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Sebenta Constitucional I David

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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
 
Regência: JOSÉ MELO ALEXANDRINO 
 
Objeto .......................................................................................................................................................... 4 
Características .............................................................................................................................................. 4 
Direito constitucional vs. Teoria da Constituição ....................................................................................... 4 
Ordem Jurídica ............................................................................................................................................. 5 
Constitucionalismo ........................................................................................................................................ 5 
Gomes Canotilho ...................................................................................................................................... 5 
Maria Lúcia Amaral ................................................................................................................................... 6 
Miguel Nogueira de Brito ......................................................................................................................... 6 
Maurizio Fioravanti ................................................................................................................................... 6 
Constitucionalismo Moderno ................................................................................................................... 6 
4 Fases do Constitucionalismo: ................................................................................................................ 7 
Constitucionalismo das Origens – séc. XIV até cerca de 1776 ................................................................ 7 
Constitucionalismo das Revoluções – 1787 até 1799 (EUA e França) .................................................... 7 
Constitucionalismo da Época Liberal – 1814 até 1917 .......................................................................... 7 
Constitucionalismo da Democracia Constitucional – a partir de 1945 ................................................... 8 
Governo Moderado .................................................................................................................................. 8 
Proteção da Pessoa Humana ..................................................................................................................... 9 
Ideias de Filósofos ................................................................................................................................ 9 
Textos Políticos .................................................................................................................................... 9 
Fase da Democracia Constitucional...................................................................................................... 9 
Génese e Metamorfose: Direitos do Homem ............................................................................................ 9 
Racionalização do Poder Político ............................................................................................................. 10 
Filósofos do Constitucionalismo .................................................................................................................. 11 
Constitucionalismo Britânico ....................................................................................................................... 12 
Constitucionalismo Norte-Americano .......................................................................................................... 15 
Tipos históricos de Estado ........................................................................................................................... 20 
Surgimento do Estado Moderno .................................................................................................................. 20 
Formas Históricas de Estado Constitucional ................................................................................................ 21 
Estado Liberal ......................................................................................................................................... 21 
Estado Social e Democrático de Direito ................................................................................................... 21 
Estado pós-social e democrático de Direito ....................................................................................... 22 
Estado ......................................................................................................................................................... 22 
Conceito Jurídico de Estado ................................................................................................................... 22 
Teoria dos três elementos do Estado ..................................................................................................... 22 
POVO .................................................................................................................................................. 22 
Cidadania – Lei da Nacionalidade ................................................................................................................ 24 
TERRITÓRIO ........................................................................................................................................ 26 
PODER POLÍTICO ................................................................................................................................. 26 
Estados soberanos e outras comunidades ............................................................................................. 26 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
2 
 
Fragmentação do Poder Político do Estado ............................................................................................ 27 
Formas de Estado ....................................................................................................................................... 28 
Estado Unitário ...................................................................................................................................... 28 
CENTRALIZADO .................................................................................................................................. 28 
DESCENTRALIZADO ............................................................................................................................ 28 
REGIONAL .......................................................................................................................................... 28 
Estado Composto ................................................................................................................................... 29 
ESTADO FEDERAL ............................................................................................................................... 29 
UNIÃO REAL ....................................................................................................................................... 29 
Fins do Estado ............................................................................................................................................. 30 
Funções do Estado ...................................................................................................................................... 30 
Organização do Poder Político do Estado .................................................................................................... 32 
Órgão, Titular, Agente ............................................................................................................................. 32 
Tipologia dos Órgãos do Estado .............................................................................................................. 33 
Regras relativasa Órgãos Colegiais – art. 116º CRP ..................................................................................... 34 
Separação de Poderes – art.º110 CRP ..................................................................................................... 35 
Representação Política ............................................................................................................................ 35 
Modos de Designação dos Titulares ........................................................................................................ 36 
Legitimidade dos Governantes ................................................................................................................ 36 
Limites ao Poder do Estado ......................................................................................................................... 37 
Limitações não-jurídicas ......................................................................................................................... 37 
Limitações Jurídicas ................................................................................................................................ 37 
Regimes Políticos ......................................................................................................................................... 39 
Regimes Democráticos ............................................................................................................................ 39 
Regimes de Transição.............................................................................................................................. 39 
Regimes Não Democráticos..................................................................................................................... 40 
Regimes Autocráticos ......................................................................................................................... 40 
Totalitarismo ...................................................................................................................................... 40 
Sistema de Governo .................................................................................................................................... 40 
Plano que determina os sistemas de governo (jurídico, político ou ambos) ............................................. 40 
Relação entre regimes políticos e sistemas de governo ........................................................................... 41 
Tipologia em Regimes Democráticos .................................................................................................. 41 
Sistemas Eleitorais e Sistemas de Partidos ................................................................................................... 42 
Sistemas Eleitorais .................................................................................................................................. 42 
Sistemas de Partidos .......................................................................................................................... 43 
Relação entre sistema eleitoral e de partidos com sistemas de governo ............................................... 44 
Conceitos e Tipos de Constituição ............................................................................................................... 46 
Ordem Jurídica Fundamental do Estado ................................................................................................. 46 
Constituição Sentido Material e Formal .................................................................................................. 46 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
3 
 
Constituições Concisas e Prolixas ............................................................................................................ 47 
Constituições Estatuárias e Programáticas .............................................................................................. 47 
Constituições Rígidas e Flexíveis .............................................................................................................. 47 
Constituições Outorgadas, Pactícias e Democráticas ............................................................................... 47 
Constituição Normativa, Nominal e Semântica ........................................................................................ 48 
Poder Constituinte ...................................................................................................................................... 48 
Características ........................................................................................................................................ 49 
Natureza ................................................................................................................................................. 49 
Formas de Exercício do Poder Constituinte ............................................................................................ 50 
Revisão Constitucional e Limites Materiais .............................................................................................. 50 
Vicissitudes Constitucionais .................................................................................................................... 51 
Especificidade (Natureza) da Constituição ................................................................................................... 51 
1. Constituição como ordem aberta ....................................................................................................... 51 
2. Constituição como ordem-quadro ...................................................................................................... 52 
3. Constituição como sistema de valores, princípios, regras e procedimentos ...................................... 52 
Garantia jurisdicional: Tribunais Constitucionais ..................................................................................... 53 
Sistema Normativo da Constituição ............................................................................................................. 53 
Fontes do Direito Constitucional ................................................................................................................. 53 
Normas ................................................................................................................................................... 55 
Distinção entre Regras e Princípios ..................................................................................................... 55 
Como ler a Constituição .............................................................................................................................. 56 
Método Tópico – lição norte-americana ................................................................................................. 56 
Método Estruturante – Lição Alemã ........................................................................................................ 57 
Integração de Lacunas Constitucionais .................................................................................................... 59 
Aplicação (eficácia) das Normas Constitucionais ..................................................................................... 60 
Funções da Constituição .............................................................................................................................. 60 
Realização da Constituição .......................................................................................................................... 61 
 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
4 
 
Objeto 
Doutrina Tradicional: 
• Marcelo Rebelo de Sousa – Fins e funções do Estado bem como a organização, 
titularidade, exercício e controlo do poder político. 
• Jorge Miranda – Parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado 
• Perspetiva alemã – o que estuda o Estado 
 
Paulo Otero: 
• O direito Constitucional deveser deslocado para a pessoa humana 
 
MELO ALEXANDRINO: 
• Refuta Paulo Otero: A pessoa humana é o fim de todo o Direito, mas não pode ser vista 
como o objeto do Direito Constitucional. Thomas Paine – “A Liberdade é o fim, a 
Constituição é o instrumento” 
• Refuta Doutrina Clássica: Não se pode reduzir ao Estado, pois faltariam a própria ideia 
de Constituição, os direitos fundamentais e a garantia jurídica da Constituição. 
• Estatuto fundamental do político – forma jurídica de ordenação do político 
o Normas que definem o poder político do Estado 
o Normas que definem os direitos fundamentais das pessoas perante o Estado 
o Normas que garantem o cumprimento da Constituição 
 
Características 
1. SUPREMACIA: as normas constitucionais estão no topo da pirâmide normativa. 
2. ESTADUALIDADE: centralidade do Estado como produtor e destinatário principal das 
normas constitucionais. Principal garante da realização das normas. 
3. POLITICIDADE: natureza simultaneamente jurídica e política de muitas estruturas, 
normas e instituições constitucionais. 
4. COMPLEXIDADE: variedade e pluridimensionalidade das normas. 
5. INCOMPLETUDE: a Constituição é apenas uma moldura externa (ordem-quadro) que 
deixa espaço às decisões do legislador e opções da sociedade e dos cidadãos. 
6. ABERTURA: permite uma sensibilidade de adaptação face à realidade – abertura 
axiológica (a valores), abertura estrutural (novas estruturas políticas, económicas e 
sociais), abertura normativa (outras normas e interpretações), abertura temporal (ao 
futuro). 
7. PERMANÊNCIA: estabilidade e até uniformidade das principais normas de Direito 
Constitucional (contraria a ideia de Otto Mayer de que “o Direito Constitucional passa e o 
Direito Administrativo fica”) 
 
 
Direito constitucional vs. Teoria da Constituição 
Direito Constitucional tem por objeto as normas constitucionais. 
o Teoria da Constituição é uma disciplina científica que procura descrever e explicar a 
dogmática do Direito Constitucional. É uma disciplina política pois pretende 
compreender a ordenação constitucional do político. 
 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
5 
 
Direito Constitucional lida com normas jurídicas positivas 
o Teoria da Constituição lida com conceitos, teorias e problemas relativos ao fenómeno 
constitucional 
 
Direito Constitucional é normativo 
o Teoria da Constituição é analítica 
 
Para alguns autores não interessa uma Teoria da Constituição desligada do Direito 
Constitucional positivo. Para outros é incerto o lugar da Teoria da Constituição. 
Mas os problemas, modelos e construções do mundo moderno em transformação não podem 
deixar de ser trabalhados pela Teoria da Constituição. 
 
Ordem Jurídica 
Jorge Miranda: Direito Constitucional é o tronco comum e as outras disciplinas são os Ramos. 
o Diogo Freitas do Amaral opõe-se 
 
Menezes Cordeiro: Direito Privado é o Direito comum – pano de fundo a que ligam todos os 
outros ramos incluindo o Direito Constitucional 
 
MELO ALEXANDRINO: 
➢ Devemos respeitar a autonomia de cada ramo do Direito. 
➢ As regulações constitucionais dessas matérias são apropriações parciais de domínios. 
➢ A haver um direito comum do Direito Público seria o Direito Administrativo (Paulo 
Otero) 
➢ O Direito constitucional é um ramo de Direito com características muito especiais – daí 
que não possa ser o tronco comum de ondem saem todos. 
 
Conceção do Direito como ciência da complexidade – corolários de interdisciplinaridade e 
exigência técnica (aperfeiçoar conceitos). 
Temos de atender às especificidades do Direito Constitucional. 
Ideia de Constituição como ordem-quadro: recusa da constituição como lei ou como ordem 
fundamental. 
 
Constitucionalismo 
 
Gomes Canotilho 
Há vários constitucionalismos – limitações do poder político do Estado tendo em vista a garantia 
dos direitos. 
• Constitucionalismo Moderno: movimento político, social, cultural que questiona (a 
partir do sec. XVIII) o domínio político sugerindo uma nova forma de ordenação e 
fundamentação do poder político. 
o O poder deixa de vir de Deus para o Rei e passa a ser dado pelo povo 
• Constitucionalismo Antigo: conjunto de princípios escritos ou consuetudinários 
alicerçadores da existência de direitos estamentais perante o monarca 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
6 
 
Maria Lúcia Amaral 
Pluralidade do termo. 
• Ideal: tradição de pensamento que pertence ao domínio da história das ideias. 
• Prática jurídica: linguagem do Direito 
o Moderar o exercício do político, para que este respeite a autonomia e liberdade 
dos indivíduos. 
 
Miguel Nogueira de Brito 
Linha da lição alemã em que se tende a identificar o conceito de constitucionalismo com o de 
Constituição. 
• Melo Alexandrino discorda: não se pode identificar o constitucionalismo com o conceito 
de constituição pois seria sempre redutor e inútil 
 
Maurizio Fioravanti 
O constitucionalismo é um movimento de pensamento orientado a prosseguir finalidades 
políticas concretas – traduz-se na limitação dos poderes públicos e na afirmação de esferas de 
autonomia normativamente garantidas. 
• Esferas de liberdade garantidas por normas políticas. 
• 2 Lados do Constitucionalismo: 
a) Lado Limite do poder político – negativo ou de resistência – ideia de 
moderação, limitação do poder, garantia dos direitos individuais, separação 
dos poderes, de tutela judicial. 
Antítese da decisão arbitrária – oposto do governo despótico e da vontade 
(não do Direito), MacIlwain 
b) Construção da Unidade Política – positivo ou de participação – ideias de 
consenso, de participação, de contrato social, de soberania, de 
racionalização e etc. 
Limite e destinado a proteger aqueles que compõe o todo da comunidade e o outro 
lado destina-se ao prosseguimento do interesse comum. 
Ex: UE ou ONU, possuem o lado limite mas sem o princípio de unidade política – o que 
contraria a ideia de constitucionalismo global 
 
 
Constitucionalismo Moderno 
Melo Alexandrino: fenómeno moderno ligado ao nascimento do Estado moderno na Europa – 
séc. XIV – mas já passou por um sem número de transformações. 
Maria Lúcia Amaral: constitucionalismo é herdeiro natural do ideal antigo do governo 
moderado mas que traz uma rutura com a tradição clássica 
1. Fundamento do poder político provém da vontade e não de uma realidade 
transcendente. 
2. Ordem fundamental de uma comunidade política deve resultar de uma Constituição 
escrita (resultado da decisão soberana da nação) 
3. Poderes legitimados pela constituição 
4. Pertença à comunidade política pela condição de cidadão 
5. Direitos do homem têm primado sobre qualquer outro valor e devem ser respeitados 
pelo poder político. 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
7 
 
6. Esfera política é autónoma da religiosa 
7. Poderes do Estado não apenas num único órgão 
8. Poder legislativo como o mais importante – a cargo do parlamento (representando a 
vontade do povo) 
9. Decisões políticas de acordo com a vontade da maioria. 
 
 
4 Fases do Constitucionalismo: 
Para Melo Alexandrino e Fioravanti é possível identificar quatro fases do constitucionalismo. 
 
Constitucionalismo das Origens – séc. XIV até cerca de 1776 
Modelo Constitucional Inglês. 
MAQUIAVEL: moderação e governo segundo a equalidade, fazendo prevalecer 
o interesse da coexistência. 
MONTESQUIEU: governo moderado inspirado no caso Inglês 
• Realidades sociais e jurídicas existentes de facto. 
• Sem a ideia de poder soberano, igualdade ou direitos individuais. 
• Historicamente fundado. 
• Princípio de moderação mas também de firmeza. 
• Objetivo: coexistência, estabilidade, concórdia e o evitar de crises. 
• Ideal da Constituição mista – vários regimes políticos – assente em leis fundadas na 
história (ancient common laws and custos of the realm) 
 
Constitucionalismo das Revoluções – 1787 até 1799 (EUA e França) 
HOBBES: parte do imaginário estado de natureza; entendeos indivíduos todos 
iguais, colocados sob o mesmo poder soberano. Havia um interesse em 
construir o Estado e os direitos eram limites desse mesmo Estado. 
ROUSEAU: elemento democrático 
LOCKE,KANT 
• Igualdade dos indivíduos como postulado – deixam de ser entendidos como parte de 
grupos e/ou classes diferentes 
• Não se parte das realidades existentes da sociedade mas de um estado de natureza 
• Proclamação dos direitos naturais como direitos morais (direitos do homem) 
• Matriz Radical/ Hobbesiana – recusa da moderação e equilíbrio de poderes. Valoriza a 
vontade geral, soberania ilimitada e democracia Direta. Ex: França 
• Matriz Moderada/ Lockeana – requer a separação de poderes (não há poder absoluto), 
fim da sociedade de conservar os direitos naturais e concebe a Constituição como 
conjunto de princípios e que o primeiro é a Liberdade. 
 
Constitucionalismo da Época Liberal – 1814 até 1917 
BURKE: crítico da Revolução Francesa 
CONSTANT, TOQUEVILLE 
• Progresso gradual, estabilidade das soluções políticas e institucionais. 
• Influência do modelo inglês. 
• Soberania limitada pelos Direitos individuais (Constant) 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
8 
 
• Perde-se a soberania da constituição (pensamento EUA). Afirma-se a supremacia do 
Estado e o primado da lei. 
• Constituição com valor político e não jurídico – sem fiscalização. 
• Inglaterra: soberania do parlamento. 
 
Constitucionalismo da Democracia Constitucional – a partir de 1945 
HANS KELSEN: defesa do pluralismo, da democracia representativa, do poder 
constituinte como processo aberto e supremacia da Constituição (inventou o 
Tribunal Constitucional) 
• Democracia disciplinada juridicamente pela Constituição 
• Supremacia da Constituição acrescentando o primado dos direitos fundamentais sobre 
o poder político do Estado 
• Poderes limitados 
• Controlo da Constitucionalidade – surge o Tribunal Constitucional que diz que as normas 
constitucionais têm valor jurídico. 
• Democracia pluralista 
• Renovação do princípio da Igualdade – sufrágio universal, constitucionalização dos 
direitos socias e garantindo o direito à diferença. 
 
Governo Moderado 
Início do Constitucionalismo no séc. XIV – recondução do poder político a regras e a instituições 
jurídicas com fins de garantia. 
No entanto tem raízes filosóficas mais antigas. 
 
PLATÃO: Constituição dos antepassados – não tem uma origem súbita e é decreta ao longo dos 
tempos de forma conciliadora e plural. Constituição mista. 
 
ARISTÓTELES: todas as formas de governo são legítimas – não se pode é aceitar quando 
degeneram e destinam a servir interesses particulares de um, vários ou muitos. Constituição dos 
antepassados é um modelo de constituição média. 
Defende ao contrário de Platão (na 1ª fase) um governo de leis e não de homens. 
 
POLÍBIO: antecipa Montesquieu – forma de governo simples e fundada num único centro de 
poder é instável, daí necessitar de haver uma separação de poderes. Tem que assentar em várias 
estruturas – magistraturas romanas. 
 
CÍCERO: moderação do poder político com a exigência da conciliação, do consenso, da 
estabilidade e do equilíbrio. 
 
JOÃO DE SALISBURY: o dever do Rei é promover a justiça e a equidade é absoluto, sendo que a 
violação da equidade produz a tirania – contra a qual é possível o direito de resistência. 
 
S. TOMÁS DE AQUINO: deve-se agir para o bem da comunidade de modo equitativo e justo – 
admite o direito de resistência numa constituição mista e de poder temperado. 
 
MARSÍLIO DE PÁDUA: ao poder legislativo cabe o poder governativo, que lhe está subordinado. 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
9 
 
Proteção da Pessoa Humana 
Constitucionalismo tem o objetivo de garantir a proteção da liberdade da pessoa humana. 
Ideias de Filósofos 
HOBBES: fim último do Estado é o cuidado com a sua própria conservação e com uma vida mais 
satisfeita. Coloca a pessoa em primeiro. 
LOCKE: preservar e garantir a liberdade, a vida e a propriedade (conjunto de coisas próprias do 
homem). 
MONSTESQUIEU: separação dos poderes, garantia da liberdade individual – governos 
moderados 
ROUSSEAU: preservar a liberdade primitiva – quanto mais o estado cresce, menos liberdade 
KANT: liberdade (direito inato, único e originário) – primeiro princípio da Constituição 
Textos Políticos 
A garantia dos direitos individuais vem à cabeça dos documentos fundadores do 
Constitucionalismo das Revoluções. 
Fase da Democracia Constitucional 
Prioridade dos direitos fundamentais sobre qualquer outro valor constitucional. Dever estrito 
do poder político os respeitar, proteger e promover. 
Vêm à cabeça das Constituições, repousam em normas imediatamente aplicáveis e beneficiam 
de parâmetros materiais e processuais de proteção. 
 
Génese e Metamorfose: Direitos do Homem 
MELO ALEXANDRINO: os direitos do Homem nasceram no final do século XVIII como direitos 
morais e até hoje passaram por duas metamorfoses: primeira metamorfose – transformaram-
se em direitos constitucionais; segunda metamorfose – transformaram-se em direitos humanos 
internacionais 
➔ Direitos Naturais – meras representações mentais postuladas racionalmente e 
teorizados por filósofos (domínio da Filosofia) 
➔ Direitos do Homem – transformam os direitos naturais em direitos proclamados 
solenemente como válidos para todos os Homens. Não tinham ainda conteúdo jurídico, 
mas sim político e moral. Ex: Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, 
1789. 
➔ Direitos Fundamentais – direitos individuais passam a escrito para as Constituições, 
convertendo direitos morais em direitos jurídicos nacionais (reconhecidos em normas 
constitucionais) 
➔ Direitos Humanos – direitos reconhecidos em normas jurídicas de Direito Internacional. 
Verificou-se, após II Guerra Mundial, que não bastava a proteção oferecida na ordem 
jurídica nacional. 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
10 
 
Racionalização do Poder Político 
HOBBES: limitado pelo fim de garantir a segurança dos súbditos mas também pela equidade. 
“Igual submissão de todos à lei” 
LOCKE: limitado pelo fim de garantir a vida, liberdade, propriedade e pela prossecução do bem 
comum. Separação de poderes e subordinação do poder executivo à lei. 
MONTESQUIEU: limitado pelo direito, pelo pluralismo social e pela moderação. Controlo 
recíproco entre os vários poderes – pesos e contrapesos. 
ROSSEAU: limitado pela soberania do povo- conceito de vontade geral e regra da maioria. 
KANT: limitado pelo princípio da liberdade que impõe a garantia dos direitos. Mas também pela 
moderação e recusa do despotismo. 
 
 
Há manifestações de formas de regulação do poder político para além das fronteiras do Estado: 
Ius cogens, Direito da União Europeia, Tribunal Constitucional, ONU e etc. 
 
 
Não se pode ainda falar em constitucionalismo global: crise das constituições no plano interno, 
ascendente poder económico sobre o político e o jurídico. Não há uma construção da unidade 
política. 
Melo Alexandrino discorda de Rui Medeiros e afirma que o Constitucionalismo global é um 
“ficcionismo utópico”. 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
11 
 
Filósofos do Constitucionalismo 
Contratualismo – estado não surge naturalmente mas sim por um contrato social. 
HOBBES (1588-1679) contratualista – pessimismo antropológico, homem egoísta; Estado de Natureza é um estado 
de guerra de todos contra todos -> evolui para um estado de sociedade (garante a segurança). Tudo passa pelo 
contrato social – direitos das pessoas alienados do estado (em favor do político). 
a. Proteção da pessoa humana: fim último do Estado é o cuidado com a preservação dos homens e com uma 
vida mais satisfeita (busca da felicidade) 
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado para garantir a segurança dos súbditos e a equidade 
(num estado de todos contra todos, cria-se a lei para uma igualdade na “submissão de todos à mesmalei”). 
 
LOCKE (1632-1704) iluminista e contratualista – por natureza os homens são livres e iguais. Há uma delegação de 
poderes em favor do poder político (que o povo pode revogar). 
Nem tudo passa pelo contrato social, os direitos naturais passam à margem do contrato (que só preconiza o bem 
comum – manutenção da propriedade, direitos próprios do Homem). Tem que haver uma tolerância em relação às 
religiões e uma forte teoria da separação de poderes: Legislativo e Executivo 
➔ Legislativo: poder predominante (primazia sobre o poder executivo). 
Há um consentimento voluntário da aceitação do contrato social, dá também o direito de insubordinação. Ex: 
revolução gloriosa no Reino Unido e esclarecimentos sobre tal à cabeça da constituição dos EUA 
a. Proteção da pessoa humana: preservar e garantir a liberdade, a vida e a propriedade (coisas próprias do 
homem). 
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado para garantir a liberdade, a vida e a propriedade. 
 
MONTESQUIEU (1689-1755) iluminista – “O Espírito das Leis”, 1748 – só se pode encontrar a liberdade em governos 
moderados. 
Defesa da separação dos poderes onde não há proeminência de uns sobre os outros, há uma paridade: poder 
legislativo (parlamento – cidadãos escolhem os seus representantes; povo titular de soberania mas que não a exerce 
de forma permanente e delega nos representantes), poder executivo (Rei) e poder judicial (invisível e nulo). 
a. Proteção da pessoa humana: num governo moderado, a garantia da liberdade depende da separação dos 
poderes (mas com um elevado grau de interdependência. Art.111º da CRP) 
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado pelo Direito, pelo pluralismo social e pela 
moderação – controlo do poder na interdependência dos mesmos (pesos e contrapesos) 
 
 
ROSSEAU iluminista e contratualista – “O Contrato Social”, 1761 – otimismo antropológico no Estado de Natureza, 
cujos direitos naturais passam para o contrato social. 
Nega a representação política – soberania não pode ser alienada em favor dos representantes, defende democracia 
direta. 
Ideia da Vontade Geral, expressa pela Regra da Maioria – o poder legislativo é o poder superior do Estado e a vontade 
da maioria prevalece (os direitos fundamentais são trunfos contra isto). 
a. Proteção da pessoa humana: preservar a liberdade primitiva (Estado Natureza). Quanto mais um Estado 
cresce, mais oprime a liberdade. 
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado pela soberania do povo. 
 
 
KANT iluminista e contratualista – ligação entre paz e propriedade privada. A Liberdade e a Igualdade são direitos 
inatos e alienáveis. 
Teoriza a dignidade da pessoa humana (art. 1º da CRP – para Paulo Otero, a vontade popular é subordinada à 
dignidade da pessoa humana). 
Governo de leis e não de homens – princípio de igualdade de todos perante a lei: meramente formal, pois havia visíveis 
contrariedades. 
a. Proteção da pessoa humana: liberdade, direito único, originário e inato. 
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado pelo princípio da maioria, na função atribuída à lei. 
Separação de poderes. 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
12 
 
Constitucionalismo Britânico 
 
Formação e Evolução 
1. Fase dos Primórdios – predomínio do Rei 
Início em 1215 com a concessão da Magna Carta (que confere logo a Inglaterra a fase 
de Estado Estamental) 
2. Fase de Transição – predomínio da Câmara dos Lordes, no Parlamento Bicameral 
Início no séc. XVII até 1832. 
Imensas lutas políticas entre vários grupos. 
Revolução de 1648 confere soberania ao parlamento e há a instituição de uma república 
(até 1660) 
1688 – Revolução Gloriosa: na linha das primeiras cartas de direitos, não pretende 
senão confirmar, consagrar, reforçar direitos, garantias, privilégios. 
3. Fase Contemporânea - predomínio da Câmara dos Comuns, no Parlamento Bicameral 
Início em 1832 até à atualidade. 
Processo de democratização que alargou o sufrágio de censitário (apenas homens com 
altos rendimentos votam) para universal. 
 
Sobreposição Institucional 
Órgãos com legitimidades diversas não se anulas e sim complementam-se. 
Jorge Miranda: Instituições de natureza completamente diversa coexistem e 
interpenetram-se ao longo dos tempos. 
• Parlamento = Rei + Câmara dos Comuns + Câmara dos Lordes 
Não existe uma decomposição de poderes políticos em abstrato, mas sim uma 
colaboração. A doutrina de Montesquieu enaltece esta forma de governo misto. 
 
Matriz Britânica 
• Gomes Canotilho: supremacia cronológica do constitucionalismo inglês: 
➔ Surge antes do séc. XIV – A Magna Carta do séc. XIII confere a base da constituição 
inglesa, ao conferir alguns direitos. 
➔ Base do constitucionalismo Europeu – direitos alargados a todos os ingleses e 
depois tornados, por Locke, em Direitos do Homem. 
 
• Marcas do Constitucionalismo: 
1. Liberdade pessoal – de todos os ingleses. 
2. Processo justo regulado por leis (due processo of law) – garantia de liberdade 
e segurança com o Estado a seguir o Direito. 
 Henry Bracton – recolheu as leis e costumes, desenvolveu a ideia de 
dois poderes: o governativo que compete ao Rei, o de declarar o 
Direito compete ao Rei no Parlamento. 
3. Interação dinâmica dos tribunais e das leis – as decisões dos juízes ingleses 
vão cimentando o direito comum (common law). Juízes são senhores da 
common law porque a fazem e continuam a fazer mediante a sua 
jurisprudência. 
 Edward Coke – defende os ancient common laws and custos of the 
realm, que é a própria constituição; leis e costumes são o direito 
comum que precede as leis parlamentares (chegou a defender o 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
13 
 
controlo da constitucionalidade; atribui um papel de garantia aos 
juízes. 
4. Representação e Soberania Parlamentar – a partir do século XVII e 
indispensável à estruturação de um governo moderado. Poder supremo 
deve exercer-se pelas leis do parlamento. 
 Thomas Smith – no parlamento está representado todo o rei, daí ser 
superior ao rei. 
5. “Rule of Law” (Primado do Direito, Estado de Direito) – governo das leis e 
não dos Homens. 
Princípios, instituições e processos que a tradição e a experiência dos 
juristas e dos tribunais mostraram ser essenciais para a salvaguarda 
da dignidade das pessoas face ao Estado, à luz da ideia de que o 
Direito deve dar aos indivíduos a necessária proteção contra qualquer 
exercício arbitrário de poder. 
 James Harrington – define: 
a. Governo de Direito – “império das leis e não dos homens”. 
b. Governo de Facto – “império dos homens e não das leis”. 
 
• Marcas da Constituição Inglesa – função constituinte: 
i. Histórica – repousa na tradição antiga, em que há transformações mas sem 
grandes ruturas (ideia de governo misto perpétua até hoje – elementos 
monárquicos, aristocráticos e democráticos). Instinto de conservação e de 
desenvolvimento da estrutura histórica da nação. 
ii. Predominantemente Não Escrita – não há um texto escrito chamado 
Constituição. Há sim várias leis (Magna Carta, Bill of Rights, Petition of 
Rights) que são consideradas constitucionais. 
A unidade fundamental da Constituição não repousa em nenhum 
documento escrito mas em princípios não escritos de organização 
social e política. 
iii. Consuetudinária – prevalência do costume (prática social reiterada com 
convicção de obrigatoriedade) como fonte do Direito constitucional: regras 
de organização do poder político e sobre a liberdade individual derivam do 
costume ou de convenções constitucionais. 
 
iv. Dada esta natureza e carácter, não há, obviamente, fiscalização da 
constituição. 
v. Flexível – não é rígida pois pode ser alterada por uma lei do parlamento, há 
no entanto, um apego histórico para não se alterar. 
 
❖ Ivo Barroso: constituição apenas em sentido antigo e não moderno, uma vez que o 
moderno envolve a forma, as leis e etc. Tem apenas função naorganização do 
Estado. 
 
Atualidade: 
Matriz Dominante: 
• Constituição mista, expressa na soberania do Parlamento. Rule of Law. Convenções 
institucionais. 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
14 
 
Forma de Estado: 
Distribuição do poder político no território – modo como o estado dispõe o seu poder 
• Estado unitário descentralizado – há parlamentos regionais 
• “Estado unitário regionalizado” – União real 
• JOMI: fala em União Pessoal 
 
Regime Político: 
Natureza da relação entre os governantes e os governados 
• Democracia parlamentar 
 
Sistema de Governo: 
Como se estruturam as relações entre os vários órgãos do poder político do Estado – modo de 
relacionamento dos órgãos que exercem a função política 
• Sistema Parlamentar de Gabinete 
• Principais órgãos – função política: 
o Monarca – designado por sucessão hereditária. Símbolo da unidade nacional: a 
Coroa. 
Poderes formais – “prerrogativa” de dissolução da câmara dos comuns 
o Governo – responde perante o parlamento – função administrativa 
▪ Gabinete – núcleo das decisões políticas fundamentais do estado; o PM 
e ministros mais importantes têm assento. 
▪ Primeiro-Ministro – líder do partido mais votado, por convenção 
constitucional. 
Eixo da vida política – a partir de 2015 deixou de ter o poder de dissolver 
o parlamento, que passa a caber ao próprio parlamento (a moção de 
confiança, mesmo rejeitada, já não dissolve o parlamento) 
▪ Ministério 
o Parlamento Bicameral 
▪ Câmara dos Comuns – eleitos por sufrágio universal (mandato 5 anos) 
– função legislativa 
▪ Câmara dos Lordes – 92 são designados por sucessão hereditária 
 
Direitos e Liberdades: 
• Advêm do costume e da common law. 
• Tecnicamente não há direitos fundamentais no Reino Unido, mas são reconhecidos em 
documentos históricos (ex: human rights act) e nas decisões dos tribunais. 
 
Sistema Eleitoral: 
• Sistema Maioritário Uninominal a uma volta – apenas se ele um deputado em cada 
círculo eleitoral. Que tem como consequência: 
 
 
Sistema de Partidos: 
• Sistema Bipartidário – partido conservador e trabalhista 
• Em circunstâncias excecionais forma-se um terceiro partido dos liberais democratas 
• Forte organização e disciplina partidária 
• As diversas alas dos partidos limitam a maioria que está no governo 
• A oposição tem muita força e é chamada de Governo-Sombra. Tal como a opinião 
pública. 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
15 
 
Constitucionalismo Norte-Americano 
 
Formação e Evolução 
Um ato de protesto das colónias contra Inglaterra originou a Revolução. 
“Sem representantes não há impostos” – “no taxation without representation” – como as colónias 
não tinham parlamento não se podia cobrar impostos. A Coroa inglesa reage e faz as “leis 
intoleráveis” em 1774 – dá lugar à revolta e à guerra. 
 
A 4 de Julho de 1776 é declarada a independência. 
 
Forma-se uma confederação (associação internacional de Estados com vista a um determinado 
fim, neste caso o esforço de guerra) que pela mão dos “founding fathers” (Washington, 
Madison, Hamilton) evolui para um Estado Federal. 
 
A constituição dos Estados Unidos é aprovada na Convenção de Filadélfia em 1787. 
 
Matriz Norte-Americana 
• Marcas do Constitucionalismo: 
1. Direitos de Tradição Britânica 
2. Recusa do princípio da soberania do parlamento – acima da lei do parlamento deve 
existir uma lei superior que o limite 
3. Soberania do povo (poder constituinte) – rompe com a omnipotência do 
parlamento e compete ao povo o exercício do poder constituinte (que se exerce 
raramente, apenas nos “momentos constituintes”) – a constituição começa com 
“We The People”. 
o Montesquieu – organização de poderes separados 
4. Define as regras do poder político limitado pela constituição – o povo define a lei 
superior cujo conteúdo são as regras que vão disciplinar o poder político, 
normativamente limitado pela constituição. 
o Thomas Paine – a Constituição era a norma anterior e limitadora do poder 
do Estado; a base do governo é um misto de autonomia e consenso 
5. Poder dos tribunais fiscalizarem as leis ordinárias – nulas se ofenderem a 
constituição – fiscalização da constitucionalidade. Defende-se a constituição do 
legislador ordinário instalando uma fiscalização da mesma. 
o Locke – fundamento racional das leis fundamentais 
o Coke – era necessário que as normas fundamentais se tornassem 
vinculativas e garantidas pelos tribunais 
 
 
• Marcas da Constituição dos Estados Unidos da América: 
o Constituição em sentido formal – texto solene, escrito, que se distingue das 
demais leis ordinárias e vai sendo enriquecida pelo costume. 
o Rígida – só pode ser alterada através de um processo especial e há matérias que 
não são passíveis de revisão. 
o Enriquecida pela jurisprudência – as decisões do Supremo Tribunal abrem 
precedentes de práticas e de interpretação das leis, sendo matéria de 
constituição 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
16 
 
o Constitucionalização dos Direitos do Homem – 10 primeiros aditamentos à 
Constituição, Bill of Rights 
o Lei fundamental que garante o federalismo caracterizado pelo poder 
constituinte de cada Estado e pela igualdade jurídica entre os estados. 
 
Atualidade 
Matriz Dominante: 
• Moderada ou Lockeana – primado da constituição, direitos fundamentais como limites 
da ação do estado, equilíbrio de poderes e etc. 
 
Forma de Estado: 
Distribuição do poder político no território – modo como o estado dispõe o seu poder 
• Estado Composto Federal – dupla estrutura do poder político com sobreposição de 
constituições, a do Estado Federal e a dos 50 estados federados (semi-soberanos, 
apenas na ordem interna) – federalismo perfeito 
 
Regime Político: 
Natureza da relação entre os governantes e os governados 
• Democracia constitucional 
 
Sistema de Governo: 
Como se estruturam as relações entre os vários órgãos do poder político do Estado – modo de 
relacionamento dos órgãos que exercem a função política 
• Presidencialismo 
• Principais órgãos – função política: 
o Presidente – eleito por sufrágio universal formalmente indireto (4 anos) Art. II, 
secção 1, 1. – Função administrativa 
• Os eleitores elegem o Colégio dos Grandes Eleitores, que 
elegem o presidente. 
• Na prática, quando se elege o Colégio dos Grandes Eleitores já 
se sabe quem será o presidente pois votam-se em eleitores de 
um dos partidos e eles não podem mudar o voto 
Juntamente é eleito um vice-presidente 
Poder executivo monista – presidente escolhe colaboradores, não vigora sistema de 
colegialidade, não pode dissolver o congresso nem o congresso pode demitir o 
presidente – o governo é presidido pelo presidente. 
o Parlamento bicameral (Congresso) - função legislativa 
▪ Senado – presidido pelo vice-presidente – 100 membros eleitos por 
sufrágio direto (6 anos – renovado 1/3 de 2 em 2) Art. I, secção 3, 1., 2. 
▪ Câmara dos Representantes – 435 membros eleitos por sufrágio direito 
(2 anos) 
Poder legislativo 
o Supremo Tribunal – 9 juízes nomeados pelo presidente e confirmados pelo 
senado 
Poder judicial – a fiscalização da constitucionalidade foi introduzida em 1803 
desde o caso “Mardbury vs. Madison” 
o Separação de poderes desenhada por Montesquieu. 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
17 
 
o Sistema de freios e contrapesos (“checks and balances”) – separação com 
interdependência: presidente pode vetar, congresso aprova o orçamento. 
 
Direitos e Liberdades: 
• Consagrados na constituição – que os enuncia expressamente nos 10 primeiros 
aditamentos (Bill of Rights). 
• Supremo tribunal revela direitos não enumerados no Bill of Rights – as decisões do 
tribunal acabam por ser o fundamento das práticas/leis – função jurisdicional 
 
Sistema Eleitoral: 
• Sistema Maioritário Plurinominal a uma volta – o partido que tiver mais votos num 
certo círculo eleitoral fica com todos os lugares em disputa. 
• Parao Congresso é maioritário uninominal a uma volta. 
 
Sistema de Partidos: 
• Sistema Bipartidário – partido republicano e democrata. 
• Partidos sem organização central, nem disciplina partidária – surgem como estruturas 
locais focadas no processo eleitoral (máquinas eleitorais) 
• Cada partido tem alas distintas – várias correntes de opinião; flexibilidade ideológica. 
 
 
Constitucionalismo Francês 
 
Formação e Evolução 
Inicia-se com a Revolução Francesa de 1789 - Onde surge a Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão. 
 
Matriz Francesa 
• Marcas do Constitucionalismo: 
1. Corte com o Passado – procura criar uma ordem social e política totalmente nova, 
rutura com a constituição histórica e com os direitos até aí concedidos 
2. Proclamação de novos direitos – os direitos do homem e do cidadão são 
proclamados como direitos individuais e totalmente novos. 
3. Repousa no artifício do contrato social – assente nas vontades humanas e 
exprimindo-se num texto escrito chamado Constituição 
4. Poder constituinte pertence à nação 
o Abade de Sieyés – distingue entre poder constituinte e poder constituído. 
Prima pela soberania da nação e a representação política. 
 
• Marcas da Constituição de França: 
➢ Escrita e Rígida 
➢ Não se pode falar em direitos fundamentais – como Inglaterra – Em França não 
há a constitucionalização dos direitos fundamentais pois ainda vigora a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
18 
 
➢ Não há fiscalização da constitucionalidade – por força da ideia de lei como 
expressão da vontade geral (Rosseau); a partir de 2008 começou a surgir um 
controlo a certas questões – recusa dos juízes interferirem nos demais poderes 
➢ Texto Político apenas – não lei superior como EUA. 
➢ Artificial e desligada da realidade 
➢ Leis acima da constituição 
➢ Distinta das leis ordinárias e feita pelo poder constituinte 
 
 
Atualidade 
Matriz Dominante: 
• Confluência de matrizes: Rousseauniana – ideia de lei como expressão da vontade geral, 
na soberania popular e no referendo; Constitucionalismo Liberal e Bonapartista. 
 
Forma de Estado: 
Distribuição do poder político no território – modo como o estado dispõe o seu poder 
• Estado Unitário 
 
Regime Político: 
Natureza da relação entre os governantes e os governados 
• Democracia constitucional 
 
 
 
Sistema de Governo: 
Como se estruturam as relações entre os vários órgãos do poder político do Estado – modo de 
relacionamento dos órgãos que exercem a função política 
• Sistema de Governo Ambivalente 
• Semipresidencialismo – resulta da Constituição. Sistema de Coabitação: maioria 
parlamentar diverge da maioria parlamentar 
• Hiper-presidencialismo – prática institucional mais frequente: domínio completo do 
presidente da política francesa. 
O presidente torna-se o chefe da maioria parlamentar e escolhe o Primeiro-Ministro que 
tem uma relação de subalterno com o PR, que aniquila dos poderes do PM – 
instrumentalizado pelo PR. 
 
• Principais órgãos: 
o Presidente da República – eleito por sufrágio universal (5 anos) Art. 6º 
➔ Eixo da vida política de quem o Governo depende. 
➔ Preside ao Conselho de Ministros, pode dissolver o parlamento 
(Art. 12º) e tem iniciativa de revisão constitucional 
➔ Subalterna o Governo e o Parlamento 
➔ Poderes de negociação. Art. 52º 
o Governo 
• Chefiado pelo Primeiro-Ministro: Responsável político perante 
a Assembleia. Art. 49º e 50º 
Poder Executivo Dualista – tanto o governo como o presidente exercem o poder 
executivo 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
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o Parlamento bicameral (Art. 24º) 
▪ Assembleia Nacional – eleitos por sufrágio universal (5 anos) 
▪ Senado – eleitos por sufrágio indireto (9 anos) e cada 3 anos renova-se 
um terço 
o Conselho Constitucional – 9 membros: Art. 56º 
o Separação de poderes: primazia pelo Presidente 
 
Direitos e Liberdades: 
• Vigora a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) que é complementada 
com o Preâmbulo da Constituição de 1946. 
• O Conselho Constitucional reconhece a relevância jurídica destes documentos 
 
Sistema Eleitoral: 
• Sistema Maioritário Uninominal a duas voltas. Art. 7º 
 
Sistema de Partidos: 
• Sistema Multipartidário 
• Tendência de formação de dois blocos: o da esquerda e o da direita 
 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
20 
 
 
Tipos históricos de Estado 
Tecnicamente não se pode falar de Estado mas sim das suas variantes, dos seus tipos históricos. 
São pautados pela ausência de constituição em sentido formal, a ausência de igualdade jurídica entre as pessoas e de 
direitos e liberdades fundamentais. 
 
Estado Oriental 
• Estados de grande dimensão. 
• Teocracia – origem divina do poder. 
• Sociedades hierarquizadas e desiguais. 
• Diminutas garantias dos indivíduos. 
 
Estado Grego 
• Estados de reduzidas dimensões territoriais (municípios: Cidade-Estado) 
• Religião fundamenta a comunidade. 
• Princípio da igualdade cívica – comunidade política dos cidadãos dá liberdade no âmbito da participação 
política e não no plano individual. 
• Diversas formas de governo. 
• Coordenadas da democracia moderna e da teorização do poder político: formas de governo, ideias de 
governo misto, várias dimensões de justiça. 
 
Estado Romano 
• Não vigora igualdade cívica – organização hierárquica e escalonada do poder tendo uma base aristocrática. 
• Nação desenvolve poder político uno. 
• Estruturação do sistema política sobre a cidadania e o município. 
• Reconhecimento de direitos ao cidadão romano e posteriormente o ius gentium. 
• Separação de poder político e poder privado. 
• Coordenação entre poder central e poder regional e local. 
• Valores ordem cristã (última fase). 
 
Estado Medieval 
Não se pode falar de Estado – é impróprio o uso do termo 
• Ausência de poder central e unificado 
• Limitação teológica, moral e política do poder da Cristandade mas com ausência de mecanismos de tutela. 
• Identificação do bem comum como finalidade do poder político. 
• Distinção entre Rei e tirano e admissão do direito de resistência. 
• Concreta aplicação da ideia de constituição mista. 
• Relevância do costume 
• Afloramentos da soberania do povo 
 
 
 
Surgimento do Estado Moderno 
Sucede-se à degradação do sistema medieval. 
1. Centralização do poder político 
2. Supressão de privilégios feudais 
3. Rei exerce poder político soberano 
4. Leis gerais do Rei absoluto 
a. Desaparece o sistema feudal 
 
Ao Estado passa a corresponder uma nação (comunidade ligada por laços histórico-culturais). 
Há uma progressiva secularização (separação da política da religião). 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
21 
 
Soberania como poder supremo e ilimitado – Estado Absoluto: 
➢ Fase Patrimonial: o Estado é um bem que integra o património do príncipe que adquire 
o poder por origem divina. 
➢ Fase do Estado de Polícia: séc. XVIII, o Monarca já não é dono do Estado e a origem do 
seu poder é racional. Rei tem o direito de intervir em nome da razão em todos os 
domínios da vida política, social, cultural, económica e mesmo privada, com vista à 
prossecução do interesse e bem públicos. 
➢ Não está limitado nem pelo Direito (acima dele), nem pela separação de poderes 
(concentração no rei), nem pelos direitos (pessoas sujeitas a intervenções arbitrárias do 
monarca – ainda que pela teoria do Fisco pudesse haver indemnizações) 
o Máxima concentração de poder no rei 
o Critério de ação política é a “razão de Estado” – conveniência e não a legalidade. 
o Prevalência da lei sobre o costume. 
o Intervenção alargada do Estado 
o As antigas cortes deixam de se reunir. 
➢ Surge o Constitucionalismo das revoluções como resposta e reação. 
 
 
Formas Históricas de Estado Constitucional 
Estado limitado pela constituição – desde o séc. XVIII já passou por diversas formas históricas. 
Estado Liberal 
I. Chegaao Reino Unido com a Glorious Revolution (séc. XVII), aos EUA e à França com as 
revoluções do séc. XVIII e aos restantes países da Europa no séc. XIX 
II. Reino Unido: rule of law; Alemanha: Estado de Direito (rechtsstaat); França: Estado 
Constitucional (état constitutionnel) 
III. Contraponto ao estado de polícia: limitado e organizado juridicamente, garantindo 
direitos fundamentais, governos representativos e diferença entre titularidade do poder 
político (povo) e exercício do mesmo (governantes) 
IV. Burguesia como classe dominante: liberdade económica e segurança de propriedade – 
separação entre sociedade e Estado, intervenção mínima do Estado (guarda noturno), 
regulação pelo Direito. 
V. Estado é pessoa jurídica com funções repartidas e supremacia da lei. 
 
Estado Social e Democrático de Direito 
Totalitarismos do séc. XX (Estados de não-Direito, antiliberais) na Europa terminaram com o 
conceito de Estado Liberal. Surge o constitucionalismo a democracia constitucional – Estado 
Social e Democrático de Direito. 
➢ Social: Empenhado na realização do bem-estar e da justiça social – Estado que intervém 
na sociedade com vista a assegurar condições mínimas de existência às pessoas e a 
redistribuir a riqueza 
➢ Democrático: incorporação da democracia, fundamentação pela organização do poder 
e universalização do sufrágio e alargamento dos mecanismos de representação política 
➢ Direito: garantia dos direitos e limitação do poder 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
22 
 
Traz transformações no plano dos direitos fundamentais (constitucionalização dos direitos 
sociais e alargamento de direitos políticos) e na divisão de poderes (racionalização e eficiência 
da atuação estatal, garantindo a supremacia da Constituição e o primado dos direitos 
fundamentais). 
 
 
Estado pós-social e democrático de Direito 
Cada vez mais é um Estado limitado pelo Direito, menos intervencionista e com um poder 
político cada vez mais diluído e fragmentado, por fatores externos e internos. 
 
Estado 
Ponto de vista material: comunidade política organizada que exerce uma determinada 
autoridade sobre um território 
Ponto de vista organizativo: conjunto de órgãos que prosseguem diversas atividades 
Ponto de vista jurídico: pessoa coletiva 
Elementos formais: nome, reconhecimento a nível internacional, símbolos nacionais 
 
Conceito Jurídico de Estado 
Nogueira de Brito: associação formada por um povo dotada de um poder político originário e 
fixada num determinado território. 
Rebelo de Sousa: povo fixado num determinado território que institui, por vontade própria, 
dentro desse território, um poder político relativamente autónomo. 
 
Teoria dos três elementos do Estado 
Proposta por Jellinek e adotada por Melo Alexandrino 
Jorge Miranda usa o conceito de “Condições de Existência do Estado” 
 
POVO 
Conceito jurídico: conjunto das pessoas que se encontram ligadas ao Estado através de um 
vínculo jurídico de cidadania ou nacionalidade. 
 
Povo ≠ População ≠ Nação 
População – conjunto de pessoas, nacionais ou não que residem habitualmente no 
território do Estado – conceito demográfico e económico. 
O poder político exerce-se sobre a população e esta é o referencial a ter em 
conta no desenho das políticas públicas. 
Nação – exprime um vínculo histórico-cultural: coletividade identificada pela comunhão 
de laços culturais ou espirituais e histórico-geográficos entre os seus membros, 
permitindo recortar uma alma ou espírito comum (Paulo Otero); comunidade histórica 
de cultura (Jorge Miranda) 
Influência da revolução francesa. Há nações não organizadas em Estado (ex: 
Catalunha), repartidas em mais que um Estado (as duas Coreias); Estados que se 
formaram sem haver nação (EUA) 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
23 
 
Conceito de nação é relevante: 
1. Respeito das tradições religiosas da comunidade, mesmo num Estado 
laico. 
2. Proteção ao património cultural ou à defesa da língua (Art. 9º CRP). 
3. Defesa da identidade nacional. 
 
Cidadania 
Vínculo jurídico que liga uma pessoa a um determinado Estado. 
Não se exclui que a pessoa tenha mais que uma nacionalidade (plurinacional) ou nenhuma 
(apátrida) 
 
Atribuição da cidadania: 
• Ius Sanguinis – determinado pela filiação; prevalece em Portugal (Jorge Miranda) 
• Ius Solis – determinado pelo local de nascimento; cada vez vem tendo mais relevância 
(na integração dos filhos de imigrantes) 
• Estados mais antigos -> ius sanguinis 
Estados mais recentes -> ius soli 
 
Não se perde a cidadania a não ser por vontade do interessado. 
A cidadania é um direito fundamental e um direito humano e pode ser: 
➢ Originária – decorre do nascimento ou de ato ou facto que se reporte ao nascimento 
➢ Adquirida – resultante de qualquer outro ato ou facto jurídico: vontade, adoção, 
naturalização 
➢ Cidadania Ativa – totalidade dos direitos que pertencem ao cidadão 
➢ Semi-cidadania – típica de sociedades colonizadas em que os indígenas não são 
verdadeiramente cidadãos, mas estão sujeitos a estatuto especial 
➢ Cidadania Passiva – cidadãos que por razões de idade, incapacidade e outras não podem 
exercer direitos de participação política. 
 
Os estrangeiros e apátridas que se encontrem ou residam em Portugal gozam dos mesmos 
direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres do cidadão português, à luz do princípio da 
equiparação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
24 
 
Cidadania – Lei da Nacionalidade 
Vem do art. 4º CRP 
 
Art. 1º - Nacionalidade originária: adquirida pelo nascimento ou por ato ou facto jurídico que 
se reporte ao nascimento. 
• Efeito da lei 
• Efeito da vontade 
 
 
Capítulo II – Cidadania não originária: cidadania derivada, adquirida por ato ou facto jurídico 
que não se prende com o nascimento. 
Modalidades de aquisição da cidadania não originária: 
• Efeito (da lei e) da vontade (art.º 2.º a 4.º), 
• Adoção (art.º 5.º) (por ato de outrem, o adotante) 
• Naturalização (arts. 6.º e 7.º) 
 
Situações de Pluricidadania: conflitos positivos de cidadania (art. 27º e 28º) 
➢ Especifica-se o conflito 
➢ Diz-se como se adquiriu a cidadania 
➢ Norma que se extrai do preceito (artigo que resolve o caso) 
➢ A cidadania tem que ser o vínculo jurídico-político que une um indivíduo a um Estado 
soberano na ordem jurídica internacional (com capacidade e competência internacional 
plena) 
➢ Art. 28º - 1º Critério é cidadania + residência habitual; o 2º critério é subsidiário, 
cidadania (pode-se ter que abrir sub-hipóteses pois a “vinculação mais estreita” – 
conceito jurídico indeterminado – pode não ser do sítio onde viveu mais tempo. PAULO 
OTERO: na dúvida aplica-se o critério do sítio onde nasceu) 
 
 
Titularidade de direitos 
Os cidadãos não originários gozam de todos os direitos dos cidadãos originários, por decorrência 
do princípio da universalidade (art.12º/1 CRP) 
É inconstitucional qualquer restrição de direitos fundamentais dos cidadãos 
portugueses não originários, a não ser que a Constituição expressamente a admita ou 
determine (como o art. 122.º que reconhece capacidade eleitoral passiva para 
Presidente da República apenas aos portugueses de origem). 
 
 
Direitos dos Estrangeiros 
Princípio geral da equiparação, art.15º/1 CRP, que se liga ao art.12º/1 CRP) 
Podem: exercer cargos públicos predominantemente técnicos 
Funções em que o fator técnico avulta sobre qualquer outro – há vantagens em haver 
estrangeiros com tais funções 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
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Não poder: ter direitos políticos (direitos eleitorais e etc.); direitos e deveres reservados 
pela Constituição apenas a cidadãos portugueses (originários ou não originários) – 
art.15, nº3 CRP1 
 
O legislador não pode decidir arbitrariamente e relativamente à generalidade dos direitos 
assegurados aos cidadãos portugueses só admite duas atitudes: 
i. Equipara, sem restrições, o estrangeiroao nacional. 
ii. Reserva exclusivamente a este a titularidade de certos direitos, nos termos do art.º 15.º, 
n.º 2, parte final (3.ª cláusula) 
 
 
Outras nacionalidades 
Paulo Otero: A lei portuguesa não pode definir as regras de aquisição da cidadania de outro 
Estado: vigora o princípio da competência exclusiva de cada Estado para a definição dessas 
mesmas regras. 
A atribuição da cidadania cabe ao domínio reservado de cada Estado -> a fixação dos 
pressupostos de atribuição da sua nacionalidade. 
 
 
 
1 Quando o artigo se refere de uma forma a algo e nos queremos pronunciar sobre o contrário/inverso 
de tal, usamos a expressão “a contrario sensu” 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
26 
 
TERRITÓRIO 
Rebelo Sousa: Uma das características do Estado é a sedentariedade, não se pode conceber um 
Estado nómada ou sem território, na medida que o Estado é um fenómeno essencialmente 
espacial 
➢ Território Terrestre – abrange o solo e o subsolo correspondente à superfície da crosta 
terrestre demarcada pelas fronteiras 
➢ Território Aéreo – abrange o espaço compreendido entre as verticais traçadas a partir 
das fronteiras terrestres e do limite do mar territorial 
➢ Território Marítimo – corresponde ao mar territorial e tem 12 milhas 
o Zona Contígua: 24 milhas desde a linha da costa – poderes de fiscalização 
o Zona Económica Exclusiva: até às 200 ilhas – poderes relativos a recursos 
naturais, aproveitamento económico e os outros Estados podem circular 
o Plataforma Continental: leito do mar e subsolo das regiões submarinas 
adjacentes à costa até 200 m de profundidade ou até onde for possível a 
exploração de recursos 
Relevância do território: 
• Primeiro elemento aglutinador e unificador do povo 
• Pressuposto do exercício de vários poderes e de certas atribuições 
o Condição de independência 
o Circunscrição do poder soberano do Estado 
o Meio de atuação jurídico-política 
▪ Princípio da Territorialidade – as leis e o direito do Estado são aplicáveis 
dentro das fronteiras àqueles que nele se encontrem. (As exceções 
como Macau e Hong-kong, “privilégio da extraterritorialidade”) 
▪ Ao Estado corresponde um poder de jurisdição sobre as pessoas e as 
coisas que se encontrem no território e ainda um poder de domínio 
sobre as coisas não apropriadas. 
 
PODER POLÍTICO 
Marcello Caetano: faculdade exercida por um podo de, por autoridade própria (não recebida 
de outro poder), instituir órgãos que exerçam o senhorio de um território e nele criem e 
imponham normas jurídicas, dispondo dos necessários meios de coação. 
Expressões desse poder: 
• Inerência do político ao Estado – povo exerce por direito próprio 
• Exprime autoridade constituinte, originária e subordinante 
• Soberania 
• Autonomia local 
• Autonomia regional/política 
• Instituição e definição da ordem jurídica na coletividade 
• Suscetibilidade do uso da força (que o Estado possui) 
 
 
 
 
Estados soberanos e outras comunidades 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
27 
 
Jean Bodin: Estado soberano é a comunidade política cujo poder político reveste a forma de 
soberania entendida esta como o poder político supremo na ordem interna e independente 
da ordem internacional. 
 
Estado Não-Soberano 
• Estados Protegidos – poder político tutelado pelo Estado protetor que orienta as 
relações internacionais e/ou a política interna 
• Estados Federados – poder político encontra-se subordinado ao poder político da 
federação (única que dispõe de soberania plena) 
 
DIREITO INTERNACIONAL 
Estado Soberano – titular do direito de celebrar tratados (ius tractuum); receber e enviar 
representantes diplomáticos (ius legationis); fazer a guressa (ius belli) 
 
Estado Não-Soberanos – não gozam de soberania no plano internacional 
 
Estados Semi-Soberanos – gozam de soberania no plano internacional mas reduzida ou limitada 
por fatores jurídicos, materiais ou políticos. 
• Estados Protegidos: só pode exercer direitos de personalidade internacional através de 
outro estado. 
• Estados Vassalos: personalidade internacional ligada (vínculo feudal) por obrigações a 
um Estado suserano e a autorização deste é que dá competência internacional 
• Estados Exíguos: diminuta extensão do território não exerce plenamente a soberania 
• Estados Confederados: soberania internacional limitada ao dito no tratado 
• Estados Neutralizados: estatuto internacional impede de participar em qualquer 
conflito armado 
• Estados ocupados/divididos: situação excecional de guerra, sujeitos a ocupação. 
 
OUTRAS COMUNIDADES POLÍTICAS TERRITORIAIS 
Supraestadual – União Europeia 
Infraestadual – Descentralização política, administrativa. 
 
Fragmentação do Poder Político do Estado 
Razões (Paulo Otero): 
➢ Internacionalização: certos assuntos deixam de ser do domínio do Estado para serem da 
comunidade internacional 
➢ Globalização: resolução de conflitos encarada à escala mundial 
➢ Integração Europeia: Estados membros transferem parte da sua soberania para a união 
e o Direito da união vigora na ordem interna 
➢ Neofeudalização interna: outros centros de poder rivalizam e disputam com o Estado 
parcelas relevantes do poder político 
 
 
 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
28 
 
Formas de Estado 
Como o estado dispõe o seu poder – distribuição do poder político no território. “Relações que 
se instauram entre o poder político e o território” (Rolla) 
 
Estado Unitário 
Apenas um poder político dotado de autoridade constituinte em todo o território. 
 
CENTRALIZADO 
Monopólio das decisões por parte do poder político central – monolitismo que recusa o 
pluralismo de poderes públicos dentro do território do Estado. 
Ex: Angola, cujo presidente declarou não criar autarquias locais antes de 2017 
DESCENTRALIZADO 
Existência de outras pessoas coletivas territoriais para além do Estado. 
Coexistência do poder central e o poder concelhio/municipal – descentralização administrativa 
– administração indireta e das autarquias locais. 
REGIONAL 
Descentralização político-administrativa e existência de poderes políticos (legislativos, 
governativos) autónomos – confiados a certas pessoas coletivas públicas territoriais. 
Marcelo Rebelo de Sousa: dispõe de uma só Constituição, elaborada por uma instância em que não 
participam as regiões enquanto tais e em que se verifica uma descentralização política das regiões 
autónomas com a aprovação dos órgãos legislativos centrais – não há soberania na ordem interna e 
o estatuto é aprovado pela AR, não há cidadania. 
Diferenças para o Estado Federal: 
• Estado Regional elabora estatuto político administrativo aprovado pelos órgãos 
centrais do poder político. 
o Estado Federal elabora livremente a sua constituição. 
• Estado Regional não participa especificamente (através de representantes) na 
elaboração ou revisão da Constituição do Estado. 
o Estado Federal participam através de representantes. 
• Estado Regional não tem representação parlamentar – não existe câmara para os 
representar 
o Estado Federal tem uma segunda câmara com a função de representar os 
Estados. 
Âmbito do Território: 
➢ Integral – todo o Estado está regionalizado. Ex: Itália 
➢ Parcial – apenas parte do Estado está regionalizado. Ex: Reino Unido (está tudo 
regionalizado – tem parlamentos próprios – exceto Inglaterra, cujo parlamento é o 
mesmo que o do país) 
➢ Periférico – casos singulares de regionalização. Ex: Portugal (só as Ilhas) 
 
Âmbito do Estatuto Aplicável: 
➢ Poder ser uniforme ou diferenciada 
 
Âmbito das relações entre os ordenamentos jurídicos: 
➢ Prevalência do Direito do Estado – regra geral 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
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➢ Sistemas jurídicos derrogatórios do Direito do Estado – como acontece em Macau e 
Hong Kong 
 
Estado Composto 
Há vários poderes políticos dotados de autoridade constituinteno território – cujos poderes se 
articulam em distintos níveis territoriais. 
Confederação – associação de Estados para determinados fins. 
União Pessoal – existência de um Chefe de Estado comum a dois Estados (Ex: Portugal em 1580 
e 1640 – dinastia filipina) 
ESTADO FEDERAL 
1. Afirmaram-se fora da Europa e têm uma base republicana 
2. Regem-se pelo princípio da igualdade dos Estados 
3. Vários ordenamentos federais admitem a possibilidade de secessão 
 
Pressupõe uma dualidade ou sobreposição de Constituições, de estruturas estaduais e de 
ordens jurídicas – a externa e a interna. 
Existe uma dupla cidadania: primária (do Estado Federal) e secundária (do Estado Federado) 
o Cada estado federado elabora a sua constituição e organiza os respetivos poderes tendo 
em conta a Constituição federal – reconhecimento de poder constitucional. 
o Distribuição de competências – como a de cada Estado reconhecer e garantir nas suas 
constituições direitos fundamentais da pessoa. 
 
Estados federados intervêm na vontade política federal – na Câmara e na Revisão da 
Constituição federal. 
o Existência de um bicameralismo – uma das câmaras é representativa dos Estados – 
participação nas funções soberanas 
 
Apenas o Estado Federal dispõe de soberania no plano internacional 
 
Federalismo Perfeito 
➢ Estados independentes que decidem criar uma realidade político-constitucional 
superior. (Os estados podem sair) 
➢ Fundação originária. Ex: EUA 
 
Federalismo Imperfeito 
➢ Um Estado Unitário transforma-se num Estado Federal por conveniência política. Ex: 
Brasil e Bélgica 
➢ Os estados federados podem ou não participar na revisão constitucional. 
 
UNIÃO REAL 
MRS: Dois ou mais Estados, sem perderem a sua autonomia, adotam uma Constituição comum, 
prevendo a existência de um ou mais órgãos também comuns – a par de órgãos particulares 
inerentes a cada qual. 
JOMI: Ao passo que na federação há um fenómeno de sobreposição, aqui há um fenómeno de 
fusão. 
Ex: Reino Unido de Portugal e do Brasil (1815 e 1822) 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
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Fins do Estado 
O Estado não é um fim em si mesmo, o Estado é um instrumento ao serviço da pessoa humana 
(o fim último do Direito e da sociedade política). 
 
SEGURANÇA – Marcello Caetano – “o primeiro interesse do homem no mundo é viver” 
O Estado assegura a segurança contra a violência dos outros homens e contra a instabilidade e 
o arbítrio. Tem que se proteger os interesses vitais da pessoa humana e da comunidade. 
• Proteger o homem contra a Natureza 
• Proteger o homem contra a violência dos outros membros da comunidade e contra 
inimigos externos – institucionalizando mecanismos de garantia da paz social e 
organizando o monopólio da força 
• Proteger contra a incerteza e o arbítrio, definindo, através de normas jurídicas, os 
direitos e deveres de cada um. 
 
JUSTIÇA – Marcello Caetano – “assentar em relações de mútuo respeito e de equidade, 
manutenção da justiça” 
• Justiça Comutativa – medida igual e equivalência dos bens permutados (igualdade 
aritmética) 
• Justiça Distributiva – medida desigual e dando a cada um o equivalente ao mérito e 
atendendo às situações especiais (igualdade proporcional) 
o Equidade – critério corretivo da justiça 
 
A justiça pressupõe uma ideia de igualdade no seu conteúdo: 
➢ Liberdade expressa nos direitos e liberdades básicas para cada um 
➢ Diferença expressa nos direitos e instrumentos que visam compensar desigualdades de 
partida – promover igualdade de oportunidades e justiça social. 
 
BEM-ESTAR – Marcello Caetano – “promoção do bem-estar espiritual e material da 
coletividade” 
O Estado deve visar a satisfação de todas as necessidades vitais 
Promoção de condições materiais de acesso a bens e serviços necessários à vida da coletividade. 
ESTADO REGULADOR – atualidade 
Redirecionar o regresso às missões essenciais e adaptar os objetivos da segurança e da justiça 
às novas e prementes contingências. 
 
SUSTENTABILIDADE 
• Pressuposto da Constituição 
• Fim “partilhado” do planeta e não deixa de ser considerado um fim próprio do Estado 
• A segurança da vida coletiva ficaria em risco 
 
Funções do Estado 
Atividades desenvolvidas de forma permanente pelos órgãos do poder político do Estado, tendo 
em vista a realização dos respetivos fins. Dizem respeito: Principais grupos de atividade; 
Modalidades de ação desenvolvidas no tempo de forma contínua 
 
Critério Material – parte da análise do conteúdo dos atos 
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB 
31 
 
Critério Formal – atende à forma externa revestida por cada uma das atividades 
Critério Orgânico – relaciona as funções com as características dos órgãos 
 
Marcello Caetano e Paulo Otero 
Distinguem entre: 
➢ Funções jurídicas – prática de atos jurídicos: função legislativa, função executiva 
(processo administrativo e processo jurisdicional). 
➢ Funções Não-Jurídicas – função política e função técnica. 
 
Jorge Miranda e Blanco de Morais 
➢ Função Política – subdividida em função legislativa, governativa ou política stricto sensu. 
Função Administrativa. Função Jurisdicional. 
 
Marcelo Rebelo de Sousa 
Distingue entre o plano da função constituinte e da revisão constitucional e das demais funções 
constituídas do Estado. Distingue: 
➢ Funções Primárias – partilham a essência do político (na tomada de opções sobre a 
prossecução dos interesses essenciais da coletividade); função política (prática de atos 
que respeitem de modo direto e imediato o poder político); função legislativa (atividade 
permanente com caráter regulador da vida coletiva – incidência direta sobre os 
cidadãos) 
➢ Funções Secundárias – subordinação às funções primárias e confiada a órgãos 
independentes para garantir a imparcialidade; função administrativa na execução de 
leis e satisfação de necessidades coletivas que ao Estado incumbe cumprir. 
 
Melo Alexandrino 
Fins do Estado = Marcello Caetano 
Funções do Estado parecido a Marcelo Rebelo de Sousa, acrescenta: 
➢ Plano constituinte: 
o Ação Constituinte – ato excecional e isolado no tempo. 
o Função de Revisão Constitucional 
➢ Função política – programa de governo 
➢ Função legislativa – atos legislativos 
➢ Função jurisdicional – sentenças e acórdãos 
➢ Função administrativa – atos administrativos e operações matérias e regulamentos. 
 
Sistema Constitucional Inglês – função constituinte. Função política (Parlamento, Gabinete, 
Monarca); função legislativa (Parlamento); função administrativa (Governo) 
 
Sistema Constitucional EUA – função de revisão constitucional. Função política (Presidente, 
Congresso); função legislativa (Congresso – autorizada pelo Presidente); função administrativa 
(Presidente); função jurisdicional (Tribunais) 
 
Sistema Constitucional Francês – função de revisão constitucional. Função política (Presidente, 
Parlamento, Governo); função legislativa (Parlamento); função administrativa (Governo); função 
jurisdicional (Tribunais, Conselho Constitucional) 
 
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Organização do Poder Político do Estado 
Como o Estado pode existir e atuar como unidade, capaz de se exprimir e de agir – para isso 
organiza-se como uma pessoa jurídica: estrutura-se internamente (organização segundo o 
Direito) e dota-se de órgãos que estejam presentes em seu nome. 
Estado como pessoa coletiva – comunidade política é capaz de exprimir uma vontade e de lhe 
dar execução através de órgãos que a representam. 
• Pessoa de base associativa: conjunto de pessoas que congregam para prosseguirem em 
conjunto fins e desenvolvendo atividades, sendo representadas por órgãos que atuam 
em representação do povo = MELO ALEXANDRINO 
• Teoria do fisco: fase final do Estado de polícia – concebeu-se o Estado como pessoa 
jurídica, Fisco age sobre o património como agente privado podendo vir a ser 
responsabilizado. Titular de direitos e deveres.2 
• O Estado

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