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0 INTRODUÇÃO O Sistema Tributário Nacional - STN enumera diversos tipos de tributos, tais como taxas, contribuições, impostos, entre outros. Para que exista um bom planejamento tributário, as empresas se integram e procuram sempre maiores informações, para ter maior rentabilidade e serem melhores em sua atuação no mercado. No Brasil, o que afeta negativamente o mercado dos negócios são os altos valores da carga tributária. Devido à elevada carga tributária, a informalidade dos trabalhadores tem crescido expansivamente. “(...) no ano passado, o contingente de mão de obra informal somava 44,2 milhões de pessoas, em torno de 22% do total da população brasileira, estimada em cerca de 193 milhões” (SARAIVA, 2012). Uma das características mais marcantes do mercado de trabalho brasileiro nas grandes cidades é a informalidade. No decorrer dos 20 últimos anos, diversos estudos vêm demonstrando o seu peso crescente na estrutura ocupacional dos centros urbanos do país. Entretanto, existem algumas discrepâncias sobre como estabelecer critérios para dimensionar este fenômeno e, assim, criar estimativas sobre seu peso estrutural; parece consensual que, no balanço do período, o mercado de trabalho informal cresceu tanto em termos relativos como absolutos. Dessa forma, não se pode negar que este mercado de trabalho é parte constitutiva, porém, este aumento da informalidade expressa mudanças quantitativas crescentes neste mercado, e qualitativas no tipo de inserção do mercado informal, desde o centro de produção. Em 2016, eram cerca de 10 milhões de trabalhadores informais, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de um total de 13 milhões de pessoas sem ocupação, ou seja, desempregadas. A quantidade de trabalhadores sem carteira de trabalho assinada havia crescido nos últimos meses. No início de 2016, eram 9,7 milhões. Apesar de ter crescido neste período, esse número já foi maior. No fim de 2012, o contingente de informais chegou a 11,2 milhões de trabalhadores. Normalmente, os trabalhadores optam por quatro ramos principais: Revenda, que consiste na compra dos produtos nos grandes centros urbanos, como ruas de grande comércio e atacado; Artesanato, que é uma técnica ou arte desenvolvida a partir do trabalho manual, e que não é produzida em série; pode ter finalidade a um 1 tempo utilitária e/ou artística; O ramo alimentício consiste em desenvolver produtos para o consumo e o ramo de serviços. Já em 2017, uma pesquisa realizada pelo aplicativo GetNinjas, uma plataforma desenvolvida onde é possível conectar profissionais a contratantes, apontou um crescimento de 243% no número de cadastros efetuados no site entre 2015 e 2017. O Sudeste e o Centro-Oeste foram as regiões mais representativas, com maior crescimento, com índices de 60% e 57%, respectivamente por meio da contratação de trabalho. O Microempreendedor Individual (MEI) surgiu com a finalidade de aumentar o número de pequenos empresários formais, cuja regulamentação traz benefícios aos trabalhadores informais. Para tanto, o programa apresenta benefícios e algumas facilidades na abertura de negócios, e desta forma gera facilidades que surgem com alguns pequenos custos para a manutenção dos mesmos. O direito ao trabalho e a renda é parte dos conhecidos direitos econômicos e sociais; possuem como base a igualdade, que prevê que todas as pessoas têm direito a ganhar a vida por meio de uma atividade livremente escolhida, de possuir local adequado para o trabalho e de ser protegida em caso de desemprego. O MEI é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário, possui faturamento máximo de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) ao ano e não deve possuir vínculo com outras empresas. Assim a Lei Complementar nº 128 de 19/12/2008 foi aprovada incialmente com o valor de faturamento anual de R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais) e em meados de 2010, houve uma adequação deste faturamento para R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), indicando um aumento significativo de 60% em praticamente um ano e meio. (ROCHA, 2014, p.20). Anteriormente, o MEI era regulamentado pela Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006 e, após algumas alterações passou a ser regulamentado pela Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008, que modificou e teve como intuito criar condições especiais e específicas para que o trabalhador informal pudesse se tornar regularizado, um microempreendedor individual. “A primeira pesquisa de nível nacional sobre as atividades empreendedoras informais no Brasil, nas áreas urbanas, foi realizada em 1.997 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio de uma amostra de 48.934 domicílios, onde moravam proprietários de micro firmas informais. A 2 pesquisa investigou os trabalhadores por conta própria e os empreendimentos desenvolvidos por empregados com até cinco anos empregados, em todos os estados e nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. (MAXIMIANO, 2011, p.13). O trabalhador informal é conhecido como um comerciante de rua, que gera parte da economia informal ou clandestina, por exemplo com banca improvisada, normalmente situadas nas grandes cidades. Os trabalhadores informais normalmente estão associados a atividades básicas de vendas, como simples troca de informações e pechincha, normalmente não possuem muitos produtos de boa qualidade e vendem em grande quantia o mesmo produto, com maior probabilidade de avarias, porém, com valor bem mais acessível à população. Entretanto, com essas atividades informais, existem inúmeros riscos como: • Pequenos furtos imperceptíveis, uma vez que muitos trabalhadores informais, por terem pouco estudo, não possuem um controle eficaz de estoque; • Assaltos; • Apreensão de seus produtos, o que resulta em um prejuízo enorme; • Inexistência de benefícios sociais pois, caso venha a sofrer um acidente, por não ter regulamentação, não terá direito ao auxílio doença, e, portanto, ficará sem trabalhar e receber. Segundo Nogueira (2012) o trabalho informal é originado em uma determinada forma econômica, onde as rendas não são declaradas formalmente. O contrato de trabalho é um ponto muito forte na sociedade brasileira; a carteira assinada representa empregos assalariados, o empregador é aquele que assina a carteira e o empregado é o profissional que possui um contrato de trabalho determinado com data de início e término e quais serviços serão prestados. Além desses riscos, existem, também, os riscos para os consumidores, principalmente se forem produtos alimentícios, como: armazenagem, qualidade, vencimento e garantia desses produtos comercializados, o que pode deixar o consumidor inseguro se deve ou não comprar este produto, devido à sua origem duvidosa. https://pt.wikipedia.org/wiki/Comerciante https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_informal https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade 3 1. OBJETO DE ESTUDO, PROBLEMA DE PESQUISA E METODOLOGIA. 1.1. OBJETIVO GERAL Analisar a informalidade do trabalhador informal em uma base comparativa, onde pretende-se verificar as vantagens e desvantagens dessa regularização e por que não se regulamenta. 1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Verificar quantas pessoas estão informais e por que não se formalizam; Verificar a idoneidade do trabalhador informal em relação a origem e validade dos produtos; Analisar as vantagens e desvantagens da regulamentação sob a ótica do trabalhador informal. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Como metodologia foi utilizada a pesquisa de campo, onde são realizadas entrevistas com o público de trabalho informal nos centros das cidades, nas redes sociais e como embasamento teórico, utiliza-se de dissertações e teses de mestrado e doutorado, além delivros e diversos estudos científicos. (...)pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (...) (PRODANOV, FREITAS, 2013, p.59) O problema a ser solucionado por este estudo: Qual a maior dificuldade do trabalhador informal em se regulamentar, as vantagens e desvantagens de se tornar um MEI e quais prejuízos essa informalidade pode trazer economicamente. Outra metodologia também utilizada foi a pesquisa exploratória, onde foi desenvolvido um questionário de forma qualitativa e quantitativa, contendo perguntas abertas e fechadas. 4 A expressão "pesquisa qualitativa" assume diferentes significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo o traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação. (...)1 (MAANEN, 1979a, p.520) Como método de coleta de dados serão utilizados como base livros, revistas, trabalhos acadêmicos e artigos científicos. Como pesquisa de campo, serão entrevistados vendedores ambulantes e trabalhadores informais na Capital e Grande São Paulo, em transportes públicos e barracas físicas em vias públicas, calçadas e via online. 2.1. ASPECTOS ÉTICOS O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Universidade de Mogi das Cruzes em 22 de março de 2017, com o número do CAAE 56560216.8.0000.5497. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As palavras camelô e trabalhador informal são sinônimos, sendo que o primeiro tem uma utilização popular e o segundo é anotado pela legislação, que o utiliza para designar o exercício de vendas em um ponto fixo ou em movimento. Os trabalhadores informais são normalmente combatidos por autoridades governamentais, existindo conflitos abertos com estas, sendo que as autoridades alegam que: • Os produtos comercializados são contrabandeados e de qualidade duvidosa, produtos piratas/falsificados, copiando mídias e marcas sem direitos autorais ou produtos quem tenham sido roubados; • Má utilização do espaço público (calçadas); • Não pagam impostos, ao contrário dos lojistas licenciados (sonegação e concorrência desleal); 1 The expression "qualitative research" assumes different meanings in the field of social sciences. It comprises a set of different interpretive techniques that aim to describe and decode the components of a complex system of meanings. Its purpose is to translate and express the meaning of the phenomena of the social world; It is a question of reducing the distance between indicator and indicated, between theory and data, between context and action.(...)(MAANEN, 1979a, p.520) 5 • Utilizam de forma ilegal água e luz da rede pública para iluminação da banca ou para a produção de alimentos (em alguns casos); • Vendem alimentos sem procedência comprovada, com prazo de validade vencido e sem conservação adequada, ou produtos de uso corporal, saúde e brinquedos que podem causar danos físicos ao consumidor. Normalmente os fatos que levam as pessoas a se tornarem trabalhadores informais são: o desemprego ou até buscam por independência financeira, apesar de que não pode ser considerado um emprego, pelas condições a que esse trabalhador informal se sujeita. Segundo Rocha (2014, p. 27), a informalidade, de uma maneira direta ou indireta, ocorre tanto no comércio informal como pelo formal; muitas pessoas se submetem ao trabalho informal por necessidade ou receio das tributações legais, mesmo que isso futuramente reflita em sua aposentadoria. O comércio informal em São Paulo se concentra nos locais onde há maior tráfego de pedestres, normalmente próximo as estações de metrô e terminais de ônibus, e também em locais de grande comércio popular como o Brás, o Bom Retiro e a região da Rua 25 de Março. Nas áreas nobres da cidade praticamente não há comércio ambulante. A Constituição de 1988, no artigo 6º, dispõe que o trabalho é reconhecido enquanto um direito e, do artigo 7º ao 11, estão estabelecidos os principais direitos para os trabalhadores que atuam sob as leis brasileiras. Além da Constituição, as relações de trabalho também são regulamentadas pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Pela Constituição brasileira, é uma obrigação que deve ser garantida pelo Estado um salário que assegure a subsistência do trabalhador e de sua família, e não só o direito ao trabalho. Entretanto, apesar de ser constitucionalmente garantido, tanto o direito ao trabalho como o direito à renda são, muitas vezes, violados, e, por isso, existem inúmeros casos de desemprego, salários injustos, trabalho sem férias ou repouso, em diversas condições inadequadas. Assim, para grande parte da doutrina, o direito ao trabalho é um direito vinculado ao direito à vida, pois sem trabalho as pessoas não têm como proporcionar uma vida digna para si e para sua família. (FONSECA, 2006, p.38). Mesmo sendo um direito, não existe mecanismo que garanta trabalho aos cidadãos brasileiros, porém existem algumas medidas, que durante um determinado período, auxiliam o desemprego, como: seguro desemprego, auxílio transporte (metrô e https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Br%C3%A1s_(distrito_de_S%C3%A3o_Paulo) https://pt.wikipedia.org/wiki/Bom_Retiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Rua_25_de_Mar%C3%A7o https://pt.wikipedia.org/wiki/Bairro_nobre 6 trem), isenção em taxas para retirada de alguns documentos, e alguns sindicatos possuem serviços gratuitos de cadastro de trabalhadores para realocá-los no mercado de trabalho ou requalificá-los. Duas teorias serviram como base para o debate sobre o trabalho informal: “a teoria do subdesenvolvimento” desenvolvida por Celso Furtado (1968), a partir da qual foi possível ter uma concepção de informalidade na vida econômica como parte do atraso, onde as atividades eram consideradas tradicionais e que não havia separação entre o capital e o trabalho, onde acreditava-se que seria um empecilho para o desenvolvimento das atividades modernas e capitalistas. E a outra teoria, é a “teoria da massa marginal” que é elaborada por José Num (1969); este estudo compreende que a informalidade não persiste em atividades tradicionais, e sim em parte das habilidades de sobrevivência de uma massa marginal2, produzida na industrialização e não absorvida. Conforme Silva (2008, p.16): “A base para esta formulação teórica seria a diferenciação entre os conceitos elaborados por Marx de ‘superpopulação relativa’ e ‘exército industrial de reserva’, ou seja, uma população supérflua que já não mais participaria do mercado de trabalho e nem exerceria pressão sobre os salários. A massa marginal seria a parte afuncional ou disfuncional da superpopulação relativa e, neste sentido, seria distinta do exército industrial de reserva” Outra referência que se pode utilizar para o debate sobre o tema de informalidade é a “Crítica à razão dualista” de Francisco de Oliveiro (1972), que apresenta a informalidade como parte do desenvolvimento capitalista e parte da dinâmica urbana das principais metrópoles brasileiras. Com esta perspectiva, percebe- se que existe um rompimento entre a economia formal e informal, onde a informalidade corresponderia a um setor ligado a provisão de bens e serviços de baixo custos e pouco capital, que ainda assim são essenciais para o rápido crescimento urbano, sem grandes investimentos de infraestrutura, com baixos custos de mão-de- obra e consequentemente, baixos salários. A Organização Internacional do Trabalho(OIT) busca solucionar a questão do trabalho informal, sugerindo algumas medidas aos governos: a) liberar as economias; b) adotar políticas de expansão e dar prioridade à criação de empregos; c) 2 Trabalhadores desocupados e também os que não se encontram no setor das grandes corporações monopolistas. 7 priorizar a produtividade e a qualificação educativa; d) reforçar as redes de segurança social; e) fomentar o diálogo social3. Outra solução possível é encontrada no estudo Instituições Trabalhistas na América Latina4, em razão de que, atualmente, o problema não está no excesso de normas, mas na incapacidade das instituições que as efetivam e supervisionam, o que resulta em mercados de trabalho instáveis, aumento da informalidade, terceirização abundante, impostos que não revertem em benefícios etc. O trabalho é tratado como fonte de dignidade, fomentador da autoestima e fonte de respeito social. O relato é feito por Marcus Orione Gonçalves Correia, que, parafraseando Domenico de Masi, em “O futuro do trabalho – fadiga e ócio na sociedade pós-industrial”, afirma: "O trabalho passou de castigo a privilégio. Enquanto no passado as pessoas eram qualificadas pelo exercício do trabalho, hoje este é indicativo, inclusive, de “status social”5. O trabalhador celetista, ou seja, com carteira registrada, retrata a dignidade humana, efetiva o próprio direito e concretiza o Estado Democrático de Direito. Nesse contexto, torna-se concreto o trecho do texto constitucional que vê o trabalho como direito social e atuação do cidadão laborista no contexto social brasileiro; em contrapartida, o trabalho informal é praticado como busca de sobrevivência e não por escolha racional do trabalhador, diante do desemprego e a falta de opções no mercado de trabalho. Conforme elucida De Paula (2009, p. 128): A exclusão social brasileira atinge a maioria da população, em cujo meio os direitos fundamentais e sociais, além de serem conquistados tardiamente, não são respeitados e permanecem apenas no papel. A explicação é necessária neste momento, repetindo os ensinamentos de vários doutrinadores que discursaram anteriormente, na linha de raciocínio segundo a qual nosso país é periférico, distante dos pontos centrais de desenvolvimento, a exemplo da Europa e América do Norte. Regulação e mercado são geralmente tratados como temas opostos. Em 3 SAMOVÍA, Juan. Folha Online. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u28879.shtml. Acesso em 20.01.2007. 4 BENSUSÁN, Graciela Bensusán (org.). Instituições Trabalhistas na América Latina. Rio de Janeiro: Revan, 2006. 95” 5 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Fundamentos humanísticos do direito do trabalho: a liberdade do trabalhador como cerne dos direitos fundamentais trabalhistas. Revista do Advogado. São Paulo, n. 86, jul. 2006, p. 55. 8 Economia e Sociedade, Max Weber (1999) evidencia dois aspectos das relações de mercado que não necessariamente são um contra o outro: de um lado uma relação associativa baseada na pluralidade de interessados que competem por oportunidades de troca e por outro lado uma relação comunitária pela observância de garantias e diretos recíprocos na expectativa da continuação das relações de troca. Seria esta dupla de propriedade que se diferenciam de uma simples troca que acaba no ato da troca em si e estabeleceria a perenidade das relações mercantis e propriamente estruturaria um mercado. Neste contexto, pode-se argumentar que as relações não possuem apenas um sentido antagônico à ação do mercado. São elas elementos constitutivos do desenvolvimento de um mercado. Sabe-se que nenhum mercado real é constituído apenas da concorrência econômica em torno da oferta e procura de produtos e serviços baseada apenas em precificação. Também são disputados os termos de troca, as regras de concorrência, as normas de produção, as garantias de circulação, as condições de consumo, os usos legítimos do trabalho, as reservas de mercado, enfim, os componentes que autorizam todas a regularidade e normalidade, além das garantias e a previsibilidade, sem as quais nenhum mercado conseguiria existir. Quando esse trabalhador informal se regulamentar, ele se tornará um MEI e terá direito a CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas), o que facilita a abertura de conta bancária, pedido de empréstimos e emissão de notas fiscais. Além disso, ele é enquadrado no Simples Nacional, e ficará isento de todos os tributos federais. E pagará um valor fixo de acordo com seu ramo, conforme tabela abaixo: Ramo de Atuação Valor Comércio e Indústria R$ 47,85 Prestação de Serviços R$ 51,85 Comércio e Serviços R$ 52,85 Quadro 1: Valores fixos para o MEI Fonte: http://www.portaldoempreendedor.gov.br/mei-microempreendedor-individual Esse valor fixo será pago mensalmente, e é destinado à Previdência Social, ICMS (Imposto sobre circulação de Mercadorias e Serviços) ou ISS (Imposto sobre 9 Serviços). Com essas contribuições, o Microempreendor terá acesso a benefícios como: Auxílio Maternidade, Auxílio Doença, Aposentadoria, entre outros benefícios. A partir dos dados levantados acima, foi possível elaborar uma pesquisa, e esta foi realizada nos grandes centros de comércio ambulante, onde há a maior parte da mostra, e também foi relizada por meio de redes sociais, como facebook, em grupos direcionados ao trabalho informal; a mostra total teve a participação de 50 entrevistados, obtendo a seguinte conclusão: ✓ Idade: Gráfico 1: Média de Idade De acordo com o resultado da pesquisa, 68% da mostra de trabalhadores informais têm de 16 a 32 anos. Em contrapartida não foram encontrados trabalhadores menores de 16 anos e maiores de 60 anos. ✓ O que o levou a trabalhar informalmente? 10 Gráfico 2: Motivos para trabalho informal. Ao analisar o gráfico, foi constatado que o maior motivo para o início do trabalho informal é o desemprego, representando 38%. A seguir, tem-se o motivo “outros”, e como justificativa tem-se: maior flexibilidade de horário, vontade de trabalhar por conta própria, renda extra, etc. ✓ Possui conhecimento do projeto MEI? Gráfico 3: Conhecimento do Projeto MEI. Diante das pesquisas realizadas, 66% dos entrevistados tem conhecimento do projeto MEI, porém, não estão inscritos no projeto e, quando questionados, informam que possuem a informação através da internet, por parentes que já são inscritos no projeto e pelo SEBRAE. 11 ✓ Por qual motivo você não aderiu o projeto MEI? Gráfico 4: Aderência ao projeto por trabalhadores informais. O maior índice de percentagem das justificativas para não aderir o projeto são “outros”, com 42%. As justificativas apuradas são diversificadas, como por exemplo, trabalho temporário, renda extra, pessoas aposentadas, etc. ✓ Você considera relevante o projeto MEI e pensa em se regulamentar? Gráfico 5: Relevância da Regulamentação. A maioria dos entrevistados considera relevante se regulamentar no projeto MEI; o resultado total desses entrevistados ficou em 72%, devido aos benefícios que o projeto proporciona mas, em contrapartida, 28% da mostra não pensa na regulamentação como benefício, devido a renda instável. 12 ✓ Sabe quais as vantagens de se regulamentar por meio do projeto MEI? Gráfico 6: Conhecimento das vantagens do Projeto MEI A maior parte da mostra possui conhecimento das vantagens oferecidas pelo MEI, representando 56%, mesmo não sendo regulamentado, os entrevistados têm algumas informações referente ao projeto, não que estas sejam verdadeiras, porém, auxiliam no poder de decisão da regulamentação ou não. ✓ Qual sua satisfação diante dos seguintes aspectos? Gráfico 7: Local de Trabalho Em relação ao local de trabalho dos entrevistados, 62% se dizem satisfeitos, devido a movimentação do local, a diferente rotina edesenvolvimento de diversas 13 atividades diferentes e o contato direto com o público comprador de seu produto. Em contrapartida apenar 2% se consideram muito insatisfeitos. ✓ Qual sua satisfação diante dos seguintes aspectos? Gráfico 8: Segurança no Trabalho No que diz respeito à segurança no trabalho 46% dos entrevistados informam estar satisfeitos, enquanto 18% são indiferentes, citando que não se importam com os riscos inerentes ao trabalho informal, e 26% da mostra informam estar insatisfeitos, pois não veem nenhuma medida sendo tomada quanto aos pequenos furtos que ocorrem em seus locais de trabalho ou até mesmo a policiais corruptos, que deveriam defende-los ao invés de tomar outras medidas. ✓ Qual sua satisfação diante dos seguintes aspectos? 14 Gráfico 9: Amparo Legal, Saúde, entre outros fatores Em relação ao Amparo Legal, Saúde e outros fatores, a maior parte dos entrevistados se demonstra insatisfeito, representando 32% da mostra, onde informam que mesmo que sejam informais, eles desejam poder ter algum direito ou benefício quando necessário. Diante das entrevistas realizadas, a maior parte dos entrevistados cita que conhece as vantagens do MEI, que o valor é destinado a Previdência Social, arrecadação dos impostos devidos e que servem para ter acesso a benefícios, como: aposentadoria, auxílio doença e outros. Entretanto, quando questionados sobre a regulamentação, muitos pensam a respeito por conta dos benefícios e da seguridade, mas ainda possuem muitos receios e criam até mesmo alguns impecilhos, por conta de considerarem que a demanda de trabalho não justifica o valor de imposto pago, e ainda ficam com medo de não poderem contribuir um mês e justamente neste período precisarem utilizar o benefício. Muitos preferem utilizar o banco para guardar suas finanças a se regulamentar. 15 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho buscou-se aprofundar um estudo em base comparativa, destacando as principais vantagens e desvantagens do trabalho informal para com o Microempreendedor Individual (MEI), por meio de uma pesquisa de campo. Foram realizadas pesquisas em diversos autores e especialistas no assunto para identificar quais são as causas do trabalho informal, bem como as entrevistas para entender como funciona na prática. Com o passar dos anos, o número de trabalhadores informais cresceu constantemente, devido à falta de trabalho ou pela comodidade de ser seu próprio chefe. Para a base do trabalho informal, existem duas teorias: “a teoria do subdesenvolvimento”, onde foi possível ter uma concepção de informalidade na vida econômica como parte do atraso. E a outra teoria, é a “teoria da massa marginal” onde o estudo compreende que a informalidade não persiste em atividades tradicionais, e sim em parte das habilidades de sobrevivência de uma massa marginal. Quando esse trabalhador informal decide se regulamentar, ele se tornará um Microempreendedor Individual (MEI), poderá ter o faturamento máximo de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) e terá direito a CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas), facilitando abertura de contas bancárias, empréstimos e emissão de notas fiscais. Além disso, ele é enquadrado no Simples Nacional, e ficará isento de todos os tributos federais. É cobrado um valor fixo a ser pago mensalmente, e este é destinado a Previdência Social, Impostos, como: ICMS (Imposto sobre circulação de Mercadorias e Serviços) ou ISS (Imposto sobre Serviços). E essa contribuição assegura o MEI, como um trabalhador CLT, lhe atribuindo, caso necessário, auxílio doença, maternidade e outros. Ainda no tema de informalidade, é importante ressaltar outra referência: a “Crítica à razão dualista”, onde a informalidade é apresentada como parte do desenvolvimento capitalista e parte da dinâmica urbana das principais metrópoles brasileiras. De acordo com essa perspectiva, é possível perceber que existe um rompimento entre a economia formal e a informal, onde a informal aos bens e serviços de baixo custo e de pouco capital, porém essenciais para o crescimento urbano, com pouco utilização de capital e infraestrutura, além de baixos custos de mão de obra, e pouco retorno financeiro. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) sugere algumas medidas 16 para que os governos possam solucionar a questão do trabalho informal, como por exemplo: a) liberar as economias; b) adotar políticas de expansão e dar prioridade à criação de empregos; c) priorizar a produtividade e a qualificação educativa. Outra possível solução encontrada no estudo Instituições Trabalhistas na América Latina, é que em razão de o problema não estar no excesso de normas, mas na incapacidade das instituições que as efetivam e supervisionam, resultando em mercados de trabalho instáveis, aumento da informalidade, terceirização abundante, impostos que não revertem em benefícios etc. O trabalho é tratado como fonte de dignidade, fomentador da autoestima e fonte de respeito social. De acordo com o resultado da pesquisa realizado em campo, foi possível observar uma mostra de 50 trabalhadores informais, onde 68% da mostra de trabalhadores informais têm de 16 a 32 anos. Em contrapartida não foram encontrados trabalhadores menores de 16 anos e maiores de 60 anos. Foi constatado a partir desta monstra que o maior motivo para o início ao trabalho informal é o desemprego, representando 38%. Quando questionados sobre o projeto MEI, 66% dos entrevistados informan possuir o conhecimento sobre o projeto, porém, não estão inscritos no projeto e, quando questionados, informam que possuem a informação através da internet, por parentes que já são inscritos no projeto e pelo SEBRAE. Em relação ao Amparo Legal, Saúde e outros fatores, a maior parte dos entrevistados se demonstra insatisfeita, representando 32% da mostra, onde informam que mesmo que sejam informais, eles desejam poder ter algum direito ou benefício quando necessário. É notório que a mostra foi pouco representativa diante do quadro atual do país, porém, a maior parte dos entrevistados citou conhecer as vantagens do MEI, que o valor é destinado a Previdência Social, arrecadação dos impostos devidos e outros. Entretanto, quando questionados sobre a regulamentação, muitos pensam a respeito por conta dos benefícios e da seguridade, mas ainda possuem muitos receios e criam até mesmo alguns impecilhos, por considerarem que a demanda de trabalho não justifica a taxa paga, além de citarem o fato de as vezes só estarem compondo uma renda extra. 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE PAULA, Paulo Mazzante. Trabalho Informal e Exclusão Social: Perspectivas Para a Efetivação do Estado Democrático de Direito. Tese (Mestre em Ciência Jurídica). Universidade Estadual do Norte do Paraná. Paraná, 2009. ECONÔMICO, Brasil. Mercado informal é saída para profissionais que estão desempregados, 2017. < http://economia.ig.com.br/2017-04-26/profissionais- informais-no-pais.html>. Acesso em: 29 julho 2017. FONSECA, Maria Hemília. Direito ao Trabalho: Um Direito Fundamental no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Tese (Doutorado em Direito). Pontífica Universidade Católica, 2006. GERCHMANN, Léo. OIT busca solução para trabalho informal. < http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u28879.shtml>. Acesso em 07 fevereio 2017. MAANEN, John, Van. Reclaiming qualitative methods for organizational research: a preface. Administrative Science Quarterly, vol. 24, no. 4, December 1979a, pp 520 - 526. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração para empreendedores: fundamentos da criação e da gestão de novos negócios. 2ª ed.. São Paulo: Perason Pretice Hall, 2011. NOGUEIRA, Octaviano Filho. Sistemas Políticos e o Modelo Brasileiro. 2ª ed.. Brasileira: Senado Federal, Unilegis, 2012. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do TrabalhoCientifico: Métodos e Técnicas de Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2ª ed. Rio Grande do Sul. Universidade Feevale, 2013. PAPP, Anna Carolina; GERBELLI, Luiz Guilherme. Trabalhadores informais chegam a 10 milhões no País. São Paulo, 2016. < http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,trabalhadores-informais-chegam-a-10- milhoes-no-pais,10000071200>. Acesso em: 29 julho 2017. 18 ROCHA, Claudia Marina Magalhães Rocha. Políticas de Desenvolvimento: Inserção de Trabalhadores Informais no Projeto “Comece Legal” em Ribeirão Preto. Tese (Mestre em Políticas Públicas). Universidade de Mogi das Cruzes. São Paulo, 2014. SARAIVA, Alessandra; MARTINS, Diogo. País ainda tem 44,2 milhões de trabalhadores informais, estima o IBGE. Rio de Janeiro, 2012. < http://www.valor.com.br/brasil/2919914/pais-ainda-tem-442-milhoes-de-trabalhadores- informais-estima-o-ibge>. Acesso em: 09 abril 2016. SILVA, Carlos Freire da. Trabalho informal e redes de subcontratação: dinâmicas urbanas da indústria de confecções em São Paulo. 2008. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. doi:10.11606/D.8.2008.tde-24112009-113627. Acesso em: 15 janeiro 2017. 19 ANEXO I – FORMULÁRIO DE PESQUISA 20 Pesquisa com Trabalhadores Informais – PVIC Para termos uma melhor visão sobre o motivo da não regularização, realizaremos a pesquisa abaixo. Nome: Idade? ( ) Abaixo de 16 anos ( ) Entre 16 e 32 ( ) Entre 32 e 48 ( ) Entre 48 e 60 ( ) Acima de 60 anos O que o levou a trabalhar informalmente? ( ) Desemprego ( ) Dinheiro rápido ( ) Falta de acesso ao mercado de trabalho ( ) Outro. Qual? _______________________________________________________________ Caso você fique impossibilitado de ir trabalhar, como você compõe sua renda? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Possui conhecimento do projeto MEI? ( ) Sim. Como soube? __________________________________________________________ ( ) Não Por qual motivo você não aderiu o programa MEI? ( ) Impostos ( ) Pouco conhecimento sobre como realizar a regulamentação ( ) Por que a demanda de trabalho é pouca, portanto é incerto lucro ou prejuízo ( ) Prefere continuar ilegal ( ) Não acha vantajoso 21 ( ) Outro. Qual? _______________________________________________________________ Você considera relevante o projeto MEI e pensa em se regulamentar? ( ) Sim ( ) Não, por quê? _______________________________________________________________ Sabe quais as vantagens de se regulamentar por meio do projeto MEI? ( ) Sim ( ) Não Qual sua satisfação diante dos seguintes aspectos? Local de trabalho: ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Indiferente ( ) Insatisfeito ( ) Muito insatisfeito Segurança no trabalho: ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Indiferente ( ) Insatisfeito ( ) Muito insatisfeito Amparo legal, saúde, entre outros fatores: ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Indiferente ( ) Insatisfeito ( ) Muito insatisfeito Deseja expor alguma opinião ou sentimento sobre o assunto? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Agradecemos a sua participação, Gabriella Junqui e Paulo Nobre. 22 ANEXO II – PESQUISAS REALIZADAS
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