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1 GNE 163 POLUIÇÃO POR RESÍDUOS SÓLIDOS 1. RESÍDUOS SÓLIDOS Com relação aos resíduos sólidos, a Tabela 1 retrata a situação nacional e das diferentes regiões do estado brasileiro, onde se pode observar que apenas 38,6% dos municípios brasileiros dispõem de forma correta os resíduos sólidos urbanos (RSU) e que as regiões Norte e Nordeste são as que apresentam os piores resultados. Tabela 1. Situação nacional e regional da destinação dos RSU Região Municípios com destinação adequada Municípios sem destinação adequada Destinação adequada (%) Norte 67 382 14,8 Nordeste 448 1345 25,0 Centro-oeste 163 303 35,0 Sudeste 789 879 47,3 Sul 691 497 58,1 Brasil 2158 3406 38,6 Fonte: Abrelpe (2007). Com relação a geração dos RSU, pode-se observar na Tabela 2 que as regiões mais populosas são as que apresentam uma maior geração per capta, retratando o hábito de consumo da população residente nessas regiões. Tabela 2. Situação nacional e regional da destinação dos RSU Região Total de RSU coletado (ton dia-1) Geração per capta (kg hab-1 dia-1) Norte 7.978 0,73 Nordeste 31.422 0,86 Centro-oeste 10.181 0,89 Sudeste 77.543 1,08 Sul 13.787 0,63 Brasil 140.911 0,924 Fonte: Abrelpe (2007). Analisando a geração per capta por unidade de área territorial das unidades da federação onde há a maior concentração populacional (Tabela 3), pode-se perceber um agravante no que se refere à disposição final dos RSU, pois estados populosos com pequena extensão territorial já começam a ter problemas tanto do ponto vista de saúde pública como ambientais na seleção de áreas para atender as legislações vigentes. Tabela 3. Geração per capta por unidade de área territorial das unidades da federação mais populosas Estado População Área (km2) Geração (ton dia-1) Geração (ton km-2 dia-1) São Paulo 39.800.000 248.209,426 42.984 0,17 Minas Gerais 19.200.000 586.528,293 20.736 0,04 Rio de Janeiro 15.400.000 43.696,054 16.632 0,38 Bahia 14.000.000 56.7692,669 12.040 0,02 Rio Grande do Sul 10.500.000 281.748,538 6.615 0,02 2 1.1. Definição de Resíduos Sólidos A palavra lixo, originada do latim lix, tem como significado cinzas ou lixívia. Portanto, lixo é todo e qualquer resíduo sólido resultante das atividades diárias do homem em sociedade. Resíduo, vem do latim residuum, que significa resto, sobra ou sedimento de determinada substância, significado este que está mais próximo das questões atuais pela sua abrangência. Resíduos sólidos são materiais heterogêneos (inertes ou não, minerais e orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, constituindo problema sanitário, ambiental, econômico e estético, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais. A geração dos resíduos pelo homem em suas diferentes atividades tem causado sérios problemas de saúde pública e ambientais, seja no meio rural como nas áreas urbanas. Essas atividades geram resíduos gasosos, líquidos e sólidos (Figura 2) que quando lançados e/ou dispostos inadequadamente tem causado problemas de poluição e contaminação do ar, solo, água e dos seres vivos nas proximidades do lançamento. Figura 2. Atividades humanas e principais resíduos gerados. Com relação aos resíduos sólidos, as principais atividades geradoras estão apresentadas na Figura 3, sendo assim diferenciadas em função da responsabilidade de sua gestão, ou seja, da coleta, tratamento e disposição final. Os resíduos provenientes das atividades urbanas envolvem os gerados nos domicílios, serviços de limpeza urbana e alguns comércios como lojas, papelarias, escritórios, restaurantes, etc, que geram materiais passiveis de reciclagem, material orgânico e resíduos sanitários. As demais atividades geram resíduos especiais que não podem ter o mesmo destino final dos RSU, sendo neste caso, um sistema de tratamento e disposição específico. 3 Figura 3. Principais fontes geradoras de resíduos sólidos. 1.2. Classificação dos Resíduos Sólidos A) Quanto às características físicas: Sólido: material proveniente das atividades humanas e naturais que podem ser subdividido em seco e molhado, dependendo da quantidade de água presente em sua constituição, ou seja: - Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças, etc. - Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, etc. Semissólido: gerados em sistemas de tratamento de água, equipamentos e instalações de controle de poluição, borras oleosas, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou aqueles líquidos que exijam para isto soluções técnicas e economicamente viáveis de acordo com a melhor tecnologia disponível. B) Quanto à composição química: Orgânico: restos de alimentos, cascas e bagaços de frutas e verduras, aparas e podas de jardim, etc. Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos, vidros, borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), tecidos, cerâmicas, porcelana, espumas, etc. C) Quanto à origem: Segundo este critério, os diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em cinco classes, a saber: 4 Resíduo doméstico ou residencial Resíduo Comercial Resíduo público Entulho da construção civil Pilhas e baterias Lâmpadas fluorescentes Pneus Resíduo industrial Resíduo radioativo Resíduo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários Resíduo agrícola Resíduos de serviços de saúde Domiciliar: Resíduos domiciliares compostos por materiais secos e molhados. Comercial: Na sua maioria, constituído de embalagens, podendo ainda ser acrescido restos alimentares e de feiras, além de lixo sanitário. Serviços Públicos (originados dos serviços de limpeza urbana): Materiais provenientes dos serviços de limpeza urbana, como varrição, podas, limpeza dos sistemas de drenagem pluvial, etc. OBS: Os resíduos domiciliares, comerciais e de serviços públicos constituem os chamadas resíduos sólidos urbanos (RSU) Serviços de Saúde (RSS): As unidades relacionadas ao atendimento à saúde humana (clínicas médicas, odontológicas, hospitais, postos de saúde e farmácias) e animal (clínicas veterinárias) geram os resíduos considerados de serviços de saúde. Os RSS são classificados em função de suas características e conseqüentes riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde, a saber: Grupo A – resíduos com presença de agentes biológicos; Grupo B – resíduos químicos; Grupo C – resíduos nucleares; Grupo D – resíduos comuns; Grupo E – resíduos perfurantes e cortantes. Os estabelecimentos de serviços de saúde são os responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os RSS por eles gerados, cabendo aos órgãos públicos, dentro de suas competências, a gestão, Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) Resíduo domiciliar especial Resíduos de fontes especiais 5 regulamentação e fiscalização. Embora a responsabilidade direta pelos RSS seja dos estabelecimentos de serviços de saúde, por serem os geradores, pelo princípio da responsabilidade compartilhada, ela se estende ao poder público e às empresas de coleta, tratamento e disposição final. O transporte dos RSS é feito em veículos próprios separados de demais resíduos. O tratamento dos RSS tem por finalidade alterar as características dos resíduos, visando à minimização do risco à saúde, a preservação da qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde do trabalhador. As formas de tratamento e disposição final dos RSS são apresentadas pela Resolução CONAMA nº 358/2005. Existem várias formas de tratar os RSS, taiscomo: Desinfecção para tratamento dos resíduos do grupo A (autoclavagem, micro-ondas, incineração, desinfecção química). Estas tecnologias alternativas de tratamento de resíduos de serviços de saúde permitem um encaminhamento dos resíduos tratados para o circuito normal de resíduos sólidos urbanos, sem qualquer risco para a saúde pública. Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo B deverão ser submetidos a tratamento e disposição final específicos, de acordo com as características de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exigências do órgão ambiental competente. Os resíduos sólidos classificados e enquadrados como rejeitos radioativos pertencentes ao grupo C obedecerão às exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN. Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo D serão coletados pelo órgão municipal de limpeza urbana e receberão tratamento e disposição final semelhante aos determinados para os resíduos domiciliares, desde que resguardadas as condições de proteção ao meio ambiente e à saúde pública. Os resíduos pertencentes ao grupo E devem ter tratamento específico de acordo com a contaminação química, biológica ou radiológica. As formas de disposição final dos RSS atualmente utilizadas são: aterro sanitário, aterro de resíduos perigosos classe I (para resíduos industriais), aterro controlado, valas sépticas ou lixão. A disposição em aterros é feita após processos de desinfecção e descaracterização dos resíduos. O lixão, muito utilizado ainda no Brasil, é uma forma inadequada de disposição final de resíduos. Para os municípios ou associações de municípios com população urbana até 30.000 habitantes, e que não disponham de aterro sanitário licenciado, admite-se a disposição final em solo, apresentando drenagem de gases e percolados, impermeabilização de fundo, cobertura diária com solo, entre outros. Entulho (resíduos da construção civil): A construção civil é a indústria que mais gera resíduos. No Brasil, a tecnologia construtiva normalmente aplicada favorece o desperdício na execução das novas edificações. Em termos quantitativos, esse material corresponde a algo em torno de 50% da quantidade, em peso de resíduos sólidos urbanos, coletada em cidades com mais de 500 mil habitantes. Em termos de composição, os resíduos da construção civil são uma mistura de materiais inertes, tais como concreto, argamassa, madeira, plásticos, papelão, vidros, metais, cerâmica e terra. Por causa de seu elevado peso específico aparente, o entulho de obras é acondicionado, normalmente, em contêineres metálicos estacionários (caçambas). A coleta e o transporte dos resíduos da construção civil são de responsabilidade de seu gerador, o qual contrata empresas especializadas para coleta e transporte dos resíduos. O transporte geralmente é feito em caminhões com poliguindastes. Os resíduos da construção civil são classificados em Classe A (reaproveitados na própria construção como agregado); Classe B (resíduos recicláveis – plástico, papel, vidro, etc.); Classe C (não possuem tecnologias viáveis para reciclagem); e Classe D (resíduos perigosos – tintas, amianto, solventes, etc.). 6 Os resíduos Classe A (areia, terra, argamassa, tijolos) podem ser utilizados na própria construção civil ou destinados a aterro de inertes. Os resíduos classe B podem ser reciclados por empresas especializadas, destinados a catadores, entre outros. Os resíduos Classe C e D devem ser destinados a empresas que reciclem resíduos perigosos ou a aterros especiais para este tipo de resíduo. A destinação dos resíduos ainda é feita em áreas impróprias (áreas de preservação, áreas urbanas, terrenos baldios, etc.). O entulho de obra também consome muito espaço nos aterros, espaço este que poderia estar sendo utilizado para a destinação de outros tipos de resíduos não passíveis de reciclagem. Os produtos fabricados em uma usina de reciclagem são: briquetes para calçada; sub- base e base de rodovias; blocos para muros e alvenaria de casas populares; agregado miúdo para revestimento; agregados para a construção de meios-fios, bocas-de-lobo, sarjetas. Como visto a solução ideal para os resíduos da construção civil é a reciclagem. Entretanto, o descarte de resíduos Classe A em aterros sanitários pode se tornar uma solução interessante para regiões onde o material de cobertura do lixo disposto é escasso. Pilhas e baterias: Após a Resolução CONAMA nº 257/1999 (revogada pela Resolução CONANA nº 401/2008) pilhas e baterias passaram a ser fabricadas com níveis de metais considerados aceitáveis. Também ficou estabelecido que pilhas e baterias não devem ser descartadas com outros resíduos, por conterem metais pesados altamente tóxicos, que podem contaminar o meio ambiente atingindo o homem. As substâncias das pilhas que contêm esses metais possuem características de corrosividade, reatividade e toxicidade e são classificadas como "Resíduos Perigosos – Classe I". Ainda segundo a Resolução CONAMA nº 401/2008, os postos de venda de pilhas, baterias, ou equipamentos que as utilizem devem ter pontos de recolhimento adequado, para posterior transporte e destinação adequada. Além disso, cabe aos fabricantes e importadores implementar sistemas de transporte, armazenamento, reutilização, reciclagem tratamento e, ou, disposição final. Uma vez que as pilhas e baterias são resíduos perigosos Classe I, sua destinação final, quando não for a reciclagem para recuperação dos metais pesados, é a mesma indicada para os resíduos industriais Classe I, sendo a disposição em aterros para produtos perigosos. Lâmpadas fluorescentes: O pó que se torna luminoso encontrado no interior das lâmpadas fluorescentes contém mercúrio. As lâmpadas fluorescentes liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou enterradas em aterros sanitários, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é tóxico ao homem e ao ambiente. Pequenas quantidades de lâmpadas quebradas acidentalmente podem ser descartadas como lixo comum. Contudo, o destino adequado, quando em quantidades consideráveis, é o aterro Classe I, devido à presença do mercúrio. Empreendimentos que produzem grandes quantidades de lâmpadas fluorescentes devem armazená- las e enviá-las para empresas especializadas para reciclagem das mesmas. Se não forem recicladas as lâmpadas devem ser enviadas para aterros especiais, pois são consideradas lixo tóxico. Ainda que aterros modernos possuam tecnologia para realizar a captação das águas de chuva que se infiltrem nas células dos aterros (o “churume”), as tecnologias existentes e comercializadas para o tratamento do churume não são eficazes para a recuperação do mercúrio, o qual continuará no ambiente. Além disso, cerca de 99% dos constituintes das lâmpadas são materiais facilmente recicláveis, a saber: mercúrio pode ser reutilizado na construção de novas lâmpadas, termômetros e outros produtos; vidro pode ser utilizado na fabricação de contêineres não alimentícios, misturado ao asfalto e manilhas de cerâmica; alumínio pode ser reciclado e utilizado para qualquer fim. Algumas empresas disponibilizam equipamentos para deposito de lâmpadas nas empresas. Estes equipamentos são constituídos por tambores com partes específicas que trituram as lâmpadas, 7 separam os resíduos internos, e os vapores de mercúrio são filtrados em carvão ativado. Os resíduos são recolhidos de tempos em tempos para serem reciclados nas empresas especializadas. Pneus: Por meio das Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 258/99 e 301/02, regulamentadas pelo IBAMA, procedimentos e metas para pneumáticos inservíveis foram estabelecidos no Brasil. A legislação impôs, a partir de 2002, a obrigatoriedade de destinar corretamente os pneus inservíveis. A Resolução 416/09, que revogou as anteriores, trata da responsabilidade das empresas fabricantes e importadorasde pneumáticos sobre a coleta e destinação final adequada dos pneus inservíveis existentes no território nacional. Assim, as empresas deverão criar pontos de coleta em municípios com mais de 100.000 habitantes, locais para processamento dos pneus inservíveis, e formas adequadas de armazenagem, tudo isso deverá estar de acordo com a legislação ambiental vigente no país. Os estabelecimentos de comercialização de pneus são obrigados, no ato da troca de um pneu usado por um pneu novo ou reformado, a receber e armazenar temporariamente os pneus usados entregues pelo consumidor, sem qualquer tipo de ônus para este, adotando procedimentos de controle que identifiquem a sua origem e destino. A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos - ANIP implantou através de convênio uma estrutura composta por mais de 4.000 postos de coleta, junto às revendas de pneus no território nacional e 77 ecopontos em 75 municípios brasileiros. Dos ecopontos os pneus são destinados à reutilização, principalmente como fonte de energia. A solução mais promissora para os pneus inservíveis é fazer o pneu velho voltar para as estradas. Mas sob a forma de asfalto. Os pesquisadores descobriram que é possível adicionar à composição asfáltica um percentual de borracha de pneu triturado. A medida aumenta em mais do que o dobro a durabilidade do asfalto. O uso do pneu como fonte de energia também é um bom destino final, são usados nos fornos (clinquers) das fábricas de cimento, que já estão equipados para amenizar a emissão de poluentes na atmosfera. Além das cimenteiras, as fábricas de papel e celulose, e as usinas termoelétricas utilizam em suas caldeiras para produção de energia. A utilização dos pneus inservíveis nos fornos das cimenteiras oferece as seguintes vantagens: elimina totalmente o pneu descartado; não produz resíduo (pois as cinzas são encapsuladas no próprio cimento); utiliza grandes volumes de pneus descartados; conserva os recursos naturais de combustível fóssil; não requer nenhum pré-processo; sua queima produz menos emissões do que a queima do carvão. Entre as questões abordadas na Resolução CONAMA nº 416/09, fica proibido o descarte de pneus nos aterros sanitários. Os pneus não devem ser enterrados, pois eles absorvem gases liberados na decomposição de outros resíduos e devido sua baixa compressibilidade podem romper a cobertura dos aterros. Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: Resíduos gerados principalmente nos sanitários, embalagens e estabelecimentos alimentares existentes em terminais portuários, aeroportos, rodoviários e ferroviários, que podem servir como meio de transporte de patógenos e contaminantes específicos. Os resíduos provenientes de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários são classificados pela Resolução RDC nº 56/2008 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) da mesma forma que os resíduos dos serviços de saúde (Grupos A, B, C, D e E). O armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final devem seguir as mesmas especificações as quais os RSS são submetidos. Industrial: O tratamento de resíduos industriais torna-se especifico do tipo de indústria, do porte da mesma e da tecnologia adotada. O armazenamento temporário, quando couber, o transporte, tratamento e a disposição final são responsabilidade de indústria produtora. Para os resíduos industriais, existe uma crescente preferência pela adoção de tecnologias que contemplem a eliminação e, ou, minimização da geração de resíduos na fonte. No entanto, se for inevitável a 8 geração do mesmo, há processos de tratamento como: secagem e encapsulamento, incineração, co- processamento, landfarming, reciclagem, recuperação dos resíduos no processo produtivo, e posterior disposição em aterros ou disposição direta em aterros Classe I ou II, dependendo do resíduo. Agrícola: A maior parte dos resíduos agrícolas são compostos por matéria orgânica e nutrientes, os quais são convertidos em húmus e destinados às plantações. Ou mesmos destinados na forma natural. No entanto, embalagens de agrotóxicos e adubos são, muitas vezes, descartados no ambiente sem nenhuma preocupação, causando contaminação ambiental. A legislação ambiental determinou a implantação de pontos de recebimento de embalagens vazias junto aos pontos de venda de agrotóxicos (Decreto nº 4.074/2002; Lei no 9.974/2000; Decreto nº 5.981/2006). No entanto a falta de conscientização e educação ambiental ainda persistem, e muitas embalagens são jogadas no ambiente sem qualquer preocupação. Radioativo: Todo material que sofreu algum tipo de exposição à radiação, materiais radioativos e lixo de usinas nucleares, que devido ao alto risco de contaminação ambiental e à saúde humana, devem ser coletados, tratados e dispostos por órgãos responsáveis e credenciados junto ao Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Ainda não há solução definitiva para o lixo atômico. A maioria das soluções atualmente propostas para a disposição final do lixo atômico envolve seu enterro no subsolo numa embalagem especial com proteção forte o bastante para impedir que sua radioatividade escape. D) Quanto ao potencial de risco ao meio ambiente e à saúde pública: Dentre as várias formas de classificação para os resíduos, a mais utilizada atualmente é baseada no potencial de risco ao meio ambiente e à saúde pública utilizada atualmente é baseada no potencial de risco ao meio ambiente e à saúde pública, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. A Norma NBR 10.004 de 2004, classifica os resíduos sólidos em: Classe I - Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Classe II - Resíduos Não Perigosos, subdivididos em: Classe IIA - Resíduos Não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico. Classe IIB - Resíduos Inertes: Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10.007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. OBS: Existem resíduos que já estão previamente classificados, de acordo com a NBR 10.004/2004 e que dispensam análises mais complicadas, dentre os quais podemos destacar os que seguem: Resíduos Classe I (perigosos): solventes; lodos de estação de tratamento de efluentes industriais ricos em metais (galvanoplastias, pinturas, etc.) e de indústrias petroquímicas; efluentes líquidos e resíduos originados no processo de preservação da madeira; lâmpadas fluorescentes, pós e fibras de amianto (asbesto); óleo lubrificante usado, entre outros. Resíduos Classe IIA (não perigosos e não inertes): restos de alimentos, resíduos de madeira, sucatas, etc. Resíduos Classe IIB (não perigosos e inertes): resíduos cerâmicos, resíduos de argamassa, etc. 9 Nesta norma faz-se uma exceção aos resíduos radioativos, ficando a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Nota: As classificações perdem o valor quando ocorrer a contaminação dos não perigosos por perigosos, ou quando houver mistura entre inerte e não inertes. A periculosidade dos resíduos está associada às características decorrentes das propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas que possam apresentar riscos à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, o aumento da mortalidade ou incidência de doençase/ou risco ao meio ambiente. A classificação dos resíduos sólidos antes de sua disposição é tarefa básica, a partir da qual é possível a prevenção de uma série de conseqüências danosas. Para que o resíduo seja considerado perigoso ou Classe I, basta que seja identificada uma das seguintes características classificatórias: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Sendo encontrada uma delas, o resíduo deverá seguir padrão de coleta, transporte, tratamento e disposição final diferenciados. O procedimento de classificação é iniciado pela identificação do processo ou atividade onde o resíduo se originou, momento em que se pode ter uma boa idéia dos possíveis constituintes que serão encontrados na matéria resultante. É certo que existe uma forma bastante apropriada para a classificação, mas a mesma somente será possível mediante a possibilidade de consulta aos anexos da Norma ABNT – NBR 10004/2004, porém, tal procedimento poderá não ser suficiente, sendo necessária a coleta de amostra representativa de acordo com a Norma ABNT – NBR 10.007/2004 e sua análise físico-química, segundo os padrões definidos pelas Normas ABNT – NBR 10.005 e 10.006/2004. 1.3. Responsabilidade pelo gerenciamento Na Tabela 4 está apresentado um resumo das possíveis fontes geradoras, das classes em que se enquadram esses resíduos segundo à ABNT e da responsabilidade no gerenciamento desses resíduos. Tabela 4. Responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos Origem Possíveis classes Responsabilidade Domiciliar IIA Prefeitura Comercial IIA e IIB Prefeitura Público IIA e IIB Prefeitura Industrial I, IIA e IIB Gerador dos resíduos Serviços de saúde I, IIA e IIB Gerador dos resíduos Terminais I, IIA e IIB Gerador dos resíduos Agrícola I, IIA e IIB Gerador dos resíduos Construção civil IIB Gerador dos resíduos Radioativo I CNEN 10 1.4. Propriedades dos Resíduos Sólidos A) Propriedades físicas: - Geração per capta: representa a quantidade diária de resíduos sólidos produzidos por habitante, o qual depende do número de habitantes, nível cultural, social e econômico da população, datas festivas (natal, dia das mães, páscoa, carnaval, etc), épocas do ano (verão e inverno), localização das cidades (turismo) e pontos de acumulação de pessoas (estádios de futebol, shopping, locais destinados a feiras, apresentações, etc). Na Tabela 5 estão apresentados os valores médios de geração per capta em função da população urbana. Tabela 5. Geração per capta em função da população Tamanho da cidade População (habitantes) Geração per capta (kg.hab-1.dia-1) Pequena Até 30 mil 0,50 Média 30 a 500 mil 0,50 a 0,80 Grande 500 a 5 milhões 0,80 a 1,00 Megalópole Acima de 5 milhões >1,00 - Composição gravimétrica: representa a distribuição percentual dos diferentes materiais sólidos na massa do lixo coletado, em que a sua segregação facilita o processo da reciclagem. Os principais materiais passíveis de serem separados e encaminhados ao processo de reaproveitamento e reciclagem são matéria orgânica, papel, papelão, plástico rígido, plástico maleável, PET, metal ferroso, metal não ferroso, alumínio, vidro claro e vidro escuro, madeira, materiais não reaproveitáveis. Na Figura 4 está apresentada a composição gravimétrica média dos RSU produzidos no Brasil. Composição gravimétrica média do lixo gerado no Brasil (% em peso) Plástico rígido 2% Vidro 1,5% Plástico f ilme 2,7% Papelão 5% Papel 8,5% Metais 1,5% Diversos (couro, trapo, cerâmica, madeira, etc.) 14,8% Matéria orgânica 64% Figura 4. Composição gravimétrica média dos RSU gerados no Brasil (Pereira Neto, 2007). Na tabela 6 está apresentada a composição dos resíduos domiciliares em algumas cidades brasileiras. 11 Tabela 6. Composição dos resíduos sólidos domiciliares, em porcentagem de peso, em algumas cidades brasileiras. Composição São Paulo Rio de janeiro Salvador Campo Grande Orgânicos 63 34 43 62 Papel 14 27 19 19 Plastico 13 13 11 6 Metal 3 3 4 3 Vidro 1 2 4 - Outros 6 21 19 10 Total 100 100 100 100 Fonte: Aguiar,1999. - Peso Específico: representa a relação entre o peso da massa de lixo e volume ocupado por esta massa, podendo variar no caso dos RSU de 1,2 a 3,0 kN m-3 sem compactação a 8,0 a 12,0 kN m-3 com compactação. - Compressibilidade: capacidade de redução do volume da massa de lixo quando submetido a uma força de compressão. Quando submetido a uma pressão de 4,0 kg cm-2, o volume do lixo pode ser reduzido de 1/3 a 1/4 do seu volume original. Como se pode observar na Figura 5, para uma pressão de 4,0 kg cm-2, há uma redução de 1:3,7 e um aumento do peso específico de 200 para 750 kg cm-3. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 peso específico do lixo compactado (kg/m 3 ) c a rg a a p lic a d a ( k g /c m 2 ) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 Grau de compactação (1:n) C a rg a a p lic a d a ( k g /c m 2 ) Figura 5. Grau de compactação e peso específico em função da taxa de compressão. 12 - Umidade: representa o porcentual de água contida na massa de lixo quando úmido, que no período chuvoso atinge 40 a 60%. A umidade favorece o processo de decomposição da matéria orgânica e aumenta a produção de chorume, além de proporcionar um aumento no peso específico. - Permeabilidade: é a característica de um meio poroso em permitir um líquido fluir entre suas partículas com maior ou menor velocidade (escoamento do chorume). Quanto mais poroso a massa de lixo (menos compactado) maior será sua permeabilidade. - Temperatura: é variável com a taxa de decomposição da matéria orgânica e com a umidade da massa de lixo. A temperatura geralmente permanece em 35ºC nos 30 primeiros dias da fase de degradação da matéria orgânica, aumentando para 55º a 65ºC nos 30 dias seguintes e reduzindo para 30º a 45ºC na fase de maturação do processo de decomposição. - Poder Calorífico: capacidade potencial de um material desprender determinada quantidade de calor quando submetido à queima (Tabela 7), ou seja, é a quantidade de energia em calorias produzida pela combustão de 1 kg de material. Tabela 7. Poder calorífico de alguns resíduos Material Poder calorífico (kcal kg-1) Bagaço de cana 1.700 Serragem e Cavacos 2.500 Turfa 2.500 Carvão vegetal 7.500 Álcool 7.200 Alcatrão 8.800 Casca de arroz 3.500 Casca de semente de amendoim 3.200 Casca de semente de algodão 2.800 Torta de óleo de algodão 4.500 Torta de óleo de mamona 4.500 Papel e papelão, trapos, madeira e folhagem e restos de alimentos 4.000 Plásticos, borracha e couro 9.000 B) Propriedades químicas: - pH: situa-se na faixa de 5 a 7. - Composição química: teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras. - Relação C/N: A relação carbono/nitrogênio indica o grau de decomposição da matéria orgânica do lixo (35/1 a 20/1). Quanto maior a relação menos degradável é o material. 13 - Gases emitidos: principalmente o metano em função da decomposição da matéria orgânica em processo anaeróbio. Na Tabela 8 são apresentados os gases emitidos em aterros gerados no processo de decomposição do lixo. Tabela 8. Gases emitidos por concentração de lixo em decomposição presentes em aterros Gás Porcentual em volume seco (%) Metano 45 a 60 Dióxido de carbono 40 a 60 Nitrogênio 2 a 5 Oxigênio 0,1 a 1,0 Sulfurosos, dissulfurosos, mercaptanos, etc 0 a 1,0 Amoníaco 0,1 a 1,0 Hidrogênio 0 a 0,2 Outros 0,01 a 0,6 C) Propriedades biológicas: população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo que, ao lado das suas características químicas, permitem que sejam selecionados os métodos de tratamento e disposição final mais adequados. Na Tabela 9 é apresentado um quadro-resumo descrevendoas principais características dos resíduos sólidos e sua importância no processo de gerenciamento dos resíduos. Tabela 9. Quadro-resumo sobre a importância das propriedades dos resíduos sólidos no gerenciamento destes Características Importância Geração per capita projetar as quantidades de resíduos a coletar e a dispor Composição gravimétrica aproveitamento das frações recicláveis para comercialização e da matéria orgânica para a produção de composto Peso específico aparente dimensionamento da frota de coleta Teor de umidade velocidade de decomposição da matéria orgânica no processo de compostagem, o poder calorífico e o peso específico aparente do lixo e produção de chorume Compressividade dimensionamento de veículos coletores Poder calorífico processos de tratamento térmico (incineração) pH proteção contra a corrosão a ser usado em veículos, equipamentos, contêineres e caçambas metálicas. Composição química forma mais adequada de tratamento para os resíduos coletados. Características biológicas inibidores de cheiro e de aceleradores e retardadores da decomposição da matéria orgânica presente no lixo. 14 1.5. Projeção das Quantidades de Resíduos Sólidos Em um projeto visando à gestão dos resíduos sólidos, deve-se destacar a importância da análise da geração futura de RS em função do crescimento populacional e da vida útil do sistema de disposição final desses resíduos. Para se avaliar corretamente a projeção da geração de lixo per capita é necessário conhecer o tamanho da população residente, bem como o da flutuante, principalmente nas cidades turísticas, quando esta última gera cerca de 70% a mais de lixo do que a população local. Estimativas populacionais podem ser obtidas por meio dos censos demográficosrealizados pelo IBGE. Na Figura 6 é apresentado um gráfico de projeção de crescimento populacional no qual pode-se observar que no ano de 2000 a população era de 45.541 habitantes. Para uma projeção de 20 anos, observa-se um aumento populacional para 88.151 habitantes. Tomando-se uma geração per capta de 0,5 kg hab-1 dia-1, tem-se que: - para 2000: 45.541 hab x 0,5 kg hab-1 dia-1 = 22,8 ton dia-1 - para 2020: 88.151 hab x 0,5 kg hab-1 dia-1 = 44,1 ton dia-1 Projeção populacional y = 2130,51x - 4215479,14 R2 = 0,99 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000 2000 2005 2010 2015 2020 2025 ano p o p u la ç ã o ( h a b ) Figura 6. Projeção de crescimento populacional. 1.6. Coleta e Transporte Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produziu e encaminhá-lo em transporte adequado a um eventual tratamento e, ou, disposição final. A coleta do lixo deve ser efetuada sempre nos mesmos dias e horários, regularmente. Somente assim os cidadãos habituar- se-ão e serão condicionados a colocar os recipientes ou embalagens do lixo nos locais de coleta, sempre nos dias e horários em que o veículo coletor irá passar, não deixando o lixo exposto nas ruas. A coleta dos RSU pode ser dos seguintes tipos: Coleta normal: é aquela em que a população põe o lixo em local determinado para ser coletado pelo veículo responsável pela coleta. Coleta seletiva porta a porta: a população é responsável pela separação dos materiais recicláveis existentes nos resíduos domésticos para que posteriormente os mesmos sejam coletados. A coleta é feita de forma diferenciada em função dos resíduos separados, geralmente secos (recicláveis) e molhados (matéria orgânica). Coleta em pontos de entrega: Consiste na instalação de contêineres ou recipientes em locais públicos para que a população possa fazer o descarte dos materiais que foram separados em suas residências. 15 Coleta por meio de catadores: as pessoas individualmente ou associadas em cooperativas recolhem nas ruas, residências e lixões os materiais possíveis de serem reciclados. A coleta dita coleta normal e o transporte do lixo domiciliar produzido em imóveis residenciais, em estabelecimentos públicos e no pequeno comércio são, em geral, efetuados pelo órgão municipal encarregado da limpeza urbana, visto que legalmente, cabe a prefeitura a implantação e manutenção dos serviços básicos de saneamento, entre eles a limpeza pública e a coleta e destinação dos RSU. Pela coleta de lixo domiciliar, cabe à prefeitura cobrar da população uma taxa específica, denominada taxa de coleta de lixo. Há uma tendência, no país, de as prefeituras remunerarem os serviços de limpeza urbana através de uma taxa, geralmente cobrada na mesma guia do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, quase sempre usando a mesma base de cálculo, que é a área do imóvel. O horário da coleta geralmente é diurno, principalmente em cidades de pequeno porte. Entretanto, em cidades maiores, devido ao trafego e à movimentação comercial a coleta deve ser realizada a noite. Os veículos de coleta e transporte de lixo domiciliar podem ser desde simples tratores acoplados com carretas até caminhões compactadores e transbordos (Figura 7): Figura 7. Exemplos de caminhões para transportar RS: A - caminhão tipo baú; B - caminhão compactador; C - poliguindaste para entulho; D - transporte de resíduos especiais; E - pá carregadeira; e F - Trator com carreta. Ainda podem ser classificados em: - compactadores: apresenta maior produtividade de coleta e maior capacidade de carga. No entanto, em relação à coleta seletiva é ineficiente, por misturar os resíduos que foram separados previamente. Mesmo que os resíduos não tenham sido separados, sua separação após a compactação é praticamente impossível. Além disso, devido à compressão dos resíduos, pode haver vazamento de chorume nas vias públicas. - sem compactação: geralmente são utilizados caminhão do tipo basculante. Este tipo de caminhão apresenta carroceria bastante elevada dificultando o trabalho de coleta. Além disso, trafega geralmente cheio e sem proteção, facilitando o espalhamento do lixo pela ação do vento. A escolha do meio de transporte vai depender do tipo de resíduo, da quantidade produzida, características viárias, facilidade de acesso, tipo de pavimentação e topografia, disponibilidade financeira do município e condições para manutenção dos equipamentos. Devem transportar o A B C D E F 16 material de modo a evitar a sua visualização, evitando assim a emanação de gases, contato com vetores, queda do material durante o transporte e entrada de água. 1.7. Tratamento e Destinação Final dos Resíduos Sólidos Os resíduos descartados sem tratamento e de forma inadequada acarretarão sérios danos ao meio ambiente (Figura 8). - poluição do solo: contaminação do solo por produtos gerados na decomposição do lixo, como compostos orgânicos e inorgânicos e principalmente por metais pesados. - poluição da água: a movimentação das águas das chuvas pela massa de lixo poderá transportar os contaminantes pelos poros do solo, podendo atingir os lençóis de água subterrânea, assim como o transporte desses contaminantes pelas enxurradas no período chuvoso que ao atingir as águas superficiais promovem sua contaminação. - poluição do ar: os gases emitidos nas áreas de disposição dos RS promovem a alteração da composição do ar, podendo contribuir com o aumento do aquecimento global, geração de chuvas ácidas, além de problemas de saúde pública como algumas doenças pulmonares. Figura 8. Possibilidades de poluição do solo, água e ar pela disposição inadequada de resíduos sólidos Define-se tratamento como uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos. Os procedimentos adotados para o tratamento do lixo variam em função das características dos resíduos. A maior parte do lixo residencial é formada por matéria orgânica (restos alimentares). Em função da composição gravimétrica é que se determina o tipo de tratamento a ser empregado no lixo coletado. Dentreos principais tipos de tratamento dos RS destacam-se: 17 - Reciclagem: é a separação de materiais inorgânicos do lixo domiciliar, tais como papéis, plásticos, vidros e metais, com a finalidade de trazê-los de volta à indústria para serem beneficiados. A coleta seletiva tem papel fundamental no processo de reciclagem, pois no sistema de coleta convencional o material potencialmente reciclável torna-se sujo, o que aumenta o custo de reciclagem pelas indústrias. A reciclagem traz benefícios como economia de energia e recursos naturais, geração de emprego e renda e redução das quantidades a serem depositadas nos aterros. No Brasil tem aumentado a quantidade de materiais reciclados nos últimos anos. Destaque especial deve ser dado às latas de alumínio, sendo o maior reciclador mundial, em termos de porcentagem do total produzido. - Compostagem: é um processo natural de decomposição biológica de materiais orgânicos pela ação dos micro-organismos. Na compostagem a matéria orgânica é estabilizada, ou seja, chega a um estado tal que não se decompõe mais, ou se decompõe de forma muito lenta. São formadas moléculas orgânicas que não mais conseguem ser subdivididas pelos micro-organismos. O material produzido denominado de composto orgânico é rico em matéria orgânica e nutrientes sendo um excelente adubo. A compostagem, semelhante à reciclagem, traz benefícios como economia de energia e recursos naturais, geração de emprego e renda com a venda do composto e redução das quantidades a serem depositadas nos aterros, o que reduz o espaço necessário para disposição final. - Incineração: consiste na queima do lixo a altas temperaturas em instalações chamadas "incineradores". Neste método existe uma grande redução do volume do lixo, cerca de 3% do volume original. Tem a vantagem de reduzir o volume do lixo a ser disposto. No entanto, as cinzas concentram elementos químicos e se dispostas de forma inadequada pode causar danos ao ambiente. É um processo caro, mas bastante utilizado para queima de resíduos de serviço de saúde. 1.7.1. Os Rs da gestão dos resíduos sólidos Na implantação de um sistema de gestão de RS, faz-se necessário uma visão educativa no sentido de reduzir a quantidade de resíduos encaminhados à destinação final e a possibilidade de comercialização dos materiais passíveis de serem reciclados. Neste sentido a política dos Rs visa a auxiliar esses mecanismos de gestão. O argumento central dos 3Rs é o de que devemos diminuir a quantidade de lixo gerado, o que se faz – como indivíduos – consumindo menos, evitando compras desnecessárias e optando por produtos que tenham menor volume de embalagem. Evita-se, assim, inclusive, a reciclagem que consome energia e trabalho. Cabe aqui uma diferenciação importante dos conceitos: enquanto a reutilização pode ser feita em casa, como uma opção individual, a reciclagem é um processo industrial, que inclui os materiais descartados em um novo ciclo de produção. Esta proposta dos 3Rs pode ser adotada para sensibilizar e mobilizar indivíduos e grupos. Ajuda, didaticamente, a compreender como o problema do lixo nas sociedades contemporâneas pode ser enfrentado. Mas exige que se vá adiante, discutindo mais profundamente este tema, com um olhar socioambiental e o envolvimento da indústria e do comércio no debate sobre a geração e o destino do lixo. No processo de mudança de atitudes pela sociedade, em relação aos resíduos de produção e consumo, bem como na aplicação do princípio dos 3Rs (Redução, Reutilização e Reciclagem) através da educação ambiental, busca-se massificar no cotidiano das pessoas as mudanças comportamentais necessárias para a devida preservação do meio ambiente. Para tanto, cabe discutir a importância da coleta seletiva por intermédio de metodologia que desperte para a sensibilização, a informação e a mobilização das comunidades por meio de ações educativas diversificadas, entre estas: palestras, ciclo de vídeos, oficinas, temáticas, teatro, cursos e outros. No entanto, a contínua necessidade de crescimento econômico através do consumo do sistema capitalista gera um “falso” combate ao problema do lixo. A política dos 3Rs muito divulgada nos meios de comunicação tenta estabelecer um determinado tipo de conduta em relação ao lixo sendo esta o “reduzir, reutilizar e reciclar” todos os resíduos produzidos pelo homem. O enfoque inicial da política dos 3Rs estava nas ações de redução e reutilização do lixo para se construir uma via na busca por uma relação homem-meio ambiente mais harmônica. A reciclagem seria apenas o último passo neste processo de “minimizar” o lixo. Porém, devido a interesses econômicos a política dos 3Rs foi modificada para que a reciclagem passasse a ser a principal ferramenta e não mais uma coadjuvante. Atualmente, o que se vê são ações paliativas em relação ao lixo que não promovem o processo de 18 conscientização em relação à diminuição do consumo e a reutilização de materiais, e sim, promovem a reciclagem como a melhor forma de combater a problemática do lixo, dando a idéia de que se pode consumir o quanto quiser desde que se recicle tudo o que puder. 1.7.2. Objetivos da Reciclagem 1. Redução no volume de lixo com conseqüente aumento da vida útil do aterro sanitário existente. 2. Redução dos impactos ambientais durante a produção de novas matérias primas. 3. Redução no consumo de energia e recursos naturais. 4. Ampliação do desenvolvimento econômico pela geração de novos empregos e pela expansão dos negócios relativos à reciclagem. Símbolo da Reciclagem: A primeira seta representa os produtores A segunda seta representa os consumidores E a terceira seta os recicladores que fecha a cadeia do processo Na Figura 9 são apresentados os simbolos utilizados para separação de produtos passiveis de reciclagem. Figura 9. Simbologia empregadas no auxílio da separação dos recicláveis. 19 2.7.3 Coleta Seletiva (RSU) A coleta seletiva pressupõe a separação dos materiais potencialmente recicláveis e presentes nos RS nas suas próprias fontes geradoras. As fontes geradoras variam desde residências, escolas, escritórios, indústrias, estabelecimentos públicos e privados, etc. Técnicas que orientam a coleta seletiva: a) acondicionamento seletivo na fonte geradora (separar em casa) b) centros de triagem (locais de recepção e classificação para comercialização do material) c) usinas de triagem de resíduos d) Postos de Entrega Voluntária (PEV) e) Agentes ambientais Na Figura 10 são apresentadas as cores utilizadas para auxiliar no processo de separação de resíduos, bem como alguns tipos de contêineres para armazenamento dos resíduos e utilizados no processo de separação. Na Figura 11 é esquematizado o fluxo da coleta seletiva visando ao processo de reciclagem. Figura 10. Cores e tipos de containers para o acondicionamento dos resíduos recicláveis. Figura 11. Fluxograma da coleta seletiva visando à reciclagem. 20 2.7.4. Usina de triagem e compostagem (UTC) A UTC é uma unidade industrial, onde se faz a separação dos materiais passíveis de serem reciclados, da matéria orgânica e dos rejeitos. Esta unidade é composta de uma área de recepção, mesa de triagem, pátio de compostagem, baias de armazenamento dos recicláveis, unidade de tratamento dos efluentes, valas de aterramento dos rejeitos e unidade administrativa com sanitários e refeitório (Figura 12). A recepção deve ser coberta para evitar o umedecimento da massa de lixo e o piso revestido com concreto, circundada por drenos das águas de chuva. Entre a recepção e a mesa de triagem, tem-se uma moega que pode ser metálica ou de alvenaria, com a finalidade de conduzir o lixo para a triagem. A mesa de triagem pode ser metálica com esteira de movimentação mecânica ou de concreto. Ao redor da mesa de triagem os operadores fazem a separação dos recicláveis, que são inicialmente armazenados em tambores ou sacos para posterior compactaçãoem prensas hidráulicas e armazenamento dos fardos prontos para serem comercializados. No final da mesa de triagem, faz- se a separação dos rejeitos (material proveniente de sanitários e outros não viáveis para a reciclagem) da matéria orgânica. Os rejeitos são conduzidos para as valas de aterramento e a matéria orgânica para o pátio de compostagem, permanecendo por 120 dias para a maturação do composto orgânico que poderá ser utilizado como condicionante de solo e como adubo no cultivo e na revegetação de áreas degradas e de nascentes. Figura 12. Esquema simplificado de usina de triagem e compostagem. Na Tabela 10 estão apresentados os preços médios de materiais recicláveos para o mês de outubro de 2008, em diversas regiões do pais. 21 Tabela 10. Preço da tonelada do material reciclável, em Reais, no mês de outubro de 2009 Local Papelão Papel branco Latas aço Latas alumínio Vidro incolor Vidro colorido Plástico rígido PET Plástico filme Longa vida Farroupilha-RS 170 PL 350 PL 200 PL 2.200 PL 50 50 700 PL 800 PL 450 PL 100 PL São Paulo-SP 120 PL 240 PL 80 PL 1.800 PL 100 100 200 PL 750 PL 400 PL 120 PL Campinas-SP 216 PL 530 PL 100 L 1.800 PL 140 L 140 L 600 PL 850 PL 1.000 PL 203 PL Lavras-MG 110 250 100 2.000 - - 800 500 900 50 Itabira-MG 160 PL 380 PL 250 PL 1.900 PL 166 PL 200 PL 870 PL 850 PL 1.200 PL 145 PL Guarapari-ES 100 PL 140 L 60 L 200 L - - 530 PL 700 PL 300 100 P Aracaju-SE 80 PL 450 PL 300 L 800 30 L 30 L 500 L 300 L 500 PL - Brasilândia-MS 100 PL 100 PL 70 L 200 L - - 600 L 550 PL 300 PL 100 PL S. J. do Vale do R. Preto - RJ 800 PL 200 PL 180 PL 1.500 PL 200 L 100 600 PL 600 PL 700 PL 170 PL Mesquita-RJ 100 L 350 L 200 L 250 L 80 L 60 L 90 PL 90 PL 800 PL 150 PL Camaragibe-PE 50 PL 100 PL 50 350 150 L 50 L 500 L 450 PL 350 - Recife-PE 250 PL 320 PL 150 1.800 L 140 120 1.000 PL 1.000 PL 1.000 PL - Fonte: www.cempre.org.br. P – Prensado; L – Limpo 2.8. Métodos de destinação final dos RS A seleção da área para a disposição final dos resíduos sólidos deve atender as legislações vigentes, de forma a reduzir os impactos ambientais e problemas de saúde pública. É imprescindível uma análise do local por um técnico da área de engenharia para a verificação do tipo de solo, profundidade do solo e do lençol freático, topografia, presença de vegetação e corpos hídricos, proximidade de núcleos populacionais, estradas e aeroportos. Fotografias aéreas e imagens de satélite auxiliam nesta fase de trabalho. A área não deve estar dentro de áreas de preservação permanente (APP), de reserva legal, parques ecológicos, áreas indígenas e áreas locais destinadas à preservação de fauna, flora e patrimônios culturais e artísticos. As APPs por lei são áreas marginais aos cursos de água variando de 30 a 100m em função da largura dos rios; em um raio de 50m de nascentes naturais; topo de morro; áreas de voçorocas; manguezais; falésias e precipícios; e veredas. As áreas de reserva legal são aquelas destinadas a manutenção da fauna e flora dentro de uma bacia hidrográfica e variam de 20% da extensão da propriedade, podendo chegar a 80% nas propriedades dento da Amazônia Legal. A ABNT e os órgãos ambientais de cada estado da federação brasileira fixam alguns critérios técnicos para a seleção e operação de áreas destinadas à disposição final dos resíduos sólidos. No estado de Minas Gerais a o Conselho Estadual de Políticas Ambientais (COPAM) da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) pela deliberação normativa nº 118 de 2008 fixa-se os seguintes critérios: - a localização da área não poderá ocorrer, em nenhuma hipótese, em áreas erodidas, em especial voçorocas, em áreas cársticas ou em Áreas de Preservação Permanente; - localização em área com solo de baixa permeablilidade e com declive média inferior a 30%; - localização em área não sujeita a eventos de inundação, situada a uma distância mínima de 300m de cursos d'água ou qualquer coleção hídrica; - localização em área situada a uma distância mínima de 500 m de núcleos populacionais; - localização em área com distância mínima de 100 m de rodovias e estradas, a partir de faixa de domínio estabelecida pelos órgãos componentes; - implantação de sistema de drenagem pluvial em todo o terreno, de modo a minimizar o ingresso das águas de chuva na massa de lixo aterrado e encaminhamento das águas coletadas para lançamento em estruturas de dissipação e sedimentação; - realização de recobrimento do lixo com terra, de acordo com a freqüência abaixo: a) municípios com população urbana inferior a 5.000 hab., no mínimo uma vez por semana; b) municípios com população urbana entre 5.000 e 10.000 hab., no mínimo duas vezes por semana; c) municípios com população urbana entre 10.000 e 30.000 hab., no mínimo três vezes por semana; d) municípios com população urbana acima de 30.000 hab., recobrimento diário. 22 - manutenção de boas condições de acesso à área do depósito de lixo; - a área do depósito de lixo deverá ser isolado com cerca, preferencialmente complementada por arbustos ou árvores, e possuir portão na entrada, de forma a dificultar o acesso de pessoas e animais, além de possuir placa de identificação e placa de proibição de entrada e permanência de pessoas estranhas; - proibição da permanência de pessoas no local para fins de catação materiais recicláveis, recomendando-se que a Prefeitura Municipal crie alternativas adequadas sob os aspectos técnicos, sanitários e ambientais para a realização das atividades de triagem de materiais, de forma a propiciar a manutenção de renda para as pessoas que sobrevivem dessa atividade, prioritariamente, pela implementação de programa de coleta seletiva em parceria com os catadores; - proibição de disposição de pneumáticos e baterias no depósito de resíduos sólidos urbanos; - proibição de uso de fogo em depósito de resíduos sólidos urbanos. Além dessas medidas deve ainda respeitar as áreas de serviço aeroportuárias (ASA) que pela legislação não deve ser inferior a 15 km, a fim de se evitar acidentes aéreos com pássaros nas turbinas, hélice e para-brisas das aeronanes. 2.8.1. Aterros A) A céu aberto (lixão ou vazadouro): todo lixo é depositado sobre a superfície do solo sem nenhum controle. Este tipo de disposição final dos RS, atualmente é condenado pelas legislações ambientais, por outro lado é a prática mais comum no Brasil. Impactos Ambientais: Problemas à saúde pública (vetores); Geração de odores desagradáveis; poluição do solo, água superficial e subterrânea. B) Aterro controlado: O aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Esse método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. No aterro controlado toda área é cercada com barreiras físicas (cercas metálicas e portão) e arbórea, evitando assim a entrada de pessoas e animais domésticos na área do aterro. Ao redor da área são construídos os drenos de águas pluviais evitando que a mesma se adentre a área do aterro e venha aumentar o volume de chorume, reduzindo assim a contaminação do solo e do lençol freático (Figura 13). Impactos ambientais: poluição localizada do solo e da água subterrânea e superficial. 23 Figura 13. Esquemas de um aterro controlado. C) Aterro sanitário: Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente, minimizando os impactos ambientais. Tal método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada trabalho, ou intervalos menores, se necessário. Elementos de proteção ambiental (Figura 14): • sistemade impermeabilização com geomembrana de polietileno de alta densidade (PEAD); • sistema de recobrimento diário e cobertura final; • sistema de drenagem, coleta e tratamento de líquidos percolados; • sistema de coleta e tratamentos dos gases; • sistema de drenagem superficial. Figura 14. Esquema de um aterro sanitário 24 2.8.2. Incinerador Unidade de tratamento de resíduos sólidos especiais, principalmente os oriundos de terminais de cargas e passageiros; dos serviços de saúde; postos de gasolina e embalagens de agroquímicos. A unidade incineradora é composta de uma recepção, seguida de um pré-forno rotativo (com a finalidade de queimar o material sólido), queimador dos resíduos líquidos, trocador de calor e sistema de tratamento dos gases (filtro eletrostático e lavador de gás) a serem expelidos pela chaminé. A cinza gerada na combustão dos resíduos deve ser destinada para valas especiais ou aterros para resíduos classe I. Na Tabela 11 está apresentada a distribuição percentual das diferentes formas de disposição final dos RS nas regiões brasileiras, na qual pode-se observar ainda um predomínio dos lixões (49,3%) e baixa porcentagem das unidades tidas como ambientalmente corretas (aterro sanitário e UTC). Figura 15. Esquema de incinerador Tabela 11. Distribuição porcentual das diferentes formas de disposição final dos RS no Brasil Região Lixão Aterro sanitário Aterro controlado UTC Outros Norte 89,7 3,7 4,0 2,6 0,1 Nordeste 90,7 2,3 5,5 0,7 0,9 Centro-oeste 54,1 13,1 27,0 5,0 0,8 Sudeste 26,6 24,6 40,5 4,4 3,9 Sul 40,7 52,0 4,9 1,0 1,4 Brasil 49,3 23,3 21,9 3,0 2,5 2.9. Licenciamento ambiental Toda atividade necessita de licença dos órgãos ambientais para o seu funcionamento. Com exceção dos lixões e aterro controlados, todas as outras modalidades de tratamento e disposição final dos RS são passíveis de licenciamento. Dependendo do enquadramento do empreendimento não há a necessidade de todas as licenças, podendo apenas protocolar um pedido de autorização ambiental de funcionamento (AAF). Na Figura 16 está apresentado um quadro-resumo do enquadramento dos empreendimentos em função do seu porte de seu potencial de poluição. 25 P M G P 1 1 3 M 2 3 5 G 4 5 6 Porte do empreendimento Potencial polidor / Degradador geral da atividade Figura 16. Enquadramento dos empreendimentos em função do seu porte de seu potencial de poluição. Segue um extrato da Resolução CONAMA nº 237/1997 que "Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente"; e da Deliberação Normativa COPAM nº 74/2004 que “Estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ambiental ou de licenciamento ambiental no nível estadual”. RESOLUÇÃO CONAMA N° 237, de 19 de dezembro de 1997. Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 74, de 9 de setembro de 2004 Art. 1º - Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente sujeitas ao licenciamento ambiental no nível estadual são aqueles enquadrados nas classes 3, 4, 5 e 6 , conforme a lista constante no Anexo Único desta Deliberação Normativa, cujo potencial poluidor/degradador geral é obtido após a conjugação dos potenciais impactos nos meios físico, biótico e antrópico, ressalvado o disposto na Deliberação Normativa CERH n.º 07, de 04 de novembro de 2002. 26 Parágrafo único - As Licenças Prévia e de Instalação dos empreendimentos enquadrados nas classes 3 e 4 poderão ser solicitadas e, a critério do órgão ambiental, expedidas concomitantemente. Art. 2° - Os empreendimentos e atividades listados no Anexo Único desta Deliberação Normativa, enquadrados nas classes 1 e 2, considerados de impacto ambiental não significativo, ficam dispensados do processo de licenciamento ambiental no nível estadual, mas sujeitos obrigatoriamente à autorização ambiental de funcionamento pelo órgão ambiental estadual competente, mediante cadastro iniciado através de Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento preenchido pelo requerente, acompanhado de termo de responsabilidade, assinado pelo titular do empreendimento e de Anotação de Responsabilidade Técnica ou equivalente do profissional responsável. LISTAGEM DE ALGUMAS ATIVIDADES RELACIONADAS AOS RESÍDUOS SÓLIDOS F-05-11-8 Aterro para resíduos perigosos - classe I, de origem industrial. Pot. Poluidor/Degradador: Ar: M Água: G Solo: G Geral: G Porte: Área útil < 1 ha : pequeno Área útil > 5 ha : grande os demais : médio F-05-12-6 Aterro para resíduos não perigosos - classe II, de origem industrial. Pot. Poluidor/Degradador: Ar: P Água: G Solo: G Geral: G Porte: Área útil < 1 há : pequeno Área útil > 5 ha : grande os demais : médio F-05-13-4 Incineração de resíduos. Pot. Poluidor/Degradador: Ar: G Água: M Solo: G Geral: G Porte: Capacidade Instalada < 0,5 t/h : pequeno Capacidade Instalada > 2,0 t/h : grande Os demais : médio
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