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APOSTILA CURSO POLICIAMENTO ORIENTADO PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

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Curso Policiamento Orientado para Resolução de 
Problemas 
 
 
 
 
 
 
 
CRÉDITOS 
 
CONTEUDISTA: Cel PM Cícero, atualmente Cmt da 8ª Região de 
Polícia Militar da PMMG - Governador Valadares. 
CONTEUDISTA: Cap PM Alexandre Magno de Oliveira 
Assessor de Polícia Comunitária do Estado-Maior da Polícia Militar– PMMG. 
 
REFORMULADOR: Cap. PM Eliéser Antonio Durante Filho (PMPR) 
Subchefe da Coordenação Estadual dos Conselhos Comunitários de 
Segurança/SESP. 
 
 
2 
APRESENTAÇÃO 
 
Seja bem-vindo(a) ao curso Policiamento Orientado para Resolução de 
Problemas. 
 
Você já parou para pensar, mesmo que por um instante, na forma como os 
problemas recorrentes da comunidade, que acabam se transformando em 
ocorrências policiais, são enfrentados pela sua instituição? 
 
Este é o momento para que os operadores de segurança pública (OSPs), 
examinem por antecipação suas políticas públicas e práticas operacionais. E 
vislumbrem readequá-las às técnicas consagradas no setor privado, a fim de 
aperfeiçoar o serviço de segurança pública, que é prestado à sociedade brasileira. 
Conforme aponta o pesquisador Mark Harrison Moore, no livro Policiamento 
Moderno, o modelo tradicional de policiamento não só tem falhado na sua capacidade 
de controlar, prevenir e analisar as causas do crime, e de profissionalizar 
verdadeiramente o policiamento, como tem promovido o distanciamento pouco 
saudável entre a polícia e as comunidades por ela servidas (MOORE, 2003). 
Em 2012, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), publicou a 2ª 
edição do relatório referente ao Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) 
sobre segurança pública, dedicada às percepções da população brasileira em relação 
a essa área e seus principais órgãos. Quanto ao grau de confiança nas instituições 
policiais, cerca de 20% dos entrevistados responderam que “não confiam” nas suas 
polícias estaduais, e aproximadamente 15% afirmaram não confiar nas instituições 
federais. Observe a tabela abaixo: 
 
TABELA 1 – CONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES POLICIAIS (BRASIL) 
Instituiçõ
es 
Confi
a muito 
Confi
a 
Confi
a pouco 
Não 
confia 
NS/N
R 
Polícia 
Militar 
6,2% 
31,3
% 
40,6
% 
21,4 0,5% 
Polícia 
Civil 
6,0% 
32,6
% 
39,6
% 
20,6
% 
1,2% 
Polícia 
Federal 
10,5
% 
40,4
% 
31,4
% 
14,5
% 
3,2% 
 
3 
Polícia 
Rodoviária 
Federal 
8,9% 
40,6
% 
32,2
% 
15,2
% 
4,1% 
FONTE: IPEA, 2012, p. 6. 
 
 
Muito embora o “IBOPE Inteligência” (IBOPE, 2019) tenha demonstrado, mais 
recentemente, que o índice de confiança nas polícias cresceu 11 pontos nos últimos 
10 anos – de 52 para 63 pontos, o patamar de “alguma confiança” (66 pontos) ainda 
não foi atingido, ficando distante de outras instituições como o Corpo de Bombeiros 
(88 pontos), as Igrejas (71 pontos) e as Forças Armadas (69 pontos). 
Neste curso a distância temos o propósito de apresentar outra estratégia 
de policiamento, “comprovadamente eficiente”, já utilizada em diversas 
organizações policiais pelo mundo afora. Este curso foi elaborado para 
potencializar as tarefas do OSP, que devem ser focadas nas causas dos problemas 
de segurança vividos pela comunidade. 
Sabe-se que toda sociedade (e a brasileira não é diferente) atravessa por 
diversos problemas no nível “global”, como desigualdade social, tráfico internacional 
de drogas e armas, terrorismo, tráfico de crianças, dentre outros, que muitas vezes 
não têm como ser resolvido pelos cidadãos no curto prazo. 
Mas é possível melhorar a qualidade de vida “local”, se os problemas diários, 
que mais incomodam os cidadãos, como pichações, vandalismos, perturbação do 
sossego, violência doméstica, presenças de pessoas em situação de rua, entre outros, 
forem identificados e solucionados pelos OSPs, com o apoio das lideranças 
comunitárias e segmentos específicos da comunidade. 
 
O grande desafio é como fazer? 
 
Este curso possibilitará a você, que é OSP, utilizar o método IARA: 
 
- Identificar os problemas vividos na sua comunidade; 
- Analisar as suas causas principais; 
- Responder com ações criativas; e 
 
4 
- Avaliar os seus impactos com o apoio da comunidade. 
 
Este curso criará condições para que você possa: 
1) Ampliar conhecimentos para: 
- Conceituar policiamento orientado para o problema; 
- Descrever as eras da polícia moderna; 
- Descrever o método IARA (identificação, análise, resposta e avaliação); 
- Compreender o gerenciamento da rotina de trabalho; 
- Conceituar a teoria da oportunidade; e 
- Identificar o processo do “triângulo do crime”. 
 
2) Desenvolver e exercitar habilidades para: 
- Analisar as estratégias do policiamento moderno; 
- Utilizar o método IARA para resolver os problemas de segurança pública; 
- Elaborar o diagrama de causa e efeito e o plano de ação (5W2H); 
- Aplicar o “triângulo do crime” na análise do problema; 
- Utilizar técnicas de prevenção situacional do crime. 
 
3) Fortalecer atitudes para: 
- Reconhecer a importância de atuar em grupos de trabalhos orientados para 
o problema; 
- Valorizar as opiniões diferentes e convergi-las para solucionar o problema; 
- Desenvolver atitudes proativas para resolver os problemas em suas causas; 
e 
- Reconhecer a importância de atuar como facilitador (protagonista) do 
processo orientado para o problema. 
 
O curso está divido em 4 módulos: 
Módulo 1 – Fundamentos do policiamento moderno 
Módulo 2 – As metodologias de planejamento 
Módulo 3 – O Método IARA 
Módulo 4 – Prevenção Situacional do Crime 
 
5 
 
Reflexão: 
Antes de iniciar o módulo 1, leia o texto extraído do livro: “A Síndrome da 
Rainha Vermelha”, de Marcos Rolim (2006, p. 67). 
 
Texto extraído do livro A Síndrome da Rainha Vermelha 
 
“Vamos imaginar que você esteja passeando ao longo de um rio e que, 
subitamente, perceba que uma criança está sendo arrastada pela correnteza. Se 
você for uma pessoa minimamente solidária, por certo se jogará na água para tentar 
resgatar a criança. Suponhamos que você tenha sorte e que seu gesto seja 
resgatar a criança. Assim, como bom nadador, você consegue trazer a criança sã 
e salva em seus braços e tem razões de sobra para comemorar seu feito. Vamos 
imaginar agora que toda a vez que você passe por aquele lugar haja uma criança 
sendo levada pela correnteza, fazendo com que você seja, sempre, obrigado a 
repetir a mesma façanha. Certamente, as chances de salvar todas as crianças 
seriam menores e, ao mesmo tempo, o risco de você ser tragado pelas águas 
aumentaria. Mas, se isso ocorresse, pareceria evidente que algo estava 
acontecendo com essas crianças em um ponto anterior da correnteza. Portanto, 
tão logo a repetição das ocorrências fosse comprovada, parece-lhe não apenas o 
óbvio, mas urgente, descobrir o que estava acontecendo com as crianças antes de 
elas caírem na água. Então, você provavelmente iria percorrer as margens do rio 
em direção à sua nascente para tentar descobrir a causa de tão chocante e 
misteriosa sucessão de tragédias.” 
 
Imagine que o papel desempenhado pelas polícias modernas, é superar a 
“lógica” de agir reativamente, que obriga os policiais a “nadar” o tempo todo, para 
tentar salvar “crianças que já estão afogadas”. Agora, reflita sobre as questões a 
seguir: 
1. Nós poderíamos aplicar essa metáfora ao serviço de segurança pública? 
2. Como tem sido a sua atuação diante dos chamados da comunidade que 
se repetem no dia a dia do serviço policial? Você geralmente atua de forma reativa 
 
6 
ou de maneira proativa? 
3. A sua instituição tem o costume de pensar ou planejar ações para “subir 
o curso do rio” e “identificar as causas dessa tragédia”? Se não, o que 
impede que isso ocorra? 
4. Entre “salvar as crianças afogadas” ou “identificar o que gera os 
afogamentos”, que tipo de ação dá mais visibilidade na mídia e reconhecimento 
pela comunidade de sua instituição? 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
7 
MÓDULO 1 – FUNDAMENTOS DOPOLICIAMENTO MODERNO 
 
Neste módulo você terá a oportunidade de estudar as Eras do Policiamento 
Moderno, aprender sobre suas diferentes características e conhecer o processo de 
evolução do policiamento em cada momento histórico. Isso será fundamental para que 
você compreenda os quatro grandes grupos de estratégias de policiamento, que 
integram as diferentes experiências policiais acumuladas no mundo todo, inclusive 
pelo universo policial brasileiro. Você também irá aprofundar seus conhecimentos 
sobre a estratégia do policiamento orientado para o problema e a sua correlação 
com o policiamento comunitário. 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 4 aulas: 
 
Aula 1 - As eras do policiamento moderno 
Aula 2 - As estratégias do policiamento moderno 
Aula 3 - O histórico do policiamento orientado para o problema 
Aula 4 - A relação do POP com o policiamento comunitário 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
- Descrever as eras da polícia moderna; 
- Descrever as estratégias do policiamento moderno; e 
- Conceituar policiamento orientado para o problema. 
 
 
8 
 
AULA 1 - AS ERAS DO POLICIAMENTO MODERNO 
 
Na apresentação deste curso lhe foi oportunizado refletir sobre como as 
instituições de segurança agem diante de um problema na comunidade. Nos 
parece que, preferencialmente de modo reativo, não foi mesmo? Pois bem, nesta 
aula, você estudará a evolução do policiamento moderno e, especialmente, como 
surgiu essa lógica reativa do policiamento na sociedade ocidental. 
 
Você sabe como são divididas as eras do policiamento moderno? 
 
Para iniciar esta aula, lançamos para você um desafio. Assista ao vídeo a seguir 
(https://www.youtube.com/watch?v=TbGT65lDacM) e responda as seguintes 
perguntas: 
 
1. O filme apresentado retrata um período do policiamento moderno. Qual 
período seria esse? 
2. Como você acha que ele surgiu? 
3. Você acha que as estratégias de policiamento implementadas no Brasil 
receberam alguma influência externa? 
 
Respostas: 
1. O filme demonstra uma propaganda direcionada para as organizações 
policiais brasileiras, nos anos 60, período que está inserido na Era da Reforma. 
Esta era ficou marcada pelas incorporações de métodos gerenciais e operacionais, 
típicas da iniciativa privada, na maioria das organizações policiais da sociedade 
ocidental, inclusive na brasileira. O período temporal da Era da Reforma, apontado 
pelos estudiosos, inicia-se nos anos 30 e vai até os anos 80. 
2. O policiamento moderno (como conhecido atualmente) surgiu na 
Inglaterra (1829), no instante em que se consolida a própria sociedade urbano-
industrial, a partir do século XIX. 
3. A sociedade brasileira tem características próprias, mas também é 
https://www.youtube.com/watch?v=TbGT65lDacM
 
9 
formada baseando-se nas características da sociedade urbano-industrial, por isso 
é que recebe influência direta na maneira como se executa o serviço policial. 
 
O objetivo desta aula é destacar como são divididos os períodos distintos 
do policiamento e como o policiamento orientado para o problema é fruto da 
evolução das estratégias de policiamento moderno, através de seus elementos 
de inovação, nos Estados Unidos. Devido a influência dessa cultura nos países 
ocidentais, é necessário verificar como essas transformações refletem e embasam, 
até os dias atuais, as estratégias implementadas nas polícias latino-americanas. 
Valendo-se dos estudos de Kelling e Moore (1988), Dias Neto (2003) e Ransley 
e Mazerolle (2009), historicamente o policiamento nos EUA e das principais 
democracias pelo mundo pode ser dividido em quatro períodos fundamentais. 
Observe a Figura 1: 
 
Figura 1 - Linha temporal das eras do policiamento moderno. 
Fonte: Adaptado de Kelling e Moore (1988), Dias Neto (2003) e Ransley e Mazerolle (2009). 
 
Era da Política (1º período: 1830 - 1930) 
O período se destacava pelas relações estreitas entre a polícia e autoridades 
políticas, as quais nomeavam e contratavam os policiais. A polícia era organizada 
em estilo paramilitar, com foco em servir aos politicamente poderosos. Não havia 
profissionalização, a polícia era marcada pela corrupção e por desempenhar 
diversas funções sociais. Era uma época marcada por uma necessidade de ordem 
social e segurança, em uma sociedade dinâmica e em rápida mudança. 
 
Era da Reforma (2º período: 1930 – 1980) 
Chamada também de Era Profissional, o período foi marcado pela política 
ERA DA POLÍTICA 
1830 - 1930
ERA DA REFORMA 
1930 - 1980
ERA DA COMUNIDADE 
1980 - 2000
ERA DA INCERTEZA 
2000 - Dias atuais
 
10 
de policiamento progressiva, liderada por August Vollmer e O.W. Wilson. Os 
cidadãos exigiam reformas e a remoção da política do policiamento. Com o 
movimento da profissionalização da atividade policial, surgiram as primeiras 
Academias de Polícia. Operacionalmente caracteriza-se pela aplicação da lei com 
foco no tradicional combate ao crime, na captura de criminosos e na repressão ao 
crime organizado. 
 
Era da Comunidade (3º período: 1980 - 2000) 
Também chamada de Era da Solução de Problemas com a Comunidade, 
o período se destaca pelas unidades de polícia trabalhando para identificar e 
atender às necessidades de suas comunidades. A parceria entre a polícia e a 
comunidade ganha fundamental importância, a polícia passa a se concentrar nos 
problemas que afetam a qualidade de vida das pessoas da comunidade. É 
fortemente influenciada pelas premissas da teoria das janelas quebradas. Surgiu 
devido à percepção de que parcerias comunitárias eficazes, podem ajudar a 
prevenir e solucionar crimes. 
 
Era da Incerteza (4º período: 2000 – dias atuais) 
Também chamada por alguns estudiosos de A Nova Era ou Era da 
Informação, a virada do século é marcada por ameaças extremamente difíceis de 
serem reconhecidas, como os ataques terroristas de 11 de setembro, exigindo 
pluralização do policiamento, adaptação constante e respostas de segurança 
interagências, mudando por completo a natureza dos esforços de policiamento na 
área de segurança interna. São criadas divisões de contraterrorismo e o 
desenvolvimento de inteligência acionável. A parceria com a comunidade continua 
em destaque, especialmente para reunir inteligência. 
 
A Era da Política caracterizava-se por um sistema de aplicação da lei, 
envolvendo um órgão permanente, com funcionários dedicados em tempo 
integral ao patrulhamento contínuo, visando à prevenção do crime (KELLING; 
MOORE, 1988). Neste contexto, a polícia desenvolvia um serviço amplo, pois não 
tinha ainda sua função social muito bem definida. 
 
11 
“A polícia conduzia inspeções sanitárias, zelava por crianças perdidas, checava 
óleo nas iluminações de rua, monitorava pesos e as medidas adotadas pelos 
comerciantes, concedia licença para pedintes de rua, controlava odores advindos dos 
curtumes, apreendia animais perdidos, obrigava as pessoas a criar seus porcos nos 
quintais e preservava o sabbath” (SKOGAN apud DIAS NETO, 2003, p. 7). 
Você sabia que ... 
O Sabbat ou Shabat se refere a um dia especial da religião judaica. É um dia 
da semana na qual os fiéis desta religião devem descansar e este dia, mais 
especificamente, é o Sábado. A ideia fundamental do Sabbat é não realizar 
qualquer atividade de trabalho. Esta obrigação imita o comportamento de Deus, 
que também descansou um dia depois de criar o mundo, como afirma a tradição 
judaica e cristã na Bíblia (Disponível em:<https://conceitos.com/sabbat/>. Acesso 
em: 23 out. 2020). 
 
A polícia era uma importante instituição responsável pelo bem estar social 
daquela sociedade, onde o grande objetivo era atender aos cidadãos e aos 
políticos locais. Certamente suas ações eram muito influenciadas pelas instituições 
político-partidárias locais, o que gerava uma enorme flexibilidade na atuação do 
policial. Para Dias Neto (2003), esta postura gerava uma enorme discricionariedadeno exercício das funções e, muitas vezes, hostilidade entre o policial e a própria 
comunidade, que para ser resolvida abusavam do emprego da força. Toda esta 
característica gerava, entre a polícia e a comunidade local, um vínculo muito forte. 
De modo geral, o patrulhamento a pé (pé firme, P.O, Cosme e Damião, a 
depender da Região do país) e/ou a cavalo integrava os policiais com os bairros, 
facilitando o fornecimento de serviços úteis para a comunidade. Por outro lado, a forte 
influência política e a descentralização do policiamento, sem uma supervisão 
adequada, permitia o agravamento da corrupção policial, caracterizando o 
policiamento da Era da Política como ineficiente e desorganizado. 
Segundo Goldstein (1990), as maiores críticas desse período estavam na 
violência e na corrupção policial, dentre outros desmandos, que foram 
evidenciados pela National Comminssion on Law Observance and Enforcement 
ocorrida em 1931, nos Estados Unidos. Outro grave problema era a forma de 
https://conceitos.com/trabalho/
https://conceitos.com/obrigacao/
https://conceitos.com/comportamento/
https://conceitos.com/sabbat/
 
12 
ingresso na carreira policial, resumida a uma oportunidade de emprego para 
protegidos políticos. 
Você sabia que ... 
Os únicos requisitos necessários para a indicação de um policial eram 
influência política e força física? [...] Não havia necessidade de treinamento 
preliminar, os policiais eram considerados suficientemente preparados para o 
exercício de suas funções se portassem um revólver, cassetete, algemas e 
vestissem um uniforme [...] Tratava-se de uma era de incivilidade, ignorância, 
brutalidade e corrupção (SKOGAN apud DIAS NETO, 2003, p. 7). 
 
Baseando-se nessas contradições, várias críticas surgiram, principalmente 
dentro da própria polícia. Para aprimorar esse serviço “os defensores das reformas 
lutavam pela incorporação dos métodos gerenciais e operacionais da iniciativa 
privada” (DIAS NETO, 2003, p. 9). O objetivo era criar um departamento policial 
“perfeito”, afora comumente chamado de modelo profissional. Portanto, havia um 
consenso que era preciso “blindar a polícia de interferências da política externa, 
centralizar as estruturas internas de comando e controle, delimitar a função do 
policial para prender os infratores da lei e formar o profissional de polícia”. 
As características dessa era policial estão num serviço profissional distante da 
comunidade, focado no combate repressivo do crime e que utiliza principalmente o 
automóvel e o telefone para implementar o radiopatrulhamento. É inegável que surge 
uma máquina burocrática eficiente e de um corpo profissional treinado, com as 
melhores tecnologias para o momento. Mas os policiais não conseguem identificar os 
problemas cotidianos dos cidadãos. Com essa lógica, o policial fica distante e 
inacessível às demandas políticas próprias do jogo democrático (DIAS NETO, 2003). 
Com o modelo profissional surge uma obsessão pela eficiência 
operacional e administrativa, dificultando o contato social sobre as decisões 
policiais. Uma das maiores críticas contra o modelo profissional, refere-se à ausência 
de controle sobre a conduta policial. Um movimento que aos poucos permitiu aos 
próprios cidadãos americanos representar a sociedade civil na apuração e no 
julgamento das denúncias contra abusos policiais. Esse foi um importante passo para 
ter algum controle externo sobre a polícia, mas acirrou, ainda mais, os ânimos entre 
 
13 
os ofendidos e os policiais. 
As atuais reformas na área policial, estão fundadas na premissa de que deve 
haver uma relação sólida e consistente entre a polícia e a sociedade, para que tenha 
efeito a política de prevenção criminal e a produção de segurança pública (DIAS 
NETO, 2003). 
Diante das iniciativas frustradas de relações públicas, ou de reforma na estrutura 
administrativa policial, surgem alternativas que fortalecem as ideias de partilhar entre 
a polícia e a comunidade, a tarefa de planejar e implementar as políticas de segurança 
pública. 
Iremos perceber que muitos dos aspectos da Era da Comunidade, são bases 
sólidas para as diferentes estratégias de policiamento da virada do século, mas sem 
a corrupção, clientelismo e outros problemas que caracterizavam a Era da Política. 
Os reformadores da Era da Comunidade buscaram o consentimento dos 
membros da comunidade e amplo apoio dos cidadãos; uma atuação policial completa 
com ênfase na prestação de serviços; uma estrutura organizacional descentralizada 
e responsiva; e relações de proximidade com os cidadãos. Um forte vínculo com os 
cidadãos seria alcançado por meio de patrulhamento a pé, resolução de problemas, 
preservação da qualidade de vida e uma série de outras táticas. Todas projetadas 
para garantir a satisfação dos cidadãos, notavelmente semelhantes às práticas que 
existiam antes do nascimento da Era da Reforma. 
As eras do policiamento moderno americano, são apresentadas para uma 
análise temporal (QUADRO 1). Nesta síntese, é possível perceber quais são as 
principais características de cada período e como ocorreu essa transformação que 
influenciou as principais estratégias de policiamento. 
Atenção! 
Deve-se ter o cuidado para não simplificar a análise de uma era policial 
somente em algumas características, sob o risco de distorcer todo um 
contexto histórico-social. Uma característica (total ou parcial) de um período, 
pode se repetir em outro, por exemplo: o relacionamento íntimo entre a polícia e a 
comunidade, presente tanto na Era da Política como na Era da Comunidade. 
 
Também é importante destacar que essas são características comuns entre a 
 
14 
maioria dos órgãos policiais naquele período, portanto, as datas são apenas 
parâmetros. 
 
Quadro 1 - Resumo comparativo das características das eras do policiamento moderno. 
Fonte: Adaptado de Kelling e Moore (1988), Dias Neto (2003) e Ransley e Mazerolle (2009). 
 
ELEMENTOS 
DAS ESTRATÉGIAS 
POLICIAIS 
 
CARACTERÍSTICAS DAS ERAS DO POLICIAMENTO MODERNO 
 
ERA DA 
POLÍTICA 
1830 - 1930 
ERA DA 
REFORMA 
1930 – 1980 
ERA DA 
COMUNIDADE 
1980 – 2000 
ERA DA 
INCERTEZA 
2000 – Dias 
atuais 
Fonte de 
autoridade 
Políticos locais 
e a lei 
Lei e o 
profissionalismo 
Comunidade, 
lei e o profissionalismo 
Ampla gama 
de fontes legais, 
comunidade e 
parceiros 
terceirizados 
Função 
policial 
Prevenção e 
controle do crime, 
manutenção da ordem 
e serviços sociais em 
geral 
Controle do 
crime 
Prevenção e 
controle do crime e 
resolução de problemas 
Prevenção e 
o controle do crime 
com terrorismo 
adicional, 
responsabilidades 
regulatórias e 
políticas sociais 
Design 
organizacional 
Descentralizado 
e geográfico 
Centralizado 
e burocrático 
Descentralizado 
com autonomia 
responsável em nível 
tático e operacional e 
emprego de grupos de 
trabalhos 
especializados 
Equipes 
especializadas, 
centralizadas 
(unidades 
antiterroristas) e 
destacadas para 
manutenção da paz 
ou atuando com 
agências 
internacionais 
Relacionamento 
externo 
Estreito e 
pessoal (íntimo) 
Profissional 
(distante) e remoto 
Consultivo e 
profissional 
Consultivo e 
coercivo 
Gestão de 
demanda 
Ligações entre 
políticos e líderes 
policiais locais e 
interação direta entre a 
comunidade e a polícia 
Canalizadas 
através de uma 
central de despacho 
Baseada na 
análise de problemas 
subjacentes do crime e 
da desordem 
Baseada na 
análise de 
problemas 
subjacentes e de 
demandas 
colocadas por 
agências externas 
Programas e 
tecnologia 
Patrulhamento 
a pé 
Patrulhas 
preventivas e 
respostas rápidas 
às chamadas de 
serviço 
Patrulhamento 
a pé e o envolvimento 
da comunidade na 
solução de problemas 
Tecnologias 
da informação (p. 
ex., mapeamento do 
crime), novas 
tecnologias de 
vigilância e novas 
abordagens (p. ex., 
policiamento 
orientado pela 
inteligência, 
COMPSTAT, 
policiamento 
preditivo)que 
dependem de 
tecnologias da 
informação 
Resultados 
esperados 
Satisfação dos 
cidadãos e dos políticos 
locais 
Respostas 
rápidas para 
controlar crimes 
Indicadores de 
qualidade de vida e 
satisfação da 
comunidade 
Prevenção e 
controle do crime e 
do terrorismo, e a 
conformação com o 
Estado de Direito 
 
15 
Na próxima aula iremos ver um pouco mais sobre as estratégias de policiamento 
típicas da Era da Reforma e da Era da Comunidade. Mas caso você queira 
aprofundar seus conhecimentos sobre a Era da Incerteza, sugerimos a leitura dos 
trabalhos de Peak e Glensor (2007) e Ransley e Mazerolle (2009). 
 
 
16 
AULA 2 - AS ESTRATÉGIAS DO POLICIAMENTO MODERNO 
 
Na aula anterior vimos que o policiamento das principais democracias do 
mundo, podem ser divididos em quatro períodos fundamentais, as chamadas Eras 
do Policiamento Moderno, o que nos permitiu compreender suas diferentes 
características e o processo de evolução do policiamento em cada momento 
histórico. 
 
Leia a citação abaixo: 
“A estrutura hierarquizada, militarizada dos 
departamentos de polícia, contrapunha-se à essência 
do verdadeiro profissionalismo. [...] Se tal fato serviu 
para propiciar certa uniformidade nos departamentos 
de polícia e eliminar abusos, acabou também, 
inibindo talentos e ambições entre os policiais 
(WALKER apud DIAS NETO, 2003, p. 16)”. 
Baseado na citação do professor americano Walker, para você, essa situação se 
aplica no contexto de sua organização? Dê um exemplo. 
Resposta: 
Conforme podemos perceber, as instituições policiais brasileiras (militar ou 
civil) também possuem características semelhantes, ou seja, com o objetivo de 
tornar o policial mais profissional, o seu contato direto com a comunidade ficou 
limitado e, de alguma forma, podou suas iniciativas para solucionar os problemas 
locais de forma criativa e audaciosa. 
 
A estratégia de policiamento direciona, dentre outros tópicos, os objetivos 
da polícia, seu foco de atuação, como se relaciona com a comunidade e as 
principais táticas a serem utilizadas. 
Uma estratégia que funcionou no passado, necessariamente, não tem que ser 
eficaz atualmente, principalmente em sociedades heterogêneas e conectadas em 
rede, pelo processo da globalização, com alto avanço tecnológico e informacional. A 
área de segurança pública não está fora desse contexto de (pós)modernidade, é 
 
17 
possível adotar políticas públicas para solucionar essas questões e almejar metas que 
atendam as comunidades locais. 
Importante destacar que a segurança pública acumulou experiências policiais 
diversas, na tentativa de atingir seus objetivos organizacionais, estabelecer seu 
profissionalismo e, em alguns locais, alcançar legitimação na própria comunidade. 
Mas não é um hábito, registrar essas estratégias no meio acadêmico e, 
principalmente, discuti-las nos órgãos policiais. 
Para correlacionar as 4 (quatro) principais estratégias do policiamento moderno 
com as respectivas Era da Reforma e Era da Comunidade, recorremos à evolução 
histórica apresentada por Moore e Trojanowicz (1988) e Kelling e Moore (1988), 
conforme a Figura 2, que você verá a seguir: 
 
Figura 02 - Estratégias do policiamento moderno. 
Fonte: Adaptado de Kelling e Moore (1988) e Moore e Trojanowicz (1988). 
 
Os quatro grandes grupos de estratégias acima nominadas, posicionadas dentro 
das respectivas eras do policiamento moderno, integram as diferentes experiências 
policiais acumuladas pelo universo policial, na tentativa de atingir seus objetivos 
organizacionais, alcançar uma legitimação e apoio das comunidades policiadas, 
muito praticado pelas instituições policiais até os dias atuais (OLIVEIRA, 2013). 
Veja a seguir em que consiste cada uma das estratégias de policiamento. 
 
2.1. POLICIAMENTO TRADICIONAL OU COMBATE PROFISSIONAL DO CRIME 
(ERA DA REFORMA) 
 
A estratégia de policiamento que orientou mundialmente o policiamento 
moderno, a partir de 1930, e até hoje direciona a maioria das instituições policiais, é o 
policiamento profissional. É também denominado como policiamento tradicional 
ERA DA REFORMA 
1930 - 1980
• Policiamento Tradicional ou 
Combate Profissional do Crime
• Policiamento Estratégico
ERA DA COMUNIDADE 
1980 - 2000
• Policiamento Orientado para o 
Problema
• Policiamento Comunitário
 
18 
ou combate profissional do crime. Ela foi concebida num contexto histórico que 
buscava diminuir os conflitos urbanos que surgiam diante da ausência de 
estratégias policiais eficientes na Era da Política (1830-1930). 
O modelo tradicional de policiamento levou a polícia de um mundo de 
amadorismo, falta de lei e vulnerabilidade política, para um mundo de 
profissionalismo, integridade e independência política. Os principais motores desta 
transformação, segundo Moore e Trojanowicz (1988) foram: 
(1) uma focalização direta sobre o controle do crime como sendo a missão 
central da polícia (e somente dela); 
(2) um deslocamento na estrutura organizacional: de unidade geograficamente 
descentralizada, para uma estrutura centralizada com unidades subordinadas 
definidas pela função mais do que pela localização; 
(3) altos investimentos em tecnologia moderna e treinamento dos policiais. 
 
O objetivo do policiamento tradicional é criar uma força de combate do tipo 
militar, disciplinada e tecnicamente sofisticada, focada no controle e na resolução 
de crimes. As principais tecnologias operacionais dessa estratégia incluem a utilização 
de patrulhas motorizadas (de preferência automóveis), suplementadas com rádio, 
atuando de modo a criar uma sensação de onipresença e respondendo rapidamente 
aos chamados, principalmente aqueles originados pelo telefone 190 ou 911. 
Contudo, estudos posteriores apontaram alguns pontos fracos dessa 
estratégia, que nos farão compreender melhor as características das estratégias 
subsequentes: 
(1) sua tática essencialmente reativa, deixou lacunas na capacidade da polícia 
lidar com determinados tipos de delitos e delinquentes envolvendo pessoas 
sofisticadas e poderosas; 
(2) a prevenção do crime acabou sendo negligenciada, em favor do caráter 
reativo da ação policial, que atua após a ocorrência dos fatos; 
(3) pouca ou nenhuma ênfase é dada à mobilização comunitária e na análise das 
causas do crime; 
(4) há um grande distanciamento entre a polícia e a comunidade. 
 
19 
 
2.2. POLICIAMENTO ESTRATÉGICO (ERA DA REFORMA) 
 
O policiamento estratégico tenta melhorar o policiamento tradicional, 
acrescentando reflexão e energia à missão básica do controle e do combate ao 
crime (MOORE; TROJANOWCZ, 1988). Essa estratégia representou um novo 
esforço das instituições policiais na definição de um escopo competitivo para as suas 
ações, direcionando-as para determinados tipos de delitos. Dessa forma, enfatiza 
uma maior capacidade para lidar com os crimes que não estão bem controlados 
pelo modelo tradicional. 
O objetivo básico da polícia permanece o mesmo, que é o controle efetivo 
do crime. O estilo administrativo continua centralizado. Através de pesquisas e 
estudos, a patrulha nas ruas é direcionada, melhorando a forma de emprego. O 
policiamento estratégico reconhece que a comunidade pode ser um importante 
instrumento de auxílio para a polícia. Recebem ênfase, os crimes praticados por 
delinquentes individuais sofisticados e associações criminosas, que geram 
grande repercussão devido ao grau elevado de violência ou ao método intricado, a 
exemplo dos homicídios em série, narcotráfico, pedofilia, gangues, crimes do 
colarinho branco e corrupção política. 
Essa estratégia de policiamento carece de uma alta capacidade investigativa, 
por isso, incrementou unidades especializadas de investigação. Mas apesar da polícia 
ter melhorado sua capacidade de lidar com os delitos de rua, a partir do emprego de 
patrulhas direcionadas, sua capacidade de prevenir o crime ainda é mínima. 
 
2.3. POLICIAMENTOORIENTADO PARA O PROBLEMA (ERA DA COMUNIDADE) 
 
O policiamento para (re)solução de problemas, também conhecido como 
policiamento orientado para o problema (POP), é uma estratégia que tem como 
objetivo principal melhorar o policiamento profissional, acrescentando reflexão 
e prevenção criminal. Essa estratégia “desafia a polícia a lidar com a desordem e 
situações que causem medo, visando um maior controle do crime” (OLIVEIRA, 2013, 
p. 376). 
 
20 
Para diversos autores “[...] o policiamento orientado para a solução de problemas 
conota mais do que uma orientação e o empenho em uma tarefa particular. Ele implica 
em um programa, com sugestões sobre o que a polícia precisa fazer” (SKOLNICK; 
BAYLEY, 2006a, p. 39). 
O POP pressupõe que os crimes podem estar sendo causados por problemas 
específicos e talvez contínuos na mesma localidade. Conclui-se que o crime pode ser 
minimizado (ou até mesmo extinto) através de ações preventivas, para evitar que seja 
rompida a ordem pública. Essa estratégia exige da polícia um aumento do seu 
repertório de opções ao reagir contra o crime na sua causa raiz, o que implica 
em ir muito além do patrulhamento preventivo, investigação e detenções. 
 
2.4. POLICIAMENTO COMUNITÁRIO (ERA DA COMUNIDADE) 
 
A estratégia de policiamento comunitário, vai ainda mais longe nos esforços para 
melhorar a capacidade da polícia. O policiamento comunitário, que é a atividade 
prática da filosofia de trabalho da polícia comunitária, enfatiza a criação de uma 
parceria eficaz e eficiente entre a comunidade e a polícia. 
O policiamento comunitário tem a necessidade de deixar a comunidade 
nomear seus problemas e buscar solucioná-los em parceria com a polícia. As 
instituições, como a família, a escola, a igreja, as associações de bairro e os grupos 
de comerciantes, são considerados parceiros imprescindíveis da polícia para a criação 
de um grupo coeso de colaboradores. O êxito da polícia está não somente em sua 
capacidade de combater o crime, mas na habilidade de criar e desenvolver 
comunidades competentes para solucionar os seus próprios problemas. 
A polícia comunitária como filosofia, muda os fins, os meios, o estilo 
administrativo e o relacionamento da polícia com a comunidade. O objetivo 
finalístico é para além do combate ao crime, pois permite a inclusão da redução do 
medo do crime, da manutenção da ordem e de alguns tipos de serviços sociais de 
emergência. 
Os meios englobam toda a sabedoria acumulada pela resolução de problemas 
(método IARA), o estilo administrativo muda de concentrado para desconcentrado, de 
policiais especialistas para generalistas. O papel da comunidade evolui de meramente 
 
21 
informar ou alertar a polícia, para participante do controle do crime e na criação de 
comunidades ordeiras. 
 
 
 
 
22 
AULA 3 - O HISTÓRICO DO POLICIAMENTO ORIENTADO 
PARA O PROBLEMA 
 
Na aula anterior vimos um pouco mais sobre as peculiaridades dos quatro 
grandes grupos de estratégias do policiamento moderno, que integram as 
diferentes experiências policiais acumuladas no mundo todo, inclusive pelo 
universo policial brasileiro. 
Vamos agora aprofundar um pouco os nossos conhecimentos sobre a 
estratégia do POP. 
 
Ainda durante o período da Era da Reforma, nos Estados Unidos, foi sugerido 
que a produtividade dos policiais, poderia melhorar se o trabalho policial fosse 
reorganizado com base em fatores motivadores. Tal sugestão resultou em uma forma 
de organização do trabalho policial que foi chamado de “Team Policing”. 
 
Você já tinha ouvido falar sobre o “Team Policing”? 
Muito popular nos anos 70, o Team Policing ou Policiamento por Equipes 
foi adotado nos Estados Unidos em resposta aos anseios populares por um 
policiamento mais sensível às demandas da comunidade e que respondesse 
melhor ao controle do crime e da desordem. Os policiais eram divididos em 
pequenos grupos, sob a regência de um líder, e designados, de modo permanente, 
para lidar com as chamadas e todos os tipos de problemas de uma determinada 
área ou bairro, agindo como generalistas. O conceito dessa estratégia estava 
começando a se mover para retornar ao policiamento orientado para comunidade. 
Mas no final, mesmo com alguns poucos resultados positivos, o experimento falhou 
por vários motivos: problemas no planejamento e pressa na implementação, o 
desconhecimento dos oficiais de patrulha sobre como deveriam atuar, dificuldades 
no processo de avaliação e os boicotes como resultado das resistências naturais 
ao processo de mudança (SKOLNICK; BAYLEY, 2006b; PEAK; GLENSOR, 2007). 
 
Além desse experimento, outros foram implementados durante o final da década 
de 1970 e início dos anos 80. O patrulhamento a pé tornou-se popular em muitas 
 
23 
localidades (Newark, New Jersey, Boston, Flint e Michigan). Foi observado que o 
patrulhamento a pé, era rapidamente percebido pela comunidade e, 
adicionalmente, aumentava a satisfação com o trabalho policial, levando a uma 
significativa redução da percepção dos problemas decorrentes de crimes pela 
vizinhança. 
Esses e outros estudos destruíram alguns mitos sobre o trabalho policial. 
Pesquisas realizadas na década de 70 sugeriram, que as informações poderiam 
ajudar a polícia a melhorar sua capacidade de lidar com o crime. Todos esses estudos 
e outros desenvolvidos sobre o policiamento a pé e a redução do medo do crime criou 
oportunidades para a polícia entender as crescentes preocupações da comunidade 
com os problemas de desordem, como, por exemplo, gangues e prostituição, etc. Os 
policiais descobriram que quando a polícia questionava os cidadãos sobre suas 
prioridades, eles ficavam agradecidos pela preocupação e forneciam informações 
úteis. 
 
PRINCÍPIOS DO NOVO MODELO 
Ao mesmo tempo, a abordagem do policiamento orientada para o problema, do 
professor Herman Goldstein, estava sendo testada em Madison/Wisconsin; Baltimore 
County/Maryland; e Newport News/Virgínia. Nesses estudos comprovou-se a 
satisfação dos policiais em trabalhar utilizando uma abordagem holística, sendo 
capazes de utilizar a solução de problemas com sucesso em parceria com outras 
agências. Da mesma forma, os cidadãos pareciam satisfeitos em trabalhar com a 
polícia para solucionar problemas locais. 
Os policiais receberam maior autonomia e foram treinados para analisar as 
causas subjacentes dos problemas e encontrar soluções criativas. Para 
Goldstein, o modelo orientado para a solução de problemas, requer não apenas 
mudança no trabalho policial, mas também, na estrutura organizacional da polícia. 
Embora o controle do crime permaneça uma função importante, a mesma ênfase é 
dada para a PREVENÇÃO. 
Ao utilizar esse modelo, os policiais fazem uma elevada utilização da 
discricionariedade e escapam da forma rotineira e padronizada de lidar com os 
incidentes do dia a dia. 
 
24 
 
RAZÕES PARA O SURGIMENTO DO POP 
Peak e Glensor (2007), resumem os fatores que prepararam o cenário para o 
surgimento do POP: 
- A dificuldade do policiamento tradicional para conter a criminalidade; 
- O crescimento da diversidade cultural e maior preocupação com a 
violação policial aos direitos das minorias; 
- A preferência pelo patrulhamento motorizado; 
- O aumento da violência; 
- A necessidade de gestões mais eficientes em razão do processo de 
desaceleração da economia; 
- Alto nível de dependência de equipamentos de alta tecnologia, ao invés 
do contato com a comunidade; 
- A ênfase na mudança organizacional, incluindo a descentralização e o 
aumento da discricionariedade dos policiais, dentre outros. 
Todos esses fatores contém um tema em comum: o isolamento da polícia da 
comunidade. A polícia havia sido pega pela síndrome dos “meios sobre os fins”, que 
media seu sucesso pelo número de prisões, rapidez das respostas aos chamados de 
serviço, etc. Ou seja, os fins da atuação policial frequentemente eram negligenciados, 
o quepor muito tempo sustentou a mentalidade do “nós contra eles”, por parte da 
polícia e dos cidadãos. 
 
2.5. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO POLICIAMENTO ORIENTADO PARA O 
PROBLEMA 
 
Em adição a esse grupo de fatores descritos por Peak e Glensor (2007), o 
estudioso Herman Goldstein (1990) apresentou os elementos fundamentais do POP, 
que juntos constituem o núcleo de mudanças necessárias para se repensar o trabalho 
policial. 
1. Agrupamento de incidentes como o problema 
A principal unidade de trabalho policial é o “incidente” ou “ocorrência”, como 
costumamos chamar. Durante um turno de serviço um profissional de segurança 
 
25 
pública, lida com situações de todas as ordens: furtos a residência, roubos à pessoa, 
perturbação do sossego, violência doméstica, pessoas em atitude suspeita, etc. 
Quando um policial atende uma ocorrência, ele geralmente está lidando com as 
manifestações superficiais de um problema mais complexo e não o problema em si. 
O modelo tradicional de atendimento faz com que os incidentes sejam tratados como 
um fato isolado. 
Ao reconhecer esse problema, o POP impulsiona a polícia para duas direções: 
reconhecer as relações entre os incidentes (semelhanças) e aprofundar as 
observações sobre as ocorrências, identificando as condições e fatores que estão em 
sua origem. 
 
2. O foco em problemas como a preocupação central do policiamento 
Para o POP, o coração do policiamento consiste no tratamento de problemas 
substanciais da comunidade, que passam a ser a unidade de trabalho policial, 
transcendendo os limites da mera aplicação da lei. 
 
3. Efetividade como objetivo final 
Para o POP, a efetividade do trabalho policial está relacionada com a forma de 
como a polícia lida com os problemas da comunidade. Eck e Spelman (1987) 
identificaram cinco graus variados de impactos que a polícia poderia ter sobre um 
problema: eliminação total do problema; redução do número de incidentes; redução 
da gravidade dos incidentes; desenvolvimento de métodos para melhor atender os 
incidentes; e a remoção do problema da esfera policial. 
 
4. A necessidade de um processo sistemático de investigação 
O POP sugere que, identificado um problema por meio de agrupamento de 
incidentes recorrentes e similares, seja ele resolvido através de um processo de coleta 
e análise de dados sistemática, que permita compreender e responder de modo 
inteligente às causas que contribuem para sua ocorrência. 
 
5. Dividindo e rotulando com precisão os problemas 
Denominar um determinado problema com um rótulo genérico pode dificultar ou 
 
26 
limitar o processo de análise do problema pela ausência de informações e levar a 
adoção de respostas igualmente genéricas que não atenderão às especificidades do 
problema. 
O POP chama a atenção para os cuidados de rotulagem, ensinando que quanto 
mais um problema for detalhado, delimitado, mais adequada serão as respostas para 
a sua solução. Exemplo: um problema rotulado apenas como “roubo” é genérico 
demais. Para respostas mais adequadas, poderíamos rotular como “roubo a 
farmácias, no período das 20h às 23h, especialmente nas sextas-feiras e sábados, na 
região central de Curitiba). 
 
6. Análise dos múltiplos interesses envolvidos em um problema 
O POP orienta, que a polícia deve identificar todas as pessoas ou grupos que 
tenham relação com o problema, bem como os interesses sociais concorrentes. Esse 
processo de participação, além de ser um exercício saudável para a comunidade, 
ajuda a polícia a compreender os níveis de preocupação e a definir melhor as 
estratégias de enfrentamento. 
 
7. Identificar e analisar as respostas atuais 
Antes de explorar maneiras novas e mais efetivas para lidar com um problema 
da comunidade, é importante estabelecer como a polícia tem costumeiramente 
enfrentado os incidentes que formam esse problema. Como muitas vezes as formas 
de responder a um determinado incidente são pessoais e inerentes a cada policial, 
torna-se interessante analisar os fracassos e os sucessos de cada iniciativa, tendo 
isso como um ponto de partida para a construção de alternativas que ataquem o 
problema em suas origens. 
 
8. Buscando respostas específicas 
Um problema pode até demandar uma única resposta, mas as experiências com 
o POP, tem demonstrado a necessidade de um conjunto de alternativas que ataquem 
integralmente o problema e suas origens, incluindo, muitas vezes, respostas 
tradicionais tendentes à persecução criminal. Somado a isso, o POP também encoraja 
a busca de alternativas diversas e criativas, em especial as ações que envolvam a 
 
27 
participação da comunidade. 
 
9. Adotando uma postura proativa 
O POP encoraja um papel proativo da polícia em três dimensões 
complementares: na identificação dos problemas emergentes na comunidade, por 
meio de uma análise apurada dos incidentes; assumindo um papel de protagonista, 
em que não fique apenas aguardando as solicitações da comunidade; e, incorporando 
um papel de defensor da própria comunidade, buscando a resolução daqueles 
problemas que realmente preocupam e incomodam a comunidade por ele 
representada. 
 
10. Potencializando o processo de tomada de decisão e ampliando o controle 
No POP as decisões são realizadas em sistema corresponsabilidade entre a 
polícia e a comunidade. Isso torna o processo de decisões por parte da polícia mais 
robusto e legitimado, pois os riscos e as cobranças acerca da efetividade das ações, 
são divididas com a comunidade. No mesmo sentido, esse sistema de mútua 
colaboração para resolução de problemas amplia o controle das pessoas e 
autoridades sobre a atividade policial. 
 
11. Avaliando os resultados das respostas recém-implementadas 
O POP tem um compromisso com o processo de avaliação, o que exige o 
desenvolvimento de habilidades, procedimentos e técnicas de pesquisa para analisar 
problemas e avaliar a efetividades das respostas implementadas. 
 
Lembre-se: 
A noção de policiamento orientado para solução de problemas, surge neste 
cenário como um novo paradigma do trabalho policial, fundamentado na ideia de 
que é possível a aplicação da metodologia no cotidiano do serviço policial, em 
sistema de parceria com a comunidade, capaz de responder de modo mais efetivo 
na redução ou eliminação dos problemas. 
 
 
 
28 
AULA 4 - A RELAÇÃO DO POP COM O POLICIAMENTO 
COMUNITÁRIO 
 
Baseado no texto da aula anterior, como você conceituaria o policiamento 
orientado para o problema? 
 
Resposta: 
Trata-se de mais um meio de engajamento social. A premissa baseia-se no 
conceito de que a polícia deixa de reagir ao crime (crime fighting policing) e passa 
a mobilizar os seus recursos e esforços na busca de respostas preventivas para os 
problemas locais (problem-oriented policing); ao invés de reagir contra incidentes, 
isto é, aos sintomas dos problemas, a polícia passa a trabalhar para a solução dos 
próprios problemas. A noção do que constitui um problema desde uma perspectiva 
policial expande-se consideravelmente para abranger o incrível leque de distúrbios 
que levam o cidadão a evocar a presença policial (BRASIL, 2019, p. 29). 
 
O POP foi detalhado por Goldstein, em 1979, com a seguinte definição “[...] a 
resolução de problemas constituía o verdadeiro propósito do policiamento e 
propugnava por uma polícia que identificasse e buscasse as causas dos 
problemas subjacentes às repetidas chamadas policiais” (CERQUEIRA, 2001). 
Dessa forma, Goldstein busca, através de um estudo metodológico, demonstrar que 
a polícia deve agir nas causas e não apenas nos efeitos. 
O policiamento orientado para o problema encontra sustentação teórica com a 
colocação de Clarke e Felson (1998), pois argumentam que o comportamento 
individual é resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente. Essa 
colocação assegura que a oportunidade pode ser considerada a principal causa 
do crime. 
 
Clarke e Felson 
Os autores,entretanto, têm preferido utilizar a palavra “abordagem das 
atividades rotineiras” para se referirem à teoria das oportunidades, uma vez que no 
sentido estrito da palavra, nenhuma delas pode ser considerada uma teoria. 
 
 
29 
Embora a teoria das oportunidades seja frequentemente utilizada para estudo 
das causas do crime, sua aplicação tem sido maior nos crimes contra o patrimônio. 
Por sua versatilidade, ela também pode ser utilizada para o entendimento de todos os 
tipos de crimes, inclusive os crimes contra a pessoa. 
Por acreditar que o medo do crime favorece o aumento das taxas de crime 
e a decadência dos bairros, inúmeros programas de redução do medo foram 
desenvolvidos, alguns em parceria com a comunidade. 
A abordagem das atividades rotineiras, teve início a partir das explicações 
utilizadas para os crimes predatórios em um artigo escrito por Cohen e Felson, em 
1979. A teoria pode ser resumida considerando que “para que um crime ocorra 
deve haver convergência de tempo e espaço em, pelo menos, três elementos: 
um provável agressor, um alvo adequado, na ausência de um guardião capaz de 
impedir o crime”. 
Essa estratégia de policiamento implica em mudanças estruturais da polícia, 
aumentando a discricionariedade do policial (aumento de sua capacidade de decisão, 
iniciativa e de resolução de problemas). 
O POP desafia a polícia a lidar com a desordem e situações que causem 
medo, visando um maior controle do crime. Os meios utilizados são diferentes dos 
anteriores e inclui um diagnóstico das causas subjacentes do crime, a mobilização da 
comunidade e de instituições governamentais e não-governamentais. Encoraja uma 
descentralização geográfica e a existência de policiais generalistas e capacitados. 
A solução de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu 
emprego regular pode contribuir para a redução ou solução dos crimes, melhorar a 
sensação de segurança e, até mesmo, diminuir a desordem física e moral vivenciada 
nos bairros. 
Solucionar problemas no policiamento não é novidade, a diferença é que o 
policiamento orientado para o problema apresenta um método analítico. O model 
SARA (modelo IARA) é formado pelo acróstico de cada fase. Ele foi concebido por 
John Eck e William Spelman, que no de 1987, implantara o POP no departamento 
de polícia de Newport News, sob supervisão de Herman Goldstein. 
 
 
 
30 
4.1. CORRELAÇÃO ENTRE O POP E O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO 
 
Qual é a relação entre a estratégia de policiamento comunitário com o 
policiamento orientado para o problema? 
 
Resposta: 
Alguns estudos apresentam as diferenças entre policiamento orientado para 
o problema e policiamento comunitário, e a maioria acredita que o POP é um 
método a ser utilizado no policiamento comunitário. O policiamento orientado para 
o problema permite ser implementado de duas formas, com o envolvimento 
comunitário ou isoladamente, enquanto o comunitário, essencialmente precisa do 
envolvimento da comunidade. 
 
O POP e o policiamento comunitário têm uma relação de 
complementaridade e os estudiosos divergem ao afirmar “quem nasceu primeiro” e 
quem é a “ferramenta” de quem. 
De uma maneira geral, o que tem prevalecido é a ideia de que a solução de 
problemas é a estratégia que permite praticar a filosofia do policiamento 
comunitário. Ele (o método de solução de problemas) possibilita o exame das 
causas subjacentes que provocam a repetição dos crimes e desordens, 
auxiliando os policiais a identificar problemas, analisá-los, desenvolver 
respostas e avaliar os resultados. 
Herman Goldstein é considerado por muitos como o principal arquiteto do 
policiamento orientado para o problema. Seu livro, “Policing a Free Society” (1977), 
está entre as mais frequentes obras citadas na literatura policial. Um trabalho 
posterior, “Problem Oriented Policing” (1990), aborda com mais profundidade e 
riqueza o assunto. 
O termo POP foi impresso pelo autor, em 1979, como resultado de sua frustração 
em constatar a insistência dos policiais em responder aos incidentes apenas com 
operações. O autor critica a ênfase que é dada à rapidez do atendimento em 
detrimento da qualidade do resultado. Para Goldstein, o telefone, mais do que 
qualquer política ou estratégia interna ou externa, ditava as ações da polícia. 
 
31 
O POP deve envolver a comunidade para descobrir com maior clareza quais são 
os problemas que realmente a incomoda. Mas muitas unidades policiais montam 
grupos temporários, como “força tarefa”, para solucionar os problemas sem, muitas 
vezes, ouvir a comunidade. Dessa forma, a polícia utiliza a estratégia do POP, mas 
não realiza o policiamento comunitário. É importante frisar que, nesse caso, não é 
possível agregar algum juízo de valor certo ou errado, uma visão maniqueísta, pois, 
em algumas situações é necessário dar uma resposta imediata à comunidade, 
principalmente, se for a intenção dar sensação de segurança. O certo é que esse tipo 
de resposta provisória é frágil e geralmente não tem soluções definitivas para um 
problema. 
O policiamento comunitário e o POP estimulam a polícia a ser mais imaginativa 
no que toca aos métodos operacionais. E, principalmente, ampliam a percepção das 
polícias para metas que vão além dos objetivos de lutar contra o crime e exercer um 
policiamento tradicional. 
As estratégias organizacionais sugerem trocar burocracias de comando e 
controle, extremamente centralizadas, por organizações profissionais 
descentralizadas. Elas procuram redefinir os objetivos gerais de policiamento, alterar 
os principais programas operacionais e as tecnologias usadas, encontrar a 
legitimidade e a popularidade do policiamento. É uma mudança de comportamento de 
todo o público interno, em todos os níveis organizacionais (estratégico, tático e 
operacional), bem como da relação com os líderes governamentais e comunitários. 
Observe agora a Figura 3: 
 
Figura 03 - Diagrama de bases filosóficas do policiamento moderno. 
Fonte: Moreira (2004) apud Oliveira (2013, p. 378). 
 
32 
 
 
Como você pode perceber, as estratégias de policiamento, apesar de terem 
características distintas, não são concorrentes, elas têm um sentido de 
complementaridade ao longo do tempo. Cada estratégia é um trabalho 
desenvolvido para o seu contexto histórico e busca suprir uma lacuna, que ainda não 
era abordada ou desenvolvida na tarefa policial, da estratégia anterior. 
Com a evolução do policiamento, as estratégias institucionais foram ampliando 
o campo de atuação policial para melhor responder aos desafios do seu tempo. 
 
 
 
 
 
33 
Finalizando: 
 
Nesse Módulo você viu... 
As eras do policiamento moderno: política, da reforma, da comunidade e da 
incerteza; 
As estratégias de policiamento: policiamento tradicional, comunitário, orientado 
para o problema - POP; 
Relação entre o POP e o policiamento comunitário. 
 
 
34 
MÓDULO 2 – AS METODOLOGIAS DE PLANEJAMENTO 
 
No módulo 1 você viu como são estruturadas as Eras do Policiamento 
Moderno e as principais estratégias de policiamento que decorrem das Eras da 
Reforma e da Comunidade, com especial ênfase no policiamento orientado 
para o problema. Neste módulo, você terá a chance de estudar os conceitos de 
planejamento estratégico e seus desdobramentos, e fazer o link com as estratégias 
de policiamento estudadas no módulo anterior. Você irá conhecer também um 
pouco mais sobre “sistema de gestão para atingir metas” e a relação existente entre 
o POP e o Ciclo PDCA. 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
 
Aula 1 - O que é planejamento estratégico; 
Aula 2 - Sistema de gestão para atingir metas; 
Aula 3 - A relação do POP com o ciclo PDCA. 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Conceituar planejamento estratégico; 
- Conceituar metas; 
- Compreender o gerenciamento da rotina de trabalho; e 
- Correlacionaro POP com o Ciclo PDCA. 
 
 
35 
AULA 1 - O QUE É PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 
 
Por que planejar? 
 
Para iniciar esta unidade, propomos a você um desafio. Leia o texto: “O 
IRÔNICO SORRISO DO GATO”, de Mário Sergio Cortella e responda as perguntas 
que seguem após o texto. 
 
O IRÔNICO SORRISO DO GATO 
Mário Sergio Cortella 
 
A escolha dos caminhos depende do lugar almejado 
Há alguns meses, participando de um congresso sobre O professor e a 
leitura de jornal, pude debater a respeito da "overdose" ferramental que invade 
cada vez mais o cotidiano social e, sem dúvida, também o mundo da escola. 
Relembrávamos nesse debate uma das mais contundentes reflexões sobre a 
vida humana e que não pode ser esquecida, tamanha é a importância que carrega 
também para o debate pedagógico: Alice no País das Maravilhas, escrita no século 
XIX pelo matemático inglês, Charles Dodgson (que deu a si mesmo o apelido Lewis 
Carroll). 
Nessa obra, Alice cai, ela está atrás de um coelho e cai em um mundo 
desconhecido (na verdade, a menina cai dentro de si mesma). Entre as inúmeras 
personagens fantásticas da obra, duas delas estão muito próximas de nós: uma é 
um coelho que está sempre atrasado, correndo para lá e para cá com o relógio na 
mão; a outra é um gato do qual somente aparece o sorriso, somente ficam visíveis 
os dentes e, às vezes, o rabo. 
Há uma cena que a gente não deve ocultar – principalmente quando se fala 
em ferramentas para o trabalho pedagógico e, muitas vezes, da percepção 
equivocada da tecnologia como redentora da educação: o encontro de Alice com o 
gato, contando resumidamente, na cena - Alice está perdida, andando naquele 
lugar e, de repente, vê no alto da árvore o gato. Só o rabão do gato e aquele sorriso. 
Ela olha para ele lá em cima e diz assim: _"Você pode me ajudar?" 
 
36 
Ele falou: 
_"Sim, pois não." 
Pergunta Alice: 
_"Para onde vai essa estrada?" 
O Gato respondeu com outra pergunta (que sempre devemos nos fazer): 
_"Para onde você quer ir?". 
_"Eu não sei, estou perdida. Diz Alice 
O Gato, então, diz assim: 
_"Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve." 
 
Para quem não sabe para onde vai, serve de qualquer maneira o jornal, a 
revista, o livro, a internet, o videocassete, o cinema, etc. E aí, qualquer um de nós, 
na ansiedade de modernizar o modelo pedagógico, eletrifica sofregamente a sala 
de aula ou, mais desesperadamente, sonha em fazer isso, imaginando o quanto o 
trabalho seria espetacular com esses instrumentos. Daí, se possível, o professor 
enche a sala de aparatos tecnológicos, como se, para fazer algo que interesse às 
pessoas, precisasse eletrificar continuamente o processo, metendo aparelhos 
eletrônicos ligados para todo o lado. Muitos dizem que, como os alunos estão 
habituados com isso, precisamos modernizar o ensino. Será? 
Depende da finalidade do "para onde se desejar ir". Se você sabe para onde 
quer ir, vai usar a ferramenta necessária. O que se deve modernizar não é 
primeiramente a ferramenta, mas sim o tratamento intencional dado aos conteúdos 
trabalhados na escola. 
Por isso, é preciso trazer sempre na memória o ditado chinês que diz: "Quando 
você aponta a lua bela e brilhante, o tolo olha atentamente a ponta do seu dedo." 
Disponível em:<http://aescolareinoencantado.blogspot.com/2012/07/o-
ironico-sorriso-do-gato.html>. Acesso em: 25 nov. 2020. 
 
1. Na sua organização, as atividades de policiamento são planejadas 
envolvendo o nível de execução (linha de frente)? 
2. Existe rotina para gerenciar as atividades diárias do policial militar? 
 
http://aescolareinoencantado.blogspot.com/2012/07/o-ironico-sorriso-do-gato.html
http://aescolareinoencantado.blogspot.com/2012/07/o-ironico-sorriso-do-gato.html
 
37 
Resposta: 
1. Uma das características do policiamento profissional (tradicional) é a 
centralização do planejamento, geralmente na seção operacional. A estratégia de 
policiamento orientado para o problema propõe que o planejamento deve envolver 
todos os níveis organizacionais, principalmente o nível de execução, para evitar que 
o policial fique perdido, sem saber para onde seguir quando se deparar com um 
problema. 
 
2. Existem várias rotinas de gerenciamento, que facilitam a execução e 
o acompanhamento das metas propostas para o policial. Uma organização que 
almeja executar o policiamento com qualidade tem que focar no objetivo 
organizacional, para dar um “norte” para as pessoas. 
 
Ao responder a essas perguntas, você refletiu sobre a importância do 
planejamento, envolvendo principalmente o nível operacional (atividade de base ou 
linha de frente), bem como sobre a necessidade de desenvolver formas de gerenciar 
diariamente as tarefas, com o estabelecimento de metas para cada setor do sistema 
de segurança pública e defesa social. 
Agora pense por um instante sobre o significado da palavra PLANEJAMENTO. 
Depois observe atentamente a charge abaixo (FIGURA 4) e responda: 
 
Figura 4 – Charge sobre gerenciamento de projetos. 
Fonte: Projeto Diário Consultoria e Treinamento. Disponível 
em:<https://www.projetodiario.net.br/humor-charge-em-gerenciamento-de-
projetos>. Acesso em: 31 out. 2020. 
https://www.projetodiario.net.br/humor-charge-em-gerenciamento-de-projetos
https://www.projetodiario.net.br/humor-charge-em-gerenciamento-de-projetos
 
38 
1. Na FIGURA 4, qual o “assunto” ilustrado: produção, finanças, marketing 
ou saúde? 
2. Quais são os “elementos” necessários para prestar esse serviço? 
3. Qual é o “tempo” para sua realização? 
4. Quais “unidades organizacionais” precisam ser envolvidas para prestar 
esse serviço: departamentos, grupos de pessoas ou divisões de serviço? 
5. Quais são as “características” que envolvem esse processo: simples ou 
complexo; ênfase na qualidade ou quantidade; estratégico ou tático; confidencial 
ou público; formal ou informal; econômico ou oneroso? 
 
Respostas: 
1. A Figura retrata o planejamento de uma cirurgia médica, ou melhor, a sua 
ausência. 
2. O assunto abordado é saúde. 
3. Os elementos necessários para planejar este serviço estão vinculados ao 
objetivo do hospital, às estratégias utilizadas para prestar o serviço, às políticas 
internas, aos orçamentos, às normas de conduta médica, aos princípios éticos, 
dentre outros. 
4. O tempo ou período para executar esse serviço é curto. 
5. Para que esse serviço seja executado é necessário o envolvimento de 
outros setores, dentro do hospital: Departamento de Enfermaria, Departamento 
do CTI, Grupo de anestesistas, serviço “terceirizado” de entrega de materiais 
(medicamentos, sangue, instrumentos cirúrgicos, etc.). 
É possível inferir que esse planejamento tem a característica de ser complexo, 
focado na qualidade, operacional, confidencial (envolve pessoas que devem ter sua 
identidade preservada), formal e econômico (ou, até mesmo caro, se imaginar que 
é um procedimento muito difícil de ser realizado). 
 
Ao responder às perguntas da página anterior, você estabeleceu as cinco 
dimensões do planejamento, que podem ser observadas no QUADRO 2: 
 
 
39 
Assunto 
abordado 
Elementos Tempo 
Unidades 
Organizacionais 
Características 
▪ Marketing 
▪ Finanças 
▪ Segurança 
▪ Saúde 
▪ Recursos 
Humanos 
▪ Propósitos 
▪ Objetivos 
▪ Estratégias 
▪ Políticas 
internas 
▪ Programas 
▪ Orçamentos 
▪ Normas 
▪ Códigos de 
Conduta 
▪ Manuais de 
Procedimentos 
▪ Curto 
▪ Médio 
▪ Longo 
▪ Departamento 
de Negócios 
▪ Departamento 
de Investigação 
▪ Seção de 
Finanças 
▪ Divisão de 
Combate ao 
Crime 
Organizado 
▪ Seção de 
Prevenção 
Criminal 
▪ Complexo ou 
Simples 
▪ Prioriza a 
qualidade ou 
quantidade 
▪ Estratégico, Tático 
ou Operacional 
▪ Confidencial ou 
Público 
▪ Formal ou Informal 
▪ Econômico ou 
Oneroso 
Quadro 2 – As cinco dimensões do planejamento. 
 Fonte: Adaptado de Steiner (1969). 
 
 
O conceito de planejamento é muito mais abrangentedo que podemos imaginar, 
pois cada organização possui suas próprias especificidades e o define de acordo com 
suas perspectivas. Mas Steiner (1969) defende essas cinco dimensões como forma 
de facilitação para a estruturação de um planejamento. 
 
Mas afinal, o que é Planejamento? 
 
O planejamento é um processo sistemático e constante de tomada de decisões 
para se alcançar uma situação futura desejada (objetivos organizacionais), de 
modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços 
humanos e recursos pela empresa. 
 
40 
 
Figura 5 – Planejamento. 
 Fonte: Conteudista. 
 
O planejamento deve potencializar os resultados e minimizar as deficiências, 
procurando proporcionar à organização uma situação de maior efetividade. Os 
aspectos acima apresentados, interagem entre si, e compõe um dos princípios do 
planejamento cuja fórmula administrativa para desenvolver o sucesso da estratégia 
pode ser observado a seguir: 
Figura 6 – Fórmula administrativa para desenvolver o sucesso da estratégia. 
Fonte: Conteudista. 
O objetivo do planejamento é desenvolver processos, técnicas e atitudes 
administrativas, que proporcionem uma situação viável de avaliar as 
implicações futuras de decisões presentes. Isto é definido em função do objetivo 
organizacional, que facilitará a decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, 
eficiente e eficaz. 
O exercício sistemático do planejamento, tende a reduzir a incerteza envolvida 
no processo de tomada de decisão e aumenta a chance de alcançar os objetivos e 
desafios enfrentados. 
Neste sentido, recorremos a um outro princípio do planejamento - princípio da 
maior penetração e abrangência – onde compreendemos que o planejamento pode 
provocar uma série de modificações nas características e atividades da empresa 
•É fazer as tarefas de maneira adequada para
resolver os problemas, guardar os recursos,
cumprir seu dever e reduzir seus custos.
Eficiência
•É fazer as tarefas certas para produzir
alternativas criativas, maximizar a utilização dos
recursos, obter resultado e aumentar o lucro.
Eficácia
•É a capacidade da empresa coordenar de forma
constante, no tempo, esforços e energias, tendo
em vista o alcance dos resultados globais.
Efetividade
 
41 
como: 
 
Figura 7 – Princípio da maior penetração e abrangência. 
 Fonte: Conteudista. 
 
Baseado nesse diagrama, quais são as modificações que você acha que 
podem ocorrer numa empresa? 
 
Resposta: 
- As modificações relacionadas às pessoas podem corresponder à necessidade de 
treinamento, substituições, transferências, avaliações periódicas, premiação, dentre 
outras. 
- Na tecnologia, as modificações estão relacionadas com a evolução dos 
conhecimentos para desempenhar aquela tarefa, uma nova maneira de desenvolver aquele 
serviço ou produzir o produto, no ajuste do ambiente. 
- No sistema, as modificações podem ocorrer na divisão das responsabilidades, na 
desconcentração da empresa, na descentralização dos serviços, na criação de novas 
instruções, dentre outros. 
 
 
A partir do conceito de Planejamento podemos substituir o termo “situação 
futura desejada” por “objetivos globais escolhidos pela organização para serem 
alcançados no longo prazo”. E para concretizar esses objetivos em situações 
complexas, como a segurança pública, por exemplo, é necessário selecionar o 
caminho com maior probabilidade de acerto em relação ao futuro. Podemos 
compreender a Estratégia como sendo esse caminho, aquele que busca alcançar 
os objetivos organizacionais, que define a ordem de importância e prioridade 
em uma hierarquia de objetivos. Portanto, a estratégia é um meio, e não um fim em 
si mesma (CHIAVENATO, 2003). 
Lembre-se: 
No Módulo I abordamos as principais estratégias de policiamento da Era da 
PESSOAS TECNOLOGIAS SISTEMAS
 
42 
Decisões 
estratégicas
Planejamento 
estratégico
Decisões táticas
Planejamento 
tático
Decisões 
operacionais
Planejamento 
operacional
Reforma e da Era da Comunidade, onde tivemos a oportunidade de conhecer os 
objetivos institucionais da polícia em cada um dos períodos, seu foco de atuação, 
como se relacionavam com a comunidade e as principais táticas empregadas. 
 
E assim chegamos a uma definição de Planejamento Estratégico: 
 
 “maneira pela qual uma organização pretende aplicar uma 
determinada estratégia para alcançar os objetivos propostos” 
(CHIAVENATO, 2003, p. 236). 
 
Ocorre que o planejamento estratégico pensa a estratégia para um horizonte 
temporal de longo prazo. Por isso Steiner (1969) afirma que todas as estratégias 
devem ser divididas em subestratégias para sua implementação. A operacionalização 
da estratégia provoca um conjunto de hierarquias, em diferentes níveis e com 
diferentes perspectivas de tempo, o que enseja no desdobramento de planejamentos 
táticos (médio prazo) e operacionais (curto prazo), conforme podemos observar na 
pirâmide organizacional a seguir (FIGURA 8): 
 
 
Figura 8 – Pirâmide organizacional. 
 Fonte: Adaptado de Oliveira (2001, p. 45) apud Caetano e Sampaio (2016). 
 
Nessa concepção de “pirâmide organizacional”, há uma clara divisão na tomada 
de decisões, que respeita a escala hierárquica ocupada pelo gestor (CAETANO; 
SAMPAIO, 2016). 
Nível estratégico
Nível tático
Nível operacional
 
43 
Considerando os níveis hierárquicos apresentados na pirâmide organizacional, 
o planejamento pode ser dividido em três níveis, observe o Quadro 3: 
Planejamento 
Estratégico: é o 
planejamento mais amplo 
e abrange toda a 
organização. 
▪ É projetado no longo prazo, tendo seus efeitos e consequências 
estendidos a vários anos pela frente. 
▪ Envolve a empresa como uma totalidade, abrange todos os 
recursos e áreas de atividade, e preocupa-se em atingir os 
objetivos em nível organizacional. 
▪ É definido pela cúpula da organização (no nível institucional) e 
corresponde ao plano maior ao qual todos os demais estão 
subordinados. 
Planejamento 
Tático: é o planejamento 
que abrange cada 
departamento ou unidade 
da organização. 
▪ É projetado para o médio prazo, geralmente para o exercício anual. 
▪ Envolve cada departamento, abrange seus recursos específicos e 
preocupa-se em atingir os objetivos departamentais. 
▪ É definido no nível intermediário, em cada departamento da 
empresa. 
Planejamento 
Operacional: é o 
planejamento que 
abrange cada tarefa ou 
atividade específica. 
 
▪ É projetado para o curto prazo, para o imediato. 
▪ Envolve cada tarefa ou atividade isoladamente e preocupa-se com 
o alcance de metas específicas. 
▪ É definido no nível operacional, para cada tarefa ou atividade. 
Quadro 3 – Níveis distintos de planejamento 
Fonte: Adaptado de Chiavenatto (2003, p. 171). 
 
 
44 
AULA 2 – SISTEMA DE GESTÃO PARA ATINGIR METAS 
 
Com base na aula anterior, observamos que é a partir da Estratégia 
Organizacional que são definidos: 
- As metas que se quer atingir; 
- Os produtos ou serviços que a organização pretende oferecer; 
- Consumidores ou clientes a serem servidos; 
- Tecnologia a ser utilizada; e 
- A situação em que o trabalho deve ser desenvolvido. 
 
A gestão de metas significa justamente administrar os recursos 
disponíveis (tempo, dinheiro e pessoas) em direção aos objetivos 
organizacionais da empresa. 
Neste tocante, observe a citação abaixo: 
Não se gerencia o que não se mede... 
Não se mede o que não se define... 
Não se define o que não se entende... 
Não há sucesso no que não se gerencia... 
William Edwards Deming 
 
Baseado na citação do professor americano Deming, para você, o que é meta? 
Dê um exemplo. 
 
Resposta: 
- Meta é a quantificação dos objetivos. Estamos falando de tarefas específicas 
(definição de responsabilidades), que precisam ser realizadas de forma regular (em 
um prazo, um tempo específico) e a um certo custo (valores) para se alcançar os 
objetivos determinados.Ou seja, é o caminho a ser percorrido para que se possa 
atingir o objetivo desejado. Querem ver um exemplo simples? 
- Objetivo: Concluir o curso de inglês, nível intermediário, até o mês de março 
de 2022. 
- Metas: Fazer a matrícula do curso até o dia 15 de fevereiro de 2021; Pagar 
 
45 
as mensalidades de R$ 250,00 até o 5º dia útil de cada mês, por 12 meses 
consecutivos; Frequentar no mínimo 90% das aulas presenciais; Atingir nota 
superior ou igual a 7,0 nas avaliações escritas e orais. 
A lógica entre objetivos e metas é aquela observada no texto de Mário Sérgio 
Cortella, da última aula: não é possivel chegar a um lugar se você não souber que 
lugar é esse e que caminho deve seguir. Neste tocante, vislumbramos os objetivos 
para serem alcançados no médio e no longo prazo, e as metas no curto prazo. 
 
O que não pode ser quantificado não pode ser definido como meta. Observe que 
a palavra método é formada pela união dos termos meta + hodos = caminho. É a 
maneira de como fazer; é um sistema de práticas, técnicas e regras usadas pelas 
pessoas que trabalham em uma disciplina. 
De forma simples, uma estratégia define as metas que se querem atingir, os 
principais produtos ou serviços, tecnologias e processos de produção que 
serão utilizados. Por isso, elaborar metas é quantificar cada objetivo, atribuir 
valores (custos), estabelecer prazos (tempo) e definir responsabilidades. A partir 
do estabelecimento das metas que as partes interessadas poderão realizar o 
monitoramento e avaliação da estratégia, atestando se estão no caminho certo ou 
não. 
A estratégia orienta, ainda, a maneira como a instituição irá se relacionar com 
seus funcionários, seus parceiros e seus clientes. Uma estratégia é definida quando 
um executivo descobre a melhor maneira de usar sua instituição para enfrentar os 
desafios ou para explorar as oportunidades. 
Gerenciar a rotina de tarefas, é garantir meios para que o nível operacional 
atinja resultados de produtividade e qualidade esperados pelo nível 
institucional. Geralmente, as empresas modernas utilizam o sistema de gestão para 
formular, desdobrar e atingir metas. Esse processo de gerência envolve os três níveis 
hierárquicos. 
Você sabia que: 
- As metas não podem ser estabelecidas ao acaso. Elas devem ser definidas 
a partir de indicadores de desempenho. Uma meta sempre representa uma 
oportunidade: um valor compreendido entre o resultado atual e o melhor resultado 
 
46 
conhecido para este indicador; 
- Indicadores de Desempenho: possuem como objetivo medir o grau de 
alcance dos objetivos estratégicos e influenciar o comportamento das pessoas na 
busca desses objetivos. Junto com as metas, são responsáveis, por determinar se 
a organização está desempenhando em direção à sua estratégia e na velocidade 
certa. 
 
O nível estratégico é responsável pela formulação estratégica e estabelece 
metas anuais e a longo prazo para a empresa. O nível tático tem o dever de 
desdobrar essas metas, através de diretrizes e normas. O nível operacional tem 
como tarefa cotidiana atingir e gerenciar as rotinas de trabalho para cumprir as metas 
pactuadas. Perceba como todos os atores envolvidos, em todos os níveis, devem 
estar voltadas para atingir esse objetivo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 – Sistema de gestão para atingir metas. 
Fonte: Adaptado de Freitas (2003) apud Oliveira (2013). 
Atenção! 
O gerenciamento da rotina só pode ser realizado com metas. As metas são os 
insumos, o início do trabalho do gerenciamento. Não se atinge metas sem que se 
façam mudanças. 
Nível 
Estratégico 
Estabelecer 
metas 
Formulação 
estratégica 
METAS DA EMPRESA 
Desdobrar 
metas e 
medidas 
Desdobramento 
das diretrizes 
Nível 
Tático 
Atingir 
metas 
Gerenciamento da 
rotina do trabalho 
Nível 
Operacional 
 
47 
AULA 3 - A RELAÇÃO DO POP COM O CICLO PDCA 
 
Conforme foi visto na aula anterior, é no nível operacional que ocorre o 
gerenciamento da rotina do trabalho para atingir as metas, visando melhorar a 
qualidade do serviço prestado ou do produto produzido. 
 
Foi Walter A. Shewhart, que deu um salto significativo no conceito de qualidade, 
pois associou as técnicas estatísticas à realidade da empresa de telefonia Bell 
Telephone Laboratories. Shewarth, desenvolveu os gráficos de controle, que utilizam 
maciçamente os princípios estatísticos, bem como o próprio ciclo PDCA. Perceba que 
PDCA é uma sigla formada pelo anagrama das palavras em inglês de cada fase desse 
ciclo, que direciona as atividades de plan = planejar, do = fazer, check = verificar e 
action = agir. Observe a FIGURA 10 abaixo: 
 
 
Figura 10 – Ciclo PDCA. 
 Fonte: Adaptado de Oliveira (2013). 
 
 
 
48 
A Figura 10 detalha a sequência de tarefas que deve ser desencadeada para 
atingir uma meta e, consequentemente, aperfeiçoar a qualidade de uma empresa. 
E você? Sabe quais são as principais vantagens de se aplicar o método PDCA 
em uma instituição? 
 
Resposta: 
Segundo Falconi (2009 apud Caetano e Sampaio, 2016) as principais 
vantagens são: 
- A melhoria e estabilização de resultados pela participação coletiva no 
gerenciamento institucional; 
- A uniformização da linguagem e a melhoria da comunicação; 
- A compreensão dos papeis individuais e coletivos no esforço institucional; 
- O aprendizado continuado; 
- Obtenção de resultados a partir da utilização das várias áreas da ciência; e, 
- A melhoria da absorção das melhores práticas do setor privado. 
 
Um dos maiores méritos do método PDCA, é exatamente difundir o 
conhecimento organizacional, ao mesmo tempo que busca os melhores resultados na 
sua área de atuação. 
Após observado o Ciclo PDCA, vamos conhecer um pouco mais de cada uma 
de suas etapas: 
▪ Plan (Planejar) – é a primeira etapa do ciclo, que trata justamente do 
planejamento, cujos pressupostos são a identificação de problemas ou objetivos 
e o estabelecimento dos respectivos planos de ação. 
▪ Do (Fazer) – vencida a etapa anterior, esta é a hora de colocar em curso 
as medidas planejadas. Deve-se enfatizar a importância das pessoas que 
integram a organização, já que, sem o envolvimento delas, esse modo gerencial 
está fadado ao fracasso. A condição essencial para que isso ocorra é o 
desenvolvimento prévio de sólidos conteúdos de liderança. 
▪ Check (Verificar) - a próxima etapa é fazer a checagem dos 
resultados. Neste momento é que se obterá informações e conhecimento sobre o 
processo, e a compreensão sobre eventuais necessidades de correção. 
 
49 
▪ Action (Agir) – compreendidas as falhas, o processo deve ser retomado 
e as mudanças implementadas. A conscientização e o treinamento dos 
integrantes da organização são essenciais, bem como o reforço do método e a 
padronização de procedimentos. 
A partir dos conceitos estudados no Módulo 1, sobre a estratégia do policiamento 
orientado para o problema, você conseguiria correlacionar suas premissas com o 
método PDCA? 
Então observe a Figura 11 abaixo e perceba a semelhança da metodologia, 
observando o fluxo das atividades entre o ciclo PDCA e o método IARA. 
 
Figura 11 – Sara modelo (Método IARA). 
Fonte: Adaptado de Oliveira (2013). 
Resposta: 
Conforme podemos observar, o Ciclo PCDA, que foi uma ferramenta gerencial 
desenvolvida em 1924, serviu de inspiração aos professores americanos John Eck 
e William Spelman para o desenvolvimento do SARA Model (modelo IARA), que 
é uma metodologia utilizada na estratégia de policiamento orientado para o 
problema. O método IARA é uma técnica voltada para a melhoria da qualidade do 
serviço policial, conforme veremos no próximo módulo. 
 
• Analise
suas 
causas.
• Responda 
com ações.
• Identifique
os 
problemas 
locais.
• Avalie todo 
processo.
ASSESSMEN
T
Avaliar
SCANNING
Identificaçã
o
ANALYSIS
Análise
RESPONSE
Resposta
 
50 
Finalizando: 
Nesse Módulo você

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