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Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 1 CURSO PROCURADOR DA CÂMARA MUNICIAL DE BELO HORIZONTE Direito Tributário Professora: Lílian Souza Facebook: Lílian Souza Fanpage: Lílian Souza Insta: profalilian.tributário 02/08/17 Ø Introdução Estrutura do Direito Tributário a) Constituição Federal – Sistema Tributário Nacional (art. 145/162 – CF) i. Competência tributária; Poder de criar/instituir tributo. Constituição não cria tributo nenhum. Apenas outorga competência para os entes criá-los. ii. Limitações Constitucionais – Poder de Tributar (concentrar neste ponto) Princípios tributários e imunidades tributárias. iii. Repartição de receitas NÃO SERÁ TRABALHADO EM SALA DE AULA. MATERIAL SERÁ DISPONIBILIZADO NA ÁREA DO ALUNO. SERÃO MENCIONADOS APENAS OS PONTOS PRINCIPAIS. b) Sistema Tributário Nacional Concentrar-se-á no Livro II, posto que nele estão os principais pontos. i. Livro I – Competência tributária e espécies tributárias ii. Livro II – Legislação tributária; obrigação; crédito (concentrar nestes pontos); administração tributária Ø Constituição Federal 1. Conceito de tributo (art. 3.º - CTN; art. 146, inciso III, alínea a – CF) Art. 3º - CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 2 1) Prestação pecuniária – moeda – R$ O tributo somente pode ser pago em dinheiro. Não pode ser pego in natura e nem mediante prestação de serviço. O CTN é formalmente lei ordinária, mas foi recepcionado com o lei complementar, ou seja, possui status de lei complementar. Tanto é que somente é alterado mediante lei complentar. Tributo é um dos assuntos reservados a Lei Complementar. Art. 146 - CF. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; 2) Compulsório “Se não pagar por bem espontaneamente, pagará por mal na execução fiscal.” A lei deve trazer a hipótese de incidência do tributo. Primeiramente deve vir a lei e criar, no mundo jurídico, a hipótese de incidência. Se o que está na lei acontece no mundo dos fatos, nasce o fato gerador do tributo. Uma vez realizado o fato gerador, deve-se pagar o tributo. Não há escolha. Nasce a obrigação tributária (art. 113 – CTN). O fisco não pode cobrar a obrigação, pois esta é intangível. O que transformará a obrigação em crédito tributário é o lançamento. Após formado o crédito tributário, o fisco deve notificar o sujeito passivo para que tenha ciência do mesmo. A seu turno, o sujeito passivo pode: i. Não fazer nada – vencimento (constitui, definitivamente, o crédito tributário) ii. Defender – administrativa ou judicialmente (ao fim, se perder, constitui, definitivamente, o crédito tributário) iii. Pagar: Extinção do crédito tributário (art. 156, inciso I – CTN). Constituído definitivamente o crédito, inscreve-se em Dívida Ativa que embasará a Certidão de Dívida Ativa, necessária à Ação de Execução Fiscal. Art. 113 - CTN. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 3 § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Art. 156 - CTN. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; 3) Cobrança vinculada O fisco é obrigado a lançar o tributo, uma vez que a obrigatoriedade aplica-se a ambas as partes. 4) Não é sanção (ÚNICA DIFERENÇA ENTRE O TRIBUTO E A MULTA1) Não pode o tributo se caracterizar como sanção, assim como na prática de um delito. i. O fato gerador SEMPRE DECORRE DE UMA SITUAÇÃO LÍCITA. Ex1. Sapato (bem que é colocado no comércio para ser vendido com habitualidade e com intuito de lucro – conceito de mercadoria). Incide ICMS (art. 155, inciso II – CF). Contraexemplo. Cocaína (mercadoria iícita) – NÃO se pode cobrar ICMS. ii. A renda (IR) e patrimônio (ITR,IPVA, IPTU)PODEM ser tributadas, INCLUSIVE COROLÁRIO DE ATIVIDADES ILÍCITAS Princípio da Pecúnia non olet (dinheiro não tem cheiro): As circunstâncias do fato gerador podem ser lícitas ou ilícitas (art. 118 – CTN). Art. 155 - CF. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) Art. 118 - CTN. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. (1) Multa vs. Tributo: O objetivo da multa é desestimular a prática de um comportamento. Já a finalidade do tributo é arrecadar. 5) Lei (art. 3.º - CTN; art. 150, inciso I – CF) Tributo deve ser criado, necessariamente, CRIADO POR LEI (em sentido estrito). Desdobramento do Princípio da Legalidade Tributária (art. 150, inciso I – CF). Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 4 Apesar do art. 150 – CF não mencionar expressamente, em razão do princípio do paralelismo das formas1, para extinguir tributo, exige-se LEI EM SENTIDO ESTRITO. CRIAÇÃO E EXTINÇÃO DE TRIBUTO – SOMENTE POR MEIO DE LEI EM SENTIDO ESTRITO – NÃO HÁ EXCEÇÃO. (1) Princípio do paralelismo das formas: O mesmo exigido para fazer deve ser para desfazer. Art. 3º - CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Art. 150 - CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Nota (Quanto ao pagamento do tributo em pecúnia): 1) Dação em pagamento de bem imóvel para pagamento de tributo O art. 156, inciso XI, CTN elenca, como hipótese de extinção do crédito tributário, a dação de bem imóvel em pagamento. Contudo, há requisitos: i. Deve haver, para o tributo, esta forma de extinção prevista; ii. Deve haver interesse do Poder Público no imóvel. - Seria esta uma exceção à característica pecuniária ao conceito de tributo? i. Doutrina majoritária: Não é exceção, pois existem as peculiaridades para ser aceito e, além disto, a lei do ente federativo sempre disporá como forma de pagamento o pagamento/adimplemento. ii. Doutrina minoritária: É exceção, pois o imóvel não é efetivamente dinheiro. Art. 156 - CF. Extinguem o crédito tributário: XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidasem lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) (Vide Lei nº 13.259, de 2016) 2) Dação em pagamento de bem móvel para pagamento de tributo i. 1.º momento STF (ADI 1917) Não se pode, tendo em vista que, em regra, para adquirir bem móvel, deve-se licitar. Para o STF, feriria o princípio licitatório. Some-se a isso, não há previsão legal, seja no Código Tributário, seja na Constituição Federal. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 5 Ademais, é necessária lei complementar para regular tributo. ADI 1917 EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUICIONALIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO (CF, ART. 37, XXI). I - Lei ordinária distrital – pagamento de débitos tributários por meio de dação em pagamento. II - Hipótese de criação de nova causa de extinção do crédito tributário. III – Ofensa ao princípio da licitação na aquisição de materiais pela administração pública. IV – Confirmação do julgamento cautelar em que se declarou a inconstitucionalidade da lei ordinária distrital 1.624/1997. i. 2.º momento STF (ADI 2405) STF entendeu, POR MAIORIA, que não haveria nenhum tipo de problema leis ordinárias “inventarem” outras formas para extinção do crédito tributário que não sejam aquelas do art. 156 do CTN (vide acima), sob os seguintes fundamentos: - A vedação acarretaria em violação ao pacto federativo “Se o estado e município pode dispensar o pagamento do município, pode, também, trazer outras formas de extinção do crédito” Se simplesmente cair numa questão fechada que a dação de pagamento de bem móvel é forma de extinção de crédito tributário – FALSO ADI 2405 EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade: medida cautelar: L. estadual (RS) 11.475, de 28 de abril de 2000, que introduz alterações em leis estaduais (6.537/73 e 9.298/91) que regulam o procedimento fiscal administrativo do Estado e a cobrança judicial de créditos inscritos em dívida ativa da fazenda pública estadual, bem como prevê a dação em pagamento como modalidade de extinção de crédito tributário. I - Extinção de crédito tributário criação de nova modalidade (dação em pagamento) por lei estadual: possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas de quitação de seus próprios créditos tributários. Alteração do entendimento firmado na ADInMC 1917-DF, 18.12.98, Marco Aurélio, DJ 19.09.2003: conseqüente ausência de plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 146, III, b, da Constituição Federal, que reserva à lei complementar o estabelecimento de normas gerais reguladoras dos modos de extinção e suspensão da exigibilidade de crédito tributário. II - Extinção do crédito tributário: moratória e transação: implausibilidade da alegação de ofensa dos artigos 150, § 6º e 155, § 2º, XII, g, da CF, por não se tratar de favores fiscais. III - Independência e Separação dos Poderes: processo legislativo: iniciativa das leis: competência privativa do Chefe do Executivo. Plausibilidade da alegação de inconstitucionalidade de expressões e dispositivos da lei estadual questionada, de iniciativa parlamentar, que dispõem sobre criação, estruturação e atribuições de órgãos específicos da Administração Pública, criação de cargos e funções públicos e estabelecimento de rotinas e procedimentos administrativos, que são de iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, § 1º, II, e), bem como dos que invadem competência privativa do Chefe do Executivo (CF, art. 84, II). Conseqüente deferimento da suspensão cautelar da eficácia de expressões e dispositivos da lei questionada. IV - Participação dos Municípios na arrecadação de tributos estaduais. 1. IPVA - Interpretação conforme, sem redução de texto, para suspensão da eficácia da aplicação do § 3º do art. 114, introduzido na L. 6.537/73 pela L. 11.475/2000, Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 6 com relação ao IPVA, tendo em vista que, ao dispor que "na data da efetivação do respectivo registro no órgão competente deverá ser creditado, à conta dos municípios, 25% do montante do crédito tributário extinto", interfere no sistema constitucional de repartição do produto da arrecadação do IPVA (50%). 2. Deferimento da suspensão cautelar do § 3º do art. 4º da L. 11.475/2000 ("Os títulos recebidos referentes às parcelas pertencentes aos municípios, previstas no inciso IV do art. 158 da Constituição Federal, serão convertidos em moeda, corrente nacional e repassados a esses, pela Secretaria da Fazenda, no dia do resgate dos certificados"), pois a norma deixa ao Estado a possibilidade de somente repassar aos Municípios os 25% do ICMS só quando do vencimento final do título, que eventualmente pode ter sido negociado. V - Precatório e cessão de crédito tributário: plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 100, da CF, pelos arts. 5º e seu parágrafo único e 6º, ambos da lei impugnada, que concedem permissão para pessoas físicas cederem a pessoas jurídicas créditos contra o Estado decorrentes de sentença judicial, bem como admitem a utilização destes precatórios na compensação dos tributos: deferimento da suspensão cautelar dos mencionados preceitos legais. VI - Licitação (CF, art. 37, XXI) - não ofende o dispositivo constitucional o art. 129 da L. 6.537/73 c/ a red. L. 11.475/00 - que autoriza a alienação dos bens objetos de dação por valor nunca inferior ao que foi recebido e prevê a aquisição de tais bens por município, mediante o pagamento em prestações a serem descontadas das quotas de participação do ICMS. VII - Demais dispositivos cuja suspensão cautelar foi indeferida. (ADI 2405 MC, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2002, DJ 17-02-2006 PP-00054 EMENT VOL-02221-01 PP-00071 LEXSTF v. 28, n. 327, 2006, p. 14-56) Nota (Quanto ao caráter não sancionatório do tributo): - Progressividade fiscal – IPTU Tem como objetivo arrecadar (quanto maior a renda, maior a alíquota do IPTU). Princípio da capacidade tributária: Deve-se tributar respeitando a capacidade contributiva/econômica de cada um. Art. 156 - CF. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) - Progressividade extrafiscal do IPTU Tem como objetivo principal regular, controlar, determinada situação. Alguns autores chamam esta forma de cobrança de IPTU de “IPTU SANÇÃO” Art. 182 - CF. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de 2016) Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 7 § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamentoou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo (trata-se do IPTU com progressividade fiscal – regulado pelo art. 7.º do Estatuto da Cidade1); III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. (1) Art. 7.º Estatuto da Cidade: Estipula regras para cobrança do IPTU progressivo no tempo. - Pode ser cobrado no prazo MÁXIMO de 5 anos; - De um ano para outro – a alíquota do IPTU pode, no MÁXIMO, DOBRAR; - A alíquota máxima a ser alcançada (“teto”) é de 15% - em respeito ao Princípio da Vedação do Confisco (nenhum tributo pode ser confiscatório). Do IPTU progressivo no tempo Art. 7o – Estatuto da Cidade - Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos. § 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento. § 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o. § 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata este artigo. IMPORTANTE: Ler o art. 146 – CF, pois geralmente cai em prova. Art. 146 - CF. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 8 III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) EM DIREITO TRIBUTÁRIO, NÃO SE FAZ NADA SEM LEI. Ø Sistema Tributário Nacional 1. Limitações constitucionais ao poder de tributar Princípios Imunidades Limitações positivas ao poder de tributar. Limitações negativas ao poder de tributar. A imunidade se trata de uma proibição. Retira a competência do ente federativo. Ex. Exportador está imune de pagamento de ICMS. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 9 1.1. Princípio da legalidade/da tipicidade (art. 150, inciso I – CF) Art. 150 - CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; A criação/extinção (Princípio do paralelismo das formas) dá-se por lei em sentido estrito1. (1) Lei em sentido estrito: - Lei ordinária; - Lei complementar; - Lei delegada; - Medida provisória. Muito embora os veículos legislativos atendam ao conceito de lei em sentido estrito, EXISTEM 4 TRIBUTOS RESERVADOS A LEI COMPLEMENTAR, QUAIS SEJAM: a) Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, inciso VII – CF) Tem autor que define que a exigência de lei complementar não diz respeito à criação, mas somente à definição do que seria grande fortuna (DOUTRINA ULTRAMINORITÁRIA); Art. 153 - CF. Compete à União instituir impostos sobre: VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. b) Empréstimos compulsórios (art. 148 – CF) As causas justificadoras do empréstimo compulsório (guerra externa, calamidade pública, etc.) NÃO SÃO SEU FATO GERADOR. Trata-se de tributo causal, ou seja, depende das causas justificadores para eventualmente ser criado. Não se sabe qual é o fato gerador do empréstimo compulsório. Conquanto, sabe-se que este pode ser criado por meio de lei complementar, que definirá seu fato gerador. É a única espécie tributária que deve ser devolvida. Art. 148 - CF. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 10 c) Impostos residuais (art. 154, inciso I – CF) Regras para criação de imposto residual: 1) Lei Complementar; 2) Fato gerador RESIDUAL ≠ fato gerador “ordinário” (aqueles já previstos nos tributos dispostos pela CF); 3) Não cumulatividade Tem como objetivo evitar a onerosidade excessiva de uma cadeia produtiva. Tudo aquilo pago pelo posterior na cadeia que já foi pago pelo anterior vira crédito. Ex. A paga 10 à B paga 20 à C paga 30. Com o princípio da não cumulatividade: A paga 10 à B paga 10 (20-10) à C paga 10 (30-20). Art. 154 - CF. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não- cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas ascausas de sua criação. d) Contribuições de seguridade social compulsórios (art. 195, §4º – CF) Regras para criação de contribuição social residual: 1) Lei Complementar; 2) Fato gerador RESIDUAL ≠ fato gerador “ordinário” (aqueles já previstos nas contribuições sociais ordinárias); 3) Não cumulatividade Art. 195 - CF. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. IMPORTANTE: Deve-se comparar imposto somente com imposto e contribuição com contribuição. Assim, contribuição pode ter fato gerador igual à de imposto. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 11 1.1.1. Exceções ao princípio da legalidade (art. 150, inciso I – CF) Aumentar Alíquotas Reduzir Definir a) Impostos extrafiscais (art. 153, §1º - CF) – Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Produto Industrializado, Imposto Sobre Operações Financeiras Assim, o executivo, por meio de decreto, poderá aumentar ou reduzir as ALÍQUOTAS dos impostos em comento. Art. 153 - CF. Compete à União instituir impostos sobre: § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. IMPORTANTE: A base de cálculo somente pode ser alterada com lei em sentido estrito. SEÇÃO I Impostos sobre a Importação Art. 21 - CTN. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto (NÃO FOI RECEPCIONADO PELA CONSTITUIÇÃO – DESCONSIDERAR), a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Se, na questão, verificar-se que se está cobrando a literalidade da lei e as demais assertivas estiverem bastante incorretas, considerar correta. SEÇÃO II Imposto sobre a Exportação Art. 26 - CTN. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. SEÇÃO IV Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários Art. 65 - CTN. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 12 b) CIDE – Combustível (art. 177, §4º, inciso I, alínea b – CF) O fisco poderá reduzir e REESTABELECER a alíquota da CIDE combustível. art. 177 – CF - § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) c) ICMS monofásico (art. 155, §4º, inciso IV – CF) Não foi criado. Ao longo de uma cadeia produtiva, somente incidirá apenas uma vez, sendo na etapa em que a lei eventualmente disser. A LEI COMPLEMENTAR APENAS DISPORÁ SOBRE A LISTA DE COMBUSTÍVEL (ETAPA ANTERIOR). O ICMS MONOFÁSICO PODE SER CRIADO POR LEI EM SENTIDO ESTRITO. São necessários para sua criação: 1.ª parte: Uma lista, por meio de lei complementar, dizendo quais serão os combustíveis e lubrificantes podem ser tributados pelo ICMS monofásico; 2ª parte: Então, o estado (ICMS é imposto estadual) deve criar o imposto em seu território; 3º parte: alíquota – será definida pela assinatura de um convênio firmado pelo poder executivo dos estados e do Distrito Federal. Art. 155 - CF. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) XII - cabe à lei complementar: h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda Constitucional nº 33, de 2001) § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 13 a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 14 23/08/17 Nota: 1) Art. 97, §1º, §2º - CTN Atualização base de cálculo do IPTU – decreto. Municípios utilizavam-se da atualização, por meio de decreto (que não é lei em sentido estrito) para majorar o tributo, recaindo na vedação do §1º supra. Essa situação resultou na súmula 160 do STJ. Art. 97 - CTN. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Súmula 160 – STJ É defeso, ao Município, atualizaro IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. 2) Benefício fiscal – art. 150, §6º - CF A constituição diz que o benefício fiscal deve ser dado mediante lei em sentido estrito. Ademais, o STF entende que a lei deve ser específica, ou seja, deve ter pertinência temática. CONTUDO, PARA BENEFÍCIO FISCAL DE ICMS DEVE SER FEITO POR MEIO DE CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIO (CELEBRADO E RATIFICADOS PELOS ESTADOS E DISTRITO FEDERAL) QUE, POR SUA VEZ, É REGULADO PELA LEI COMPLEMETAR 24/75. Visa o respeito à cláusula pétrea da forma federativa do estado. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 15 Caso desrespeitada esta regra, o Governador do Estado pode ajuizar ADI para declarar a Lei que trouxe o benefício inconstitucional. O STF, nesse caso, pode, no máximo, modular os efeitos da inconstitucionalidade. Ex. Se um estado quer dar benefício fiscal para incentivar a venda de tablet em São Paulo, deve consultar os demais estados e Distrito Federal. art. 150 – CF - § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 3) Relativizações do princípio da legalidade pelo STF O STF vem relativizando o princípio da legalidade. A função de um decreto é dar cumprimento à lei, ou seja, não pode dizer mais que a lei disse. Houve um caso da ART, uma taxa referente à responsabilidade técnica (relacionada a engenheiros). A lei da ART traz todas as hipóteses para que esse tributo seja criado, em respeito ao princípio da legalidade. Contudo, essa própria lei delegou para o CREA fixar o valor do tributo. A lei traz as diretrizes do tributo e o teto da taxa, delegando ao CREA a fixação do valor, desde que respeitado o teto. Nesse caso, trata-se de uma relativização do princípio da legalidade, pois, a rigor, isso não poderia ser aceito. “Não se diz que não se precisa de lei, mas somente que esse julgado recente relativizou o princípio da legalidade.” RE 838284 EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. TAXA PARA EMISSÃO DE ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA. LEI Nº 6.994/82. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. FIXAÇÃO DE VALOR MÁXIMO. Possui repercussão geral a matéria alusiva à validade da exigência da taxa para expedição da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), baseada na Lei nº 6.994/82 a qual estabeleceu limites máximos para a ART, até o valor de 5 MVR, considerada a exigência do art. 150, I, da Constituição. (RE 838284 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 01/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-202 DIVULG 07-10-2015 PUBLIC 08-10-2015 ) 1.2. Princípio da isonomia/igualdade (art. 150, inciso II – CF) e 1.3. Princípio da capacidade contributiva/econômica (art. 145, §1º - CF) Na prova, geralmente caem casos hipotéticas. 1.2.1. Princípio da isonomia Tratar os iguais com igualdade e os desiguais com desigualdade, na medida desta. Ex. Taxa judiciária – por ter natureza de tributo, uma vez realizado seu fato gerador (a utilização de um serviço público específico e divisível/ut singuli– quem e quanto esta usando o serviço), ela é obrigatória. ESTA TAXA DEVE TER UM TETO, uma vez que taxa é um tributo pautado pelo princípio da referibilidade (o valor da taxa não pode ser muito superior àquele que o Estado gastou para prestar o serviço, exercer o poder de polícia). Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 16 “Ao se ajuizar uma ação, deve-se pagar a taxa, sendo esse o motivo da fixação do valor da causa na exordial.” De outra sorte, há o benefício da justiça gratuita que confere isenção, implementando o princípio da igualdade/isonomia. Respeita o art. 5º, inciso XXXV – CF (vide abaixo). Adiante, leis estaduais estavam criando isenções da taxa judiciária a magistrados e servidores, violando o princípio da igualdade. O STF julgou diversas leis nesse sentido inconstitucionais. 1.2.2. Princípio da capacidade contributiva/econômica Deve-se participar com o produto da arrecadação tributária de acordo com a capacidade. É pautado no princípio da isonomia. Contraexemplo. Nos impostos reais, como, por exemplo, no IPTU, é muito mais difícil a gradação. O valor do IPTU é fixado pelo valor do imóvel. Ex. Imposto de renda, sendo um imposto pessoal, viabiliza a gradação. “despesas a deduzir”. A letra da constituição refere-se a impostos (vide abaixo), no entanto, o STF diz que, sempre que possível, o princípio da capacidade tributária será aplicada a todas as espécies tributárias. Art. 150 - CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; Art. 145 – CF. § 1º Sempre que possível (muitas questões de prova retiram a expressão “que possível”, afirmando que o princípio da capacidade contributiva sempre será aplicado), os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Art. 5º - CF. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 1.2.3. Jurisprudência 1.2.3.1. (Princípio da) Progressividade fiscal (NÃO É EXTRAFISCAL) A progressividade é, também, um princípio. Progressividade significa desproporção. Um tributo progressivo será desproporcional. Alíquotas DIFERENTES incidindo em bases de cálculo DIFERENTES. “Progressividade é sinônimo de desproporção.” Ex. Imposto de renda. Princípio da universalidade (todos os bens), generalidade (vai incidir sobre todo mundo), progressividade (a alíquota aumentará de acordo com a base de cálculo apresentada). Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 17 Até 1200 – isento; 1201 a 2000 – 7,5% (...) acima de 4001 – 27,5%. Contraexemplo. IPVA – todo mundo, proporcionalmente, paga a mesma coisa, uma vez que a alíquota é a mesma. O STF sempre teve o posicionamento de que, para que o tributo seja progressivo, dever-se-ia haver previsão na Constituição EM SENTIDO EXPRESSO – (Ex. Imposto de Renda, IPTU). Imposto de Renda art. 153, §2º - CF – III - renda e proventos de qualquer natureza; § 2º O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; Art. 156 - CF. I - propriedade predial e territorial urbana; § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 29, de 2000) Até 2013, o STF dizia que o ITCD não poderia ser progressivo (fiscal). Após 2013, o STF passou a dizer que o ITCD PODE ser PROGRESSIVO, sob a prerrogativa de que não é necessária a previsão expressa na Constituição, mas sim somente em razão do princípio da capacidade contributiva inserto no mesmo codex (vide acima). 1.2.3.1.1. Contribuição Social de Iluminação Pública - COSIP – CIP (art. 149-A – CF) Taxa à serviço público específico/divisível. Contraexemplo. Iluminação pública é serviço público, todavia não específico e divisível (ut universi). Diante dessa situação, redigidas as súmula abaixo. Súmula 670 - STF O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Súmula vinculante 41 O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Diante desse cenário, instituída a COSIP, no art. 149-A da CF. O STF diz que este tributo é constitucional. Piorou a situação do contribuinte, pois a iluminação pública passou a ser tributada por meio de contribuições sociais que, por sua vez, é um tributo de fato gerador não vinculado. Competência tributária para criar COSIP – municípios e DF que podem criar “para pagar a conta de luz”. Nas ADI`s 4697 e 4762, o STF decidiu que a COSIP pode ser progressiva. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 18 Art. 149-A – CF - Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Nota: - Taxa e contribuição de melhoria têm fato gerador vinculado, ou seja, para que sejam cobrados, o Estado deve fornecer algum serviço. - STF entende que contribuição social e imposto podem ter o mesmo fato gerador. 1.2.3.2. Sigilo de dados (bancários) (art. 5º, inciso XII - CF) vs. direito de fiscalização/ter acesso às informações do contribuinte (art. 145, §1º - CF) O STF julgou as ADI`s 2390, 2386, 2397 e 2859 improcedentes, alegando que o art. 6º da Lei Complementar 105 é constitucional devido ao princípio da capacidade contributiva. Assim, é autorizado ao fisco ter acesso aos dados bancários sem necessidade de autorização judicial devido ao princípio da capacidade contributiva. Art. 6o – Lei Complementar 105 - As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (Regulamento) Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. art. 5º - CF - XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) Art. 145 – CF. § 1º Sempre que possível (muitas questões de prova retiram a expressão “que possível”, afirmando que o princípio da capacidade contributiva sempre será aplicado), os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos (tributar de acordo com a capacidade contributiva), identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 19 1.4. Princípio da não surpresa (art. 150, III – CF) Formado pela união dos princípios infra. Protege os princípios da confiança e da segurança jurídica. “VEDA UMA SUPRESA ‘RUIM’/’DESAGRADÁVEL’ AO SUJEITO PASSIVO.” 1.4.1. Princípio da irretroatividade (art. 150, III, a – CF) Bastante ligado à ideia de vigência da lei. Toda vez que se tem a criação/aumento de um tributo, ele somente pode ser cobrado a partir da vigência da norma que o criou/aumentou. “É da vigência para frente.” Contraexemplo. Imposto sobre grandes fortunas está previsto na Constituição, contudo ainda não existe. Quando for criado, deve ser por lei complementar. Se, eventualmente, criar o imposto sobre grandes fortunas, esse somente poderá ser cobrado a partir do momento em que a lei entrar em vigor. Se a lei entrar em vigor em agosto de 2017, a lei fixar que o fato gerador ocorrerá de 1.º de janeiro de 2017 a 31 de janeiro de 2017, ela retroagiu, desrespeitando o princípio da irretroatividade. Ex. No caso supra, somente poderá haver fato gerador a partir de agosto de 2017. 1.4.1.1. Exceções 1.4.1.1.1. Lei interpretativa (art. 106, I – CTN) A lei interpretativa RETROAGIRÁ. Nada mais é que a interpretação autêntica (quando o Poder Legislativo interpreta uma lei elaborada por ele mesmo). 1.4.1.1.1.1.1. Tese dos 5+% - STJ – NÃO MAIS VIGENTE em razão da LC 118/05 O fisco pode homologar o tributo (vide lançamento por homologação na nota abaixo) por meio da: a) homologação expressa e b) homologação tácita (passados 5 anos da data do fato gerador do tributo sujeito ao lançamento por homologação, esse estará homologado tacitamente (salvo exceções, a serem estudadas a posteriori). Se o tributo homologado tacitamente for pago a maior, o lançamento será dado 5 anos depois do pagamento antecipado. Assim, o pagamento indevido caracterizar-se-á em 5 anos, no momento do lançamento. Diante do narrado, para o STJ, a repetição do indébito (vide art. 168 abaixo), poderia ser pleiteada em 5 anos a partir do lançamento. Em caso de ajuizamento dessas ações, então, poder-se-ia cobrar o valor pago indevidamente dos últimos 10 anos. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 20 Contudo, a Lei 118/05, que se considerou lei interpretativa para retroagir, excluiu os primeiros 5 anos. O STJ, noutro passo, definiu que a lei não era interpretativa por ferir a tripartição dos poderes, determinando que esta NÃO poderia retroagir. Logo, o STJ definiu que até junho de 2005 se poderia requerer retroativamente a 10 anos e, a partir dessa data, somente 5 anos. Art. 106 - CTN. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; Art. 168 - CTN. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005) Art. 3o - Lei Complementar 118/05 - Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Nota: - Há três formas de um lançamento(forma de constituição) de um tributo: a) Lançamento de ofício: O fisco já tem todas as informações que precisa para lançar o crédito tributário. Esse, então, pega as informações do sistema e lança. Ex. IPTU. Ex2. Imposto de importação de bagagem acompanhada (vide abaixo) quando o contribuinte não declara os bens. O fisco lança de ofício. Deve-se pagar o tributo e a multa. b) Lançamento por declaração: O sujeito passivo deve prestar as primeiras informações para o fisco, para que este tenha informações suficientes para lançar a obrigação. Ex. Imposto de importação de bagagem acompanhada (Não é para que importa habitualmente). Deve-se entrar na fila do bem a declarar e informar quais bens foram comprados no exterior e o valor. Com base nessas informações, o fisco terá dados para tributar o contribuinte. Contraexemplo. IMPOSTO DE RENDA (TRIBUTO POR HOMOLOGAÇÃO). A DECLARAÇÃO É OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. c) Lançamento por homologação: Antes do fisco fazer qualquer coisa, o sujeito passivo deve calcular, declarar e recolher o valor do tributo que acha devido. O lançamento será efetuado quando o fisco homologa. Sujeito passivo nunca lança tributo. Lançamento é ato privativo do fisco. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 21 Ex. Imposto de renda - sujeito passivo empregado tem o valor retido na fonte. Autônomos têm o carnê leão. 1.4.1.1.2. Retroação benigna SOMENTE APLICÁVEL PARA MULTA. “Deixa de ser multa, a multa passa a ser mais barata, etc.” Deve ser multa + melhora a vida do sujeito passivo + ato deve estar pendente. Ex. Em 2012, Astolfo realizou o fato gerador de um tributo e de uma multa. Na época do fato gerador, 2012, a alíquota do tributo era de 15% e a da multa era de 80%. Em 2014, foi lavrado auto de infração em face de Astolfo em razão do não pagamento. Todavia, em 2013, lei reduziu a alíquota do tributo para 10% e da multa para 30%. No auto de infração, em 2014, exigia-se de Astolfo o tributo de 15% e a multa de 80%. DEVE-SE FAZER A ANÁLISE EM SEPARADO DO TRIBUTO E DA MULTA. Análise da multa: i. É multa; ii. A lei melhorou a vida do sujeito passivo; iii. Multa ainda pendente. Assim, a multa retroagirá, ainda que não expressamente previsto na lei, devendo-se ser cobrada a alíquota de 30%. Se a multa já tivesse sido paga, e a lei expressamente trouxer a retroação (traz um benefício fiscal – não pode ser concedido por decreto), retroagiria. Análise do tributo (vide art. 144 – CTN abaixo) A alíquota do tributo será referente àquela vigente à época do fato gerador. Assim, deve ser cobrada a alíquota de 15%. Contraexemplo. Processo administrativo com decisão transitada em julgado fixou multa em 75%. Logo após, houve alteração legislativa para 50%. Assim, na situação narrada, o ato ainda estaria pendente, pois não foi transitado em julgado na esfera judicial. Isto posto, RETROAGIRIA. Art. 106 - CTN. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 22 Art. 144 - CTN. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. 1.4.1.1.3. Aumento poderes fiscalização e Maiores garantias e privilégios para o crédito tributário a) Aumento poderes fiscalização Ex. Em 2013, o fisco não poderia acessar os dados de cartão de crédito e o sujeito passivo pagou 2 mil reais de imposto com base na declaração. Em 2014, lei permite acesso aos dados do cartão de crédito. Em 2015, o sujeito passivo cai na malha fina, e o fisco pede os dados de cartão de crédito daquele de 2013. O FISCO PODERÁ TER ACESSO AOS DADOS DE CARTÃO DE CRÉDITO DO SUJEITO PASSIVO DE 2013. “O fisco não estará mexendo no fato gerador, mas sim o sujeito passivo que estava sonegando.” O FISCAL, EM 2015, NÃO PODE MEXER NO FATO GERADOR. b) Maiores garantias e privilégios para o crédito tributário Ex. Em 2013, o fisco entra com ação de execução fiscal para cobrar IPTU cujo fato se deu em 2010. Na ocasião, o fisco não encontra nenhum bem em nome do sujeito passivo. Em 2014, é criado o BACENJUD por meio de lei. Assim, no bojo da execução fiscal de 2013, poder-se-á utilizar o BACENJUD. Contraexemplo. No exemplo acima, a lei que criou o BACENJUD também determina que o cônjuge também terá responsabilidade tributária. NESTE CASO, O CÔNJUGE NÃO PODERÁ RESPONDER, POIS A LEI NÃO PODERÁ RETROAGIR (VIDE EXCEÇÃO DO ARTIGO DESTACADA ABAIXO). Art. 144 - CTN. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso (GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO), para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. SUPERIMPORTANTE: A Constituição NÃO traz ao princípio da irretroatividade. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 23 08/09/17 Não há como se estudar os princípios da anterioridade de forma dissociada. 1.4.2. Princípio da anterioridade do exercício financeiro (art. 150, III, b – CF) e 1.4.3. Princípio da anterioridade nonagesimal/noventena/mitigada/noventídio (art. 150, III, c – CF) a) Princípio da anterioridade do exercício financeiro: III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Toda vez que se tiver um aumento da carga tributária, ou seja, quando se tem criação/majoração de um tributo, deve-se esperar o exercício financeiro seguinte (“virada do ano”) para começar a cobrar. “Somente se pode cobrar no dia 1º de janeiro do ano seguinte à publicação da lei que criou ou que aumentou o tributo.” b) Princípio da anterioridade nonagesimal: art. 150 – CF -Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 90 dias ≠ 3 meses à deve-se levar em consideração os meses que têm 30, 31 e 28 dias. c) Considerações gerais i. Regra: Criação/aumento de tributo, observa-se TANTO A ANTERIORIDADE DO EXERCÍCIO FINANCEIRO QUANTO A ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. Ex. ITR (não é exceção, respeita as duas anterioridades) teve majoração da alíquota em setembro de 2017. i. Anterioridade do exercício financeiro: pode-se cobrar em 1º de janeiro de 2018. ii. Anterioridade nonagesimal: Em algum dia de dezembro de 2017, respeitada a noventena. Como se deve aplicar os dois de forma conjunta, ESCOLHE-SE A DATA MAIS DISTANTE. NÃO É SOMAR. ANALISA-SE SEPARADAMENTE E, APÓS, ESCOLHE-SE A DATA MAIS LONGÍNQUA.Assim, in casu, a data seria 1º de janeiro de 2018. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 24 i. Exceção (IMPORTANTE): Cobrança IMEDIATA Só 90 dias (noventena) Só virada do ano (exercício) - Impostos extrafiscais1 (EXCETO IPI) Imposto de importação; Imposto de exportação e Imposto sobre Operações Financeiras. - Tributos relacionados à GUERRA: Imposto Extraordinário de Guerra (se instituído em caso de guerra, poderá ser cobrado imediatamente, ante à urgência das circunstâncias) Empréstimo compulsório2 (GUERRA EXTERNA OU SUA IMINÊNCIA E CALAMIDADE PÚBLICA) - IPI - Contribuições de Seguridade Social (art. 195 – CF): Aquelas que vão financiar os direitos sociais à Saúde, Assistência e Previdência (“Tecla SAP”). Ex. PIS, Cofins, CSLL, Contribuição sobre Folha de Salário. - Reestabelecimento da alíquota CIDE COMBUSTÍVEL Pode ser por decreto (exceção ao princípio da legalidade) e somente respeita os 90 dias. Aumentar alíquota CIDE Combustível – não pode ser por decreto e deve respeitar ambas as anterioridades. - Reestabelecimento ICMS MONOFÁSICO. - Imposto de Renda - BASE DE CÁLCULO (NÃO ALÍQUOTA E NÃO É AUMENTO DO TRIBUTO) DO IPTU E DO IPVA “Se aumentar a alíquota do IPTU E IPVA – duas anterioridades” “Se aumentar o IPTU e o IPVA – duas anterioridades” “Se aumentar a base de cálculo (Ex. Valor venal do automóvel) – somente anterioridade do exercício financeiro, isto é, basta esperar a virada do ano.” “Somente na virada do ano que se consegue apurar os efeitos da inflação na propriedade.” (1) Impostos extrafiscais: Dos impostos extrafiscais que são exceção à legalidade (importação, exportação, IOF e IPI), somente 3 são imediatos, quais seja, importação, exportação e IOF, pois, para regular determinada situação, não pode haver embaraço. O IPI não é considerado tributo imediato, sendo tributo indireto (vide nota abaixo), motivo pelo qual não figura no rol dos tributos de cobrança imediata. (2) Empréstimo compulsório: Pode ser criado diante das seguintes situações: a) Guerra externa ou sua iminência (inciso I): IMEDIATO b) Calamidade pública (inciso I): IMEDIATO c) Investimento público de relevante/urgente interesse nacional: RESPEITA AS DUAS ANTERIORIDADES Art. 148 - CF. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". (ERRO DO CONSTITUINTE – RESPEITA TANTO A NOVENTENA QUANTO A Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 25 ANTERIORIDADE DO EXERCÍCIO FINANEIRO, POIS, QUANDO, EM 2003, OCASIÃO EM QUE EMENDARAM A CONSTITUIÇÃO PARA INCLUIR A ANTERIORIDADE NONAGESIMAL, DEVERIAM TER ALTERADO ESSA ALÍNEA, NO ENTANTO SE ESQUECERAM – O ART. 150, §1º - CF, TRAZ AS EXCEÇÕES, MAS NÃO CITA A ALÍNEA II, MOTIVO PELO QUAL SE VERIFICA QUE ELA RESPEITA AMBAS AS ANTERIORIDADES). Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. CONTRIBUIÇÕES DE SEGURIDADE SOCIAL - art. 195 – CF - § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". CIDE COMBUSTÍVEL - art. 177 – CF - § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) ICMS Monofásico – Art. 155 - CF. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) XII - cabe à lei complementar: h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda Constitucional nº 33, de 2001) § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 26 Nota: - Tributos diretos vs. indiretos: a) Tributos indiretos: Há o repasse, há repercussão do ônus tributário, ou seja, aquilo que o contribuinte/sujeito passivo recolhe, pode embutir no preço final do produto, serviço e mercadoria. Ex. IPI/ICMS/ISS. Ex – IPI. Industrial pratica fato gerador do IPI. Deve recolher para a União. Custo + lucro do produto = R$180,00. Valor do IPI = R$20,00. Pode-se embutir os R$20,00 do IPI no preço final do produto, ou seja, vender-se-ia o produto por R$200,00. “Por essa possibilidade de se embutir no preço final é que se diz que há o repasse ou repercussão do ônus tributário.” Por essa razão, o STJ criou a nomenclatura do contribuinte de fato e contribuinte de direito que, a seu turno, somente são encontrados nos tributos indiretos. i. Contribuinte de direito: aquele que figura na relação jurídica obrigacional (Ex supra. Industrial – designado pela lei como sendo aquele que tem que recolher o IPI). ii. Contribuinte de fato: quem de fato paga o tributo (Ex supra. Comprador do produto). IPI já foi considerado tributo imediato, todavia não mais o é (quando mudava, indústria tinha dificuldades de se adequar e passar o valor correto para o consumidor final). IMPORTANTE: 1) Princípios da anterioridade (noventena e do exercício financeiro) e multa - Aplicam-se os princípios da anterioridade quando se trata de MULTA? A multa é instituída para barrar a prática de determinada conduta. Dessa feita, seria ilógico aplicar os princípios da anterioridade à multa. Assim, a multa não respeita os princípiosda anterioridade (caso contrário, seria um “salvo conduto” para que se praticasse a conduta ao longo do tempo que a multa não pudesse produzir seus efeitos). - Irretroatividade está ligado à ideia de vigência da lei, ao passo que anterioridade se refere à eficácia da norma jurídica. 2) Extinção e redução do tributo não tem que respeitar o princípio da anterioridade Os princípios da irretroatividade e anterioridade, espécies do princípio da não surpresa, protegem o SUJEITO PASSIVO e não o fisco. No caso da redução, trata-se de uma “surpresa boa”. Assim, não é necessário respeitar o princípio da anterioridade. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 27 - A lei pode determinar quando entrará em vigor (Ex. Extinguirá o Imposto de Renda daqui a 10 anos). NÃO TEM RELAÇÃO COM O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE, mas sim com a vigência que é um pressuposto para aplicação da eficácia. 3) Não se aplica a anterioridade às obrigações acessórias (obrigações instrumentais) Ex. Vencimento do tributo ocorria a todo dia 18 de cada mês. A lei diz que o tributo vai vencer dia 7 de cada mês. UM VEÍCULO NORMATIVO QUE NÃO SEJA LEI EM SENTIDO ESTRITO PODE CRIAR OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA (EX. DECRETO PODE ALTERAR A DATA DE VENCIMENTO DO TRIBUTO – OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – ESTÁ LIGADA AO ASPECTO QUANTITATIVO DO TRIBUTO). Nesse caso, o STJ disse que não tem que se respeitar o princípio da anterioridade. “Norma legal que altera o prazo do vencimento do tributo NÃO SE SUJEITA AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE.” Súmula Vinculante 50 Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Súmula 669 - STF Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Diante das inúmeras irresignações, transformada em súmula vinculante (vide acima). 4) Lei que reduz ou extingue desconto legalmente previsto não respeita o princípio da anterioridade Lei dá desconto em determinado tributo (necessária lei, pois se trata de benefício fiscal). Vem outra lei e diz que não mais há desconto. NÃO INCIDE PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. NÃO É AUMENTO DE TRIBUTO – REDUÇÃO EXTINÇÃO DE DESCONTO LEGALMENTE PREVISTO – INCIDE DE FORMA IMEDIATA! ADI 4016/PR - Ementa Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. 2. Art. 3º da Lei nº 15.747, de 24 de dezembro de 2007, do Estado do Paraná, que estabelece como data inicial de vigência da lei a data de sua publicação. 3. Alteração de dispositivos da Lei nº 14.260/2003, do Estado do Paraná, a qual dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA. 4. Alegada violação ao art. 150, III, alínea c, da Constituição Federal. 5. A redução ou a extinção de desconto para pagamento de tributo sob determinadas condições previstas em lei, como o pagamento antecipado em parcela única, não pode ser equiparada à majoração do tributo em questão, no caso, o IPVA. Não-incidência do princípio da anterioridade tributária. 6. Vencida a tese de que a redução ou supressão de desconto previsto em lei implica, automática e aritmeticamente, aumento do valor do tributo devido. 7. Medida cautelar indeferida. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 28 Nota: - Teoria da norma tributária (Geraldo Ataliba): A norma tributária é dividida em dois blocos, quais sejam (pode-se encontrar classificações pouco diferentes em outros autores, mas essa é matriz): a) Hipótese de incidência Os aspectos abaixo devem estar previstos em lei em sentido estrito. i. Aspecto material – Situação narrada na lei que, se acontece, gera o nascimento do tributo. (Ex. IPTU – propriedade de um imóvel) ii. Aspecto pessoal – Em quem o tributo vai incidir e quem pode cobrar. (Ex. IPTU – Município pode cobrar e quem deve pagar é o proprietário, possuidor com animus domini, etc.) iii. Aspecto espacial – Onde a situação deve ocorrer para que o tributo nasça. (Ex. IPTU – imóvel localizado na zona urbana de um município) iv. Aspecto temporal – Quando a situação deve ocorrer. (Ex. IPTU – fato gerador ocorre aos 1º de janeiro de cada ano) Se todos os aspectos ocorrerem, configurado o FATO GERADOR, rumando-se para o mandamento/consequente. b) Mandamento/consequente i. Aspecto operacional – Como/onde/quando pagar. (Ex. IPTU – A lei municipal pode dizer que se pagar o IPTU até 28 de janeiro, ter-se-á 10% de desconto ou pode pagar parcelado em até 6x sem o desconto. Deve-se pagar na Caixa Econômica Federal, etc.) (Legislação – Ex. Vide alteração do vencimento supra) ii. Aspecto quantitativo – Base de cálculo e alíquota (Ex. IPTU – Base de cálculo – valor venal, alíquota – depende – pode ser progressiva, etc. – “a lei vai dizer”) (Via de regra – lei em sentido estrito – a ALÍQUOTA de alguns tributos é exceção – vide acima) iii. Aspecto pessoal – A lei pode elencar responsável tributário, pode haver delegação de capacidade tributária ativa (Somente por lei em sentido estrito) 5) Polêmica – Revogação de benefício fiscal i. Jurisprudência (conjunto de decisões reiteradas num sentido): Aplicação imediata, ex vi Súmula 615 – STF. Súmula 615 - STF O princípio constitucional da anualidade (§ 29 do art. 153 da Constituição Federal) não se aplica à revogação de isenção do ICM. ii. 2014 (RE 564.225) – “Alteração do aspecto quantitativo da norma jurídico tributária (que represente surpresa negativa ao sujeito passivo) equivaleria a majoração, devendo-se respeitar os princípios da anterioridade. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 29 Lei que reduzia base de cálculo de determinado tributo e ela foi REVOGADA. De certa forma, é redução de benefício fiscal. A jurisprudência consolidada dizia que era imediato. Contudo, o STF, em 2014, começou a indicar possível mudança jurisprudência (DECISÃO ISOLADA DA PRIMEIRA TURMA DO STF)l. Começou a versar sobre o princípio da anterioridade, não surpresa, confiança. Base de cálculo é um dos elementos do aspecto quantitativo do mandamento/consequente. Assim, disse que TODA ALTERAÇÃO DO ASPECTO QUANTITATIVO DA NORMA JURÍDICO TRIBUTÁRIA REPRESENTARIA UMA MAJORAÇÃO. RE 564.225 - EMENTA: IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS SERVIÇOS – DECRETOS No 39.596 E No 39.697, DE 1999, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – REVOGAÇÃO DE BENEFÍCIO FISCAL – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE – DEVER DE OBSERVÂNCIA – PRECEDENTES. Promovido aumento indireto do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS por meio da revogação de benefício fiscal, surge o dever de observância ao princípio da anterioridade, geral e nonagesimal, constante das alíneas “b” e “c” do inciso III do artigo 150, da Carta. Precedente – Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade no 2.325/DF, de minha relatoria, julgada em 23 de setembro de 2004. MULTA – AGRAVO – ARTIGO 557, § 2o, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Surgindo do exame do agravo o caráter manifestamente infundado, impõe-se a aplicação da multa prevista no § 2o do artigo 557 do Código de Processo Civil. Então, a princípio, pode haver conflito entre o RE 564.225 com a ADI 4016/PR. DEVE-SE OBSERVAR A QUESTÃO E AS ASSERTIVAS: a) REDUÇÃO EXTINÇÃO DE DESCONTO LEGALMENTE PREVISTO – ADI 4016/PR - INCIDE DE FORMA IMEDIATA; b) TODA ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO QUANTITATIVO DA NORMA JURÍDICO TRIBUTÁRIA, DE ACORDO COM ENTENDIMENTO DO STF, REPRESENTARIA AUMENTO DO TRIBUTO, DEVENDO-SE, POIS, RESPEITAR O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. AMBAS AS ALTERNATIVAS ESTÃO CORRETAS 6) Anterioridade, impostos e Medida Provisória Art. 62 - CF. Em casode relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos (NÃO É TRIBUTO), exceto o imposto de importação, imposto de exportação, IOF, IPI e o Imposto Extraordinário de Guerra (previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II), só produzirá Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 30 efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Regra relacionada com a anterioridade do exercício financeiro e a instituição e majoração de IMPOSTOS por Medida Provisória. Para que se consiga aplicar o princípio da anterioridade do exercício financeiro para imposto que foi criado/majorado por Medida Provisória, deve-se contar a anterioridade do exercício financeiro (“vai poder valer no 1º de janeiro do ano seguinte”) se a medida provisória tiver sido convertida em lei até o último dia do ano anterior. Ex – LEI. Lei aumentou a alíquota do imposto de renda em setembro de 2017. De acordo com a anterioridade do exercício financeiro, aplica-se em 1º de janeiro de 2018. Ex – MEDIDA PROVISÓRIA. Medida provisória aumentou a alíquota do imposto de renda em setembro de 2017. PARA COBRAR EM 1º DE JANEIRO DE 2018, ESSA MEDIDA PROVISÓRIA TEM QUE TER SIDO CONVERTIDA EM LEI ATÉ 31 DE DEZEMBRO DE 2017. CASO CONTRÁRIO, POR EXEMPLO, FOR CONVERTIDA EM LEI EM FEVEREIRO DE 2018, SOMENTE PODERÁ PRODUZIR SEUS EFEITOS EM 2019. SOMENTE PARA IMPOSTO QUE FOI MAJORADO OU CRIADO POR MEDIDA PROVISÓRIA. NESSE CASO, QUANTO À NOVENTENA, CONTA-SE DA PUBLICAÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA, ISTO É, NOS EXEMPLOS SUPRA, A PARTIR DE SETEMBRO DE 2017, A NÃO SER QUE NA PUBLICAÇÃO DA LEI HAJA ALTERAÇÃO SUBSTANCIAL NO TEXTO DA MEDIDA PROVISÓRIA. “Se simplesmente converter em lei do jeito que tava, inicia-se a contagem em setembro de 2017. Agora, se no momento da conversão em lei, houver alteração substancial no texto da Medida Provisória, começa-se a contar em fevereiro de 2018 (na hipótese dos exemplos acima).” Não se aplica ao imposto de importação, imposto de exportação, IOF, IPI e o Imposto Extraordinário de Guerra, porque NENHUM DELES RESPEITA O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DO EXERCÍCIO FINANCEIRO. 1.5. Princípio do não confisco (art. 150, inciso IV – CF) Nenhum tributo pode ser confiscatório. Não há exceção. Tributo é tipo de receita derivada. “Se o fisco vai com muita sede ao pote, num primeiro momento, pode arrecadar mais, mas, no futuro, matará a galinha de ovos de ouro.” “Protege o fisco da sua própria sede arrecadatória.” 1.5.1. Conceito indeterminado Necessária análise do caso concreto para se dizer se o tributo é confiscatório ou não é. Ferramentas para verificação: Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 31 1.5.1.1. Ótica individual Analisa-se o tributo em si. “Verifica-se o tributo e olha se ele é confiscatório ou não.” Ex. Imposto de Renda de 70%, IPTU de 20%. 1.5.1.2. Ótica global Analisa-se a carga tributária de um mesmo sujeito ativo para com um determinado sujeito passivo. Ex. Paga-se imposto de renda e contribuição previdenciária. Servidor Público de cargo efetivo federal, por ter um teto mais alto, nada mais justo, em razão do princípio da solidariedade que rege a previdência, que ele pague um valor mais alto. Por isso, queria aumentar a contribuição previdenciária para 25%. Contudo, esse servidor público paga imposto de renda de 27,5%. O STF disse que, pela ótica individual, tudo bem, mas, pela ótica global, o aumento é confiscatório, pois a União ficaria com mais de 50% do vencimento do servidor. Desse modo, o aumento foi barrado por violação do princípio do não confisco pela ótica global. Art. 150 – CF - IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 1.5.2. Princípio do não confisco e multa A multa, mesmo sendo penalidade, também não pode ter caráter confiscatório (ADI 551/RJ). O objetivo da multa é impedir a prática de atitudes ilícitas, aplicando sanção financeira. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 32 1.6. Princípio da liberdade de tráfego (art. 150, inciso V – CF) O tributo não pode embaraçar o direito de ir e vir e, muito menos, de ir e vir com os bens, principalmente em tempo de paz. art. 150 – CF - V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; Por interpretação lógica, nada pode limitar o direito de ir e vir, EXCETO O PEDÁGIO que, nessa interpretação, seria tributo. O pedágio somente poderia ser taxa de serviço (prestação de serviço público à disposição do sujeito passivo – se usar, paga taxa). A doutrina criou a teoria da via alternativa (Celso Antônio Bandeira de Melo)1: (1) Teoria da via alternativa: Se tiver somente uma estrada ligando o ponto A e B, pode ter pedágio se ele tiver natureza jurídica de taxa. Já o pedágio com natureza de tarifa (regulado pela Lei 8666/93) somente em casos de mais de uma via ligando o ponto A e B. “Via alternativa, possível tanto tarifa quanto taxa.” Utilizou-se a interpretação lógica da Constituição Federal. Teoria inviável na prática. Contudo, o STF proferiu decisão que PEDÁGIO tem natureza de tarifa ou preço público. Nota: - Se a prova cobrar jurisprudência antiga, pode versar sobre selo pedágio que, por sua vez, é, por exemplo, um adesivo que se cola no carro para andar em determinado trecho de uma rodovia por determinado período (passou uma vez ou vinte vezes, paga-se o mesmo valor pelo selo pedágio). O selo pedágio, conforme STF, tem natureza de taxa. Professora: Lílian Souza Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 33 1.6.1. Liberdade de tráfego e sanção política2 Há uma situação da sanção política que está intimamente ligado à liberdade de tráfego, qual seja, quando o Poder Público aborda o sujeito passivo (em gozo de seu direito de ir e vir) e apreende seus bens, exigindo, para liberação, o pagamento dos tributos. Ex. Tenho uma loja de material de construção e vendi muito para outro estado. Vendi de Pernambuco para alguém que está na Bahia. Ao longo do transporte da mercadoria, sou parado na barreira fiscal e o fiscal apreende as mercadorias pelo não pagamento do ICMS. Nesse caso, o fisco está apreendendo mercadoria como forma de pagar o tributo. Se agisse corretamente, o fisco poderia reter as mercadorias por tempo suficiente para lavratura do auto de infração. Súmula 323 - STF É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. Súmula 70 – STF É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. Ex. Fiscal fecha estabelecimento, exigindo o pagamento do ISS para reabertura. Nesse caso, o fisco está impedindo o exercício de uma atividade. Deve o Fisco fazer o lançamento, notificar o sujeito passivo, definitivamente constituído o tributo, deve inscrever o crédito em dívida ativa, emitir a Certidão de Dívida Ativa e proceder a devida Execução Fiscal. Súmula 547 - STF Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas (forma em desuso
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