da nova Constituição Federal. A seguir, um 
BOX com parte dessa constituição, trazendo algumas definições e deveres do 
SUS, como as prioridades, responsabilidades financeiras e papel a inserção 
do ACS.
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BOX 1
Seção II – Da Saúde
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo 
ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fisca-
lização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de 
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regiona-
lizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acor-
do com as seguintes diretrizes: (EC no 29/2000, EC no 51/2006 e EC no 
63/2010) I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. § 1o O 
sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recur-
sos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, além de outras fontes. § 2o A União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços 
públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais 
calculados sobre: I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei 
complementar prevista no § 3o; II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, 
o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recur-
sos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea “a”, e inciso II, deduzidas 
as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; III – no caso 
dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos 
a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, in-
ciso I, alínea “b” e § 3o.
§ ۳o Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, 
estabelecerá: I – os percentuais de que trata o § ۲o; II – os critérios de rateio 
dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos 
Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; 
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde 
nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; IV – as normas de cálculo 
do montante a ser aplicado pela União. § ٤o Os gestores locais do sistema 
único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes 
de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo 
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com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos 
para sua atuação. § ٥o Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso 
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e 
a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente 
de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar 
assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. § 6o Além das hi-
póteses previstas no § 1o do art. 41 e no § 4o do art. 169 da Constituição 
Federal, o servidor que exerça funções equivalentes as de agente comunitário 
de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em 
caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu 
exercício.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1o As institui-
ções privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de 
saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou con-
vênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 
2o É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções 
às instituições privadas com fins lucrativos. § 3o É vedada a participação 
direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde 
no País, salvo nos casos previstos em lei. § 4o A lei disporá sobre as condi-
ções e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias 
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, 
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo 
tipo de comercialização.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei:
I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse 
para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imu-
nobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as 
de saúde do trabalhador;
III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV – participar da formulação da política e da execução das ações de sanea-
mento básico;
V – incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tec-
nológico;
VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor 
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
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VII – participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e 
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Fonte: Constituição da República Federativa do Brasil, 35ª edição http://bd.camara.gov.br > acesso em 03 de outu-
bro de 2014.
Para entendermos melhor como se aplica os conceitos, princípios e formas de 
promoção em saúde citados acima, primeiramente, entenderemos a diferença 
entre risco e dano. Risco, por exemplo, seria, uma criança brincando próxima 
a uma tomada da rede elétrica, já o dano seria se ela enfiasse algum objeto ou 
até mesmo o seu próprio dedo nesse orifício, ou seja, o dano seria a criança 
ferida e/ou a perda do objeto. Na saúde pública, funciona da mesma forma, 
pois temos que identificar e avaliar todos os riscos e danos que poderão haver 
ou que já existem na comunidade nos diferentes setores, notificá-los, para, 
posteriormente, fazer uma reflexão junto à equipe, com intuito de promover 
ações que minimizem os danos. 
É amplamente discutido que o fatorsocioeconômico exerce influência direta 
sobre o indivíduo. Qual a sua avaliação sobre esta afirmação? Em que esse 
fator afeta a saúde das pessoas? Pare e reflita. Podemos fazer uma discussão 
sobre essa questão na sala virtual. 
Na literatura, encontramos a informação de que a escassez de recurso finan-
ceiro resulta na ausência de elementos primordiais para a saúde do ser huma-
no. Segundo Helman (2003, p. 14), “a pobreza pode resultar em má nutrição, 
habitações superlotadas, roupas inadequadas, violência física e psicológica, 
estresse psicológico e abuso de drogas e de álcool.” 
Figura 9: Precariedade e superlotação habitacional
Fonte: http://www.umirimnoticias.com/2011/07/quatro-municipios-recebem-r-147-milhao.html > acesso em 25 de 
outubro de 2014.
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Com a definição da OMS, em 1948, que citamos no início da nossa discussão, 
podemos concluir que cada indivíduo tem o direito a uma vida digna e com 
qualidade, e nossa obrigação quanto profissionais de saúde é tentar minimizar 
ao máximo todos os riscos que ameaçam a saúde e bem estar da população em 
nossa área de atuação.
Figura 10: Fatores de Risco e Danos
Fonte: acervo pessoal.
Esse esquema representa alguns fatores que podem gerar danos a nossa saú-
de, sejam eles de causas externas como a condição social em que vive o cida-
dão ou intrínsecas do próprio indivíduo, como as doenças desenvolvidas pelo 
fator genético.
3.1 Violência
A violência tem sido tema em muitas discussões e vista como um problema de 
saúde pública a nível mundial, não que seja responsabilidade apenas do setor 
de saúde, mas sim por afetar diretamente a mesma, além disso, apresenta alto 
índice que resulta em danos físicos e/ou psicológicos, os quais demandam 
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tratamento e acompanhamento das vítimas. Segundo Agudelo (1990), “a vio-
lência representa um risco maior para realização do processo vital humano: 
ameaça a vida, altera a saúde, produz enfermidade e provoca a morte como 
realidade ou como possibilidade próxima.” 
Devemos tratá-la como problema epidemiológico, entretanto, não se enqua-
dra nos métodos tradicionais de combate as demais endemias. A violência é 
um problema complexo que deve ter a participação dos atores específicos, 
como representantes da segurança pública, da saúde, programas sociais, entre 
outros para elaboração de ações que visam à redução da mesma e do impacto 
que ela gera, para posteriormente serem colocadas em prática pelos represen-
tantes inseridos nas três esferas de governo – Federal, Estadual e Municipal.
A Violência permeia a vida de muitas pessoas por todo o mundo, 
e toca a todos nós de algum modo. Para muitos, permanecer lon-
ge desse problema é só uma questão de trancar portas e janelas 
e evitar locais perigosos. Para outros, escapar não é possível. A 
ameaça da violência está atrás dessas portas – bem escondida 
da visão pública. E para aqueles que vivem em meio a situações 
de guerra ou conflito, a violência permeia cada aspecto das suas 
vidas. (BRUNDTLAND – OMS, 2002).
Pesquisas revelam que a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado nas 
últimas décadas, entretanto, proporcionalmente, vem aumentando o índice 
de mortes entre indivíduos mais jovens, e a maioria das causas são externas 
como acidente de trânsito e homicídios, ou seja, causas violentas.
Atualmente há um turbilhão de propagandas veiculadas pela mídia nas quais 
pessoas bonitas, saudáveis se vestem, comem e vivem bem. Tais propagandas 
bombardeiam a imaginação nutrindo desejos, entretanto, ao desligar a tv, o in-
divíduo volta à sua realidade deparando com o oposto e, a partir disso, surgem 
as frustrações. A desigualdade social e financeira gera questionamentos que 
podem levar a rebeldia, a ausência de acesso à boa educação, a alimentação, a 
segurança, entre outros fatores necessários à qualidade de vida e que acarreta 
a ausência de saúde física e/ou psicológica. Em alguns casos, o cidadão parte 
em busca da aquisição desses elementos que irão satisfazer as suas necessida-
des, da forma que julgar ser a mais fácil e acessível, passando a se envolver 
com o tráfico de drogas, assaltos, roubos, entre outros crimes. Em outros ca-
sos, torna-se vítima desses abusos ou adoece pela precariedade em que vive 
elevando o índice de morbidade e mortalidade. 
Na aula anterior, abordamos a importância dos ACS para as comunidades 
onde atuam. Através das visitas constantes e a proximidade, os agentes pas-
sam a fazer parte do cotidiano íntimo das famílias, tornam-se cúmplices da 
realidade em que vive cada indivíduo. Outro fator que favorece essa aproxi-
mação é o fato de compartilharem o mesmo espaço geossocial. Fonseca et al. 
vem reforçar o importante papel dos ACS junto às famílias:
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[...] dá-se maior visibilidade ao papel do agente comunitário de 
saúde (ACS), já que ele é o elo entre o serviço de saúde e a 
comunidade. Habitando o mesmo território, tem, inclusive, con-
dições de avaliar a dinâmica da família e, muitas vezes, identi-
ficar situações de risco ou de violência consumada, pela própria 
observação ou pelo vínculo que estabelecem com a clientela. O 
que ocorre, na maior parte dos casos, é que as mulheres acabam 
por relatar aos ACSs fatos que não relatariam a outros profissio-
nais, tornando-os possíveis atores capazes então de prevenir ou 
intervir nessas situações. (FONSECA et al. 2009).
Logo, essa aproximação dos agentes, bem como dos demais profissionais que 
atuam na equipe de saúde, possibilita identificar os casos de violência e bus-
car soluções para os mesmos com intuito de preservar a integridade individu-
al e coletiva.
Figura 11: Violência contra a mulher na visão de um filho
Fonte: http://www.pastoraldamulherbh.blogspot.com > acesso em 24 de outubro de 2014.
Este desenho retrata a realidade vivida na família da criança que o fez. Ana-
lisem a expressão no rosto do autor e sua mãe. Faça uma reflexão em relação 
a esta imagem e discuta com os seus colegas em um fórum sobre a violência 
na sala virtual, a sua visão diante deste quadro.
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Leia o artigo: A Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública (MI-
NAYO, M. C. S. Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública. Cad. 
Saúde Públ., Rio de Janeiro, 10 (supl. 1): 07-18, 1994).
Figura 12: Por um mundo sem violência
Fonte:http://www.humorxxl.com/pt/content/imagens-divertidas-por-um-mundo-sem-violencia--rd4rjhdk91g > 
acesso em 29 de setembro de 2014.
3.2 Desemprego
A saúde pública está intrinsecamente vinculada à questão socioeconômica. 
Estudos apontam a degradação da saúde do indivíduo, frente à ausência de 
emprego.
[...] a saúde é influenciada pela posição socioeconômica e esta 
relação se opera por diversos caminhos, seja por meio de com-
portamentos, efeitos biológicos, fatores psicossociais, seja por 
recursos diferenciais para tratamento, prevenção e promoção da 
saúde. O desemprego, o trabalho informal e, sobretudo, a ex-
clusão do mercado de trabalho estiveram associados a uma pior 
condição de saúde entre adultos brasileiros. (GIATTI. L. e BAR-
RETO S. M. 2006).
A globalização foi vista no passado, como grande passo favorável ao capita-
lismo mundial, com ótimas perspectivas no desenvolvimento da humanidade. 
Entretanto, essa visãootimista vem se dissolvendo nas últimas décadas, pois 
a realidade no mundo hoje é bem diferente do esperado. Como afirmam Kato 
e Ponchirolli:
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 O atual debate social apresenta geralmente o desemprego como 
o resultado de três fatores emergentes: a mundialização dos mer-
cados, que provoca uma reestruturação da produção, a introdu-
ção de uma tecnologia que utiliza cada vez menos mão-de-obra 
e o fim de uma era de crescimento econômico sustentado, que 
garantia o pleno emprego. (KATO e PONCHIROLLI, 2002).
Não podemos afirmar que a globalização seja de fato uma mudança ruim, 
pois, através dela, as fronteiras foram encurtadas. Hoje temos acesso a uma 
variedade de produtos enquanto algumas décadas atrás era restrito e de difícil 
acesso. O ponto em que abordamos está diretamente ligado, pois, se junto 
com toda essa facilidade do acesso veio a concorrência, com a concorrência, 
as empresas tiveram que aumentar a produtividade, acompanhando os avan-
ços tecnológicos, as máquinas tomaram o espaço dos homens, elevando o 
índice do desemprego e, consequentemente, os problemas sociais.
Nesse contexto, observamos o aumento da desigualdade social, a miséria, os 
salários baixos, a falta de empregos por todo o planeta, os países mais pobres 
sofrem de forma severa e os emergentes não saem ilesos, claro, em menores 
proporções, também sofrem com a crise mundial. Como reforça Frigotto na 
citação a seguir:
O ideário da globalização, em sua aparente neutralidade, cumpre 
um papel ideológico de encobrir os processos de dominação e 
desregulamentação do capital e, como consequência, a extraor-
dinária ampliação do desemprego estrutural, trabalho precário e 
aumento da exclusão social. (FRIGOTTO, 2005).
Figura 13: Globalização e efeitos adversos
Fonte: http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2013/01/globalizacao-e-efeitos-adversos.html > acesso em 23 de 
outubro de 2014
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No Brasil, o mercado de trabalho é monitorado pelo IBGE e pelo Departa-
mento Intersindical de Estudos Estatísticos e Sócio-Econômicos – DIEESE. 
Através desses órgãos é que temos acesso a real situação do desemprego no 
país. O IBGE determina o número de desempregados, todos os indivíduos 
acima de 16 anos entrevistados na semana da coleta dos dados que estavam 
procurando emprego no mercado de trabalho. Já o DIEEDE possui uma forma 
mais ampla em sua estatística, além dos desempregados, fazem parte pessoas 
que trabalham informalmente ou de forma precária. O aumento dos trabalhos 
informais desvaloriza o trabalhador, além de deixá-lo desprotegido sem os 
seus direitos assegurados.
 
Acesse o link a seguir para aprofundar um pouco mais o seu conhecimento 
em relação aos critérios de avaliação do IBGE acerca desse tema: 
ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Comen-
tarios/pnadc_2014_01_trimestre_comentarios.pdf. Acesso em 20/01/15
Diante do desemprego, alguns setores tendem a sofrer maior deterioração 
como o meio ambiente, educação, saúde e trabalho, sendo que este tem suas 
consequências mais evidentes. Há uma interligação entre eles, quando um dos 
setores não vai bem, os outros tendem a apresentar dificuldades. Como, por 
exemplo, o setor de educação, se este não é de qualidade ou apresenta outras 
fragilidades, a qualificação da mão-de-obra fica comprometida, logo outros 
setores, principalmente, o mercado de trabalho serão comprometidos como 
coloca Kato e Ponchirolli (2002) “[...] a educação insuficiente desde a infância 
é responsável direta ou indiretamente pela baixa qualificação da mão-de-obra no 
Brasil e apresenta-se como um dos pontos mais críticos para o país”.
Já numa visão mais focada, ao observar não só o coletivo, mas cada desem-
pregado em si, vemos que o comprometimento não só intersetorial, mas tam-
bém individual e estendendo a todos que dependem desse indivíduo, seja sua 
família ou a sociedade em que ele vive, pois deixa de contribuir para o desen-
volvimento, uma vez que não há como colaborar com a economia, além de 
gerar instabilidade financeira, tem como consequência a instabilidade emo-
cional e física que acabam se tornando, também, um problema de saúde. 
Podemos atribuir o desemprego a uma das causas primárias da perda de saú-
de, pois com os danos gerados em razão dos problemas que surgem, o indiví-
duo torna-se excluído quando a sociedade deveria fazer o oposto. 
Os trabalhadores excluídos da economia formal são forçados a 
ganhar a vida em ocupações precárias ou, após muito tempo sem 
trabalho, são atingidos pela exclusão, numa escala descendente 
entre inclusão, inclusão precária e exclusão (GIATTI. L. e BAR-
RETO S. M. 2006).
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É dever da sociedade acolher o desempregado, amparando e buscando saídas 
para que o mesmo possa ser reinserido, de forma digna, ao mercado de tra-
balho, devidamente assegurado dos seus direitos, seja se capacitando ou apli-
cando suas habilidades no meio em que vive, através de ações conjuntas e 
solidárias entre o Estado e a sociedade civil com o intento de promover saúde 
e qualidade de vida àqueles que necessitam.
3.3 Infância Desprotegida 
A infância é vista de diferentes formas pelo mundo. Cada sociedade lida com essa 
fase do ser humano de acordo com suas normas e regras segundo afirma Helman:
 [...] tendem a variar bastante entre diferentes grupos humanos... 
diferentes sociedades estabelecem idades diferentes para deter-
minar quando as crianças podem ser educadas, participar de cer-
tos rituais religiosos, trabalhar fora de casa, ter relações sexuais, 
controlar suas finanças[...] (HELMAN, 2003. p. 17).
Independente da cultura em que vive, sabe-se que o ser humano, enquanto 
criança, apresenta fragilidades físicas, intelectuais e motoras, cabendo aos 
responsáveis por esta, proporcionar o desenvolvimento e os cuidados neces-
sários, para que conviva nos moldes da sociedade em que vive. É necessário, 
então, alimentação adequada, educação de qualidade e lazer para que cres-
çam felizes, saudáveis e se desenvolvam físico e intelectualmente.
No Brasil, fica a cargo da família e da sociedade que a acolhe, a responsabi-
lidade pela criança. Diante da vulnerabilidade e fragilidade inerentes a essa 
fase do ser, foi criado o artigo 227 da Constituição de 1988, assegurando os 
direitos essenciais à cidadania das crianças e adolescentes como ”direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e social.
Primando ainda pelo respeito às crianças, em 13 de julho de 1990, o Governo 
Federal criou o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, através da lei 
8.069. Nessa lei, é bem claro que o indivíduo é considerado criança até os 
12 anos e adolescente dos 12 aos 18. Ela assegura que o indivíduo, enquanto 
criança ou adolescente, tenha acesso de forma efetiva a todo o necessário para 
que cresça feliz, segura e saudável.
Leia a Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, art. 4º.
Infelizmente as ações e resultados previstos no ECA ainda não são a realida-
de em que vivemos. Após 24 anos da criação dessa lei, ainda é comum, na 
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sociedade em que vivemos, os abusos de diversas naturezas comas nossas 
crianças, consequência da fragilidade na punição daqueles que teimam em 
violar os direitos assegurados pela Constituição e por falta de prioridades que 
a assegurem esses diretos. Isso é muito grave, pois as crianças que darão se-
quência nos trabalhos que iniciarmos, e se não possuírem uma infância digna 
e segura, os problemas relacionados à saúde coletiva só tendem aumentar. 
Figura 14: La infância desprotegida
Fonte: Vicente Baos através do endereço virtual : http://vicentebaos.blogspot.com.br/2012/03/la-infancia-desprote-
gida.html > acesso em 23 de outubro de 2014.
Falaremos, a seguir, sobre algumas questões que identificaremos como prin-
cipais riscos à saúde da criança:
a. desnutrição – sabe-se que a alimentação é item imprescindível ao bom de-
senvolvimento. A escassez de uma alimentação digna poderá comprometer 
a saúde física e mental do indivíduo, e infelizmente a desnutrição é algo 
muito comum, principalmente em países mais pobres;
b. ausência de saneamento básico – fator grave, pois expõe a saúde e segu-
rança das crianças. O saneamento adequado evita que essas tenham con-
tato com animais peçonhentos e infecções parasitárias, além de evitar que 
ocorram acidentes e a contaminação do lençol freático nos casos em que a 
comunidade utiliza a água de poços artesianos;
c. habitações superlotadas – há muitas moradias onde o espaço é escasso e 
compartilhado por todos os moradores, principalmente, onde dormem, além 
do desconforto, tudo se torna muito mais explícito, inclusive o sexo, não raro 
observarmos pais que mantém relações com os filhos em casos assim;
d. prostituição infantil – alguns pais incentivam, ou até mesmo as próprias 
crianças partem para a prostituição como forma de ganhar algum dinheiro 
que sacie, ao menos um pouco, as suas necessidades, entretanto essa prá-
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tica expõe a saúde e segurança dessas crianças as vezes de forma irrever-
sível. Tornam-se mais vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis 
e à violência;
e. uso de drogas e de álcool – cada vez mais se torna comum vermos crianças 
fazendo uso de drogas e álcool, frequentemente, a mídia divulga esse tipo 
de cena. Devido às leis que proíbem a detenção de menores de 18 anos, as 
crianças e adolescentes, passaram a ser alvo dos traficantes que os utili-
zam como “aviões”, trabalhando com o tráfico, sendo normalmente o seu 
pagamento feito com drogas e bebidas, gerando um ciclo vicioso onde a 
dependência destas substância os leva à pratica do crime. 
Num âmbito internacional, a importância do estudo antropoló-
gico da infância vem crescendo devido às implicações de diver-
sas questões sociais para a saúde. Entre essas questões, estão o 
trabalho infantil, o abuso físico e sexual das crianças, a ampla 
prevalência da prostituição infantil, o aumento do uso de crian-
ças em conflitos armados e o número crescente de “crianças de 
rua” em muitos países pobres. (HELMAN, 2003. cap. 1. p. 18)
Além desses pontos abordados, outra questão grave e que deve ser dada maior 
atenção é a violência e os maus tratos infantis. É assustador vermos frequen-
temente em nosso cotidiano, pois é uma infeliz realidade que temos de convi-
ver com esse tipo de abuso. Isso só reforça a necessidade de um maior amparo 
por parte do Estado e da sociedade, através da elaboração de programas que 
fortaleçam o que está contido na Constituição Federal e no ECA. 
Figura 15: “A realidade dos maus tratos infantis”
Fonte: http://www.webquestfacil.com.br/webquest.php?wq=5584 > acesso em 23 de outubro de 2014.
3.4 Processos Migratórios
O que significa migrar? Migrar significa deslocar-se de um lugar para outro, 
ou seja, nesse caso, o indivíduo, uma família ou um trabalhador sai do seu lo-
cal de origem, cidade, estado ou país em busca de outro lugar que lhe favore-
ça, seja temporariamente ou permanentemente, o indivíduo locomove-se em 
busca de melhorias que atendam suas necessidades. A seguir, uma definição 
clara das formas migratórias apresentado por Truzzi:
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[...] cadeias migratórias: as migrações de homens solteiros por 
intermédio de agentes recrutadores (padroni, como se conven-
cionou chamar na literatura norte-americana); a imigração contí-
nua de trabalhadores incentivada pela ajuda de outros indivíduos 
trabalhadores já instalados; e a imigração defasada da família, 
quando esposa e filhos se reúnem ao marido que anteriormente 
havia partido em busca de trabalho. (TRUZZI, 2008).
Essa prática é comum desde os primórdios da humanidade. Cada período 
da história apresentou motivos diferentes, seja por fatores ambientais como 
secas e outros fenômenos naturais, por questões políticas e religiosas como 
guerras, por questões sociais como taxa de desemprego, entre vários fatores 
como afirmam Levitt e Jaworsky (2007) “[...] as necessidades e as motiva-
ções deste fenómeno têm sofrido alterações associadas às rápidas mudanças 
ambientais, demográficas, sócio-económicas e políticas.”
 
Figura 16: Migração do povo Alano
Fonte: http://sarmatas.blogspot.com.br/2008/04/alanos.html > acesso em 27 de outubro de 2014.
Nos tempos atuais, o fator mais comum que motiva a migração é a busca de 
melhoria na sua situação financeira ou por uma proposta de emprego ou para 
oferecer seus serviços, ou até mesmo para se capacitar ou completar os estu-
dos. Hoje, o fator mais comum está intimamente ligado à questão econômica, 
de saúde, educação e segurança. Nesse caso, vemos famílias inteiras migran-
do em busca de uma vida melhor.
Mas muitos se perguntam: qual a relação que migração tem com a saúde?
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Através de um exemplo tentarei responder a essa pergunta.
O Sr. João de 40 anos, casado e com cinco filhos para criar, vivia com sua fa-
mília passando por dificuldades, além da escassez de alimento, ainda sofriam 
com a seca, dificuldade de transporte para os filhos irem à escola e difícil 
acesso ao posto de saúde. Entretanto, com todas as dificuldades, eram sadios 
e felizes, moravam em uma casa própria, criavam alguns animais e viviam em 
um lugar tranquilo. Certo dia, o irmão do João que já havia partido para cidade 
há muito anos e trabalhava de pedreiro, o convidou para pegar a empreita de 
uma construção irrecusável, tanto falou que convenceu o irmão. João partiu 
deixando esposa e filhos na eminência de levá-los assim que se acomodasse 
e, cumprindo sua palavra, ele, em muito pouco tempo, os trouxe para viverem 
na cidade também. Passaram a viver de aluguel e aos poucos se estabelece-
ram, passados alguns meses, o pai de família, entusiasmado, resolveu vender 
as suas terras. A cidade era grande e com muita rapidez se acostumaram ao 
ritmo, mas como a situação financeira não tinha melhorado grandes coisas, 
eles continuaram a ter privações, moravam em um bairro menos favorecido, 
muito violento e continuaram, de maneira diferente, tendo problema na edu-
cação. Infelizmente, o Sr. João ficou desempregado, tendo que pagar aluguel 
e alimentar sua família, ele entrou em depressão, começou a beber e se tornou 
alcóolatra, sua esposa, desgostosa da vida, acabou desenvolvendo hiperten-
são e diabetes, seus filhos, cada um seguiu um rumo e um deles foi preso por 
se envolver com o tráfico...
Fonte: Estória fictícia criada pela autora.
Depois dessa história, você compreende a relação entre migração e saúde 
pública?
Claro, nem todas as histórias de migração tem um final ruim,mas essa foi a 
melhor forma de exemplificar essa relação. 
Devido à pobreza e a violência nos campos, vemos pequenos agricultores 
serem atraídos pelas cidades grandes, deixando as suas terras em busca de 
trabalho, na expectativa de conseguirem salário fixo para atender as suas ne-
cessidades e de sua família. Além disso, os serviços prestados na zona rural 
como saúde e educação quase sempre apresentam obstáculos a serem supera-
dos, como por exemplo, a insuficiência de profissionais ou a falta de estrutura 
para fornecer os serviços, precariedade no espaço físico e/ou ausência de ma-
teriais indispensáveis a prestação do serviço.
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Figura 17: Migrações
Fonte: http://saudeecologica.wordpress.com/tag/migracao/ > acesso em 27 de outubro de 2014.
Entretanto, em casos como o do Sr. João, observamos que o processo de mi-
gração pode piorar ainda mais a situação, pois em meio à crise mundial, os 
empregos formais se tornam mais escassos, levando as famílias que migraram 
a passarem por dificuldades iguais ou maiores, muitas vezes morando em 
condições bem mais precárias à anterior.
Gostaria de lançar um desafio! Diante do problema exemplificado acima, re-
lacione ações que você, como agente comunitário de saúde, apresentaria a 
sua equipe de trabalho para ajudar pessoas que migram da zona rural para as 
cidades e enfrentam dificuldades como as do Sr. João. Leve essas ações para 
a sala virtual e discuta com os seus colegas:
3.5 Analfabetismo
O termo analfabeto vem sendo substituído por iletrado na tentativa de reduzir 
o preconceito com as pessoas que não tiveram acesso a outros níveis de co-
nhecimento. O conceito de analfabetismo vem sendo reconsiderado ao longo 
das décadas. A princípio, para a pessoa ser considerada alfabetizada, bastava 
que ela soubesse ler e escrever o mínimo. Atualmente, para esse conceito há 
novas proporções, segundo a Organização das Nações Unidas - UNESCO o 
indivíduo alfabetizado é aquele capaz de dominar a leitura e a escrita a fim 
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de se expressar e desenvolver-se num contexto social. Não é simplesmente 
ler e escrever, mas, sim, através dessas habilidades produzir e expandir o seu 
conhecimento.
A capacidade de utilizar a linguagem escrita para informar-se, 
expressar-se, documentar, planejar e aprender cada vez mais é 
um dos principais legados da educação básica. A toda a socieda-
de e, em especial, aos educadores e responsáveis pelas políticas 
educacionais, interessa saber em que medida os sistemas esco-
lares vêm respondendo às exigências do mundo moderno em 
relação ao alfabetismo e, além da escolarização, que condições 
são necessárias para que todos adultos tenham oportunidades de 
continuar a se desenvolver pessoal e profissionalmente. (RIBEI-
RO, V. M., 2006).
Figura 18: Paulo e seu livro
Fonte: http://www.ecoisaetal.com.br/tag/paulo/ > acesso em 23 de outubro de 2014.
Na década de 1990, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 
passou a pesquisar o alfabetismo funcional a pedido da UNESCO, conside-
rando analfabetos os indivíduos que não completaram os quatro primeiros 
anos do ensino fundamental. Esse conceito é relativo, alguns países estende-
ram para mais alguns anos que seria, no Brasil, até o ensino médio completo 
e, ainda assim, andam revendo se esses anos de escolaridade são suficientes 
para que os seus cidadãos sejam inseridos no mercado globalizado que cada 
vez mais aumenta a concorrência. Ainda segundo RIBEIRO (2006) “[...]a 
educação básica é o pilar fundamental para promover a leitura, o acesso à 
informação, a cultura e a aprendizagem ao longo de toda a vida.” 
O Plano Nacional de Educação, inserido no artigo 214 da Constituição de 1988, 
preconiza a melhoria da qualidade no ensino e a erradicação do analfabetismo, 
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sendo reforçado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei n. 
9.394/96, a qual determina, no parágrafo primeiro do artigo 87, um prazo 
para a sua execução de 10 anos. No entanto, a realidade ainda é assustadora 
decorridos 26 anos. 
Em países como o Brasil, onde há má distribuição de renda, o baixo grau 
de escolaridade e o analfabetismo somados às outras precariedades no estilo 
de vida, tornam-se, de forma negativa, importantes determinantes para a má 
condição de vida do indivíduo, comprometendo também a saúde do mesmo, 
seja mental e/ou física. 
Segundo consta na Carta de Ottawa (WHO, 1986), um dos três itens primor-
diais ao ser humano é a capacitação. Logo, o sujeito que não se capacita, 
torna-se ignorante e mais vulnerável. Todos tem o direito de se habilitar e 
ampliar suas aptidões, isso faz parte da promoção de saúde.
Figura 19: Processo de Capacitação da Comunidade
Fonte: accgs@uol.com.br > acesso 27 de outubro de 2014.
3.6 Nutrição
No Brasil, estudos antropométricos apontam para a diminuição da taxa de des-
nutrição infantil e o aumento crescente da obesidade entre os adultos. Logo, 
deparamos com uma realidade contraditória, pois ainda somos um país com 
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baixa renda familiar e má distribuição econômica, então nos perguntamos: 
se há obesidade é porque as pessoas estão comendo mais? Sim, entretanto a 
qualidade desses alimentos é que vem causando preocupação, pois a práti-
ca de alimentação saudável além de apresentar custo elevado nem sempre é 
acessível a todos.
Figura 20: Aumento da obesidade em adolescentes
Fonte: http://nuttricoletiva.blogspot.com.br/ > acesso em 27 de outubro de 2014.
Desnutrição é causada pela insuficiência de alimentos, já a obesidade é o con-
sumo excessivo, principalmente dos ricos em gorduras e açúcares. 
Cada vez mais, a ciência atribui o surgimento de doenças crônicas em adultos 
como diabetes, problemas cardiovasculares, à má alimentação. A praticidade 
de alimentos processados e a correria do dia a dia fizeram com que a população 
desenvolvesse um novo perfil epidemiológico nas últimas décadas, como as 
doenças adquiridas de agravos não transmissíveis. Recentemente, após as ele-
vadas estatísticas, é que surgem, ainda de forma lenta, uma nova concepção e 
conceito de alimentação, onde é priorizada a aquisição de estilo de vida mais 
saudável com boa alimentação associada à prática de exercícios. 
[...] acumulam-se evidências de que características qualitativas 
da dieta são igualmente importantes na definição do estado de saú-
de, em particular no que se refere a doenças crônicas da idade adul-
ta. A relação entre consumo de gorduras saturadas, níveis plasmá-
ticos de colesterol e risco de doença coronariana foi das primeiras 
a ser comprovada empiricamente. (MONTEIRO C.A. et.al. 2000). 
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O perfil alimentar de cada família está diretamente relacionado à renda da 
mesma, segundo pesquisa orçamentária familiar – POF, essa pesquisa foi rea-
lizada pela Fundação IBGE, em meados da década de 1990, no Brasil e, per-
mite-nos avaliar a disponibilidade dos alimentos para cada família de acordo 
com os gastos e do custo desses alimentos nos lugares onde são adquiridos 
segundo Monteiro et al. (2000, p. 253).
Figura 21: Comida saudável.
Fonte: http://comidanarede.com.br/comida-saudavel/montar-prato-saudavel/

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