Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
i UNIVERSIDADE DO BRASIL CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA Instituto de Química Departamento de Química Orgânica CROMATOGRAFIA GASOSA DE ALTA RESOLUÇÃO ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE MASSAS APLICADA AO ESTUDO DE AGENTES ANABÓLICOS E CANDIDATOS A FÁRMACOS MODULADORES DE RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS EM FLUIDOS BIOLÓGICOS MONICA COSTA PADILHA Tese de Doutorado Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. ii Rio de Janeiro 2007 CROMATOGRAFIA GASOSA DE ALTA RESOLUÇÃO ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE MASSAS APLICADA AO ESTUDO DE AGENTES ANABÓLICOS E CANDIDATOS A FÁRMACOS MODULADORES DE RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS EM FLUIDOS BIOLÓGICOS Monica Costa Padilha Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Química da Universidade do Brasil- UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências Aprovado por: Prof. Francisco Radler de Aquino Neto (IQ/UFRJ) Prof. Carlos Alberto Manssour Fraga (IQ/UFRJ) Prof. Ângelo da Cunha Pinto (IQ/UFRJ) Prof. Eliezer de Jesus Barreiro (FF/UFRJ) Profa. Paula Fernandes de Aguiar (IQ/UFRJ) Prof. Tanus Jorge Nagem (DEQUI/UFOP) Rio de Janeiro, dezembro de 2007 iii FICHA CATALOGRÁFICA Padilha, Monica Costa CROMATOGRAFIA GASOSA DE ALTA RESOLUÇÃO ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE MASSAS APLICADA AO ESTUDO DE AGENTES ANABÓLICOS E CANDIDATOS A FÁRMACOS MODULADORES DE RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS EM FLUIDOS BIOLÓGICOS xx, f. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade do Brasil – UFRJ. Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, Instituto de Química, Departamento de Química Orgânica, 2007 Orientadores: Francisco Radler de Aquino Neto e Carlos Alberto Manssour Fraga 1. Anabolizantes 2. Protótipos para receptores D2 3. Cromatografia gasosa de alta resolução 4. Espectrometria de massas 5. Validação de metodologia – Teses. I. Francisco Radler de Aquino Neto e Carlos Alberto Manssour Fraga (orientadores). II. Universidade do Brasil. Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. Instituto de Química. Departamento de Química Orgânica. III. Título. iv Tese realizada no Departamento de Química Orgânica do INSTITUTO DE QUÍMICA DA UNIVERSIDADE DO BRASIL- UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Doutor em Ciências, sob a orientação dos Professores Francisco Radler de Aquino Neto e Carlos Alberto Manssour Fraga. v AGRADECIMENTOS Ao professor Francisco Radler de Aquino Neto, pela enorme contribuição na minha formação profissional, pela parceria, confiança, pelas melhores oportunidades de aprendizado e pelo incentivo demonstrado na convivência ao longo de todos esses anos. Ao professor Carlos Alberto Manssour Fraga, pela importante contribuição científica e enorme incentivo ao longo da realização desse trabalho. Aos meus queridos amigos Renata S. L. Raices, Flavio L. Vicente, a Júlia R. L. Vicente, Rebecca S. Nocolich e Valter Luiz Gonçalves pelo total apoio e amizade demonstrados ao longo do desenvolvimento desta tese. Aos companheiros de trabalho do LAB DOP, Henrique, Rafael, Professor Luiz Nelson e Tarcísio, pela união nos momentos difíceis e pelo apoio e incetivo frente aos desafios que envolvem trabalhar com controle de dopagem no Brasil. A VARIAN pelo apoio, amizade e enorme contribuição em minha carreira. Aos professores da PGQO, em especial aos professores Pierre Mothé Esteves, Ângelo da Cunha Pinto e Cláudia Moraes de Rezende pela enorme contribuição em minha carreira. A professora Paula Fernandes de Aguiar pela amizade, motivação e por compartilhar comigo seus conhecimentos em estatística. Aos amigos da PGQO, em especial a turma de 2004/1, por todos os momentos que passamos juntos ao longo desses anos. Aos técnicos da triagem IV, Isadora, Márcia, Sabrina, Roberto, Glauco e Mariana pelo apoio, compreensão e incentivo ao longo desses anos. vi A todos os companheiros do LAB-DOP - LADETEC (Instituto de Química, UFRJ) e a todos que contribuíram de forma direta ou indireta na execução desta tese. Aos professores da CEFETEQ-RJ, pelo incentivo e amizade ao longo de todos esses anos de convivência. Ao Dr. Ivan Costas Barros pela pergunta certa em um momento difícil, pelo incentivo e amizade ao longo de todos esses anos de convivência. À minha mãe e ao meu pai pela força, carinho e incentivo, a minha irmã Luciana e ao meu cunhado Marcelo pelo apoio e compreensão. vii “A imaginação é mais importante que o conhecimento” Albert Einstein viii RESUMO A pesquisa de protótipos de candidatos a fármacos e o desenvolvimento de métodos de controle de dopagem no esporte exigem, invariavelmente, o estudo do perfil de biotransformação da substância de interesse. Para identificar esses possíveis metabólitos, a cromatografia gasosa de alta resolução acoplada a espectrometria de massas (CGAR-EM) tem-se mostrado uma técnica analítica confiável e versátil, permitindo sua aplicação a diferentes tipos de moléculas orgânicas. Um grupo de protótipos candidatos a fármacos com propriedades antipsicóticas foi sintetizado pelo LASSBio/FF-UFRJ em 2004. Entretanto, para esses protótipos N-fenil- piperazínicos, ainda não havia sido feita a caracterização detalhada por espectrometria de massas e a investigação de possíveis metabólitos usando modelos animais. Por outro lado, em função dos jogos Pan-Americanos 2007, o LABDOP/IQ-UFRJ teve de incluir diversos agentes anabólicos no escopo de seu trabalho, o que requer o controle não só dos fármacos mas também de seus metabólitos. Tendo em vista essas duas necessidades prementes, o objetivo deste trabalho foi desenvolver, e validar metodologias analíticas, baseadas em CGAR-EM, para o estudo dos metabóliots de N-fenilpiperazinas e de esteróides anabolizantes em fluidos biológicos. Para os protótipos candidatos a fármacos, a caracterização por ESI-EM/EM indicou um único fragmento dominante para os pirazóis e quatro fragmentos majoritários para os triazóis. Em relação a investigação de metabólitos para o composto LASSBio 581, não foi possível a detecção de algum sinal que pudesse ser atribuído a um possível metabólito. No caso dos agentes anabólicos, foi possível a inclusão na rotina do laboratório dos metabólitos de Tamoxifeno, Clomifeno, Ciclofenil, Letrozol, Metilnortestosterona, Metasterona, Tibolona, Zeranol e dos fármacos Formestano e Hiperdrol, assim como a validação da metodologia empregada. Adicionalmente foi possível desenvolver um método que tanto atendeu a demanda dos jogos – permitindo, inclusive, liberação de resultados em 24 horas – quanto cumpriu as exigências da Agência Mundial Anti- dopagem. Assim, com um tempo total de corrida de 6,25 min para análise de Clembuterol, Epimetendiol, 3α,5β-Metiltestosterona, 3’OH-estanozolol e Norandorsterona, a técnica proporcionou a detecção no limite de desempenho requerido pela agência reguladora. ix ABSTRACT The research for prototypes to drug candidates and the methods development for doping control in sports invariably demand the study of the biotransformationprofile of the interest substance. In order to identify these possible metabolites, high resolution gas chromatography coupled with mass spectrometry (HRGC-MS) has been shown to be reliable and versatile, allowing its application to different types of organic molecules. A group of prototypes drug candidates for schizophrenia control was synthesized by LASSBio/FF-UFRJ in 2004. However, for these N-phenylpiperazinic prototypes, there had not been conducted the characterization by mass spectrometry and the investigation about possible metabolites, in animal models. On the other hand, due Pan-American Games 2007, LABDOP/IQ-UFRJ had to include several anabolic steroids in the work scope, which would require the control of not only the parent drugs but also their metabolites. In the face of these two pressing necessities, the objective of this work is to develop and validate analytical methodologies based on HRGC-MS for the study of N- phenylpiperazines and anabolic steroids metabolites in biological fluids. For the prototypes drug candidates, the characterization was performed by electrospray ionization mass and tandem mass spectrometry indicating a dominant fragment for the pyrazole series and four major fragments for the triazole series. Regarding to metabolites of LASSBio 581, was not possible detect any signal which could be related with possible metabolites. In the case of the steroids, was possible include in screening of laboratory metabolites of Tamoxifen, Clomiphene, Cyclofenil, Letrozole, Methylnortestosterone, Methasterone, Tibolone, Zeranol the drugs Formestane and Hyperdrol, as well the validation of this method used. In addition was possible to develop a method that both fulfilled the demand of the Games – allowing the release of results within 24 hours indeed – and complied with the requirements from the World Anti-Doping Agency. Then, with a total running time of 6.25 min to analysis of Clembuterol, Epimetendiol, 3α,5β- Methiltestosterone, 3’OH-stanozolol and Norandrosterone, the technique also provide the minimum required performance limits according regulatory agency. x ÍNDICE GERAL Capítulo 1. INTRODUÇÃO Página 1.1. CROMATOGRAFIA GASOSA DE ALTA RESOLUÇÃO 1 1.2. ESPECTROMETRIA DE MASSAS 3 1.2.1. Analisadores do tipo “armadilha de íons” – Ion trap 6 1.2.1.1. Modos de operação no Ion trap 6 1.3. TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO DE AMOSTRA 6 1.3.1. Precpitação 7 1.3.2. Extração por fase sólida Hidrólise 7 1.3.3. Extração líquido-líquido 8 1.3.4. Derivatização 9 1.4. CONTROLE DE DOPAGEM NO ESPORTE - UM BREVE HISTÓRICO 10 1.5. AGENTES ANABÓLICOS NO CONTEXTO DO CONTROLE DE DOPAGEM NO ESPORTE 11 1.5.1. Mecanismo de ação e uso clínico 13 1.5.2. Abuso de esteróides 13 1.5.3. Metabolismo 14 1.5.4. Estrutura química 19 1.5.4.1. Anabolizantes 21 1.5.4.1.1. Estanozolol 21 1.5.4.1.2. Metandienona 23 1.5.4.1.3. Nandrolona 24 1.5.4.1.4. Metiltestosterona 25 1.5.4.1.5. Metilnortestosterona 26 1.5.4.1.6. Metasterona 27 1.5.4.2. Agentes anabólicos 27 1.5.4.2.1. Clembuterol 27 1.5.4.2.2. Tibolona 28 1.5.4.2.3. Zeranol 29 1.5.4.3. Agentes com atividade anti-estrogênica 30 1.5.4.3.1. Tamoxifeno 32 1.5.4.3.2. Clomifeno 34 1.5.4.3.3. Ciclofenil 35 xi 1.5.4.3.4. Letrozol 35 1.5.4.3.5. Formestano 36 1.5.4.3.6. Hiperdrol 36 1.5.5. Estratégia do exame antidopagem para agentes anabólicos 37 1.5.6. Métodos analíticos aplicados a agentes anabólicos 38 1.5.6.1. Cromatografia gasosa de alta resolução acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) 38 1.5.6.2. Critérios de identificação para ensaios qualitativos envolvendo a Cromatografia e a Espectrometria de massas 38 1.6. PROTÓTIPOS PARA RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS 40 1.6.1. Planejamento estrutural de novos heterocíclicos N-fenilpiperazínicos a partir da clozapina 40 1.6.2. Processo de desenvolvimento de fármacos 42 1.6.3. Metabolismo de N-fenilpiperazínicos 43 Capítulo 2. OBJETIVOS 44 Capítulo 3. EXPERIMENTAL 3.1. SUBSTÂNCIAS DE REFERÊNCIA 46 3.2. SOLVENTES E REAGENTES 46 3.3. MEDICAMENTOS 47 3.4. AMOSTRAS BIOLÓGICAS 47 3.5. MATERIAIS 47 3.6. EQUIPAMENTOS 47 3.7. LIMPEZA DA VIDRARIA 48 3.8. PREPARO DAS SOLUÇÕES 48 3.8.1. Soluções padrão estoque 48 3.8.2. Soluções padrão de trabalho 49 3.8.3. Padrão interno (ISTD) 50 3.8.4. Solução de D5-androsterona-glicuronídeo 50 3.8.5. Solução de KOH 50 3.8.6. Solução derivatizante 51 3.8.7. Limpeza e silanização dos liners (encamisamento de vidro) de quartzo e / ou vidro borossilicato (método LADETEC n°5106) 51 xii 3.9. MÉTODOS DE EXTRAÇÃO EM MATRIZES BIOLÓGICAS 52 3.9.1. Extração de agentes anabólicos em urina humana 52 3.9.1.1. Método de triagem (método LADETEC n°5070) 52 3.9.2. Extração de LASSBio 581 em plasma de rato wistar 54 3.10. CONDIÇÕES DE ANÁLISE CROMATOGRÁFICA (CGAR-EM) DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS 56 3.10.1. Análise de agentes anabólicos em urina humana 56 3.10.2. Análise de LASSBio 581 em plasma de rato Wistar 56 3.11. METABOLISMO DO COMPOSTO LASSBio 581 57 3.11.1. Animais 57 3.11.2. Preparo e administração das doses 57 3.11.3. Coleta das amostras de plasma e urina 57 3.12. VALIDAÇÃO DE MÉTODOS 58 3.12.1. Recuperação do processo de extração 60 3.12.2. Protocolo de validação para análise qualitativa 61 3.12.2.1. Especificidade 61 3.12.2.2. Limite de detecção 62 3.12.2.3. Precisãointra-ensaio (repetitividade) 62 3.12.2.4. Valores aberrantes 62 3.12.3. Protocolo de validação para análise semi-quantitativa 63 3.12.3.1. Especificidade 63 3.12.3.2. Contaminação entre amostras (arraste) 63 3.12.3.3. Limite de detecção (LD) 64 3.12.3.4. Limite de quantificação (LQ) 64 3.12.3.5. Precisão intra-ensaio (repetitividade) 64 3.12.3.6. Valores aberrantes 65 3.12.4. Protocolo de validação para análise quantitativa 65 3.12.4.1. Especificidade 66 3.12.4.2. Contaminação entre amostras (arraste) 66 3.12.4.3. Valores aberrantes 66 3.12.4.4. Homocedasticidade / Heterocedasticidade 66 3.12.4.5. Curva de calibração / Linearidade 67 3.12.4.6. Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) 68 3.12.4.7. Precisão e exatidão inter-ensaio 68 xiii 3.12.4.8. Cálculo da incerteza expandida (U) 69 3.13. MONITORAMENTO DO TEMPO NECESSÁRIO PARA HIDRÓLISE DE AGENTES ANABÓLICOS 71 Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ANÁLISE CROMATOGRÁFICA E DA DETECÇÃO DE AGENTES ANABÓLICOS 72 4.1.1. Padronização interna e controle da qualidade do método 75 4.2. IMPLEMENTAÇÃO DE AGENTES ANABÓLICOS A PARTIR DE URINAS DE EXCREÇÃO 76 4.2.1. Metilnortestosterona 76 4.2.2. Metasterona 81 4.2.3. Hiperdrol 86 4.3. IMPLEMENTAÇÃO DE AGENTES ANABÓLICOS E ESTUDO DA CINÉTICA DA HIDRÓLISE 89 4.3.1. Clomifeno 90 4.3.2. Tamoxifeno 93 4.3.3. Ciclofenil 97 4.3.4. Cinética da hidrólise 99 4.4. IMPLEMENTAÇÃO DE AGENTES ANABÓLICOS A PARTIR DE PADRÕES DE REFERÂNCIA 100 4.4.1. Validação qualitativa do método analítico 100 4.4.1.1. alfa-Zeranol 102 4.4.1.2. beta-Zeranol 105 4.4.1.3. Tibolona 109 4.4.1.4. Letrozol 111 4.4.1.5. Formestano 115 4.4.2. Validação semi-quantitativa do método analítico 118 4.4.2.1. Determinação do método de análise por CGAR-ITD – VARIAN 4000 121 4.4.3. Validação quantitativa do método analítico 126 4.5. DERIVADOS N-FENILPIPERAZINAS 134 4.5.1. Caracterização química dos derivados N-fenilpiperazinas 134 4.5.2. Desenvolvimento de metodologia para análise do composto LASSBio 581 134 xiv Capítulo 5. CONCLUSÃO 136 Capítulo 6. BIBLIOGRAFIA 137 ANEXOS 145 xv ÍNDICE DE FIGURAS Página Figura 1: Metabolismo no anel A dos EAA: redução 5α e 5β de esteróides 3-ceto-4-eno. 16 Figura 2: Metabolismo no anel A dos EAA: redução do grupo 3-ceto-4-eno. 16 Figura 3: Metabolismo no anel B dos EAA: 6β-hidroxilação. 17 Figura 4: Metabolismo no anel D dos EAA: oxidação do grupo hidroxila em 17β. 17 Figura 5: Metabolismo no anel D dos EAA: hidroxilação em C16 e formação de metabólitos 16-ceto. 18 Figura 6: Estrutura química da testosterona (Androst-4-en-17β-ol-3-ona) e estrutura química geral dos esteróides. 19 Figura 7: Estrutura de diferentes esteróides anabólicos. 21 Figura 8: Principais metabólitos do estanozolol em humanos. 22 Figura 9: Principais metabólitos da metandienona em humanos. 24 Figura 10: Principais metabólitos da nandrolona em humanos. 25 Figura 11: Principais metabólitos da metiltestosterona em humanos. 26 Figura 12: Estrutura química da metilnortestosterona. 26 Figura 13: Estrutura química da metasterona. 27 Figura 14: Estrutura química do clembuterol. 28 Figura 15: Principais metabólitos da tibolona em humanos. 29 Figura 16: Principais metabólitos do zeranol em humanos. 30 Figura 17: Estrutura química de agentes com atividade anti-estrogênica. 32 Figura 18: Principais metabólitos do tamoxifeno em humanos. 33 Figura 19: Principal metabólito do clomifeno em humanos. 34 Figura 20: Principal metabólito do ciclofenil em humanos. 35 Figura 21: Principais metabólitos do letrozol em humanos. 35 Figura 22: Estrutura química do formestano. 36 Figura 23: Estrutura química do hiperdrol. 36 Figura 24: Novas famílias de compostos heterocíclicos. 41 Figura 25: Estrutura química da clozapina. 42 Figura 26: Proposta do metabolismo de MeOPP em rato wistar. 43 Figura 27: Fluxograma do método de extração de agentes anabólicos em urina humana. 53 Figura 28: Fluxograma do método de extração de LASSBio 581 em plasma de rato wistar. 55 xvi Figura 29: Gaiola metabólica. 58 Figura 30: Diagrama de causa-efeito (espinha de peixe). 70 Figura 31: Fluxograma das condições de derivatização. 73 Figura 32: Análise da metiltestosterona (PI) por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas da metiltestosterona-bis-TMS. 74 Figura 33: Reação de derivatização da metiltestosterona. 75 Figura 34: Controle de derivatização. (A) Amostra de urina não derivatizadas, (B) Amostra de urina derivatizada. 76 Figura 35: Possível metabólito da metilnortestosterona. 77 Figura 36: Proposta de possíveis metabólitos da metilnortestosterona. 77 Figura 37: (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas do metabólito da metilnortestosterona-bis-TMS. 79 Figura 38: Análise do fragmentograma da metilnortestosterona e dos dez brancos de urina avaliados. 81 Figura 39: Possíveis metabólitos da metasterona. 81 Figura 40: Análise da metasterona e seu metabólito por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) e (B1) espectro de massas da metasterona-bis-TMS e Metasterona-met.-bis-TMS. 83 Figura 41: Análise do fragmentograma da metasterona e dos dez brancos de urina avaliados. 86 Figura 42: Análise do hiperdrol por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas do hiperdrol-bis-TMS. 87 Figura 43: Análise do fragmentograma do hiperdrol e dos dez brancos de urina avaliados para cada substância. 88 Figura 44: Proposta de possíveis metabólitos do clomifeno. 90 Figura 45: Análise do clomifeno por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas do hidroxi-clomifeno-mono-OTMS. 91 Figura 46: Análise do fragmentograma do hidroxiclomifeno e dos dez brancos de urina avaliados para cada substância. 93 Figura 47: Análise do tamoxifeno por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B1) espectro de massas do Metoxi-hidroxi- tamoxifeno-mono-OTMS (possível metabólito), (B2) espectro de massas do carboxi-tamoxifeno-mono-OTMS (possível metabólito). 94 Figura 48: Análise do fragmentograma dos metabólitos do tamoxifeno e dos dez brancos de urina avaliados. 97 Figura 49: Análise de ciclofenila por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas de ciclofenila-mono-OTMS. 98 Figura 50: Análise do fragmentograma do metabólito de ciclofenila e dos dez brancos de urina avaliados. 99 Figura 51: Análise do alfa-zeranol por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas do alfa-zeranol-tris-TMS. 105 xvii Figura 52: Análise do beta-zeranol por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas do beta-zeranol-tris-TMS.108 Figura 53: Análise de hidroxi-tibolona por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas de hidroxi-tibolona. 111 Figura 54: Análise do letrozol por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas de letrozol-bis-TMS. 114 Figura 55: Análise do formestano por CGAR-EM (varredura linear). (A) cromatograma de íons totais, (B) espectro de massas de formestano-mono-TMS. 117 Figura 56: Cromatograma de íons (A) Clembuterol, (B) Norandrosterona, (C) Epimetendiol, (D) 3α,5β-Metiltestosterona, (E) Metiltestosterona (PI) e (F) 3’OH-estanozolol. 125 Figura 57: Curva de calibração de 3’OH-estanozolol. 130 Figura 58: Curva de calibração de 3’OH-estanozolol. 130 Figura 59: Cromatograma de íons totais de 3’OH-estanozolol na concentração de 0,2 ng/mL. 132 xviii ÍNDICE DE TABELAS Página Tabela 1: Histórico da cromatografia gasosa de alta resolução. 1 Tabela 2: Histórico da espectrometria de massas. 4 Tabela 3: Histórico do uso de agentes anabólicos no esporte. 12 Tabela 4: Medicamentos utilizados para estudos de excreção. 47 Tabela 5: Composição da solução de padrão interno. 50 Tabela 6: Protocolo para a validação do método. 66 Tabela 7: Cinética da hidrólise após adição de enzima. 100 Tabela 8: Valores de G crítico para identificação de 1 valor aberrante pelo teste de Grubbs em diferentes níveis de confiança. 102 Tabela 9: Resultados da recuperação para o alfa-zeranol. 103 Tabela 10: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 104 Tabela 11: Resultados da recuperação para o beta-zeranol. 106 Tabela 12: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 107 Tabela 13: Resultados da recuperação para o 3α-hidroxi-tibolona. 109 Tabela 14: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 110 Tabela 15: Resultados da recuperação para o letrozol. 112 Tabela 16: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 113 Tabela 17: Resultados da recuperação para formestano. 115 Tabela 18: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 116 Tabela 19: Valores estimados de LD e LQ. 118 Tabela 20: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 119 Tabela 21: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 119 Tabela 22: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 120 Tabela 23: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 120 Tabela 24: Valores para determinação do limite de detecção e repetitividade. 120 Tabela 25: Parâmetros de CG-EM-EM utilizados para fragmentação do íon pai. 122 Tabela 26: Tempo de retenção e fragmentos gerados a partir do EM-EM. 122 Tabela 27: Valores para o teste de Grubbs. 127 Tabela 28: Valores de C crítico para nível de confiança de 0,05. 128 Tabela 29: Valores para o teste de Cochran. 129 Tabela 30: Precisão e exatidão inter-ensaio do 3’OH-estanozolol para 1ª curva. 131 Tabela 31: Precisão e exatidão inter-ensaio do 3’OH-estanozolol para 2ª curva. 131 Tabela 32: Valores de recuperação do composto LASSBio 581. 133 xix ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS 11-OHA 11β-hidroxiandrosterona 11-OHE 11β-hidroxietiocolanolona a Inclinação da reta Adiol 5α-androstano-3α,17β-diol b Intercepto com o eixo y Bdiol 5β-androstano-3α,17β-diol BSTFA N,O-bis-Trimetilsililtrifluoracetamida CG Cromatografia Gasosa CGAR Cromatografia Gasosa de Alta Resolução CGARAT Cromatografia Gasosa de Alta Resolução e Alta Temperatura CGAR-EM Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada a Espectrometria de Massas CGAR-EM-IE Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada a Espectrometria de Massas por impacto de elétrons CGAR-EM-IQ Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada a Espectrometria de Massas por ionização química CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência CLAE-EM Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massas CLAE-EM-EM Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massas acoplada a Espectrometria de Massas COI Comitê Olímpico Internacional CV% Coeficiente de variação xx Da Daltons, unidade de massa atômica DIC Dissociação induzida por colisão DQO / IQ / UFRJ Departamento de Química Orgânica do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro EC Energia de colisão EFS Extração por fase sólida ELL Extração líquido-líquido EM Espectrometria de Massas EMAR Espectrometria de massas de alta resolução EMn Espectrometria de massas em tandem; Espectrometria de massas acoplada a espectrometria de massas Epit Epitestosterona EUA Estados Unidos da América FA Fortificado antes FD Fortificado depois FDA Food and Drug Administration-USA, Administração para Drogas e Alimentos dos EEUU IE Ionização por impacto de elétrons IQ Ionização química INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial IP Identification Point, Ponto de identificação IQ / UFRJ Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro LIQ Limite inferior de quantificação LD Limite de detecção LMR Limite máximo de resíduo permitido xxi LMDR Limite mínimo de desempenho requerido M Molar m/z Razão massa / carga MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MeOH Metanol MRM Multiple reaction monitoring, monitoramento de reações múltiplas MSTFA N-metil-N-trimetilsililtrifluoracetamida OMS Organização Mundial de Saúde PI Padrão interno ppb Parte por bilhão ppt Parte por trilhão RBC Rede Brasileira de Calibração r Coeficiente de correlação r2 Coeficiente de determinação RSD Desvio padrão relativo rpm Rotação por minuto S / R Razão sinal / ruído SIM Single reaction monitoring, monitoramento de reação única t1/2 Tempo de meia-vida tmax Tempo em que Cmax é alcançada WADA World Anti-doping Agency, Agência Mundial Antidopagem, AMA WHO World Health Organization, Organização Mundial da Saúde, OMS xxii ESTRUTURAS DOS COMPOSTOS CITADOS H H Estrano (3) H H H Gonano (2) OH O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 A B C D Testosterona (1) H H H Androstano (4) Pregnano (5) Colestano (6) Clostebol (8) O OH Cl H OH O H3C O O OH H Oxandrolona (12) OH O Nandrolona (11) Drostanolona (9) OH CH3 CH3O Bolasterona (7) OH O H CH3 Metenolona (10) xxiii O OH OH N N CH3 CH3 OH CH3 H H HO 3’OH-estanozolol (15) H OH CH3 N NH Estanozolol (14) Oximesterona (13) 4β-OH-estanozolol (16) 3’OH-17-epiestanozolol (17) 16α-OH-estanozolol (18) N N CH3 CH3 OH CH3 H H OH N N CH3 CH3 OH CH3 H H OH N N CH3 CH3 CH3 OH H H HO 16β-OH-estanozolol (19) N N CH3 CH3 OH CH3 H H OH O CH3 O SO3H Metandienona 17β-sulfato (21)Metandienona (20) OH CH3 O CH3 OH O O CH3 CH3 OH CH3 O H 18-nor-17,17- dimetilandrosta-1,4,13-trien-3-ona (22) 17-Epimetandienona (23) 17β-hidroxi-17α-metil-5β- androst-1-eno-3-ona (24) xxiv 17α-metil-5β-androst-1- eno-3α,17β-diol (25) Epimetendiol (26) 18-nor-17,17-dimetil-5β- androstano-1,13-dien-3α-ol (27) 17α-metil-5β-androstano- 3α,17β-diol (28) OH CH3 HO H CH3 OH HO H CH3 CH3 HO H OH CH3 HO H H HO O H O HO 3β-hidroxi-5α-estran-17-ona (30) Norandrosterona (29) Noretiocolanolona (31) H HO O Metiltestosterona (32) OH CH3 H HO OH CH3 O 17α-metil-5α-androstano-3α,17β-diol (33) OH CH3 HO H H3C O CH3 CH3 OHCH3 H Metasterona (36) OH CH3 O 7α-metil-5β-androstano-3α,17β-diol (34) Metilnortestosterona (35) xxv N OH Cl H2N Cl H Clembuterol (37) Tibolona (38) 3α-OH-tibolona (39) 7α-metil-noretisterona (40) 3β-OH-tibolona (41) O OH OH HO OH HO O O OOH HO Zearalanona (42) O OH O N H3C α-Zeranol (43) O OOH HO OH O OOH HO OH β-Zeranol (44) Tamoxifeno (45) Cl O N CH3 CH3 Clomifeno (46) N N N CN CN Letrozol (47) O O OH CH3 H HH CH3 Formestano (48) xxvi S O N O OH HO N NH2 O O CH3 H N N N CH3 CN CH3 H3C CH3 NC Aminoglutetimida (49) Anastrozol (50) Raloxifeno (51) O N H3C O Toremifeno (53) O N CH3 CH3 Cl O O CH2 Examestano (52) Tamoxifeno-N-óxido (54) N-demetiltamoxifeno (55) 4-OH-Tamoxifeno (56) N-dedimetiltamoxifeno (57) O N H H H3C O N H3C OH O N H H3C xxvii 4-OH-clomifeno (59) Cl O N CH3 CH3 HO Ciclofenil (60) O N H H3C OH 4-hidroxi-N-demetiltamoxifeno (58) CN CN HO OH OH Hidroxi-bis-desacetil-ciclofenil (61) N NH N Triazol (62) Bis-4-cianofenil-metanol (63) N Hiperdrol (65) O Br O N N N N N H N N CH3 N N H Cl Clozapina (68) LASSBio 580 (66) Formestano (64) O O OH CH3 H HH CH3 N N N N Cl LASSBio 581 (67) xxviii 1-(4-metoxifenil)piperazina (69) 1-(4-hidroxifenil)piperazina (70) N-(4-metoxifenil)etilenodiamina (71) 4-metoxianilina (72) 4-hidroxianilina (73) N NH O N NH HO N O NH2 NH2 O NH2 HO N HO O N-acetil-4-hidroxianilina (74) CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO Introdução -1- 1. INTRODUÇÃO 1.1. CROMATOGRAFIA GASOSA DE ALTA RESOLUÇÃO A cromatografia em coluna foi inicialmente desenvolvida pelo químico de petróleo D. T. Day em 1900. M. S. Tswett, o botânico polonês, usou em 1906, as colunas de adsorção nas suas investigações de pigmentos de plantas. Ele criou o termo cromatografia, não se sabe se por ter separado pigmentos de colorações diferentes ou porque Tswett significa “cor” em russo. Até 1930, esse método não tinha sido extensivamente estudado pelos químicos. No início da década de 50, James e Martin introduziram a cromatografia gasosa (Aquino Neto & Souza Nunes, 2003) (Tabela 1). Tabela 1: Histórico da cromatografia gasosa de alta resolução*. Ano Fato relevante 1951 Desenvolvimento da cromatografia gás-sólido. 1952 Desenvolvimento da cromatografia gás-líquido. 1956 1° Simpósio de cromatografia gasosa da American Chemical Society. 1957 Desenvolvimento das colunas capilares de metal. 1959 Coluna capilar de vidro, o desenvolvimento tinha o objetivo de reduzir o custo de obtenção do capilar; mas Desty abandonou os esforços após dois anos de tentativas de recobrir o vidro com a fase estacionária. 1961 K. Grob reinicia na Suíça os esforços de Destsy. 1978 É dominada a confecção de colunas capilares (inertes), além das técnicas de introdução de amostras, principalmente devido aos esforços da família Grob. 1979 Surgimento das colunas capilares de sílica fundida. 1983/84 Imobilização de fases estacionárias com OH terminal. 1985 Sistematização da confecção de colunas capilares de alta resolução e alta temperatura. * Tabela retirada na íntegra de Pereira & Aquino Neto, 2000. Dentre os modernos métodos de análise, a cromatografia ocupa, sem dúvida, um lugar de merecido destaque no que concerne à separação, identificação e quantificação de espécies químicas. Cromatografia é um método físico de separação, no qual os componentes a serem separados são distribuídos entre duas fases: uma fase fixa de grande área superficial denominada fase estacionária, e a outra um fluido que percola através dela sendo, por isso, denominada fase móvel. Portanto, a cromatografia gasosa é um processo utilizado para separar uma amostra em seus componentes individuais. Introdução - 2 - A separação entre dois, ou mais, componentes, resultará da diferença de suas constantes de equilíbrio de distribuição (KD) entre as duas fases. Simplificando, quando mais tenazmente um componente é preso pela fase estacionária, mais alta é a porcentagem das moléculas daquele componente que nela ficam retidas provocando um retardamento na migração da mesma. Um segundo componente menos retido na fase estacionária terá uma porcentagem mais alta de moléculas na fase móvel em relação ao primeiro componente. Assim na média, o conjunto das moléculas do componente que está menos fortemente preso se moverá através do sistema (na direção do fluxo) a uma velocidade mais alta que o outro, resultando na migração dos componentes em regiões separadas (bandas) da fase estacionária. Essa migração dos analitos através do leito de fase estacionária, pela passagem da fase móvel, recebe o nome de eluição (LANÇAS & McNAIR, 1983). Devido a grande diversidade de fases líquidas disponíveis, a cromatografia gás- líquido (fase estácionária é um filme delgado líquido, o qual recobre um suporte sólido inerte) torna-se a mais versátil e seletiva forma de cromatografia em fase gasosa. Isto permite que sejam analisadas amostras sólidas, líquidas ou gasosas desde que sejam voláteis ou possam ser volatilizadas sem sofrerem decomposição no cromatógrafo (AQUINO NETO & CARDOSO, 1985). Na CGAR a introdução de amostra é crucial para garantir a alta resolução. Como o processo cromatográfico só tende a alargar picos, quanto menor for a largura inicial, melhor será a resolução no final do cromatograma. A escolha apropriada das condições de injeção (tais como o volume de amostra, temperatura do injetor e tipo de injeção) dependem em larga escala, do estado físico da amostra. A grande maioria das amostras líquidas requer, para sua rápida volatilização, que a temperatura do injetor esteja 20 a 30ºC acima da temperatura de ebulição do componente menos volátil. O elevado coeficiente de expansão dos líquidos, quando vaporizados, permite que sejam injetados pequenos volumes, o que maximiza a resolução do sistema e confere uma forma ideal aos picos eluídos. A câmara de vaporização deverá estar suficientemente quente para vaporizar rapidamente a amostra, evitando perda da eficiência devido à injeção, mas de tal forma a evitar que haja decomposição térmica ou rearranjos na amostra. A seleção da técnica de injeção mais adequada para trabalho com colunas capilares é função exclusivamente da amostra, sua natureza e concentração. São três as principais técnicas de introdução de amostras em colunas capilares: injeção a quente em vaporizadores (com ou sem divisão de fluxo) e injeção daamostra “a frio” diretamente no interior da coluna (CARDOSO & AQUINO NETO, 1989; AQUINO NETO & CARDOSO, 1992). Introdução - 3 - A separação efetiva dos componentes da amostra é efetuada na coluna cromatográfica, onde a natureza do tubo, do suporte sólido, o tipo e a quantidade da fase líquida, o método de recheio, o comprimento e a temperatura são fatores importantes para se ter à resolução desejada (AQUINO NETO & CARDOSO, 1985). Foram desenvolvidos muitos tipos de colunas tubulares abertas para a cromatografia gasosa. O material dos tubos é geralmente sílica fundida, cobre, aço inoxidável, alumínio e vidro borossilicato. O material usado como suporte inerte deve ter granulometria uniforme, ter boas características operacionais (resistência suficiente para não quebrar durante a operação) e ser capaz de constituir um leito uniforme na coluna. A área específica do material deve ser elevada a fim de promover a distribuição pelicular da fase líquida e assegurar o rápido equilíbrio entre as fases estacionária e móvel (AQUINO NETO & CARDOSO, 1985). Nas colunas capilares, a fase estacionária é depositada na forma de um filme fino e uniforme na parede interna do tubo, deixando a parte central oca. São denominadas colunas tubulares abertas. As características principais das colunas capilares atuais são: capilares de vidro ou sílica fundida com diâmetro interno menor do que 0,3 mm, expessura de filme de fase estacionária (df) menor do que 0,5 mm e desativados com agentes silanizantes ou similares, que permitem a compatibilização do filme da fase estacionária com o suporte. A CGAR, já é uma das técnicas mais populares e poderosas para separação de misturas, podendo ser utilizada em diversos campos da ciência como por exemplo: na química de polímeros, na geoquímica orgânica, na química de alimentos, de produtos naturais, na arqueologia, no controle de qualidade de produtos industriais, na química ambiental e medicinal, na toxicologia dentre outras. A grande versatilidade da técnica é baseada intrinsecamente no grande poder de resolução e extrema inércia química das colunas capilares, além da facilidade de utilização de vários sistemas de detecção e de contar com sistemas de transferência de amostra não discriminatórios (PEREIRA & AQUINO NETO, 2000; PEREIRA et. al., 2004). 1.2. ESPECTROMETRIA DE MASSAS A espectrometria de massas teve início no final do século XIX. A espectrometria de massas é uma técnica analítica poderosa utilizada para identificar compostos desconhecidos, quantificar materiais conhecidos e elucidar as propriedades químicas e estruturais de moléculas; pode ser realizada com quantidades bem pequenas (ao nível do picograma) e a concentrações bem baixas em misturas quimicamente complexas (ng/L) Introdução - 4 - (James Barker, 1999). A tabela 2, apresenta um breve histórico do desenvolvimento da espectrometria de massas. Tabela 2: Histórico da Espectrometria de Massas. Ano Fato relevante 1886 Descobrimento de íons positivos por Eugene Goldstein. 1898 Wilhelm Wien analizou íons positivos por deflecção magnética (W. Wien em 1911 ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta das leis de irradiação do calor – Lei de Wien. 1901 Walther Kaufmann analizou raios catódicos usando campos eletromagnéticos paralelos. 1911 Joseph John Thomson descobre duas massas diferentes do Neônio (20 e 22), um ano mais tarde obteve o espectro de massas de O2, N2, CO, CO2 e COCl2. Para muitos cientistas que a espectrometria de massas teve início de fato com os trabalhos de J. J. Thomson, que em 1906 ganhou o Prêmio Nobel de física. 1913 J. J. Thomson observa pela primeira vez a dissociação de íons moleculares. 1918 A. J. Dempster desenvolve o primeiro espectrômetro de massas com setor magnético com formato de 180° em direção ao foco, servindo este setor magnético como analisador de massas. 1919 Francis William Aston (estudante de Thomson) desenvolve o primeiro espectrômetro com seleção de velocidade. Nesse mesmo ano, F. W. Aston confirma que os íons de Neônio descobertos por Thomson eram realmente isótopos usando o primeiro espectrômetro de massas (na época chamado espectrógrafo de massas). A confirmação dos dois isótopos é tida como o primeiro experimento de relação isotópica de um gás por espectrometria de massas. Em 1922, F. W. Aston ganha o Prêmio Nobel de física. 1930 R. Conrad aplica pela primeira vez a espectrometria de massas a química orgânica. 1940 A. O. Nier mostra que o U253 é fissionável (separa U235 e U238). Fato decisivo para o projeto Manhattan, que envolveu o desenvolvimento de separação isotópica e a construção de um reator nuclear. 1948 Cameron descobre a medida de tempo de vôo de íons como princípio de análise. 1952 As teorias de “quasi-equilibrium” (QET – sobre velocidade de reação em condições de pressões infinitamente baixas) e RRKM (descreve quantitativamente as velocidades das reações como função das energias internas das espécies envolvidas) formularam modelos que explicam a fragmentação monomolecular de íons. O acrônimo RRKM vem das iniciais dos nomes Rice, Ramsperger, Kassel e Marcus, sendo que este último em 1992 recebeu o Prêmio Nobel. 1953 Wolfgang Paul e H. S. Steinwedel desenvolvem o analisador de massas do tipo quadrupolar, que usa campo elétrico para focalizar e separar íons. Pouco tempo depois descreveram o “Íon trap”, na época conhecido como quadrupolo tridimensional. Em 1989, W. Paul ganha o Prêmio Nobel de física. 1956 McLafferty fez o primeiro acoplamento entre um cromatógrafo a gás e um espectrômetro de massas. 1966 Munson e Field descobrem a ionização química. 1968 Primeiro CGEM comercial com colunas capilares. Equipamento rapidamente difundido na Introdução - 5 - maioria dos laboratórios de análise de compostos orgânicos no mundo inteiro. 1969 Malcom Dole ionização por ESI 1973 G. Cooks desenvolveu o Tandem MS/MS ou espectrometria de massas seqüencial de duplo estágio, onde um íon precursor tem sua massa selecionada e é tipicamente fragmentado por CID seguido por análise de massas dos produtos resultantes. 1978 Yost e Enke desenvolvem o primeiro triplo quadrupolo. 1979 Comisarow e Marshall adaptaram os métodos de transformada de Fourier à ICRMS e construíram o FTMS. 1981 Barber desenvolve o FAB. 1983 Blakely desenvolve o Termospray. 1985 Hillenkamp e Karas desenvolvem a técnica de MALDI-MS. 1988 Fenn desenvolve o eletrospray ligado ao espectrômetro de massas. O espectrômetro de massas é um instrumento analítico, através do qual os íons produzidos a partir de uma amostra, são separados por campos elétricos e / ou magnéticos de acordo com a razão massa-carga (m/z) dos constituintes da amostra. Todas as moléculas ionizadas a princípio são passíveis de serem analisadas por espectrometria de massas, tornando esta uma técnica universal para análise química. Vários tipos de espectrômetros de massas tem sido descritos incluindo analisadores por setor de massas (único ou duplo foco), analisadores tipo quadrupolo, analisadores por aprisionamento de íons (Ion trap), analisadores por tempo de vôo, dentre outros. Quadrupolo e aprisionamento ou armadilha de íons (Ion trap) são os tipos mais utilizados. A grande maioria dos experimentos descritos neste trabalho foi realizada nesses dois tipos de espectrômetros. É possível atingir um elevado grau de certeza na identificação molecular pelo acoplamento de sistemas cromatográficos ou afins, a diversos espectrômetros. As técnicas combinadas principais sãoa cromatografia gasosa com a espectrometria por infravermelho com transformada de Fourier e as cromatografias gasosa ou líquida e eletroforese capilar acopladas com a espectrometria de massas. O efluente do sistema de separação é transferido através de uma interface para a fonte de íons. A extração das espécies iônicas é efetuada de acordo com o analisador de íons e em seguida ocorre a detecção pelo “multiplicador de elétrons” (Aquino Neto & Souza Nunes, 2003). Introdução - 6 - 1.2.1. Analisadores do tipo “armadilha de íons”- Ion trap A armadilha de íons consiste de dois eletrodos idênticos (endcap), o eletrodo de entrada e o eletrodo de saída, e o eletrodo intermediário (ring electrode). Os eletrodos são isolados por espaçadores de quartzo, criando uma cavidade na qual os íons são aprisionados. Os íons passam para dentro (ion injection) e para fora da armadilha (trap) através de um orifício presente nos eletrodos endcaps. Na teoria os íons podem permanecer indefinidamente dentro do trap através da oscilação do campo elétrico. Entretanto, para ser detectado, o íon precisa ser varrido pelo sistema de detecção, ou seja, o íon precisa ser ejetado. Para tanto aumenta-se a freqüência do eletrodo intermediário fazendo com que os íons sejam ejetados do trap para o detector (VARIAN, 2004). 1.2.1.1. Modos de operação no Ion trap O espectrômetro de massas do tipo aprisionamento (armadilha) de íons pode ser operado nos diferentes modos: Varredura linear (Full scan): Todos os íons são coletados e depois ejetados, resultando em um espectro que apresenta cada massa que inicialmente entrou no trap. Monitoramento de íons selecionados (MIS): Neste caso, os íons também são coletados, mas durante o tempo em que os íons são mantidos no trap, voltagens são alteradas para isolar um único íon ou janela de íons, assim somente o íon ou os íons de interesse são retidos. No momento da ejeção, somente o(s) íon(s) isolado é então escaneado(s). MS2: Neste modo, os íons são coletados e um único íon é isolado, assim como em MIS. Em seguida, aplica-se uma voltagem para excitar e fragmentar o íon precursor em íons produto que então serão escaneados. Uma característica importante do Ion trap é que esta técnica permite múltiplos estágios de espectrometria de massas (MSn). Um íon precursor pode ser fragmentado sequencialmente. 1.3. TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO DE AMOSTRA As técnicas mais comumente utilizadas na extração e purificação de fármacos em matrizes biológicas, para a análise por cromatografia gasosa ou líquida acoplada a detectores universais ou específicos, são a extração líquido-líquido (ELL) e a extração por fase sólida (EFS). A escolha do solvente ideal para essas técnicas pode ser feita Introdução - 7 - empiricamente, com base em observações práticas, ou teoricamente, com base nas propriedades termodinâmicas do solvente e do soluto. Entretanto, a avaliação teórica da solubilidade de uma substância – especialmente quando está presente em níveis residuais (5 ng/mL a 1 pg/mL) – pode ser pouco prática, ou até mesmo impossível, dada a complexidade de certas matrizes. Desta forma, a escolha empírica do solvente de extração tem sido bastante utilizada. O objetivo principal do pré-tratamento da amostra é viabilizar a extração dos compostos de interesse presentes na matriz ou fluido biológico. Para isto, estes fluidos biológicos são submetidos a vários procedimentos individuais ou combinações de diferentes procedimentos de pré-tratamento. 1.3.1. Precipitação A técnica de precipitação é usada para a remoção de proteínas por desnaturação das mesmas, em amostras de plasma ou sangue total. A precipitação de proteínas ocorre pela adição de ácidos (ácido tricloroacético, ácido perclórico, etc.), solventes orgânicos (acetona, metanol, etanol, acetonitrila), dentre outros, seguido da filtração ou centrifugação. Entretanto, essa técnica apresenta certas desvantagens: analitos fortemente ligados às proteínas podem precipitar resultando em uma recuperação baixa e pouco reprodutível; alguns interferentes não-protêicos podem permanecer na solução (McDOWALL, 1989). 1.3.2. Extração por fase sólida A extração por fase sólida é uma técnica de isolamento amplamente empregada em diversos campos, como no controle de qualidade de produtos farmacêuticos, no monitoramento terapêutico de drogas, em estudos farmacocinéticos, na quantificação de compostos endógenos para fins de diagnóstico de abuso de drogas, análise forense, entre outros (KRISHNAN & IBRAHAM, 1994; MOORS et. al., 1994; HENNION, 2000). Os princípios da EFS são semelhantes aos da ELL, envolvendo a partição dos compostos entre duas fases. Na EFS a amostra para ser extraída é dividida entre a fase sólida e a líquida (como se fosse entre dois líquidos imiscíveis na ELL). O material de interesse da amostra terá maior ou menor afinidade pela fase sólida, sendo adsorvido. Posteriormente é extraído por um outro solvente que tenha maior afinidade com o material de interesse do que com a fase sólida; ou ainda, o material pode não ser retido, eluindo imediatamente pela fase sólida, enquanto que a maioria dos interferentes ficam presos na resina. Os mecanismos de retenção e eluição ocorrem através de forças intermoleculares Introdução - 8 - entre a amostra e a superfície das fases, envolvendo interações tipo Van der Waals, interações tipo eletrostáticas, dipolo induzido - dipolo permanente, dipolo permanente - dipolo permanente, íons – dipolo induzido, dipolo permanente – íons, íons – íons e interações como ligação de hidrogênio. Na extração por fase sólida, o adsorvente ou absorvente (fase sólida) é fixado num cartucho de polietileno, entre dois discos compactando essa fase, na extremidade superior e inferior. A fase líquida é eluída sob pressão ou vácuo. O processo consiste de 5 etapas: 1) Ativação do adsorvente através da passagem de um solvente que condicione a superfície da fase sólida. 2) Remoção do solvente responsável pela ativação. 3) Aplicação da amostra. 3.a) A substância de interesse e a matriz ficam retidas na fase sólida. 3.b) A substância de interesse fica retida e parte da matriz passa pela fase sólida. 3.c) A substância de interesse passa pela fase sólida e a matriz fica retida. Nesse caso, a fração de interesse é imediatamente coletada. 4) Etapa de lavagem: 4.a) a fase sólida é lavada com um solvente adequado retirando a matriz ou parte dela, sem eliminar os compostos de interesse. 4.b) A substância de interesse continua na fase sólida enquanto ocorre a lavagem com um solvente apropriado, eliminando o que restou da matriz ou parte dela. 5) Eluição da substância de interesse do adsorvente, com um solvente apropriado, que será utilizado no próximo passo da análise geral (HENNION, 2000). As fases sólidas usadas em EFS são semelhantes às utilizadas nas colunas para cromatografia líquida. De acordo com o grupo funcional preso à sílica ou ao polímero, a fase resultante é classificada como polar, não polar ou de troca iônica. O processo de EFS pode ser utilizado tanto “on-line” quanto “off-line”. Na configuração em linha, a substância de interesse eluída do cartucho é introduzida no cromatógrafo líquido através de uma válvula de injeção. O módulo do cartucho de extração é inserido como parte do equipamento cromatográfico, conectado diretamente na linha que a fase móvel percorre. A extração por fase sólida em linha é uma técnica de pré-tratamento usada principalmente associada à cromatografia líquidade alta eficiência. 1.3.3. Extração líquido-líquido A extração líquido-líquido (ELL) é uma técnica simples, rápida, de baixo custo e muito útil para separar analitos de interferentes presentes na matriz através da partição da amostra entre dois líquidos imiscíveis ou duas fases. A ELL tem sido o método tradicional para o isolamento de fármacos de matrizes biológicas, principalmente para métodos que utilizam a cromatografia gasosa como técnica analítica. Introdução - 9 - Na ELL, uma das fases é geralmente aquosa e a segunda fase constituída por um solvente orgânico. Analitos extraídos na fase orgânica são facilmente recuperados pela evaporação do solvente. Uma vez que a extração é um processo de equilíbrio com eficiência limitada, quantidades significativas do analito podem permanecer em ambas as fases. O equilíbrio químico envolve mudanças no pH, no pareamento iônico, na concentração, e pode ser usado para aumentar a recuperação do analito e / ou a eliminação de interferentes. Um bom solvente para ELL, deve ter as seguintes características: baixa solubilidade em água (inferior a 10%), volatilidade que permita fácil remoção e concentração após a extração, polaridade e propriedades que permitam a formação de ligações de hidrogênio a fim de aumentar a recuperação do analito na fase orgânica e alta pureza para minimizar a contaminação da amostra (CARDOSO, 2002). Qualquer espécie será distribuída entre dois solventes imiscíveis, sendo a razão entre a concentração do analito entre as duas fases uma constante. O processo pode ser traduzido pela equação: KD = Co / Caq, onde KD é a constante de distribuição, Co a concentração do analito na fase orgânica e Caq a concentração do analito na fase aquosa. Os solventes orgânicos ou mistura de, mais utilizados são terc-butilmetiléter, acetato de etila, acetona:clorofórmio (1:1), tolueno, diclorometano:acetona (2:1), tolueno:acetato de etila (4:1), diclorometano:isopropanol:acetato de etila (1:1:3), clorofórmio:isopropanol:heptano (60:14:26), clorofómio, acetato de butila e éter etílico (DRUMMER, 1999). Existem algumas diferenças em relação ao poder extrativo de cada um desses solventes ou mistura de solventes, entretanto é preciso enfatizar que a escolha por sistemas mais polares freqüentemente gera grande ruído de fundo (“background”) na cromatografia. 1.3.4. Derivatização O desenvolvimento, nos últimos anos, de espectrômetros de massas de baixo custo, promoveu um aumento significativo na aplicação de sistemas de CG-EM na análise de substâncias ilícitas para uso em humanos. Drogas e / ou xenobióticos são metabolizados in vivo através de um caminho que os torne mais polares. Dessa forma a derivatização desses metabólitos é praticamente inevitável para viabilizar sua análise por CG-EM (SEGURA et. al., 1998). Avanços nas técnicas de derivatização empregadas em testes para o controle de dopagem no esporte, tem sido relevantes particularmente para os agentes anabólicos, Introdução - 10 - diuréticos e glicocorticóides. Nesse sentido, têm sido aplicados métodos como a metilação, alquilação e acilação, de forma que a volatilidade e estabilidade térmica sejam garantidas para análise por CG-EM (PEREIRA, 2004). 1.4. CONTROLE DE DOPAGEM NO ESPORTE – UM BREVE HISTÓRICO Durante toda a história, atletas têm procurado alimentos e poções para aumentar o desempenho físico. Os gladiadores romanos faziam uso de uma mistura de estimulantes com álcool para superar a fadiga e injúrias, os guerreiros escandinavos comiam cogumelos halucinógenos para se prepararem para as batalhas (DELBEKE, 2000). Os primeiros atletas acusados de doping, foram nadadores em uma competição em Amsterdam no ano de 1860. No final do século XIX, ciclistas europeus estavam usando substâncias como a cafeína revestida por açúcar, na forma de cubos, com o objetivo de reduzir a dor e retardar a fadiga, infelizmente isto ocorreu quarenta anos antes do primeiro teste para controle de dopagem ser introduzido (VERROKEN, 2000). Este teste pode ser considerado simples, tratava-se de CGAR acoplada a detector de nitrogênio e fósforo e imunoensaios, se comparado com as técnicas disponíveis atualmente. Dessa forma, atletas não tinham medo de serem pegos no exame antidopagem o que fez com que o uso de métodos e substâncias proibidas com o intuito de aumentar a performance durante uma competição fosse difundido mundialmente. Pouco tempo depois da segunda guerra mundial, estimulantes e drogas contra a fadiga, desenvolvidos para o exército soviético, se popularizaram, resultando em vários casos fatais. Uma das vítimas mais conhecidas desse período foi o ciclista inglês Tom Simpson que morreu em 1967 em função do uso da combinação de anfetamina, álcool e diurético. Tom Simpsom foi a primeira vítima fatal do uso excessivo de doping na história do Tour de France. O abuso exagerado de estimulantes na década de 60, com a disponibilidade das anfetaminas sintéticas, preparadas durante a segunda grande guerra, levou ao estabelecimento, pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), do controle de dopagem em 1967. Em 1968 atletas foram testados pela primeira vez, por ocasião dos jogos olímpicos na cidade do México (AQUINO NETO, 2001). Embora nesse primeiro teste o foco principal fossem os estimulantes, a detecção de outros compostos também se fez necessária. Nos anos de 1950 e 1960, em função do avanço da química orgânica, uma grande variedade de compostos farmacologicamente ativos, incluindo diuréticos, beta- bloqueadores, corticosteróides e esteróides anabólicos foram sintetizados. Estes compostos foram extensivamente utilizados por atletas durante os anos 70. No final dos anos 70 e principalmente durante os anos 80 a biotecnologia avançou significativamente. A reação de Introdução - 11 - polimerização em cadeia (PCR) e modificações genéticas in vitro, permitiram a produção em quantidade razoável de proteínas para uso na medicina, dentre elas o hormônio do crescimento (GH), insulina e seus derivados, hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) e eritopoetina, também conhecida como EPO (LASNE et. al., 2002). Essas proteínas, utilizadas na prática médica para auxiliar a terapia de doenças diversas, passaram a ser também empregadas na dopagem. Em relação ao GH, sua detecção ainda está sob investigação. A EPO já está sendo monitorada desde os jogos olímpicos de Sydney em 2000. Em função do sucesso na batalha contra o doping, aumentando o risco para os atletas serem flagrados, estes passam a tentar “velhas” formas para se doparem, e.g. a transfusão sangüínea usada por ciclistas na volta ciclística da França de 2004. Outro caminho para tentar burlar o exame foi a utilização de esteróides projetados, que nada mais são que esteróides anabólicos quimicamente modificados, que foram desenvolvidos entre os anos de 1960 e 1970 (RIVIER, 2002). Estas substâncias não eram detectadas pelos laboratórios responsáveis pelo controle de dopagem até 2003, quando o esteróide projetado tetrahidrogestrinona (THG) foi encontrado através de informação anônima (MARQUES et. al., 2007, CATLIN et. al., 2002, CATLIN et. al. 2004, SEKERA et. al., 2005). No passado recente cientistas obtiveram sucesso com a terapia genética para tratamento de doenças ligadas ao enfraquecimento muscular. Dessa forma, a terapia genética pode também ser usada por atletas na tentativa de aumentar a força muscular em músculos específicos. Embora nenhuma aplicação no controle de dopagem tenha sido avaliada até hoje, a agênciamundial anti-dopagem (AMA), incluiu o doping genético na lista de métodos proibidos desde janeiro de 2003. É difícil prever quais novas substâncias serão utilizadas no futuro com o intuito de dopagem. O abuso das mesmas ou de métodos com esse intuito é alertado pelas autoridades do controle de dopagem, através de rumores ou informações anônimas. No entanto as autoridades do controle de dopagem estão cuidadosamente observando e avaliando os avanços científicos a fim de identificar o que pode vir a ser usado com a finalidade de dopagem no futuro. 1.5. AGENTES ANABÓLICOS NO CONTEXTO DO CONTROLE DE DOPAGEM NO ESPORTE Com o intuito de aumentar seu desempenho físico, atletas são encorajados a fazer uso de substâncias químicas sintéticas ou meios artificiais proibidos no esporte. O controle de Introdução - 12 - dopagem mundial está sob a supervisão da Agência Mundial Anti-dopagem (AMA), a qual mantém o código mundial anti-dopagem que inclui uma lista de substâncias e métodos não lícitos à prática do esporte. O abuso de drogas é controlado pela análise em laboratórios acreditados pela AMA, amostras de urina ou sangue dos atletas são coletadas antes ou durante uma competição. Esteróides anabólicos androgênicos (EAA) são um grupo de substâncias naturais e sintéticas que são quimicamente similar e mimetizam a ação da testosterona endógena. EAA têm sido usados por uma grande variedade de atletas por mais de cinqüenta anos, com o objetivo de aumentar sua capacidade de treinamento, resistência e desempenho. O uso de EAA por atletas foi proibido desde meados dos anos 70, mas ainda são a principal classe de substâncias utilizada no esporte (MARCOS, et. al., 2002). Já nos anos 20, amostras de tecido de testículos de macaco eram enxertados em atletas e, em conseqüência da “organoterapia” no final dos anos 80 difundiu-se o consumo de urina de mulheres grávidas como fonte de anabolizantes (CATLIN & HATTON, 1991). A tabela 3 apresenta um breve histórico do uso de agentes anabólicos no esporte. Tabela 3: Histórico do uso de agentes anabólicos no esporte. Ano Fato relevante 1953 Anabolizantes sintéticos entram no mercado. 1964 Olimpíadas de Tóquio apresentaram atletas com musculatura surpreendente, lançando a suspeita de abuso de anabolizantes. 1976 Nadadoras alemães nitidamente “fabricadas” por doping, nas olimpíadas de Montreal. 1980 Novamente as nadadoras alemães se destacaram. 1984 Martti Vainio (atletismo) é flagrado pelo uso de metenolona. 1986 Salviano Domingues (atletismo) é flagrado pelo uso de nandrolona. 1988 Ben Johnson é flagrado pelo uso de estanozolol, um anabolizante sintético de última geração. Florence Griffith-Joyner, nitidamente moldada por anabolizantes, não é flagrada. 1988 Andor Szanyl (Levantamento de peso) é flagrado pelo uso de estanozolol. Anos 90 Internet banaliza o acesso e uso de anabolizantes e “complementos nutricionais”. 1992 Berenice Pereira (atletismo) é flagrada pelo uso de nandrolona. 1994 Sueli Pereira dos Santos (lançamento de dardo) é flagrada pelo uso de nandrolona. 1994 Maureen Maggi (salto triplo) é flagrada pelo uso de Clostebol. 1996 Iva Prandzheva (salto triplo) é flagrada pelo uso de metandienona. A detecção de EAA no contexto do controle de dopagem no esporte é historicamente realizada por Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada a Espectrometria de Massas (quadrupolo único). Esta análise tem a urina como fluido biológico de escolha e exige a Introdução - 13 - detecção de grande número de esteróides diferentes e seus metabólitos em baixa concentração (10 ng/mL - 2 ng/mL). 1.5.1. Mecanismo de ação e uso clínico EAA são derivados sintéticos da testosterona, hormônio natural masculino responsável pelos efeitos anabólicos e androgênicos observados nos homens durante a adolescência e a vida adulta. Nos homens a testosterona é sintetizada nas células de Leyding e testículos, enquanto nas mulheres está presente em pequenas quantidades sendo sintetizada nos ovários e glândula adrenal (SCHANZER, 1996). A principal importância fisiológica da testosterona se dá a partir da sua ligação com receptores citoplasmáticos, promovendo assim a transcrição do gene e a tradução em proteína. O principal alvo para ação anabólica da testosterona são o músculo esquelético, o tecido muscular do osso e a hematopoiese. Além disso, alguns efeitos anabólicos são mediados também indiretamente: EAA são antagonistas de glicocorticóides endógenos e inibem processos protéicos catabólicos. Também podem estimular a formação do hormônio de crescimento e do fator de crescimento semelhante a insulina. EAA tem muitas indicações clínicas. Por muito tempo foram usados por homens para o tratamento de hipergonadotrofia. Outras terapias onde são utilizados incluem a contracepção e o tratamento de doenças crônicas como a doença pulmonar obstrutiva e a infecção por HIV. EAA tem sido usados para promover a deposição muscular depois de queimaduras, cirurgia e terapia com radiação. Eles também podem ser usados no tratamento da osteoporose, doenças hepáticas, na cura de ferimentos, anemia e algumas desordens psiquiátricas. As vias de administração de EAA são: oral, intramuscular, nasal, transdérmica ou ainda absorvido pela boca. 1.5.2. Abuso de esteróides EAA têm sido usados por décadas pelos atletas. Entretanto o abuso não é limitado a atletas profissionais, uma grande parte da população que freqüenta academias de ginástica também utiliza EAA. A incidência do abuso por atletas tem sido estudada intensivamente durante competições ou fora de competição. Os resultados encontrados dependem do esporte, do gênero e idade dos atletas. De acordo com estatísticas oficiais da AMA, em 2004 cerca de 0,7% das 170.000 amostras apresentaram resultado analítico adverso para agentes Introdução - 14 - anabólicos, onde em 86% dos casos os esteróides utilizados foram: testosterona, estanazolol e metandienona (AYOTTE, 1996, WADA, 2007). Estudos recentes mostram que doses supraterapêuticas de EAA combinadas com treinamento intenso, têm um efeito saudável no homem. O mecanismo de ação ainda não foi totalmente esclarecido, mas postula-se ser mediado indiretamente. Altas doses de EAA podem também aumentar o número de receptores androgênios nas células. Uma parte dessa ação pode ser psicológica uma vez que com o abuso de esteróides atletas sentem-se com mais energia e assim treinam mais intensamente. O abuso de EAA difere significativamente de seu uso clínico. Essas drogas vêm freqüentemente do mercado negro e algumas são somente para uso na medicina veterinária. A dose total utilizada é geralmente supraterapêutica e são tomadas em ciclos de um até três meses com completa abstinência da medicação entre os ciclos, para tentar minimizar os efeitos colaterais. Mais que um esteróide é usado simultaneamente como um “stack” para evitar tolerância. A dosagem é inicialmente pequena, depois é gradativamente aumentada e no final do ciclo é descendente para evitar os sintomas da retirada da droga (abstinência). A maioria dos usuários de EAA usam concomitantemente outras drogas para prevenir os efeitos indesejáveis dos EAA. Os efeitos adversos dos EAA estão geralmente associados com o abuso dos mesmos, principalmente por longos períodos de tempo em doses supraterapêuticas. EAA em homens podem reduzir a fertilidade (azoospermia), provocar a diminuição dos testículos, a impotência, ginecomastia e o estreitamento da uretra;em mulheres podem provocar a masculinização (para alguns efeitos irreversível), como por exemplo a excessiva pilosidade corporal, calvície de padrão masculino, hipertrofia de clitóris, irregularidade ou ausência do ciclo menstrual, voz rouca e acne. Outros efeitos adversos incluem: problemas cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio e cardiopatias), disfunção hepática (icterícia), tumores no fígado (adenona, carcinoma), desordens psiquiátricas (aumento da agressividade, psicose, disforia, depressão), acidente vascular cerebral e embolia pulmonar (KUHN, 2002). Casos de dependência química também são conhecidos. 1.5.3. Metabolismo O metabolismo dos EAA é extenso e segue o caminho usualmente evidenciado para a testosterona. Dessa forma, o metabolismo da testosterona pode ser discutido como base para a rota metabólica de todos os EAA sintéticos. As enzimas que convertem testosterona em seus diferentes metabólitos também são ativas para conversão de EAA com grupos e Introdução - 15 - configurações similares àquelas do principal androgênio endógeno. O metabolismo da testosterona foi investigado em diversos tecidos in vivo e in vitro em vários modelos animais e através de estudos clínicos com humanos. Vários desses estudos foram feitos utilizando testosterona deuterada para permitir a identificação de forma inequívoca de seus possíveis metabólitos. Os principais metabólitos da testosterona excretados na urina são: androsterona (3α-hidroxi-5α-androstan-17-ona), etiocolanolona (3α-hidroxi-5β-androstan-17-ona), epiandrosterona (3β-hidroxi-5α-androstan-17-ona), 5α-androstano-3α,17β-diol, 5β- androstano-3α,17β-diol e 5α-androstano-3β,17β-diol (KUHN, 2002). A rota de metabolização dos EAA inclui oxidação, redução, hidroxilação e epimerização (reações de fase I), e reações de conjugação formando glicuronídeos e sulfatos (reações de fase II). Os metabólitos formados são excretados na urina e nas fezes (SCHANZER & DONIKE, 1993). Os principais alvos para o metabolismo de fase I são os anéis A, B e D. Similarmente ao perfil evidenciado para a testosterona, a ligação dupla entre C4 e C5 dos EAA é reduzida produzindo os isômeros 5α e 5β. Essa redução é o passo limitante no metabolismo de esteróides do tipo 3-ceto-4-eno. A redução produz um centro assimétrico em C5, podendo apresentar configuração 5α e 5β (Fig. 1). As enzimas que catalisam este processo, 5α- redutase e 5β-redutase, estão localizadas principalmente no fígado. A 5α-redutase se localiza no retículo endoplasmático e a 5β-redutase no citoplasma. Ambas as enzimas necessitam de NADPH como cofator. A proporção dos diferentes isômeros produzidos depende do padrão estrutural do esteróide. EAA que possuem em sua estrutura 1,4-dieno, como a metandienona, não produzem o isômero 5α. Em geral, a estrutura 1,4-dieno confere ao anel A alguma resistência às reduções metabólicas, uma vez que o grupo 1-eno é estável. Quando a dupla ligação é reduzida, o grupo 3-ceto é imediatamente transformado (BASARIA et. al., 2001, KICMAN, et al., 2003, SCHANZER & DONIKE, 1993, SCHANZER, 1996). Introdução - 16 - Isômero 5β Isômero 5α O H O O H 5β-redutase5α-redutase Figura 1: Metabolismo no anel A dos EAA: redução 5α e 5β de esteróides 3-ceto-4-eno. O grupo ceto em C3 é também facilmente reduzido, pelas enzimas 3α-hidroxiesteróide desidrogenase e 3β-hidroxiesteróide desidrogenase, produzindo predominantemente o isômero 3α-hidroxila (Fig. 2). Dependendo dos substituintes no anel A, outros metabólitos podem também ser bio formados. HO H O O H H O O H H H HO H HO H HO 3β-hidroxi esteróide desidrogenase 3α-hidroxi esteróide desidrogenase Metabólitos 3α-hidroxila Metabólitos 3β-hidroxila Figura 2: Metabolismo no anel A dos EAA: redução do grupo 3-ceto. A modificação mais comum no anel B é a 6β-hidroxilação que ocorre para muitos esteróides que têm em sua estrutura 1,4-dieno (Fig. 3). Para alguns esteróides como a Introdução - 17 - fluoximesterona, que possui um átomo de flúor em C9 a 6β-hidroxilação também ocorre preferencialmente. O O OH O F O F OH 6β-hidroxilação Figura 3: Metabolismo no anel B dos EAA: 6β-hidroxilação. No anel D, o oxigênio na posição C-17 é muito sensível a reações de oxiredução. Muitos 17β-hidroxiesteróides são oxidados para 17-cetoesteróides, pela enzima 17β-hidroxi esteróide desidrogenase. Entretanto o grupo 17α-alquila impede esta reação. A oxidação do grupo 17β-hidroxila é reversível e a extensão do equilíbrio depende de outras reações metabólicas, como a conjugação na hidroxila 17β e a redução do anel A. A conversão enzimática para 17α-hidroxi não é comum e ocorre somente menos frequentemente em alguns esteróides. OH H O H OH 17α-hidroxi esteróide desidrogenase 17β-hidroxi esteróide desidrogenase Figura 4: Metabolismo no anel D dos EAA: Oxidação do grupo hidroxila em 17β. EAA também podem ser metabolizados através da hidroxilação de C16, gerando os isômeros 16α e 16β, cuja proporção da formação dos dois isômeros difere de acordo com os diferentes EAA. Não existe uma regra geral, e em alguns casos somente um dos isômeros é excretado. Para o estanozolol, o isômero 16β-hidroxi é um dos principais metabólitos. Introdução - 18 - OH R OH R OH OH R O OH CH3 OOH O 16α/16β hidroxila 16-ceto 16α e 16β hidroxila R = H 16α/16β-hidroxilação R = H, CH3 17-oxidação para R=H Hidroxilação 16α/16β Figura 5: Metabolismo no anel D dos EAA: Hidroxilação em C16 e formação de metabólitos 16-ceto. Muitos dos metabólitos de fase I, são posteriormente metabolizados por reações de fase II. A conjugação com ácido glicurônico uridinadifosfato e fosfoadenosina fosfosulfato produzem glicuronídeos e sulfatos, respectivamente. No homem, a glicuronidação parece ser mais importante que a sulfatação. A conjugação ocorre principalmente para os anéis A e D. 3α-hidroxiesteróides são principalmente conjugados com ácido glicurônico e 3β- hidroxiesteróides com sulfato. Por sua vez, 17β-hidroxiesteróides podem ser conjugados com ácido glicurônico e sulfato. No caso do estanozolol, n-glicuronidação também pode ocorrer. A glicuronidação do grupo 17β-hidróxi dos 17α-metilesteróides não é comum em função do impedimento estérico. 17-metilesteróides são capazes de formar conjugados com sulfato. Entretanto, 17-sulfatos são entretanto, instáveis e decompõem-se resultando na formação dos epímeros 17α-hidroxi-17β-metil e 18-nor-17,17-dimetil-13(14)-esteróides. Muitos esteróides 17-alquilados e seus metabólitos são parcialmente resistentes ao metabolismo de fase II e são excretados na urina na forma livre. Introdução - 19 - 1.5.4. Estrutura química EAA sintetizados quimicamente são estruturalmente relacionados com a molécula da testosterona. Eles são desenhados para aumentar o efeito anabólico protêico da testosterona com redução dos efeitos androgênicos indesejados, e para melhorar as propriedades farmacológicas da molécula. São compostos lipídicos com um sistema de anel peridro-1,2- ciclopentanofenantreno, sendo classificados em
Compartilhar