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E-book de Medicina Legal

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Prévia do material em texto

A) 
 
 
Organizado por CP Iuris 
ISBN 978-65-5701-002-0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDICINA LEGAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição 
 
Brasília 
CP Iuris 
2020 
 
 
SOBRE O AUTOR 
Frederico Alves Melo. Formado em Direito e pós-graduado em Ciências Criminais pela Universidade 
Cândido Mendes. É professor, perito papiloscopista (PCERJ), ex-oficial de Cartório, aprovado para delegado 
de Polícia Federal (fases objetiva, subjetiva e oral) e delegado de Polícia do Estado de São Paulo. 
 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 7 
1. INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL ............................................................................. 8 
1.1. CONCEITO ................................................................................................................... 8 
1.2. NOÇÕES HISTÓRICAS .................................................................................................. 8 
1.3. SUBDIVISÕES ............................................................................................................... 9 
1.4. RELAÇÕES DA MEDICINA LEGAL COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................... 9 
QUESTÕES ........................................................................................................................ 10 
GABARITO ........................................................................................................................ 11 
2. PERITOS E PERÍCIAS ................................................................................................ 12 
2.1. PERÍCIA ...................................................................................................................... 12 
2.2. PERITO ...................................................................................................................... 14 
2.3. CORPO DE DELITO ..................................................................................................... 14 
QUESTÕES ........................................................................................................................ 17 
GABARITO ........................................................................................................................ 18 
3. CADEIA DE CUSTÓDIA ............................................................................................. 19 
4. DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS .............................................................................. 27 
4.1. NOTIFICAÇÃO ............................................................................................................ 27 
4.2. ATESTADO MÉDICO .................................................................................................. 27 
4.3. PRONTUÁRIOS .......................................................................................................... 29 
4.4. DEPOIMENTO ORAL .................................................................................................. 29 
4.5. RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL ...................................................................................... 30 
4.6. PARECER MÉDICO-LEGAL .......................................................................................... 31 
QUESTÕES ........................................................................................................................ 32 
GABARITO ........................................................................................................................ 33 
5. ANTROPOLOGIA FORENSE ...................................................................................... 34 
5.1. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO ................................................................................. 34 
5.2. MÉTODO DE VUCETICH ............................................................................................. 35 
5.3. IDENTIFICAÇÃO DE SANGUE ..................................................................................... 41 
5.4. IDENTIFICAÇÃO POR DNA ......................................................................................... 42 
5.5. OSTEOLOGIA ............................................................................................................. 42 
5.6. IDENTIFICAÇÃO DE SEXO MASCULINO OU FEMININO .............................................. 48 
5.7. IDENTIFICAÇÃO DE RAÇA HUMANA .......................................................................... 51 
QUESTÕES ........................................................................................................................ 53 
GABARITO ........................................................................................................................ 54 
6. TRAUMATOLOGIA FORENSE ................................................................................... 55 
6.1. PELE........................................................................................................................... 55 
6.2. TRAUMA ................................................................................................................... 57 
6.3. LESÃO ........................................................................................................................ 58 
6.4. AGENTES VULNERANTES ........................................................................................... 59 
7. PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO ................................................................................ 90 
7.1. MUNIÇÃO .................................................................................................................. 93 
7.2. ONDAS DE CHOQUE E ONDAS DE PRESSÃO ............................................................... 110 
7.3. LESÕES DE SAÍDA PROVOCADAS POR PAF .............................................................. 112 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
7.4. LESÕES PROVOCADAS POR PAF DE ALTA ENERGIA ................................................. 113 
7.5. LESÕES EM ÓRGÃOS MACIOS PROVOCADAS POR PAF ........................................... 113 
8. LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS ............................................... 115 
9. AGENTES TÉRMICOS ............................................................................................. 116 
9.1. LESÕES PELA AÇÃO TÉRMICA .................................................................................. 116 
9.2. SINAIS DECORRENTES DA AÇÃO DO CALOR ............................................................ 120 
9.3. FOTODERMATOFITOSES ......................................................................................... 122 
9.4. REGRA DOS NOVE DE WALLACE .............................................................................. 122 
9.5. CAUSA DE MORTE NOS INCÊNDIOS ........................................................................ 123 
9.6. DISGNÓSTICO DO AGENTE VULNERANTE FOGO ..................................................... 124 
9.7. QUEIMADURA POR LÍQUIDO FERVENTE ................................................................. 124 
9.8. QUEIMADURA POR SÓLIDO INCANDESCENTE ........................................................ 124 
9.9. QUEIMADURA POR VAPORES SUPERAQUECIDOS .................................................. 124 
9.10. LESÕES E MORTES CAUSADAS PELO FRIO ............................................................. 125 
9.11. QUEIMADURAS PELO FRIO ................................................................................... 126 
10. AGENTES ELÉTRICOS ........................................................................................... 128 
10.1. FULGURAÇÃO ....................................................................................................... 128 
10.2. ELETROPLESSÃO .................................................................................................... 130 
10.3. CAUSAS DA MORTE X CORRENTE ELÉTRICA .......................................................... 132 
11. AGENTES CÁUSTICOS ..........................................................................................134 
12. ASFIXIOLOGIA FORENSE ...................................................................................... 136 
12.1. CONCEITOS BÁSICOS DO APARELHO CIRCULATÓRIO ........................................... 137 
12.2. CONTROLE DE RESPIRAÇÃO .................................................................................. 139 
12.3. ENERGIA VULNERANTE NAS ASFIXIAS MECÂNICAS .............................................. 139 
12.4. SINAIS GERAIS DE ASFIXIA ..................................................................................... 139 
12.5. CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS DE AFRÂNIO PEIXOTO ........................................... 140 
12.6. MODALIDADES DE ASFIXIA ................................................................................... 140 
12.7. SINAIS NAS ASFIXIAS POR CONSTRICÇÃO DO PESCOÇO ....................................... 148 
13. LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE .......................................................... 155 
14. LESÕES E MORTES CAUSADAS PELA ENERGIA BAROMÉTRICA............................... 159 
15. MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE ............................................................... 164 
16. TANATOLOGIA .................................................................................................... 175 
16.1. TIPOS DE MORTE ................................................................................................... 176 
16.2. SINAIS ABIÓTICOS IMEDIATOS DE MORTE ............................................................ 178 
16.3. SINAIS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS OU MEDIATOS DE MORTE ............................. 179 
16.4. FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS ............................................... 184 
17. SEXOLOGIA FORENSE .......................................................................................... 193 
17.1. A VIDA SEXUAL FEMININA ..................................................................................... 193 
17.2. ABORTO ................................................................................................................ 202 
17.3. PARAFILIAS ............................................................................................................ 209 
18. TOXICOLOGIA FORENSE ...................................................................................... 221 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Este material foi desenvolvido com o intuito de auxiliar o estudo da matéria medicina 
legal para concursos de Delegado de Polícia, tendo como finalidade o aprofundamento e a 
melhor organização do estudo. 
A ideia de montar este material se deveu ao fato de achar, em um primeiro momento, 
que é difícil de se passar conhecimento sobre o tema abordado, e depois, pensar que a 
maneira de se passar sempre se deu de forma confusa e desordenada. Assim, buscou-se dar 
ênfase na simplicidade para facilitar o entendimento e o estudo complementar (sempre prezei 
por um estudo dinâmico e eficaz). 
O material é fruto de diversas doutrinas (Hygino de C. Hércules, Genival Veloso de França, 
Roberto Blanco, Wilson Palermo, Neusa Bittar, Malthus etc.), cursos (Roberto Blanco, André 
Uchoa, Luciana Gazzola etc.) e apostilas e está repleto imagens ilustrativas. 
Fica o agradecimento pessoal ao meu amigo e professor Roberto Blanco, que sempre me 
orientou e incentivou a fabricar este material. 
Por fim, estude para ser o primeiro colocado, acredite em você. Crenças limitam o 
potencial. 
Seja disciplinado. 
A disciplina é o medidor do seu comprometimento com os seus projetos. 
Se você anda indisciplinado, é porque não tem dado importância suficiente para o que 
você quer. 
Bons estudos. 
Frederico Alves Melo 
Perito Papiloscopista da PCERJ 
Aprovado para Delegado de Polícia Federal (Fase objetiva, subjetiva e oral) e Delegado do 
Estado de São Paulo. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL 
1.1. CONCEITO 
A doutrina no geral define medicina legal como sendo a um só tempo, arte e ciência. 
É arte porque a realização de uma perícia médica requer habilidade (instinto) na prática do exame 
e estilo de redação do laudo; e essa arte se sujeita à ciência que se vale de todo o conhecimento 
oferecido pelas demais especialidades médicas, além de ter um campo próprio de pesquisa. 
A definição de MEDICINA LEGAL varia de autor para autor, podendo ser apontada como principais 
definições: 
 AMBROISE PARÉ (Pai da Medicina Legal): “É a arte de fazer relatórios em juízo”; 
 GENIVAL VELOSO FRANÇA: “É a contribuição da medicina e da tecnologia e outras ciências 
afins às questões do Direito na elaboração das leis, na administração judiciária e na 
consolidação da doutrina”; 
 BONNET: “É uma disciplina que utiliza a totalidade das ciências médicas para dar 
respostas a questões judiciais”; 
 LACASSAGNE: “A arte de pôr os conceitos médicos legais a serviço da administração 
da justiça”; 
 LEGRAND DU SAULLE: “A aplicação das ciências médicas ao estudo e à solução de todas as 
questões especiais, que podem suscitar a instituição das leis e a ação da justiça”. 
1.2. NOÇÕES HISTÓRICAS 
Apesar de haver relatos históricos mais antigos, podem ser apontados como marcos da 
medicina legal: 
 Século XVI - Ano 1532: primeira publicação – Constitutio Criminalis Carolina – que passou a 
exigir a presença de peritos em certos delitos; 
 Ano 1575 – Ambroise Paré: considerado o marco efetivamente inicial – trata-se do 
primeiro tratado de medicina legal (Des Rapptors et des Moyens d’Embaumer les 
Corps Morts), que tratava de técnicas de embalsamento, gravidade de feridas, 
virgindade etc.; 
 Ano 1602 – Fortunatus Fidelis: primeiro tratado de medicina legal tido como completo, 
lançando em Palermo; 
 Primeira Revista de Medicina Legal: Alemanha – 1821: 
 A Alemanha inaugurou a primeira Escola de Medicina Legal; 
 Segunda Revista de Medicina Legal: França – 1829; 
 NO BRASIL – principais influências: 
 França (principal); 
 Alemanha; 
 Itália. 
A transição da matéria se deu com Agostinho José de Souza Lima, com o ensino da medicina legal. 
A nacionalização da matéria foi inaugurada por Raimundo Nina Rodrigues, conhecido como 
“Lombroso dos trópicos”, que iniciou a fase de pesquisa cientifica médico legal, principalmente 
relacionado à psiquiatria forense e antropologia criminal. 
Outros importantes para nacionalização da medicina legal vieram em seguida, tais como Oscar 
Freire e Afranio Peixoto, que seguiram os estudos de Raimundo Nina Rodrigues. A inclusão da 
medicina legal como matéria nas faculdades de medicina da Bahia e Rio de Janeiro se deu em 
1832. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
9 
 
1.3. SUBDIVISÕES 
Trata-se da divisão da chamada medicina legal geral e especial. A medicina legal geral vai 
além do estudo do ser humanao e se divide em: 
 Deontologia – ocupa-se das normas éticas a que o médico está sujeito no exercício 
da profissão; 
 Diceologia – está ligada aos direitos dos profissionais. 
Por sua vez, a medicina legal especial liga-se ao estudo do ser humano e tem como 
principais subdivisões: 
 Patologia forense; 
 Toxicologia forense; 
 Infortunística; 
 Antropologia forense; 
 Sexologia forense; 
 Psiquiatria forense. 
Vejamos cada uma delas agora. 
I. Patologia forense – Estuda a traumatologia forense e a tanatologia. 
 Na traumatologia, são estudadas as energias vulnerantes, os seus mecanismos de 
ação e as suas consequências. 
 A tanatologia (tanato: morte) estuda a morte, sua causa jurídica e os fenômenos 
cadavéricos. 
II. Toxicologia forense – tem por objeto de estudo as substâncias tóxicas, seus efeitos sobre 
o ser humano, seu mecanismo de ação, seu modo de detecção em casos concretos e o 
esclarecimento de aspectos de repercussão jurídica. 
III. Infortunística – ocupa-se dos acidentes de trabalho, sua etiologia, dinâmica e suas 
consequências. Além disso, estabelece o nexo entre os acidentes e as incapacidades 
laborativas. 
IV. Antropologia forense – estuda os restos mortais com objetivode esclarecer sua 
identidade, causa de morte e ascendência. 
V. Sexologia forense – abrange aspectos relacionados com o diagnóstico de virgindade, 
violência sexual, gravidez, puerpério, aborto e problemas médicos legais relativos ao 
casamento. 
VI. Psiquiatria forense – tem por finalidade a avaliação da responsabilidade penal e a 
capacidade civil, que podem estar alteradas em função de distúrbios mentais. Nela, são 
abordados os aspectos médico-legais da embriaguez e as toxicomanias. 
Foram citadas as principais subdivisões, havendo outras citadas pela doutrina, tais como 
psicologia forense, medicina legal desportiva, vitimologia etc. 
1.4. RELAÇÕES DA MEDICINA LEGAL COM OUTRAS CIÊNCIAS 
 Com a ciência médica – buscam-se seus temas nos mais diversos ramos da ciência 
médica, como traumatologia, psicologia, ginecologia e demais especialidades 
médicas. 
 Com a ciência jurídica: 
 Direito Penal e Processual Penal – trata-se de estudo relacionado a crimes; 
 Direito Civil e Processual Civil – trata-se de estudo relacionado a questões do 
casamento, paternidade etc.; 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
10 
 
 Direito Trabalhista – trata-se de estudo relacionado à infortunística. 
 Direito Desportivo – trata-se de estudo relacionado ao desempenho esportivo; 
 Direito Administrativo – trata-se de estudo relacionado a atestados médicos 
utilizados por servidores. 
QUESTÕES 
Questão 1) De acordo com Afrânio Peixoto, a medicina legal pode ser definida como “A aplicação de 
conhecimentos científicos dos místeres da justiça”. Do ponto de vista didático tradicional, a medicina 
legal pode ser dividida em geral e legal. No caso da geral, seu campo de ação se ocupa de várias áreas 
do conhecimento, como 
a) antropologia forense. 
b) honorários médicos. 
c) asfixiologia forense. 
d) genética forense. 
e) sexologia forense. 
 
Questão 2) Sob o ponto de vista didático, a medicina legal está dividida em medicina geral e medicina 
especial. A respeito da medicina legal especial, assinale a opção correta. 
a) A antropologia forense é o estudo da identidade e da identificação, seus métodos, processos 
e técnicas. 
b) A infortunística trata da análise racional da participação da vítima na eclosão e justificação 
das infrações penais. 
c) A tanatologia versa sobre os fenômenos volitivos e afetivos mentais, a periculosidade do 
alienado, as socioneuropatias em face de problemas judiciários, a simulação e a dissimulação. 
d) A vitimologia estuda os diferentes aspectos da gênese e da dinâmica dos crimes. 
e) A asfixiologia forense é o estudo dos cáusticos e dos envenenamentos. 
 
Questão 3) A medicina legal é uma ciência de grandes proporções e muita diversificação. A respeito do 
conceito de medicina legal, analise as afirmativas. 
I. A medicina legal é a ciência a serviço das ciências jurídicas e sociais. 
II. Embora se relacione estreitamente com o Direito Processual Penal, a medicina legal não 
apresenta relação com o Direito Processual Civil. 
III. Uma das definições de medicina legal é que esta é a arte de pôr os conhecimentos médicos 
a serviço da administração da Justiça. 
IV. A medicina legal tem recebido diversas denominações, como: Medicina Judiciária, medicina 
política e medicina forense. 
 
Estão corretas as afirmativas: 
a) I, II e III, apenas. 
b) I, III e IV, apenas. 
c) II, III e IV, apenas. 
d) I, II e IV, apenas. 
e) III e IVapenas. 
 
Questão 4) De acordo com Ambroise Paré, a medicina legal é a arte de produzir relatórios na justiça. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
11 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
GABARITO 
1. b 
2. a 
3. b 
4. Certo 
Frederico Alves Melo 
 
 
2. PERITOS E PERÍCIAS 
A perícia médico-legal é definida como sendo a “contribuição da medicina e da tecnologia 
e outras ciências afins para as questões do Direito na elaboração das leis, na administração 
judiciária e na consolidação da doutrina”. 
Além disso, ela é o exame dos elementos materiais de interesse de um processo e é 
realizada por perito, possuindo uma face objetiva e outra subjetiva: 
 Face objetiva – tratam-se de alterações visíveis verificadas pelo perito 
objetivamente. 
 É encontrada no laudo pericial na parte chamada de descrição. 
 Face subjetiva – nessa face, faz-se a análise da parte objetiva. 
 É encontrada no laudo pericial na parte chamada de discussão. 
Segundo o Art. 6º do Código de Processo Penal, ao ocorrer um delito, deve a autoridade 
policial comparecer ao local e preservar o mesmo até a chegada dos peritos criminais. 
Art. 6
o
 Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das 
coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
O local em que será realizada a perícia poder ser classificado como: 
 Local idôneo – é o local que se encontra preservado; 
 Local inidôneo – é o local que não se encontra preservado. 
Embora o artigo 6º do Código de Processo Penal trate apenas das perícias em local de crime, 
elas podem ocorrer em qualquer coisa que esteja relacionada ao delito, como em seres 
humanos, cadáveres, coisas, animais etc. 
2.1. PERÍCIA 
A perícia é uma diligência com a finalidade de estabelecer a veracidade ou falsidade de 
situações, fatos ou acontecimentos, por meio de prova e análise de toda a matéria colhida 
como vestígio de uma infração, ou seja, exame de corpo de delito. Assim, a perícia tem como 
finalidade provar atos de interesse da justiça. 
Quando os fatos alegados em um processo deixam vestígios materiais e esses se perdem 
no mesmo instante em que ocorre, ou logo após, sua comprovação em juízo só pode ser feita 
pela prova testemunhal. E o relato dessas testemunhas pode, por diversas razões, não 
corresponder fielmente à realidade. 
No entanto, se, desse proceso, resultam vestígios duradouros, com a possibilidade de 
serem detectados, o exame e o registro de tais vestígios devem ser feitos obrigatoriamente. O 
exame desses elementos materiais, quando feito por técnico, é chamado de perícia. 
Para o processo penal, a perícia é um meio de prova, pois é a forma que as fontes de 
prova são introduzidas no Processo Penal. Conforme art. 159 do Código de Processo Penal, as 
pericias serão realizadas por perito oficial. 
Perito oficial é o perito concursado, que, no ato de sua posse, presta compromisso de 
realizar o mister com ética e relatar com veracidade o que aprecia, não sendo necessário 
prestar este compromisso a cada perícia. Vale ressaltar que, sendo perito oficial, a regra é que 
a perícia seja realizada por apenas um perito. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
13 
 
Excepcionalmente, caso não tenha perito oficial na localidade, permite-se a realização 
da perícia por duas pessoas idôneas, chamados de peritos não oficiais, devendo estas serem 
portadoras de diploma em curso superior, não necessariamente na área de especialidade da 
perícia (preferencialmente), e devem prestar compromisso. 
 Portanto, sendo perito oficial, basta 01 (um) perito para realização da perícia. 
 Caso não tenha perito oficial na localidade, a perícia pode ser realizada por 02 (duas) 
pessoas idôneas portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na 
área específica. 
 O perito não oficial é conhecido como perito ad hoc ou gracioso. 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior. 
§ 1
o
 Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as 
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
§ 2
o
 Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o 
encargo. 
O PERITO NOMEADO PELA AUTORIDADE SERÁ OBRIGADO A ACEITAR O ENCARGO 
Segundo o Art. 277 do Código de Processo Penal, o peritonomeado pela autoridade será 
obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa, salvo se apresentar justo motivo para a 
escusa. 
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de 
multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. 
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada 
imediatamente: 
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; 
b) não comparecer no dia e local designados para o exame; 
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos. 
IMPEDIMENTO PARA SER PERITO 
Segundo o Art. 279 do Código de Processo Penal, não poderão ser peritos: 
 Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos incisos I e IV do art. 69 do 
Código Penal; 
 Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre 
o objeto da perícia; 
 Os analfabetos e os menores de 21 anos. 
PERINESCROSCOPIA 
É o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver. 
LOCAL RELACIONADO 
É o local que não tem ligação direta com o local objeto da perícia imediata, mas 
indiretamente pode conter alguma ligação ou ser útil para análise de prova. 
VESTÍGIOS: DELICTA FACTIS PERMANENTIS E DELICTA FACTIS TRANSEUNTES 
Os vestígios podem ter caráter permanente ou passageiro. 
 Delito não transeunte: 
 Ocorre quando a infração penal deixa vestígios. 
 São vestígios duradouros, chamados de delicta factis permanentis. 
 Como exemplos de crimes não transeuntes, podemos citar o homicídio (CP, art. 
121), o estupro (CP, art. 213) e as lesões corporais (CP, art. 129). 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
14 
 
 Delito traseunte: 
 Ocorre quando a infração penal não deixa vestígios. 
 Chamado de delicta factis transeuntes. 
 São crimes transeuntes, por exemplo, a calúnia (CP, art. 138), a difamação (CP, 
art. 139) e a injúria (CP, art. 140), todos estes se praticados por meio verbal. 
2.2. PERITO 
É um auxiliar da justiça, devidamente compromissado, estranho às partes, portador de 
conhecimento técnico altamente especializado e sem impedimentos para atuar no processo. 
FUNÇÃO DO PERITO 
A função do perito limita-se a verificar o fato, indicando a causa que o motivou. 
Qualquer que seja a posição em que esteja o perito, oficial ou não, seu compromisso com 
a verdade constitui-se em dever ético e obrigação legal. 
A declaração falsa ou a ocultação da verdade constituem o delito de falsa perícia, previsto 
no Art. 342 do Código Penal: 
Art. 342 - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, PERITO, 
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, 
ou em juízo arbitral: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
2.3. CORPO DE DELITO 
Quando o fato delituoso produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de 
corpo de delito ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso; assim, 
pode-se definir corpo de delito como sendo: 
 Os elementos materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultantes da infração 
penal. 
 Corpus criminis: é toda coisa ou pessoa sobre a qual incide a conduta delitiva 
nos crimes contra a pessoa. 
 Corpus intrumentorium: são meios e instrumentos utilizados pelo agressor para 
produzir o delito. 
Esses elementos sensíveis, objetivos, devem ser alvo de prova, obtida por meios que o 
direito fornece. Os peritos dirão da sua natureza e estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou 
a omissão do acusado; com isso, tem-se o exame de corpo de delito. 
Não se deve confundir corpo de delito com exame de corpo de delito: o primeiro é o 
elemento objetivo que o crime deixou; o segundo é o exame realizado sobre esse elemento. 
Ex.: suponha que tenha ocorrido um homicídio, e que, no local, foi encontrado um projétil de 
arma de fogo e ainda uma arma de fogo. Assim, nesse caso, o corpo de delito é o projétil de 
arma de fogo e a arma de fogo coletados no local do delito; por sua vez, o exame de corpo de 
delito é o trabalho realizado pelo perito para comparar se o projétil foi disparado por uma 
determinada arma de fogo. 
EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO E INDIRETO 
O exame de corpo de delito é aquele que é feito com base no corpo de delito. 
 Exame de corpo de delito direto – o corpo de delito é objeto da atividade pericial. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
15 
 
 Ex.: Perito que tem contato direto com um cadáver em um delito de homicídio. 
 Exame de corpo de delito indireto – há duas correntes: 
 1ª Corrente – seria a substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, 
subjetiva. Diz que é chamado indevidamente de exame corpo de delito indireto, 
pois não há corpo, embora exista o delito, porque faltam os sinais, os vestígios, 
os elementos materiais (art. 158 CPP). 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, 
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os 
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
 2ª Corrente – entende que o exame de corpo de delito indireto é aquele em que 
não é mais possível a perícia direta no corpo de delito, por este ter 
desaparecido; porém, o médico legista terá acesso aos prontuários médicos do 
paciente e, à sua vista, elaborará o documento médico-legal. 
Segundo o professor Wilson Palermo, o exame de corpo de delito indireto é 
equivalente à prova testemunhal. 
OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO 
Sempre que o delito deixar vestígios, é obrigatório que se faça o exame de corpo de 
delito, seja ele direito ou indireto. 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, 
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a 
perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
EXCEÇÃO À OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO (Lei n° 9099/95) 
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, é dispensado o exame corpo de delito 
quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. 
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de 
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á 
do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim 
médico ou prova equivalente. 
PRIORIDADE NA REALIZAÇÃO DO EXAME DE CORPO DE DELITO (Lei n° 13.721, de 2018) 
Quando o delito envolver violência doméstica e familiar contra mulher e/ou violência 
contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, deve ser dada prioridade na 
realização do exame de corpo de delito. 
Art. 158, Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito 
quando se tratar de crime que envolva: 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
MOMENTO DO EXAME DE CORPO DE DELITO 
 REGRA – a qualquer dia e hora: 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
 EXCEÇÃO – a autópsia deve ser feita pelo menos seis horas após a morte, pois é o 
tempo em que aparecem os sinais de certeza de morte, 
 salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, tiverem certeza do óbito. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
16 
 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, 
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que 
declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do 
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas 
permitirem precisara causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a 
verificação de alguma circunstância relevante. 
ASSISTENTE TÉCNICO NA PERÍCIA 
É possível a indicação de assistente técnico, que só será admitido pelo juiz após a 
conclusão dos exames e a elaboração do laudo pelos peritos oficiais. 
§ 3
o
 Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao 
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
§ 4
o
 O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos 
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta 
decisão. 
OITIVA DOS PERITOS E PARECER TÉCNICO 
Segundo o § 5o do Art. 159 do Código de Processo Penal, durante o curso do processo 
judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, 
desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam 
encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as 
respostas em laudo complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado 
pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. 
§ 6
o
 Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia 
será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na 
presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua 
conservação. 
PERÍCIA COMPLEXA 
Se a perícia for tida como complexa, ou seja, se abranger mais de uma área de 
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial. 
Se houver divergência entre os peritos, a autoridade nomeará um terceiro; se este 
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. 
CPP, Art. 159, § 7
o
 Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de 
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a 
parte indicar mais de um assistente técnico. 
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as 
declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, 
e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá 
mandar proceder a novo exame por outros peritos. 
PRAZO DO LAUDO PERICIAL 
Será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em 
casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que 
examinarem, e responderão aos quesitos formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo 
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
PROVA TESTEMUNHAL 
No caso de desaparecimento dos vestígios, é possível a produção de prova testemunhal. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
17 
 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os 
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ 
O juiz não está vinculado ao laudo apresentado pelo perito e, em caso de não o acatar no 
todo ou parte, deverá motivar objetivamente. 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em 
parte. 
AUSÊNCIA DO EXAME DE CORPO DE DELITO 
A ausência do exame de corpo de delito pode levar à nulidade do processo: 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto 
no Art. 167. 
QUESTÕES 
Questão 1) No que tange à perícia oficial e em acordo com o CPP, é CORRETO afirmar: 
a) É facultada ao acusado a indicação de assistente técnico, após admissão pela autoridade 
policial. 
b) Entende-se por perícia complexa aquela que abrange mais de uma área de conhecimento 
especializado. 
c) Faculta-se ao Ministério Público e ao assistente técnico do querelante a formulação de 
quesitos a qualquer tempo do inquérito policial. 
d) Na falta de perito oficial, qualquer contribuinte poderá exercer o mister, desde que não 
inadimplente com impostos públicos, e que seja admitido pelo delegado de polícia presidente 
do inquérito. 
 
Questão 2) Jovem do sexo masculino é encontrado morto no seu quarto, aparentemente um caso de 
suicídio por enforcamento. Logo ao chegar no local de morte, a equipe pericial encontra a vítima na 
cama, com o objeto usado como elemento constritor removido. 
Nessa situação, o perito criminal deve 
a) avaliar detalhadamente o local, buscar pistas de envolvimento de terceiros, não realizar o 
exame pericial do cadáver e registrar a alteração notada no laudo final. 
b) fazer o boletim de ocorrência com a alteração notada, isolar e preservar o local de morte, e 
solicitar o envio de equipe pericial do instituto médico-legal para realização de perícia conjunta. 
c) informar à autoridade policial sobre a alteração do local de morte, emitir o laudo de 
impedimento e determinar a remoção imediata do cadáver para o instituto médico-legal. 
d) realizar o exame externo do cadáver, de tudo que é encontrado em torno dele ou que possa 
ter relação com o fato em questão, e registrar no laudo a alteração notada no local de morte. 
e) realizar o registro fotográfico do local, investigar as circunstâncias da morte, não realizar o 
exame pericial do cadáver, coletar o provável instrumento utilizado e descrever no laudo a 
alteração do local de morte. 
 
Questão 3) No que se refere às perícias e aos laudos médicos em medicina legal, assinale a opção 
correta. 
a) As perícias podem consistir em exames da vítima, do indiciado, de testemunhas ou de 
jurado. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
18 
 
b) A perícia em antropologia forense permite estabelecer a identidade de criminosos e de 
vítimas, por meio de exames de DNA, sem, no entanto, determinar a data e a circunstância da 
morte. 
c) A opção pela perícia antropológica deve ser conduta de rotina nos casos em que a família da 
vítima manifestar suspeita de morte por envenenamento. 
d) As perícias médico-legais são restritas aos processos penais e civis. 
e) Laudo médico-legal consiste em narração ditada a um escrivão durante o exame. 
 
Questão 4) Com relação aos conhecimentos sobre corpo de delito, perito e perícia em medicina legal e 
aos documentos médico-legais, assinale a opção correta. 
a) Perícia é o exame determinado por autoridade policial ou judiciária com a finalidade de 
elucidar fato, estado ou situação no interesse da investigação e da justiça. 
b) O atestado médico equipara-se ao laudo pericial, para serventia nos autos de inquéritos e 
processos judiciais, devendo ambos ser emitidos por perito oficial. 
c) Perito oficial é todo indivíduo com expertise técnica na área de sua competência incumbido 
de realizar o exame. 
d) É inválido o laudo pericial que não foi assinado por dois peritos oficiais. 
e) Define-se corpo de delito como o conjunto de vestígios comprobatórios da prática de um 
crime evidenciado no corpo de uma pessoa. 
GABARITO 
1. b 
2. d 
3. a 
4. a 
 
 
Frederico Alves Melo 
 
 
3. CADEIA DE CUSTÓDIA 
Essa sistemática é nova no Código de Processo Penal e foi inserida pela Lei 13.964/19 
(“pacote anticrime”), tratando da documentação de uma evidência. A preocupação com o 
legislador foi tecer todo um procedimento para garantir a integridade da prova, para que, 
quando submetida ao contraditório, chegue absolutamente íntegra. 
 A cadeia de custódia da prova pode responder a um binômio, que é a autenticidade 
e integridade. 
 Ex.: ao se fazer um exame de sangue, existe todo um procedimento a ser 
seguido pelo atendente, como lavar as mãos, usar luva,mostrar a seringa e 
agulha e informar que estão lacradas, mostrar a etiqueta com os dados do 
paciente e fazer a coleta do sangue. Todo esse procedimento visa a dar 
segurança. Por isso, deve haver a documentação da evidência, com fim de dar 
segurança. 
CONCEITO DE CADEIA DE CUSTÓDIA 
É o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história 
cronológica do vestígio, coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse 
e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. 
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados 
para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em 
vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o 
descarte. 
IMPORTÂNCIA MÉDICO-LEGAL DA CADEIA DE CUSTÓDIA 
Segundo o professor Wilson Palermo, reside na preservação dos vestígios que 
futuramente poderão se transformar em verdadeiras provas no curso do processo penal, 
garantindo-se, assim, a idoneidade e a integridade. 
INÍCIO DA CADEIA DE CUSTÓDIA 
 O início da cadeia de custódia se dá: 
 Com a preservação do local de crime; ou 
 Com procedimentos policiais; ou 
→ Com procedimentos periciais, Nos quais seja detectada a existência de 
vestígio. 
 Note que o início da cadeia de custódia pode ser dar por qualquer agente público 
envolvido nas diligências. 
 Segundo o professor Wilson Palermo, não necessariamente um objeto reconhecido 
como vestígio estará na cena do delito; por esse motivo, abriu-se a possibilidade de 
se iniciar uma cadeia de custódia com procedimentos policiais ou periciais nos quais 
seja detectada a existência de vestígio. 
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com 
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. 
CONCEITO DE VESTÍGIO 
Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, 
relacionado com a infração penal. São matéria-prima na produção da prova pericial. 
 Vestígio visível: é aquele detectável a olho nu. 
 Vestígio latente: é aquele que precisa ser revelado por técnicas especiais para que 
possa ser coletado. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
20 
 
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, 
que se relaciona à infração penal. 
Segundo o professor Wilson Palermo, a existência de um vestígio pressupõe a existência 
de: 
 Um agente provocador, que causou ou contribuiu para causar; e 
 Um suporte adequado, que é o local em que o vestígio se materializa. 
VESTÍGIO E INDÍCIO 
 Segundo o professor Wilson Palermo, vestígio não se confunde com indício. Vestígio 
é a matéria; indício é a circunstância. Conforme o art. 239 do Código de Processo 
Penal: 
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com 
o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 
PRESERVAÇÃO DE EVENTUAL VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA 
A responsabilidade pela preservação do eventual vestígio é do agente público que: 
 Reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova 
pericial, ficando este responsável por sua preservação. 
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a 
produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. 
FASES DA CADEIA DE CUSTÓDIA 
Segundo o professor Wilson Palermo, no que diz respeito às fases da cadeia de custódia, 
ela pode ser externa ou interna. 
 Fase externa – é a fase que abrange o local de crime e eventual áreas relacionadas. 
 Fase interna – diz respeito ao tratamento do vestígio e sua perícia, englobando o 
armazenamento ou descarte do material. 
ETAPAS DO RASTREAMENTO DO VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA 
Segundo o Art. 158-B. do Código de Processo Penal, a cadeia de custódia compreende o 
rastreamento do vestígio nas seguintes etapas cronológicas: 
 
 
 
 
 
 
 RECONHECIMENTO: é o ato de distinguir um elemento como de potencial interesse 
para a produção da prova pericial. Ou seja, verifica-se que algo interessa para 
produção da prova pericial. 
 ISOLAMENTO: é o ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e 
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e ao local do 
crime: 
 Ambiente imediato: é a área abrangida pelo corpo de delito e seu entorno. É o 
local em que se encontra a maioria dos vestígios materiais. Ex.: quarto da casa 
em que ocorreu o homicídio; 
1) RECONHECIMENTO 2) ISOLAMENTO 3) FIXAÇÃO 
FIXAÇÃOHECIMENTO 
4) COLETA 
6) TRANSPORTE 
9) ARMAZENAMENTO 10) DESCARTE 
5) ACONDICIONAMENTO 7) RECEBIMENTO 
FIXAÇÃOHECIMENTO 
8) PROCESSAMENTO 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
21 
 
 Ambiente mediato: é adjacente ao local imediato. Há um vínculo 
físico/geográfico com o local do delito. Ex.: criminoso deixou uma blusa no 
quintal da casa; 
 Ambiente relacionado: não tem conexão física/geográfica com a cena do crime, 
mas guarda relação com a prática delituosa. Ex.: arma do homicídio que pode 
estar na casa do criminoso. 
Segundo o professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se 
ater a critérios lógicos, entendendo que é possível que as etapas de reconhecimento e 
isolamento possam ocorrer de maneira cíclica, ou seja, podem ser invertidas. 
 FIXAÇÃO: é a descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de 
crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser 
ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição 
no laudo pericial produzido pelo perito responsável (um) pelo atendimento. 
 COLETA: é o ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, 
respeitando suas características e sua natureza. 
 ACONDICIONAMENTO: é o procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é 
embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, 
químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome 
de quem realizou a coleta e o acondicionamento. 
 TRANSPORTE: é o ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as 
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a 
garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua 
posse. 
 RECEBIMENTO: é o ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser 
documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento 
e à unidade de polícia judiciária relacionada, ao local de origem, ao nome de quem 
transportou o vestígio, ao código de rastreamento, à natureza do exame, ao tipo do 
vestígio, ao protocolo, à assinatura e à identificação de quem o recebeu. 
 Segundo o professor Wilson Palermo, esse ato de transferência da posse do 
vestígio pode não estar presente em todas as situações, já que o próprio perito 
que coletou pode efetuar o transporte e submetê-lo ao exame pertinente. 
 PROCESSAMENTO: é o exame pericial em si, ou seja, a manipulação do vestígio de 
acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e 
químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em 
laudo produzido por perito. 
 ARMAZENAMENTO: é o procedimento referente à guarda, em condições 
adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de 
contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo 
correspondente. 
 Contraperícia é uma nova perícia realizada em material depositado em local 
seguro e isento, que já teve a parte anteriormente analisada, originando prova 
que está sendo contestada (SENASP, Anexo II da Portaria 82/2014). 
 Contraprova é o resultado da contraperícia. 
 DESCARTE: é o procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a 
legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorizaçãojudicial. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
22 
 
Segundo o professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se 
ater a critérios lógicos; ele entende que são possíveis pequenas inversões, desde que não 
comprometa a integridade, nem se perca a história do vestígio, atendendo assim o princípio 
da eficiência. 
CADEIA DE CUSTÓDIA E CORPO DE DELITO 
Segundo o professor Wilson Palermo, cadeia de custódia e corpo de delito não se 
confundem, pois: 
 A cadeia de custódia representa todos os procedimentos que são utilizados para 
manter, preservar, rastrear a posse e manuseio dos vestígios desde o seu 
reconhecimento até o descarte. 
 A corpo de delito é a base residual do crime, sem o que ele não existe (Genival 
França). 
 Vale lembrar que, se a infração penal deixar vestígio, é indispensável o corpo de 
delito, conforme o Art. 158 do Código de Processo Penal. 
CONSEQUÊNCIAS DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA 
A doutrina, assim como o STJ, oscila entre a ilicitude e nulidade, não havendo, hoje, um 
posicionamento majoritário. Veja: 
 STJ - HC 160.662: ILICITUDE DA PROVA: 
 Caso concreto: parte do conteúdo da interceptação telefônica desapareceu. O 
fato de desaparecer gera dúvida à autenticidade. Diante da dúvida, o STJ 
reconheceu a ilicitude da prova; 
 STJ – RESP 1.795.341: NULIDADE DA PROVA: 
 STJ reconheceu nulidade da prova. Em sendo nulidade, é necessário que se 
comprove o prejuízo, sob pena dessa nulidade não ser reconhecida: 
Esta Corte Superior possui entendimento de que a prova produzida durante a interceptação 
não pode servir apenas aos interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a 
preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla 
defesa, tendo em vista a impossibilidade da efetiva refutação da tese acusatória. 
Segundo o professor Wilson Palermo, a cadeia de custódia é um verdadeiro meio de 
obtenção de provas, já que viabiliza eventuais exames nos vestígios que, por si só, já 
constituem corpo de delito. Assim, entende que eventual violação à cadeia de custódia será 
uma violação de natureza processual; portanto, será tratada como prova ilegítima, 
merecendo tutela da teoria das nulidades, na forma do Art. 564, IV, do Código de Processo 
Penal. Diz ainda que essa nulidade é relativa (deve demonstrar prejuízo e ser alegada em 
momento oportuno, sob pena de preclusão) e que pode ser sanada, conforme Art. 572 do 
Código de Processo Penal. 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: [...] 
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-
se-ão sanadas: 
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior; 
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; 
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. 
COLETA DOS VESTÍGIOS 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
23 
 
Segundo o Art. 158-C, a coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por 
perito oficial (um perito), que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, 
mesmo quando for necessária a realização de exames complementares. 
 Segundo o professor Wilson Palermo, a coleta deve ser feita necessariamente por 
perito oficial ou por peritos ad hoc. 
 Admite uma única exceção, que seria aquela justificada por questões de segurança, 
determinadas no próprio local, diante de eventual comprometimento da integridade 
física dos componentes da equipe que participam das diligências, devendo ter 
autorização do Delegado de Polícia e liberação do perito, com a sua supervisão, para 
ter ciência da forma como o material foi coletado. 
EXAMES PERICIAS NO LOCAL DE CRIME 
Segundo o professor Wilson Palermo, o perito criminal irá eleger o melhor método para 
busca de vestígios. Cita que os métodos existentes podem ser: 
 Em linha; 
 Em linha cruzada; 
 Em quadrante; ou 
 Em espiral. 
DETALHAMENTO DO CUMPRIMENTO DO TRATAMENTO DOS VESTÍGIOS 
O órgão central de perícia oficial de natureza criminal: 
 É responsável por detalhar a forma do cumprimento do tratamento dos vestígios 
coletados no curso do inquérito ou processo. 
 A disciplina da cadeia de custódia deve ser observada tanto na fase pré-processual 
quanto na fase processual penal. 
Art. 158-C, § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser 
tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza 
criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. 
ENTRADA EM LOCAIS ISOLADOS OU REMOÇÃO DE VESTÍGIOS ANTES DE LIBERADOS PELO 
PERITO RESPONSÁVEL 
 É PROIBIDA a entrada em locais isolados. 
 É PROIBIDA a remoção de qualquer vestígio do local de crime: 
 Salvo se o local for liberado pelo perito responsável; 
 Sob pena de responder pelo crime de FRAUDE PROCESSUAL. 
Deve o Delegado de Polícia analisar o dolo do agente que promove a retirada de vestígios 
do local do crime, pois pode haver remoção justamente para uma preservação do vestígio. 
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios 
de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada 
como fraude processual a sua realização. 
FRAUDE PROCESSUAL 
Art. 347 CP - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o 
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que 
não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. 
ACONDICIONAMENTO DE VESTÍGIOS 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
24 
 
Os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de 
forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. 
O recipiente ainda deverá: 
 Individualizar o vestígio; 
 Preservar suas características; 
 Impedir contaminação e vazamento; 
 Ter grau de resistência adequado; e 
 Ter espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. 
O recipiente só poderá ser aberto: 
 Pelo perito que vai proceder à análise; e 
 Motivadamente, por pessoa autorizada. 
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela 
natureza do material. 
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, 
de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. 
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir 
contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de 
informações sobre seu conteúdo. 
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, 
motivadamente, por pessoa autorizada. 
ROMPIMENTO DO LACRE DO RECIPIENTE QUE CONTÉM OS VESTÍGIOS 
 Cada vez que houver rompimento do lacre, deve-se fazer constar na ficha de 
acompanhamento de vestígio: 
 O nome e a matrícula do responsável; 
 A data; 
 O local; 
 A finalidade; 
 Bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado. 
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de 
vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as 
informações referentes ao novo lacre utilizado. 
SE HOUVER ROMPIMENTO DO LACRE, ESTE DEVERÁ ESTAR PRESENTE NO 
NOVO RECIPIENTE. 
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. 
Se houver rompimento do lacre, este deverá estar presente no novo 
recipiente. 
CENTRAL DE CUSTÓDIA 
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à 
guarda e ao controle dos vestígios. 
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia 
destinada à guarda e controledos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente 
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. 
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para 
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a 
classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar 
condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
25 
 
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, 
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. 
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser 
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. 
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser 
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a 
data e horário da ação. 
O material periciado será encaminhado para central de custódia após a realização da 
perícia. No período entre a realização da perícia e o armazenamento: 
 O material é devolvido à central de custódia; 
 Se a central de custódia não possuir espaço ou condições de armazenar determinado 
material: 
 Deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito 
do referido material em local diverso, 
 Mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de 
natureza criminal. 
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de 
custódia, devendo nela permanecer. 
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar 
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de 
depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão 
central de perícia oficial de natureza criminal.
Frederico Alves Melo 
 
 
4. DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
São expressões (gráficas, públicas ou privadas) baseadas em critérios médico-legais que 
têm o caráter representativo de um fato a ser avaliado em juízo. 
São seis espécies de documentos que podem interessar ao juízo: 
 Notificação ou comunicação compulsória; 
 Atestado; 
 Prontuários; 
 Depoimento oral; 
 Relatórios; 
 Pareceres. 
4.1. NOTIFICAÇÃO 
São comunicações compulsórias feitas pelo médico à autoridade competente de um fato 
profissional, em razão de necessidade social ou sanitária. 
 São notificados compulsoriamente: acidentes de trabalho, doenças 
infectocontagiosas, morte encefálica etc. 
 Se o médico verificar que o paciente se encontra com o Covid-19, deve notificar 
isso à autoridade competente, por ser doença infectocontagiosa. 
 A Lei n° 13.931/19 passou a disciplinar que o médico deve notificar à autoridade 
policial em até 24 horas os casos de indícios ou confirmação de violência contra 
a mulher. 
 Não constitui notificação compulsória o conhecimento, pelo médico, de pessoa 
viciada em droga. 
 A notificação compulsória não viola o dever de sigilo médico, diante de justa 
causa ou dever legal (Art. 73 do Código de ética Médico). 
 As notificações compulsórias foram regulamentas pela Portaria n° 104/11 do 
SUS, e a ausência de notificação, quando exigida, faz com que o médico incorra 
no delito de omissão de notificação de doença, previsto no Art. 269 do Código 
Penal. 
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é 
compulsória: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
4.2. ATESTADO MÉDICO 
É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas possíveis consequências. É 
também chamado de certificado médico. Sendo um documento unilateral e singelo, que não 
possui forma pré-definida e ainda, não pode se sobrepor ao laudo médico. 
O atestado médico pode ser classificado: 
QUANTO À FINALIDADE 
 Atestados judiciários – são os atestados requisitados por juiz. 
 Só os atestados que interessam à justiça constituem documentos médico-
legais. 
 Atestados administrativos – são os reclamados pelo servidor público para efeito de 
licenças, aposentadoria, abono etc. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
28 
 
 Atestados oficiosos – são os requisitados por particulares para justificar ausências, 
seja no trabalho, escola etc. 
QUANTO AO CONTEÚDO 
 Atestado idôneo – é o atestado verdadeiro, honesto, correto. 
 Atestado gracioso (complacente ou de favor) – aquele em que a pessoa que pede é 
do círculo de amizade, mas não esteve sob os cuidados do profissional. O ato de dar 
atestado médico falso constitui ilícito penal (art. 302 do Código Penal). 
 Atestado imprudente – é aquele que o médico não toma as medidas para verificar a 
veracidade do afirmado pelo paciente, ou seja, confia na palavra deste. 
 Atestado falso – é o atestado feito dolosamente para não corresponder à verdade, 
correspondendo a um ilícito penal do Art. 302 do Código Penal. 
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano. 
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
Atenção 
Atestado não se confunde com declaração, sendo esta apenas um relato de testemunho. Com 
a Lei n° 9.099/99, o atestado médico assumiu a posição de substituto eventual da perícia 
médico-legal nos casos de lesão corporal leve (art. 77, § 1°). 
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de 
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á 
do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim 
médico ou prova equivalente. 
 Atestado de óbito – o atestado de óbito está regulado pela Resolução n° 1.779/05 
do CFM. É uma declaração padronizada, elaborado por médico que indica a causa 
médica da morte. É composta por oito blocos de informações e indispensável para 
assentamento do óbito no cartório de Registro civil. No caso de morte natural, o 
médico que acompanha o paciente é quem fornece o atestado de óbito. 
 Em relação às condições que ocorre, a morte pode ser: 
 Natural, decorre de doença ou envelhecimento; 
 Violenta, decorrente de energias externas, como crime, suicídio ou acidente; 
 Suspeita, inesperada, sem sinais de violência, mas que ocorreu em condições 
estranhas. 
Situações em que o médico não pode atestar o óbito: 
 Morte natural, se não deu assistência ou se não tem diagnóstico da causa da morte, 
antes de 24 horas após o período de internação; 
 Morte violenta; 
 Morte suspeita. 
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, no caso de uma pessoa falecer em um hospital 
que estava em um curto período de tempo (24 horas), deve o Hospital realizar a autópsia. 
Nos casos de mortes que ocorreram em condições violentas e/ou suspeitas, deve existir 
autópsia, e o médico que a realiza é quem fornece o atestado, sendo realizada pelo IML. Se 
houver lesão e a morte ocorrer no hospital, mesmo que dias depois, deve o corpo ser 
encaminhado ao IML. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
29 
 
A morte natural de causa mal definida é encaminhada para o serviço de verificação de 
óbito (SVO), que fará a autópsia. Como neste caso não é compulsória a autópsia, a família 
pode discordar de sua realização, devendo recorrer ao suprimento judicial. 
MORTE FETAL E NECESSIDADE DE DECLARAÇÃO DE ÓBITO 
No caso de morte fetal, o atestado de óbito pode ser obrigatório ou dispensado, a 
depender se a morte é tida como prematura, intermediária ou tardia: 
 Morte fetal prematura ou precoce – se o feto tiver: 
 Menos de 500 gramas; ou 
 Menos de 25 centímetros; ou 
 Menos de 5 meses (20 semanas): 
→ O médico não é obrigado a expedir declaração de óbito, ou seja, pode ser 
dispensada. 
 Morte fetal intermediária – o feto deve ter: 
 Mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas; ou 
 Mais de 25 centímetrose menos de 35 centímetros; ou 
 Mais de 5 meses e menos de 6 meses: 
→ Há obrigação de o médico expedir declaração de óbito. 
 Morte fetal tardia – o feto deve ter: 
 Mais de 1000 gramas; ou 
 Mais de 35 centímetros; ou 
 Mais de 6 meses: 
→ Há obrigação de o médico expedir declaração de óbito. 
Vale citar que a Lei de Registros Públicos traz, em seu artigo 53, a obrigatoriedade de se 
realizar o atestado de óbito fetal em todos os casos, mas, para a doutrina medico-legal, essa 
obrigação só se dá a partir da morte fetal intermediária. 
4.3. PRONTUÁRIOS 
Trata-se de todo acervo (padronizado, organizado e conciso), referentes aos cuidados 
médicos prestados ao paciente, sendo um verdadeiro “dossiê”. 
 O prontuário é de propriedade do paciente. 
 STF: a instituição ou o médico não são obrigados a atender à requisição de 
prontuários – apenas ao perito cabe o direito de consultá-los e, mesmo assim, 
obrigando-se ao sigilo. 
4.4. DEPOIMENTO ORAL 
Trata do depoimento em juízo do perito em que ele foi intimado para audiência. Nesse 
ato, ele irá explicar de forma clara e sem termos científicos o que ele procedeu à elaboração 
de seus laudos, dirimindo dúvida das partes. 
Alguns doutrinadores não relacionam o depoimento como documento medico-legal, 
sendo feito pelo professor Delton Croce. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
30 
 
4.5. RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL 
É o documento medico-legal que possui forma escrita e minuciosa de todas as operações 
de uma perícia médica determinada por autoridade policial ou judiciária. 
O relatório medico-legal é gênero do qual são espécies o laudo e o auto. 
 Se ditado pelo perito ao escrivão, chama-se de auto. 
 Se feito pelo perito após terminada a perícia, chama-se laudo. 
DIVISÃO DO RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL 
O relatório medico-legal é dividido em sete partes (nesta ordem): 
I. Preâmbulo; 
II. Quesitos; 
III. Histórico ou comemorativo; 
IV. Descrição (é a parte mais importante); 
V. Discussão; 
VI. Conclusão; 
VII. Resposta aos quesitos. 
Para memorizar essa divisão do relatório médico-legal, repita algumas vezes e não esqueça: 
PREQUE - HIDE - DISCONRE 
PREÂMBULO 
É uma espécie de introdução na qual constam: 
 A qualificação: 
 Da autoridade solicitante; 
 Do perito; 
 Do examinado; 
 O local em que é feito o exame; 
 A data e a hora; 
 O tipo de perícia a ser feita. 
QUESITOS OFICIAIS 
São perguntas cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao 
processo. Não existem no foro cível. No foro penal, são padronizados e têm o fim de 
caracterizar os elementos de um fato típico. 
Em que pese existir um rol padronizado, não impede que a autoridade formule outros 
quesitos. 
Ex.: quesitos de laudo cadavérico: 
1) Houve morte? 
2) Qual a causa médica da morte? 
3) Qual o instrumento ou meio que causou a morte? 
4) A morte foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel? 
HISTÓRICO ou COMEMORATIVO 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
31 
 
São dados referentes aos antecedentes obtidos pelo próprio examinando, exceto no 
caso de autopsia, em que precisam ser transcritos, não endossados, da guia de remoção que 
acompanha o corpo. 
 Chamada também de anamnese medico-legal (entrevista). 
DESCRIÇÃO 
É a descrição minuciosa e precisa do que foi observado pelo perito e como ali se chegou, 
contendo métodos, formas, tempo, velocidade etc., ilustrando o ocorrido com desenhos, 
gráficos, plantas, fotografias, entre outras formas. 
É a parte mais importante do relatório médico-legal, uma vez que não pode ser refeita 
com a mesma riqueza de detalhes em um exame posterior. Por isso, deve ser minuciosa, 
correspondendo ao chamado visum et repertum (é à vista do que é encontrado). 
 É de boa norma não diagnosticar durante a descrição. 
 É a parte mais importante do relatório medico-legal. 
DISCUSSÃO 
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, se não houver contradições aparentes, pode 
não ser necessária. Contudo, quando surge alguma discrepância entre a descrição e o 
histórico, torna-se imperiosa. Nesses casos, os achados têm de ser analisados sob novos 
ângulos, tentando encontrar uma explicação para as diferenças. 
CONCLUSÃO 
Terminadas a descrição e a discussão, se houver, o perito assume uma posição quanto à 
ocorrência ou não do fato, com base nas informações do histórico, nos achados do exame 
objetivo e no seu confronto. 
 As conclusões serão objetivas e podem ser afirmativas, negativas ou inconclusivas. 
RESPOSTA AOS QUESITOS 
Deve ser sucinta e objetiva, não sendo admissíveis falta de clareza nem interpretação 
dúbia. Em caso de dúvida, o perito dirá que não existem dados para esclarecê-la. Terminado o 
relatório, o perito deve assiná-lo. 
 A data do exame pode constar do preâmbulo, estar no início da descrição ou ser 
colocada antes das assinaturas finais. 
 Alguns doutrinadores citam a assinatura do perito como sendo integrante do 
relatório médico-legal. 
4.6. PARECER MÉDICO-LEGAL 
É o documento elaborado por uma instituição cujo corpo técnico tem competência 
inquestionável ou por um perito ou professor cuja autoridade na matéria seja reconhecida 
acerca de divergências importantes constantes na consulta médico-legal. 
O parecer será solicitado por uma consulta médico-legal (que envolve divergências 
importantes quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a impedir uma 
orientação correta dos julgadores, sendo que estes ou qualquer das partes interessadas 
podem solicitar esclarecimentos a uma instituição ou a um perito). 
A consulta médico-legal é um documento que exprime dúvida sobre um relatório 
médico-legal e no qual a autoridade, ou mesmo um outro perito, solicita esclarecimento sobre 
pontos controvertidos constantes no mesmo, em geral formulando quesitos complementares. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
32 
 
Decorre da não compreensão de algum aspecto do relatório ou pela superveniência de um 
fato novo no decorrer do processo. 
Alguns doutrinadores, inclusive o professor Hygino de C. Hercules, citam que a consulta 
médico-legal é um documento médico-legal. 
DIVISÃO DO PARECER MÉDICO-LEGAL 
I. Preâmbulo 
II. Exposição 
 A exposição contém quesitos e histórico. 
III. Discussão 
IV. Conclusão 
Atenção 
Não existe a descrição no parecer médico-legal. 
 PREÂMBULO – o preâmbulo é a parte em que ficam as qualificações das autoridades 
que fazem a consulta e a do parecista. 
 EXPOSIÇÃO – compreende o motivo da consulta, os quesitos formulados e o 
histórico do caso em análise. 
 DISCUSSÃO – o parecista demonstra seu poder de argumentação. Não há, como no 
relatório, o dever cívico de servir à justiça. 
 É a parte mais impostante do parecer médico legal. 
 CONCLUSÃO – o parecista deve sintetizar os pontos relevantes da discussão de 
modo claro e sucinto. 
QUESTÕES 
Questão 1) Segundo a melhor doutrina, pode-se considerar que “Documento é toda anotação escrita 
que tem a finalidade de reproduzir e representar uma manifestação de pensamento”. 
Entre os documentos médico-legais, temos as seguintes descrições: 
- É declaração simples, por escrito, de um fato médico e de suas possíveis consequências, feitas por 
qualquer médico que esteja no exercício regular de sua profissão e que tem o propósito de sugerir um 
estado de doença, para fim de licença, dispensa ou justificativa de falta de serviço. 
- Comunicações compulsórias feitas às autoridades competentes, pelo médico, de um fato profissional, 
por necessidade sanitária e social sobre moléstia infectocontagiosa, doença de trabalho e a morte 
encefálica. 
- Intercessão no decurso de um processo, por estudioso médico-legal, nomeado para intervir na 
qualidade de perito, para emitir suas impressões e responder aos quesitos formulados pelas partes. 
- Descrição minuciosa de uma perícia médica, feita por peritos oficiais, requisitada por autoridade 
policial ou judiciária frente a um inquérito policial. É constituído de preâmbulo,quesitos, histórico ou 
comemorativo, descrição, discussão conclusão e resposta dos quesitos. 
As definições acima se referem, respectivamente, a: 
a) atestado, notificação, parecer médico-legal e relatoria médico-legal. 
b) parecer médico-legal, notificação, atestado e relatoria médico-legal. 
c) atestado, parecer médico-legal, relatoria médico-legal e notificação. 
d) relatoria médico-legal, notificação, relatoria médico-legal e atestado. 
e) atestado, relatoria médico-legal, parecer médico-legal e notificação. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
33 
 
 
Questão 2) A respeito dos documentos médico-legais, tem-se o seguinte: 
a) relatório médico somente poderá ser elaborado por médico legista. 
b) laudo e auto são documentos idênticos. 
c) o atestado de óbito poderá ser assinado por profissional não médico. 
d) notificação é uma comunicação feita pelo médico ao delegado de polícia sobre um fato 
relevante na investigação. 
 
Questão 3) Os documentos médico-legais são mecanismos de comunicação com as autoridades e, 
portanto, devem ser elaborados com metodologia, de forma a obedecer uma configuração 
preestabelecida. Constituem parte comum ao relatório ou laudo e ao parecer, EXCETO: 
a) descrição. 
b) discussão. 
c) conclusão. 
d) preâmbulo. 
e) quesitos. 
 
Questão 4) Em um relatório médico-legal, o chamado visum et repertum refere-se: 
a) ao histórico. 
b) ao preâmbulo 
c) à descrição. 
d) à discussão e conclusão 
e) à resposta aos quesitos. 
 
Questão 5) O documento médico-legal, ditado ao escrivão logo após a realização do exame pericial, é 
denominado: 
a) auto. 
b) parecer. 
c) atestado. 
d) relatório. 
e) notificação. 
GABARITO 
1. a 
2. c 
3. a 
4. c 
5. a 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
34 
 
5. ANTROPOLOGIA FORENSE 
A antropologia forense estuda os restos mortais com o objetivo de esclarecer sua 
identidade, causa de morte e ascendência. 
5.1. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO 
Inicialmente, é importante diferenciar identidade e identificação. 
 IDENTIDADE – é a qualidade de ser a mesma coisa e não algo diverso. Traduz-se pelo 
conjunto de características peculiares que dão a essa coisa a individualidade, ou seja, 
torna-a única, diferente de qualquer outro. São atributos que tornam alguém ou 
alguma coisa igual apenas a si próprio. Possui respaldo na imutabilidade e unicidade 
dos caracteres individuais. 
 IDENTIFICAÇÃO – é o processo ou método pelo qual se estabelece a identidade 
(objetivo da identificação) de uma pessoa ou coisa. A identificação pode se basear 
em sinais e dados peculiares ao indivíduo que, em seu conjunto, possam excluí-lo de 
todos os demais. Os sinais e dados utilizados na identificação são chamados de 
elementos sinaléticos (Ex.: cor e o tipo de cabelo). 
Importante! 
A identificação não deve ser confundida com o simples reconhecimento. O reconhecimento 
baseia-se na comparação entre a experiência da sensação visual, auditiva ou tátil, 
proporcionada no passado (já se conhece), com a mesma experiência renovada no presente 
pelo elemento a ser reconhecido. 
IDENTIDADE IDENTIFICAÇÃO RECONHECIMENTO 
É a qualidade da 
pessoa ser única, 
não existindo outra 
igual. 
Tem como 
características a 
unicidade e 
imutabilidade. 
Processo pelo qual se 
identifica pessoa ou 
algo. 
Como exemplos, 
podemos citar a 
identificação de um 
cadáver em 
decomposição, por 
meio da realização de 
exame de DNA. 
Baseada em métodos 
científicos e técnicos. 
Pelo método de 
comparação, uma pessoa 
reconhece outra. A primeira, 
conhecendo as 
características físicas da 
segunda, compara os dados 
memoriais que possui com a 
imagem que lhe foi 
apresentada; portanto, 
trata-se de um método não 
científico, subjetivo, 
opinativo e precário. 
Ex.: reconhecimento 
fotográfico. 
Em termos de condições para um método de identificação, o conjunto de elementos sinaléticos, 
para ser considerado bom, deve preencher os seguintes requisitos: 
 Unicidade ou individualidade – é o conjunto desses elementos que deve ser 
exclusivo do indivíduo, de modo a distingui-lo de todos os demais; 
imutabilidade – os elementos não podem se modificar facilmente (capacidade de 
resistência) pela ação do meio ambiente, tempo etc. Assim, o peso do corpo não 
deve ser considerado elemento sinalético, por estar sujeito a grandes variações; 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
35 
 
 Perenidade – é a capacidade de os elementos resistirem à ação do tempo: 
 Há quem trate como sinônimo de imutabilidade; 
 O professor Wilson Palermo, que integra a Banca de Delegado RJ, cita a 
perenidade como característica autônoma, não sendo sinônimo de 
imutabilidade; 
 Praticabilidade – esses elementos não podem expor as pessoas a vexame quando 
elas precisarem ser identificadas, ou seja, sua coleta deve ser de maneira simples e 
fácil, sem ser invasiva; 
 Classificabilidade – os processos de identificação devem valer-se de elementos e 
sinais de fácil classificação, de modo a orientarem a busca prontamente nos arquivos 
e a qualquer momento (é a rapidez e facilidade na busca dos registros). 
5.2. MÉTODO DE VUCETICH 
Existem diversos “métodos” de identificação; no entanto, convencionou-se que o que 
melhor atende aos elementos propostos é o método Vucetich, adotado no Brasil a partir de 
1903, que toma como elemento básico a presença, a ausência e a posição de uma figura 
chamada delta nos dedos da mão. 
 As papilas dérmicas que vão dar origem aos desenhos digitais surgem com 6 meses 
de vida intrauterina. 
A CLASSIFICAÇÃO DE VUCETICH 
A classificação de Juan Vucetich é baseada na presença na ausência e na posição de uma 
figura chamada delta nos dedos da mão. 
Inicialmente, entenda como é formado o delta. O delta são pequenos ângulos ou 
triângulos formados pelas cristas papilares. 
É a característica fundamental no sistema de Juan Vucetich, sendo formado no ponto de 
encontro dos sistemas basilar, nuclear e marginal. 
 SISTEMA BASAL – é o conjunto de linhas paralelas ao sulco que separa a segunda da 
terceira falange, ou seja, compreende as linhas abaixo do ramo inferior das linhas 
diretrizes, ficam na base da impressão digital, isto é, abaixo do núcleo. 
 SISTEMA MARGINAL – é o conjunto de linhas das bordas e extremidades da terceira 
falange, ou seja, é formado pelas linhas que estão acima do ramo superior das linhas 
diretrizes que se sobrepõem ao núcleo. 
 SISTEMA NUCLEAR – localiza-se entre os sistemas anteriores, sendo o sistema de 
linhas central. 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
36 
 
 
O delta pode ainda ser subclassificado, quanto à sua forma, em: 
 Delta tripódico ou negro; 
 Delta cavado ou branco. 
 
Fonte: Imagem retirada do Manual Técnico de Datiloscopia do Instituto de Identificação Félix Pacheco - RJ. 
TIPOS FUNDAMENTAIS DA CLASSIFICAÇÃO DE VUCENTICH 
São quatro as classificações possíveis: 
 Arco – ocorre diante da ausência de deltas; 
 Presilha interna – há a presença do delta à direita do observador; 
 Presilha externa – há a presença do delta à esquerda do observador; 
 Verticilo – há a presença de dois deltas. 
 
Atenção! 
Frederico Alves Melo 
 
 
 
37 
 
Não confundir desenho digital com impressão digital. Desenho digital é o que está na pele, 
sem que haja contato com superfície. 
Já quando há o ajuntamento de linhas (pretas e brancas) sobre determinada superfície, 
tem-se a impressão digital, em que o delta das presilhas se inverte; assim, o desenho de uma 
da presilha interna, na impressão digital, passa a ser à esquerda, e o da presilha externa passa 
a ser à direita. 
Para identificar uma impressão digital, deve-se analisar a posição do delta. Assim, o 
delta deve ser avaliado na superfície. Porém, deve-se lembrar que uma pessoa que olha seu 
dedo (desenho digital) e vê um delta a esquerda, no momento que tocar uma superfície 
(gerando uma impressão digital), ao olhar para a impressão gerada, o delta estará do lado 
oposto, devendo assim ser classificado. 
 Portanto, quando uma

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