Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direitos Humanos Prof. Dr. Dimas P. Duarte Jr. II - TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 2.1. Classificação clássica – gerações de direitos humanos 2.2. Classificação conforme o direito internacional: os direitos humanos civis e políticos, os econômicos, sociais e culturais 2.3. Direitos humanos globais CARACTERÍSTICAS (PRINCÍPIOS) DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 3.1. Inerência 3.2. Universalidade 3.3. Indivisibilidade e interdependência 3.4. Transnacionalidade 3.5. Proibição do Regresso ou Vedação do Retrocesso 3.6. Imprescritibilidade 3.7. Inalienabilidade 3.8. Irrenunciabilidade 3.9. Efetividade 3.10. Historicidade Introdução à gramática dos Direitos Humanos O que significa ter um direito? Qual o papel dos direitos no mundo moderno e em tempos de globalização? Os Direitos Humanos surgem com a necessidade de proteger o homem do poder estatal, a partir dos ideais advindos do Iluminismo dos séculos XVII e XVIII, mais particularmente com a concepção das Constituições escritas. Na seara do direito privado, tais direitos são conhecidos como direitos personalíssimos, direitos da personalidade ou mesmo direitos sobre a própria pessoa. Além da função de proteger o homem das arbitrariedades cometidas pelo Poder Público, hipótese em que são conhecidos como liberdades negativas, os direitos fundamentais também se prestam a compelir o Estado a tomar um conjunto de medidas que impliquem melhorias nas condições sociais dos cidadãos, hipótese em que são denominados liberdades positivas. Direitos Humanos Prof. Dr. Dimas P. Duarte Jr. 2.2 Classificação dos direitos humanos a) Direitos de primeira geração: direitos individuais e políticos, também denominados de liberdades clássicas, negativas ou formais. Têm por escopo garantir o direito de participação política do indivíduo na vida do Estado. b) Direitos de segunda geração: direitos sociais, econômicos e culturais, ou liberdades positivas. Têm por escopo diminuir as desigualdades sociais, proporcionando proteção aos mais fracos. c) Direitos de terceira geração: direitos de titularidade coletiva (interesses transindividuais ou metaindividuais). Têm por finalidade a proteção de grupos ou coletividades específicas (direitos difusos, direitos coletivos e direitos individuais homogêneos). d) Direitos de quarta geração: São direitos de quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Deles depende a concretização da sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de convivência. Também podem ser tidos como direitos de quarta dimensão aqueles advindos das inovações tecnológicas, dos avanços da ciência e da necessidade de se tutelar e proteger os bens que integram o patrimônio comum da humanidade como o meio ambiente, o patrimônio genético, a paz etc. 2.3 Características dos direitos humanos a) universalidade: os direitos humanos pertencem a todos os membros da espécie humana, sem qualquer distinção fundada em atributos inerentes aos seres humanos ou na posição social que ocupam. A universalidade dos direitos humanos também implica dizer que os mesmos não encontram limites para a sua validade nas fronteiras territoriais do Estado. São temas de legítimo interesse internacional. Tema para discussão: universalidade e historicidade dos direitos humanos De onde decorre o caráter universal dos Direitos humanos? Direitos naturais? Produtos históricos? Produtos culturais? Tema para discussão: universalidade/universalismo e relatividade/relativismo É válido o argumento utilizado por países de tradição não ocidental de que os direitos humanos, da forma como estão preceituados, se aproximam mais de uma forma de imperialismo e dominação do que de instrumento de emancipação? Direitos Humanos Prof. Dr. Dimas P. Duarte Jr. É válido o argumento utilizado por países ocidentais de que as práticas culturais de povos tradicionais devem ser revistas a fim de que essas comunidades passem a viver de acordo com os preceitos éticos ditados pela Declaração Universal de Direitos Humanos? Haveria uma terceira via? b) indivisibilidade: não existe meio termo, nem meio direito. “Não existe respeito à pessoa humana e ao direito de ser pessoa se não for respeitada, em todos os momentos, em todos os lugares e em todas as situações, a integridade física, psíquica e moral da pessoa. E não há qualquer justificativa para que umas pessoas sejam mais respeitadas do que outras. c) Interdependência: não há distinção entre direitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais. Não há realização de um sem o outro. c) irrenunciabilidade: o que pode haver é o seu não exercício, nunca sua renúncia (significado de renúncia). d) intransmissibilidade: não se transmitem com a morte do titular. e) imprescritibilidade: não prescrevem. Pode-se passar o tempo que for sem serem exercidos e nunca será tarde para se decidir exercê-los. f) indisponibilidade: são inalienáveis. Os seus titulares podem tirar proveito econômico deles, mas não podem deles dispor. Ou, ainda, podemos considerar que os direitos humanos são desprovidos de qualquer valor econômico, logo, insuscetíveis de comercialização. g) extrapatrimonialidade: se são desprovidos de valor econômico imediato, não têm caráter patrimonial. h) transnacionalidade: universalidade em seu segundo sentido. i) inderrogabilidade: não são suscetíveis de suspensão.1 2.5 Caráter relativo dos direitos e garantias fundamentais Apesar de serem universais, os direitos fundamentais não são absolutos ou ilimitados. Sempre que houver colisão entre direitos fundamentais, não será possível conceder plena aplicação a ambos os direitos, havendo necessidade de mitigação de um deles, ou mesmo de ambos, para que prevaleça, no caso concreto, a solução que melhor se harmonize com o sistema constitucional com um todo. 1 Vide Piovesan (2010), Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional, pág. 165; e também Artigo. 4o do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966). Direitos Humanos Prof. Dr. Dimas P. Duarte Jr. → princípios da razoabilidade e da proporcionalidade: usados para compatibilizar a aplicação dos direitos fundamentais. Caso: 1 - Liberdade de expressão da atividade de comunicação, independentemente de censura ou licença (art. 5o, IX, CF/88) versus inviolabilidade do direito à intimidade, à vida privada e à imagem das pessoas (art. 5, X, CF/88). 2 - Liberdade de ir e vir versus Guerra contra o terrorismo. Referência Bibliográfica BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. São Paulo: Saraiva, 2010. SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 25-68 e p. 425-461. WEIS, Carlos. Direitos humanos contemporâneos. São Paulo: Malheiros, 2006. Estudo dirigido 1 – O objeto do presente estudo é o texto “Para uma concepção multicultural de direitos humanos” de Boaventura de Sousa Santos, disponibilizado no mural do classroom. 2 – O trabalho deverá ser realizado individualmente. 3 – A partir da leitura do texto deverá ser redigido um texto argumentativo sobre: I) Relativismo e Universalismo Cultural na concepção contemporânea de direitos humanos 4 – O texto deverá ser redigido em até duas laudas e sua formatação deverá obedecer às regras da ABNT. 5 – O texto deverá ser entregue na aula do dia
Compartilhar