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Apostila 1 - Evolução histórica da teoria da personalidade; definição e conceito

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UNAMA – FACULDADE DA AMAZÔNIA
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE
PROFESSOR: ANTONIO ANDERSON GOMES DE SOUZA
DEFINIÇÕES DE PERSONALIDADE E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS TEORIAS DA PERSONALIDADE
1 INTRODUÇÃO
Em nossa primeira aula vamos conhecer um pouco da história da psicologia da personalidade, além de conceitos iniciais importantes para compreendermos esta área da psicologia. Esta disciplina é pré-requisito para as disciplinas de psicopatologia por fornecer as bases para a compreensão do funcionamento da personalidade humana. Espera-se que, após essa aula, sejamos capazes de conceituar a personalidade de forma científica, além de explicar um pouco do percurso histórico dessa área da psicologia.
Diversos filósofos, estudiosos e pensadores têm elaborado perguntas acerca da personalidade humana: como ela surge, se pode ser modelada à vontade pelo sujeitou, se é determinada por forças além do sujeito, o que torna personalidades disfuncionais, dentre outras (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015).
Embora no início essas perguntas tenham levado a respostas através de opiniões e vivências pessoais, influenciadas por questões políticas, econômicas, religiosas e sociais, durante o final do séc. XIX houve um avanço da ciência que permitiu que a psicologia, área da ciência ainda jovem, passasse e sistematizar os estudos e pesquisas nessa área.
Os primeiros teóricos da personalidade, dentre eles, Freud, Adler e Jung, formularam teorias a partir de observações clínicas, construindo modelos de comportamento humano, indo na contramão da ciência padrão, baseada no positivismo. Cada um chegou a suas próprias conclusões acerca da personalidade humana e, embora conseguissem resultados mais organizados e confiáveis, ainda se baseavam em casos clínicos individualizados (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015).
Eles eram considerados rebeldes, tanto pela medicina quanto pela ciência experimental, tendo em vista que suas ideias não eram convencionais e suas práticas, pouco usuais. Isso os ajudou, por um lado, fazendo com que tivessem maior liberdade para especular e questionar teorias aceitas por outros psicólogos, mas que por outro lado, refletia em menor disciplina e sistematização de suas teses (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
Os teóricos que os sucederam passaram a utilizar pesquisas mais empíricas, desenvolvendo modelos provisórios, testando suas hipóteses e reformulando seus modelos propostos, ou seja, faziam uso do método científico (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015).
Contudo, não queremos afirmar aqui que os novos teóricos não iniciavam suas pesquisas a partir de observações e especulações. Inclusive, é possível perceber que os modelos de personalidade estão ligados à própria personalidade de quem os teorizou.
Os modelos criados acabaram influenciando não apenas a psicologia e suas diferentes abordagens, mas também a sociologia, educação, propaganda, administração, arte, literatura, religião, entre outros campos do saber humano (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015).
UMA NOTA SOBRE A DIVERSIDADE
A primeira pessoa a propor uma teoria abrangente da personalidade foi Sigmund Freud, um neurologista clínico que formulou suas teorias enquanto tratava de pacientes em Viena, Áustria, no séc. XIX. 
Seu trabalho, conhecido como psicanálise, fundamentou-se em grande parte em sessões com mulheres brancas, europeias e ricas que vinham a ele se queixando de aflição emocional e de ideias e comportamentos perturbadores. Com base nas observações da evolução [ou ausência de evolução] de cada uma delas, ele ofereceu uma teoria para explicar as personalidades das pessoas. 
O seu sistema foi importante tanto pelos conceitos que propôs – muitos dos quais hoje em dia são parte da cultura popular – como pela oposição que provocou, inspirando outros teóricos a examinar e a divulgar suas próprias ideias para explicar a personalidade.
Hoje, os teóricos e pesquisadores da personalidade reconhecem que uma explicação baseada em um pequeno segmento homogêneo da população não pode ser aplicada a vários grupos diferentes de pessoas que compartilham um espaço no mundo. 
A situação é semelhante na medicina. Médicos e pesquisadores reconhecem que alguns medicamentos e tratamentos apropriados para jovens adultos não são adequados para crianças ou pessoas idosas. Algumas doenças predominantes em alguns grupos étnicos são raras em outros, o que exige diferenças na triagem e nos testes médicos de populações diferentes.
A teoria da personalidade contemporânea tenta ser abrangente, estudando as influências de idade, sexo, origem étnica, crenças religiosas e orientação sexual.
1 - Retirado de Schultz; Schultz, 2019. p. XV.
2 O QUE É PERSONALIDADE 
Embora não exista um consenso [um estudo chegou a encontrar quase cinquenta definições para esse termo (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000)], pode-se definir, de maneira genérica, a personalidade como sendo a singularidade que existe em cada indivíduo, diferenças únicas no comportamento, dentro de sua própria espécie. Por conseguinte, podemos dizer que não é algo exclusivo de humanos, pois outros animais como gatos, cachorros, onças e jacarés exibem certa variabilidade de sujeito para sujeito (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015).
Todavia, os humanos acabam tendo essa singularidade mais acentuada, se comparada aos demais animais. Estudiosos da área de psicologia se interessaram por isso, por explicar como essas diferenças na personalidade ocorrem, não existindo um consenso acerca do que é de fato a personalidade.
O termo personalidade vem do latim persona, nome dado à máscara teatral usada por atores romanos na antiguidade, usada para projetar um papel ou aparência diferente de sua própria (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015; SCHULTZ; SCHULTZ, 2019). Por isso, a palavra passou a ser usada para designar a aparência externa, o que mostramos aos outros. Porém, a personalidade vai além de nossos desempenhos sociais.
Usualmente quando nos referimos a personalidade de alguém, incluímos os diversos atributos de uma pessoa, características que vão além de seu corpo físico, falamos de suas qualidades socioemocionais, aspectos subjetivos de si, que percebemos com nossos órgãos dos sentidos. A personalidade engloba elementos que tentam ser mantidos ocultos e os quais, algumas vezes, nem a própria pessoa reconhece em si.
Cada teoria da personalidade é fruto da discrepância que os autores têm ao defini-la, dessa singularidade de visão acerca da temática, cada teórico percebendo-a a partir de uma perspectiva, mas quanto a isso, já estamos familiarizados, basta lembrarmos do termo psicologias.
É importante percebermos que a vida de cada teórico influenciou na criação de sua tese: alguns nasceram na Europa, outros nos Estados Unidos; enquanto alguns viveram em seus países de origem, outros migraram; uma parte sofreu influências religiosas; alguns usaram suas experiências clínicas anteriores, enquanto outros usaram pesquisas empíricas etc.
O fato é que cada um deles abordou a personalidade a partir de uma lente, quer seja fazendo uma teoria ampla ou que abarca apenas alguns elementos da personalidade. Fiest, Fiest e Roberts (2015, p. 4 apud ROBERTS; MROCZEK, 2008) definem a personalidade como sendo “um padrão de traços relativamente permanentes e características únicas que dão consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa”. 
Já Schultz e Schultz (2019, p. 6) acrescentam a importância de observarmos a situação vivenciada, tendo em vista que esta impacta no comportamento do indivíduo ao afirmar que a personalidade é constituída por “[…] aspectos internos e externos peculiares relativamente permanentes do caráter de uma pessoa que influenciam o comportamento em situações diferentes”.
Um destaque a ser feito é que cada conceito existente está relacionado a uma teoria, portanto, a maneira pela qual uma pessoa define a personalidade depende de sua preferência teórica, nas palavras de Hall, Lindzey e Campbell (2000, p. 33) “a personalidade é definida pelos conceitos empíricos específicos que fazem parte da teoria da personalidade empregada peloobservador”. As dimensões ou variantes que descrevem a pessoa são percebidas de uma maneira específica, a partir do posicionamento central de uma teoria específica. 
2.1 CARACTERÍSTICAS ESTÁVEIS E PREVISÍVEIS
Uma das dicotomias acerca da personalidade que gerou controvérsias por, aproximadamente, vinte anos, foi o embate entre características estáveis e permanentes versus características que dependem da situação a qual o sujeito está vivenciando.
Os psicólogos concluíram com o posicionamento de que tanto características estáveis e duradouras quando as variáveis situacionais existem e interagem no sujeito, algo que deve ser levado em consideração ao avaliar a personalidade humana (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019).
2.2 A PERSONALIDADE PARA O SENSO COMUM
Como já devemos ter notado, não são apenas os teóricos da psicologia que se sentem intrigados e procuram definir e analisar a personalidade. No senso comum, segundo Hall, Lindzey e Campbell (2000), popularmente a palavra personalidade assume dois usos: 
a. como sinônimo de habilidade social, sendo esta avaliada através das reações agradáveis que o sujeito consegue produzir nas pessoas que convivem com ele, nas mais variadas situações; 
b. também existe o pensamento onde a personalidade pode ser resumida à característica mais marcante da pessoa.
Assim, percebe-se a polarização da personalidade ‘avaliada’ como sendo boa ou má, adequada ou desajustada, agradável ou desagradável. Veremos sobre o estudo científico da personalidade na aula seguinte.
3 A TEORIAS DA PERSONALIDADE E A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
As questões acerca da personalidade, como relatamos anteriormente, remontam à própria história. Destacamos filósofos da Grécia Antiga, como Hipócrates, Platão e Aristóteles, além de pensadores mais recentes, como Aquino, Bentham, Comte, Hobbes, Kierkegaard, Locke, Nietzsche e Machiavelli. Todos levaram uma ênfase cada vez maior no psiquismo e na personalidade humana (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
Todavia, embora pareça que essa área sempre tenha tido um lugar de destaque na psicologia, não foi bem assim. Durante muitos anos foi dada pouca atenção à personalidade (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019).
Podemos perceber cinco fontes de influência na teoria da personalidade (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000):
a. A tradição da observação clínica, que teve início com Charcot e Janet, foi um dos fatores mais importantes para a constituição da área da psicologia da personalidade.
b. A tradição Gestáltica e de William Stern, com sua ênfase na unidade de comportamento, contrários à análise de elementos isolados.
c. A psicologia experimental e a teoria da aprendizagem trouxeram uma crescente preocupação com a pesquisa controlada, maior rigor na construção das teorias e apreciação mais detalhada de como o comportamento é modificado.
d. A tradição psicométrica, com foco na mensuração do comportamento e sua análise quantitativa.
e. A genética e a fisiologia, proporcionaram tentativas de identificação e descrição das características de personalidade, com ênfase em fatores neurológicos e genéticos, constituintes das características psíquicas dos sujeitos. 
Como sabemos, a psicologia se emancipou da filosofia apenas no séc. XIX, em grande parte, graças ao trabalho de Wundt, no laboratório da Universidade de Leipzig. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019). Vamos agora acompanhar os estudos acerca da personalidade nas primeiras abordagens 
3.1 O ESTUDO DA CONSCIÊNCIA
A psicologia enquanto ciência foi influenciada pelo positivismo e sua visão rígida. Para serem consideradas ciências legítimas, as diferentes áreas deveriam seguir o modelo das ciências naturais, utilizando o reducionismo e os métodos experimentais.
Como Wundt utilizava o método experimental, um conceito tão complexo como a personalidade não tinha espaço em seus estudos, pois não havia compatibilidade com os métodos objetivos da química e da física (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019).
3.1 O ESTUDO DO COMPORTAMENTO
No início do séc. XX o psicólogo John Watson publicou um manifesto contrário às ideias de Wundt, dando início a um movimento conhecido como behaviorismo. Ele argumentava que para estar alinhada às ciências naturais, a psicologia deveria se ater apenas aos aspectos tangíveis, que poderiam ser observados externamente, mensurados e experienciados: o comportamento.
O behaviorismo tem uma visão de homem-máquina que responde de forma automática aos estímulos do ambiente. Por tanto, para essa teoria, a personalidade nada mais seria do que “um acúmulo de respostas aprendidas ou sistemas de hábitos […]” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019, p. 4). Com esse conceito percebemos que não existe, no behaviorismo, lugar para a consciência ou inconsciente.
3.1 O ESTUDO DO INCONSCIENTE
A partir da década de 1890, Freud deu início a uma terceira linha de questionamentos, independente de Wundt e Watson, criando um sistema conhecido como psicanálise. Essa teoria foi elaborada a partir da observação clínica de vários pacientes durante uma série de sessões psicanalíticas.
Com base em sua teoria, neopsicanalistas desenvolveram conceitos fora da corrente experimental da psicologia, percebendo o ser humano de acordo com seu comportamento no mundo real. Eles aceitavam a existência de forças conscientes e inconscientes, fundamentando-se mais em deduções do que na análise quantitativa (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a psicologia experimental não estava tão interessada na personalidade, o que não significa que seus conhecimentos não tenham utilidade, como vimos em outras disciplinas. Experimentalistas e teóricos da personalidade têm seu prestígio.
Nas palavras de Hall, Lindzey e Campbell (2000, p.29): 
Um grupo recebeu com satisfação os sentimentos intuitivos e os insights, mas desprezou as armadilhas da ciência, com sua restrição sobre a imaginação e suas habilidades técnicas rigorosas. O outro aplaudiu o rigor e a precisão da investigação delimitada e esquivou-se desgostoso do uso desenfreado do julgamento clínico e da interpretação imaginativa.
A própria fonte de pesquisa, por ser diferente, acaba direcionando esses dois grupos de maneira distinta: os psicólogos acadêmicos estão mais distantes das pressões encontradas nas práticas de campo, decidindo o que é importante a partir de seus próprios interesses, enquanto isso, os psicólogos da personalidade eram confrontados por problemas do cotidiano, dedicando-se aquilo que encontravam em seus pacientes.
Isso não significa que não houve estudos capazes de aliar os dois campos, embora eles tenham permanecido predominantemente afastados. Até porque as perguntas que os impulsionavam eram diferentes: enquanto a psicologia experimental se perguntava acerca da existência de um pensamento sem imagens e da velocidade das ligações neuronais, teóricos da personalidade queriam compreender qual o papel do trauma infantil no comportamento adulto e se a saúde mental poderia ser totalmente recuperada (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
Fica evidente que as teorias da personalidade tiveram maiores contribuições da prática clínica, sendo seus primeiros grandes nomes médicos, mas que também trabalhavam como psicoterapeutas.
Iremos explorar melhor o que é a personalidade para a ciência na próxima aula.
REFERÊNCIAS
FIEST, J.; FIEST, G. J.; ROBERTS, T. Introdução à teoria da personalidade. In: FIEST, J.; FIEST, G. J.; ROBERTS, T. Teorias da personalidade. 8.ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. p. 2-9.
HALL, C. S.; LINDZEY, G.; CAMPBELL, J. B. Teorias da personalidade. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SCHULTZ, D. P; SCHULTZ, S. E. Teorias da personalidade. 3.ed. São Paulo: Cengage, 2019.

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