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GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SECRETÁRIO NACIONAL
Luiz Roberto Beggiora 
DIRETOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS E 
ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL 
Gustavo Camilo Baptista
DIRETOR DE GESTÃO DE ATIVOS
Giovanni Magliano Junior 
CONTEUDISTAS
Carlos Timo Brito
Anselmo Milhomem Franco 
Juliana Rattes Cardoso Queiroz
Joao Batista Abranches da Silva
José do Nascimento Rêgo Martins
REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernando de Almeida Lopes 
Denise de Carvalho Pires
Diego da Silva Rodrigues
Eurides Branquinho da Silva
Fernanda Flavia Rios dos Santos
José do Nascimento Rêgo Martins
APOIO
Ana Carolina Pastorino Magalhães
Cassia Rosa da Silva
Daphne Sarah Gomes Jacob
EXPEDIENTE
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REALIDADE AUMENTADA (RA) 
Nas páginas deste material encontram-se códigos como este ao 
lado que dão acesso a conteúdos extras. Para visualizá-los, baixe o 
aplicativo Zappar no seu celular ou tablet e enquadre os códigos no 
aplicativo (você precisa ter conexão à internet).
Todo o conteúdo da Capacitação em Política Nacional sobre Drogas está 
licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição- Não Comercial- 
Sem Derivações 4.0 Internacional.
Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
BY NC ND
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (SEAD)
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Luciano Patrício Souza de Castro
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
CONSULTORIA TÉCNICA EAD
Giovana Schuelter 
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
Francielli Schuelter 
COORDENAÇÃO DE AVEA
Andreia Mara Fiala 
SECRETARIA
Caroline da Rosa 
Gabriela Cassiano Abdalla
SUPORTE TÉCNICO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Danrley Mauricio Vieira
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Fabrício Sawczen
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Supervisão: Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Isadora da Silveira Calônicow
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Luiz Fernando Schiestl Alexandre
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
Rodrigo Humaita Witte
SUMÁRIO
Unidade 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO 
DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS
1.1 Principais noções e conceitos
1.2 Aspectos históricos, sociais, 
econômicos e culturais das drogas
15
15
APRESENTAÇÃO
REFERÊNCIAS
13
75
1.3 As drogas no Brasil e no mundo
Unidade 2 | O REGIME INTERNACIONAL 
DE CONTROLE DE DROGAS
2.1 Principais organizações intergovernamentais 
de controle de drogas
2.2 Principais normas internacionais de controle 
de drogas 
41
43
Unidade 3 | LEGISLAÇÃO NACIONAL
3.1 Histórico
3.2 Normativos essenciais: leis e decretos
61
61
20
31
49
67
MÓDULO 1 11
Unidade 1 | O SISTEMA DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
Unidade 2 | SISNAD: ASPECTO 
NORMATIVO E ANÁLISE ESPECÍFICA 
DAS SEÇÕES NA LEI Nº 11.343/2006
1.1 As políticas públicas – contexto geral
2.1 O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre 
Drogas (SISNAD): estrutura e nível de atuação 
1.2 A pactuação como forma de articulação 
interfederativa
2.2 O propósito do SISNAD de articular, integrar, 
organizar e coordenar as atividades relacionadas 
com a prevenção do uso indevido
2.3 A proposta de atenção e de reinserção social 
de usuários e dependentes químicos
85
85
99
99
1.3 A proposta de formulação de políticas 
públicas sobre drogas
APRESENTAÇÃO 83
87
93
107
103
MÓDULO 2 81
Unidade 3 | A REGULAMENTAÇÃO 
DO SISNAD E O FUNCIONAMENTO DO 
CONAD E DOS CONENS
113
Unidade 4 | O SISNAD NA PRÁTICA 
E A PARTICIPAÇÃO CIDADÃ E DA 
SEGURANÇA PÚBLICA NO SISTEMA
3.1 A regulamentação do SISNAD
3.2 O Conselho Nacional de Política sobre Drogas 
(CONAD) de acordo com o Decreto nº 9.926/2019
4.1 O SISNAD na prática
4.2 A participação cidadã no SISNAD
3.3 A estrutura e atuação dos Conselhos de 
Políticas sobre Drogas Estaduais incluindo o 
Distrital Federal
4.3 O SISNAD e a segurança pública
137
113
128
120
137
138
140
REFERÊNCIAS 147
MÓDULO 3
Unidade 1 | INTRODUÇÃO À GESTÃO 
DE ATIVOS 
Unidade 2 | LEGISLAÇÃO E NORMAS 
COMPLEMENTARES 
1.1 Principais conceitos
2.1 Análise da Lei n° 11.343/2006
1.2 Atores estratégicos: policiais, juízes, SENAD, 
gestores estaduais, leiloeiros, entre outros
2.2 Análise da Lei n° 7.560/1986
2.3 Decreto n° 9.662/2019
155
155
177
177
165
2.4 Análise da Lei n° 13.886/2019
2.5 Análise do manual SENAD e das normas 
internas que regulam o repasse de valores às 
polícias apreensoras
2.6 Doação e a incorporação de bens em favor 
de atores externos 
APRESENTAÇÃO 153
181
185
188
193
193
151
Unidade 3 | A SENAD E A GESTÃO 
DE ATIVOS
Unidade 4 | COMPETÊNCIAS DOS ATORES 
ENVOLVIDOS NA GESTÃO DE ATIVOS 
3.1 Da apreensão à destinação
4.1 Juízes
3.2 Visão completa e detalhada do processo 
necessário à adequada destinação de um 
bem apreendido
197
198
227
227
199
4.2 Gestores estaduais
4.3 Policiais
4.4 Leiloeiros
232
235
236
REFERÊNCIAS 239
3.3 Ações de comunicação, trânsito de dados, 
documentação necessária
3.4 Gerência e cadastro de ativos
3.5 Avaliação e logística de recolhimento de 
bens para cada tipo de destinação
3.6 Separação de lotes para venda, laudo de 
avaliação, elaboração de editais e publicidade
3.7 Recolhimento de valores arrecadados, 
repasses financeiros, entre outras tarefas 
inerentes ao processo
206
207
213
216
217
Unidade 1 | TECNOLOGIAS DE 
IDENTIFICAÇÃO DE USO DE DROGAS
Unidade 2 | DESENVOLVIMENTO 
ALTERNATIVO
1.1 Uso do etilômetro, conhecido também 
como bafômetro
2.1 Desenvolvimento alternativo integral e 
sustentável
1.2 O drogômetro, aparelho que detecta o uso 
de drogas em condutores
2.2 Desenvolvimento alternativo urbano
245
245
262
261
APRESENTAÇÃO 243
249
269
Unidade 3 | SISTEMA DE ALERTA 
RÁPIDO SOBRE DROGAS
3.1 Os sistemas de alerta rápido sobre drogas no 
âmbito das Américas
3.2 A PNAD e a criação do Sistema Brasileiro de 
Alerta sobre Drogas
274
273
278
MÓDULO 4 241
Unidade 4 | LÓGICA INTERSISTÊMICA
Unidade 5 | ORGANIZAÇÕES DE 
REPRESSÃO AO TRÁFICO DE DROGAS
4.1 O SISNAD em lógica intersistêmica com o 
SUSP e o SISBIN
5.1 Orgãos nacionais e internacionais que atuam 
no Brasil
4.2 O SISNAD em lógica intersistêmica com o 
SUS, o SUAS e o SINASE
5.2 As corporações ligadas à segurança pública e 
suas competências
287
290
307
307
REFERÊNCIAS 332
299
314
Unidade 6 | ESTRATÉGIAS DE CONTROLE, 
REDUÇÃO DA OFERTA E REPRESSÃO 
À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO 
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
6.1 Normas internacionais como fonte de 
estratégia para o controle e redução da oferta
6.2 Exemplos de ações integradas de repressão
319
319
323
Módulo 1
ELEMENTOS 
CONCEITUAIS, 
CONTEXTUAIS 
E NORMATIVOS
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 13
APRESENTAÇÃO
RA
Olá, cursista! 
Seja bem-vindo ao nosso primeiro módulo de estudos.
Nós projetamos este módulo para tratar, em linhas gerais, da pro-
blemática das drogas sob os aspectos conceituais, históricos, so-
ciais, econômicos e culturais, buscando respostas para perguntas 
essenciais, como: O que são drogas? Por que as pessoas consomem 
drogas? Por que a comunidade internacional começou a controlar as 
drogas? Por que algumas drogas são lícitas e outras são ilícitas? Quais 
são as principais normas que regulam as drogas no Brasil? Por fi m, 
vamos apresentar também elementos normativos que fundamentam 
a Política Nacional sobre Drogas e apresentar os marcos normativos 
de controle de drogas que compõem as estruturas nacional, regional 
(interamericana) e internacional de controle de drogas, refl etindo 
sobre o que isso signifi ca para o Brasil. Oque você aprenderá neste 
primeiro módulo do curso será fundamental para o entendimento 
dos conteúdos dos módulos seguintes.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo de 
Gustavo Camilo Baptista, 
Diretor de Políticas 
Públicas e Articulação 
Institucional da SENAD.
Objetivos do módulo
} Descrever as noções e conceitos mais essenciais relacionados à 
Política Nacional sobre Drogas.
} Examinar os aspectos históricos, sociais, econômicos e 
culturais da problemática das drogas.
} Identifi car o regime internacional de controle de drogas.
} Identifi car a legislação nacional, regional e internacional que 
fundamentam a Política Nacional sobre Drogas (PNAD).
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 15
Unidade 1 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA 
POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS
Nesta unidade, a proposta é apresentar as principais noções e conceitos 
relacionados às drogas; examinar e discutir os aspectos históricos, 
sociais, econômicos e culturais da problemática das drogas; e, por 
fim, conhecer as principais normas internacionais e nacionais que 
fundamentam a Política Nacional sobre Drogas. 
1.1 Principais noções e conceitos
A análise etimológica do termo “droga” indica que ele vem da palavra 
holandesa droog, utilizada durante a Idade Média, tornando-se mais 
popular quando foi incorporada pelo idioma francês, antigo drogue, 
e, mais recentemente, pelo inglês drug. Do francês e inglês, foi incor-
porado por outros idiomas vizinhos e, quando o inglês se tornou uma 
língua franca, esse termo tornou-se reconhecido internacionalmente.
Conforme o dicionário Oxford Acadêmico (2020), os termos 
droog, drogue e drug referiam-se, originalmente, a “produtos 
secos”, em especial às folhas secas de plantas empregadas 
como fármacos (remédios) consumidos desde os primórdios 
das sociedades modernas.
O termo “droga” é, portanto, genérico e comumente empregado 
para definir um vasto conjunto de substâncias naturais (de origem 
animal, vegetal ou mineral) ou sintéticas que podem gerar alterações 
fisiológicas ao serem introduzidas no organismo.
Diversos termos têm sido utilizados como sinônimos de droga, tais 
como: narcótico, psicotrópico e tóxico, entre outros. Porém, existe 
grande grau de imprecisão na utilização desses termos. Veja a seguir:
Refere-se à toxicidade de alguma substância, porém, 
uma mesma substância psicoativa pode ser considerada 
um medicamento quando utilizada em baixa dosagem.
Tóxico
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS16
Psicotrópico 
Trata-se de uma terminologia excessivamente genérica, 
pois diz respeito somente às substâncias que exercem 
ação no cérebro.
Todos estes termos fazem alusão a substâncias que podem provocar 
alterações físicas, psíquicas e/ou comportamentais. Por conta disso, 
dizemos que a palavra “droga” é polissêmica, isso significa que ela possui 
muitos significados e reúne várias definições, empregos e conotações.
Em sentido amplo, uma droga é qualquer substância que tenha efeitos 
bioquímicos na mente ou no corpo. No entanto, em sentido restrito 
coloquial, o termo droga adquiriu um significado negativo ao referir-se 
a substâncias que atuam no sistema nervoso (substâncias psicoativas), 
incluindo sedativos, psicodélicos, hipnóticos ou alucinógenos, que 
podem causar dependência química e estão vinculadas, em regra, a 
determinadas subculturas e estilos de vida.
É um termo mais comum no idioma inglês, relaciona-se 
a alguns subtipos de substâncias psicoativas, mas pode 
também fazer alusão tanto a medicamentos quanto a 
drogas de abuso.
Veja que ainda podemos tratar o termo “droga” no 
sentido restrito farmacológico: a cafeína, a nicotina 
e o álcool são drogas, assim como a cocaína e a 
heroína. Como você entende as semelhanças e as 
diferenças entre essas substâncias?
Para Pensar
No uso popular, diversas drogas ganharam significados particulares, 
relacionando-se a uma variedade de contextos socioculturais, religiosos 
e profissionais. Temos como exemplo o chá de Ayahuasca, também 
conhecido como Santo Daime, que consiste na infusão do Cipó Ba-
nisteriopsis e as folhas do arbusto Psycotria viridis, e está diretamente 
relacionado, ainda nos dias de hoje, como parte do ritual religioso de 
diferentes povos indígenas, mas foi incorporado por outras civilizações.
Narcótico
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 17
Bebida de Ayahuasca.
Foto: © [Eskymaks] / Adobe Stock.
Segundo Callaway et al. (1999), Callaway et al. (1994) e Sternbach 
(1991), citados por Costa, Figueiredo e Cazenave (2005), esse chá 
pode causar efeitos nocivos ao organismo, tais vômito, diarreia e 
desidratação, além de síndrome serotoninérgica, que é a consequência 
mais grave dessa utilização.
Saiba Mais
Você viu como a utilização de substâncias depende 
diretamente da relação histórica e social que 
determinados grupos desenvolvem? Para conhecer 
mais detalhes da história da Ayahuasca, leia o artigo 
“Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso 
ritualístico” (disponível em: http://lab.sead.ufsc.br/
captM10).
Assim, muitas substâncias podem ser consideradas drogas ilícitas 
em alguns lugares, mas lícitas em outros; podem ter sido utilizadas 
em rituais em determinadas épocas, mas perdido a tradição ao longo 
do tempo, ou até mesmo serem consideradas drogas de acordo com 
a quantidade ou função, como o caso da morfina e a cocaína.
É importante reiterar que o termo droga passou a fazer alusão a 
substâncias psicoativas ilícitas somente a partir do século passado. 
Nesse sentido, atualmente, a heroína é uma droga ilegal, ao passo 
que a morfina é um medicamento amplamente usado no mundo, de 
forma legal. Ambas as substâncias são produtos da síntese da mesma 
substância, o ópio, extraído da papoula (papaver somniferum).
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS18
Assim, podemos dizer que a palavra droga adquire um 
significado ambíguo, podendo aludir tanto a medicamentos 
essenciais e benéficos quanto a substâncias potencialmente 
viciantes, perigosas e prejudiciais.
No entanto, as drogas são mais aceitas socialmente quando são for-
necidas como medicamentos, para fins terapêuticos e dissociadas de 
práticas culturais, religiosas ou recreativas. De maneira generalizada, 
as drogas consideradas substâncias psicoativas são aquelas utilizadas 
para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência ou 
no estado emocional, de forma intencional ou não.
As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com 
as características da pessoa que as usa, de qual droga é utilizada, em 
que quantidade, do efeito que se espera e das circunstâncias em que 
ela é consumida. Na sociedade brasileira, coloquialmente, o termo 
droga refere-se a algumas substâncias extremamente perigosas do 
ponto de vista da saúde física e mental individual. 
No sentido amplo, drogas referem-se a produtos 
ilegais, como a maconha, a cocaína e o crack. Porém, 
do ponto de vista da saúde individual e coletiva, 
substâncias legalizadas são igualmente perigosas, 
como o álcool, que pode desestruturar familias e 
até mesmo causar acidentes de trânsito. Como você 
reflete acerca da legalização de certas substâncias 
em detrimento de outras, considerando os possíveis 
efeitos nocivos?
Para Pensar
Com efeito, esse numeroso e complexo conjunto de drogas pode ser 
classificado de várias maneiras, confira:
Propósito
Medicinais
Recreativas
 }
 }
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 19
Efeito no organismo (sistema nervoso central)
Depressoras (álcool, solventes, barbitúricos, 
benzodiazepínicos, ansiolíticos e opiáceos)
Estimulantes (anfetaminas, cocaína e cafeína)
Perturbadoras (LSD, mescalina a anticolinérgicos)
 }
 }
 }
Fonte
Vegetal
Animal
Mineral
Semissintética
Sintética
 }
 }
 }
 }
 }
Situação normativaLegal
Ilícita 
Controlada
 }
 }
 }
As drogas podem, ainda, ser classificadas conforme o potencial de dano. 
Nesse contexto, há drogas extremamente maléficas ao organismo, mas 
lícitas e culturalmente aceitáveis na maioria dos países, como o álcool.
Há drogas que não se enquadram perfeitamente em nenhuma 
classificação, é o caso da maconha: a depender do organismo, 
ela pode ser depressora ou perturbadora, em termos de efeitos 
no organismo; ou o ecstasy, que pode ser estimulante ou 
perturbador, dependendo do usuário. Há também o cloridrato 
de sertralina, um medicamento antidepressivo que pode gerar 
tanto efeitos psicoativos estimulantes quanto perturbadores.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS20
Todas essas três substâncias podem produzir alucinações, notadamente 
em casos de uso intenso ou por usuários inexperientes. As várias classifi-
cações mencionadas acima têm influenciado a configuração dos sistemas 
nacionais e internacional de controle de drogas no decorrer do tempo.
Você deve ter percebido que a temática da droga é extremamente 
complexa, tal como o é qualquer assunto que dispõe de ambiguidades 
intrínsecas, a exemplo da energia nuclear, que pode ser uma excelente 
fonte de energia, mas também pode ser a mais destruidora das armas.
Drogas podem ser medicamentos indispensáveis 
para tratamentos variados, mas também podem ser 
substâncias que causam impactos extremamente 
prejudiciais sobre indivíduos, famílias, comunidades 
e sociedades. Como você reflete acerca dessa 
ambiguidade tão recorrente nesse tema?
Para Pensar
Por causa desse potencial nocivo, as drogas imprescindem de uma 
governança atenciosa em vários níveis, sob pena de resultarem em 
graves danos se deixadas sem controles. Uma forma tradicional de 
os países lidarem com isso é por meio da implantação de políticas 
públicas, no caso, políticas públicas sobre drogas.
Nesse contexto inicial, este curso buscará explorar exatamente os 
aspectos mais importantes das políticas públicas brasileiras sobre 
drogas, com ênfase na Política Nacional sobre Drogas (PNAD), com 
destaque na gestão de ativos oriundos do narcotráfico e em temas 
emergentes no domínio da redução da oferta de drogas.
Antes, porém, é importante conhecer diversos aspectos – históricos, 
sociais, econômicos e culturais – das drogas enquanto tema de interesse 
público. Continue seus estudos e acompanhe as discussões a seguir! 
Políticas públicas: Política pública é 
um conjunto de decisões, iniciativas e 
ações governamentais realizadas pela 
administração pública para oferta de 
serviços e soluções de problemas de 
interesse público.
Glossário
 1.2 Aspectos históricos, sociais, 
econômicos e culturais das drogas
O uso e abuso de drogas é tão antigo quanto a própria humanidade. 
Há evidências de que os seres humanos fazem uso de substâncias 
psicoativas desde a Pré-História, normalmente para alterarem 
o estado mental diante da dor, do desconhecido e das tensões e 
medos diante de conflitos.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 21
As matérias-primas de duas das mais conhecidas drogas ilícitas con-
temporâneas, maconha e a heroína, provavelmente tiveram origem 
e começaram a ser extraídas e consumidas por humanos na extensa 
área que vai da Ásia Central à África Setentrional no Paleolítico, ou 
Idade da Pedra Lascada, que começou há aproximadamente 2,5 mi-
lhões de anos e seguiu até 10.000 a.C.
A matéria-prima da cocaína originou-se no próprio subcontinente 
sul-americano em tempos imemoriais e há indícios de uso de suas 
folhas por comunidades andinas desde 8.000 a.C. Diferentes tipos 
de Cannabis já eram empregados por comunidades asiáticas há pelo 
menos 10 mil anos para fins variados, seja para fabricação de uten-
sílios a partir das fibras da planta, seja como matéria-prima para 
unguentos, chás e fumo. Já o cultivo dessas plantas provavelmente 
iniciou-se entre 5.000 e 1.500 a.C.
Saiba Mais
Caso se interesse por leituras sobre a história das drogas, 
há diversos artigos de excelente qualidade disponíveis 
em repositórios on-line de acesso livre. Sugerimos a 
leitura dos textos: “Cocaína: lendas, história e abuso” 
(disponível em: http://lab.sead.ufsc.br/captM11), “Uma 
breve história do ópio e dos opióides” (disponível em: 
http://lab.sead.ufsc.br/captM12 ) e “História da cannabis 
como medicamento: uma revisão” (disponível em: 
http://lab.sead.ufsc.br/captM13).
As drogas eram também amplamente utilizadas em rituais religiosos, 
sendo importante elemento da cultura social. Veja, a seguir, os de-
talhes da história do ópio.
Registro histórico de uso de drogas.
Matéria-prima da maconha
Origem: Ásia Central à África 
Setentrional no Paleolítico
Registro: consumidas desde o 
período Paleolítico
Matéria-prima da heroína
Origem: Ásia Central à África 
Setentrional no Paleolítico
Registro: consumidas desde 
o período Paleolítico
Matéria-prima da cocaína
Origem: subcontinente 
sul-americano
Registro: consumidas por 
comunidades andinas desde 
8.000 a.C.
Matéria-prima da maconha
Origem: fabricação de 
utensílios a partir das fibras 
da planta e matéria-prima 
para unguentos, chás e fumo
Registro: 10 mil anos
Cannabis Sativa CannabisPapaver Somniferum Erythroxylum Coca
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS22
1.2.1 O ópio e opioides
O ópio é uma substância extraída da papoula cujo efeito é analgé-
sico, narcótico e hipnótico, chamamos de opiáceos as substâncias 
naturais presentes na papoula (Papaver Somniferum). Os opioides 
levam esse nome por terem sido produzidos a partir do ópio, uma 
substância extraída da papoula cujo efeito é analgésico, narcótico 
e hipnótico, mas que hoje são produzidos de forma sintética, com 
efeitos similares aos dos opiáceos.
Duarte (2005), ao explorar a história do ópio e dos opioides, identifica 
a forte relação entre o consumo de drogas e algumas das principais 
religiões monoteístas, como o judaísmo, o cristianismo e o isla-
mismo. Na origem da palavra, ópio é uma denominação grega que 
significa suco. Daí deriva a denominação hebraica ophion, que aparece 
no Talmude. Na Bíblia, segundo alguns estudiosos do assunto, há 
referências ao ópio com a denominação de rôsh.
Contudo, pelo menos em uma das traduções portuguesas da Bíblia, 
há menção à água de fel (Jer VIII-14 e Jer IX-15), descrita como 
produto de uma planta conhecida como dormideira (BUCKLAND; 
WILLIAMS, 1929), um nome popular dado à papoula. É importante 
assinalar que essa substância foi utilizada sem nenhuma conotação 
prazerosa. Ao contrário, foi dada pelo Senhor como um castigo pela 
apostasia do povo de Israel. Lê-se em Jeremias (Jer IX-15):
“Isto diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: 
alimentarei este povo com absinto e dar-lhe-ei a 
beber água de fel’. (...) O ópio, que era denominado 
pelos árabes af-yun, era para Avicena, um expoente 
da Medicina Islâmica, o mais poderoso dos 
analgésicos [...]”
(DUARTE, 2005, p. 135-146)
O consumo de drogas diversas, principalmente para fins medicinais, 
religiosos e recreativos, foi amplamente observado nas principais 
civilizações ocidentais e orientais: sumérios, harappans, yangshaos, 
hongshans, egípcios, chineses, gregos, romanos, incas e muitas outras 
civilizações antigas consumiam produtos (com efeitos psicoativos) 
derivados da papoula, da Cannabis e da coca.
Com o passar do tempo, à medida que as comunidades e sociedades 
desenvolviam-se e migravam, elas tinham acesso a outros povos, 
bem como às substâncias que estes consumiam. Iniciou-se, portanto, 
intensa troca de substâncias entre diferentes povos e comunidades, 
normalmente próximas umas das outras e, com o desenvolvimento 
dos meios de transporte, entre povos e comunidades bem distantes.
Conforme Poiares (1999), com o advento do dinheiro, as drogas tor-
naram-se uma mercadoria, transformando-se em objeto de relações 
produtivas, jurídico-econômicas e fiscais, além dos já apontadosCurso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 23
elementos religioso, lúdico e terapêutico, que fomentavam o convívio 
social, ou como tratamento médico.
Ressalte-se, ainda, que há evidências de que as drogas têm sido um 
elemento recorrente de consumo por guerreiros e soldados desde 
épocas remotas. Funari (2006 apud ALVES FILHO, 2006, p. 11) re-
corda, oportunamente, que “a história da humanidade é a história 
das guerras. O mundo sempre esteve em luta”.
Podcast transcrito
Você sabia que os guerreiros mais famosos da história 
utilizaram alguma substância psicoativa? Sim, isso 
acontecia para suportar e superar a dor, a tensão, o 
medo, a ansiedade e o sofrimento causados pelos 
confl itos e tensões do dia a dia. O jornalista Anton, 
na matéria “O grande barato da guerra” apresentou 
alguns exemplos de grupos que usaram substâncias 
durante suas provações. Por exemplo, os guerreiros 
gregos hoplitas faziam uso do ópio e vinho; os 
guerreiros vikings utilizavam fungos alucinógenos; os 
zulus, povo africano, consumiam extratos de diversas 
plantas. Pensando nos tempos atuais, podemos citar 
os kamikazes japoneses, que usavam uma substância 
chamada tokkou-jo, conhecida por nós como 
metanfetaminas, e também os pilotos de caça norte-
americanos com uso da anfetaminas. Essas drogas 
psicoativas acabavam melhorando o rendimento, além 
de ajudarem os guerreiros a vencer o medo de lutar 
contra inimigos ou armas mortíferas, e também os 
ajudava a passar pelo trauma de matar ou morrer, que 
signifi ca um verdadeiro desafi o para a natureza humana. 
Você já imaginou passar por uma situação dessa?
O período compreendido entre os séculos XVII e XX é rico em de-
senvolvimentos que resultaram na chamada “construção social das 
drogas” e infl uenciaram sobremaneira como a sociedade contem-
porânea lida com as questões relacionadas às drogas. Nesse período, 
substâncias de origem vegetal, animal e mineral passaram a ser mais 
cultivadas, produzidas, processadas, sintetizadas, comercializadas 
e consumidas, seja para fi ns medicinais, seja para fi ns recreativos.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS24
Foi também no começo do século XIX que os efeitos nocivos (individuais 
e coletivos) das drogas, principalmente a alta mortalidade e a depen-
dência química, começaram a ser amplamente percebidos e debatidos.
Segundo alguns estudos, a internacionalização da problemática das 
drogas foi estimulada pela crise epidemiológica da dependência ao 
ópio na China, no fim do século XIX, e início do século XX. Ainda que 
o comércio de ópio já fosse uma prática corrente na China desde a 
Dinastia Tang (século VII), apenas mil anos depois o consumo abu-
sivo foi identificado como um flagelo do povo chinês, já no fim do 
século XVII. Confira, a seguir, como o consumo de ópio tornou-se 
uma epidemia na China e as decisões que foram tomadas para o 
enfrentamento desse problema.
O ópio era considerado apenas um passatempo, principalmente 
para as elites chinesas. Com a voracidade dessas elites pelo ópio, 
o valor da substância chegou a rivalizar com o ouro e uso era 
bastante diversificado: poderia ser empregado como remédio, 
como afrodisíaco ou meramente como produto recreativo. 
Não foi o caso de que as propriedades “venenosas” do ópio fossem 
desconhecidas anteriormente. Os efeitos maléficos do consumo de 
ópio já eram amplamente notados, mas, durante muito tempo, isso 
não foi considerado como um “problema” que demandava solução.
O comércio do ópio era dominado pelos países mercantilistas europeus 
da época, principalmente Inglaterra, Portugal e Holanda, e era extrema-
mente lucrativo: no caso da Inglaterra, chegou a um quarto das rendas 
auferidas com todo o comércio internacional no fim do século XIX.
Nesse período, crises políticas e socioeconômicas favoreceram a ex-
pansão do consumo do ópio, atingindo todos os estratos sociais da 
China. O que era um problema restrito às elites, com consequências 
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 25
limitadas, tornou-se um problema social generalizado, com graves 
impactos sobre a saúde pública, produtividade e harmonia comunitária.
Ilustração de fumantes de ópio no século XIX.
Foto: © [Erica Guilane-Nachez] / Adobe Stock.
A primeira carga de ópio comercializado pelos ingleses a chegar na 
China, chamada pelo próprio diretor da Companhia Britânica das 
Índias Orientais como “mercadoria perniciosa”, deu-se em 1781. 
Devido ao deficit comercial inglês gerado pela importação de chá e 
de porcelana chineses, produtos que caíram no gosto da sociedade 
inglesa, os britânicos decidiram compensar esse desequilíbrio ven-
dendo-lhes ópio em troca. O produto era extraído das plantações 
de papoula existentes no Bengal e nas planícies do Rio Ganges, na 
Índia, regiões então controladas pela Companhia desde a batalha de 
Plassey, em 1757 (JANIN, 1999).
Uma sucessão de imperadores chineses, alguns dos quais contumazes 
usuários, enfrentariam o recrudescimento do uso do ópio no país. 
Sob a Dinastia Qing, já no fim do século XIX, a China se tornou uma 
das primeiras nações a instituir regulamentos sobre o comércio e 
consumo de ópio. No início, tais regulamentos tratavam de métodos 
de tratamento e proibições – um debate que, curiosamente, ainda 
encontra ressonância hoje. 
Na Inglaterra, uma normativa de 1729, proposta por Joshua Rowntree, 
previa uma série de punições para os comerciantes de ópio, mas 
não para os usuários. 
Em 1839, uma carta enviada pelo vice-rei chinês à rainha Victoria, 
da Grã-Bretanha, refletiu uma mudança na punição de comerciantes 
e usuários de ópio. Na carta, Lin Zexu, da corte imperial chinesa, 
informa à rainha que, na China, “Quem vende ópio recebe a pena de 
morte e quem fuma também recebe a pena de morte”.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS26
Saiba Mais
Você pode ler a carta original em inglês “He who sells 
opium shall receive the death penalty and he who 
smokes it also the death penalty”, acessando sua 
versão on-line (disponível em: http://lab.sead.ufsc.br/
captM14 ).
No início do século XX, essa visão sofreria mais uma mudança na 
China. Usuários contumazes passaram a poder comprar ópio legal-
mente com uma licença, desde que se comprometessem a observar 
um plano de desintoxicação. Funcionários do governo, por exemplo, 
tinham apenas seis meses para “ficarem limpos”. 
Naquela época, a China já havia perdido as duas “Guerras do Ópio” 
contra os britânicos, e sua corte celeste (como era conhecida interna-
mente a monarquia chinesa) estava muito enfraquecida. Nessa época, 
os efeitos do consumo abusivo do ópio sobre a sociedade chinesa já 
eram muito claros e extremamente negativos, confira:
Aproximadamente 13,5 milhões de chineses, de uma população es-
timada em 400 milhões, eram dependentes de ópio, com uma esti-
mativa que atingia entre 13% e 27% da população masculina adulta, 
a maior epidemia de abuso de drogas já enfrentada por um país em 
toda a história (UNODC, 2010). 
Segundo Hong Lu, co-autor do livro “China Drug Practices and 
Policies”, quando o Partido Comunista chegou ao poder, em 1949, 
o contingente de usuários dependentes de ópio era de aproxima-
35.000 ton
cultivadas no país
4.000 ton
adicionais importadas da Índia
Ápice do consumo de ópio na China (1906)
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 27
damente 22 milhões de chineses, equivalente a mais do que cinco 
por cento da população do país na época.
Chineses fazendo uso de ópio.
Foto: © [Pixaterra] / Adobe Stock.
Esse comércio indiscriminado de ópio, bem como a epidemia de-
corrente disso, resultou tanto nas medidas internas adotadas pelos 
dirigentes chineses (mencionadas acima) quanto em uma razoável 
mobilização internacional.
Um grupo de treze países convocados pelos Estados Unidos 
da América reuniu-se em Xangai, em 1909, para discutir o 
crescente problema dasdrogas, conhecida como a Conferência da 
Comissão do Ópio de Xangai. Essa reunião pode ser considerada 
a primeira tomada de decisão multilateral em direção a controles 
internacionais de drogas mais severos e ao entendimento de que o 
consumo de drogas causava graves problemas individuais e sociais.
Os Estados Unidos da América foram a força motriz que impulsionou 
esse sistema regional estabelecido em Xangai no começo do século XX, 
em parte por razões morais. Os missionários americanos que trabalham 
na própria China, nas Filipinas e na Indonésia estavam preocupados com 
os efeitos do ópio nas comunidades que estavam tentando converter; 
mas havia também motivos pragmáticos por parte dos americanos, 
que já buscavam obter vantagens políticas e estratégicas na Ásia.
Vamos relembrar os pontos principais? Veja uma síntese de alguns 
acontecimentos importantes relacionados ao uso de ópio na China.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS28
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 29
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS30
As duas Grandes Guerras tiveram um impacto decisivo no controle 
internacional de drogas.
1914-1918
1919-1920
1939-1945
No decorrer da Primeira Grande Guerra, a Inglaterra, que era contra o 
estabelecimento de controles rígidos de drogas porque lucrava com o comércio 
alguns anos antes, mudou de posição, ao perceber que os seus próprios 
soldados e cidadãos estavam se tornando dependentes de ópio e heroína, com 
possíveis consequências negativas para o “esforço de guerra”.
Depois da Primeira Guerra, por pressão dos Estados Unidos da América, o 
controle do ópio fez parte das provisões do Tratado de Versalhes, assinado na 
Conferência de Paris, que pôs fim às hostilidades.
Após o fim da Segunda Grande Guerra, com o advento das Nações Unidas, o 
controle de drogas tornou-se um tema relevante na agenda internacional.
Na contemporaneidade, o uso e abuso de drogas é um grave problema 
de saúde pública que gera grande preocupação social. O tráfico de 
drogas é, por sua vez, um severo problema de segurança pública, por 
causa da violência que lhe é associada. Podemos considerar como 
fatores desse problema:
A alta demanda e oferta de drogas em muitos 
setores da população.
O declínio na idade de início do uso.
A gravidade das consequências individuais e 
comunitárias do fenômeno (físico/biológico, 
psicológico e social).
$
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 31
Por serem um grave problema social, a dependência química, a vio-
lência e o comércio ilícito associados às drogas tornam-se, conse-
quentemente, objeto de decisões, iniciativas e ações governamentais.
Nesse sentido, a Política Nacional sobre Drogas pode ser compreen-
dida também como uma resposta da sociedade brasileira aos desafios 
impostos pelas drogas, as quais dispõem de complexos elementos 
históricos, culturais, socioeconômicos, normativos e contextuais, 
tal como apresentado acima de forma introdutória. Confira, a seguir, 
o panorama sobre as drogas no Brasil e no mundo nos dias atuais.
1.3 As drogas no Brasil e no mundo
O mais recente “Levantamento Nacional de Álcool e Drogas” (LENAD), 
realizado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em 2012, 
indicou que 1,8 milhão de pessoas já haviam experimentado crack 
no Brasil, enquanto a cocaína havia sido usada por 5,6 milhões. Já a 
“Pesquisa Nacional sobre o Crack”, realizada pela Fundação Oswaldo 
Cruz (FIOCRUZ) em 2013, revelou que havia cerca de 370 mil usuários 
regulares de crack somente nas capitais do país.
Ainda que não haja pesquisas nacionais atualizadas sobre uso e 
abuso de drogas, a violência associada ao consumo e venda de 
drogas, o alto número de encarcerados por tráfico de drogas e 
a crescente quantidade de drogas apreendidas no país sugerem 
fortemente que o uso e abuso de drogas são um gravíssimo 
problema individual, familiar, coletivo e social no Brasil. 
Em vários outros países e regiões, a situação é igualmente preo-
cupante. Veja: os Estados Unidos da América é o país que detém 
o posto de maior consumidor de drogas ilícitas do mundo e tem 
passado por profundas epidemias de opioides e metanfetamina nas 
últimas décadas, com consequências particularmente devastadoras 
nos últimos cinco anos (BEBINGER, 2019).
Veja os dados da “Pesquisa sobre Uso de Drogas e Saúde” dos EUA de 
2017 (National Survey on Drug Use and Health – NSDUH):
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS32
Pesquisa sobre Uso de Drogas e Saúde (EUA, 2017)
mais mortes por sobredose de 
metanfetaminas em dez anos, 
entre 2007 - 2017.
x 1,6(0,6% da população estadunidense) 
declarou ter usado 
metanfetamina em 2016.
142%
Foi o aumento no número de 
apreensões de metanfetamina 
entre 2017 - 2018.
milhão
964
pessoas com mais de doze anos 
tiveram algum tipo de problema 
de saúde causado por uso da 
droga em 2017.
mil774
indivíduos (0,3% da 
população) declararam ter 
feito uso da droga no mês 
anterior à pesquisa (2017).
mil 684 
pessoas que declararam ter 
tido problema semelhante no 
ano anterior (2016).
mil
23
É a idade média de novos usuários 
de metanfetamina em 2016.
anos
7
Outra pesquisa, intitulada “Monitorando o Futuro” (2018) (Mo-
nitoring the Future – MTF), indicou que 0,5% dos adolescentes 
de nível médio norte-americanos tinham usado metanfetamina 
em 2017, após sucessivos levantamentos apontarem que esse 
percentual decrescia desde 1999.
Cerca de 15% de todas as mortes por sobredose de drogas nos 
Estados Unidos em 2017 envolveram o uso de metanfetamina. 
Metade dessas mortes contaram também com uso de opioides.
Mais recentemente, nos Estados Unidos e no Canadá, a epidemia de 
opiáceos tem sido alimentada pelo consumo de opiáceos sintéticos, 
em particular os derivados do fentanil.
Na Europa, o problema das drogas foi, por muito tempo, definido em 
função do consumo de heroína injetada. Curiosamente, o número 
de pedidos de tratamento para a dependência da heroína decresceu 
para níveis historicamente baixos, as taxas de consumo de drogas 
injetáveis diminuíram e o número de novos casos anuais de HIV com 
origem no consumo de drogas injetáveis caiu cerca de 40% durante 
a última década (EMCDDA, 2019).
Fentanil é um opioide utilizado 
como medicação para a dor 
e também pode ser usado 
juntamente com outros 
medicamentos para a anestesia.
Glossário
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 33
Contudo, aproximadamente 50 novos opiáceos sintéticos foram notifi-
cados por meio do mecanismo de alerta rápido da União Europeia para 
as novas substâncias psicoativas em 2019. Muitas dessas substâncias 
foram associadas a intoxicações graves e óbitos. Algumas, como o 
carfentanil, são extremamente potentes, podendo ser traficadas em 
quantidades muito pequenas, que são difíceis de detectar, mas podem 
resultar em milhares de doses individuais. 
Além disso, os opiáceos sintéticos que são habitualmente utilizados 
como medicamentos parecem desempenhar um papel crescente 
no problema das drogas em muitas regiões da Europa, entre estes 
medicamentos, há várias substâncias utilizadas em tratamentos 
médicos, em especial analgésicos.
Uma em cada cinco pessoas que iniciam tratamento da toxicode-
pendência por problemas relacionados com opiáceos aponta um 
produto sintético, e não a heroína, como a sua droga problemática 
dominante. Além disso, essas drogas são cada vez mais identificadas 
em casos de sobredose. 
O quadro a seguir apresenta estimativas de consumo de drogas na Europa:
Cannabis
Adultos (15 a 64)
7,4% 27,4%
Consumo no último ano 
24,7 milhões
Consumo ao longo da vida
91,2 milhões
3,6% mais baixo
mais alto21,8%
Estimativas nacionais do 
consumo no último ano
Jovens Adultos (15 a 34)
14,4%
Consumo no último ano 
17,5 milhões
Estimativas do consumo de 
droga na União Europeia
CursoCaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS34
Fonte: Relatório Europeu sobre Drogas (2019), 
adaptado por LabSEAD (2020).
Para além da América do Norte e da Europa, os dois principais mer-
cados consumidores de drogas ilícitas do mundo, a problemática da 
droga nos dias atuais reside no uso não médico de opioides sintéticos 
(principalmente o tramadol), que alimenta crises de saúde pública 
na África Ocidental, Central e do Norte. Na Ásia, principalmente no 
Leste e Sudeste Asiático, a cena estimulante é dominada pelo uso da 
cocaína e da metanfetamina.
Anfetamina Opiáceos
MDMA
Adultos (15 a 64)
0,8% 4,1%
Consumo no último ano 
2,6 milhões
Consumo ao longo da vida
13,7 milhões
0,2% mais baixo
mais alto7,1%
Estimativas nacionais do 
consumo no último ano
Jovens Adultos (15 a 34)
1,7%
Consumo no último ano 
2,1 milhões
Adultos (15 a 64)
1,2% 5,4%
Consumo no último ano
3,9 milhões
Consumo ao longo da vida
18 milhões
0,2% mais baixo
mais alto4,7%
Estimativas nacionais do 
consumo no último ano
Jovens Adultos (15 a 34)
2,1%
Consumo no último ano 
2,6 milhões
Cocaína
Adultos (15 a 64)
Consumo no último ano 1,3 milhões, sendo 654 000
consumidores de opiáceos receberam tratamento de 
substituição em 2017
Droga principal em cerca de 
35% do total de pedidos de 
tratamento da 
toxicodependência na
União Europeia
Os opiáceos estão presentes 
em 85% das overdoses fatais
Adultos (15 a 64)
0,5% 3,7%
35% 85%
Consumo no último ano
1,7 milhões
Consumo ao longo da vida
12,4 milhões
0% mais baixo
mais alto3,9%
Estimativas nacionais do 
consumo no último ano
Jovens Adultos (15 a 34)
1%
Consumo no último ano 
1,2 milhões
Pedidos de tratamento 
da toxicodependência Overdoses fatais
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 35
Dados sobre o mercado de drogas 
ilícitas na Ásia.
Conforme o recente relatório do Escritório das Nações Unidas sobre 
Drogas e Crime (UNODC), essas são as principais tendências relacio-
nadas à problemática das drogas na região: 
 } Desde os anos 2000, houve uma forte mudança no mercado 
de drogas no Leste e Sudeste Asiático. Antes, tal mercado era 
dominado por opiáceos e, atualmente, é pela metanfetamina.
 } As apreensões de metanfetamina na região em 2017 
totalizaram mais de 82 toneladas, sendo de longe a maior 
quantidade já registrada na região. Dados disponíveis mais 
recentes (2018) mostram um aumento substancial adicional, 
atingindo 116 toneladas.
 } O aumento da quantidade de apreensões de metanfetamina 
(bem como a diminuição dos preços da droga no varejo) 
no Leste e Sudeste Asiático sugere que a oferta da droga se 
expandiu bastante nos tempos recentes.
 } As admissões para tratamento médico relacionadas com o uso 
de metanfetamina representam a grande maioria de todos os 
tratamentos médicos relacionados a drogas na região.
 } Os grupos transnacionais de crime organizado que operam 
na região têm se envolvido cada vez mais na fabricação e 
no tráfico de metanfetaminas e outras drogas no Triângulo 
Dourado nos últimos anos.
Ásia Central
 e Rússia
Na Ásia Central e na Rússia, 
as drogas sintéticas têm 
substituído os opiáceos.
Leste e Sudeste 
Asiático
Cerca de 19 milhões de pessoas 
usaram cocaína e 27 milhões de 
pessoas usaram anfetaminas na 
região do Leste e Sudeste 
Asiático em 2018.
Iraque e 
Afeganistão
O uso de metanfetamina tem 
crescido consideravelmente 
no Afeganistão e no Iraque.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS36
 } Quantidades substanciais de produtos químicos precursores 
da metanfetamina foram continuamente desviadas e 
traficadas na região.
 } O conteúdo de metanfetamina em pílulas de ecstasy encontrado 
na região variam de país para país, houve grande aumento 
no conteúdo médio de metanfetamina nos comprimidos de 
ecstasy encontrados na região em anos recentes.
 } Comprimidos vendidos como ecstasy, mas contendo outras 
substâncias além do MDMA, incluindo novos substâncias 
psicoativas, continuaram sendo encontrados na região.
 } Opioides sintéticos potentes (fentanil, por exemplo), 
envolvidos em fatalidades em outras partes do mundo, têm 
sido identificados na Ásia também recentemente.
 } As apreensões anuais de cetamina vêm diminuindo desde 
2015, o que foi causado por reduções nas quantidades da droga 
apreendida na China. No entanto, as apreensões dessa droga têm 
aumentado rapidamente em vários países do Sudeste Asiático.
Ainda com relação ao continente asiático, é digno de nota o “Plano 
de Trabalho da ASEAN para Proteger as Comunidades Contra Drogas 
Ilícitas 2016-2025”.
O plano adotado pela 5ª Reunião Ministerial da Associação em Ma-
téria de Drogas, realizada na Cingapura em outubro de 2016, detalha 
componentes e atividades propostas para controle de atividades 
relacionadas a drogas ilícitas e para a mitigação das consequências 
negativas das drogas para as sociedades dos países do bloco.
O Plano de Trabalho conta, ainda, com uma série de mecanismos 
colaborativos com outros importante países da região, a exemplo da 
China (via Programa ACCORD), do Japão (via Fundo de Integração 
entre o Japão e a ASEAN – JAIF) e Coreia do Sul (via Fundo Especial 
de Cooperação entre a República da Coréia e a ASEAN – SCF).
Estima-se que o mercado global de drogas movimenta, anualmente, 
um montante avaliado entre US$ 426 bilhões e US$ 652 bilhões, 
tornando-o o segundo mercado ilícito mais lucrativo, perdendo 
apenas para o de produtos falsificados e pirateados, cuja estimativa 
de rendas é da ordem de US$ 1,13 trilhão por ano (MAVRELLIS, 2020).
ASEAN é o acrônimo em inglês 
para a Associação de Nações do 
Sudeste Asiático, uma organização 
intergovernamental formada 
por Brunei, Camboja, Cingapura, 
Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, 
Mianmar, Tailândia e Vietnã.
ACCORD é o acrônimo em inglês 
para China Cooperative Operations 
in Response to Dangerous Drugs.
Glossário
 1.3.1 Relatório Mundial das Drogas (2020) 
Adicionalmente, em termos globais, o mais recente “Relatório Mun-
dial das Drogas” (2020) descreve que o uso de drogas em todo o 
mundo tem aumentado, tanto em termos gerais quanto na proporção 
da população mundial que usa drogas.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 37
Relatório Mundial
das Drogas
(2009)
(2018)
O aumento da riqueza está associado 
ao aumento do uso de drogas, mas os 
mais pobres sofrem as maiores 
consequências relacionadas com a 
dependência química.
O uso de drogas é maior nas áreas 
urbanas do que nas rurais, tanto nos 
países desenvolvidos quanto nos 
países em desenvolvimento. 
Mais da metade da população do 
mundo agora vive em áreas urbanas 
(em 1960 era apenas 34%), o que 
explica parcialmente o aumento 
geral do uso de drogas.
Uso de drogas 
em áreas urbanas
Riqueza e pobreza 
associada às drogas
Usuários 
no mundo
210 milhões
269 milhões
de usuários no mundo, 
4,8% da população mundial
entre 15 e 64 anos. 
de usuários no mundo, 
5,3% da população mundial.
Ainda segundo o referido relatório, o uso de drogas é mais difundido 
nos países desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento. 
Drogas como a cocaína estão ainda mais firmemente associadas às 
partes mais ricas do mundo. 
O surgimento de substâncias que não estão sob controle interna-
cional tem se estabilizado nos anos recentes, mas novos opioides 
potencialmente prejudiciais estão surgindo e sendo consumidos 
mais frequentemente.
Drogas injetáveis
11 milhões de pessoas 
injetavam drogras
Opioides
58 milhões de pessoas 
usaram opioides
Maconha
192 milhões de pessoas 
usavam maconha
 | Valores referentes ao ano de 2018
Foto: © [Jcomp] / Freepik (2020).
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS38
Cerca de 35,6 milhões de pessoas sofreram com transtornos relacionados 
ao uso de drogas em 2018. O número de pessoas que usaram opioides 
representa 66% das 167.000 mortes estimadas relacionadas com trans-tornos decorrentes do uso de drogas em 2017. Com relação às drogas 
injetáveis, 1,4 milhão de usuários está vivendo com HIV, 5,5 milhões 
com hepatite C e 1,2 milhão com hepatite C e HIV ao mesmo tempo.
Veja a seguir informações sobre Cannabis, opioides e ofertas de drogas 
que estão disponibilizadas no Relatório Mundial das Drogas (2020).
 z Cannabis
O uso de Cannabis está aumentando na maioria das jurisdições em 
que o uso não médico é legalizado. Canadá, Uruguai e 11 jurisdições 
nos Estados Unidos permitem a fabricação e venda de produtos de 
maconha para uso não médico. Na maioria dessas jurisdições, o 
consumo de maconha aumentou desde a sua legalização.
A Cannabis é a substância psicoativa ilegal mais consumida no 
mundo, e os opioides são as mais prejudiciais. 
Os mercados de drogas estão se tornando cada vez mais complexos. 
Às substâncias de origem vegetal, como Cannabis, cocaína e heroína, 
somam-se agora centenas de drogas sintéticas, muitas delas sem 
controle internacional. Também houve um rápido aumento no uso 
não médico de drogas.
 z Opioides
Os opioides farmacêuticos para tratamento da dor e cuidados palia-
tivos estão disponíveis principalmente em países de alta renda e são 
disponíveis de maneira desigual entre as regiões: mais de 90% de 
todos os opioides farmacêuticos disponíveis para consumo médico 
estavam em países de alta renda em 2018.
A oferta de drogas à base de plantas ainda é alta, apesar de algumas 
reduções. A área cultivada da papoula (240.800 hectares) encolheu 
pelo segundo ano consecutivo em 2019, liderada por quedas nas 
áreas cultivadas no Afeganistão e em Mianmar. As quantidades de 
opiáceos apreendidos (704 toneladas) em 2018 também caíram 
acentuadamente em relação ao ano anterior.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 39
z Informações gerais sobre oferta de drogas
O cultivo da coca continua em um nível historicamente muito alto 
(244.200 hectares). A área sob cultivo de coca permaneceu estável 
de 2017 a 2018. No entanto, a produção global estimada de cocaína 
atingiu mais uma vez o nível mais alto de todos os tempos (1723 
toneladas) e as apreensões globais aumentaram marginalmente 
(1.131 toneladas).
As quantidades de metanfetamina apreendida alcançaram 228 to-
neladas equivalentes em 2018, um novo recorde.
Os trafi cantes de heroína, cocaína e metanfetamina têm adotado 
rotas variadas e continuam a desenvolver novos padrões de comércio.
A pobreza, a educação limitada e a marginalização social podem au-
mentar o risco de transtornos relacionados ao uso de drogas e agravar 
as consequências. A relação entre drogas e violência é complexa. É 
difícil defi nir todas as relações causais entre o uso de substâncias 
psicoativas e a violência. Os limitados dados em nível global mostram 
que a intoxicação pode ser um fator signifi cativo em homicídios.
 Os seis livros que compõem o 
Relatório Mundial das Drogas. 
Fonte: UNODC (2020).
O referido relatório apresenta, ainda, importantes refl exões sobre os 
impactos da pandemia de covid-19 sobre os mercados globais de drogas:
RA
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo e 
saber mais informações 
sobre Cannabis, opioides 
e ofertas de drogas que 
estão disponibilizadas 
no Relatório Mundial das 
Drogas (2020).
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS40
Fonte: UNODC (2020).
Após a crise econômica de 2008, alguns usuários 
começaram a procurar substâncias sintéticas mais 
baratas, e os padrões de uso mudaram para a injeção 
de drogas. Enquanto isso, os governos reduziram os 
orçamentos relacionados às drogas. Tal fenômeno pode 
se repetir em função da atual pandemia.
O maior impacto imediato no tráfi co de drogas pode 
ser esperado em países onde grandes quantidades são 
contrabandeadas em voos de aviões comerciais.
No longo prazo, a crise econômica e os bloqueios 
associados à pandemia têm o potencial de atrapalhar os 
mercados de drogas. O aumento do desemprego e a falta 
de oportunidades aumentarão a probabilidade de que 
pessoas pobres e desfavorecidas se envolvam com o uso de 
drogas, sofram de transtornos causados pelo uso e abuso 
de drogas, e se voltem para atividades ilícitas ligadas a 
drogas (principalmente produção, venda ou transporte).
O regime internacional de controle de drogas e a adesão do Brasil a 
esse regime serão objeto da próxima unidade deste curso.
O efeito da pandemia nos mercados de drogas é 
desconhecido e difícil de prever, mas pode ser de grande 
alcance. Alguns produtores podem ser forçados a procurar 
novas maneiras de fabricar drogas, já que as restrições ao 
movimento restringem o acesso a precursores e produtos 
químicos essenciais.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 41
Unidade 2
O REGIME INTERNACIONAL DE 
CONTROLE DE DROGAS
O regime internacional pode ser entendido como o amplo agrupamento 
de crenças, atitudes, prescrições específicas e práticas predominantes 
que orientam o comportamento de indivíduos, grupos, organizações, 
governos e países em determinada área temática internacional.
Uma função básica desse regime internacional é coordenar o com-
portamento da comunidade internacional no sentido de alcançar os 
resultados desejados na área das drogas.
REGRAS
PRINCÍPIOSNORMAS
ARRANJOS 
DE GOVERNANÇA
(implícitas e explícitas)
PROCEDIMENTOS 
DECISIONAIS NA 
ÁREA DE DROGAS
Funcionamento do regime internacional de 
controle de drogas. 
Dessa forma, o regime internacional de controle de drogas é uma 
expressão que pode ser utilizada para designar o conjunto mutua-
mente coerente de princípios, arranjos de governança, normas, regras 
(implícitas ou explícitas) e procedimentos de tomada de decisões 
internacionais na área de drogas, em torno dos quais convergem as 
expectativas dos diversos atores internacionais.
“É a mistura de comportamentos com princípios e 
normas que distingue as ações estatais governadas 
por regimes da atividade mais convencional guiada 
exclusivamente pela estreita avaliação de interesses.”
(KRASNER, 2012, p. 95)
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS42
Como vimos anteriormente, o século XX foi um período histórico 
chave na conformação do regime internacional de controle de drogas, 
principalmente com o advento da Organização das Nações Unidas 
(ONU) após a Segunda Grande Guerra.
O conflito alterou toda a configuração do sistema internacional 
vigente até então: as potências coloniais perderam influência e 
os Estados Unidos da América emergiram como superpotência. 
Como aquele país já defendia a proibição a determinadas 
drogas, o sistema internacional acabou se conformando à luz 
dos ditames americanos.
Nos anos seguintes, os Estados Unidos da América trabalharam ati-
vamente para acabar com os monopólios de ópio em diversos países 
e criaram barreiras para o consumo da substância, o que resultou na 
criminalização do comércio de várias drogas, não apenas do ópio.
Como resultado de todos esses esforços internacionais, a produção 
global de ópio reduziu-se em 70% no século compreendido, ao passo 
que a população global no mesmo período quadruplicou.
Para você entender a importância desse controle, se o aumento do 
consumo do ópio apenas acompanhasse o crescimento natural da 
população, o consumo atual poderia ser treze vezes maior do que o 
verificado nos índices atuais.
O álcool observou uma trajetória diferente. Um controle regional 
preliminar foi desenvolvido na África no final do século XIX, mas o 
processo não conseguiu se expandir para outras partes do mundo 
e não conseguiu se fortalecer na própria região com o passar do 
tempo, por diferentes razões:
Foto: © [Pressmaster] [Widetape/ADDICTIVE STOCK] 
[Wideonet] / Adobe Stock.
O álcool não detinha certas 
correlações políticas e estratégicas, 
ao contrário do ópio.
A indústria do álcool não queria 
mais controles, o que nãose 
observou com a indústria 
farmacêutica ligada ao ópio. 
O álcool era um importante 
símbolo religioso nos países de 
orientação cristã, por causa do 
papel do vinho na Eucaristia.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 43
No caso da indústria farmacêutica ligada ao ópio, defendia-se o 
controle como forma de acabar com a concorrência apresentada 
pelo uso informal (não terapêutico) da substância.
Algo parecido ocorreu com o tabaco, o qual ainda não era visto como 
um problema de saúde pública. Entretanto, de um modo geral, a 
maioria das substâncias psicoativas passaram a ser controladas 
após a Segunda Grande Guerra e com o advento da ONU, em 1945.
Saiba Mais
O consumo em massa e a dependência química do 
tabaco só começaram a ser vistos como um problema 
de saúde pública no início do século XXI, quando foi 
promulgada a Convenção-Quadro sobre Controle 
do Tabaco (disponível em: http://lab.sead.ufsc.br/
captM15).
Na próxima seção, apresentaremos as organizações internacionais 
e comissões especializadas na temática das drogas que surgiram a 
partir da década de 1940. Veja os detalhes a seguir!
2.1 Principais organizações 
intergovernamentais de controle de drogas
Com o advento da Comissão das Nações Unidas sobre Drogas Narcóticas 
(CND) em 1946, o regime internacional de controle de drogas passou 
a dispor de uma instância multilateral intergovernamental relevante 
para avançar na governança de políticas sobre drogas. Nos anos subse-
quentes, várias organizações multilaterais regionais também criaram 
fóruns específicos para a discussão e tomada de decisão sobre drogas, 
como a Organização dos Estados Americanos (OEA), na qual se institui 
a Comissão Interamericana para o Controle de Drogas (CICAD).
2.1.1 A Comissão das Nações Unidas sobre 
Drogas Narcóticas (CND)
A Comissão sobre Drogas Narcóticas (CND) foi fundada em 1946 
como uma comissão funcional do Conselho Econômico e Social 
(ECOSOC), e é o principal órgão de controle de drogas no sistema 
de controle de drogas da ONU.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS44
Comissão sobre drogas narcóticas. 
Fonte: Escritório das Nações Unidas sobre 
Drogas e Crime (2020).
A comissão pode atuar em todas as áreas cobertas pelas três conven-
ções, incluindo na adição de substâncias às listas internacionais de 
controle, mas sua principal função é analisar a situação global das 
drogas e as medidas legais cabíveis.
A CND permite que os Estados-membros analisem a situação global 
das drogas, considerando a redução da oferta e demanda, bem como 
adotem as decisões tomadas no âmbito da Assembleia Geral das Nações 
Unidas (sobre questões relacionadas às drogas) e realizem medidas 
globais dentro desse escopo específico de ação.
A resolução ECOSOC 1999/30 determinou à CND que estruturasse 
uma agenda com dois segmentos distintos: 
Uma das atribuições centrais do UNODC é prestar assistência aos 
Estados-membros na ratificação e implementação dos tratados de 
controle de drogas. No âmbito do UNODC, operam o CPICP, veja:
Segmentos 
normativos 
da CND
Um segmento normativo para o desempenho de funções 
normativas e baseadas em tratados.
Um segmento operacional para exercer o papel de órgão dirigente 
do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 45
Programa Internacional de Controle de Drogas da ONU (UNDCP)
Executa programas contra o tráfico de pessoas, a corrupção e o crime 
organizado, entre eles o Programa Internacional de Controle de Drogas da 
ONU (UNDCP).
Órgão responsável pela coordenação das atividades internacionais de 
controle de drogas.
Centro de Prevenção Internacional do Crime 
Outra entidade central de controle de drogas vinculada à ONU, mas 
com relativa autonomia, é a Junta Internacional de Controle de Nar-
cóticos (JIFE), estabelecida em 1968. A JIFE é responsável por super-
visionar a implementação das três Convenções da ONU sobre controle 
de drogas que estudaremos na próxima seção. Embora seja verdade 
que esse órgão quase-judicial seja tecnicamente independente e seus 
treze membros atuem autonomamente, a JIFE possui considerável 
influência dentro do sistema de controle de drogas da ONU. 
A CND realiza uma reunião anualmente, em Viena ou na Áustria 
(cidade que hospeda a sede do UNODC), na qual se adota uma série 
de decisões e resoluções. Reuniões intersecionais da CND são regu-
larmente convocadas para fornecer orientação política ao UNODC. 
No final de cada ano, a CND se reúne em uma sessão convocada para 
considerar as questões orçamentárias e administrativas como o órgão 
governante do programa de drogas das Nações Unidas. A CND possui 
cinco órgãos subsidiários:
 } Chefes das Agências Nacionais de Repressão às Drogas na 
Europa, América Latina e Caribe, Ásia e Pacífico e África.
 } Subcomissão no Oriente Próximo e Oriente Médio.
 } Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS 
(UNAIDS).
 } Organização Mundial da Saúde (OMS).
 } Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Os três últimos órgãos operam de maneira subsidiária, mas ainda muito 
dentro da esfera do sistema de controle de drogas da ONU. A Comissão 
também monitora a implementação das três convenções internacionais 
sobre controle de drogas, que veremos a seguir.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS46
2.1.2 A Comissão Interamericana para o 
Controle do Abuso de Drogas (CICAD) 
A Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas 
(CICAD) é a agência de controle de drogas da Organização dos Estados 
Americanos (OEA) e teve a sua criação motivada pela epidemia de 
cocaína entre a década 1970 e 1980. 
A cocaína foi uma epidemia no final do século XX.
Foto: © [Shintartanya] / Adobe Stock. Foi no contexto da explosão da cocaína fumada (conhecida como crack) 
e do surgimento de poderosos cartéis de drogas na América Latina 
que a Assembleia Geral da OEA convocou os ministros da Justiça do 
continente americano para a Conferência Especializada Interame-
ricana sobre Tráfico de Drogas, no Rio de Janeiro, em abril de 1986.
Na conferência, os ministros concordaram que o aumento 
dramático do tráfico e abuso de drogas ilícitas desde o final da 
década de 1970 não apenas havia se tornado uma grande ameaça 
à saúde e ao bem-estar de cada cidadão, mas havia passado a 
representar um problema de segurança para o hemisfério.
Nessa mesma ocasião, os governantes do continente aprovaram 
o Programa Interamericano de Ação do Rio de Janeiro contra o 
Consumo, a Produção e o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Subs-
tâncias Psicotrópicas. Foi nessa conferência também que houve a 
recomendação para que a Assembleia Geral da OEA criasse um foro 
específico de governança, dando origem à Comissão Interamericana 
para o Controle do Abuso de Drogas (CICAD). 
Em novembro do mesmo ano (1986), a Assembleia Geral da OEA 
estabeleceu a CICAD como uma agência da OEA e ratificou a estru-
tura e os princípios orientadores contidos no Programa do Rio, que 
estabeleceu o controle de drogas ilícitas firmemente amparado em:
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 47
Princípios norteadores da CICAD. 
Fonte: OEA (2020).
Desenvolvimento 
socioeconômico
Respeito pelas 
tradições e 
costumes dos 
grupos nacionais 
e regionais
Proteção 
ambiental
Direitos 
humanos
Inicialmente, a CICAD compreendeu somente onze Estados-membros 
eleitos pela Assembleia Geral a cada três anos por voto secreto. No 
entanto, com o tempo, à medida que o problema mundial das drogas 
ilícitas se tornou cada vez mais grave em todo o hemisfério, outros 
países da OEA pediram para ingressar na comissão.
Em 1998, todos os 34 países da OEA tornaram-se membros da CICAD. 
Os representantes dos países na comissão reúnem-se duas vezes por 
ano em sessão ordinária e podem se reunir em sessão extraordinária, 
se necessário, conformeo Estatuto e Regulamentos da CICAD.
Em 1990, a Assembleia Geral da OEA, composta por ministros das 
Relações Exteriores de todos os Estados-membros da OEA, adotou a 
Declaração e o Programa de Ação de Ixtapa, que definiram as priori-
dades da CICAD para a década de 1990 e, no ano seguinte, endossaram 
o Programa Interamericano de Quito: Educação Abrangente para 
Prevenir o Abuso de Drogas, um programa de longo prazo em todo 
o hemisfério de prevenção de abuso de substâncias.
Em 1997, a Assembleia Geral adotou a Estratégia Antidrogas no 
Hemisfério como uma plataforma para maiores esforços no con-
trole de drogas no século XXI. Essa estratégia refletiu as mudanças 
significativas ocorridas na década anterior, desde o advento do 
Programa do Rio, tais como:
 } O aumento da produção e abuso de drogas sintéticas, como 
metanfetaminas e ecstasy.
 } O uso da rede mundial de computadores (internet) para compra 
e venda de substâncias controladas e cigarros, bem como para 
transferir receitas de drogas ilegais eletronicamente para 
qualquer lugar do mundo.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS48
Pode-se dizer que a estratégia mostrou uma clara compreensão por 
parte dos governos das Américas de que crimes e violência relacio-
nados às drogas e as consequências sociais e de saúde significativas 
do uso e abuso de drogas são problemas que todos os países têm em 
comum, e portanto deve haver uma responsabilidade compartilhada 
e uma solução colaborativa.
Em 1998, a CICAD passou a conduzir um processo multilateral de 
avaliação do desempenho de cada Estado-membro e do hemisfério 
em sua totalidade na abordagem dos vários aspectos do problema 
das drogas chamado de Mecanismo de Avaliação Multilateral (MAM).
Saiba Mais
Você pode fazer a leitura na íntegra do Mecanismo de 
Avaliação Multilateral acessando o material completo 
(disponível em: http://lab.sead.ufsc.br/captM16)
Agora, em sua oitava rodada de avaliação, o processo exige que todos os 
Estados-membros da CICAD respondam detalhadamente um conjunto 
de perguntas padronizadas e forneçam estatísticas sobre assuntos como:
 } Prisões e condenações por crimes relacionados a drogas.
 } Nível de uso de drogas por diferentes populações e grupos.
 } Assinatura e ratificação de tratados internacionais 
relacionados ao controle de drogas.
 } Existência de leis nacionais para controlar o contrabando 
de armas e o transporte de produtos químicos usados para 
processar drogas ilícitas. 
Os questionários preenchidos são revisados por um grupo de espe-
cialistas dos Estados-membros, que elabora relatórios e recomen-
dações para cada país e para o continente. Uma vez aprovados pelos 
representantes dos Estados-membros na comissão, os relatórios do 
MEM são submetidos à Assembléia Geral da OEA e tornados públicos.
Em resumo, o programa de combate às drogas da CICAD é dividido em 
sete áreas de ação: redução da demanda; desenvolvimento educacional 
e pesquisa; redução da oferta e desenvolvimento alternativo; combate 
à lavagem de dinheiro; fortalecimento institucional; mecanismo de 
avaliação multilateral (MAM) e observatório interamericano de drogas.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 49
 2.2 Principais normas internacionais de 
controle de drogas
Neste tópico, vamos estudar as principais convenções internacio-
nais, vinculadas prinipalmente à Organização das Nações Unidas, 
e falar também do Plano Hemisférico, composto principalmente 
pelos Estados-membros da Organização dos Estados Americanos. 
Continue seus estudos e confira! 
2.2.1 Convenções Internacionais no âmbito 
da Organização das Nações Unidas (ONU)
As três principais convenções internacionais e estabelecidas sob os 
auspícios da ONU que amparam o regime internacional de controle 
de drogas são: 
Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961 
Tem o objetivo de combater o abuso de drogas por meio de ações 
internacionais coordenadas. Existem duas formas de intervenção 
e controle que trabalham juntas: a primeira é a limitação da posse, 
do uso, da troca, da distribuição, da importação, da exportação, da 
manufatura e da produção de drogas exclusivas para uso médico e 
científico; a segunda é o combate ao tráfico de drogas por meio da 
cooperação internacional para deter e desencorajar os traficantes.
Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971
Estabelece um sistema de controle internacional para substâncias 
psicotrópicas e é uma reação à expansão e diversificação do espectro 
do abuso de drogas. A convenção criou ainda formas de controle 
sobre diversas drogas sintéticas conforme, por um lado, o potencial 
de dependência e, por outro, o poder terapêutico.
Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes 
e Substâncias Psicotrópicas de 1988
Fornece medidas abrangentes contra o tráfico de drogas, inclusive 
métodos contra a lavagem de dinheiro e o fortalecimento do controle 
de precursores químicos. Ela também fornece informações para uma 
cooperação internacional por meio, por exemplo, da extradição de tra-
ficantes de drogas, seu transporte e procedimentos de transferência.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS50
Saiba Mais
Você pode ver detalhes dessas convenções realizando 
a leitura do documento em espanhol “Los tratados 
de fiscalización internacional de drogas” (disponível 
em http://lab.sead.ufsc.br/captM17) e na versão em 
inglês “The International Drug Control Conventions” 
(disponível em: http://lab.sead.ufsc.br/captM18).
Essas três convenções desenvolveram-se de um conjunto de nove 
atos internacionais anteriores que resultaram da mobilização inter-
nacional que emergiu inicialmente em Pequim em 1909:
Títulos do Atos Internacionais Local e data de 
assinatura
Data de entrada 
em vigor
Convenção Internacional do Ópio Haia, Holanda 
janeiro de 1912
Junho de 1919
Acordo de Genebra sobre o Ópio Genebra, Suíça 
fevereiro de 1925
Julho de 1926
Convenção Internacional do Ópio 
(nova)
Genebra, Suíça 
fevereiro de 1925
Setembro de 1928
Convenção para Limitar a 
Produção e Regular a Distribuição 
de Drogas Narcóticas
Genebra, Suíça 
julho de 1931
Julho de 1933
Acordo para o Controle do Fumo 
de Ópio no Extremo Oriente
Bangcoc, Tailândia, 
novembro de 1931
Abril de 1937
Convenção para a Repressão do 
Tráfico Ilícito das Drogas Nocivas
Genebra, Suíça, 
junho de 1936
Outubro de 1939
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 51
Protocolo Modificativo 
das Convenções 
Internacionais sobre 
Entorpecentes
Nova Iorque, EUA 
dezembro de 1946
Outubro de 1948
Protocolo destinado a 
colocar sob controle 
internacional as 
drogas não incluídas 
na Convenção de 13 
de julho de 1931, para 
limitar a fabricação 
e regulamentar a 
distribuição dos 
estupefacientes 
Paris, França, 
novembro de 1948
Dezembro de 1949
Protocolo para 
Regulamentar o Cultivo 
de Papoula e o Comércio 
de Ópio
Nova Iorque, EUA, 
dezembro de 1946
Outubro de 1948
Mobilizações que norteiam as três principais 
convenções da ONU.
A Convenção Única de 1961 expandiu as medidas de controle estabe-
lecidas pelo desenvolvimento dessas normas para abranger o cultivo 
de plantas das quais os narcóticos derivam.
Essas medidas de controle impuseram um fardo especialmente pesado 
aos países produtores tradicionais da Ásia, América Latina e África, 
onde o cultivo e o uso tradicional generalizado de papoula, folha de 
coca e maconha já eram concentrados na época.
A Convenção Única entrou em vigor em 1964 e estabeleceu a metas 
para abolir gradualmente os usos tradicionais das substâncias, in-
cluindo o uso religioso e o amplo uso “quase médico”, veja:
25 anos25 anos
Ópio Coca Cannabis (maconha)
15 anos
Prazo para eliminar o uso 
de ópio terminou em 1979.
Prazo para eliminar o uso 
de coca terminou em 1989.
Prazo para eliminar o uso de 
Cannabis terminou em 1989.
Convenção ÚnicaCurso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS52
A Convenção Única criou quatro listas (ou cronogramas) de subs-
tâncias controladas e estabeleceu um processo para incluir novas 
substâncias em tais cronogramas, sem a necessidade de modificar o 
texto dos artigos do tratado. As quatro tabelas da Convenção contêm 
mais de cem substâncias, classificadas de acordo com os diferentes 
graus de controle aos quais devem ser submetidas.
O tratado de 1971 estabeleceu uma estrutura de controle menos 
rígida do que a estabelecida pela Convenção Única de 1961, exceto 
no que tange à Lista I, a qual inclui substâncias que representam um 
sério risco à saúde pública, que atualmente não são reconhecidas 
pela Comissão de Estupefacientes (CND) como tendo qualquer valor 
terapêutico, incluindo psicodélicos sintéticos como LSD e MDMA, 
comumente conhecido como ecstasy. Veja a seguir as substâncias 
que representam risco à saúde, apresentadas principlamente nos 
anexos II, III e IV da Lista I.
Anexo IV
Inclui alguns barbitúricos mais fracos, como 
fenobarbital, outros hipnóticos, ansiolíticos hipnóticos, 
benzodiazepínicos e alguns estimulantes mais fracos.
Anexo III
Inclui produtos barbitúricos com efeitos rápidos ou 
médios, que foram objeto de abuso grave, apesar de 
serem terapeuticamente úteis, bem como 
flunitrazepam e alguns analgésicos.
Inclui estimulantes do tipo anfetamina, considerados 
com valor terapêutico limitado, além de alguns 
analgésicos e tetra-hidrocanabinol (THC), um 
ingrediente importante da Cannabis.
Anexo II
Substâncias que representam risco à saúde 
pública segundo a Convenção de 1971.
Você pode perceber que a ideia que amparou a negociação desse novo 
tratado foi o estabelecimento de uma resposta à diversificação do uso 
de drogas, com o objetivo de controlar uma nova gama de substân-
cias psicoativas (que entraram em moda na década de 1960), como 
anfetaminas, barbitúricos, benzodiazepínicos e drogas psicodélicas.
Cabe ressaltar que, durante as negociações da Convenção de 1971, 
tornou-se evidente que as grandes indústrias farmacêuticas da 
Europa e Estados Unidos exerciam pressão sobre os governos e 
a ONU, pois temiam que seus produtos fossem submetidos aos 
mesmos controles rigorosos estabelecidos pela Convenção Única.
A Convenção de 1988 emerge no contexto político, histórico e socio-
lógico das décadas de 1970 e 1980, levando à adoção de medidas ainda 
mais repressivas do que as estabelecidas nas convenções anteriores.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 53
O aumento da demanda por Cannabis, cocaína e heroína para fins 
não médicos, principalmente no mundo desenvolvido, estimulou 
uma produção ilícita em larga escala nos países onde essas plantas 
eram tradicionalmente cultivadas, a fim de abastecer o vibrante 
mercado consumidor.
O tráfico internacional de drogas rapidamente tornou-se um negócio de 
bilhões de dólares controlado por grupos criminosos, principalmente 
os chamados cartéis de drogas. Essa rápida expansão do comércio de 
drogas ilícitas justificou a intensificação do combate às drogas.
Nos Estados Unidos da América, que já era o mercado consumidor 
mais promissor à época, a resposta política foi declarar guerra à 
oferta de drogas oriunda do exterior, em vez de analisar e abordar as 
causas da crescente demanda doméstica. Isso pode ter contribuído 
para a epidemia de crack no país na década de 1980, bem como para a 
introdução de sentenças mínimas obrigatórias e para o consequente 
encarceramento em massa.
O termo “guerra às drogas” foi cunhado em 1971 pelo presidente 
Richard Nixon, tornando as drogas (incluindo seu uso) “inimigo 
público número um” para os EUA. O primeiro alvo nessa guerra foi 
o México, um país que havia fornecido à revolução contracultural da 
década de 1960 enormes quantidades de maconha produzida ilegal-
mente e, na década seguinte, também havia se tornado a principal 
fonte de heroína para o mercado dos EUA. Mas as primeiras opera-
ções antinarcóticos militares nesta guerra ocorreram nos Andes, 
com o envio de forças especiais do exército dos EUA para fornecer 
treinamento sobre como destruir plantações de coca, laboratórios 
de cocaína e redes de tráfico de drogas. O enfraquecimento da luta 
contra o bloco soviético e o fim da chamada Guerra Fria no final da 
década de 1980 liberou grandes quantidades de ativos militares que 
foram então transferidos para a guerra às drogas.
Foi nesse complexo contexto que a comunidade internacional, sob 
pressão significativa dos Estados Unidos da América e sob os aus-
pícios da ONU, convocou outra conferência para negociar o que se 
O tráfico de drogas e o mercado consumidor.
Foto: © [Couperfield] / Adobe Stock.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS54
Ordem dos eixos estratégicos que 
balizam o Plano Hemisférico. 
tornaria a Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e 
Substâncias Psicotrópicas de 1988.
A convenção de 1988 obrigava os países a impor sanções criminais 
para combater todos os aspectos da produção, posse e tráfico ilícitos 
de drogas. Estabeleceu medidas especiais contra o cultivo, produção, 
posse e tráfico ilícitos de substâncias psicoativas e o desvio de pro-
dutos químicos precursores, bem como um acordo sobre assistência 
jurídica mútua, incluindo extradição.
Há duas tabelas anexadas à Convenção de 1988 que listam produtos 
químicos precursores, reagentes e solventes que são frequente-
mente usados na fabricação ilícita de entorpecentes e substâncias 
psicotrópicas. Agora, vamos analisar o Plano Hemisférico (OEA), 
sua elaboração, ações e os cinco eixos estratégicos que baseiam o 
documento. Veja os detalhes a seguir!
2.2.2 Plano Hemisférico da Organização dos 
Estados Americanos (OEA)
Você já ouviu falar no Plano Hemisférico?
Esse plano identifica objetivos e ações prioritárias a serem desenvol-
vidas até 2020 em cada um dos 34 Estados-membros que compõem 
a Organização dos Estados Americanos e é dividido em cinco eixos 
estratégicos. O documento é uma referência para o desenho de polí-
ticas, programas e projetos nacionais sobre drogas, a fim de tornar 
possível o alinhamento e a sinergia entre as agendas nacionais e a 
agenda hemisférica desenvolvida pela Comissão Interamericana para 
o Controle do Abuso de Drogas (CICAD).
Fortalecimento 
Institucional 
1 Eixoº
Redução da 
Demanda
2 Eixoº
Redução da 
Oferta 
3 Eixoº
Medidas de 
Controle
4 Eixoº
Cooperação 
Internacional
5 Eixoº
O plano foi elaborado à luz da realidade, da legislação interna e do 
nível de desenvolvimento da abordagem do problema das drogas 
em cada Estado. O Plano de Ação também incorpora uma pers-
pectiva transversal de direitos humanos, o enfoque de gênero e o 
desenvolvimento com inclusão social, levando em conta critérios 
de pertinência de cultura e grupo etário. 
Veja a seguir os objetivos e as ações prioritárias empreendidas em 
cada eixo do Plano Hemisférico.
Curso CaPtaNDo 
MÓDULO 1 - ELEMENTOS CONCEITUAIS, CONTEXTUAIS E NORMATIVOS 55
Em síntese, o primeiro eixo tem ações voltadas para estabelecer as 
autoridades nacionais responsáveis pela implementação, formulação 
e avaliação das políticas sobre drogas, promovendo os recursos 
necessários para promover o funcionamento efetivo de medidas, 
sempre em concordância com os direitos humanos e também com 
estudos de pesquisa e avaliações que ajudam na compreensão do 
problema das drogas na população em geral.
 } Estabelecer e fortalecer autoridades nacionais sobre drogas, 
situando-as num alto nível político e capacitando-as para 
coordenar as políticas nacionais sobre drogas, em suas etapas 
de formulação, implementação, monitoramento e avaliação.
 } Formular, implementar, avaliar e atualizar políticas e 
estratégias nacionais sobre drogas, que sejam integrais e 
equilibradas, baseadas em evidências, que incorporem uma 
perspectiva transversal de direitos humanos, coerente com 
as obrigações das

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