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Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III Edema, SARA e Atelectasia SISTEMA RESPIRATÓRIO SUPERIOR E INFERIOR É importante lembrarmos que o sistema respiratório é dividido em trato respiratório superior e inferior, sendo que no trato respiratório inferior é onde encontramos a zona condutora e a zona respiratória (composta basicamente pelos bronquíolos respiratórios e os sacos alveolares). São nesses sacos alveolares que as trocas gasosas ocorrem. Ou seja, é o local onde ocorre a hematose, pois os sacos alveolares são locais ricamente irrigados. Portanto, é aqui que acontece a troca do sangue venoso para o sangue arterial. Se pegarmos uma porção do saco alveolar e seccionarmos bem na região onde há a vascularização em todos os alvéolos, para observamos o seu interior, poderemos observar os componentes celulares da árvore traqueobrônquica, como já discutindo em aulas anteriores. A membrana alvéolo capilar é formada por: membrana basal, células endoteliais e pneumócitos tipo 1. *Sendo que os pneumócitos tipo 1 são células achatadas que recobrem cerca de 90-95% dos alvéolos. E os pneumócitos tipo 2, são células mais avantajadas que produzem o surfactante, que ajuda a manter o alvéolo aberto, por conta da sua tensão superficial, e possuem capacidade de proliferação e diferenciação (diferente dos do tipo 1). Por isso, sempre que há a necessidade de proliferação, quem se multiplica são os pneumócitos tipo 2, e aí eles podem se proliferar em pneumócitos do tipo 1, que são células mais de revestimento. Além disso, cada alvéolo é “abraçado” por muitos capilares (por isso fala-se que os sacos alveolares são extremamente irrigados), logo, nesses locais nos quais há contato dos capilares com o alvéolo temos uma região denominada de septo alveolar, parede alveolar ou membrana alveolocapilar (dependendo da bibliografia, os termos variam). Quando me refiro a essa região por qualquer um desses termos, estou me referindo a região onde ocorrem as trocas gasosas, sangue venoso se SISTEMA RESPIRATÓRIO Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III transformando em sangue arterial, exatamente porque eu tenho a difusão de oxigênio do alvéolo para o capilar e a difusão de CO2 que está no sangue para o alvéolo para que possa ser eliminado através da expiração. Esse conceito é muito importante pensando na síndrome respiratória, na síndrome do desconforto respiratório agudo, o dano ocorrerá justamente nessas regiões chamadas de septos alveolares. Vale lembrar também que nós temos no alvéolo, como primeira linha de defesa imunológica, macrófagos alveolares. Isso é relevante pensando na patogênese da síndrome do desconforto respiratório, pois será visto que o processo inflamatório é iniciado justamente pela ativação dessas células já preexistentes no alvéolo. Então haverá injúria do septo alveolar, e também a ativação dessas células, primariamente, que irá desencadear toda uma resposta que será estudada mais à frente. DISTÚRBIOS DA PLEURA Sabe-se que a principal função do pulmão é a troca gasosa entre O2 e CO2 para dar suporte às funções metabólicas dos tecidos corporais, logo, é importantíssimo que ocorra esse processo de hematose. Existem muitas doenças que perturbam justamente esse mecanismo de troca. Sendo que algumas dessas doenças podem fazer uma interrupção temporária, e outras podem fazer uma interrupção tão acentuada que podem gerar incapacidades, e até alterar a complacência pulmonar. Quando falamos desses distúrbios que podem estar alterando o funcionamento das trocas gasosas pulmonares, sabemos que o ar vai entrar pelas vias respiratórias, vai inflar o pulmão por conta das pressões negativas, da cavidade pleural, e essa pressão negativa da cavidade pleural é o que irá impedir o pulmão de entrar em colapso no processo de expiração. A expiração, como já foi visto, é um processo basicamente passivo, que se dá através da retração elástica do pulmão. Então, o pulmão vai voltar ao tamanho que estava, pelo próprio processo expiratório, vai expulsar o ar, e por que ele não colaba? Primeiramente, porque temos o surfactante, que tem a tensão superficial que impede o colabamento, e além disso, há essa pressão negativa da cavidade pleural que mantém o pulmão “aberto” de tal forma que ele não colabe, já que não consegue entrar em colapso. A cavidade pleural está representada na imagem acima em rosa. É o espaço mínimo que existe entre as camadas denominadas de pleura parietal e pleura visceral. Desse modo, quando falamos em pleura, estamos falando de uma fina membrana serosa, que possui uma “camada dupla”. Uma das camadas vai revestir os pulmões e a outra irã revestir os outros órgãos que estarão em contato aqui, não necessariamente os pulmões. A pleura visceral é mais interna e está em contato direto com o pulmão. Já a pleura parietal é a mais externa que está em contato com os outros órgãos da caixa torácica. Entre elas temos o espaço pleural, que contém um líquido seroso, importante já que lubrifica as superfícies pleurais e torna possível o deslizamento sem atrito de uma membrana e outra. Por causa dos movimentos feitos pelo pulmão, na expansão e retração, essas pleuras entram em contato uma com a outra, e essa lubrificação impede que nesse contato elas não se rasguem/sejam danificadas. Quando há algum dano, isso leva a algum dos distúrbios de pleura que serão falados mais à frente. Sabemos que existem alguns distúrbios que levam ao processo de inflação pulmonar prejudicado. Então, o processo do pulmão inflar fica prejudicado, e isso ocorre em algumas condições como obstrução de vias respiratórias (impede a chegada de ar/influencia o processo de inflação de uma região), casos de compressão de pulmão, o que pode levar a um quadro de colapso pulmonar, como por ex. no caso de um acúmulo de líquido (formação excessiva de líquidos, maior que a remoção, leva a acúmulo e , Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III consequentemente, à compressão do pulmão, que pode levar a um colapso – parcial ou total). Sendo comum um colapso parcial, por ex. em quadros de atelectasia por obstrução e total em quadros de pneumotórax. Resumidamente, a pleura é muito importante para o funcionamento do pulmão, ao passo que permite que ele retraia e infle adequadamente, logo, qualquer problema nessa estrutura acaba interferindo também no bom funcionamento do pulmão. PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DE PLEURA: Derrame Pleural, Pneumotórax, hemotórax e inflação pleural DERRAME PLEURAL Quando falamos em derrame pleural, estamos nos referindo a um acúmulo de líquido anormal na cavidade pleural. Ou seja, quando há um excesso na produção do líquido seroso, ele começa a comprimir o pulmão, que não consegue inflar adequadamente. Mas, porque ocorre essa produção excessiva de líquido no pulmão? Normalmente, o líquido na cavidade pleural entra a partir de capilares da pleura parietal, então, a pleura parietal é irrigada por capilares e por conta isso há a entrada de líquidos desses capilares para o local. *Quando estudamos microcirculação vimos que, nesses casos, há um extravasamento de líquido para fazer a nutrição do local, e depois se tem o recolhimento desse líquido. Só que quando há um extravasamento exagerado, começa a haver um acúmulo desse líquido que saiu dos capilares.Normalmente, esse líquido é removido pelos próprios vasos linfáticos que estão localizados na pleura parietal. Ou seja, comumente, há um equilíbrio entre a entrada de líquido pelos capilares e a remoção pelos vasos linfáticos presentes na pleura parietal. Porém, além dessa entrada de líquido pela pleura parietal, também pode haver a entrada de líquido através dos espaços intersticiais do pulmão. Ou ainda, pode haver a entrada de líquido por alguns orifícios da cavidade peritoneal do diafragma. O derrame pleural, portanto, vai ser formado quando tivermos a entrada de líquido, seja pelo interstício pulmonar pela via pleura visceral, seja pela cavidade peritoneal via diafragma, seja pela pleura parietal, que irá se acumular em decorrência da entrada excessiva ou pela remoção inadequada pelo sistema linfático OU SEJA, O ACÚMULO DE LÍQUIDO SE DÁ POR DOIS MOTIVOS: 1) Formação excessiva de líquido OU 2) Remoção inadequada pelos vasos linfáticos Esse líquido acumulado pode ser tanto transudato (acúmulo de líquido sem necessariamente acúmulo de proteína, proveniente de situações nas quais não há inflamação associada), quanto exsudato (acúmulo de líquido plasmático associado ao extravasamento de proteínas, estando ligado a situações de processo inflamatório – por ex. pneumonia bacteriana, infecção viral, câncer, infarto pulmonar, etc.), e ainda por quilo. Já o transudato é muito característico de quadros de hidrotórax, como em ICC, insuficiência renal, e outros casos que não necessariamente se tem um processo inflamatório local acontecendo, haverá acúmulo de líquido, mas não necessariamente o extravasamento de proteínas. TRANSUDATO: derrame pleural por hidrotórax EXSUDATO: derrame pleural por empiema (glicose, proteínas, leucócitos, restos celulares e até tecidos mortos associados ao líquido, porque no caso do Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III processo inflamatório, eu tenho não só a vasodilatação, mas também o aumento de permeabilidade do capilar) QUILO: o derrame pleural pelo que chamamos de quilotórax. O quilo é um líquido leitoso com quilomícrons, encontrado em líquido linfático do sistema digestório e rico em lipídio. Muito comum em complicações de procedimentos cirúrgicos, ou em derrame de linfa na cavidade torácica. Como diferenciar as causas de um derrame pleural? Normalmente é feita a dosagem de LDH e de proteínas plasmáticas nesse líquido pleural. O LDH (lactato desidrogenase) é liberado quando há um tecido pleural inflamado ou lesionado. LDH e proteínas aumentados -> QUADRO EXSUDATIVO LDH e proteínas diminuído -> QUADRO TRANSUDATIVO HEMOTORÁX Outro mecanismo que poderia levar a esse acúmulo de líquido é o acúmulo de sangue na cavidade pleural, mas nesse caso temos um nome específico: hemotórax. Logo, quando falamos de hemotórax, estamos sim tendo um quadro de derrame pleural, mas esse acúmulo não será de líquido, propriamente dito, e sim sanguíneo. Isso geralmente ocorre quando há lesão de tórax, alguma complicação cirúrgica de tórax, câncer, ou ruptura de um grande vaso (por ex. aneurisma de aorta). Ele pode, ainda, ser classificado como um derrame pleural mínimo, moderado ou grande. Em um quadro mínimo, temos cerca de 250 ml de sangue no espaço pleural, que desaparece em cerca de 14/15 dias de uma forma quase que espontânea. O moderado, é quando eu tenho um hemotórax com preenchimento de cerca de 1/3 do espaço pleural, o que demanda uma drenagem imediata, já que pode haver comprometimento funcional do pulmão. Em um hemotórax considerado grande, ele enche cerca de metade ou mais de uma das metades do tórax, o que também demanda drenagem imediata, e dependendo da causa, até cirurgia. PNEUMOTÓRAX O pneumotórax, ocorre quando há o acúmulo de ar na cavidade pleural. Esse acúmulo de ar na cavidade pleural pode ter como principal consequência o colapso parcial ou completo do pulmão, o que é muito ruim, já que compromete de certa forma a questão funcional do pulmão, o que, automaticamente, pode levar ao comprometimento da hematose, pois alguns locais do pulmão estarão colapsados e não estará acontecendo o processo de troca gasosa. O pneumotórax pode ser classificado em 3 tipos: espontâneo, traumático e de tensão. PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO O pneumotórax espontâneo acontece principalmente quando há a ruptura de uma bolha de ar na superfície do pulmão, e esse ar atmosférico começa a entrar na cavidade pleural. O pneumotórax espontâneo pode ser pequeno ou grande, dependendo da quantidade de ar envolvida. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III Porém, além disso, o pneumotórax espontâneo pode ainda ser dividido em primário (acontece em pessoas saudáveis acometendo a parte superior), e secundário (em pessoas que já possuem alguma doença pulmonar/ respiratória, como por ex. asma, tuberculose, fibrose cística etc., o que torna o paciente mais propenso a desenvolver esse pneumotórax espontâneo, perdendo o ar da arvore traqueobrônquica para a cavidade pleural). Esses casos de pneumotórax secundário, obviamente, são muito mais graves, pois o paciente além de possuir uma doença pulmonar de base está sofrendo o acúmulo de ar na cavidade pleural, que pode levar ao colapso parcial ou total do pulmão, ou seja, compromete ainda mais o funcionamento desse órgão. PNEUMOTÓRAX TRAUMÁTICO O pneumotórax traumático, como o próprio nome diz, é causado por algum trauma na pleura ou na cavidade pleural que leva ao acúmulo de ar nessa região, e pode ser classificado em penetrante e não penetrante. A causa mais comum desse tipo de pneumotórax é a fratura ou luxação de costela. *Não necessariamente vai ter algo penetrado nessa região! No pneumotórax aberto há a lesão da pleura, portanto, na inspiração, a pressão negativa na cavidade é perdida. É como se o ar fosse sugado pela área lesionada com a finalidade de estabilizar a pressão negativa ali dentro, e assim acaba colapsando esse órgão. Já no processo de expiração, mais passivo, haverá a tentativa de expulsar o ar presente na cavidade, nesse momento, o pulmão tenta expandir novamente. No caso de um pneumotórax de tensão, temos a lesão na pleura também, só que o ar, no processo inspiratório consegue entrar e inflar a cavidade pleural, levando ao colapso pulmonar do lado afetado também. Só que quando eu tenho o processo de expiração, por algum motivo, esse ar não consegue sair, e por isso a capacidade de troca gasosa e complacência do pulmão não afetado são diminuídas. Isso ocorre porque ele irá sofrer um processo de compressão, então, toda a estrutura do mediastino é meio que deslocada para o lado oposto da região que foi traumatizada. Ou seja, o pulmão não afetado acaba sofrendo compressão. Diferente do pneumotórax traumático, onde, na inspiração as estruturas do mediastino até vão para o pulmão não afetado, mas no processo de expiração as estruturas voltam/retornam, no pneumotórax de tensão isso não ocorre, pois quanto mais aumenta a quantidade ar, mais o pulmão não afetado é comprimido. O grande problema desse desvio do mediastino para o lado do pulmão que não está lesionado no pneumotórax de tensão é que há compressão da veia cava, o que leva a uma diminuição do retorno venoso, e uma diminuição no débito cardíaco também, o que traz algumas complicações para o indivíduo. Desse modo, é importante saber diferenciar os tipos de pneumotórax para realizar as manobras adequadas a cada caso. GabrielaBordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III ATELECTASIA Quando falamos em colapso parcial do pulmão ou uma expansão incompleta de um pulmão ou parte de um pulmão estamos falando da atelectasia. Existem várias causas que podem levar a um quadro de atelectasia, são elas: obstrução das vias respiratórias, compressão no pulmão (derrame pleural, pneumotórax) e perda de surfactante pulmonar. A atelectasia pode ser classificada em primária e secundária. A primária, também chamada de neonatal ou congênita, manifesta-se logo que o bebê nasce, já que ele não consegue realizar uma expansão completa dos pulmões. Isso pode ser decorrente de um parto prematuro, ou incapacidade de produzir surfactante de maneira adequada para manter os pulmões inflados. A secundária, também chamada de adquirida, ocorre quando o pulmão já foi inflado, só que por algum motivo ele começa a sofrer um processo de colapso. Ou seja, é um colapso do pulmão previamente inflado, com áreas de parênquima sem ar. As atelectasias secundárias podem ter diversas causas e são classificadas em três tipos: reabsorção, compressão e contração. A de reabsorção ocorre quando há alguma obstrução em um local da árvore traqueobrônquica que faz com que haja um quadro de impedimento de recebimento de ar pela região obstruída. Logo, essa região que antes possuía um pouco de ar, passa a sofrer reabsorção, fazendo com que o pulmão vá colabando/entrando em colapso parcial. O quadro de atelectasia por compressão é muito comum devido aos derrames pleurais ou até mesmo por conta de pneumotórax de tensão ou traumático. Na contração, por algum motivo, o pulmão fica mais fibrótico, e por isso, perde a sua complacência pulmonar e não expandido adequadamente. *A compressão não acontece necessariamente por líquido, pode ser por causa de um tumor/ massa sólida por ex. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III COMPRESSÃO EXTERNA: Derrames pleurais, hemotórax, piotórax, pneumotórax e elevação do diafragma por afecções abdominais variadas; ABSORÇÃO: Obstrução brônquica completa por: tumores, corpos estranhos, secreções espessas e linfonodos hilares muito aumentados. FOCAL: Deficiência de surfactante, em recém-nascidos ou adultos, pode ser difusa ou local. *Em adultos com quadros de síndrome do desconforto agudo, principalmente, há um dano alveolar difuso, como representado pelas regiões em vermelho na imagem. CONTRAÇÃO: Lesões fibróticas locais ou difusas podem impedir a expansão pulmonar causando atelectasia por contração. Só para relembrar: o surfactante é composto em 80% por fosfolipídios, 8% de lipídios e 12% de proteínas. Sendo que o fosfolipídio predominante é o DPPC. Ele é importante, pois mantém a tensão superficial e mantém a parede alveolar estável, impedindo o processo de colabamento. Todas as vezes em que há o processo de expiração, pelo processo de retração elástica, os alvéolos tendem a diminuir de tamanho para expulsar o ar presente na luz alveolar, porém, se houver deficiência de surfactante nesse processo as paredes alveolares podem encostar entre si e entrar em colapso. RAIO-X DE TÓRAX O ar aparece em preto, a gordura em cinza, os tecidos moles e a água em cinzas mais claros e os ossos e o metal em branco. Quanto mais denso o tecido, mais branco ele aparecerá no raio X. Os tecidos mais densos aparecem radiopacos e claros na imagem; os menos densos, radiolucentes ou escuros. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III DOENÇAS RESPIRATÓRIAS Falando em doenças respiratórias que levam a alterações vasculares e circulatórias, temos várias: embolia pulmonar (embolo são aquelas formações, que podem ser líquidas, sólidas ou gasosas, que podem viajar pelo organismo e alojar-se em vasos menores, e nesse caso, causa isquemia tecidual, quando isso ocorre no pulmão, pode levar a um quadro de infarto pulmonar), infarto pulmonar, hipertensão pulmonar e edema pulmonar (questão de equilíbrio entre as forças de Starling, já vista quando estudamos distúrbios hemodinâmicos, relacionada à pressão hidrostática e pressão oncótica ou coloidosmótica, ambas presentes dentro e fora do vaso). O edema pulmonar irá ser frisado, pois compromete muito as trocas gasosas do pulmão. Consequentemente, há uma infinidade de consequências no organismo do indivíduo. Em casos de edema pulmonar por lesão da barreira alvéolo capilar/ septo alveolar/ membrana das paredes alveolares (como queiram chamar o local da hematose, a nomenclatura varia conforme os autores), a lesão nessa região pode estender-se, ficar grave e ser até fatal, na síndrome do desconforto respiratório agudo/ síndrome da angústia respiratória aguda – depende da bibliografia, mas são sinônimos- SARA/SDRA. CONGÊNITA: Árvore traqueobrônquica, parênquima pulmonar, discinesia ciliar e fibrose cística. ADQUIRIDA: Neonatal, infeccioso, doenças pulmonares obstrutivas, alterações vasculares e circulatórias, doenças pulmonares intersticiais difusas (restritivas) e neoplasias pulmonares. - NEONATAL: • Doença das membranas hialinas • Doença pulmonar crônica do prematuro • Enfisema intersticial • Síndrome de aspiração meconial • Infecções neonatais e perinatais • Bronquiolite obliterante pós-infecciosa - INFECCIOSO: • Pneumonias: bacterianas, virais, fúngicas e helmínticas. • Tuberculose • Atelectasia - DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS: • Bronquite • Enfisema • Asma - ALTERAÇÕES VASCULARES E CIRCULATÓRIAS: • Embolia pulmonar • Infarto pulmonar • Hipertensão pulmonar • Edema pulmonar - DOENÇAS PULMONARES INTERSTICIAIS DIFUSAS - NEOPLASIAS PULMONARES EDEMA O edema, é o acúmulo de líquidos, no caso do edema pulmonar, temos um acúmulo de líquido nos alvéolos, o que leva ao comprometimento do processo de troca gasosa nesse local. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III Na tabela 15-1 acima, podemos ver várias causas que podem acarretar em edema pulmonar. Sendo que, podemos classificar os edemas pulmonares em edemas hemodinâmicos, edemas decorrentes de lesões nas paredes alveolares e, ainda, de origens desconhecidas. Os edemas hemodinâmicos, também chamados de edemas cardiogênicos, acontecem quando por algum motivo há algum quadro que leva a sobrecarga do coração ou outra alteração cardíaca que pode induzir a esse quadro de edema hemodinâmico pulmonar. Já quando há várias outras características e situações em que se tem lesão direta do septo alveolar, teremos edemas originados por conta dessa lesão. Então, fala-se que são lesões de aumento de permeabilidade vascular. Os edemas de origens desconhecidas são, basicamente, neurogênicos ou relacionados as altitudes. Vamos destacar aqui os edemas hemodinâmicos/cardiogênicos e os edemas decorrente de lesões na parede alveolar, que podemos chamar também de edemas não cardiogênicos. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III A drenagem do excesso de líquido intersticial ocorre principalmente através de vasos linfáticos peribrônquicos e perivasculares, fazendocom que exista uma vazão basal pelo ducto torácico. O desbalanço desses mecanismos homeostáticos resulta em edema pulmonar, situação bastante frequente na prática médica e que, quando extenso, é potencialmente fatal. Na imagem abaixo, podemos diferenciar um do outro. O edema hemodinâmico/cardiogênico é caracterizado por um aumento na pressão hidrostática, por conta disso, acaba-se tendo um extravasamento de líquido maior, tanto no interstício, quanto no alvéolo. Acontece que, como tanto em pneumócitos tipo I, quanto em pneumócitos tipo II, há a presença de aquaporinas, canais iônicos e bombas de sódio e potássio ATPase, há uma tentativa de remover esse líquido, pois eles entendem que quanto maior a quantidade de líquido nos alvéolos menor a eficiência da hematose. Porém, quando há o desequilíbrio entre o que é formado e o que é absorvido, pode haver o acúmulo de líquidos causando o edema hemodinâmico/cardiogênico. Já quando falamos no edema por aumento da permeabilidade/não cardiogênico, o que ocorre é que, como o próprio nome já diz, um dano no local das trocas gasosas, podendo ser causado por inúmeros motivos. Ou seja, os danos causados nesse septo alveolar podem ter inúmeras causas, podendo ser danos diretos ou danos indiretos. Sendo que os diretos estão ligados com processos infecciosos e resíduos tóxicos, então, tudo aquilo que pode lesionar diretamente esse septo alveolar, leva a um comprometimento nas células epiteliais alveolares, e um dano endotelial, o que automaticamente leva a um aumento de permeabilidade, já que as células ficam mais espaçadas, e os pneumócitos não recobrem toda a superfície do alvéolo, de modo que ele fica mais permeável a entrada de líquido, proteínas, células, entre outras substâncias, e com isso é gerado um processo inflamatório intenso dentro do alvéolo, com uma tempestade de citocinas. Essa tempestade de citocinas criada promove um ciclo vicioso em que há destruição e reparo, cada vez mais atraindo o exsudato, promovendo, a longo prazo, um grande dano alveolar. Lembrando que esse quadro pode ocorrer e se resolver sozinho, mas a longo prazo pode acabar gerando um processo de fibrose, tanto no interstício, quanto no alvéolo, e comprometer bastante o funcionamento pulmonar. EDEMA HEMODINÂMICO (CARDIOGÊNICO) Relembrando, o edema cardiogênico está muito associado a insuficiência cardíaca esquerda. Em condições normais, tudo que está circulando no corpo é recolhido pelas veias, através do retorno venoso para o coração direito, que recebe e jogam para o pulmão, onde haverá o processo de hematose acontecendo, e o sangue venoso se tornará arterial. Esse sangue arterial será levado para as câmaras esquerdas do coração, e lá esse sangue já bem oxigenado será impulsionado para realizar a nutrição e oxigenação periférica. Em um quadro de insuficiência do VE, percebe-se que a parede ventricular esquerda está hipertrofiada, e isso ocorre em um primeiro momento como um mecanismo adaptativo compensatório. Porém, com o passar do tempo, passa-se a ter a dilatação do VE, isso leva a perda da força de propulsão, ou seja, o coração não consegue ejetar totalmente o sangue que chega na pré-carga para o sistema periférico. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III Por qual motivo ele não consegue? Primeiro, porque há um aumento na resistência periférica e, segundo, porque não há força suficiente para realizar a ejeção completa do sangue que vem do pulmão, com isso esse sistema fica congestionado, e o sangue acaba se acumulando nessa região. *Desse modo, há uma sobrecarga proveniente daí e uma sobrecarga proveniente da parte venosa, pois o VD está funcionando adequadamente, então, o DC direito está funcionando, e aí há uma quantidade de sangue venoso chegando adequada, só que no VE não há a saída de todo o sangue, porque o sangue arterial não consegue sair, já que o VE não tem uma propulsão adequada. Esse acúmulo de sangue leva a um aumento da pressão hidrostática capilar na região, que faz com que o líquido plasmático extravase para o alvéolo, acarretando no quadro de edema. Somente o fato de haver a vasoconstrição periférica já impede o sangue de ser completamente expelido, pois, ele encontra uma resistência maior a ser vencida. Além disso, o coração que se encontra em um quadro de insuficiência cardíaca esquerda já não possui mais tanta força para impulsionar o sangue. Essa diminuição na força se dá devido a hipertrofia, que ocorre em um primeiro momento, a longo prazo, analogamente, pensando na câmara cardíaca como um elástico de cabelo, que no começo irá prender muito bem o cabelo no início, já que tem uma tensão elástica que vai segurar a quantidade de cabelo, mas com o passar do tempo com o estiramento, ele irá precisar fazer o processo de retração, mas quanto mais tempo ele passa em estiramento, menor é a capacidade dele voltar a retração normal. Então, com o passar do tempo fica mais difícil que ele prenda o cabelo, mesmo com a quantidade de cabelo, propriamente dita, não tendo se alterado. No coração, acontece a mesma coisa quando há a insuficiência cardíaca esquerda. Essa insuficiência cardíaca esquerda pode ter várias causas, mas um dos motivos principais é a hipertensão arterial sistêmica. Quando há um excesso de sangue chegando com maior pressão, automaticamente, a parede do ventrículo acaba sendo machucada, e o coração entende que precisa sofrer um processo adaptativo, por isso, em um primeiro momento ele acaba hipertrofiando para vencer essa pressão. Então ele acaba, em um primeiro momento, aumentando a força de contratilidade cardíaca. Só que essa hipertrofia, a longo prazo, não consegue se manter, como a analogia do elástico de cabelo, e os cardiomiócitos começam a morrer. O ventrículo começa a sofrer, então, um processo de dilatação e fica como o elástico de cabelo frouxo. Então, ainda há a parede do VE funcionando, mas não tem força suficiente para vencer a pressão e propeli o sangue que está chegando. Diminuindo o DC esquerdo, e fazendo com que toda a periferia não receba a perfusão tecidual adequada. Com a perfusão periférica comprometida, há a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Esse sistema está envolvido com a parte renal e quando ativado faz a ativação também da angiotensina. No pulmão a angiotensina I é convertida em angiotensina II pela ECA, essa enzima conversora de angiotensina é produzida no endotélio do pulmão. A angiotensina II no pulmão tem um caráter de aumentar a resistência vascular periférica por conta da vasoconstrição, levando a um aumento na pré-carga. Logo, além do ventrículo não conseguir propelir todo o sangue que chega, ele ainda encontra esse aumento da resistência periférica por conta do aumento da angiotensina II. Então, há um desequilíbrio com o sangue que é jogado para o corpo e o sangue que chega. Pois todo o sangue do VD é propelido, mas nem todo do VE é propelido, isso resulta em congestão pulmonar. Há, portanto, um acúmulo de sangue da parte arterial e um acúmulo de sangue da parte venosa. O capilar fica com sangue acumulado e isso aumenta a pressão hidrostática capilar e isso leva ao extravasamento de Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III líquido plasmático para o interstício e alvéolo. Se não for possível reabsorver isso, começamos a ter um edema pulmonar de caráter cardiogênico/hemodinâmico. EDEMA PULMONAR NÃO CARDIOGÊNICO EDEMA CAUSADO POR LESÃO BAC* (NÃO CARDIOGÊNICOou POR PERMEABILIDADE) -> LESÃO SEPTO ALVEOLAR ou BARREIRA ALVÉOLO CAPILAR* ou PAREDE ALVEOLAR O edema não cardiogênico ou por aumento de permeabilidade acontece, principalmente, por uma lesão no septo alveolar ou barreira alvéolo capilar. Desse modo, quando falamos de um edema não cardiogênico, teremos o acúmulo de líquido no alvéolo, só que pelo fato de não ter uma origem principal decorrente de alguma alteração no coração, chamamos de não cardiogênico. Normalmente, esse tipo de edema está associado a essa lesão no septo alveolar. Isso quer dizer que há lesão tanto no endotélio, quanto nas células epiteliais/pneumócitos tipo I que fazem parte da membrana alvéolo capilar. Por conta dessa lesão nessa região, há um aumento da permeabilidade vascular pulmonar associado a um processo inflamatório. Esse insulto no septo alveolar pode ser tanto direto (processos infecciosos ou outro agente tóxico/nocivo), quanto indireto (mediado por citocinas). Toda vez em que há esse aumento de permeabilidade de forma localizada no pulmão, dizemos que há o desenvolvimento de uma pneumonia. QUADRO DE PNEUMONIA = edema pulmonar não cardiogênico que não acomete o pulmão inteiro, ou seja, é localizado. Toda vez que esse aumento de permeabilidade ocorrer de maneira difusa (em alguns locais, e não necessariamente eles serem confluentes), ou seja, quando temos edema pulmonar em alguns pontos focados do pulmão, temos de um quadro de lesão pulmonar aguda (LPA). Quando tivermos um quadro de LPA grave, no qual há a presença de edema pulmonar em pontos difusos, mas de forma mais intensa, de tal forma que acometa uma boa parcela do pulmão, teremos um quadro de SARA/SDRA (síndrome da angústia respiratória aguda/síndrome do desconforto respiratório agudo). LOCALIZADO -> PNEUMONIA DIFUSO -> LPA LPA GRAVE -> SARA/SDRA SARA/SDRA CLÍNICOS SARA = SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA SDRA = SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO PATOLOGISTAS Dano alveolar difuso (DAD) ou pulmão de choque. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III *Uma das possíveis consequências da SARA/SDRA é o desenvolvimento de choque e falência múltipla de órgãos, por conta do círculo vicioso do processo inflamatório, mas NEM SEMPRE o paciente irá evoluir para esse quadro. *A SARA/SDRA pode EVOLUIR para uma SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA DE INSTALAÇÃO AGUDA. Ou seja, não são sinônimos, mas sim, um é decorrência do outro. Esse edema pulmonar ocorre por FALHA DE CONTENÇÃO DA BARREIRA ALVÉOLO-CAPILAR, com ALTERAÇÃO DA PERMEABILIDADE CAPILAR levando ao extravasamento de líquido proteico (exsudato devido ao processo inflamatório) para o interstício pulmonar. Todo paciente com SDRA tem LPA Nem todo paciente com LPA tem SDRA CAUSAS DO EDEMA PULMONAR NÃO CARDIOGÊNICO Lembrando que temos os fatores de lesão direta (agentes tóxicos/nocivos que por si só podem lesionar o septo alveolar) e os fatores de lesão indireta (citocinas pró-inflamatórias). De modo geral a patogênese, ocorre conforme o esquema abaixo: *As membranas de hialina são impermeáveis e isso prejudica ainda mais o processo de hematose. Logo, o pulmão acaba ficando mais enrijecido por conta desses depósitos de fibrina e membranas hialinas, o que prejudica o processo de inflação, ou seja, ele não consegue aumentar sua complacência e, por consequência, há o comprometimento nas trocas gasosas. https://en.wikipedia.org/wiki/File:Road-sign-Other-dangers.svg https://en.wikipedia.org/wiki/File:Road-sign-Other-dangers.svg https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III A partir do momento em que eu começo a ter lesão no septo alveolar, o endotélio fica injuriado, os pneumócitos tipo I já nem aparecem, ou seja, há uma região de desnudamento do alvéolo, o que favorece a deposição das membranas de hialina e acaba dificultando o processo de troca gasosa. Já haviam macrófagos ali, foram ativados, liberam citocinas, atraem células de defesa para o interstício e o próprio alvéolo. Além disso, ele começa a fazer a estimulação de fibroblasto, para a produção de pró- colágeno que também vai enrijecendo o órgão e dificultando a inflação ao passo que diminui a complacência pulmonar. Sem falar que há a deposição de fibrina dentro do próprio alvéolo. Há formação de microtrombos, inativação do surfactante, então essa região do alvéolo que ficaria bem inflada corre o risco de sofrer o processo de colabamento. O sangue está chegando adequadamente, o que significa que há uma boa perfusão, mas não há uma boa ventilação porque a região está cheia de líquido, e o fato de possuir muito líquido nessa região, faz com que o indivíduo entre em um quadro de “shunt” intrapulmonar. Pois há a chegada de sangue, mas não há ventilação para que a troca gasosa ocorra de maneira adequada e eficiente, o que gera uma hipoxemia sistêmica no indivíduo, que pode chegar a um ponto de ser até refrataria, mesmo fazendo O2 no paciente, não é possível reverter o quadro de hipoxemia, pois o dano alveolar pode ter sido tão extenso que as áreas que restaram para fazer o processo de hematose não são suficientes para suprir toda a demanda necessária do organismo. A patogênese exata de como tudo isso ocorre, não é comprovada, logo, existem algumas hipóteses que serão aqui apresentadas. *Cada bibliografia apresenta de um jeito, e é difícil separar as fases, pois elas se sobrepõem!!! O indivíduo, portanto, passa por 3 fases que se sobrepõem. Elas são muito difíceis de serem separadas e isso pode ser visto no gráfico acima. *Colocam a fase de transição justamente porque a fase exsudativa e a proliferativa meio que se misturam! A questão de reversão do quadro varia muito de indivíduo para indivíduo. FASES SARA/SDRA 1. FASE EXSUDATIVA (4 a 7 dias) – marcada pela presença de exsudato, com um processo inflamatório intenso pelo recrutamento de células, e ativação dos macrófagos alveolares (BAC sofrendo dano) que liberam uma infinidade de mediadores químicos (citocinas), recrutamento de neutrófilos, tanto para o interstício, quanto para o alvéolo, extravasamento de plasma, proteínas e outros tipos Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III celulares, levando ao edema no interstício e edema pulmonar dentro do próprio alvéolo. Os neutrófilos recrutados produzem mais uma infinidade de citocinas inflamatórias, que iniciam todo o círculo vicioso já citado, pois vai potencializar todo o dano no epitélio alveolar, vai inativar o surfactante que mantem a tensão superficial, favorecendo o processo de colabamento, há a formação de microtrombos, e isso prejudica ainda mais a perfusão tecidual, tanto do pulmão e, posteriormente, no processo de hematose, acarretando indiretamente em prejuízo na perfusão tecidual sistêmica também. Depois disso tudo, haverá, obviamente, desnudamento, já que os pneumócitos do tipo I começam a morrer, devido a todo o processo inflamatório. Como há a liberação dessas enzimas proteolíticas, espécies reativas de oxigênio, derivados de fosfolipídios, há uma potencialização ainda maior do processo inflamatório e, consequentemente, potencializando o dano e desnudando mais ainda o local, favorecendo a formação das membranashialinas, com isso há a diminuição da complacência pulmonar. A combinação dos danos, tanto endoteliais, quando epiteliais, irá resultar em um agravo na relação ventilação/perfusão. Extravasamento de líquidos e proteínas -> edema intersticial e alveolar Taquicardia, taquipneia e alcalose respiratória Fibrina na luz alveolar -> membranas hialinas 2. FASE PROLIFERATIVA – observa-se como uma tentativa de o alvéolo em caso do agente injuriante ser eliminado/resolver essa questão, se a injúria não foi tão extensa, nessa fase proliferativa tem-se processo de recuperação pulmonar. Logo, os pneumócitos tipo II remanescentes que sobraram podem começar a proliferar e depois, podem se diferenciar em pneumócitos do tipo I. Assim haverá a produção de surfactante pelos pneumócitos do tipo II. E ambos, com seus canais iônicos, aquaporinas, e bombas de sódio e potássio ATPase atuaram fazendo uma drenagem de líquido na região alveolar e intersticial, favorecendo o processo de drenagem para os vasos linfáticos na região dos bronquíolos, ou seja, facilitando a drenagem desse líquido. Então, quando eu tenho uma injúria mais leve, pode ocorrer esse processo de restauração da população de pneumócitos do tipo II, e diferenciação em pneumócitos do tipo I, inclusive, com produção de surfactante novamente. Há essa depuração de fluido exsudativo para o interstício, há um clareamento das células inflamatórias, então conforme vai diminuindo o processo inflamatório as coisas vão se assentando e o funcionamento adequado vai sendo retomado. Porém, quando o dano é muito extenso, a lesão é tão grande que essa fase pode até tentar acontecer, mas não vai ser efetiva. Pois, a maioria das células de revestimento já vão ter sido perdidas, então, se eu não tiver pneumócitos tipo II remanescente na região, não vai ser possível, primeiro que, se tiverem pouquíssimos pneumócitos tipo I, o estímulo de proliferação não vai adiantar nada, pois eles não possuem capacidade de proliferação. Então a região continuara injuriada e com deposição da membrana de hiliana. Migração de neutrófilos e fibroblastos -> produção de mediadores inflamatórios e fibrina Fibrose pulmonar precoce Complicações infecciosas e barotraumas Intensa taquipneia e dispneia Diminuição da complacência pulmonar Shunt pulmonar elevado (perfusão sem ventilação) PaCO2 começa a se elevar 3. FASE FIBRÓTICA (3 a 4 semanas) – Essa fase ocorre quando há falha na remoção do colágeno alveolar, se por um acaso, não é ativado um mecanismo que consiga remover o colágeno, a MEC depositada ali, tanto no alvéolo, quanto no interstício, haverá uma limitação na recuperação funcional da BAC. Isso faz com que o indivíduo possa entrar em um quadro de hipóxia sistêmica, que pode ser até grave, e pode se tornar até refratária a suplementação de O2, pois acabam tendo tantas fibras na região que fica impermeável. Fibrose pulmonar Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III Hipoxemia grave Não responde a tratamento Acidose respiratória O QUE OCORRE/ SEQUÊNCIA DE EVENTOS: Lesão pneumócitos / endotélio pulmonar Ativação / lesão endotelial Macrófagos alveolares residentes secretam mediadores inflamatórios Adesão e extravasamento de Nø Nø no alvéolo degranula (proteases, EROs, citocinas) Recrutamento e adesão leucócitos, mais lesão endotelial e trombose local Acúmulo de fluido intra-alveolar e formação de membranas hialinas Dano e necrose de pneumócitos II -> anormalidade surfactante / comprometimento troca gasosa alveolar Resolução da lesão é impedida devido a necrose epitelial e os danos inflamatórios comprometerem as células remanescentes a reabsorverem o edema FASE EXSUDATIVA: • Lesão (insultos diretos ou indiretos) à delicada estrutura alveolar do pulmão distal e à microvasculatura associada. • MØ alveolares residentes são ativados (mediadores pró-inflamatórios e quimiocinas) • Acúmulo de MØ e NØ • NØ ativados contribuem ainda mais para a lesão, liberando mediadores tóxicos. • Perda da função de barreira, bem como a inundações intersticiais e intra-alveolares. • TNF promove a agregação plaquetária e a formação de microtrombos, bem como a coagulação intra-alveolar e a formação de membrana hialina. Estímulo inflamatório diminui Debris intra-alveolares são removidos pelos mø Mø liberam citocinas fibrogênicas (TGF- beta e PDGF) Crescimento de fibroblastos e deposição de colágeno -> fibrose paredes alveolares Células tronco bronquiolares proliferam para substituir os pneumócitos FASE PROLIFERATIVA: • Restaurar a homeostase tecidual Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III • Proliferação de células progenitoras das vias aéreas e células epiteliais alveolares tipo II (AECII), com diferenciação em células epiteliais alveolares tipo I (AECI) • Expansão transitória dos fibroblastos residentes • Organização e fibrose do exsudato intra-alveolar • Intensa proliferação de fibroblastos (tecido de granulação) -> fibrose acentuada • Formação de uma matriz provisória • Macroscópico: ✓ Pulmões são mais pesados ✓ Coloração vermelho-acinzentada ✓ Firmes (colágeno) ✓ Áreas de oclusão dos espaços aéreos alternadas com áreas dilatadas • Microscópico: ✓ Alvéolos e ductos alveolares -> tecido de granulação, colágeno jovem e matriz extracelular rica em mucopolissacarídeos ácidos. ✓ Tecido cicatricial pode ocluir a luz alveolar e, pelo remodelamento, causar contração alveolar e consequente tração de áreas adjacentes, levando a dilatação destas, especialmente dos ductos alveolares FASE FIBRÓTICA: • Necessidade de ventilação mecânica • Dano extenso à membrana basal • Inadequada ou Reepitelização tardia levam ao desenvolvimento de fibrose intersticial e intra-alveolar. *O quadro histológico mostra os alvéolos preenchidos por processo inflamatório, com alguns distendidos, a parte roxa bem espessa é a membrana hialina que é bem característico. Aparece também o interstício edemaciado. O líquido não é observado pois na hora de fazer a lâmina o líquido sai. PATOGÊNESE A imagem acima serve como revisão do que já foi dito. Mecanismos envolvidos na lesão da barreira alvéolo- capilar na patogênese do dano alveolar difuso. BAC = barreira alvéolo-capilar; PMN = polimorfonuclear neutrófilo; SIRS = síndrome da resposta inflamatória sistêmica; ECA = enzima conversora da angiotensina; SDRA = síndrome do desconforto respiratório agudo; SARA = síndrome da angústia respiratória aguda. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III *Aqui temos também, todo o esquema da patogênese, com algo muito legal, esse esquema diz que essas alterações no endotélio, e o próprio shunt pulmonar que ocorre no indivíduo com SARA/SDRA, fazem com que o indivíduo apresente um quadro de vasoconstrição pulmonar. O edema alveolar é DIFUSO, no caso da SARA/SDRA, então, nesses focos em que está ocorrendo acúmulo de exsudato, realmente a troca gasosa fica comprometida, mas isso não quer dizer que é todo pulmão que está comprometido, pelo contrário, existem vários sacos alveolares que ainda conseguem realizar a hematose. Então quando falamos em vasoconstrição pulmonar, nos referimos as artérias pulmonares sofrendo essa vasoconstrição para desviar o sangue, não para ir para os locais edemaciados, mas sim levar a perfusão para os alvéolos que possuemuma ventilação adequada, de modo a fazer uma hematose adequada. Pois, quando não há essa troca gasosa, quem irá sofrer é o organismo como um todo. Então, se a hematose não for adequada, o organismo entrara em um estado de perfusão diminuída de forma sistêmica, pois faltará oxigenação. Desse modo, essa vasoconstrição que acontece é um mecanismo compensatório inteligentíssimo do nosso organismo, em que a constrição das artérias pulmonares para os focos de edema, sabendo que ali a hematose está prejudicada e desvia isso para os locais do pulmão que ainda não tem edema. Quando ocorre isso tudo, automaticamente, pode acontecer um processo de colapso alveolar, pois os locais que estão edemaciados, se não sofrerem regeneração e passarem pelo processo de remoção do exsudato, e não recuperarem sua funcionalidade, tendem a entrar em um quadro de colapso/atelectasia e se perdem. Então quanto maior a extensão do colapso alveolar, maior o desequilíbrio de ventilação e perfusão, maior, obviamente, o trabalho inspiratório do indivíduo, porque ele vai sentir cada vez mais falta de ar, já que vai ficando cada vez mais grave, e quanto maior o shunt pulmonar, quanto maior a perfusão e menor a ventilação PIOR é para esse indivíduo, pois ele terá um quadro de hipoxemia sistêmica que vai se tornando refratária, então a perfusão tecidual sistêmica dele está muito comprometida, necessitando por vezes de uma ventilação mecânica. Porém, mesmo realizando a suplementação de O2, às vezes não é suficiente, porque o indivíduo chegou em um quadro tal, em que o dano é tão extenso, que mesmo sendo difuso, pegou tantas partes do pulmão, que tantas áreas estão fibrosadas com diminuição da complacência pulmonar, que a hipoxemia/ shunt pulmonar se tornou tão elevado que essa perfusão sistêmica ficou muito comprometida, então mesmo com a suplementação de O2, não adianta, pois não haverá a difusão no septo alveolar, por conta da fibrose/colágeno presente que deixa a área permeável. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA SDRA SEGUNDO A DEFINIÇÃO DE BERLIM (1) Insuficiência respiratória de inalação aguda (até uma semana após a agressão clinica conhecida); (2) Opacidades bilaterais na radiografia de tórax; (3) Edema pulmonar de causa não hidrostática; (4) Hipoxemia. Gabriela Bordignon – T5 PATOLOGIA – BBPM III Fisiopatologia LANGE: Embora o mecanismo de lesão varie, o dano de células endoteliais capilares e células epiteliais alveolares é comum à SARA, independentemente da causa. Após a agressão inicial (p. ex., um episódio de bacteriemia de alto grau), geralmente há um período de estabilidade, refletindo o tempo que leva para que mediadores pró-inflamatórios liberados de células inflamatórias estimuladas causem dano. A lesão de células endoteliais e epiteliais causa permeabilidade vascular aumentada e produção e atividade reduzidas de surfactante. Essas anormalidades levam a edema pulmonar intersticial e alveolar, colapso alveolar, aumento significativo das forças de superfície, complacência pulmonar marcantemente reduzida e hipoxemia. Pelas primeiras 24 a 48 horas após a agressão, o paciente pode experimentar trabalho de respiração aumentado, manifestado por dispneia e taquipneia, mas sem anormalidades na radiografia de tórax. Nesta fase inicial, a variação de P02 A-a aumentada reflete edema alveolar com desequilíbrio V/ Q desviado para razões V/ Q baixas, que podem ser corrigidas por aumento da Fi02 e da ventilação-minuto. O quadro clínico pode melhorar, ou pode haver uma queda maior de complacência e ruptura de capilares pulmonares, levando a áreas de shunt verdadeiro e hipoxemia refratária. A combinação de trabalho de respiração aumentado e hipoxemia progressiva muitas vezes requer ventilação mecânica. Como o processo subjacente é heterogêneo, com pulmão de aspecto normal adjacente a pulmão atelectásico ou consolidado, os pacientes em ventilação com volumes correntes típicos podem distender excessivamente alvéolos normais, reduzir o fluxo sanguíneo para áreas de ventilação adequada e precipitar lesão pulmonar adicional ("volutrauma'). A hipoxemia pode ser profunda, posteriormente seguida por hipercapnia, devido à crescente ventilação de espaço morto. Radiograficamente, pode haver opacidades alveolares esparsas ou "branqueamento" dos pulmões, representando enchimento alveolar confluente difuso. Patologicamente, é observado dano alveolar difuso (DAD), caracterizado por células inflamatórias e formação de membranas hialinas. A mortalidade é de 30 a 40%. A maioria dos pacientes morre por alguma complicação de sua doença de apresentação, e não pela hipoxemia refratária. Daqueles que sobrevivem, a maioria recobrará função pulmonar quase normal, mas sua recuperação pode ser prolongada por 6 a 12 meses. Um número significativo desenvolverá nova doença reativa das vias aéreas ou fibrose pulmonar. LEMBRANDO: questão na P3 sobre EDEMA PULMONAR COM ÊNFASE EM SARA QUESTÕES ESTUDO DIRIGIDO: 1. Cite e explique os tipos de distúrbios pleurais. 2. Conceitue Atelectasia e classifique-o. Exemplifique. 3. O Edema Pulmonar pode ter origem cardiogênica ou não cardiogênica. Quais os sinônimos utilizados para esses tipos de edemas pulmonares? Quais as diferenças nas patogêneses desses distúrbios? 4. LPA e SDRA são sinônimos? Explique.
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