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Geopolítica geral

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Prévia do material em texto

Geopolítica Geral e 
do Brasil
Geografia Política Clássica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Flávio Silva
Revisão Textual:
Profª. Ms. Rosemary Toffoli
5
É importante que você leia todo material teórico com atenção e assista às videoaulas, para 
que possa construir o conhecimento acerca do tema.
Ao final, você encontrará as referências bibliográficas que devem ser utilizadas para que se 
aprofunde no tema, ok?
Lembro, também, que esta disciplina faz parte da grade curricular do seu curso, portanto, 
é importante para seu processo de formação!
 · Esta unidade tem como objetivo de destacar os conceitos inerentes à 
questão, já que tem uma relação direta com o poder de uma nação, 
tanto do ponto de vista de defesa, quanto em relação a questões de 
domínio sobre outros territórios.
Geografia Política Clássica
 · Introdução
 · Geopolítica
 · Mackinder
 · A Geopolítica do Heartland
 · Geopolitik Alemã
6
Unidade: Geografia Política Clássica
Contextualização
Ao nos depararmos com a questão de geopolítica, principalmente quando estudada do 
ponto de vista cronológico, ou seja, de eventos acontecidos numa linha temporal, podemos 
ter momentos de reflexão que nos leve aos seguintes questionamentos: “e se esta, ou aquela 
aliança tivesse agido de forma diferente? Ou, ainda, “e se o país A ou B tivesse ganho a 
guerra? Como estaríamos hoje?”
Nesse sentido, ao estudarmos a Segunda Guerra Mundial e a política de dominação nazista 
de Hitler, levando em conta os estudos do General Haushofer, considerando sua Geopolitik 
alemã, podemos questionar: “o que aconteceria se Hitler tivesse seguido as recomendações 
de Haushofer e aliado-se à União Soviética, ao invés de tentar uma aliança com a Inglaterra, 
durante a Segunda Guerra? E para os soviéticos, teria sido vantajosa essa aliança?
Para que se entenda tais questionamentos, faz-se necessário entender-se o processo 
geopolítico e as relações de poder que um ou outro cenário representaria, ou seja, seria 
interessante aos soviéticos dominarem a “Pan-Ásia”, como defendia o General alemão? Qual 
poderia ou seria a consequência futura provável?
O objetivo da geopolítica é exatamente este: a partir das relações entre nações, nos mais 
diversos períodos, obter-se o entendimento em relação às posturas adotadas ou possíveis, 
considerando suas causas, efeitos e consequências, a fim de se compreender as mais diversas 
relações de interesses que ocorrem no planeta.
7
Geografia Política Clássica
 
Quando nos remetemos ao estudo da Geografia 
Política Clássica, é inevitável e, porque não dizer, 
consensual em relação aos estudiosos da geografia, a 
importância do estudioso alemão Friederich Ratzel 
(1844-1904) e, obviamente, de sua obra.
Ratzel, como é mais comumente conhecido, é tido 
como o fundador da geografia humana, no entanto, 
iniciou sua carreira acadêmica em zoologia, por 
influência da obra de Charles Darwin 1, através de 
Haeckel2 . Paralelamente, com a preocupação pessoal 
sobre os destinos da Alemanha, que avaliava como uma 
“unificação mal concluída”, participava de uma série 
de atividades, na esfera acadêmica, com o objetivo de 
discutir a questão nacional, já que existiam concentrações 
de comunidades alemãs no centro e leste da Europa, ou 
seja, fora do território alemão.
Segundo Ratzel:
“... os Estados são organismos que devem ser concebidos em sua 
íntima conexão com o espaço. Daí a necessária adoção do que 
sugere como “senso geográfico” ou o fundamento geográfico 
do poder político, o qual não deve faltar aos “homens de Estado 
pragmáticos”. (Mello, 1999, p;. 32).
O Estado deveria ter um comportamento similar aos dos seres vivos, obviamente, por 
analogia, ou seja, nascendo, avançando, recuando, estabelecendo relações, entre outros. As 
condições inerentes ao relevo, marítima e/ou fluvial, por exemplo, seriam fatores determinantes 
ao desenvolvimento ou emperramento dos Estados, isto é, estariam intimamente influenciados 
pelas suas próprias condições naturais.
Tal ideia, apesar de parecer determinista, não o era, já que também era defendida a ideia 
de que o desenvolvimento do estado nação e, por consequência de seu povo, estaria atrelada 
a possibilidade e, porque não dizer, à própria capacidade de se ter a condição de transformar 
suas potencialidades em algo efetivo.
Um outro ponto interessante das ideias de Ratzel, estava ligado às formas desiguais de 
desenvolvimento das regiões:
1 Charles Darwin (1809-1882) foi um naturalista e biólogo, que realizou diversos estudos e pesquisas em ilhas e na região costeira 
da Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, tendo sido o responsável pela publicação da Teoria da Evolução das Espécies.
2 Ernst Heinrich Philipp August Haeckel (1834-1919) zoólogo e evolucionista alemão que era um forte defensor do darwinismo e 
que propôs novas noções de descendência evolutiva dos seres humanos.
Figura 1 - Friedrich Ratzel
Fonte: Wikimedia Commons
8
Unidade: Geografia Política Clássica
“... apesar de os sistemas econômicos tenderem à “organicidade”, 
estabeleceu-se, por força do desenvolvimento desigual e da 
diferença entre as regiões, uma relação de “centro-periferia” no 
interior do sistema, o centro sempre se referindo ao “centro do 
poder” (Mello, 1999, p;. 35).
O comércio, principalmente o internacional, trabalhava no sentido de se transformar em 
um mecanismo econômico com a subordinação de povos e de regiões, com uma estrutura de 
circulação que, por sua vez, definiria a “centralidade”.
Ratzel também desenvolveu vários pensamentos ligados à questão Estado-território, bem 
como à ampliação dos espaços dominantes, como forma de desenvolvimento político das 
nações. Para ele, a ampliação do espaço geográfico está ligada ao trabalho dos geógrafos, 
através da cartografia, por exemplo, e dos políticos, no trabalho de consolidação do Estado.
Geopolítica
Quando nos referimos a Geopolítica, devemos tomar cuidado com a confusão conceitual 
que, habitualmente, ocorre. Uma definição bem pontual do termo geopolítica é formulada por 
Wanderley Messias da Costa:
a geopolítica, tal como foi exposta pelos principais teóricos, é antes 
de tudo um subproduto e um reducionismo técnico e pragmático 
da geografia política, na medida em quem se apropria de parte 
de seus postulados gerais, para aplicá-los na análise de situações 
concretas interessando ao jogo de forças estatais projetado no 
espaço. (COSTA, 1992, p.55).
Nesta linha de raciocínio, conclui-se, então, que a geopolítica é resultado de uma base 
teórica mais pobre, do que a geografia política de Ratzel, estudada anteriormente, ou de 
outros autores como Vallaux, Hartshorne, Weigert, entre outros mais.
Outra situação que ocorre com frequência está relacionada à confusão gerada por estudos 
geográfico-políticos que, pela elaboração de suas terminologias, acabam sendo classificados 
como geopolíticos, mas não por erro, mas, sim, por uma situação vocabular cômoda.
Esta situação também pode ser bem latente em conotações ideológicas, utilizadas por muitos 
autores que substituíram, em seus títulos e publicações, vinculados à geografia política, como 
geopolíticos, até mesmo pela proximidade ao nazismo.
Rudolf Kjéllen é tido como o pioneiro na geopolítica, ou seja, na expressão das concepções 
entre o Estado e o território:
9
Concebia a geopolítica como ramo autônomo da ciência Política, 
distinguindo-a da geografia política, para ele um sub-ramo da 
geografia. Tomando de Ratzel a ideia de Estado como organismo 
territorial, o reduz a um organismo de tipo biológico. Para ele: 
“O Estado nasce, cresce, e morre em meio de lutas e conflitos 
biológicos, dominado por duas essências principais (o meio e a 
raça) e três secundárias (a economia, a sociedade e o governo). 
(COSTA, 1992, p. 56).
A ciência de Kjéllen estava relacionada aos impérios centrais da Europa, ou seja, com 
“estados maiores” a quem seria dirigida a geopolítica e, em especial, à Alemanha. Para ele, 
o Estado e o imperialismo são ideiassemelhantes. Para Kjéllen, a realização das análises de 
fenômenos geopolíticos eram ideais aos “estados maiores”, logo, eles deveriam se transformar 
em “academias científicas”.
Mackinder
 
Halford John Mackinder (1861-1947) foi um 
geógrafo político britânico conhecido por seu trabalho 
como educador e por sua concepção geopolítica global 
conhecida como “heartland”, que veremos a seguir.
A teoria do poder terrestre está alicerçada, 
historicamente, em três grandes pilares: o mundo como 
unidade compacta, a casualidade geográfica e a oposição 
terra-mar, que engloba a luta pela supremacia entre o 
poder terrestre e o poder marítimo.
Na época de Mackinder, a expansão das potências 
europeias estava concluída e o ordenamento político 
era constituído pelas então potências europeias: Grã-
Bretanha3, Alemanha, França, Rússia, Itália e o império 
Austro-Húngaro4 , cujo poder ramificava-se por todos 
os continentes, tanto em possessões coloniais, como no 
domínio dos mares.
3 Grã-Bretanha é definida como sendo a ilha onde ficam três países: Inglaterra, País de Gales e Escócia, já o Reino Unido, é um Estado 
formado por quatro países, a saber, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, tendo como chefe de Estado, atualmente, a rainha 
Elizabeth II e um de governo parlamentarista, com um primeiro-ministro eleito por um Parlamento central, em Londres.
4 A Áustria se formou, como grande parte dos países europeus, a partir da expansão geopolítica de seus domínios. A família Habsburgo, 
governava a Áustria, no entanto, com o passar do tempo, a região da Hungria, que também ficava no território dos Habsburgos, começou 
a reivindicar autonomia, tendo sido o país dividido, em 1867, surgindo o Império Austro-Húngaro, sendo uma monarquia com um só rei 
para dois países, que se manteve até 1918. Com a derrota da Áustria na Primeira Guerra, os vários povos que integravam o Império Austro-
Húngaro proclamaram a independência, tendo a Áustria e a Hungria se tornado países definitivamente independentes.
Figura 2 - Halford John Mackinder
Fonte: Wikimedia Commons
10
Unidade: Geografia Política Clássica
Na versão de Mackinder, as ações humanas associadas às questões econômicas e/ou 
geográficas eram associadas a um limite imposto:
“... é o homem e não a natureza quem inicia, mas é a natureza 
quem dirige grande parte.” (Mackinder, 1962).
A história da formação das sociedades humanas estava condicionada pelas características 
geográficas: espaço, relevo, clima e recursos naturais inerentes à sua região. A questão 
física, imposta pelo meio ambiente em que os povos viviam, eram fatores de influência 
em sua própria história, modelando-os e os conduzindo a uma vocação (ou domínio) 
continental ou marítimo.
Os países tido como insulares ou cujas fronteiras fossem, em grande parte, marítimas tinham 
como vocação o desenvolvimento das atividades navais e mercantis, tal como aconteceu com 
povos da antiguidade como cretenses5, fenícios6 e gregos, ou os povos da era moderna, como 
os ingleses, portugueses, espanhóis e holandeses.
Já países que tinham suas fronteiras predominante terrestres eram favorecidos por um 
desenvolvimento continental com forte inclinação ao expansionismo, tal como aconteceu, no 
mundo antigo, com os citas7 , persas8 , germanos9 e mongóis10 ou na era contemporânea, 
com os russos e alemães.
Entre as situações de fronteiras predominante terrestres e predominante marítimas, identifica-
se uma situação intermediária, dotada de fatores geográficos (físicos) os quais impunham 
aos povos uma situação característica híbrida ou anfíbia, que possibilitava o desenvolvimento 
simultâneo, ou alternado, das duas formas de desenvolvimento, tal como aconteceu na 
Antiguidade, com os cartagineses11 e com os romanos; na Idade Média, com bizantinos12 e 
sarracenos13 ; e na Era Contemporânea, com os franceses e norte-americanos.
Baseando-se na questão histórica, Mackinder, com base em questões históricas e geográficas, 
concluiu que, se o poder terrestre desfrutasse simultaneamente de uma sólida base continental 
e uma frente oceânica ampla, tenderia a se transformar em um poder marítimo, através do uso 
dos recursos disponíveis; no entanto, historicamente, não ocorria com frequência o oposto, ou 
seja, a partir de um poder marítimo sólido, considerando-se a sua posição insular, transformar-
se em um poder terrestre.
5 Os cretenses eram habitantes da ilha de Creta, localizada no Mar Mediterrâneo, entre a Grécia, a Ásia Menor e o Egito. 
6 Os fenícios são oriundos dos semitas, povos que saíram do litoral norte do Mar Vermelho e fixaram-se na Palestina, onde atualmente, 
encontra-se o Líbano. 
7 Os citas eram nômades cujo o pastoreio era sua principal atividade, tendo se estabelecido na região da estepe pôntico-cáspia, que, naquele 
tempo era conhecida como Cítia. 
8 Os persas habitaram a atual região do Irã , sendo que em sua maioria, eram oriundos da região da Ásia Central e da Rússia, com 
predominância da agricultura e do pastoreio.
9 Os germanos são considerados uma população indo-europeia, tendo surgido na planície norte da Alemanha e depois migrado para o local 
onde atualmente encontram-se a região Sul da Suécia e a Dinamarca (Escandinávia)
10 Os mongóis tiveram um dos maiores impérios, em extensão linear, já registrados pela história, com o domínio de um terço da população 
total do planeta a época. Abrangia desde a fronteira oeste da Alemanha até a Península Coreana, e desde o Oceano Ártico até a Turquia e 
o Golfo Pérsico, por influência de um guerreiro chamado Temuji, conhecido como Gengis Khan.
11 Os cartagineses tem suas origens vinculadas ao processo de expansão econômica e comercial dos fenícios, na região do norte da 
África.
12 Os bizantinos foram oriundos do Império Romano do Oriente e sua capital era Constantinopla ou Nova Roma
13 Os sarracenos viviam nos desertos da província romana da Arábia Petraea, onde atualmente é parte do Egito, Arábia Saudita, 
Jordânia e Síria, formando uma comunidade totalmente distinta dos árabes.
11
A partir das diversas situações históricas que ocorriam à época, formulou uma tese segundo 
a qual, caso o poder terrestre adicionasse a sua retaguarda continental uma frente oceânica, 
criando um poder anfíbio (terrestre e marítimo), conquistaria as bases do poder marítimo, ou 
seja, era bem mais aceita, por ele, a ideia de que as condições do poder terrestre lançar-se ao 
oceano e realizar conquistas, eram bem mais favoráveis do que ao contrário, ou seja, do poder 
marítimo adentrar a terra e ampliar seus domínios.
A Geopolítica do Heartland
No início do século XX, a ciência geográfica demonstrava a existência dos continentes 
da Europa, Ásia, África, Austrália, América e a Antártida e dos oceanos Atlântico, Pacífico 
e Índico. No entanto, para Mackinder, existia o Great Ocean, ou o Grande Oceano que era 
composto por todas as águas oceânicas existentes no planeta; em relação às porções de terra, 
definia a existência de um grande continente eurásico-africano, abrangendo a Eurásia (Europa 
e Ásia) e África, as quais definia como a World Island, com 85% da população do planeta. 
Em relação aos demais continentes, não contínuos, classificava-os, no caso das Américas do 
Norte e do Sul, como ilhas continentes que, juntamente com a Austrália, gravitavam em torno 
da World Island.
Através destas definições, entre outras, obtêm-se o conceito do Heartland (que pode ser 
traduzido como o Coração da Terra) e que pode ser entendido como:
“... sendo a mais extensa região de planícies de todo o globo 
terrestre. Essa região era quase totalmente isolada do mundo 
exterior, já que seus grandes rios desembocavam nos mares do 
interior da Eurásia ou nas costas geladas do oceano Ártico [...] 
Finalmente a topografia plana de suas estepes meridionais oferecia 
condições ideais à mobilidade dos povos nômade-pastoris da Ásia 
Central. (Mello, 1999, p;. 46).
Fisicamente, a região pode ser entendida como uma fortaleza natural que, por sua vez, seria 
inacessívela qualquer intervenção do poder marítimo, paralelamente com o fortalecimento do 
poder terrestre de quem a dominasse.
Em 1904, Mackinder defendeu a ideia de o controle dos mares não ser mais tido como 
a principal razão de poder das nações marítimas. Além disso, entendia que a supremacia de 
nações dotadas do poder naval estaria chegando ao fim.
E o que isso representava?
Mackinder entendia que, se houvesse uma aliança entre a Alemanha e a Rússia, por 
12
Unidade: Geografia Política Clássica
consequência, haveria um desequilíbrio no poder na eurásia e no mundo, já que a Rússia 
ocupava dimensões continentais que abrangiam desde a Europa Oriental até o Oriente 
Extremo, onde se situava o Heartland, local que possuía minerais estratégicos à potencialidade 
industrial da Alemanha, a época, vitais ao desenvolvimento do poder militar.
Assim, então, o raciocínio de Mackinder era o entendimento de que, quem controlasse a 
Europa Oriental, dominaria a Eurásia, ou Terra Central; quem controlasse a Eurásia, dominaria 
a World Island, ou a Ilha Mundial; e quem controlasse a World Island, dominaria o Mundo.
Figura 3 - Representação da Área do Heartland, segundo Mackinder
Fonte: cairn-int.info
A Geopolítica do Rimland
A teoria desenvolvida por Mackinder teve grande influência geopolítica, principalmente, em 
relação ao governo britânico, que promoveu uma estratégia de isolamento entre a Alemanha 
e a Rússia.
No entanto, outros estudiosos em geopolítica, embasaram-se na teoria de Mackinder para 
formularem outras estratégias, tal como aconteceu com o americano Nicholas John Spykman 
14 (1893 – 1943), que desenvolveu uma estratégia denominada Rimland ou Estratégia da 
Contenção, que foi a base para que fosse desenvolvida a política de segurança dos Estados 
Unidos da América, após 1945. 
14 Nicholas J. Spykman nasceu na Holanda, professor da Universidade de Yale foi um Cientista Político e Geoestrategista de grande 
influência nos EUA. 
13
Segundo Spykman: 
“O Rimland da massa terrestre eurasiática deve ser isto como uma 
região intermediária situada entre o Heartland e os mares marginais. 
Ele funciona como uma vasta zona amortizadora no conflito entre 
o poder marítimo e o poder terrestre. Com vistas para ambas as 
direções, ele tem uma função anfíbia e deve defender-se em terra 
e no mar. No passado, ele teve de lutar contra o poder terrestre 
do Heartland e contra o poder marítimo das ilhas costeiras da Grã-
Bretanha e do Japão. É na sua natureza anfíbia que está a base de 
seus problemas de segurança”. (Mello, 1999, p. 122).
O raciocínio do Rimland compreendia uma situação de que, os Estados Unidos da América 
deveriam defender sua soberania e, para isso, deveria ser contida qualquer expansão da União 
das Repúblicas Socialistas Soviéticas para a periferia da eurásia, tanto por terra, quanto pelo 
mar, já que essa expansão, se ocorresse, significaria o controle da eurásia e, portanto, a 
possibilidade do controle do mundo. 
Figura 4 - Heatland e Rimland
Fonte: aphug.wikispaces.com
 
14
Unidade: Geografia Política Clássica
Geopolitik Alemã
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o III Reich (alemão), utilizou-se de uma 
doutrina que justificasse a expansão territorial nacional socialista. Para isso, criou uma “ideologia 
geográfica”: a Geopolitik alemã, que, segundo Mello15, é um subproduto espúrio e ilegítimo da 
geopolítica.
Quando os nazistas dominavam quase todo o continente europeu, no início da Segunda 
Guerra, levantou-se a tese, a partir de várias publicações, de que o general geógrafo alemão G 
havia colaborado para a redação do Mein Kampf16, por intermédio de Rudolf Hess17, e, ainda, 
seria o mentor intelectual de muitas das decisões tomadas por Hitler:
“Haushofer e seu Instituto de Munique com seus mil cientistas, 
técnicos e espiões são quase desconhecidos do público, e até 
mesmo do III Reich. Porém, suas ideias, cartas geográficas, 
mapas, estatísticas, informação e planos, ditaram os movimentos 
de Hitler desde o começo [...]. O Instituto Haushofer não é mero 
instrumento a serviço de Hitler. É exatamente o contrário. O Dr. 
Haushofer e seus homens, dominam o pensamento de Hitler.” 
(Mello, 1999, p. 76).
Figura 5 – Karl Haushofer (esquerda) e Rudolf Hess (direita)
Fonte: Friedrich V. Hauser (d. 1921)/Wikimedia Commons
15 Mello, Leonel Itaussu Almeida, professor associado do Departamento de Ciência Política da USP e mestre em Sociologia Política pela PUC-
SP.
16 Mein Kampf: (Minha Luta) é uma obra escrita por Adolf Hitler, líder nazista, que combina sua ideologia política e elementos 
autobiográficos.
17 Rudolf Hess, foi discípulo de Haushofer e secretário de Adolf Hitler.
15
Haushofer reconheceu, de forma pública, em diversas ocasiões, seu débito intelectual 
com Mackinder. Como já foi mencionado, Mackinder elaborou suas concepções do mundo 
a partir de uma ótica da Grã-Bretanha, em que a segurança e a hegemonia britânica 
pudessem ser ameaçadas por parte de uma possível aliança da URSS18 com a Alemanha. 
Haushofer, no entanto, estudou os preceitos geopolíticos de Mackinder, porque não dizer, 
seu mentor, e os adaptou a uma perspectiva alemã, ou seja, uma aliança com a URSS era, 
exatamente, o que precisava ser feito para vencer a Grã-Bretanha e inserir a Alemanha 
como a potência dominadora da Europa.
O general geógrafo entendia que a URSS deveria ser tida como um aliado político, pois 
seria de grande valia a uma interligação entre os povos asiáticos e os alemães e que, o inimigo 
comum a todos, era o poder naval britânico. Haushofer, opunha-se a uma guerra com os 
russos, pois tinha ciência de que dominar a URSS esbarraria nas grandes dimensões daquele 
país. Além disso, também observou o fracasso de Napoleão Bonaparte19 , que perdeu milhares 
de soldados em uma tentativa de invasão à Rússia no século XIX.
O “haushoferismo” tinha como premissa uma aliança da Alemanha com a URSS e o Japão. 
Desta aliança, seriam construídos quatro grandes poderes de domínio e, por consequência, 
quatro áreas denominadas pan-regiões:
• Euroáfrica: englobaria a Europa, África e o Oriente Médio e seria submetida à 
Alemanha;
• Pan-Ásia: englobaria a China, Coréia, Sudeste Asiático e Oceania e seria submetida ao Japão;
• Pan-Rússia: englobaria a Rússia, Irã e Índia e seria submetida à URSS; e,
• Pan-América: englobaria o continente americano, que seria dominado pelos EUA.
A aliança russo-germânico-japonesa, defendida por Haushofer, compor-se-ia de em um 
grande bloco transcontinental, com um grande poder nas áreas militares, econômica e 
demográfica que, por sua vez, colocaria em xeque a hegemonia da Grã-Bretanha.
Figura 6 - O mundo segundo Haushofer 
Fonte: inteligenciaeconomica.com.pt
18 URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviética, criada em 1922, representava o bloco comunista no mundo e combateu a 
polaridade capitalista até seu fim em 1991.
19 Napoleão Bonaparte (1769- 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Através das 
guerras, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.
16
Unidade: Geografia Política Clássica
Hitler, no entanto, não conhecia ou, pelo menos parecia não conhecer, as ideias disseminadas 
por Mackinder e entendia que a Alemanha deveria reconhecer a supremacia naval da Grã-
Bretanha, em troca da reconhecimento da hegemonia alemã no continente, pelos britânicos, 
ou seja, a Grã-Bretanha seria uma potência marítima e a Alemanha uma potência continental.
Ambos tinham como inimigo a França; assim sendo, a Alemanha deveria aniquilar a França 
e, posteriormente, dirigir-se-ia ao Leste, a fim de realizar a conquista de Europa Oriental, ou 
seja, o Leste Europeu, com o intuito de construir o Reich de mil aos da raça ariana.
Em maio de 1941, Rudolf Hess, vice-Füher de Hitler e discípulo de Haushofer, teria se 
dirigido à Escócia para propor uma cruzada contra o comunismo, ou seja, contra a URSS. Tal 
situação não teria sido aceita pela Grã-Bretanha,já que tal situação resultaria no reconhecimento 
da supremacia Alemã no Leste Europeu. Este fato, especificamente, é motivo de controvérsia 
entre os pesquisadores até hoje, já que nunca foi claramente esclarecido.
17
Material Complementar
Site:
Para a ampliação do conteúdo desta unidade, recomento a leitura do texto “Da Geopolítica 
clássica à Geopolítica crítica”, cujo objetivo é mostrar as mudanças que a geopolítica 
enfrentou nas últimas décadas, considerando os interesses dos diversos atores (ou do 
próprio fundamento da geopolítica) levando em conta as respectivas abordagens teóricas.
Pode ser encontrado no portal âmbito jurídico, no endereço abaixo:
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9954
 
18
Unidade: Geografia Política Clássica
Referências
Charles Darwin. Disponível em Toda Biologia. Site: http://www.todabiologia.com/
pesquisadores/charles_darwin.htm. Acesso em 27/10/2014.
COSTA, Wanderley Messias da. Geografia Política e Geopolítica: Discurso sobre o 
Território e o Poder. São Paulo: Hucitec; Edusp, 1992.
Ernst Heinrich Philipp August Haeckel . Disponível em Encyclopaedia Britannica. Site: http://
www.britannica.com/EBchecked/topic/251305/Ernst-Haeckel. Acesso em 27/10/2014.
Halford John Mackinder. Diponível em perspectivesonafrica. Site: http://perspectivesonafrica.
files.wordpress.com/2011/05/halford_mackinder.jpg. Acesso em 27/10/2014
Heartland e Rimland. Disponível em: http://infomapsplus.blogspot.com.br/2014/07/
geostrategy-what-is-heartland.html. Acesso em 28/10/2014.
Heartland. Cairn Info International Edition. Disponível em: http://www.cairn-int.info/loadimg.
php?FILE=E_HER/E_HER_142/E_HER_142_0012/fullE_HER_142_0012_img002.jpg. 
Acesso em 28/10/2014.
Mackinder, Haldford John. “The Geographical Pivot Of History”. In: Democratic Ideals 
ad Reality (with additional papers). New York: The Norton Library, 1962, p. 243.
Mello, Leonel Itaussu Almeida. Quem tem medo da geopolítica? São Paulo: Hacitec; Edusp, 
1999.
O mundo segundo Haushofer. Fonte: Inteligência Econômica. Disponível em: http://
inteligenciaeconomica.com.pt/wp-content/uploads/2014/02/The-Karl-Haushofers-World-
1024x713.jpg. Acesso em: 28/10/2014
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Anotações
Geopolítica Geral e 
do Brasil
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Flávio Silva
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
O mundo bipolar e a Guerra Fria
5
• Uma rivalidade histórica
• O mundo bipolar
• A Guerra Fria
 · Nesta unidade, analisaremos a trajetória geopolítica ocorrida após a 
Segunda Guerra Mundial, o mundo bipolar e a Guerra Fria, que por quase 
cinco décadas promoveu a propagação de ideologias antagônicas.
Esta unidade de Geopolítica tem o objetivo de destacar as diferenças ideológicas das 
duas grandes superpotências que influenciaram, nas esferas política, militar e econômica, 
seus respectivos aliados, durante quase cinco décadas, envolvendo os processos de criação, 
ascensão e queda dessa bipolaridade.
É importante que você leia todo o material teórico com atenção e assista às videoaulas, para 
que possa construir conhecimentos acerca do tema.
Ao final, as referências bibliográficas poderão ser utilizadas, caso queira, para que você se 
aprofunde no assunto.
Lembre-se também de que esta disciplina faz parte da grade curricular do seu curso; portanto, 
é importante ao seu processo de formação.
O mundo bipolar e a Guerra Fria
6
Unidade: O mundo bipolar e a Guerra Fria
Contextualização
Entre 1945 e 1989, existiu entre os Estados Unidos (capitalista) e a União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas (socialista) um conflito permanente, que não chegou, contudo, a se 
transformar em um confronto armado direto. Foi provocado pelas ideologias entre os dois 
países e recebeu a denominação de Guerra Fria. Alcançou maior repercussão na Europa, 
sobretudo da Alemanha, onde foi construído um de seus maiores símbolos: o Muro de Berlim. 
Construído em 1961 pelo governo da Alemanha Oriental, tinha como objetivo conter o 
grande fluxo migratório de Berlim Oriental para Berlim Ocidental, que experimentava certa 
prosperidade econômica, tendo durado até o ano de 1989, quando a República Democrática 
Alemã (Oriental), por pressão popular, foi obrigada a abrir as fronteiras de Berlim Oriental, o 
que provocou uma migração em massa de seus habitantes para Berlim Ocidental e também a 
derrubada do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989.
A grande reflexão que se pode aprofundar nessa questão é: por qual motivo isso aconteceu? 
Que situações na história soviética levaram ao caos e ao próprio fim de sua ideologia? 
O Muro de Berlim é a própria divisão da alusão de duas ideologias, de dois mundos: o 
capitalista e o socialista. Durante sua história, cidadãos alemães tentaram transpassá-lo do 
lado oriental para o ocidental, tal como acontecia em diversas outras situações - por exemplo, 
em jogos olímpicos, era comum ser solicitado asilo político por algum atleta de país socialista.
O contexto da Guerra Fria pode denotar os reflexos do comportamento geopolítico entre 
nações, até mesmo quando não é considerada a ideologia, já que, em muitos casos, as 
divergências geopolíticas ocorrem, até mesmo, em nações com similaridade ideológica.
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Uma rivalidade histórica
Para que entendamos a rivalidade entre os EUA (Estados Unidos da América) e a ex-URSS 
(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), deveremos compreender que a competição entre 
estes dois grandes impérios teve abrangência mundial, e por questões, inclusive, históricas.
Brzezinski1 utiliza-se dos conceitos de Mackinder, no que tange às sucessões das potências 
navais e terrestres, em seu pensamento:
Embora o conflito envolvesse novos participantes, ele era ainda 
o legado do velho, quase tradicional e certamente geopolítico, 
choque entre uma potência oceânica e uma potência continental. 
Os Estados Unidos, nesse sentido, são os sucessores da Grã-
Bretanha (e, anteriormente, da Espanha e Holanda) e a União 
Soviética, da Alemanha nazista (e, anteriormente, do Império 
Alemão e da França napoleônica). Os Estados Unidos projetam 
seu poder através da exploração das rotas oceânicas acessíveis, de 
modo a estabelecer enclaves transoceânicos de influência política 
e econômica. Um poder terrestre busca a dominação continental 
como um ponto de partida para desafiar a hegemonia do intruso 
transoceânico. (BRZEZINSKI, s.d., p.20.)
Quando estudamos mais a fundo o conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética, 
passamos e entender que não se tratava de uma luta geopolítica simplesmente pelo domínio 
territorial, mas sim de dois sistemas ideológicos que, por sua vez, eram dotados de relações 
políticas, econômicas e militares, originadas a partir de um respectivo centro de poder e 
irradiadas a vários países.
Suas ideologias eram, pelos Estados Unidos, o capitalismo, e pela União Soviética, o 
socialismo. No meio acadêmico, essa situação é conhecida como “Ordem Mundial Bipolar” e 
durou desde, praticamente, o final da Segunda Guerra Mundial, até o final da década de 1980.
O mundo bipolar
O confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética é conhecido como “Guerra 
Fria”, pois não se tratou de um confronto militar direto, mas sim de uma guerra ideológica 
que envolveu diversos atores (países), que, por sua vez, envolveram-se ideologicamente e/ou 
militarmente. Essa situação não foi passageira, já que perdurou por quase meio século.
1 Zbigniew Brzezinski: cientista político, tendo ocupado durante a administração do Presidente dos EUA Jimmy Carter (1977-1981) posições 
como Assessor de Segurança Nacional e diretor do Conselho de Segurança Nacional.
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Unidade: O mundo bipolar e a Guerra Fria
A URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
A União Soviética pode ser identificada como uma região terrestre que se estendeu desde 
o rio Elba, na Europa Central, até o Rio Amur, no Extremo Oriente, com pontos que também 
abrangiam desde o mediterrâneoaos mares gelados ao Norte.
Figura 1 - URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas2
Fonte: monolitonimbus.com.br
Foi constituída pelo povo russo, em sua maioria, e controlava, de forma direta, outros 
Estados localizados na Europa Oriental, além da Mongólia e do Afeganistão. Outros Estados, 
sem uma continuidade territorial, também sofriam forte influência e controle, como Cuba, 
Angola, Etiópia, Vietnã e Iêmen do Sul.
O Estado Russo, ao longo da história, sempre demonstrou uma tendência de expansão, 
sendo que, após a Segunda Guerra Mundial, a determinação da União Soviética em se expandir 
colidiu frontalmente com os interesses norte-americanos e seu poderio marítimo.
O bloco socialista iniciou-se com a Revolução Russa, por Vladimir Lênin, no ano de 1917. Em 
1922, houve a anexação de vários territórios, passando então a existir a União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas. O socialismo passou a ser um antagonismo ao capitalismo, até então dominante 
no mundo da época, que, por consequência, reagiu a essa, então, nova ideologia.
Os EUA – Estados Unidos da América
Nos séculos anteriores, os EUA realizaram uma expansão de seu território pela América do 
Norte e, por que não dizer, de forma semelhante à dos Russos na Europa e na Ásia, através 
da Marcha para Oeste, que expandiu as fronteiras norte-americanas até a região do Oceano 
Pacífico. Com a política do Big Stick e a doutrina do Destino Manifesto, os americanos, 
então, expandiram-se pela América Central, Filipinas, Havaí e Caribe.
2 Fonte: http://www.monolitonimbus.com.br/wp-content/uploads/2013/11/mapaURSS.jpg. (Adaptado). Acesso em: 03 nov. 2014.
9
Você sabia?
O Big Stick era uma ideologia, e a expressão, traduzida para o português, significa 
“grande porrete”.
O termo é originário da região da África Ocidental e tem como conotação um 
provérbio que dizia: “Fale com suavidade e carregue um grande porrete; assim 
irás longe”. Era a política externa do Presidente norte-americano Roosevelt 
(1901-1909), que sempre procurava manter um clima de cordialidade em suas 
negociações. No entanto, evidenciava ser possível usar a força, a fim de conseguir 
realizar seus objetivos e se sobrepor a seus opositores.
Diferentemente dos soviéticos, os norte-americanos se interligaram com outras nações 
através de questões econômicas, políticas ou militares, já que, geograficamente, seus 
principais aliados estão separados fisicamente por oceanos, como ocorre com a Europa 
Ocidental, Coreia do Sul e Japão, e também com os países tidos como “clientes”, como 
Israel, Egito, Paquistão, Filipinas e Tailândia.
Figura 2 - EUA - Estados Unidos da América3
Fonte: geografia.seed.pr.gov.br
A doutrina do “Destino Manifesto” pregava a ideia de que os EUA deveriam comandar 
o mundo através da expansão geopolítica, por serem eleitos por Deus e, portanto, 
representantes da expressão da vontade divina.
Essa ideia de domínio, naturalmente, estava alinhada também em relação à América 
Latina, já que, fisicamente, está localizada no mesmo continente e não teria qualquer 
capacidade de dominar outros povos.
Essa propaganda política pregava o ideal norte-americano de superioridade e progresso, 
objetivando aos outros países que adotassem a ideologia americana e abandonassem seus 
próprios ideais.
3 Fonte:http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/182densidadedemografiacaeua.jpg. (Adaptado). Acesso em: 04 nov. 2014.
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Unidade: O mundo bipolar e a Guerra Fria
A Ideologia Capitalista x Socialista
Quando se remete ao estudo da bipolaridade entre EUA e URSS, não há como se evitar 
uma de suas principais disputas: a ideologia econômica. 
A economia de mercado, assim, depende da lei da oferta e da 
procura e de uma sociedade de classes bem diferenciadas: os que 
vivem dos lucros, isto é, do capital, e os que vivem do seu trabalho, 
ou seja, dos salários. A economia planificada, por sua vez, abole o 
mercado de capitais (isto é, compra e venda de ações) e o mercado 
de trabalho (ou seja, a oferta e a procura de emprego, a liberdade 
do trabalhador de trocar de serviço por conta própria ou a liberdade 
das empresas demitirem). (VESENTINI, 1995, p. 11.)
No caso dos EUA, a economia de mercado, definida como capitalismo, tinha como premissa 
as decisões descentralizadas por parte do meio empresarial, já que cada empresa define, de 
acordo com suas necessidades ou objetivos, quanto será investido e/ou produzido, com que 
quantidade de mão de obra, etc. 
No caso da URSS, a economia era planificada, conhecida como socialismo, na qual, ao 
contrário do capitalismo, as decisões são centralizadas pelo Estado, detentor do poder, através 
de planos, tanto dos meios de produção, quanto em relação aos preços a serem praticados.
Como já foi dito, tratavam-se de duas ideologias, que, por consequência, são dotadas de 
fatos positivos e negativos. Vejamos alguns pontos.
Na ideologia capitalista, através da economia de mercado ou da própria propriedade 
privada, todos têm a possibilidade de “subir na vida”, ser um profissional liberal ou empresário. 
A classe empresarial e os investidores têm a liberdade das decisões sobre o que, como e onde 
produzir, e os trabalhadores, que também são consumidores, a liberdade de escolha, quer 
seja em relação ao seu trabalho, quer seja em relação ao que irão consumir. Um ponto, no 
entanto, que há de ser considerado, é que todos os aspectos citados não são uniformes, ou 
seja, não são todas as pessoas ou, ainda, todos os países que têm as mesmas facilidades ou 
oportunidades, e o lucro oriundo das empresas é destinado a uma minoria.
Já a ideologia socialista tinha como premissa a propriedade coletiva ou social, uma base 
salarial nivelada, fortalecendo a ideia do interesse coletivo frente ao interesse particular, que 
deveria ser mantido pela atuação do Estado através da economia planificada. Tal situação, no 
entanto, levou à adoção de estatísticas que não condiziam com a realidade, tanto na indústria, 
como na região rural dos campos de cultivo. A prosperidade social, que supostamente atingia 
a todos, não considerava uma classe dominante minoritária, dotada de regalias. Os interesses 
coletivos não eram manifestados de maneira clara, já que qualquer tipo de assembleia, por 
exemplo, era duramente reprimido.
A bipolaridade entre EUA e URSS, no período da Guerra Fria, fez com que houvesse 
várias formas de abordagem, a fim de se identificar e se permitir análises específicas a 
partir de um parâmetro - no caso, o desenvolvimento. Tal situação levou à “divisão” entre 
Primeiro Mundo, que eram os países capitalistas alinhados com os EUA; Segundo Mundo, 
composto pelos países socialistas alinhados com a URSS; e Terceiro Mundo, tido como os 
países “não alinhados”.
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Planos de Ajuda Econômica
Com o fim da Segunda Guerra, muitos países, destruídos, necessitavam de ajuda financeira 
a fim de se reconstruírem. Nesse cenário, os EUA, através de seu secretário de Estado, George 
Marshall, elaboraram e colocaram em execução, em 1947, um plano de ajuda econômica, 
a fim de que os países capitalistas pudessem ser reconstruídos. Esse plano de empréstimos 
financeiros denominou-se Plano Marshall, que, por sua vez, no contexto da Guerra Fria, 
fortaleceu a hegemonia dos EUA.
Os principais objetivos do Plano Marshall eram: a reconstrução dos países capitalistas 
que haviam sido destruídos durante a Segunda Guerra; a reorganização e a recuperação das 
economias dos países capitalistas e, consequentemente, o aumento de seu vínculo com os 
EUA; e a contenção do avanço do socialismo presente no Leste Europeu.
O Plano Marshall possibilitou nas décadas de 1950 e de 1960, com total êxito, a recuperação 
das economias de grande parte dos países beneficiados, e aos EUA promoveu o aumento de 
suas exportações para a Europa Ocidental.
Em contrapartida, a URSS também elaborou um plano econômico em 1949, o Comecon 
(Conselho de Ajuda Econômica Mútua), tendo como objetivo o desenvolvimento das economias 
dos países do blocosocialista, através de uma integração planificada e por meio da divisão 
socialista do trabalho. Nesse contexto, cada país membro se especializou em um segmento 
específico da economia, a partir da análise de seus recursos naturais e tecnologia. Tal situação 
fazia com que esses países fossem dependentes da economia soviética, impedindo-os de se 
desenvolverem unilateralmente.
Figura 3 - Mundo bipolar4
 
4 Fonte:http://3.bp.blogspot.com/RzyPIPhjMt8/TmgnDvGUipI/AAAAAAAACgo/JvU1_jcHsqs/s1600/350px-Communist_countries.PNG. Acesso em: 04 nov. 2014.
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Unidade: O mundo bipolar e a Guerra Fria
A Guerra Fria
O conceito de Guerra Fria, para alguns autores, se dá como um prolongamento da Segunda 
Guerra Mundial, no entanto sem os conflitos militares diretos entre os EUA e a URSS.
Essa “guerra”, por assim dizer, foi travada no campo político-militar, econômico, diplomático, 
cultural e, principalmente, ideológico. 
Se por um lado, os EUA se autodenominavam guardiões do mundo livre e democrático 
e definiam a URSS como sendo dotada de uma sociedade autoritária e fechada, por outro, 
a URSS se autodefinia como a guardiã dos ideais igualitários e socialistas e do progresso 
da humanidade, com a missão de combater o imperialismo capitalista liderado pelos EUA, 
representantes do atraso.
Apesar de não ter havido um combate direto, a Guerra Fria propiciou um cenário do 
domínio internacional, como ocorreu com a Europa Ocidental em relação aos EUA ou com a 
Europa Oriental em relação à URSS. No que diz respeito ao dito Terceiro Mundo, as disputas 
pelas regiões eram intensas.
Uma dessas disputas ocorreu entre 1961 e 1975 no Vietnã, com a luta dos soldados norte-
americanos contra guerrilheiros vietnamitas que possuíam armamentos soviéticos modernos na 
época, ou, ainda, em relação ao Afeganistão, entre 1980 a 1989, em que soldados soviéticos 
combateram guerrilheiros afegãos com poderosos armamentos norte-americanos.
A Coreia também foi palco de um conflito armado entre os anos de 1951 e 1953. Com 
a Revolução Maoista, que ocorreu na China, a Coreia sofreu pressões para adotar o sistema 
socialista em todo seu território; no entanto, houve resistência por parte da região sul da 
Coreia, tendo havido apoio militar dos EUA, que possibilitou sua resistência durante uma 
guerra que durou por dois anos e terminou, em 1953, com a divisão da Coreia no paralelo 
38. Resultado: a Coreia do Norte, socialista, ficou sob influência soviética, e a Coreia do Sul, 
capitalista, sob influência norte-americana.
A América Latina também foi alvo da Guerra Fria, com o fortalecimento das ditaduras. 
Em 1950, os EUA implementaram a Doutrina de Segurança Nacional, a fim de combater 
o que definiam como “perigo vermelho” (alusão à URSS), dentro e fora do território norte-
americano. Outro programa implementado foi a Aliança para o Progresso, no qual se buscava 
a melhoria dos índices socioeconômicos regionais.
A URSS, por sua vez, deu subsídios à Revolução Cubana com a ascensão e manutenção 
do governo de Fidel Castro. Tal situação permitiu que grupos tidos como de esquerda, 
simpatizantes ao comunismo, aparecessem em diversos pontos da América Latina, até mesmo 
como guerrilhas. Em contrapartida, forças conservadoras de direita, nos anos entre 1960 e 
1970, promoveram a ascensão de sucessivos golpes militares e suas respectivas ditaduras.
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Alianças Militares - Otan / Nato x Pacto de Varsóvia
Durante a Guerra Fria, foram constituídas duas grandes alianças militares, que foram 
as principais durante as décadas: a OTAN (NATO em inglês), Organização do Tratado do 
Atlântico Norte, criada em 1949, tendo os EUA como líder, e o Pacto de Varsóvia, também 
conhecido como Tratado de Varsóvia, criado em 1955, tendo a URSS à frente.
Com a criação da OTAN5 , os EUA consolidaram sua hegemonia sobre a Europa Ocidental. 
A aliança do Atlântico Norte tinha como objetivo a “defesa das instituições do mundo livre” e 
dos países membros contra a expansão do bloco socialista.
Já o Pacto de Varsóvia6 tinha por objetivo a ajuda militar mútua, no caso de haver agressão, e a 
colaboração política, consolidando, assim, a hegemonia da União Soviética sobre a Europa Oriental.
O Pacto de Varsóvia foi extinto em 1991 com o fim da URSS. Já a OTAN, com o fim da URSS 
e do Pacto de Varsóvia, e portanto da ameaça comunista, passou a ter um novo papel no cenário 
mundial, a partir de uma proposta norte-americana com apoio da Inglaterra, na defesa do capitalismo 
e de seus países membros, em relação a questões de tensão no Oriente Médio, radicalismo islâmico, 
narcotráfico e instabilidades políticas e militares no Leste Europeu.
Em paralelo à formação militar, a Guerra Fria também intensificou outras disputas, como a 
disputa espacial, com a criação da NASA pelos EUA em 1958 e da Lunik pela URSS, que foi 
a pioneira na corrida espacial.
O primeiro satélite artificial colocado em órbita foi o Sputinik I, em 1957, pelos 
soviéticos. Em 1959, o Sputinik II levou ao espaço a cadela Laika, o primeiro ser vivo 
a sair da Terra. E o primeiro homem a viajar no espaço foi o soviético Yuri Gagárin, 
em 1961, na nave Vostok I.
Em julho de 1969, o norte-americano Neil Armstrong, comandante da nave Apollo 11, 
tornou-se o primeiro homem a pisar na Lua.
Outra disputa que se consolidou com a Guerra Fria foi a corrida armamentista, com o 
ingresso do mundo na era nuclear, por meio da construção de ogivas nucleares. Outros tipos 
de armamento também se consolidaram durante esse período, como agentes químicos e 
biológicos, além de mísseis teleguiados de alta velocidade, com capacidade de sobrepor o 
limite continental. Na década de 1970, cientistas estimavam que apenas 10% do armamento 
em poder das superpotências (como eram conhecidos os EUA e a URSS) seriam capazes de 
extinguir toda a vida na Terra.
Com o fim da URSS em 1991, os armamentos nucleares pertencentes aos soviéticos foram 
divididos, além da Rússia, com países como a Ucrânia, Casaquistão e Bielo-Rússia, e devido à 
grande crise econômica que se instalou nos antigos países socialistas, surgiu um novo risco: a 
venda de armamentos nucleares a países do terceiro mundo.
5 Os países que participaram da fundação da OTAN em 1949 foram: EUA; Alemanha Ocidental; Grã-Bretanha; Canadá; Dinamarca; 
Portugal; Espanha; Turquia; Grécia; Holanda; Itália; Luxemburgo; Islândia; Noruega; França; e Bélgica; este último, local da sede.
6 Os países que participaram da criação do Pacto de Varsóvia foram: URSS; Países do Leste Europeu (exceto a Iugoslávia); Albânia, que se 
retirou posteriormente; e teve sua sede em Varsóvia, na Polônia.
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Unidade: O mundo bipolar e a Guerra Fria
A Guerra Fria chega ao fim
Em 1985, Konstantin Tchernenko, então líder da URSS, após governar por 11 meses, veio a 
falecer. Posteriormente, soube-se que apesar da saúde frágil, ele havia sido indicado pelo Partido 
Comunista a fim de que se conseguisse adiar por algum tempo a questão sucessória, já que havia dois 
grupos em disputa, os quais deveriam chegar a um acordo. Um dos grupos era composto pelos 
herdeiros políticos de Brejnev (anterior a Tchernenko), que não queriam saber de qualquer tipo de 
reforma. O outro grupo, ao qual pertencia Mikhail Sergueievitch Gorbachev, era composto pela ala 
mais jovem do partido e tinha como pretensão levar adiante as mudanças políticas e econômicas no 
país, tendo sido o vencedor à sucessão da liderança soviética.
Mikhail Gorbatchev, como foi conhecido, assumiu a 
Secretaria geral do Partido Comunista Soviético em março de 
1985, aos 54 anos, tendo demonstrado sempre uma habilidade 
diplomática incomum, e quando assumiu o poder já era bem 
conhecido pelos meios políticos do Ocidente.
Em agosto de 1985, Gorbachev determinou a suspensão 
dos testes nucleares subterrâneos, declarando o que se pode 
definir como sendo uma moratória nuclear unilateral, tendo sido 
motivo de desconfiança pelos mais céticos, já que entenderam 
que poderia ser uma estratégia de marketing soviético. 
No 27º Congressodo Partido Comunista, ocorrido 
em fevereiro de 1986, expôs um audacioso programa de 
reformas políticas e econômicas. Gorbachev queria acabar 
com a corrida armamentista e promover o estabelecimento 
de um projeto de colaboração entre as nações. Em paralelo, 
na esfera econômica, tinha como meta a revitalização dos 
setores de produção, que se encontravam estagnados desde 
a época de Leonid Brejnev7 .
Gorbachev implementou as reformas definidas como Glasnost (transparência, em russo), que 
consistia em uma nova relação entre o poder e a sociedade, a fim de que os problemas fossem 
discutidos abertamente pela população; e Perestroika (reconstrução, em russo), que englobava a 
reformulação da economia soviética. Gorbachev se mostrava defensor do estatismo socialista e do 
igualitarismo econômico, afirmando, no entanto, que seria bem-vinda a iniciativa empreendedora 
de cada cidadão, ou seja, o Estado não deveria agir como um obstáculo para o progresso individual. 
Eram propostas tidas como muito avançadas dentro da própria União Soviética. 
Em abril de 1986, houve vazamento na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em que 
foi liberada nuvem radiativa que contaminou diversas regiões da URSS e da Europa. A Suécia, 
tendo detectado o aumento dos níveis de radiação, indagou por informações ao governo 
soviético, que em um primeiro momento se mostrou relutante em se manifestar. No entanto, 
de forma surpreendente, o governo de Moscou admitiu a responsabilidade pelo acidente e 
passou a tratar do assunto com uma abertura sem precedentes. 
7 Leonid Brejnev (1906-1982) foi Secretário geral do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) e presidente da URSS.
Figura 4 - Raissa Gorbachev e Mikhail Gorbachev
Fonte: Wikimedia Commons
15
Outro fato que demonstrou a mudança de comportamento do governo soviético foi a 
libertação do físico Andrei Sakharov em dezembro de 1986, confinado por quase sete anos 
por ordem de Brejnev, em decorrência de sua luta pelos direitos humanos e por suas críticas 
à invasão do Afeganistão.
Em maio de 1988, o presidente dos EUA, Ronald Reagan, visitou Moscou, demonstrando 
uma nova etapa no relacionamento EUA X URSS, que já demonstravam a evolução de 
importantes acordos sobre desarmamento.
A economia do país não ia bem, já que funcionários públicos procuravam fortuna fácil no 
mercado negro, tirando mercadorias de circulação para revendê-las a preços mais altos. 
Em maio de 1989, Gorbachev visita Pequim. Esse fato promoveu o movimento dos jovens 
pela democratização da China, resultando no massacre da Praça da Paz Celestial.
O Fim da URSS
Em outubro de 1989, na Alemanha Oriental, Gorbachev advertiu o líder alemão comunista 
Erich Honecker que a URSS não toleraria uma repressão violenta ao movimento pela 
democracia naquele país. A visita de Gorbachev à capital do país fortaleceu o movimento 
popular alemão, que resultaria, em novembro de 1989, na queda do Muro de Berlim, a qual 
representou o fim do socialismo na Alemanha Oriental, tida como a nação mais rica, próspera 
e politicamente fechada da Europa Oriental. Em um curto período de tempo, o processo se 
alastrou por todos os países do bloco socialista. 
Um dos episódios mais violentos ocorreu na Romênia, em dezembro de 1989, quando 
mais de 10 mil pessoas morreram, pela atuação da Securitate8 , na luta pelo fim da ditadura 
do presidente Ceausescu. Tal situação se tornou insustentável, tendo o Exército romeno se 
voltado contra o governo, e após um julgamento sumário, executou Ceausescu e sua mulher 
Elena, em dezembro de 1989.
Em paralelo aos acontecimentos na Europa Oriental, deixava de existir também o Pacto de Varsóvia.
Ao final de 1989, Gorbatchev reuniu-se com o presidente norte-americano George H. W. 
Bush9 na ilha de Malta, em um encontro que é entendido por historiadores como sendo o que 
se convencionou chamar de Nova Ordem Mundial, marcada pela existência de apenas uma 
única superpotência, já que o bloco socialista estava em ruínas.
O último Congresso do Partido Comunista Soviético foi realizado em 1990. Nesse 
congresso, o recém-eleito presidente da Rússia, Bóris Ieltsin10 , rompeu definitivamente com 
o comunismo. Além disso, o Partido Comunista determinou o fim da política conciliatória de 
Gorbachev, mostrando claramente que suas divergências haviam se aprofundado.
No dia 8 de dezembro de 1991, Bóris Ieltsin proclamou a independência da Rússia e 
a formação da Comunidade dos Estados Independentes, integrada pela Bielo-Rússia e pela 
Ucrânia. As demais repúblicas, exceto as bálticas (Letônia, Estônia e Lituânia), foram ratificando 
a decisão e levando ao fim a URSS.
8 Securitate era a polícia política do ditador Nicolae Ceausescu (1918-1989) da Romênia.
9 George Herbert Walker Bush (1924-) foi o 41º Presidente dos Estados Unidos (1989–1993)
10 Boris Nikolayevich Yeltsin (1931-2007) foi presidente da Federação Russa entre 1991 e 1997.
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Unidade: O mundo bipolar e a Guerra Fria
Gorbachev renunciou no dia 25 de dezembro de 1991, após 6 anos e 9 meses à frente do 
governo, já que não concordava com a forma como se estabeleceu o fim da URSS, tendo sido 
o responsável pela condução a uma nova ordem mundial global.
Com o fim do militarismo e da política da Guerra Fria, o jogo geopolítico deixou de estar 
diretamente relacionado ao poderio nuclear, tendo o fator econômico passado para o primeiro 
plano, desencadeando a formação de blocos supranacionais.
Você sabia?
A queda da Cortina de Ferro, o fim da Guerra Fria e a retirada das tropas soviéticas 
do Afeganistão valeram a Mikhail Gorbachev o prêmio Nobel da Paz em 1990, 
mesmo ano em que se tornou presidente executivo com poderes especiais.
Figura 5 - Comunidade dos Estados Independentes 
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Material Complementar
Para ampliar e aprofundar seus conhecimentos sobre Geopolítica, leia o texto A geopolítica 
do poder terrestre revisitada, de Leonel Itaussu Almeida Mello. O texto em questão procura 
analisar criticamente os conceitos que formam o arcabouço da teoria do poder terrestre, 
além de enfocar, à luz dessa teoria, a vitória da potência insular americana sobre a potência 
continental soviética no âmbito do sistema bipolar da Guerra Fria e de relacionar a geopolítica 
de Mackinder no contexto do pós Guerra Fria, ou seja, da nova ordem mundial emergente.
Sites:
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. A geopolítica do poder terrestre revisitada. Lua Nova, 
São Paulo, n. 34, dez. 1994. Disponível em
http://ref.scielo.org/fbkwg5
Acesso em 15 jan. 2015.
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Unidade: O mundo bipolar e a Guerra Fria
Referências
ANDRADE, Manuel Correia. Geopolítica do Brasil. Campinas: Papirus, 2001.
COSTA, Wanderley Messias da. Geografia política e Geopolítica.Discursos sobre o 
território e o poder. São Paulo: Hucitec / Edusp, 1992.
DOMINGUES, Edson Paulo. Dimensão regional e setorial da integração brasileira na 
área de livre comércio das Américas. Tese-Doutorado. São Paulo: FEA / USP, 2002.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
MACKINDER, Haldford John. The geographical pivot of History. In: Democratic ideals 
and reality (with additional papers). New York: The Norton Library, 1962, p. 243.
MAGNOLI, Demétrio (Org). História das guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
MELLO, Leonel Itassu Almeida. Quem tem medo da Geopolítica? São Paulo: Hucitec / 
Edusp, 1999.
MORAES, Marcos Antonio. FRANCO, Paulo Sérgio Silva. Geografia Econômica: Brasil de 
colônia a colônia. Campinas: Editora Átomo, 2010.
SANTOS, Milton. SOUZA, Maria Adélia. SILVEIRA, Maria Laura (Org). Território, 
globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec / ANPUR, 1998.
VESENTINI, José William. A nova ordem mundial. São Paulo: Ática, 1995.
VESENTINI, José William. A nova ordem, imperialismo e geopolítica global. Campinas: 
Papirus, 2003.
19
Anotações
Geopolítica Geral e 
do Brasil
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Flávio Silva
Revisão Textual:
Profª. Ms. Rosemary Toffoli
Fim da Bipolaridade5
 · Introdução
 · Os Modelos Capitalistas
 · A Nova Ordem Mundial
 · A Periferia
 · Estado-Nação
 · Focos de Tensão e de Conflito
 · Analisar o período que envolve o fim da bipolaridade entre os EUA e a 
URSS, portanto, das ideologias capitalistas e socialistas.
Esta unidade sobre Geopolítica tem o objetivo de destacar a Nova Ordem Mundial e seus 
modelos capitalistas, além do novo conceito de subdesenvolvimento, após o fim da Guerra 
Fria. Estudaremos também os conceitos de Estado, Nação e Estado-Nação e os focos de 
tensão e de conflito que assolam o mundo neste século.
É importante que você leia todo material teórico com atenção e assista às videoaulas para 
que possa construir o conhecimento acerca do tema.
Ao final, as referências bibliográficas poderão ser utilizadas, caso você queira, para que se 
aprofunde no tema.
Lembro também que, esta disciplina faz parte da grade curricular do seu curso, portanto, é 
importante ao seu processo de formação.
Fim da Bipolaridade
6
Unidade: Fim da Bipolaridade
Contextualização
Ideologias nacionalistas e foco de conflito
O Talibã é um grupo político que atua no Afeganistão e no Paquistão. A milícia tem origem 
nas tribos que vivem na fronteira entre esses dois países e se formou em 1994, após a 
ocupação soviética do Afeganistão (que durou de 1979 a 1989) e durante o governo dos 
também rebeldes mujahedins. 
Apesar de islâmico, esse governo era considerado muito liberal, deixando descontentes os 
muçulmanos mais extremistas. Assim, a milícia invadiu a capital Cabul e tomou o poder, 
governando o país de 1996 até a invasão americana, em 2001. Apesar de ter sido destituído 
do governo formal, o grupo continuou sendo influente. 
Atualmente, o objetivo do Talibã no Afeganistão é recuperar seu território e expulsar os 
invasores dos Estados Unidos e da OTAN. Para tentar desestabilizar o inimigo, o grupo utiliza 
táticas de guerrilha e ataques de homem-bomba. Uma hipótese é que o dinheiro para financiar 
as ações venha de tributos cobrados dos plantadores de ópio. Mas a característica principal do 
grupo é ter uma interpretação muito rígida dos textos islâmicos, incluindo proibição à cultura 
ocidental e a obrigação ao uso da burka pelas mulheres.
Um dos maiores erros que o ocidente comete em relação ao Talibã é confundi-lo com os 
terroristas da Al Qaeda, já que o Talibã é provincial, age apenas na sua região e não tem nada 
a ver com os ataques a países do Ocidente. 
Outra diferença entre as milícias é que a Al Qaeda é composta por árabes, enquanto o Talibã 
congrega indivíduos das tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. Porém, apesar das 
ideologias distintas, os dois grupos são aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e 
dinheiro. Além disso, quando expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores 
da Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã, no Afeganistão.
Fonte: Gente que Educa/Editora Abril. Extraído integralmente.
7
Introdução
Como foi visto na unidade anterior, no período entre o final da Segunda Guerra Mundial 
e até a década de 1990, o mundo foi dominado por uma ordem bipolar que o dividia em 
capitalista e socialista. O principal símbolo desta divisão era o Muro de Berlim que separava a 
Europa em dois blocos. Com a sua queda, em 1989, podemos considerar que tenha sido este 
o fim do marco desta divisão, já que, alguns anos mais tarde, a União Soviética e o próprio 
socialismo deixariam de existir.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorrido em 1945, várias alterações geopolíticas 
ocorreram, principalmente na Europa. A Inglaterra, por exemplo, que mantinha um forte 
domínio sobre várias regiões do globo durante os séculos anteriores, perdeu esta hegemonia, 
principalmente na década de 1950, com o fim de sua dominação colonial. A nova potência 
hegemônica que surgia, em decorrência dessa situação, foram os EUA (Estados Unidos da 
América) que consolidou seu domínio capitalista, através de investimentos e implementação 
do comércio com todos os continentes.
As então chamadas empresas multinacionais oriundas dos EUA, rapidamente se espalharam, 
principalmente na África e na Ásia que, deixando de ter o perfil de colônias, passaram a 
ser economias subdesenvolvidas. Já na América Latina, havia uma rivalidade pelo domínio 
econômico, político e cultural entre os americanos e os ingleses, no entanto, o status social 
divulgado pelos EUA através de filmes hollywoodianos, por exemplo, acabou sendo para 
muitos cidadãos desses países um objetivo a ser atingido.
Em meados da década de 1950, o Produto Nacional Bruto1 dos EUA era equivalente ao 
PNB de todos os países capitalistas desenvolvidos. Com a URSS não era diferente, pois o 
valor anual de produção econômica era superior à soma de todos os países com economia 
planificada.
No início da década de 1990, o PND da União Soviética era equivalente, no máximo, ao 
do terceiro mundo, tal como a economia dos EUA que, apesar de ser superior a dos demais 
países, já havia diminuído de forma sensível. Um fato que comprova isso é a comparação da 
produção econômica dos doze países do Mercado Comum Europeu, à época, que era bem 
superior a dos norte-americanos.
1 Produto Nacional Bruto (PNB) refere-se a soma de todas as riquezas produzidas por uma nação em um determinado período, considerando 
 o que é produzido em território nacional ou em territórios de outros países (empresas multinacionais).
8
Unidade: Fim da Bipolaridade
A tabela a seguir demonstra a evolução dessa disparidade:
As maiores economias do mundo (em US$)
1950
País PNB / TOTAL RENDA / PER CAPITA
EUA 381 bilhões 2.536
URSS 126 bilhões 699
Reino Unido 71 bilhões 1.393
França 50 bilhões 1.172
Alemanha Ocidental 48 bilhões 1.001
Japão 32 bilhões 382
1980
País PNB / TOTAL RENDA / PER CAPITA
EUA 2590 bilhões 11.360
URSS 1205 bilhões 4.550
Japão 1157 bilhões 9.890
Alemanha Ocidental 828 bilhões 13.590
França 633 bilhões 11.730
Reino Unido 443 bilhões 7.920
1992
País PNB / TOTAL RENDA / PER CAPITA
EUA 5686 bilhões 22.560
Japão 3338 bilhões 26.920
Alemanha 1517 bilhões 23.650
França 1161 bilhões 20.600
Itália 1072 bilhões 18.580
Reino Unido 964 bilhões 16.750
Canadá 569 bilhões 21.260
Espanha 487 bilhões 12.460
Rússia 480 bilhões 3.220
Tabela 1 - Fonte: VESENTINI, 1996, P.19
Obviamente, o desenvolvimento demonstrado, que não foi uniforme nos países citados, 
teve fundamentos: com a Guerra Fria, os gastos das duas superpotências (EUA e URSS) 
na área militar foram assombrosamente altos, com a corrida armamentista e a instalação e 
manutenção de bases militares nos mais diversos países. Para se ter uma ideia do volume de 
gastos, no início da década de 1990, os EUA e a URSS tinham, cada um, um contingente de 
500 mil soldados alocados e instalados em bases militares fora de seus respectivos territórios.
9
Tal fato provocou situações que beneficiaram a outros países, como, por exemplo, o Japão 
e a Alemanha Ocidental, já que, por uma imposição do pós-Segunda Guerra, não tiveram 
gastos militares significativos, já que tinham tropas estrangeiras em seus territórios. Além disso, 
a necessidade de se manter uma posição geopolítica pelos EUA ou pela URSS, praticamente 
os obrigou a assinar acordos ou alianças que não eram vantajosos economicamente, mas 
somente do ponto de vista do domínio geopolítico, tal como aconteceu, por exemplo, com 
Cuba, localizada próximo aos EUA, na América Central, tendo sido um país beneficiado, com 
veemência, pela URSS, com a aquisição de petróleo subsidiado pela superpotência socialista 
ou, até mesmo, pelos EUA que, através do Plano Marshall, fizeram financiamentos a fundo 
perdido (não recuperável) à Europa Ocidental ou ao Japão, através do Plano Colombo2 , na 
década de 1950.
Após a recuperação da economia europeia, para continuar a garantir a expansão industrial 
da Europa, os EUA continuaram a importar produtos manufaturados que, por consequência, 
promoveu várias falências no setor industrial norte-americano, já que ocorreu em várias 
situações,a prática de dumping 3 que promovia aos produtos manufaturados na Alemanha e 
do Japão, um custo bem menor do que o similar manufaturado nos EUA.
Figura 1 - O MUNDO BIPOLAR DE 1945 ATÉ 1991
Fonte: VESENTINI, 2003, P.88
2 Plano Colombo foi, em seu início, um programa destinado a auxiliar economicamente os países do continente asiático em decorrência a 
 devastação ocorrida como resultado da Segunda Guerra Mundial.
3 Dumping é o termo utilizado para uma prática de concorrência industrial em que o preço final do produto é praticado em um valor abaixo 
 do custo para produzi-lo.
10
Unidade: Fim da Bipolaridade
Os Modelos Capitalistas
Quando se faz referência ao capitalismo, principalmente no período a partir de 1990, 
pós mundo bipolar, depara-se com várias linhas de trabalho, ou de pensamento, que foram, 
inclusive, adotadas de forma diferente pelos países. Veremos algumas dessas linhas.
Neoliberalismo implementado pela então chamada “dama de ferro”, a primeira ministra 
britânica, Margareth Tatcher4, tinha como uma de suas premissas a diminuição de gastos 
públicos, como, por exemplo, a redução de gastos sociais do governo, além do incentivo 
às empresas a migrarem de locais em que os salários fossem mais altos, para outros onde a 
mão de obra fosse mais barata. Teve um forte apoio do presidente norte-americano Ronald 
Reagan5 .
Capitalismo participativo, adotado pelo Japão, Alemanha e Itália, esta ordem, ao 
contrário do neoliberalismo, não tinha como objetivo a redução de salários ou a redução dos 
gastos sociais, mas, sim, uma política de incentivo aos trabalhadores, com investimentos em 
educação, saúde, treinamentos, participação nos lucros das empresas, entre outros. O objetivo 
era o aumento da produtividade e da qualidade.
A diferença entre os dois modelos está, exatamente, na intervenção do Estado: no caso 
do neoliberalismo, o objetivo é que o Estado intervenha o mínimo possível. As políticas 
industriais, por exemplo, devem ficar a cargo das empresas, motivo este que, nas décadas de 
1970 e 1980, os EUA não formularam nenhuma política industrial. Um ponto que deve ser 
considerado é o de que as empresas têm estratégias particulares, ou seja, o que interessa a 
uma, nem sempre interessa a outra. 
Já no caso do capitalismo social ou participativo, o Estado assume o controle estratégico 
da vida econômica, no entanto, sem que assuma qualquer vínculo empresarial. Deve criar 
políticas voltadas à exportação, inovação tecnológica, formação de mão de obra qualificada 
e implementar metodologias e ações que evitem demissões e a garantia de se evitar 
desabastecimento agrícola, com políticas de preços mínimos aos produtos do agronegócio.
4 Margareth Thatcher (1925-2013) foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha. Assumiu o posto em em 
 1979, tendo seu governo, durado por 11 anos.
5 Ronald Wilson Reagan (1911 -2004) foi o 40º Presidente dos Estados Unidos da América (1981-1989). Antes de assumir a Presidência 
 dos EUA, Reagan foi ator de Hollywood e Governador da California.
11
A Nova Ordem Mundial
Após o fim da Guerra Fria, ou da Ordem Bipolar, portanto, de duas ideologias que coexistiam, 
o cenário geopolítico mundial adotou um novo conceito de relações entre os Estados Nacionais.
Com o fim da URSS, a soberania capitalista e dos EUA se disseminou por todo o planeta e a 
OTAN passou a ser a maior força militar do planeta. Tais situações permitiram o aparecimento 
de várias expressões para definir esta Nova Ordem Mundial.
 · Unipolaridade – os EUA passaram a ter total soberania, do ponto de vista militar, já 
que nenhuma outra nação tem o mesmo poderio de confronto;
 · Multipolaridade – o poderio militar deixa de ser o principal quesito para definir a soberania 
de um Estado sobre outro. Aparece nesta situação o poder econômico, com o surgimento de 
outras forças capazes de competir com os EUA, a saber, a União Europeia, Japão e a China.
 · Unimultipolaridade – este termo abrange os outros dois conceitos citados, tanto do 
ponto de vista militar, quanto na esfera econômica.
Vimos, na unidade anterior, que o mundo era dividido em primeiro mundo (capitalistas 
desenvolvidos), segundo mundo (socialistas desenvolvidos) e terceiro mundo (países 
subdesenvolvidos). A partir da nova situação geopolítica, o mundo passa a ser “dividido” em países 
do Norte, que são os países desenvolvidos e os países do Sul, que são os países subdesenvolvidos. 
No entanto, esta divisão Norte-Sul não obedece integralmente à divisão cartográfica.
Figura 2 – O MUNDO UNIMULTIPOLAR DO INÍCIO DO SÉCULO XXI
VESENTINI, 2003, P.99
12
Unidade: Fim da Bipolaridade
Os EUA não têm mais o mesmo poder econômico que tinha na década de 1950. A União 
Europeia, atualmente, tem sua produção econômica superior a dos EUA; a China cresce 
anualmente em um ritmo muito acima ao dos EUA, prevendo-se que, na década de 2020, 
deva ter a maior produção econômica anual do planeta, no entanto, vale a pena observar que 
sua renda per capta não deverá sofrer qualquer mudança significativa, devendo se manter 
baixa.
Outros países também se destacaram no cenário econômico internacional, diminuindo a 
diferença de suas economias em relação aos EUA, como, por exemplo, a Índia e o Brasil.
Todas estas situações corroboram a construção da nova ordem mundial, muito diferente da 
ordem bipolar existente durante, praticamente, toda a segunda metade do século XX.
Você sabia?
Após o fim da URSS e do mundo socialista, a Rússia, 
utilizando seus recursos naturais como o gás e o 
petróleo para exportação, promoveu uma grande 
recuperação econômica, nos últimos anos, no entanto, 
sua economia ainda é frágil e pouco desenvolvida.
A Periferia
Os países localizados no “Sul”, tidos como subdesenvolvidos ou como anteriormente 
era chamado de “Terceiro Mundo” são, quando comparados entre si, dotados de uma 
heterogeneidade muito grande. Vários desses países são industrializados e suas economias 
encontram-se em crescimento, enquanto outros ainda mantém a situação de miséria absoluta. 
Analisando sob as mas diversas óticas, podemos identificar algumas situações, através do 
agrupamento desses países sob os mais diferentes conjuntos, no entanto, veremos a seguir 
três tipos que consideraremos principais de países do Sul ou de periferia.
Em primeiro lugar, podem ser identificados países que tem algum tipo de desenvolvimento 
social e/ou econômico e que, por consequência, são também considerados, conforme 
cita Vesentini6 , “polos econômico-tecnológicos da economia mundial”, considerados uma 
periferia privilegiada.
“[...] Em muitos casos eles estão integrados – ou em vias de 
integração – a um importante mercado constituído por áreas 
desenvolvidas.” (VESENTINI, 1996, p. 54)
Não são países isolados, ou seja, têm forte integração com os países desenvolvidos no 
âmbito tecnológico e econômico, como ocorrem com os chamados tigres asiáticos7 , o 
6 Vesentini, José William, doutor em Geografia, professor e pesquisador do Departamento de Geografia da FFLCH/USP
7 Tigres Asiáticos são países como a Coréia do Sul, a Malásia, a Tailândia, Taiwan, Singapura ou Indonésia, que, desde a década de 80, 
beneficiaram-se do crescimento da vizinha economia japonesa e promoveram um intenso processo de industrialização (Ferreira, 1998).
13
México (que já está integrado ao Nafta8 ) e alguns países, principalmente na parte Oriental, 
do continente Europeu.
Uma outra identificação seria em relação aos países mais pobres, definidos, na época 
da bipolaridade, como os do terceiro mundo. Englobam, neste grupo, os países da África 
Subsaariana (excetuando-se a África do Sul), da América Central, grande parte da América 
do Sul (como o Brasil, por exemplo), do sul do continente Asiático e os que estão a Leste da 
Oceania, tendo em comum o fato de não terem forte integração tecnológica e/ou econômica 
com os demais países, ou seja, não “se modernizaram”. Suas economias baseiam-se, 
principalmente, em atividades primáriasde extração de minério, fornecimento de produtos 
agrícolas e pouco variados, e força de trabalho com baixíssimos custos e sem qualquer formação 
técnica, inclusive, com escolarização baixa.
A África, talvez possa ser definida como a região mais pobre do planeta, já que várias de suas 
nações têm altas taxas de mortalidade infantil, além de serem vítimas da subnutrição.
Seus países foram colonizados, por séculos, pelos europeus, promovendo a exploração de 
seus recursos naturais e humanos (com o próprio tráfico de escravos) gerando, nos dias atuais, 
uma economia dependente. Além desse fator, na Conferência de Berlim, ocorrida entre 1844 
e 1845, os países europeus traçaram um mapa geopolítico do continente, inicialmente como 
Colônias que, posteriormente, transformaram-se em Estados, sem considerar os povos que 
viviam nesses territórios, em vários 
casos, inimigos históricos, com idiomas 
e costumes diferentes. Em outros casos, 
os europeus promoveram a ruptura de 
povos, com a demarcação de fronteiras, 
cuja passagem era proibida. O resultado 
desta situação foi a eclosão de conflitos 
étnicos.
Atualmente, a África pode ser regionalizada, 
utilizando critérios geográficos, étnicos e 
culturais em duas grandes regiões:
África setentrional, que é constituída por 
nove Estados (ao Norte do Continente 
Africano);
África Subsaariana, que é constituída 
pelos outros 44 Estados do continente.
Entre os dois grupos citados, no entanto, existe o que se chama de periferia intermediária, 
composta por países tidos anteriormente como subdesenvolvidos, mas que se industrializaram 
e buscam o aperfeiçoamento nas áreas econômica e social, como ocorre com alguns países 
da América do Sul, da Ásia (como a Índia e a Turquia, esta última, com parte do território 
localizado na Europa) e na África do Sul. 
8 NAFTA (North American Free Trade Area) foi o primeiro acordo de integração regional entre um países em desenvolvimento, no caso o 
 México, e nações desenvolvidas (Estados Unidos e Canadá), tendo, o início da eliminação das barreiras, ocorrido em janeiro de 1994.
Figura 3 - Continente Africano
Fonte: infoescola.com
14
Unidade: Fim da Bipolaridade
[...] São países com viabilidade hipotética, mas que necessitam de 
profundas reformas econômicas e sociais para que isso se realize, 
que precisam enfim redefinir suas estratégias para o futuro, para 
enfrentar a modernização tecnológica e a nova ordem internacional. 
As opções que eles fizeram a curto prazo – investir, ou não, mais e 
melhor na educação e na pesquisa tecnológica, promover ou não 
reformas econômicas no sentido de diminuir as desigualdades e 
ampliar o mercado interno, etc. – irão determinar o caminho futuro 
de cada um deles: ou a retomada do desenvolvimento em novas 
bases mais sólidas, ou a continuação da decadência no sentido de 
se aproximarem ainda mais do “Quarto Mundo”. (VESENTINI, 
1996).
Enfim, este grupo de países tem todas as condições econômicas e tecnológicas para 
que se aproximem dos países desenvolvidos, mas precisam de ajustes internos. A demora 
ou a indiferença a essa questão poderá resultar, futuramente, que eles acabem por se 
aproximarem dos países mais pobres que, para alguns autores, são tidos como os do Quarto 
Mundo, fazendo alusão às antigas nações desenvolvidas do Terceiro Mundo no período da 
ordem mundial bipolar.
Você sabia?
O modelo desenvolvi-mentista da América Latina não é uniforme, atualmente 
existem duas grandes 
linhas de atuação: o 
modelo liberal e o modelo 
estatizante. O Chile, 
acompanhado de forma 
mais discreta pelo México, 
Peru e Colômbia, tem uma 
tendência ao modelo 
liberal, enquanto a 
Venezuela, Equador, 
Bolívia e Cuba, pelo 
modelo estatizante. Pode-
se considerar que o Brasil 
fica em uma posição 
intermediária e a Argentina, 
que também tentou manter 
esta posição, atualmente 
está com tendência a 
aproximar seu modelo ao 
da Venezuela.
Figura 5 - Países pertencentes a América Latina
Fonte: infoescola.com
15
Estado-Nação
O “Estado”, ao contrário do que possa parecer a primeira vista, não é algo de simples 
definição. É muito mais complexa e abrangente do que se imagina. 
O Estado pode ser definido simplesmente como uma instituição social organizada que 
emana poderes sobre uma determinada porção de terra, nesse caso o território e tudo o que 
nele contém (pessoas, meios de produção, serviços etc.).
“Para uns o estado é uma organização com poder de legislar e 
tributar, para outros é também o sistema constitucional-legal, e para 
outros, ainda, confunde-se com o estado-nação ou país. A primeira 
acepção, redutora, é aquela que faz parte da linguagem corrente; 
a terceira é empregada especialmente na literatura sobre relações 
internacionais. A segunda, o estado é o sistema constitucional-legal 
e a organização que o garante [...] (PEREIRA, 2008)
De acordo com o professor Luiz Carlos Bresser Pereira, a definição de Estado está associada 
a uma definição político administrativa, independente desta ou daquela concepção. 
Já o termo “Nação”, segundo outros autores, está ligado às questões inerentes à cultura, 
identidade e aspectos históricos devidamente agrupados em uma sociedade, habitualmente 
através de uma tradição histórica, podendo partilhar de costumes, cultura, idioma, enfim, 
características semelhantes.
Quando se reporta à questão do “Estado-Nação”, pode-se entender que, o anteriormente 
definido “Estado”, é um elemento constituinte a uma questão que engloba muito mais do que 
uma definição político-administrativa, ou seja, engloba uma questão territorial ou do espaço 
físico como sua base.
O Estado-nação consolida-se através de diversos fatores, englobando a questão da ideologia, 
estrutura jurídica, a capacidade de impor uma soberania, sobre um povo dentro de um território 
com fronteiras, além de moeda própria e suas próprias forças armadas.
Segundo o geógrafo Milton Santos, a atuação do Estado-nação acaba por ter uma 
abrangência, inclusive, bem maior, já que, com o passar do tempo, aliado à própria evolução 
da lógica capitalista e norteado pela mudança no uso do território, o conceito anterior de um 
território limitado pelas suas fronteiras, sucumbiu a uma nova realidade, acrescentando as 
atividades concentradas no território e nos demais territórios interligados por fronteiras ou por 
processos e intercâmbios (comerciais, econômicos etc.):
16
Unidade: Fim da Bipolaridade
O território são formas, mas o território usado, são objetos e 
ações, [...] Com a globalização, passamos da noção de território 
“estatizado”. [...] assim como tudo antes não era, digamos assim, 
nacional, para a noção de território “transnacional”, mundial, 
global. O território nacional é o espaço de todos, abrigo de todos. 
Já o território “transnacional” é o de interesse das empresas, 
habitado por um processo racionalizador e um conteúdo ideológico 
de origem distante e que chegam a cada lugar com os objetos e as 
normas estabelecidos para servi-los. (SANTOS, 1998).
O território passa a ser entendido como “transnacional”, alterando, portanto, a própria 
lógica inicial do Estado-nação, já que a finalidade de sua existência se dá por diferentes 
interesses.
Focos de Tensão e de Conflito
Quando se reporta a um assunto que envolve tensões e conflitos, inevitavelmente, o leitor 
é remetido à ideia das guerras que, por sua vez, são milenares. Durante todos os períodos da 
história, quando pesquisados, existe a questão dos conflitos pelos mais diversos motivos que, 
por sua vez, são sempre oriundos da questão de dominação e/ou aumento do poder.
As guerras não são algo novo na história da humanidade. O 
armamento, a motivação, a estratégia, os objetivos têm mudado 
muito, mas elas existem há milhares de anos. É evidente que navios 
a remo e muralhas de pedra não funcionam mais para atacar ou 
defender cidades, como na Guerra do Peloponeso, na Grécia 
Antiga: conflitos recentes, como a Guerra do Golfo, contaram 
com armamento sofisticado e a mais moderna tecnologia da 
informação.

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