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Manejo da tuberculose na APS POPULAÇÃO GERAL A associação entre o uso de álcool e o risco de desenvolver tuberculose tem sido relatada em vários estudos ao re- dor do mundo (VOLKMANN et al., 2015). Além de compartilhar diversos contextos sociais relacionados com a tuber- culose, o uso do álcool também pode acarretar um estado de imunossupressão quer seja pelo efeito tóxico direto sobre o sistema imune (SIMET; SISSON, 2015; SZABO, 1997) ou pelos efeitos indiretos relacionados à deficiência de macro e micronutrientes ou ainda pela presença de outras condições clínicas, tais como transtornos mentais que podem favorecer a manifestação do M tuberculosis. Nos EUA, há relatos de aumento da incidência de 9 a 55 vezes maior de TB entre usuários de álcool (LÖNNROTH et al., 2008) e curso desfavorável da doença (REHM et al., 2009; SINHA et al., 2017). Além disso, o uso de álcool esteve associado ao abandono do tratamento no Rio de Janeiro (NATAL et al., 1999). Revisão sistemática mostrou um risco substancial nas pessoas que bebem mais de 40 g de álcool por dia, e/ou que apresentem uso nocivo de álcool no desenvolvimento da TB (LÖNNROTH et al., 2008). Ressalta-se que o consumo prejudicial do álcool está, muitas vezes, inserido em um contexto social complexo influenciado pela interação do indivíduo com sua rede de apoio (família e comunidade) e pela presença de deter- minantes sociais (baixa escolaridade, emprego informal, condições precárias de vida e outros) que favorecem o adoecimento pela tuberculose. Dados nacionais mostram que 16% dos casos novos de TB referiam uso de álcool. Desses 88% eram do sexo mas- culino e 66% da raça/cor negra. O percentual de cura da doença entre os casos novos confirmados por critério la- boratorial que referiram uso de álcool foi de 65% e o abandono de 17%, enquanto na população geral os resultados são de 75% e 11%, respectivamente (SES/MS/SINAN, 2018). ATIVIDADES PROGRAMÁTICAS RECOMENDADAS O uso de bebidas alcoólicas impõe o enfretamento de múltiplos agravos ou situações que acometem os indivíduos em todos os domínios de sua vida, além de exigir maiores investimentos nos sistemas de saúde. Embora o hábito seja socialmente aceito, reconhece-se a sua magnitude no contexto da saúde pública nacional e global. No entanto, observa-se despreparo na abordagem, falta de informação e discriminação das pessoas afetadas diretamente pelo uso nocivo do álcool, sejam elas usuários, familiares ou profissionais de saúde. É de fundamental importância que os serviços de saúde que trabalham com tuberculose, em qualquer nível assis- tencial (primário ou especializado), incluam em sua rotina a avaliação do consumo de álcool e adotem uma atitude acolhedora que permita aos indivíduos a manifestação de seus anseios, medos e dificuldades frente ao diagnóstico da tuberculose. Uma vez identificada a dependência ou a presença de transtornos relacionados ao uso do álcool, a equipe ou o pro- fissional de saúde deve construir um plano de cuidados que inclua o indivíduo e sua rede de apoio, considerando a realidade em que o mesmo está inserido. Também é preciso criar mecanismos, no serviço, que permitam atender as demandas inesperadas destes pacientes, além das visitas agendadas, lembrando que a flutuação motivacional para o tratamento da tuberculose faz parte da constelação de emoções que podem estar associadas ao uso do álcool. De modo a garantir a integralidade do cuidado é preciso conhecer os equipamentos disponíveis, em especial os Centros de Apoio Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD), para estabelecer fluxos de referência e contrarreferên- cia que auxiliem a pessoa no enfrentamento dos dois agravos. FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em saúde. Departamento de vigilância das doenças transmissíveis. Coordenação geral do programa nacional de controle da tuberculose. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. p. 257-258 USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
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