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CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOTRANSFOBIA ANÁLISE SOCIAL E JURÍDICA DE CRIMES DE ÓDIO - MEDIDAS PREVENTIVAS E REPRESSIVAS - correções

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1 
 
CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOTRANSFOBIA: ANÁLISE SOCIAL E 
JURÍDICA DE CRIMES DE ÓDIO - MEDIDAS PREVENTIVAS E 
REPRESSIVAS* 
 
 
Lizandra Vieira Rodrigues 
Natalia de Paiva Silva** 
 
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Abordagem/conceituação à cerca 
dos LGBTQIA+. 2.1 Conceito e origem etimológica/evolução 
histórica. 2.1.1 Sexualidade X gênero. 2.2 Transfobia; 2.3 
Homofobia. 2.4 Fatores Impulsionadores da discriminação e 
violência contra LGBTQIA+. 2.4.1 Influência religiosa sob a 
homotransfobia. 2.4.2 Preconceito difundido pelo Estado. 2.4.3 
Sociedade patriarcal (machismo) X em defesa da família. 3. 
Visão sobre LGBTQIA+ aos olhos de quem o vivencia. 3.1 Da 
sociedade em geral. 3.2. De membros da comunidade 
LGBTQIA+. 3.3 Opinião de profissionais do direito. 4. Os crimes 
decorrentes da heteronormatividade ou violência de gênero. 4.1 
Espécies de crimes. 4.1.1 Crimes contra a honra 4.1.2 Crimes 
contra a pessoa. 4.1.3 Crimes contra a dignidade sexual - 
Estupro Corretivo. 5. Alternativas para combate aos crimes da 
heteronormatividade e programas de assistência ao acometido. 
5.1 Direitos consolidados em relação à orientação sexual nos 
tribunais Superiores do Brasil e tratados internacionais. 5.2 
Equiparação da homofobia ao crime de racismo. 5.3 Além da 
justiça penal: contingências de programa social – educação e 
reeducação da sociedade como um todo – aplicação analógica 
da lei maria da penha aos LGBTQIA+. 5.4 Ensino sobre gênero 
e orientação sexual nas escolas como método preventivo. 5.5 
Programas de assistência à comunidade LGBTQIA+. 6 
Conclusão. Referências. Anexos. 
 
RESUMO: O presente artigo tem como intuito trazer à baila situações históricas, sociais e 
jurídicas concernentes a discriminação e violência advinda única e exclusivamente por 
motivações preconceituosas ao tratar-se de orientação sexual e identidade de gênero. Ainda, 
expor como esta prática viola direitos contidos na Constituição Federal (princípio da isonomia, 
dignidade da pessoa humana, não-tratamento desumano ou degradante), e a necessidade de ser 
 
*Artigo apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do curso 
de Direito do Centro Universitário Integrado orientado pela Professora Esp. Caroline Bittencourt da Silveira. E-
mail: caroline.silveira@grupointegrado.br 
** Lizandra Vieira Rodrigues e Natalia de Paiva Silva do curso de Direito no Centro Universitário Integrado de 
Campo Mourão - PR. E-mail: lih.rodrigues1@hotmail.com; natipaivasilva@outlook.com 
2 
 
configurada como crime dentro da legislação penal brasileira, bem como a indispensabilidade 
de criar-se políticas públicas com o fito de reduzir e reeducar o pensamento social a despeito 
do tema. O Direito Penal tem a função de arrogar de forma necessária e proporcional à violência 
perpetrada contra essas pessoas, preservando, assim, os Direitos Humanos. Verifica-se ainda, a 
correlação dos atos homoafetivos dentre outros já criminalizados dentro do Código Penal 
Brasileiro, equiparando inclusive com outras legislações especiais. Sendo realizada pesquisa 
qualitativa, sendo utilizados, como base de estudos, doutrina, legislação vigente e artigos 
publicados que abrangem o tema. 
PALAVRAS-CHAVE: Criminalização. Preconceito. Políticas Públicas. Direito penal. 
Direitos humanos. 
ABSTRACT: This article aims to bring to light historical, social and legal situations con-
cernentes discrimination and violence coming solely and exclusively by pre-conceptional 
motivations when it comes to sexual orientation and gender identity. Furthermore, to expose 
how this practice violates rights contained in the Federal Constitution (principle of isonomy, 
dignity of the human person, inhuman or degrading non-treatment), and the need to be 
configured as a crime within Brazilian criminal law, as well as the indispensability of creating 
public policies with the intention of reducing and re-educating social thought despite the theme. 
Criminal law has the function of making a necessary and proportionate way to the violence 
perpetrated against these people, thus preserving human rights. It is also verified, the correlation 
of homoaffective acts among others already criminalized within the Brazilian Penal Code, even 
equating with other special laws. Being carried out qualitative ly, being used as a basis for 
studies, doctrine, current legislation and published arti-gos that cover the theme. 
KEY-WORDS: Criminalization. Prejudice. Public Policies. Criminal Law. Human Rights. 
1. INTRODUÇÃO 
A proteção jurídica do Estado é tutela fundamental para a garantia de direitos 
e proteção do ser humano, e segundo a ótica da Constituição Federal e dos direitos humanos, 
todos são considerados iguais perante a lei, tanto em direitos quanto em dignidade. Entretanto, 
a discriminação, figurada nas mais diversas formas, é um elemento fortemente nocivo à 
sociedade e cabe ao ordenamento jurídico refrear aquilo que ameaça a harmonia coletiva e bens 
jurídicos fundamentais. Desta forma, o presente artigo tem como objetivo discutir medidas 
preventivas e repressivas dentro da criminalização da homofobia, que com grande avanço foi 
comparada a Lei de Racismo no ano de 2019. 
Embora o objeto deste estudo concentre-se no âmbito do Direito Penal, é 
imprescindível uma leitura mais ampla do ordenamento jurídico brasileiro que permita uma 
avaliação consistente acerca da possibilidade de criminalização de uma conduta. Porém, 
questiona-se realmente caberia ao Direito Penal intervir? Tendo em mente que a criminalização 
gera proteção meramente simbólica, incapaz de acabar com o preconceito. 
3 
 
Para isso, partir-se de conceituações e origem etimológica e sua evolução 
histórica. Em seguida, analisa-se os fatores impulsionadores da descriminalização e violência, 
pelos olhos de quem o vivencia, adentrando nos fatores mais acometidos e pertinente ao tema. 
Assim, se descreverá os crimes decorrentes da heteronormatividade, e trazendo programas de 
assistência ao acometido. 
Ainda, a Lei de Racismo (Lei 7.716/89), é analisada se por si só é capaz de 
abranger satisfatoriamente a temática da discriminação contra LGTBQI+, bem como a 
necessidade de aplicação por analogia de outros institutos como aqueles dispostos na Lei 
11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, que visa proteger um grupo potencialmente 
frágil diante de determinado tipo de agressão, fato semelhante ao que ocorre no caso da 
comunidade LGBTQIA+. 
Por fim, é trazido à baila programas de assistência a comunidade LGBTQIA+, 
com o objetivo em um modo geral, tentar encontrar o melhor caminho para lidar com o 
preconceito em virtude da orientação sexual. 
2. ABORDAGEM/CONCEITUAÇÃO ACERCA DOS LGBTQIA+ 
2.1 CONCEITO E ORIGEM ETIMOLÓGICA/EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
De início, é de suma importância analisar o transcorrer do que se considerava 
nos primórdios da sociedade como homoafetividade e como era vista pela sociedade, já que as 
relações homoafetivas sempre existiram, sendo que por vezes eram consideradas naturais e, em 
outros casos, condenáveis e reprováveis. 
As referências ao comportamento homoafetivo remetem-se aos primórdios da 
humanidade, entretanto, têm-se a Grécia Antiga, como local e período, em que se tinha a 
sexualidade em si como uma prática livre e sem preconceitos, em concordância com o tema 
Alves diz que: 
(...) impossível conceber a ideia de duas sexualidades distintas: a hetero e a 
homossexualidade. Tampouco, é possível referir-se a uma bissexualidade. 
Para o grego antigo, tais demarcações são inexistentes, há apenas uma única 
tendência do desejo: “por aqueles que são belos qualquer que seja o seu sexo 
(...). (Alves,2016). 
4 
 
Claro, portanto, que pouco importava em si qual era a opção sexual, 
inexistindo a presença qualquer tipo de preconceito, havendo, até mesmo, como bem explicita 
Souza, o pensamento que se tinha é de que se os guerreiros tivessem relação entre si, faria com 
que esses ficassemmais dispostos a lutar (Souza). 
Em contrapartida, a tradição judaico-cristã, trazia que as práticas 
homoeróticas passaram a ser vistas como nocivas, seja de forma individual ou para a sociedade 
como um todo, levando os imperadores ordenar a condenação de homoafetivos à fogueira 
(Borrillo, 2010). 
No período da Idade Média, constata-se que foi o período em que a 
intolerância ganhou força, em razão de que a liberdade sexual que antes era tida como livre, 
passou a ser reprimida e perseguida, fazendo com que houvesse divisão entre o sexo 
culturalmente aceito, para fins reprodutivos, e o sexo impuro, relacionado ao pecado (Silvia e 
Bornia, 2009). A homoafetividade passa a ser vista como perversão diabólica. Ainda, Borrillo 
traz que o cristianismo, herdeiro da tradição judaica, transformara a heterossexualidade no 
único comportamento suscetível de ser qualificado como natural e, por conseguinte, como 
normal. (Borillo 2010). 
Atualmente, pode-se afirmar que apesar de não mais existir condenação dos 
homoafetivos a fogueira ou qualquer tipo de retaliação direta, têm-se a existência de algo de 
igual magnitude e repulsa, qual seja a existência de preconceitos carregados de discurso de ódio 
e, não obstante, a violência física e psicológica. 
2.1.1 Sexualidade x Gênero 
Para fins de um estudo a fundo a despeito do tema, é de suma importância a 
diferenciação do que se refere a sexualidade em si e o gênero que a pessoa se identifica, os 
quais um não necessariamente tem ligação com o outro, como se demonstrará. 
A sexualidade ou atração sexual é entendida como aquela por quem cada 
indivíduo tem interesse, sendo que para Curado, existem três aspectos sobre a sexualidade: 
(...) o biológico, que se refere ao prazer físico e a reprodução; o social, que 
trata das relações, regras, normas sexuais e as formas em que o sexo biológico 
é expresso e; o subjetivo, da consciência individual e coletiva da sexualidade 
e desejos. Esses aspectos são elementos de um amplo processo que chamamos 
5 
 
organização da sexualidade, que não opera em nenhuma dessas estruturas 
sociais de forma isolada. (...). (Curado, 2019). (Grifo nosso) 
Importante trazer à baila conceito que é abordado por diversos países a 
respeito da orientação sexual, que encontram-se dispostos nos Princípios de Yogyakarta (2006), 
o qual consta que, pode ser entendido como à capacidade de cada pessoa de ter uma profunda 
atração emocional, afetiva ou sexual por indivíduos de gênero diferente, do mesmo gênero ou 
de mais de um gênero, assim como ter relações íntimas e sexuais com essas pessoas. 
Já no que concerne a identidade de gênero, refere-se a forma com a qual a 
pessoa se identifica, existindo inúmeras possibilidades de identidades e expressões de gênero 
fora do binário e, é justamente aqui que se encontra as situações em que as pessoas são livres 
para transacionar, ou seja, para tornar-se transexuais. Sobre o tema, o Manual Orientador sobre 
Diversidade, do Ministério dos Direitos Humanos, traz que o “gênero pode ser construído e 
desconstruído, ou seja, pode ser entendido como algo mutável e não limitado, como define as 
ciências biológicas.” (Biblioteca Digital, Ministério da Mulher da Família e dos Direitos 
Humanos, 2018). 
Importante também, a elucidação quanto a sigla utilizada para determinar os 
integrantes da comunidade, fazendo-se de suma importância a conceituação já que por vezes a 
falsa aparência de similitude entre as denominações e conceitos existentes para cada orientação 
sexual. Assim, com o objetivo de evitar a utilização errônea de termos e conceitos, tendo o 
intuito de esclarecer e pormenorizar a importância de cada um desses conceitos, Mendes explica 
o tema: 
Optou-se pelo uso da sigla LGBTQI+ pela sua abrangência e porque foi a 
utilizada no Fórum Social Mundial em 2018. A sigla é dividida em duas 
partes. A primeira, LGB, diz respeito à orientação sexual do indivíduo. A 
segunda, TQI+, diz respeito ao gênero: L: lésbica; é toda mulher que se 
identifica como mulher e tem preferências sexuais por outras mulheres. G: 
gays; é todo homem que se identifica como homem e tem preferências sexuais 
por outros homens. B: bissexuais; pessoas que têm preferências sexuais por 
dois ou mais gêneros. T: transexuais, travestis e transgêneros; pessoas que não 
se identificam com os gêneros impostos pela sociedade, masculino ou 
feminino, atribuídos na hora do nascimento e que têm como base os órgãos 
sexuais Q: queer; pessoas que não se identificam com os padrões de 
heteronormatividade impostos pela sociedade e transitam entre os gêneros, 
sem também necessariamente concordar com tais rótulos. I: intersexuais; 
antigamente chamadas de hermafroditas, são pessoas que não conseguem ser 
definidas de maneira distinta em masculino ou feminino. +: engloba todas as 
outras letras da sigla maior LGBTT2QQIAAP, como o “A” de assexualidade 
e o “P” de pansexualidade. (Mendes, 2019). (Grifo nosso). 
6 
 
 
Feito o devido esclarecimento de forma pormenorizada do significado de 
cada uma das letras da sigla LGBTQIA+, é clarividente que esta dita minoria, em verdade 
representa boa parte da população, ocorrendo, todavia, que a heteronormatividade impere sobre 
eles e os oprimam, o que de forma alguma é aceitável, sendo necessário debater-se a respeito, 
com o fim de mudar a ideia conservacionista da ‘família tradicional’, para que aceitem que não 
há apenas um padrão de se relacionar e muito menos de amar. 
2.2 TRANSFOBIA 
Os crimes perpetrados contra a comunidade LGBTQIA+ são diversos, 
todavia, um dos que se percebe de suma importância discutir é aquele referente a transfobia, a 
qual é tida como a repulsa ou preconceito contra o transexualismo, transexuais ou pessoas 
transgêneros (Priberam Dicionário), o qual que pode se materializar no preconceito, no dano 
físico, psíquico e moral, vendo-se, assim, vítimas de uma sociedade violenta e apática quando 
se trata do ‘diferente’ por eles entendido. 
Apesar das ações humanitárias por entes internacionais, ainda se vê que há 
desumanização a respeito do tema, já que a religião, os bons costumes e a dita “família 
tradicional” brasileira abominam aqueles, fazendo, assim, com que o Brasil esteja elencado 
como o país que mais mata pessoas da Comunidade LGBTQIA+ 
De acordo com dados apontados pela Agência Brasil, cerca de 124 pessoas 
transgêneros foram assassinadas no Brasil em contexto de homofobia (Bond, 2020) e, o que é 
visto em um contexto geral no país é que inúmeros discursos de ódio e discriminatórios 
daqueles que deveriam zelar e cuidar da integridade de todos os seus cidadãos, inexistindo 
medidas para diminuir tal dado, bem como não há lei especifica para a incriminação. 
2.3 HOMOFOBIA 
A homofobia pode ser definida como uma aversão irreprimível, repugnância, 
medo, ódio, preconceito que algumas pessoas nutrem contra os homoafetivos (Blue, 2020), 
portanto, pode-se dizer que o homoafetivo é visto como anormal ou inferior em relação aos 
heterossexuais. Sobre este tema, é a lição de Luís Roberto Barroso: 
7 
 
Deve-se destacar, ademais, que o fato do homossexualismo não viola qualquer 
norma jurídica, nem é capaz, por si só, de afetar a vida de terceiros. Salvo, 
naturalmente, quando esses terceiros tenham a pretensão de ditar um 
modo de vida “correto” – o seu modo de vida – para os outros indivíduos. 
(Barroso, 2006). (Grifo nosso). 
Neste vértice, as pessoas que sofrem discriminação em decorrência da opção 
sexual geralmente são receptoras de uma conduta que as tratam de modo pejorativo, e as que 
agridem, ou seja, os chamados de homofóbicos têm o argumento de impor sua sexualidade 
como superior às das demais pessoas. 
Deste modo, é comumente exposto nos meios de comunicação violências de 
todas as espécies e tendo como vítimas diferentes tipos de pessoas ou grupos sociais, dentre 
elas uma que está ganhando um destaque maior nos últimos tempos é a violência contra a 
liberdadede orientação sexual. 
2.4 FATORES IMPULSIONADORES DA DISCRIMINAÇÃO E VIOLÊNCIA CONTRA 
LGBTQIA+. 
É sabido e consabido que as violências tanto de gênero, quanto por opção 
sexual derivam, em sua maioria, de resultados de uma sociedade machista, patriarcal e pode-se 
dizer, pré-histórica. Quando se trata de fatores em que se entende que deve prevalecer como 
certo tão somente a união heterossexual, logo, há ideias para classificar a homofobia e 
Transfobia como um "transtorno de personalidade intolerante". 
O que muito se vê na sociedade heteronormativa é o fato desta querer impor 
para todo o meio social que a heterossexualidade seja o único modo correto de se relacionar e, 
em consequência disso, utiliza-se de valores morais e religiosos para pregar o ódio e, por assim 
dizer, até mesmo incitar a violência contra a comunidade LGBTQIA+. 
Além disso, a maioria dos homofóbicos, desenvolvem seu preconceito em 
decorrência do medo e do moralismo, por considerar os homoafetivos uma ameaça, acreditando 
que ao terem atitudes como estas estarão defendo a si mesmo de que não são homoafetivos e 
muito menos tem ‘alguém desta espécie’ na família. Neste sentido, Silva aduz: 
Um estudo feito pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal 
de São Paulo (Unifesp) aponta que esse comportamento pode ser despertado 
por uma espécie de autodefesa. “Essa agressividade pode ser uma resposta a 
uma sensação de incômodo, insegurança ou ansiedade desencadeada pelo tabu 
da homossexualidade”, explica Cristina Lasaitis, pesquisadora que coordenou 
8 
 
o estudo Aspectos Afetivos e Cognitivos da Homofobia no Contexto 
Brasileiro (...). “Esses sentimentos devem ter maior influência no preconceito 
do que o ódio propriamente dito.” (Silva, 2009) 
 Deste modo, têm-se que a relutância à criminalização da homofobia, 
veementemente demonstra que a preocupação não está em resguardar a vida ceifada ou 
combater a violência cometida pelo descontentamento da visão machista e conservadora, mas 
sim em buscar fazer com que a sociedade familiar não seja atingida pelo amparo de uma lei que 
poderá abrir caminhos para a distorção da sociedade conjugal, podendo por assim dizer, tratar-
se de um pensamento dogmático e conservador. 
2.4.1 Influência Religiosa Sob a Homotransfobia 
A religião em si sempre ocupou posição importante na sociedade, impondo 
modos de portar-se, vestir-se e principalmente sobre os relacionamentos, sempre colocando a 
heteronormatividade como único padrão correto a ser seguido, bem como, pondo o homem 
como o chefe soberano de suas famílias, não existindo outra vertente familiar que não essa. 
Em se tratando de questões religiosas, adentra-se o fanatismo, onde a 
religiosidade seria uma maneira de maquiar os atos de violência contra os homoafetivos, com 
o intuito de continuar apregoando-se que a homoafetividade seja considerada aberração bíblica. 
Utiliza-se da religião para explicar atitudes preconceituosas que chegam a 
tamanha aberração, que faz com que até mesmo seja redescutida determinadas decisões 
emanadas por ente supremo, qual seja o Supremo Tribunal Federal (STF), como a equiparação 
da homofobia ao crime de racismo, tema este que se tratará pormenorizadamente adiante, para 
o fim de certa maneira, reduzir os impactos das violências e preconceitos feitos em nome da 
religião. 
A Advocacia Geral da União (AGU), entrou com um recurso contra a decisão 
supracitada, questionando se a criminalização da homofobia atingiria, dentre outras coisas, a 
liberdade religiosa, sendo tal absurdez divulgada pela imprensa nacional, como se vê nos 
trechos a seguir: 
(...) assim como a reflexão relativa a hábitos da sexualidade predominante 
deve ser garantida, também é necessário assegurar liberdade para a 
consideração de morais sexuais alternativas, sem receio de que tais 
manifestações sejam entendidas como incitação à discriminação”, diz o 
recurso. (...). De acordo com o recurso, a intenção é deixar claro que, "além 
9 
 
do direito de pregar, divulgar, expressar doutrina e praticar atos de culto e 
liturgia, a liberdade religiosa pode ou não contemplar a exclusão de pessoas 
cujo comportamento se revele ostensivamente atentatório aos códigos de 
conduta exigidos pelos princípios fundamentais das ordens religiosas. (Falcão 
e Vivas, 2020). 
O que se vê, mais uma vez, é que a sociedade busca explicações para os 
comportamentos julgados por ela como inadequados ao padrão sustentado pelo patriarcado, 
remetendo-nos ao entendimento que as buscas da solidificação das ações ainda são fomentadas 
pelo julgamento dos estereótipos e pela apologia aos segmentos religiosos, fundada em uma 
visão bíblica e uniforme. Todavia, um passo importante para a quebra deste tabu na religião foi 
a declarada dada por um líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana, Papa Francisco, 
ao dizer em uma entrevista: 
Os homossexuais têm direito a formar uma família", disse ele no filme, 
dirigido por Evgeny Afineevsky. "Eles são filhos de Deus e têm direito a uma 
família. Ninguém deve ser excluído ou forçado a ser infeliz por isso." "O que 
temos que fazer é criar uma legislação para a união civil. Dessa forma, eles 
ficam legalmente cobertos (BBC, 2020). 
Com tal posicionamento, que chocou grande parte da população mundial, 
principalmente os conservadores, leva-se a fazer a reflexão de que se a maioria dos governantes 
e/ou pessoas influentes, sejam eles de forma religiosa e/ou culturalmente, manifestarem-se no 
mesmo sentido, exasperando a importância de inexistir qualquer diferenciação sobre a 
heterossexualidade ou homoafetividade, muitos dos índices de violência e preconceito já teriam 
caído por terra, podendo todos viver livres e sem medos de sofrer injustas agressões. 
2.4.2 Preconceito Difundido Pelo Estado 
O discurso de ódio às minorias, no Brasil, tem emanado até mesmo pelas 
pessoas que deveriam proteger seus cidadãos, criando leis e medidas preventivas e repressivas 
para coibir atitudes discriminatórias, todavia, os membros do governo, em especial a bancada 
evangélica, acabam por incitar a perseguição e violência. No brasil, existe desde 2004 o 
Programa Brasil sem Homofobia (Ministério da Saúde, 2004), cuja centralidade consistiu no 
combate à homofobia, à violência física, verbal e simbólica e na defesa das identidades de 
gênero e da cidadania homossexual. 
E apesar da existência de programas, retro, atualmente, se vê através do 
Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, declaradamente 
homofóbico, sexista e machista, utilizando-se de seus dogmas religiosos, pregando a 
10 
 
homoafetividade como sendo a condenação e castigo de muitos e que por ferirem a moral e os 
bons costumes, não deveria existir, deixando claro que o tema em questão não é prioridade 
estatal. 
Quando ainda era Deputado, o senhor Jair Messias Bolsonaro, foi 
questionado em entrevista dada à revista Época, quanto ao convívio com um parente que seja 
homoafetivo, onde é afirmado pelo mesmo, que tal pessoa não seria convidada a estar em seu 
convívio familiar: “Se essa fosse sua opção para ser feliz não estaria (nem poderia) ser 
proibido por mim, mas, certamente, não iria me convencer a frequentar minha casa”. (2011). 
Consternar-se com declarações incongruentes por parte de quem deveria 
pregar a paz e aproximação dos seres, causam medo e leva-se a analisar qual o verdadeiro 
sentido da representação da sociedade no ambiente político e legislativo. No mesmo sentido, 
resta cristalino o retrocesso ocorrido no Brasil, em relação aos mandatos anteriores 
presidenciais, como por exemplo o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o qual era 
ativista dos direitos das minorias e, inclusive participante de conferências da comunidade 
LGBTQIA+. Logo, é inconcebível deparar-se com falas de ódio e totalmente preconceituosas 
contra o homossexualismo em pleno século XXI, um mundo globalizado, tornou-se algo tãobanal, que fica a indagação se realmente houve algum progresso. 
2.4.3 Sociedade Patriarcal (Machismo) X Defesa da Família 
Não menos importante, um grande fator que dissemina e propaga a violência, 
é o fato da sociedade possuir pensamento retrógrado e conversador, repugnando o amor entre 
pessoas do mesmo sexo, o que muito se deve ao machismo, vez que, se considera sempre a 
mulher como um ser inferior e, também os homoafetivos. Nesse sentido, afirma Roger Rios 
(2006) “o machismo é a origem remota da homofobia, ou seja, do preconceito e da 
discriminação contra os homossexuais”. 
A legitimação da cultura patriarcal e misógina na sociedade atual não só como 
forma de culpabilização, mas de responsabilização considerando a produção sócio histórica e 
cultural da obrigatoriedade de formação familiar por homem, mulher e seus filhos, o que faz 
com que passe de geração em geração o preconceito e a reprodução da ideia de que somente 
este tipo de relação deve ser admitido, neste sentido, Berenice A. M Bento retrata: 
11 
 
Pensar a heterossexualidade como um regime de poder significa afirmar que 
longe de surgir espontaneamente de cada corpo recém-nascido, inscreve-se 
reiteradamente através de constantes operações de repetição e de recitação dos 
códigos socialmente investidos como naturais. (Bento, 2008) 
Apesar da sociedade estar evoluindo e quebrando paradigmas a este respeito, 
o que muito se vê ainda diariamente são os discursos fundamentados nos bons costumes 
familiares, carregados de ofensas sem razão de ser, com o único fim de legitimar algo que não 
há a necessidade de se fazer, já que o estado brasileiro é laico, fato este expresso na Constituição 
Federal, em seu artigo 5º (Brasil, 1988)1, devendo assim admitir e respeitar toda e qualquer tipo 
de expressão em seus mais diversos campos, principalmente no que diz o direito individual. 
3. VISÃO SOBRE LGBTQIA+ AOS OLHOS DE QUEM O VIVÊNCIA 
3.1 DE UMA SOCIEDADE EM GERAL 
De uma pesquisa qualitativa realizada com diversas pessoas (pesquisa em 
anexo III), foi possível concluir dois pontos, existem pessoas que convivem com membros da 
comunidade LGBTQIA+, por não fazerem qualquer diferenciação em decorrência da 
orientação sexual, e aqueles que convivem, mas ainda são preconceituosas. Ainda se constatou 
uma pequena porcentagem “sincera”, aquelas pessoas que se identificam como 
preconceituosas, e que são convictas em suas crenças tanto por causa da religião como de uma 
criação estrutural cultural e familiar, como também o machismo. 
Além disso, a maioria das justificações de pessoas que vivenciaram uma 
situação de preconceito contra pessoas da comunidade, de um modo geral, foi pelo machismo, 
ou seja, o heterossexismo, que tem sentimentos negativos, como o de ódio por toda orientação 
sexual que não seja a heterossexual, expressa de forma sistêmica. 
3.2 DE MEMBROS DA COMUNIDADE LGBTQIA+ 
Durante as pesquisas, na qual elaborou-se um questionário (em anexo I), com 
intuito de adentrar a fundo na vida de pessoas da comunidade LGBTQIA+. Cumpre observar, 
preliminarmente que até mesmo dentro da comunidade, existe preconceito, em uma das 
 
1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: […] VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado 
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. 
12 
 
respostas, obteve-se que: “Sim, existe preconceito dentro da própria comunidade, tudo que sai 
do padrão também tem preconceito. Pessoas Bissexuais sofrem bastante preconceito.”, (anexo 
I), evidencia-se a necessidade de evolução. 
Logo, faz-se analisar outro tipo de discriminação na sociedade, a 
desigualdade socioeconômica, ou seja, a classe social do indivíduo influencia também na 
incidência de preconceito, em geral, as pessoas com menos condições econômicas sofrem mais 
preconceitos do que as bem-sucedidas. Contudo, de uma forma generalizada o que todos 
procuram, é a igualdade, vinda da religião, do Estado, da sociedade, buscando-se uma 
desconstrução social. 
3.3 OPINIÃO DE PROFISSIONAIS DO DIREITO 
Por sua vez, é de se esperar que pessoas envolvidas de alguma forma com o 
direito, tenham um olhar mais crítico para as injustiças acometidas, e que junto a isso se ideais 
para que a sociedade prospere. 
Cabe salientar que, sem os movimentos que dão visibilidade para a 
comunidade LGBTQIA+, não se teria evolução, ou seja, primeiro o povo roga por igualdade 
para que assim profissionais do direito promovam a justiça. 
Logo, como já explanado, tudo é questão de evolução, com pequenos avanços 
se vai longe, e grandes conquistas já se foram obtidas neste percurso, entretanto para os 
profissionais dos direitos questionados, (pesquisa em anexo II) ainda falta educação em direitos, 
onde as pessoas precisam ser educadas sobre o tema para que passem a encarar a temática com 
maior normalidade. Além disso, uma resposta exemplar por parte do Estado para aqueles que 
violarem direitos dos membros da comunidade LGBTQIA+. 
4. OS CRIMES DECORRENTES DA HETERONORMATIVIDADE OU VIOLÊNCIA 
DE GÊNERO 
Sabe-se que os crimes cometidos contra a comunidade LGBTQIA+ são os 
mais variados. Contudo, um problema que é enfrentado no Brasil para o controle dos índices 
dessas violências é a falta de estatísticas oficiais fornecidas por órgãos governamentais, 
praticamente inexistindo medidas públicas para conter e coibir essas violências. Dentre as 
13 
 
violências perpetradas contra os membros da comunidade, a Organização das Nações Unidas, 
elencou as seguintes: 
Ataques violentos, que vão desde abuso verbal agressivo e intimidação 
psicológica até agressão física, espancamentos, tortura, sequestro e 
assassinatos seletivos. » Leis discriminatórias, muitas vezes usadas para 
assediar e punir as pessoas LGBT, incluindo leis que criminalizam relações 
consensuais de pessoas do mesmo sexo, que violam os direitos à privacidade 
e à não discriminação. » Cerceamento à liberdade de expressão, restrições ao 
exercício dos direitos de liberdade de associação e reunião, incluindo as leis 
que proíbem a divulgação de informações sobre a sexualidade entre pessoas 
do mesmo sexo, sob o pretexto de restringir a propagação da chamada 
“propaganda” LGBT. » Tratamento discriminatório, que pode ocorrer de 
diversas formas diariamente, incluindo locais de trabalho, escolas, lares e 
hospitais. (...). (Nações Unidas Pela Igualdade LGBT). 
O que se vê, portanto, é que a todo instante esta minoria está sujeita a sofrer 
com a desigualdade predominante na sociedade, vivendo com medo de ser perseguida e 
agredida, o Brasil é considerado o país que mais extermina LGBTs no mundo, sendo que em 
pesquisa realizada pela Transgeder Europe, entre 1º de janeiro a 30 de setembro de 2018, 271 
transgêneros foram mortos em 72 países e, em sua maioria foi no Brasil, onde foram mortos 
125 (Josende, 2020). 
4.1 ESPÉCIES DE CRIMES RECORRENTES 
4.1.1 Crimes Contra a Honra 
Apesar dos crimes contra honra não possuírem penas altas ou até mesmo uma 
visão de não serem muito lesivos, quando se trata de ofensas aos LGBTQIA+ têm-se que as 
palavras ditas a estes refletem sobremaneira tanto quanto os demais crimes já comentados. 
A sociedade como todo tem como característica sempre desvalorizar seus 
pares como forma de impor-se, desonrando e proferindo palavras de baixo calão e, nos casos 
aqui tratados, costumam referenciar as pessoas como “bichinha”, “viadinho”, “arrombado”, 
“menininha”, “mariquinha”, “caminhoneira”, “sapatão”, “mulher macho”, mesmo que menos 
ofensivo, este tipo de violência representa grande porcentagem sobre os crimes cometido: 
O “Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil” mostraque dentre 
os tipos mais reportados de violência psicológica encontram‐se as 
humilhações (36,4%), as hostilizações (32,3%) e as ameaças (16,2%). 
Ameaças estão tipificadas no Código Penal brasileiro, ao contrário do que 
ocorre com as duas primeiras violações. Calúnia, injúria e difamação, 
também tipificadas no Código Penal, contaram com 7,6% das respostas. 
14 
 
Cerca de 77,1% das violações discriminatórias referem-se à orientação 
sexual. (Yahoo Noticiais, 2017). (Grifo nosso) 
Assim, é extrema a necessidade de medidas combativas e coercitivas diretas 
para coibição de práticas como as mencionadas que acabam não só com a reputação da pessoa, 
mas também com sua própria autoestima e aceitação, levando inclusive ao suicídio. 
4.1.2 Crimes Contra a pessoa 
Em decorrência dos tratamentos ofensivos acima mencionados e o fato de a 
sociedade não aceitar as pessoas homoafetivos, faz com que as hostilidades perpassem a esfera 
verbal ou escrita, existindo em razão disso, taxas altíssimas de violências, ocorrendo assim, 
lesões corporais, homicídios e suicídios, e sobre tais situações, o Grupo Gay da Bahia traz 
alguns dados: 
3% dos homens homossexuais e 5% dos bissexuais já tentaram cometer 
suicídio no Brasil, contra 0,4% da população masculina geral brasileira. Um 
em cada 16 homossexuais com idades entre 16 e 24 anos tentou tirar a própria 
vida alguma vez, contra 1% dos homens da mesma idade. (Vita Alere, 
2017). O Brasil registrou 141 mortes de pessoas LGBT de janeiro a 15 de 
maio deste ano, segundo relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB) [...]. 
Segundo a entidade, foram 126 homicídios e 15 suicídios, o que representa a 
média de uma morte a cada 23 horas. (Sousa e Arcoverde, 2019). 
Outro fato que escancara como o Brasil é um país extremamente machista, é 
que entre os anos de 2015 e 2017 houveram 24.564 (vinte e quatro mil, quinhentas e sessenta e 
quatro) notificações de agressão física contra população LGBT, o que de acordo com tais dados, 
leva a um resultado de 22 (vinte e duas) notificações por dia de um homossexual sendo agredido 
(Putti, 2020). 
É clarividente que medidas sérias e rígidas devem ser tomadas para o fim de 
se evitar tanto sofrimento na vida dos integrantes da comunidade LGBT, sendo certo que o 
Estado, como responsável por zelar pela dignidade da pessoa humana, deve coibir tratamentos 
degradantes, implementar políticas públicas para conscientização, bem como para criminalizar 
em lei específica, os crimes aqui discutidos, o que até o presente momento não ocorre, e tem 
gerado altos números de mortos. 
4.1.3 Crimes contra a dignidade sexual - Estupro Corretivo 
Uma das violências mais desumanas cometidas contra homoafetivos é o 
estupro corretivo que é um casamento entre o preconceito e o crime, muitas vezes com o 
15 
 
consentimento dos pais da vítima. O resultado para a pessoa que sofre o suposto "corretivo" é 
dramático. A recuperação é lenta e difícil. O dispositivo legal que trata a despeito do tema está 
descrito no artigo 226, inciso IV, do Código Penal (Brasil, 1940), como causa de aumento de 
pena, quando do cometimento de crime para controlar o comportamento social ou sexual da 
vítima. 
Situações descritas neste tipo penal, pode-se afirmar que são uma das mais 
corriqueiras e realizadas pelos familiares dos homoafetivos, por não aceitarem que um filho(a) 
se relacione com alguém do mesmo sexo. Essas violências por vezes são praticadas por 
familiares, nesse sentindo, Vitoria Régia da Silva trata: 
É dentro de casa e no meio familiar que as mulheres lésbicas são violentadas. 
Em 61% dos casos, a agressão ocorreu na residência, enquanto 20% 
aconteceram em vias pública e 13% em “outros locais”. Os homens são 
algozes. Aparecem como autores em 96% das agressões sexuais Mulheres são 
apenas 1% das agressoras. Em 2% das agressões há registros de ambos os 
gêneros como agressores. Em 1% dos casos notificados o gênero do autor não 
é identificado. (Silva, 2019). 
Como forma de auxílio às vítimas, com o advento da Lei 12.845/2013 (Brasil, 
2013) o SUS (Sistema Único de Saúde), passou a ser obrigatório a prestar assistência médica 
gratuita a vítimas de violência sexual, incluindo também, o encaminhamento desta aos serviços 
de assistência social. A Lei entende como violência sexual “qualquer forma de atividade sexual 
não consentida”. 
5. ALTERNATIVAS PARA COMBATE AOS CRIMES DA 
HETERONORMATIVIDADE E PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA AO ACOMETIDO 
Por todas as conjunturas já mencionadas, frente às taxas de crimes que 
envolvem esta minoria, para suas resoluções, o mínimo seria que no Brasil existisse norma 
adequada em seu combate. Nesse sentido, para Mendes: 
Impõe-se ao Estado um dever maior do que o de simplesmente abster–se de 
afetar de modo desproporcional e desarrazoado, a esfera patrimonial das 
pessoas sob a sua autoridade. São exigíveis do Estado, também, ações 
positivas no sentido de assegurar a dignidade humana. (Mendes, 2013). 
No Brasil, à passos lentos têm-se buscado garantir os direitos e proteção a 
comunidade LGBTQIA+, tendo alguns retrocessos, e até o presente momento, nenhuma lei 
16 
 
efetiva que criminalize as condutas, sendo que se vê apenas projetos e propostas legislativas 
inacabadas e por vezes vetadas por questões ideológicas e morais conservadora. 
5.1 DIREITOS CONSOLIDADOS EM RELAÇÃO À ORIENTAÇÃO SEXUAL NOS 
TRIBUNAIS SUPERIORES DO BRASIL E TRATADOS INTERNACIONAIS 
As principais conquistas de direitos da comunidade LGBTQIA+ no Brasil 
vem se realizando, assim uma das importantes conquistas foi a permissão para realização de 
cirurgia de redesignação sexual através do SUS, a qual foi ampliada para a transexualização2 e, 
posteriormente em 2019, anuiu que fossem readequados o sexo a identificação de gênero 
(Santos, 2020). Importantes evolução também foi obtida quando a constituição familiar 
homoafetiva foi reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2013, a possibilidade 
de realizar-se casamento civil ou união estável homoafetiva perante os cartórios brasileiros, 
bem como, no ano de 2015 foi determinado o direito de realizar adoção. (Santos, 2020). 
Garantiu-se também a conquista a utilização de nome social, bem como sua alteração3 (Santos 
2020). Ainda, decisão importante refere-se à declaração de inconstitucional feita pelo STF que 
suspendeu as normas do Ministério da Saúde e Anvisa que impediam que homoafetivos com 
vida sexual ativa doassem sangue (Santos, 2020). 
Relevante trazer à baila ainda que, apesar da inexistência de tipificação 
criminosa aos crimes contra a integridade física e psicológica dos homoafetivos, um 
embasamento que poder-se-ia utilizar para coibir essas situações, seria firmar-se nos tratos 
internacionais os quais o Brasil é signatário, tais como a Convenção Internacional sobre a 
Eliminação de todas as formas de discriminação Racial4, Resolução nº. 2435: Direitos 
Humanos, Orientação Sexual Identidade de Gênero5, ainda, sobre este último título 
mencionado, a Organização dos Estados Americanos, no ano de 2004, aprovou a resolução 
2504, que resolvia (Bahia, 2012): 
1.Condenar los actos de violencia y las violaciones de derechos humanos 
relacionadas, perpetrados contra individuos a causa de su orientación sexual e 
identidad de género. 2. Instar a los Estados a asegurar que se investiguen los 
 
2 Portarias Nº 457 e 2803 
3 Decreto nº 8.727/16. 
4 “Considerando que todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito a igual proteção contra qualquer 
discriminação e contra qualquer incitamento à discriminação” 
5 1. Expressar preocupação pelos atos de violência e pelas violações aos direitos humanos correlatas, motivados 
pela orientação sexual e pela identidade de gênero. 2. Encarregar a Comissão de Assuntos Jurídicos e Políticos 
(...) de incluir em sua agenda (...) o tema ‘Direitos humanos, orientação sexual e identidade de gênero’. 
17 
 
actos de violencia y las violaciones de derechos humanos perpetradoscontra 
individuos a causa de su orientación sexual e identidad de género, y que los 
responsables enfrenten las consecuencias ante la justicia. 3. Instar a los 
Estados a asegurar una protección adecuada de los defensores de derechos 
humanos que trabajan en temas relacionados con los actos de violencia y 
violaciones de los derechos humanos perpetrados contra individuos a causa 
de su orientación sexual e identidad de género. (…). (Bahia, 2012).6 
Outra validação importante realizada pelos entes internacionais, em 
especifico pela Organização das Nações Unidas (ONU), feita em 2011, com o documento sobre 
o Informe Anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que 
tratava sobre “Leis e Práticas Discriminatórias e Atos de Violência Cometidos contra Pessoas 
por sua Orientação Sexual e Identidade de Gênero”, dispondo normas para determinar que todas 
as pessoas, incluindo lésbicas, gays, bissexuais e trans, tem direito a proteção internacional dos 
direitos humanos, inclusive o direito de não ser submetido a discriminação e liberdade de 
expressão (Bahia, 2012). Voltando-se ao cenário brasileiro e, tendo como passo suma 
importância na luta contra o preconceito, no ano de 2019, o STF equiparou as condutas 
criminosas feitas aos homoafetivos e afins, aos crimes dispostos na Lei de Racismo. 
5.2 EQUIPARAÇÃO DA HOMOFOBIA AO CRIME DE RACISMO 
Uma conquista comemorada foi a decisão proferida pelo Supremo Tribunal 
Federal no ano de 2019, a qual criminalizou de forma equiparada a homotransfobia, conquista 
está que foi possível através do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por 
Omissão (ADO) 26 e do Mandado de Injunção 5733, pelos quais foram incriminados os atos 
atentatórios a direitos fundamentais dos integrantes da comunidade LGBT’s, baseando-se no 
fato de que o Congresso Nacional sequer aprovou qualquer lei a respeito do tema, prevendo 
somente pena máxima de 5 (cinco) anos de prisão, até que uma norma específica seja aprovada 
pelo mesmo, conforme afere-se de trecho do acórdão: 
Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional 
destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos 
XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas 
homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa 
à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem 
 
6 1. Condenar atos de violência e violações de direitos humanos relacionadas perpetrados contra indivíduos em 
razão de sua orientação sexual e identidade de gênero. 2. Instar os Estados a que assegurem que os atos de violência 
e violações dos direitos humanos perpetrados contra pessoas em razão de sua orientação sexual e identidade de 
gênero sejam investigados e que os responsáveis enfrentem as consequências em juízo. 3. Instar os Estados a que 
garantam proteção adequada aos defensores de direitos humanos que atuam em temas relacionados a atos de 
violência e violações de direitos humanos perpetrados contra pessoas em razão de sua orientação sexual e 
identidade de gênero. 
18 
 
expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-
se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos 
primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08/01/1989, 
constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o 
qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in 
fine”) (STF, 2019). 
Ademais, percebe-se que todos os membros votantes da decisão exprimem 
preocupação com o fato de o órgão competente para legislar a respeito permanecer omisso, não 
tendo realizado medidas suficientes para atender as necessidades que demanda o tema em 
discussão. Ressaltando-se inclusive, a necessidade de lei própria para tratar da discriminação 
em comento, com o fim principal de amparar e dar segurança jurídica necessária à comunidade 
LGBTQI+, vez que o que se quer com isso é resguardar, principalmente, a dignidade da pessoa 
humana. 
Valendo mencionar que, apesar de o Supremo Tribunal Federal ao decidir por 
equiparar a criminalização do racismo face aos crimes de homotransfobia, ultrapassou os 
limites constitucionais expressos, não tendo outra alternativa senão essa, questão que inclusive 
fora abordada de forma insípida pelo Ministro Celso de Mello, ressaltando que apesar dessa 
questão, ninguém pode ser privado de direitos e muito menos sofrer qualquer restrição jurídica 
por conta de sua orientação ou identidade de gênero (STF, 2019). 
Além de tudo, durante o tramite da ação mencionada, houveram ministros 
que se posicionaram contra a equiparação dos crimes de homotransfobia ao racismo, todavia, 
como bem explanado pelo Presidente da Corte, o ministro Dias Toffoli, apontou que mesmo 
existindo as convergências a despeito do tema, todos os votos foram no sentido de repudiar a 
discriminação, preconceito e a violência pelas razões aqui já mencionadas. 
Deste modo, apesar de ter sido realizada a criminalização por vias diversas 
do que a competente para tanto, o que somente seria possível com a alteração ou inserção da 
criminalização a letra de lei, passo importantíssimo foi dado com esta decisão, não deixando, 
assim, a comunidade LGBTQI+ desprotegida, fazendo valer um dos objetivos insculpidos na 
Constituição Federal, qual seja, a promoção do bem de todos sem preconceitos e quaisquer 
formas de discriminação.7. 
 
7 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...) 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
19 
 
 
5.3 ALÉM DA JUSTIÇA PENAL: CONTINGÊNCIAS DE PROGRAMA SOCIAL – 
EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO DA SOCIEDADE COMO UM TODO - A APLICAÇÃO 
ANALOGICA DA LEI MARIA DA PENHA AOS LGBTQIA+. 
Frente a tudo que já fora dito e, sendo certo que não há nenhuma lei que 
proteja diretamente os membros comunidade, como uma forma de coibir a violência ou mesmo 
que já praticada, que tenha função ressocializadora, deve-se começar aplicar de forma mais 
abrangente a Lei Maria da Penha, já que pelo Enunciado 46 do FONAVID8, determina a 
aplicação Lei 11.340/2006 às mulheres trans. (2018). Todavia, seria necessário que a aplicação 
da lei se estendesse aos demais componentes da comunidade, para que, por conseguinte, fosse 
utilizado das medidas educativas da lei que vem sendo aplicada pelos juízos do Brasil a fora, 
que tem por objetivo: 
Estimular o rompimento do ciclo de violência; bem como trabalhar a 
responsabilização frente a violência perpetrada; - Propor a discussão acerca 
da violência doméstica em todas as suas expressões e a reflexão para a 
resolução de conflitos sem uso de violência; - Contribuir para a equidade de 
gênero; - Prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; - 
Desenvolver campanhas educativas voltadas para os (as) autores (as); - 
Refletir sobre a Lei Maria da Penha e seus desdobramentos; - Enfocar a 
violência contra a mulher como violação de direitos humanos (...). (Poder 
Judiciário – Estado do Rio de Janeiro). 
No que concerne a esta aplicação, na prática, é claro que aquele que participou 
de grupo de reflexão não mais voltou a reincidir, pois durante os encontros, os agressores são 
expostos a violência internalizada e o machismo enraizado como fito de romper com o padrão, 
segundo o Promotor de Justiça Thimotie ao programa MP no Rádio (MPPR, 2020). 
Deste modo, não só se quer que os atos violentos sejam privados de liberdade, 
cumprindo pena e sofrendo represálias mais severas, mas sim, o ideal seria a reeducação destes 
e a conscientização dos atos praticados, para que assim, cada vez mais fosse reduzido os índices 
de violência. 
5.4 ENSINO SOBRE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS COMO 
MÉTODO PREVENTIVO 
 
8 Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. 
20 
 
Até aqui já se explorou e explicoua temática do gênero e orientação sexual 
como o início de tudo, mas agora é o momento de trazer a temática aos ambientes escolares, 
com a finalidade de que o ensino e a educação, tão logo, sejam o ponta pé inicial para a 
disseminação do saber e a contenção do preconceito e discursos de ódios, além de outras formas 
de agressões, as quais o grupo LGBTQIA+ experimentam diariamente, porém, o que se vê em 
muitas ocasiões é a própria instituição de ensino estabelecendo comportamento para serem 
aceitos. 
Mesmo quando uma suposta tolerância ocorre na escola, pode ser 
recorrentemente investida de heteronormatividade, por exemplo: alunos (as) 
homossexuais são aceitos (as) no espaço escolar desde que “se comportem”, 
ou seja, desde que não expressem ou não aparentem, em nenhum momento, a 
sua sexualidade, devendo manter a sua homoafetividade totalmente reprimida 
e rejeitada nesse espaço de trânsito sociocultural que a escola deveria ser. 
(Bortolini, 2011, pág. 32). 
Cabe relembrar que a sexualidade é múltipla e variável de pessoa a pessoa, e 
se exterioriza de diversas formas, enquanto que o gênero diz respeito a como alguém se sente 
e identifica, pode-se dizer, que é a condição em que o outro se sente mais confortável, não se 
limitando apenas ao gênero biológico. Diante disso, o papel das escolas, como um todo, e em 
todos os níveis de educação, é trazer ao estudante, a visão ampla e real da sociedade, 
apresentando todas as formas de vivência, abordando a história, entre tantos outros temas e 
áreas variáveis. Face a isto, ao professor cabe a imparcialidade, assim como à um juiz, não 
podendo o mesmo impor opiniões pessoais aos alunos, devendo corroborar para a demonstração 
de que não somente existe um único tipo de família tradicional, a qual é composta por um casal 
heterossexual e filhos e, sim que há diversas formas de se relacionar e constituir afeto. 
Assim, a inicialização as temáticas de sexualidade e identidade de gênero, ao 
serem abordadas desde cedo nas escolas, de forma imparcial pelos docentes, sem que estes 
deixem transparecer opiniões próprias, traz uma expectativa muito grande a curto e longo prazo, 
ao combate da descriminação, e uma garantia de uma sociedade mais compreensível, tolerante 
e respeitosa, na qual quanto a escolha do outro cabe apenas o respeito, e nada mais. 
5.5 PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA À COMUNIDADE LGBTQIA+ 
No Brasil, existem alguns programas de assistências a comunidade 
LGBTQIA+, entretanto, pouco é sabido pela população em geral, até mesmo por membros da 
comunidade. Como o maior canal de denúncia contra crimes e violências que ofendem os 
21 
 
direitos humanos há o “Disque 100”, que funciona 24 horas por dia, as ligações são gratuitas e 
com abrangência nacional. A denúncia pode ser realizada de forma anônima, e o denunciante 
deverá informar o maior número de detalhes possíveis para o registro, principalmente os 
envolvidos e a forma de violência sofrida (Ninja, 2019). Após finalizada a ligação, a denúncia 
é repassada aos órgãos responsáveis, inclusive a delegacias especializadas aos atendimentos, 
existentes em alguns Estados e Municípios, conhecidas como DECRIN9. 
Outro programa utilizado é o aplicativo Dandarah, que tem como principal 
objetivo fornecer um sistema exclusivo de informação, denúncia e registros, onde nele existe 
um botão de pânico, que quando acionado envia para 5 (cinco) pessoas previamente cadastradas 
pelo usuário, uma mensagem informando que encontra-se em perigo e, ainda há indicação de 
locais seguros a este público, levando em conta as indicações dos próprios usuários, e também 
informações sobre delegacias e serviços de apoio, mais próximos (Miller, 2019). 
Também têm-se a plataforma Acolhe LGBT+10, direcionada a conectar o 
público LGBT+ que precisa de acolhimento psicológico com profissionais que estão dispostos 
a atendê-los de forma voluntária, logo, para que aconteça esse encontro, é necessário um 
“match” entre ambos, levando em consideração a localização, também, no site do programa, 
conta com um mapa de serviços de apoio, indicando opções para cada estado do Brasil. 
Por fim, há a SaferNet Brasil11, uma associação civil de direito privado, sem 
vinculação política, religiosa, racial e outras, criada com a pretensão de defesa dos direitos 
humanos na internet no país, ao denunciar deve ser informado o conteúdo, o link de acesso, e 
os comentários que o denunciante desejar acrescentar, e o acompanhamento da denúncia será 
feito pelo próprio site, através de número de protocolo. Possuindo também canal de atendimento 
online, com orientações sobre os crimes e violações, de modo totalmente sigiloso. 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Diversas são as práticas discriminatórias existentes no cotidiano brasileiro e 
cabe ao ordenamento jurídico promover a proteção das vítimas desses atos que atentam contra 
bens jurídicos fundamentais, como exemplo, a própria vida. Por isso, os movimentos LGBTs 
 
9 Decrin - Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação 
Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência 
10 Disponível por meio do site https://www.acolhelgbt.org/#block-33682 
11 Disponível em https://new.safernet.org.br/#mobile 
22 
 
lutam diariamente pelo reconhecimento de seus direitos, pois por sofrerem com atos de 
preconceitos, são excluídos da sociedade em que vivem, por esta, manter a heteronormatividade 
como dogma, na qual condena tudo o que foge ao seu ideal de modelo de “ser humano”, e então 
constantemente possuem suas garantias desrespeitadas, principalmente pelo Estado. 
O tema discutido envolve muitas forças políticas, religiosas, e conceitos 
estruturais, o que torna imprescindível um acompanhamento dos fatos recentes protagonizados 
por agentes políticos no sentido de impulsionar ou refrear o avanço de inciativas atinentes à 
homofobia. 
Frisa-se assim, que crime não é sinônimo de privação de liberdade, entretanto, 
há casos que realmente é necessário para prevenção da própria sociedade, sendo excepcionais 
e justificados, conservando o caráter ultima ratio da lei penal. À vista disso, a Lei 7.716/89, 
Lei do Racismo, definitivamente não é capaz de abranger satisfatoriamente a temática da 
discriminação da comunidade LGBTQIA+, logo, a violência homofóbica, tão intensa no Brasil 
deve ter sua própria tipificação como várias condutas discriminatórias já foram criminalizadas, 
como a Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, que em sua tipificação aponta 
métodos que encaixar-se-ia em uma futura lei especifica para tutelar um direito largamente 
ameaçado, isso tudo através de um esforço pela busca da real cidadania. 
 
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https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/10/22/papa-defende-uniao-civil-gay-o-que-
francisco-ja-disse-sobre-homossexualidade.ghtml. Acesso em 22 de out. de 2020. 
23 
 
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Silva, Vitória Régia. No Brasil, 6 mulheres lésbicas são estupradas por dia. Disponível em: 
http://www.generonumero.media/no-brasil-6-mulheres-lesbicas-sao-estupradas-por-dia/. 
Acesso em 01 de out. de 2020. 
Sousa e Arcoverde, Viviane e Léo. Brasil Registra uma morte por homofobia a cada 23 
horas, aponta entidade LGBT, G1 – São Paulo. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2019/05/17/brasil-registra-uma-morte-por-homofobia-a-cada-23-horas-aponta-
entidade-lgbt.ghtml. Acesso em: 12 de out. de 2020. 
Souza, Rainer Gonçalves, O EXERCITO HOMOESSEXUAL, HISTORIA DO MUNDO. 
Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/grega/o-exercito-homossexual.htm. 
Acesso em: 10 set. 2020. 
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Valmique. Divulgado Relatório sobre homofobia no Brasil, Muza. Disponível em: 
http://www.muza.com.br/2012/07/divulgado-relatorio-sobre-homofobia-no.html. Acesso em: 
18 de agost. De 2020 
Violência psicológica é uma das principais práticas da homofobia no Brasil, Yahoo 
Notícias. Disponível em: https://br.noticias.yahoo.com/violencia-psicologica-e-uma-das-
principais-praticas-da-homofobia-no-brasil-155601108.html. Acesso em: 19 de out. de 2020. 
Vivas e Falcão, Márcio e Fernanda. AGU pede ao STF para esclarecer se criminalização da 
homofobia atinge liberdade religiosa, G1 - POLITICA. Disponível em: 
https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/10/14/agu-pede-ao-stf-para-esclarecer-se-
criminalizacao-da-homofobia-atinge-liberdade-religiosa.ghtml. Acesso em: 15 out. 2020. 
 
 
 
 
 
26 
 
ANEXO I - DA VISÃO DOS LGBTQI+ 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO 
CURSO: DIREITO 
ACADÊMICAS: Lizandra Vieira Rodrigues e Natalia de Paiva Silva 
OBJETO: PESQUISA QUALITATIVA 
FINALIDADE: ARTIGO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
ORIENTAÇÃO: PROFESSORA CAROLINE BITTENCOURT DA SILVEIRA 
 
PESQUISA RESPONDIDA SEM A IDENTIFICAÇÃO POR OPÇÃO DO 
ENTREVISTADO 
 
A violência contra homossexuais e transsexuais possuem grandes índices no país, sendo que 
por ser pessoas que fazem parte de uma minoria, tais fatos não são amplamente divulgados, 
muito menos debatido para a mudança de atos e pensamentos preconceituosos dasociedade, o 
que por consequência, faz com que cresça número alarmante de casos no Brasil, sendo que uma 
das formas de coibir e erradicar está triste prática é estudar e discutir sobre o assunto, visando 
assim dar maior visibilidade aos direitos dos homos e trans e garantir a sua proteção integral na 
sociedade. Buscando assim uma sociedade mais justa e mais segura. 
Ainda, ressaltamos que em hipótese alguma será divulgada informações que possa identificar 
quem está respondendo questionário. 
 
 1 - Você já precisou esconder sua sexualidade por medo? 
R: Por medo da sociedade não, mas por medo da decepção que seria para minha mãe. 
 2 - Foi difícil para você, passar pelas perseguições na escola, e esconder dos pais a sua 
sexualidade? 
27 
 
R: Em época de escola nunca tive problema nenhum com colegas, pais, ou pessoas de fora da 
minha família. Sempre fui muito bem resolvido e nunca me escondi, então, não abria chances 
para falarem pelas costas digamos assim, pois, sempre fui bem resolvido. 
Como me assumi muito cedo, não tive problemas em esconder da minha família. 
 3 - Quais palavras que foram direcionadas a você que considerou de caráter ofensivo 
quanto a sua sexualidade? 
R: Acredito que tive muita sorte, nunca recebi nenhuma ofensa direcionada a mim, nem 
pessoalmente, nem por internet. 
 4 - O que acha a respeito das pessoas julgarem como não sendo normal a sua opção 
sexual? 
R: Quando a pessoa é muito idosa, eu relevo, pois é outra cultura, outra época etc. Mas a partir 
do momento que a pessoa tem capacidade intelectual para ter discernimento, saber o que é 
respeito, eu acredito que essa pessoa é muito triste e covarde, pois, ao invés de ir atrás da própria 
felicidade, fica interferindo na vida alheia. 
 5 - Você considera que a sociedade vê sua condição pessoal como ameaça? 
R: Não como uma ameaça direta, mas acredito que possa achar que com a liberdade de 
expressão, crianças (seus filhos) possam se sentir influenciados e isso ser uma ameaça para a 
vida padrão deles. 
 6 - Qual a razão você acha que a sociedade heteronormativa como um todo tem de se 
afirmar e, em consequência disso, discriminar e até mesmo agredir gays, lésbicas, trans e 
até mesmo as mulheres? 
R: Cultura sexista onde o homem está acima de toda a sociedade. Onde mulheres realmente 
acreditam que o homem é o provedor, e criam seus filhos e filhas nessa cultura, onde o menino 
não pode brincar de boneca e a menina só pode brincar de dona de casa, boneca, etc. 
 7 - Segundo sua visão, quais são os tipos de violência sofrida pelos homossexuais? E qual 
acredita eu ocorra com mais frequência? 
28 
 
R: A violência que mais ocorre é contra as pessoas da comunidade LGBT que demonstra mais 
sua orientação, homens afeminados, mulheres mais masculinas, pois, fica mais explícito e isso 
causa indignação, violência física e verbal. 
 8 - Religião, cultura ou tradição são fatos que os preconceituosos usam para poder 
justificar qualquer discriminação contra os LGBTs? 
R: Com certeza, eu mesmo aqui já informei que quando a pessoa é muito idosa, tento relevar 
diante da sua história de criação etc. Mas pessoas adultas, com o juízo perfeito e capacidade de 
aprendizado etc, se protegem atrás de crenças, cultura etc. 
 9 - Qual a importância de movimentos que deem visibilidade para a comunidade LGBT? 
R: Visibilidade, passibilidade, conhecimento. Eu por exemplo não sou militante e acredito que 
nunca serei, porém, graças a pessoas que são ativas em movimentos eu tenho meus direitos hoje 
em dia garantidos, digamos assim. 
10 - Como você analisa o discurso de ódio? 
R: Como disse anteriormente, acredito que quem pratica discurso de ódio são pessoas tristes, 
covardes, muitas vezes pessoas reprimidas, que não tem coragem de se abrir para o mundo e 
assim atacam pessoas que elas consideram que ferem seus ideais, mas na verdade quem pratica 
o discurso, queria ser aquela pessoa que está atacando. 
11 - Quando se fala em LGBT, é sabido a sexualidade tem diversos leques, como o gender 
fluid, existe preconceito dentro da comunidade com essa diversificação? 
R: Sim existe preconceito dentro da própria comunidade, tudo que sai do padrão também tem 
preconceito. Pessoas Bissexuais sofrem bastante preconceito. 
 12 - Como anda o mercado de trabalho para o LGBT? É mais difícil para o LGBT 
conseguir uma boa posição profissional? 
R: Atualmente acredito que não esteja tão difícil, a maioria das empresas são bastante 
profissionais e também existem empresas que dão prioridade para as minorias sejam ela quem 
for. 
 13 - Você conhece os canais de apoio/assistência/ouvidoria aos LGBTQIA+? 
29 
 
R: Não 
 14 - Como você acha que o Brasil (tanto governo como sociedade) tem lidado com a 
diversidade sexual? 
R: A sociedade lida muito bem em comparação com o que o atual governo prega. 
15 - A discussão sobre religião e homossexualidades no Brasil, qual sua opinião? 
R: Hipocrisia, total hipocrisia. Pois dentro da igreja católica mesmo, os que pregam a "palavra 
de Deus" são muitas vezes gays oprimidos e estupradores. 
16 - Segundo sua opinião e suas experiências qual a forma de reduzir os casos de 
transfobia e homofobia no Brasil? 
R: Os pais devem mudar a criação dos filhos, não existir cor correlacionada ao gênero. Azul 
não é de menino e nem rosa de menina. Meninos podem e devem brincar de boneca para um 
dia serem bons pais. Pais conversarem com os filhos desde criança, não reprimir, conversar, 
diálogo, estudar, pensar fora da caixinha e pensar que é uma vida que está em jogo e a partir do 
momento que uma pessoa só quer ser feliz, não fere a ética, não maltrata ninguém, a felicidade 
dessa pessoa tem que ser priorizada. 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO 
CURSO: DIREITO 
ACADÊMICAS: LIZANDRA VIEIRA RODRIGUES E NATALIA DE PAIVA SILVA 
OBJETO: PESQUISA QUALITATIVA 
FINALIDADE: ARTIGO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
ORIENTAÇÃO: PROFESSORA CAROLINE BITTENCOURT DA SILVEIRA 
 
30 
 
PESQUISA RESPONDIDA SEM A IDENTIFICAÇÃO POR OPÇÃO DO 
ENTREVISTADO 
A violência contra homossexuais e transsexuais possuem grandes índices no país, sendo que 
por ser pessoas que fazem parte de uma minoria, tais fatos não são amplamente divulgados, 
muito menos debatido para a mudança de atos e pensamentos preconceituosos da sociedade, o 
que por consequência, faz com que cresça número alarmante de casos no Brasil, sendo que uma 
das formas de coibir e erradicar está triste prática é estudar e discutir sobre o assunto, visando 
assim dar maior visibilidade aos direitos dos homos e trans e garantir a sua proteção integral na 
sociedade. Buscando assim uma sociedade mais justa e mais segura. 
Ainda, ressaltamos que em hipótese alguma será divulgada informações que possa identificar 
quem está respondendo questionário. 
 
1. Você já precisou esconder sua sexualidade por medo? 
R: várias vezes e sei que ainda vou fazer. 
 2. Foi difícil para você, passar pelas perseguições na escola, e esconder dos pais a sua 
sexualidade? 
R: com certeza. Ainda é. O medo do desapontamento, de causar dor, de causar “repulsa social” 
existe ainda depois de tanto tempo. Algo que a gente passa uma vida desconstruindo. 
 3. Quais palavras que foram direcionadas a você que considerou de caráter ofensivo 
quanto a sua sexualidade? 
R: não lembro de algo diretamente direcionado a mim. Mas quando se referem a população 
LGBT de maneira “que nojo”, “que esquisito”, anormal, me deixa ofendida. 
 4. O que acha a respeito das pessoas julgarem como não sendo normal a sua opção sexual? 
R: eu vejo como uma imersão cultural difícil de desconstruir. Na maioria das vezes eu entendo 
que talvez é algo que desde pequeno a sociedade e a educação como um todo impõe 
“anormalidade” a questões sexuais que distinguem do “homem e mulher”. Então eu vejo mais 
como um problema social do que particular daquela pessoa, na maioria das vezes. Para quem 
31 
 
vive, nós somos obrigados a entrarem uma luta interna com nós mesmos, e aprendemos a 
desconstruir essas questões sociais, até pro nosso próprio bem e nossa própria aceitação, o que 
também nem sempre é fácil. Eu decidi não julgar como o outro se sente. Até porque tudo seria 
mais fácil se todo mundo não julgasse sentimento alheio. 
 5. Você considera que a sociedade vê sua condição pessoal como ameaça? 
R: nunca pensei dessa forma. Não como ameaça. 
6. Qual a razão você acha que a sociedade heteronormativa como um todo tem de se 
afirmar e, em consequência disso, discriminar e até mesmo agredir gays, lésbicas, trans e 
até mesmo as mulheres? 
R: acho que o ódio é sempre um reflexo de algum conflito interno. Nem sempre quer dizer que 
aquela pessoa é alguém enrustido, o que pode sim acontecer, mas que ela lida com problemas 
internos, e externa com agressões e violência. As vezes ver outra pessoa tendo a coragem de 
ser quem é atinge algumas pessoas de forma avassaladora. 
 7. Segundo sua visão, quais são os tipos de violência sofrida pelos homossexuais? E qual 
acredita eu ocorra com mais frequência? 
R: todos os tipos. Acredito que a psicológica seja a que mais ocorra. Até porquê a violência 
verbal e física sempre acarretarão em violência psicológica. Há inúmeras forma de violentar 
alguém psicologicamente. Aquela que provém de comentários, bullying, exclusão, olhares, 
tudo, causa dor psicológica. 
 8. Religião, cultura ou tradição são fatos que os preconceituosos usam para poder 
justificar qualquer discriminação contra os LGBTs? 
R: com certeza, até porque inconscientemente elas são as principais causadoras de aspectos 
conscientes e inconscientes que abrem as portas ao preconceito. Quanto mais evoluída 
culturalmente uma sociedade é, mais tolerante ela se faz. Óbvio, isso não deveria e não poderia 
ser justificativa para qualquer tipo de violência, mas com certeza são fatores de extrema 
relevância. A maioria deles nem percebem o quão são influenciados por essas questões. 
9. Qual a importância de movimentos que deem visibilidade para a comunidade LGBT? 
32 
 
R: qualquer forma de visibilidade é extremamente importante. A visibilidade quebra 
paradigmas, da voz a causa, nos torna mais “humanos”. Afinal, é isso que somos, humanos e 
completamente merecedores de amor e respeito. 
 10. Como você analisa o discurso de ódio? 
R: como eu analiso um discurso de ódio no geral? Não sei se entendi muito bem a pergunta. 
Mas qualquer discurso de ódio em um primeiro momento me traz tristeza imensa. Em um 
segundo momento eu entendo que só oferecemos aquilo que temos, e aquela pessoa fala 
facilmente sobre ódio, porque é internamente composta por ódio. E alguém repleto de ódio com 
certeza não é alguém feliz. Sinto pena depois. 
 11. Quando se fala em LGBT, é sabido a sexualidade tem diversos leques, como o gender 
fluid, existe preconceito dentro da comunidade com essa diversificação? 
E: sim, a própria comunidade possui preconceitos e discriminações internas. Temos muito ainda 
que evoluir. 
 12. Como anda o mercado de trabalho para o LGBT? É mais difícil para o LGBT 
conseguir uma boa posição profissional? 
R: eu vi uma evolução maravilhosa nesse quesito de um tempo para cá. Óbvio que há caminho 
muito árduo para se percorrer e há muitos preconceitos ainda, mas, eu vi uma evolução gigante 
na aceitação da comunidade no mercado de trabalho. Cada dia se valoriza mais, até porque são 
pessoas fortes, que passam por desafios desde muito cedo, isso traz algumas características que 
estão sendo valorizadas e reconhecidas. Ainda há muito preconceito, mas já foi conquistado 
muito. 
13. Você conhece os canais de apoio/assistência/ouvidoria aos LGBTQIA+? 
R: não. 
 14. Como você acha que o Brasil (tanto governo como sociedade) tem lidado com a 
diversidade sexual? 
33 
 
R: pergunta complicada considerando a atual situação política do país, pautada em um 
governante que embasou alguns discursos em ódio e preconceito contra a comunidade. Quando 
um líder incita preconceito, o reflexo na comunidade é muito claro. 
Todavia, eu acredito que de um modo geral e universal a comunidade nacional e internacional 
caminha cada vez mais para uma aceitação da diversidade sexual, até mesmo pelo aumento de 
visibilidade e movimentos nesse sentido. No Brasil, ainda há imaturidade governamental, legal 
e comunitária. Mas falamos de um país gigantesco, em desenvolvimento. Com certeza um dia 
alcançaremos maiores conquistas nessa área. 
15. A discussão sobre religião e homossexualidades no Brasil, qual sua opinião? 
R: ambas são livres e devem ser respeitadas. Da mesma forma que eu gosto que respeitem 
minha liberdade sexual e religiosa, eu respeito as crenças dos outros. Desde que isso não me 
atinja de alguma forma ou a comunidade no geral, o respeito deve prevalecer. Um pouco mais 
a fundo, eu acredito que aqueles que realmente entendem sobre amor de Deus, um dia passam 
a entender que ódio e discriminação nunca estaria em seus ensinamentos. 
 16. Segundo sua opinião e suas experiências qual a forma de reduzir os casos de 
transfobia e homofobia no Brasil? 
R: difícil dizer, acho que é um caminho longo, pautado em políticas públicas e educação. 
Quanto mais culta e educada uma sociedade é, mais livre e democrática ela se faz. A partir do 
momento que nossas crianças entenderem que respeitar o outro e suas escolhas é importante, 
que amor é a base de tudo e que qualquer forma de discriminação é repugnante, formamos 
adultos tolerantes. Educação gera respeito. E é isso que precisamos. De respeito. Quando se 
respeita, se aceita que o outro é diferente, e que está tudo bem. E assim se diminui preconceitos. 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO 
CURSO: DIREITO 
ACADÊMICAS: LIZANDRA VIEIRA RODRIGUES E NATALIA DE PAIVA SILVA 
OBJETO: PESQUISA QUALITATIVA 
34 
 
FINALIDADE: ARTIGO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
ORIENTAÇÃO: PROFESSORA CAROLINE BITTENCOURT DA SILVEIRA 
 
PESQUISA RESPONDIDA SEM A IDENTIFICAÇÃO POR OPÇÃO DO 
ENTREVISTADO 
A violência contra homossexuais e transsexuais possuem grandes índices no país, sendo que 
por ser pessoas que fazem parte de uma minoria, tais fatos não são amplamente divulgados, 
muito menos debatido para a mudança de atos e pensamentos preconceituosos da sociedade, o 
que por consequência, faz com que cresça número alarmante de casos no Brasil, sendo que uma 
das formas de coibir e erradicar está triste prática é estudar e discutir sobre o assunto, visando 
assim dar maior visibilidade aos direitos dos homos e trans e garantir a sua proteção integral na 
sociedade. Buscando assim uma sociedade mais justa e mais segura. 
Ainda, ressaltamos que em hipótese alguma será divulgada informações que possa identificar 
quem está respondendo questionário. 
 
1 - Você já precisou esconder sua sexualidade por medo? 
R: Não 
 2 - Foi difícil para você, passar pelas perseguições na escola, e esconder dos pais a sua 
sexualidade? 
R: Foi difícil esconder dos pais no começo, mas tive total apoio. 
 3 - Quais palavras que foram direcionadas a você que considerou de caráter ofensivo 
quanto a sua sexualidade? 
R: Não escutei nenhuma palavra direcionada a mim, mas já ouvi coisas do tipo “isso é coisa do 
demônio”. 
35 
 
 4 - O que acha a respeito das pessoas julgarem como não sendo normal a sua opção 
sexual? 
R: Tenho pena, pois são pessoas tão pequenas e infelizes. 
 5 - Você considera que a sociedade vê sua condição pessoal como ameaça? 
R: Sim, por isso infelizmente ainda somos muito hostilizados na sociedade. 
6 - Qual a razão você acha que a sociedade heteronormativa como um todo tem de se 
afirmar e, em consequência disso, discriminar e até mesmo agredir gays, lésbicas, trans e 
até mesmo as mulheres? 
R: Falta de conhecimento, cultura, respeito, e principalmente medo de perder amigos/familiares 
só pelo fato de apoiarem a comunidade LGBTQIA+. 
7 - Segundo sua visão, quais são os tipos de violência sofrida pelos homossexuais?

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