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Apostila Formação Auxiliar Contábil_IPECONT

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CURSO DE FORMAÇÃO DO 
AUXILIAR CONTÁBIL 
 
 
 
APOSTILA DE ESTUDO 
PROF. MARÇAL SERAFIM CÂNDIDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução 1
Módulo 2 - Fundamentos de Contabilidade e o Balanço Patrimonial 5
Módulo 3 - Lançamentos Contábeis e o Balanço Patrimonial 8
Módulo 4 - Balanço Patrimonial e Interação com a DRE 12
Módulo 5 - Regime de Caixa e Regime de Competência 15
Módulo 6 - Contas a Receber: contabilização e a Perda Estimada 17
Módulo 7 - Métodos de Controle e Avaliação de Estoque 19
Módulo 8 - Ativo Não Circulante 23
Módulo 9 - Passivo: principais contas e provisões 30
Módulo 10 - Patrimônio Líquido e a DMPL 33
Módulo 11 - A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 36
Módulo 12 - Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) 38
Módulo 13 - Atributos da Informação Contábil 41
Módulo 14 - Resumo do Conteúdo do Curso 43
REFERÊNCIAS 44
SUMÁRIO
 
1 
 
MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO 
 
O que iremos aprender 
 No curso de Formação do Auxiliar Contábil o participante passará a entender 
qual a finalidade da contabilidade, compreender as principais demonstrações 
contábeis, quais sejam: 
i) Balanço Patrimonial (BP). 
ii) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). 
iii) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). 
iv) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). 
 
 Ao final desse treinamento, o participante terá capacidade de identificar como 
é estruturada cada uma dessas demonstrações, bem como efetuar lançamentos 
contábeis e analisar o efeito de tais lançamentos na posição econômica, patrimonial e 
financeira da empresa. 
 Para tanto, serão utilizadas demonstrações de empresas reais e de 
conhecimento nacional, para ilustrar como os relatórios contábeis são estruturados. 
São enfatizados relatórios contábeis de empresas vencedoras do Troféu Transparência 
da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e 
Contabilidade), pois representam as melhores práticas de relatórios contábeis 
aplicadas ao Brasil. 
 
A contabilidade: propósito e situação no Brasil 
 A contabilidade é um ramo do conhecimento que lida com registros de eventos 
econômicos e produção de informação para tomada de decisão. Quando se diz registro 
de eventos econômicos, quer dizer registrar compra, venda, produção e demais 
atividades que uma entidade (ex.: empresa, órgão público, ou mesmo pessoa) realiza. 
Tal registro de eventos econômicos, seguindo um processo sistematizado de 
estruturação dessas informações, produz os relatórios contábeis já mencionados: BP, 
DRE, DFC e DMPL, dentre outros. Portanto, pode-se dizer que a contabilidade é uma 
linguagem de negócios. 
 Como toda linguem, ela segue alguns parâmetros. Por exemplo, quando 
alguém está aprendendo português entende o que é sujeito, verbo, adjetivo, etc. Na 
contabilidade, não é diferente. Aprende-se sobre o que são cada elemento que 
compõem os relatórios contábeis, ainda, a língua falada naqueles relatórios. Sim, isso 
 
2 
 
mesmo, a língua. Pode-se aprender gramática da língua portuguesa, bem como 
gramática da língua inglesa. 
 No entanto, na contabilidade, a partir de 2008, com a aprovação da Lei 
11.638/2008, não há uma linguagem brasileira na contabilidade, uma vez que a 
contabilidade brasileira passou a seguir contabilidade internacional, aplicada em mais 
de 140 países. Assim, a partir daquele ano, as demonstrações contábeis passaram a ser 
no formato IASB (International Acocunting Standard Boards), que no Brasil, é traduzido 
emitido pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis)1. 
 Assim, atualmente adota-se no Brasil a mesma linguagem contábil adotada nos 
mais importantes países do mundo, o que faz com que um bom profissional contábil 
aqui no Brasil, possa trabalhar em outro país, tendo que aprender somente o idioma 
do exterior, pois a norma contábil do Brasil é a mesma adotada no exterior. Essas 
normas internacionais de contabilidade, conhecidas como as IFRS (International 
Financial Reporting Standards), são adotadas no Brasil por meio dos CPCs, os quais 
serão vistos alguns neste curso. 
 Por fim, ao final de alguns módulos (como nesse módulo 1), há alguns textos 
que foram publicados em veículos de imprensa ligados à negócios que auxiliam na 
compreensão e reflexão dos assuntos estudados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto de Final de Módulo: IFRS no Brasil 
 
1 Sobre o CPC, ver: http://www.cpc.org.br/CPC 
 
3 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
MÓDULO 2 – FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE 
E O BALANÇO PATRIMONIAL 
 
A contabilidade, como já mencionado por Warren Buffet, um dos maiores 
investidores do mundo, é uma linguagem de negócios. Enquanto linguagem, a 
contabilidade transmite informações aos usuários dos relatórios contábeis, dentre os 
quais estão o Balanço Patrimonial (BP). 
 O BP é uma demonstração que mostra a posição patrimonial-financeira de uma 
entidade (empresa, órgão público, ou mesmo indivíduo) em determinada data, ou 
seja, uma “fotografia” da posição patrimonial-financeira em um momento do tempo. 
Ainda, o BP é composto por três grandes grupos de contas, quais sejam: ATIVO, 
PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO, cujas definições são mostradas a seguir: 
ATIVO: é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de 
eventos passados. Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir 
benefícios econômicos. 
PASSIVO: Obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como 
resultado de eventos passados. 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO: Participação residual nos ativos da entidade após a dedução 
de todos os seus passivos. 
 
 ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) são denominadas contas 
patrimoniais, pois mostram o patrimônio da entidade em determinado momento do 
tempo (que pode ser final de um ano, semestre, etc). 
 Ainda, SEMPRE, no BP temos que ter a igualdade: 
 
ATIVO = PASSIVO + PL 
 
 Essa igualdade representa que, todos os ATIVOS (que nada mais são que seus 
recursos disponíveis, como caixa, estoques, máquinas, etc) da entidade foram 
comprados com recursos vindos de duas fontes, ou de terceiros (empréstimos, 
financiamentos, fornecedores), representado pelo PASSIVO, ou recursos dos sócios, 
que são o PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL). 
Para exemplificar alguns tipos de contas que compõem ATIVO, PASSIVO e 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL), segue o BP do Atacadão S.A., empresa do grupo Carrefour 
Brasil S.A.: 
 
6 
 
 
ATIVO – ATACADÃO S.A.
 
 
 Observe que o Ativo é dividido em dois grupos, Ativo Circulante e Ativo não 
Circulante, e essa classificação busca mostrar elementos que possuem giro (serão 
vendidos, transacionados) dentro do ciclo operacional da empresa (que geralmente é 
em até 1 ano) e aqueles que a empresa não tem intenção de dispor do ativo dentro de 
1 ano (ativo não circulante). Por exemplo, os estoques do Atacadão S.A., que é uma 
rede de supermercados/atacados, têm a expectativa de transacionar os estoques em 
até 1 ano, portanto, estoques estão no ativo circulante. Já o ativo imobilizado, que 
representas os prédios, instalações e veículos de entrega, por exemplo, não há 
intenção da empresa em vende-los, pois não fazem parte do negócio da empresa 
transacionar este tipo de ativo. Portanto, tais ativos, são classificados no ativo não 
circulante. 
 Nota-se, assim, que a classificação entre ativo circulante e não circulante está 
relacionada com a intenção da empresa com relação a tal ativo, bem como o negócio 
principal da empresa. Por exemplo, se o Atacadão fosse uma empresa de revenda de 
caminhões, então tais veículos deveriam estar no ativo circulante (estoques), pois o 
negócio principal da empresa seria revenda de caminhões. 
 Feitas essas considerações, agora será analisado o passivo e PL do Atacadão 
S.A. 
 
7PASSIVO E PL – ATACADÃO S.A. 
 
 
 Assim como os ativos, os passivos também são divididos entre circulante e não 
circulante. Aqui o critério de divisão está baseado na exigibilidade dos passivos, pois 
aqueles passivos que a empresa tem que pagar em até 1 ano, são classificados como 
circulante e aqueles que são acima de 1 ano, não circulante. 
 Desta maneira, se a empresa contrai um empréstimo para ser pago em 36 
parcelas, inicialmente, as 12 primeiras ficam registradas no passivo circulante e as 24 
restantes no passivo não circulante. Então, a medida que o tempo passa, mês a mês, 
os valores que estão no passivo não circulante são transferidos para o circulante. 
 Observe este caso no passivo do Atacadão S.A., no qual há a conta empréstimo 
tanto no passivo circulante quanto no passivo não circulante. O mesmo ocorre com a 
conta “Operações com cartão de crédito”, que há valores tanto no passivo circulante, 
quanto no passivo não circulante. 
 Após essa compreensão inicial sobre o BP, no próximo módulo serão mostrados 
os lançamentos contábeis que são feitos para se obter um BP. 
 
8 
 
MÓDULO 3 – LANÇAMENTOS CONTÁBEIS E O 
BALANÇO PATRIMONIAL 
 
 Uma tarefa que um Auxiliar Contábil irá desempenhar será o de fazer 
lançamentos contábeis para fazer um BP da empresa em determinado momento. 
Portanto, é de fundamental importância que esteja familiarizado com os fundamentos 
dos lançamentos contábeis que permitem a estruturação de um BP de maneira 
correta. 
 O primeiro ponto a ser observado é que a estrutura do BP, como mostrado no 
módulo 2 é essa: 
 
 
 Ainda, que a equação patrimonial ATIVO = PASSIVO + PL deve ser observada. 
Além disso, o Auxiliar Contábil deve entender o que são lançamentos a débito e a 
crédito. Para tanto, auxilia muito a compreensão dos “razonetes” ou também chamada 
“conta T”, que tem o seguinte formado: 
 
 Esses razonetes auxiliam a entender como lançamentos são feitos e como 
afetam ativos, passivos e PL. Tem-se que, do lado esquerdo do razonete são os 
ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($)
Circulante Circulante
Não Circulante Não Circulante
Patrimônio Líquido
TOTAL DO ATIVO TOTAL PASSIVO+PL
EMPRESA "APRENDIZADO LTDA"
Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020
 
9 
 
lançamentos a débitos e, como o ativo está do lado esquerdo do BP, lançamentos a 
débito aumentam o ativo. Já os lançamentos do lado direito do razonete aumentam o 
passivo e/ou PL, pois estes estão do lado direito do BP. De forma inversa, se 
lançamentos a crédito (lado direito do razonete) são feitos em contas do ativo (lado 
esquerdo do BP), reduz-se o ativo. Da mesma maneira, lançamentos a débito (lado 
esquerdo do razonete) são feitos em contas do passivo/PL (lado direito do BP), reduz-
se passivo/PL. Fica assim então: 
 
 
 Adicionalmente, deve-se atentar que todo lançamento a débito há pelo menos 
um lançamento a crédito correspondente e, ainda, o valor total de lançamentos a 
débito deve ser igual o valor total de lançamentos a crédito: 
 
 Vejamos alguns de lançamentos contábeis e seus reflexos no BP desde o momento de 
formação de uma empresa: 
� Em 02/01/20X1 – Abertura da empresa pelos sócios. Aportam capital de $ 10.000 na 
empresa, em dinheiro. 
Nos razonetes ficaria: 
 
 
 Observe, um lançamento a débito no valor de $ 10.000 (Caixa) e outro a crédito 
(capital social) também no valor de $ 10.000. Pergunta: Por que caixa é ativo? Lembre-
se da definição de ativo, é um recurso controlado pela entidade (empresa) no qual se 
espera benefício econômico com o caixa. Ora, caixa atende esse requisito. Já a conta 
capital social representa o valor investido pelos sócios na empresa, portanto, uma 
conta no PL. No BP ficaria: 
(1) 10.000 10.000 (1) 
Caixa (Ativo) Capital Social (PL)
 
10 
 
 
 
 Observe que a equação patrimonial (ATIVO = PASSIVO + PL) foi mantida. Além 
disso, como Auxiliar Contábil você será demandado para registrar eventos econômicos 
como este, como a criação de uma empresa, e seus reflexos posteriores no BP. Por 
exemplo, se a empresa faz compras de mercadorias para revenda no valor de $ 5.000, 
metade a vista e metade para ser pago em 30 dias, os lançamentos seriam: 
 
 Note que um lançamento a débito (compra de mercadorias) fez com que 
houvesse dois lançamentos a crédito (pagamento de 50% a vista e 50% a prazo). No BP 
ficaria então: 
 
 Agora o saldo de caixa é de $ 7500, pois havia $ 10.000 (débito) mas foi usado $ 
2.500 (crédito) para pagamento de 50% da mercadoria a vista. Uma conta nova foi 
ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($)
Circulante Circulante
Caixa 10.000
Não Circulante Não Circulante
Patrimônio Líquido
Capital Social 10.000
TOTAL DO ATIVO 10.000 TOTAL PASSIVO+PL 10.000
EMPRESA "APRENDIZADO LTDA"
Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020
(2) 5.000 (1) 10.000 2.500 (2) 2.500 (2) 
Estoques Caixa (Ativo) Fornecedores
ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($)
Circulante Circulante
Caixa 7.500 Fornecedores 2.500
Estoques 5.000
Não Circulante Não Circulante
Patrimônio Líquido
Capital Social 10.000
TOTAL DO ATIVO 12.500 TOTAL PASSIVO+PL 12.500
EMPRESA "APRENDIZADO LTDA"
Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020
 
11 
 
adicionada ao ativo, a conta estoques (lembre-se da definição de ativo e certifique-se 
de que a conta estoque é ativo), assim como uma nova conta no passivo 
(fornecedores). E, finalmente, a equação patrimonial (ATIVO = PASSIVO + PL) é 
mantida. 
 Por fim, a empresa fez um financiamento para aquisição de um galpão onde serão 
estocados os produtos. O valor do galpão é de $ 48.000 e foi financiado em 24 parcelas. Os 
lançamentos podem ser feitos também de forma analítica (sem os razonetes) da seguinte 
maneira: 
Débito (D) – Galpão (ativo não circulante): $ 48.000 
Crédito (C) – Financiamentos (passivo circulante): $ 24.000 
Crédito (C) – Financiamentos (passivo não circulante): $ 24.000 
 
 Note, que o valor do financiamento (um passivo), possui metade no passivo 
circulante e metade no passivo não circulante, dado o prazo de 24 meses. No BP 
ficaria: 
 
 
 
 Novamente, a equação patrimonial está mantida (ATIVO = PASSIVO + PL), e a 
mesma será mantida se os lançamentos contábeis foram feitos de maneira correta. 
Por isso é fundamental que o profissional contábil conheça o efeito de um evento 
econômico (como compra de mercadorias e de instalações, no nosso exemplo), para 
poder registrá-lo em contas a débito e a crédito e, assim, estruturar um BP de maneira 
correta. 
 Na prática diária em empresas, tais lançamentos são feitos em sistemas 
contábeis e é executado por meio de um plano de contas, em que cada conta possui 
um código/número. 
ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($)
Circulante Circulante
Caixa 7.500 Fornecedores 2.500
Estoques 5.000 Financiamentos 24.000
Não Circulante Não Circulante
Imobilizado (Galpão) 48.000 Financiamentos 24.000
Patrimônio Líquido
Capital Social 10.000
TOTAL DO ATIVO 60.500 TOTAL PASSIVO+PL 60.500
EMPRESA "APRENDIZADO LTDA"
Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020
 
12 
 
MÓDULO 4 – BALANÇO PATRIMONIAL E A 
INTERAÇÃO COM A DRE 
 
 No módulo 3 foram mostrados eventos econômicos que são registrados pela 
contabilidade, por meio dos lançamentos contábeis e seus reflexos em uma única 
demonstração contábil, o BP. A partir desse módulo serão mostrados eventos 
econômicos que são registrados pela contabilidade e que tem efeito tanto no BP 
quando na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). 
 A DRE é uma demonstração que mostra o desempenho (lucro/prejuízo) da 
entidade em um período. Portanto, diferentemente do BP que é em uma data 
específica, a DRE é para um período. A seguir é mostrada a DRE das Lojas Riachuelo 
S.A.: 
 
 
 
 Observe que as contas que compõem a DRE são contas de Resultado, quais 
sejam: RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS que, neste caso da Riachuelo, foram para o 
período de 01/01/2017 a 31/12/2017e de 01/01/2018 a 31/12/2018. 
 Portanto, neste módulo, será mostrado como o BP e a DRE estão inter-
relacionados, pois operações de venda de mercadorias produzem receitas que, 
comparados aos custos e despesas, tem-se a apuração do resultado do período, tal 
como mostrado na DRE das Lojas Riachuelo S.A. 
 
13 
 
 Para mostrar essa relação entre o BP e DRE, considere a empresa “Aprendizado Ltda” 
mostrada no módulo anterior, cujo BP era: 
 
 
 
 Essa era a posição patrimonial-financeira em 31/12/2020. Ao longo de janeiro de 2021 
a empresa vendeu metade do seu estoque por $ 6.000 (sendo metade a vista e metade a 
prazo), com impostos de $ 500 sobre as vendas e, além disso, durante janeiro de 2021 incorreu 
em despesas (energia, água, salários, etc) no valor total de $ 1.500. Considere Imposto de 
Renda e Contribuição Social sobre o Lucro (IR/CSLL) de 34% Assim, a DRE da empresa, para o 
mês de janeiro, ficaria: 
 
 Observe que essa operação de venda gerou um lucro líquido de $ 990, o qual pertence 
aos sócios da empresa, portanto, deve ser levado ao PL da empresa, pois o PL representa o 
quanto os sócios investiram na empresa mais o retorno obtido que ainda não foi distribuído 
ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($)
Circulante Circulante
Caixa 7.500 Fornecedores 2.500
Estoques 5.000 Financiamentos 24.000
Não Circulante Não Circulante
Imobilizado (Galpão) 48.000 Financiamentos 24.000
Patrimônio Líquido
Capital Social 10.000
TOTAL DO ATIVO 60.500 TOTAL PASSIVO+PL 60.500
EMPRESA "APRENDIZADO LTDA"
Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020
Receita Bruta de Vendas 6.000
Impostos s/ Vendas (ICMS, PIS, Cofins e ISS) -500 
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 5.500
Custo dos Produtos e Mercadorias Vendidas -2.500 
LUCRO BRUTO 3.000
Despesas Totais -1.500 
LUCRO OPERACIONAL 1.500
Receitas Não Operacionais Líquidas
LUCRO ANTES DO IMP E CONTR SOCIAL 1.500
Imp de Renda e Contr Social Corrente -510 
LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 990
Empresa "Aprendizado LTDA"
DRE em 31 de Janeiro de 2021
 
14 
 
aos mesmos. Ainda, a operação de venda reduziu estoques, aumentou caixa (pois metade da 
venda foi a vista) e originou uma conta a receber (a outra metade da venda foi a prazo). 
Portanto, a venda também refletiu na posição patrimonial-financeira da empresa, cujo BP ao 
final de janeiro é: 
 
 
 Observe que o caixa aumentou de $ 7.500 para $ 10.500, pelo recebimento de 
metade das vendas a vista. A outra metade da venda, que foi a prazo, é registrada em 
contas a receber, no valor de $ 3.000. Também observe que os estoques reduziram 
pela metade, pois foi vendido metade dos estoques, que na DRE é mostrado como 
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). 
 Já do lado do passivo, foi registrado o valor a pagar das despesas ($1.500), que 
apesar de estarem na DRE de janeiro, elas serão pagas somente no dia 5 do mês 
seguinte. Portanto, fica como despesas a pagar. Assim como os impostos sobre a renda 
e sobre vendas. Por fim, no PL é registrado o lucro do período, o qual pertence aos 
sócios e, quando destinado a algum fim (pago aos sócios, por exemplo), é baixado 
desta conta. 
 Portanto, como mostrado, quando a empresa inicia suas operações de compra 
e venda de mercadorias (produção, no caso de indústrias e prestação de serviços, no 
caso de prestadoras de serviços), os eventos econômicos (venda, produção, prestação 
de serviços) possuem reflexos tanto no BP quanto na DRE. Dessa maneira, essas duas 
demonstrações, apesar de mostrarem informações diferentes (o BP a posição 
patrimonial-financeira e, a DRE o desempenho – lucro/prejuízo), são demonstrações 
que estão interligadas. Cabe ao profissional contábil o correto lançamentos para que 
possa produzir relatórios atualizados, corretos e capazes de mostrar a situação da 
empresa em cada período. 
 
 
ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($)
Circulante Circulante
Caixa 10.500 Fornecedores 2.500
Contas a Receber 3.000 Financiamentos 24.000
Estoques 2.500 Despesas a Pagar 1.500
Imposto de Renda a Pagar 510
Imposto sobre Venda a Pagar 500
Não Circulante Não Circulante
Imobilizado (Galpão) 48.000 Financiamentos 24.000
Patrimônio Líquido
Capital Social 10.000
Lucros Acumulados 990
TOTAL DO ATIVO 64.000 TOTAL PASSIVO+PL 64.000
EMPRESA "APRENDIZADO LTDA"
Balanço Patrimonial em 31 de Janeiro de 2021
 
15 
 
MÓDULO 5 – REGIME DE CAIXA E REGIME DE 
COMPETÊNCIA 
 
 No módulo 4 foram mostrados como eventos econômicos registrados pela 
contabilidade têm reflexos na DRE. Naquele momento foi mostrado que uma despesa 
que a empresa incorreu em determinado mês (janeiro) seria paga somente no mês 
seguinte (dia 5 de fevereiro). Da mesma maneira a empresa vendeu $6.000 em 
mercadorias, mas somente metade foi recebida em dinheiro, pois o restante seria 
recebido no mês de fevereiro. No entanto, tanto o total das despesas quanto o total 
das receitas foram todos reconhecidos na DRE do mês de janeiro, mesmo que ainda 
não tenha sido pago (despesa) ou recebido (receita). Essa é a essência do regime de 
competência. 
 Segundo o regime de competência uma evento econômico deve ser registrado 
no momento que o mesmo ocorre, independentemente se ele já se transformou em 
caixa. Assim, uma receita é reconhecida no período (mês, por exemplo) que foi gerada, 
mesmo que os recebimentos sejam em meses posteriores. Isso permite que se tenha 
ideia de como o evento econômico afeta a posição patrimonial e de resultados da 
entidade, mesmo que o caixa só ingresse posteriormente na empresa. Dessa maneira, 
como já notado, a DRE é preparada considerando o regime de competência, pois são 
registradas receitas, custos e despesas referentes ao período que ocorreram, mesmo 
que o efeito financeiro (caixa) seja somente em momento posterior. Especificamente, 
no caso das receitas, o momento de reconhecimento é mostrado na figura a seguir: 
 
Fonte: Salotti et al, 2019. 
 Observe que a receita é reconhecida na entrega do produto, mesmo que possa 
ter sido recebida antecipadamente ou após a entrega. 
 Sejam as seguintes receitas e despesas de uma empresa durante os meses de 
dez/2018 e jan/2019: 
 
16 
 
 
 Ao apurar o resultado pelo regime de competência, tem-se: 
 
 Assim, pelo regime de competência, o resultado seria um prejuízo de ($12). 
 Já, o regime de caixa considera as receitas, custos e despesas somente quando 
estes afetam o caixa. Portanto, se uma despesa de salário refere-se às horas 
trabalhadas durante o mês de janeiro, mas que somente são pagas no mês de 
fevereiro, pelo regime de competência, só se considera despesa no mês de fevereiro, 
ao passo que, pelo regime de competência, a despesa seria referente ao mês de 
janeiro e estaria na DRE do mês de janeiro. 
Mas onde então é usado o regime de caixa? No módulo 12 deste treinamento 
será mostrada a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), que é uma demonstração 
contábil preparada segundo o regime de caixa. Por enquanto, é importante você saber 
dessas diferenças, pois elas são fundamentais para contabilizar corretamente as 
despesas que são incorridas no mês de competência (daí no nome regime de 
competência), mesmo que os efeitos no caixa sejam em meses posteriores. 
 
 
 
 
17 
 
MÓDULO 6 – CONTAS A RECEBER: 
CONTABILIZAÇÃO E A PERDA ESTIMADA EM 
CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA (PECLD) 
 
 Uma das contas de maior representatividade no BP de empresas de setores 
como varejo, serviços e instituições financeiras são as contas a receber. Tais ativos são 
resultados de vendas a prazo que a empresa realiza nas suas atividades operacionais 
(venda de mercadorias, prestação de serviços), bem como pode representar valores a 
receber resultante da venda de algum outro ativo, como venda de máquinas e 
equipamentos usados (ativo imobilizado), os quais podem estar em processo de 
renovação. A título de exemplo, observe a seguir o ativo circulante da Magazine Luiza 
S.A., em especial, o grupo contas a receber:Pode ser observado que em 31/12/2019 o grupo Magazine Luiza S.A. possuía 
um valor de contas a receber de quase R$ 3 bilhões. Esses valores são resultados das 
atividades de venda de mercadorias a prazo pela empresa, bem como de outros ativos 
não circulantes que a empresa tenha vendido a prazo. 
 A contabilização básica de um processo de venda a prazo (por exemplo, uma 
venda no valor de $ 1.000) que gera contas a receber é: 
 
Ou sejam débito em contas a receber (ativo) e crédito de vendas (DRE). 
(1) 1.000 1.000 (1) 
Contas a Receber (Ativo) Vendas (DRE)
 
18 
 
 No entanto, o processo não termina apenas com a contabilização da venda, 
pois, como é comum em negócios, nem toda venda a prazo é recebida. Por diversos 
motivos, algumas vendas a prazo podem não ser recebidas pela empresa, por isso, 
empresas implantam áreas de análise de risco de crédito para minimizar as perdas nas 
vendas a prazo. 
 Essa potencial perda em vendas a prazo é estimada já quando da decisão pela 
concessão do crédito (venda a prazo) e, contabilmente registrada também quando da 
decisão pela venda a prazo e é conhecida como Perdas Estimadas para Créditos de 
Liquidação Duvidosa (PECLD). 
 A adoção de uma estimativa de perda, a PECLD, está ligada ao regime de 
competência, pois em cada período (mês), as vendas efetuadas naquele período 
podem não ser recebidas, portanto, já no mês do fato gerador (venda a prazo), é 
contabilizada também uma perda estimada com as vendas a prazo. Veja o caso do 
Magazine Luiza S.A., onde são mostradas nas notas explicativas das demonstrações 
contábeis a perda (provisão) com créditos de liquidação duvidosa: 
 
 Pode ser observado, que ao final de 2019 a empresa estimava não receber 
aproximadamente R$ 110 milhões de suas contas a receber. Este valor é baseado nas 
estimativas feitas pela área de risco de crédito da empresa, nos quais são baseados em 
scores de crédito dos clientes que compraram a prazo. 
 Com relação à contabilização da PECLD, trata-se de uma conta que reduz o 
valor das minhas contas a receber e, como visto no módulo 3 deste curso, para reduzir 
o valor do ativo (contas a receber), deve-se fazer um lançamento a crédito no ativo e, a 
contrapartida (lançamento a débito), são despesas com PECLD (na DRE). Dessa 
maneira, o lançamento contábil da PECLD, para o exemplo anterior, cujas vendas a 
prazo foram de $ 1.000 e há uma estimativa de não recebimento de 10% dessas 
vendas, então: 
 
 Com isso, a PECLD é uma conta redutora do ativo (contas a receber) e também 
reduz o lucro do período (despesa na DRE). Geralmente, as contas a receber são 
mostradas no ativo já líquidas da PECLD, como no exemplo do Magazine Luiza S.A. 
100 100
PECLD (Ativo) Despesa PECLD (DRE)
 
19 
 
MÓDULO 7 – MÉTODOS DE CONTROLE E 
AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES 
 Os estoques são ativos que a empresa possui e que serão utilizados para 
fabricação de produtos (estoques de matérias-primas), ou podem estar em fase de 
produção de produtos (estoque em elaboração) ou podem ser de produtos acabados 
(estoques de mercadorias). Além disso, estoques são classificados no ativo circulante, 
no balanço patrimonial (B.P.) da empresa. A título de exemplo, observe na tabela a 
seguir a conta estoques no B.P. da Cia. Riachuelo S.A.: 
 
 
 Observe que a conta estoque no BP consolidado é de aproximadamente R$ 926 
milhões de reais na data de 31/12/2018. Ainda, essa composição dos estoques é 
mostrada na tabela a seguir: 
 
 
 Como mostrado acima, os estoques eram compostos tanto por produtos 
prontos, em produtos em elaboração e estoques de matéria prima. Assim como os 
 
20 
 
demais ativos, os estoques são reconhecidos, mensurados e evidenciados nas 
demonstrações contábeis. Cada um desses elementos é mostrado a seguir: 
• Reconhecimento dos estoques: estoques são reconhecidos como ativos da 
empresa se a mesma possui capacidade de extrair benefícios econômicos 
futuros com seu uso (como matéria-prima ou venda, no caso de produtos 
acabados). Ou seja, estoques são registrados no B.P. se eles possuem algum 
valor econômico. 
• Mensuração dos estoques: os estoques devem ser mensurados ao custo ou 
pelo valor realizável líquido. O custo refere-se ao custo do produto em si, 
adicionado de quaisquer outros custos para trazer o produto para a empresa 
pronto para condições de uso/comercialização. Ou seja, além do custo do 
produto em si, podem compor o custo dos estoques os fretes de compra, 
seguros, despesas aduaneiras (quando se tratar de produto importado), 
tributos não recuperáveis e quaisquer outros custos relacionados a trazer 
estoque para uso da empresa que o adquire. Já a segunda forma de avaliação 
de estoques, o valor realizável líquido (VRL) é o valor de disposição (venda) 
daquele estoque. A escolha do menor dos dois valores (custo ou VRL) é uma 
decorrência do princípio contábil da prudência, no qual para dois valores de um 
mesmo ativo, escolhe-se o menor. 
• Evidenciação: a evidenciação dos estoques é a prática de detalhar em notas 
explicativas quais são os elementos que compõem o estoque, quais sejam, 
estoques de produtos acabados, em elaboração e matérias-primas. É o que foi 
demonstrado pela Cia. Riachuelo S.A. mostrado na tabela 
 
 Feitas estas considerações iniciais sobre os estoques, segue a contabilização 
básica de entrada de $ 10.000 em estoques, quando o mesmo é adquirido a prazo: 
 
 Portanto, a aquisição dos estoques a prazo aumentou o ativo e o passivo em 
iguais montantes ($10.000), o que manteve a equação patrimonial: Ativo = Passivo + 
PL. Já no caso de compra a vista, a contabilização seria: 
 
 Nessa situação o valor do ativo total não teria alterado, pois somente saiu 
dinheiro do caixa (crédito) e aumentou estoque (débito), e assim como na compra a 
prazo, a equação patrimonial é mantida. 
10.000 10.000
Estoques (ativo) Fornecedores (passivo)
(1) 10.000 XXXXXX 10.000 (1) 
Estoques (ativo) Caixa (ativo)
 
21 
 
 Um outro ponto fundamental nos estoques refere-se à contabilização das 
saídas dos estoques. No caso de estoques de uma empresa que revende mercadorias, 
utilizando o exemplo anterior, teríamos o seguinte lançamento: 
 
 
 Portanto, quando da venda de 50% dos estoques ($ 5.000), deve-se fazer um 
lançamento a crédito na conta estoques e a débito no Custo das Mercadorias Vendidas 
(CMV), pelo respectivo valor. Supondo que essas mercadorias foram vendias a prazo 
por $ 8.000, os lançamentos seriam: 
 
 
 Nessa operação, portanto, o Lucro Bruto foi de $ 3.000, pois tem-se receita de 
$ 8.000 e custos de mercadorias no valor de $ 3.000. 
 Uma das maneiras de se determinar o custo das mercadorias vendidas (CMV) é 
por meio de inventários, que são levantamentos dos saldos de estoques em cada 
período. Um tipo de inventário é o inventário periódico, em que a cada período é 
determinado o estoque final, compara-se com o estoque inicial e as compras feitas no 
período. A partir dessas informações, o CMV é obtido por meio dessa equação: 
 
 
 Assim, a partir do registro dos estoques inicial e final, bem como das compras 
do período, é calculado o CMV. Esse é o método de determinação do CMV por meio do 
inventário periódico. 
 Outra maneira de se obter o CMV (e, consequentemente o valor dos estoques) 
é por meio do inventário permanente. Nesse processo, o controle dos estoques não é 
10.000 5.000 (2) (2) 5.000
Estoques Custo merc. Vendidas (DRE)
8.000 (3) (3) 8.000
Receita de vendas Contas a Receber
 
22 
 
feito por meio de levantamentos periódicos (mensais, bimestrais, semestrais, etc) dos 
estoques, mas é feito um acompanhamento contínuo do valor dos estoques a cada 
transação. É o caso, por exemplo, de grandes redes de varejo (supermercados, lojas, 
etc), que a cada produto que é passado no escâner do caixa, é baixado no estoque, e o 
valor dos estoques (e CMV) é atualizado a cada operação de venda/compra. 
 Para tanto,são usados alguns critérios de valoração de estoques e 
determinação do CMV, cujos principais são: 
i) PEPS: Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair. 
ii) MPM: Média Ponderada Móvel. 
 
 No critério PEPS, são baixados os produtos mais antigos primeiro e, portanto, 
mesmo que os estoques contenham produtos idênticos, mas comprados a preços 
diferentes, são baixados e levados ao CMV os produtos que estão há mais tempo no 
estoque. 
 Já no MPM, a cada compra de novos estoques, é recalculado o valor dos itens a 
serem baixados e, se as compras foram de valores diferentes, o saldo dos estoques (e 
CMV) é feito a partir de uma média ponderada dos itens iguais, mas comprados a 
preços diferentes. A figura a seguir representa esta situação da MPM: 
 
 
 Ou seja, os estoques iniciais foram comprados a $ 10 cada unidade, mas mais 
unidades do mesmo item para os estoques foi mais cara ($ 20), portanto, o saldo final 
dos estoques é uma média ponderada ($15) e, no CVM, será considerado o valor de $ 
15 como custo da mercadoria vendida (unitário). Já se o critério fosse PEPS, uma venda 
de três unidades teria o CMV de $ 10/cada. No MPM, o valor do CMV seria de $ 
15/cada. 
 Portanto, é muito importante o profissional contábil saber qual método de 
inventário, bem como de controle de estoques (PEPS, Média Ponderada Móvel) que a 
empresa adota. Isto porque, a mudança do método pode alterar o valor do custo das 
mercadorias vendidas e, consequentemente, o lucro da empresa. 
 
 
 
23 
 
MÓDULO 8 – ATIVO NÃO CIRCULANTE 
 
Ativo Não Circulante: características gerais 
 Conforme o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, a definição 
de ativo não circulante ocorre por exclusão, ou seja, define-se o que o ativo circulante 
e, aquilo que não se encaixar da definição de ativo circulante será ativo não circulante. 
Assim, tem que o ativo circulante possui as seguintes características: 
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no 
decurso normal do ciclo operacional da entidade; 
(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; 
 (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou 
(d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pronunciamento Técnico 
CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para 
liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data 
do balanço. 
 
Portanto, se um ativo não satisfaz algum dos itens a-d, o mesmo será classificado como 
ativo não circulante. 
 O ativo circulante representa ativos que a empresa não tem a intenção de 
vende-los dentro do ciclo operacional da empresa e são usados para gerar fluxos de 
caixa. 
 Alguns exemplos de ativos não circulantes: 
� Prédios e instalações; 
� Máquinas e equipamentos; 
� Veículos usados nas atividades da empresa; 
� Marcas e patentes; 
 
Como exemplo, segue o ativo circulante e não circulante da Petrobras S.A.: 
 
24 
 
 
 
 Observe que o ativo não circulante possui contas em comum com o ativo não 
circulante, como é o caso do ativo “Contas a receber, líquidas”, que aparece tanto no 
ativo circulante quanto não circulante. O que faz tal fato acontecer, é o prazo de 
recebimento dessas contas. Se as contas vencem em até 1 ano da data das 
demonstrações financeiras (que é 31/12/2019), ou seja, se vencem até 31/12/2020, é 
classificada como ativo circulante. Já se o vencimento é após 31/12/2020, classifica-se 
como não circulante. 
 Ainda, os principais grupos de conta do ativo não circulante são: Realizável a 
Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. Nesse curso de Auxiliar Contábil, 
será dado enfoque ao Imobilizado e ao Intangível. 
 
25 
 
 
Ativo Não Circulante: Imobilizado 
 De acordo com o CPC 27 – Ativo Imobilizado, é um ativo tangível que: 
(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para 
aluguel a outros, ou para fins administrativos; e 
(b) se espera utilizar por mais de um período. 
 
 Nota-se, portanto, que o ativo imobilizado é um ativo tangível, que não 
intenção de vender, mas sim de usar na obtenção de fluxos de caixa e, por fim, será 
utilizado por mais de um período. Cabe ainda ressaltar que o custo de um ativo 
imobilizado corresponde a todo e qualquer desembolso para deixar este ativo em 
condições de uso. Portanto, inclui possíveis fretes de compra, seguros, despesas 
aduaneiras (quando importado), tributos não recuperáveis e honorários profissionais 
(ex.: instalação, calibragem e teste) necessários para deixar o ativo imobilizado em 
condições de uso. 
 A contabilização inicial de um ativo imobilizado é pelo custo de aquisição. 
Assim, a título de exemplo, suponha que uma empresa comprou um ativo imobilizado 
por $ 1000 (já incluso fretes, seguros, etc) e pagou a vista. O lançamento ficaria então: 
 
 Ou seja, lançamento a crédito na conta caixa (pelo pagamento a vista) e a 
débito na conta Imobilizado (pela aquisição do Imobilizado). Observe que estes 
lançamentos não alterou o total do ativo da empresa, apenas saiu dinheiro do caixa 
(não circulante) e surgiu uma conta no não circulante (imobilizado). Pode-se também 
fazer o lançamento dessa maneira: 
D – Ativo Imobilizado: $ 1000 
C – Caixa: $ 1000 
 Como já comentado, as empresas possuem software com plano de contas que 
descrevem qual o número de cada uma das contas aqui utilizadas (Ativo Imobilizado e 
Caixa). 
 Por fim, a partir do momento que um ativo imobilizado está pronto para uso, 
ele pode sofrer desgaste pelo seu próprio uso, ou mesmo obsolescência. 
Contabilmente, esse reconhecimento da perda de valor pelo uso/obsolescência é feito 
por meio da depreciação. Dessa maneira, depreciar um ativo imobilizado é reconhecer 
que tal ativo perdeu valor ao longo do tempo. Por exemplo, o imobilizado do exemplo 
XXXXXXXX 1.000 (1) (1) 1.000
Caixa Ativo Imobilizado
 
26 
 
anterior, o qual foi adquirido por $ 1000 e tem uma vida útil estimada de 5 anos, pois 
após esse prazo, o ativo será vendido como usado a um preço de esperado de $ 200 
(também chamado de valor residual esses $ 200). Dessa maneira, a depreciação anual 
é calculada por: (Vr. Aquisição – Vr. Residual)/Vida útil, o que fica: 
Depreciação Anual = ($ 1000 - $ 200)/5 = $ 160/ano. 
 Portanto, a cada ano, deve-se reconhecer uma perda do valor do ativo 
imobilizado no valor de $ 160. Os lançamentos contábeis da depreciação são: 
 
 
Ou ainda: 
D – Despesa de Depreciação: $ 160 
C – Ativo Imobilizado: $ 160 
 
Note que neste caso, há uma redução de $ 160 no valor do ativo imobilizado (BP) e 
reconhece-se uma despesa (DRE) de depreciação de $ 160. E esse processo é repetido 
ano a ano até que o ativo seja completamente depreciado. 
 
Ativo Não Circulante: Intangível 
 Assim como no caso do ativo imobilizado, a entidade possui um ativo intangível 
com a intenção de usá-lo, e não o vender. No entanto, diferente do imobilizado, o 
ativo intangível não possui substância corpórea, ou seja, não é físico. Por exemplo, um 
exemplo de ativo intangível são marcas ou patentes que a empresa tenha adquirido. 
Dessa maneira, como descrito no CPC 04 – Ativo Intangível, é definido como ativo 
intangível um ativo não monetário identificável e sem substância física. 
 Exemplos de intangíveis: marcas registradas, patentes, softwares, direitos de 
exploração, dentre outros. Na economia do século XXI, cada vez mais têm-se empresas 
baseadas em intangíveis. Basta fazer uma visita a um shopping e você verá intangíveis 
por todos os lados, como marcas de vestuário, nome de lojas, franquias, etc. 
 Já a contabilização do intangível é muito semelhante à do ativo imobilizado. Por 
exemplo, imagine que um casal abriu uma um restaurante no shopping e irá usar uma 
marca de uma grande rede de fast-food. Para ter esse direito, pagou $ 100.000 a vista. 
Portanto, os lançamentos são:1.000 160 (1) (1) 160
840 160 
Despesa de DepreciaçãoAtivo Imobilizado
 
27 
 
 
Ou ainda: 
D – Ativo Intangível: $ 100.000 
C – Caixa: $ 100.000 
 Ainda, ativos intangíveis estão sujeitos à amortização, que desempenha um 
papel semelhante da depreciação no ativo imobilizado, qual seja, reconhecer a perda 
do valor econômico do ativo intangível. Por exemplo, no caso do direito de uso da 
marca de fast-food, suponha que esse direito tenha sido adquirido por 10 anos. 
Portanto, a cada ano, é reconhecida amortização de 10% do ativo intangível e, os 
lançamentos são: 
 
Ou ainda: 
D – Despesa de Amortização: $ 10.000 (10% dos $ 100.000) 
C – Despesa de Amortização: $ 10.000 
 
Ativo Não Circulante: O Teste de Recuperabilidade (Impairment) 
 Os ativos não circulantes estão sujeitos ao teste de recuperabilidade, também 
conhecido como teste de impairment, tal como descrito no CPC 01 – Redução ao Valor 
Recuperável de Ativos. Dessa maneira, tanto imobilizado quanto intangível, por serem 
ativos não circulantes estão sujeitos a este teste. Mas o que seria este teste? Um 
exemplo da aplicação deste teste está no título desta reportagem: 
XXXXXXXX 100.000 (1) (1) 100.000
Caixa Ativo Intangível
100.000 10.000 (1) (1) 10.000
Despesa de AmortizaçãoAtivo Intangível
 
28 
 
 
 
 A “baixa contábil” descrita na reportagem é o resultado da aplicação do teste 
de impairment (recuperabilidade). Isto porque, este teste busca trazer o valor dos 
ativos não circulantes ao seu Valor Recuperável. O valor recuperável é o maior entre o 
Valor em Uso e o Valor Realizável Líquido (VRL). São as seguintes definições: 
Valor em Uso: é o valor presente dos benefícios econômicos esperados com o uso 
daquele ativo não circulante (imobilizado e intangível, por exemplo). 
VRL: é o valor obtido com a venda de um ativo (ex.: imobilizado e intangível), menos as 
despesas de vendas, como comissões e algum outro desembolso necessário para 
venda. 
 A partir dos dados do exemplo de imobilizado deste módulo. Ao final do 
primeiro ano, o valor contábil líquido do imobilizado era de $ 840 (ver lançamentos 
anteriores). No entanto, alguns ativos, como o imobilizado, podem perder valor tanto 
pela depreciação, quanto por redução de expectativas de fluxos de caixa. O exemplo 
da reportagem anterior sobre a Shell é um exemplo, pois a piora das projeções 
macroeconômicas reduz expectativas de rentabilidade do imobilizado. 
 Voltando ao exemplo hipotético, se o valor contábil líquido era de $ 840, deve-
se comparar o mesmo com o valor recuperável. Este por sua vez representa o maior 
entre o VRL e o Valor em Uso. Suponhas que esses valores sejam: 
VRL: $ 800 
Valor em Uso: $ 820 
 Então, o valor recuperável é o maior entre os dois, ou seja, $ 820. No entanto, 
contabilmente está registrado ao final do ano por $ 840. Neste caso, deve-se fazer uma 
baixa contábil (daí o termo baixa contábil na reportagem da Shell) no valor de $ 20. Os 
lançamentos seriam: 
 
29 
 
 
 
Ou então: 
D – Despesa com Impairment (DRE): $ 20 
C – Ativo Imobilizado 
 
 A lógica na aplicação no teste de impairment é trazer o valor de um ativo ao 
valor econômico, pois como a contabilidade registra eventos passados, o valor 
recuperável faz uma análise de expectativa futura do valor de um ativo e, portanto, 
corrige o valor contábil ao valor econômico. Da mesma maneira, o teste de 
impairment também é aplicado aos ativos intangíveis, para mostrar o valor desses 
ativos ao valor de mercado. Como sugestão, o leitor pode pensar o que aconteceu com 
o valor de uma licença de um motorista de táxi a partir do momento que surgem os 
aplicativos como Uber, 99 e outros. A licença é um ativo intangível e, com o 
surgimento dos aplicativos, o valor da licença perderia valor? (Pense). A contabilização 
é semelhante àquela do ativo imobilizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
840 20 (1) (1) 20
820 20 
Ativo Imobilizado Despesa de c/ Impairment
 
30 
 
MÓDULO 9 – PASSIVOS: PRINCIPAIS CONTAS E 
PROVISÕES 
 Segundo o CPC 00 – Estrutura Conceitual pra Relatório Financeiro, em seu 
parágrafo 4.26: 
 
“Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico 
como resultado de eventos passados”. 
 
 Nota-se, portanto, nesta definição que o passivo descreve uma obrigação 
assumida (no passado) que a entidade possui de entregar (no futuro) um recurso 
(caixa, por exemplo) para outra entidade. Alguns exemplos de passivo: fornecedores, 
salários a pagar, empréstimos/financiamentos a pagar, dentre outros. Como exemplo 
observe o passivo do Atacadão S.A.: 
 
 
 Assim como o ativo, os passivos são divididos em circulante e não circulante. 
Lembre-se que este critério está relacionado com o prazo de exigibilidade (pagamento) 
destes passivos. No caso do Atacadão S.A., a conta de maior representatividade no 
passivo é a conta fornecedores, natural para este tipo de empresa, que são redes de 
supermercados/atacados. 
 No entanto, uma conta que deve ser observada com cuidado nos passivos de 
todas as empresas são as contas provisões. Isto porque as provisões são baseadas em 
estimativas, e não valores conhecidos, como é o caso de quando você compra de um 
fornecedor e já no início sabe-se o valor da mercadoria. 
 
31 
 
 Já as provisões possuem característica diferente, pois são estimativas de saídas 
futuras de caixa. Na definição do CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos 
Contingentes, em seu parágrafo 10, tem-se que: 
 
“Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos” 
 
 Portanto, uma provisão envolve, por natureza, estimativa e, como toda 
estimativa, pode ser maior ou menor do que o esperado. Por isso, o registro de uma 
provisão deve obedecer alguns princípios que estão no CPC 25, quais sejam: 
i) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado 
de evento passado; 
ii) seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam 
benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e 
iii) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação. 
 
 Caso algumas dessas condições não sejam satisfeitas, não se deve reconhecer 
uma provisão. 
 Alguns exemplos de provisões são: 
a) Provisão para riscos trabalhistas: decorrentes de ações trabalhistas em âmbito 
judicial na qual a empresa está sendo processada, mas ainda não se sabe o 
valor exato da saída de recursos; 
b) Provisões para riscos tributários: decorrentes de processos tributários que a 
empresa seja parte acionada pelo fisco, mas que ainda não se sabe o desfecho; 
c) Provisões cíveis: decorrentes de processos que a empresa seja parte requerida 
a pagar alguma indenização, mas que ainda não está definido o valor. 
 
No caso do Atacadão S.A., as provisões são as seguintes: 
 
 
 
 
32 
 
 Portanto, a empresa tem um total de aproximadamente R$ 3 bilhões em 
provisões registrados no seu passivo, do qual mais de 2/3 são relacionados aos 
processos tributários os quais a empresa ainda discute no âmbito 
administrativo/judicial. 
 Desta maneira, o profissional contábil deve estar atento às potenciais 
ocorrências/eventos que possam afetar as provisões (aumento/diminuição), de forma 
a produzir relatórios contábeis atualizados com os eventos pelos quais a empresa 
esteja passando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
MÓDULO 10 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A DMPL 
 
 O Patrimônio Líquido (PL) representa a parcela de participação dos sócios no 
financiamento da empresa. Por meio da equação patrimonial, a figura ilustra este 
exemplo: 
 
 
 Tem-se que o ativo tem parte de seus recursos oriundos de capital de terceiros 
(credores) e parte do capital próprio (PL). Portanto, o PL representa o quanto do 
capital dos sócios estão financiando a empresa. Como exemplo, segue a conta PL das 
Lojas RiachueloS.A.: 
 
 
 Observa-se que a conta capital social, que é o dinheiro dos sócios aplicados na 
empresa não mudou entre os anos 2017 e 2018, mas a conta PL alterou de R$ 3,9 
bilhões em 2017 para R$ 4,9 bilhões em 2018. Esse aumento foi devido ao lucro 
apurado na DRE, que é trazido para PL (conta: reserva de lucros) e, que 
posteriormente será destinado a reinvestimento na empresa e/ou distribuído aos 
sócios. 
 Uma demonstração que auxilia nessa análise do processo de destinação dos 
lucros é a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), onde são 
mostradas a movimentação da conta PL em determinado período. Para exemplificar, 
segue a seguir a DMPL das Lojas Renner S.A. 
 
34 
 
 
 
35 
 
 Observe que do lucro líquido de pouco mais de R$ 1 bilhão no ano de 2019, a 
empresa destinou para reservas de expansão quase R$ 400 milhões. Estas reservas são 
recursos que a empresa mantém guardados a fim de fazer expansão/aquisições em 
momentos futuros. Além disso, analistas de mercado financeiro, utilizam a DMPL a fim 
de verificar se a empresa está reservando recursos para estratégias 
futuras/modernização. Além disso, a DMPL mostra também toda a destinação do lucro 
do período, é, portanto, fundamental para aqueles que buscam compreender como a 
empresa distribui seus resultados. 
 O profissional contábil, ao compreender a DMPL consegue analisar como o 
patrimônio dos sócios alterou-se em determinado período, bem como propor medidas 
para manutenção e aumento do patrimônio dos mesmos, como a destinação de parte 
de lucros para reservas de expansão, de forma a manter a empresa capitalizada para 
quando surgirem oportunidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
MÓDULO 11 – A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 
DO EXERCÍCIO (DRE) 
 
 Como já mencionado anteriormente neste curso, a Demonstração do Resultado 
do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil preparada sob o regime de 
competência, cujo propósito é mostrar o desempenho da entidade em determinado 
período, ou seja, se apresentou lucro ou prejuízo. Como exemplo observe a DRE da 
Magazine Luiza S.A.: 
 
 
 Essa DRE refere-se a dois períodos, de 01/01/2018 a 31/12/2018 (ano 2018) e 
de 01/01/2019 a 31/12/2019 (ano 2019). Em ambos anos a empresa apresentou lucro, 
aliás, um aumento de mais de 54% do lucro entre 2018 e 2019. 
 Como descrito, a DRE é elaborada considerando-se o regime de competência, 
portanto, dos quase R$ 20 bilhões em vendas no ano de 2019, nem tudo foi recebido 
(pois a empresa vende muito a prazo), mas o fato de a venda ter sido realizada em 
 
37 
 
2019, o valor da venda deve ser incluído na DRE de 2019. Assim ocorre com as 
despesas, as quais ainda serão pagas, mas o fato gerador (incorreu) no ano de 2019. 
 Algumas informações importantes a serem extraídas da DRE são alguns 
indicadores de desempenho, como margem bruta, operacional e líquida. Tais margens 
mostram o quanto da receita é convertida em lucro bruto, operacional e líquido. 
 Por exemplo, no ano de 2019, a margem bruta da Magazine Luiza S.A. foi de: 
 
 
 
 
 Portanto, de cada R$ 1 de receita, aproximadamente 28% refere-se à custo da 
mercadoria vendida (CMV). Da mesma forma, pode-se calcular a margem operacional: 
 
 
 Ou seja, de cada R$ 1 de receita, apenas R$ 0,06 são de lucro da operação em 
si. Por fim, pode-se calcular a margem líquida: 
 
 
 
 
 O valor de 4,64% da margem líquida mostra que, de cada R$ 1,00 de receita 
que a empresa apurou em 2019, R$ 0,0464 foram convertidos em lucro para os sócios. 
 Tais informações de margem são muito importantes para profissionais 
contábeis que buscam comparar desempenho da empresa ao longo do tempo, bem 
como comparar empresas dentro do mesmo setor. Isto permite compreender o 
posicionamento do desempenho da empresa e tomar medidas para melhorias futuras. 
 
 
Lucro Bruto
Receita Vendas
Margem Bruta
5.553.961,00R$ 
19.886.310,00R$ 
Margem Bruta = 27,90%
Lucro Operacional
Receita Vendas
Margem Operacional
1.288.563,00R$ 
19.886.310,00R$ 
Margem Operacional = 6,48%
Lucro Líquido
Receita Vendas
Margem Líquida
921.828,00R$ 
19.886.310,00R$ 
Margem Operacional = 4,64%
 
38 
 
MÓDULO 12 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE 
CAIXA (DFC) 
 
 A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é uma demonstração contábil que 
tem como objetivo avaliar a variação dos saldos de caixa e equivalentes de caixa de 
uma empresa em determinado período. 
 De acordo com o CPC 03: 
 
“Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis” 
“Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que 
são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a 
um insignificante risco de mudança de valor”. 
 
 Portanto, a DFC mostra como não só o caixa em si, mas recursos de caixa 
aplicados no curto prazo (equivalentes de caixa) alteram em determinado período. 
Trata-se de uma demonstração muito importante para avaliar a capacidade de geração 
de caixa de uma empresa, bem como quais são as atividades que consomem mais 
caixa. Aqui é falado atividade pelo fato que a DFC separa os caixas em três atividades: 
operacionais, investimento e financiamento. Também de acordo com o CPC 03: 
 
“Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade 
e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento”. 
 
“Atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo 
prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa”. 
 
“Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e 
na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade”. 
 
 Na próxima página é mostrada a DFC das Lojas Riachuelo S.A. como exemplo. 
 
39 
 
 
 
 
40 
 
 Podem ser observados (em destaque) os três tipos de caixa das Lojas Riachuelo: 
operacional, de investimento e de financiamento. Os valores entre parênteses indicam 
consumo de caixa (saída de caixa) e aqueles que não estão são entrada (geração) de 
caixa. Por exemplo, quando a empresa aumenta estoques, indica consumo de caixa, 
mas se também aumenta a conta fornecedores, representa geração de caixa (o 
fornecedor está financiando a empresa). Da mesma maneira, se a empresa obteve um 
financiamento, trata-se de uma geração (entrada) de caixa, ao passo que quando paga 
esses financiamentos é uma saída (consumo de caixa). 
 A DFC é uma demonstração que, como já mencionado, é preparada segundo o 
regime de caixa, mas que não deve ser analisada de forma isolada da DRE, que é 
preparada pelo regime de competência. Isto porque, uma empresa pode apresentar 
lucro (na DRE), mas variação negativa nos saldos de caixa e equivalentes de caixa na 
DFC. De forma inversa, uma empresa pode apresentar um prejuízo em determinado 
período, observado na apuração da DRE, mas apresentar aumento nos saldos de caixa 
e equivalentes de caixa, o que pode levar a pensar que a empresa está em boa 
situação, quando na verdade pode não estar. 
 Portanto, o profissional contábil deve analisar a DRE e a DFC de forma conjunta, 
pois assim terá condições de fazer uma avaliação mais completa da situação 
econômico-financeira da empresa, para então conseguir tomar melhores decisões e 
aconselhamentos de negócios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO 13 – ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO 
CONTÁBIL 
 
 A contabilidade como uma linguagem de negócios possui alguns atributos para 
torná-la de melhor qualidade. Tais atributos estão expressos no CPC 00 – Estrutura 
Conceitual para Relatório Financeiro, aprovado pelo Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (CPC) em 2019. Tais atributos são: Relevância, Representação Fidedigna, 
Comparabilidade, Tempestividade, Compreensibilidade e Capacidadede Verificação. 
 A Relevância está relacionada o fato de que somente deve ir para relatórios 
financeiros, bem como não deve ser deixado de lado, informações relevantes. Assim, 
informações que possam fazer diferença em toma de decisão por parte dos usuários 
dos relatórios contábeis devem estar nas demonstrações contábeis, inclusive em notas 
explicativas. 
 A Representação Fidedigna está relacionada ao fato de que os relatórios 
contábeis não podem ser viesados, ou seja, tendenciosos para mostrar algo que, em 
essência não é. Diz-se que a informação contábil deve ser neutra, relatar eventos 
econômicos, sem otimismo/pessimismo. 
 A Comparabilidade é um atributo que é atingido quando são praticados os 
fundamentos da boa contabilidade de maneira consistente (sem mudanças a todo o 
momento), bem como são observados as normas contábeis emitidas pelo CPC. 
 A Tempestividade está relacionada com o fato de que, sempre que houver um 
evento econômico que tenha reflexo nas demonstrações contábeis, tais eventos 
devem ser registrados imediatamente (de forma tempestiva), de forma que o usuário 
da informação contábil tenha relatórios atualizados. 
 A Compreensibilidade é um atributo da linguagem contábil, a qual deve ser 
compreensível aos seus usuários, portanto, estruturada e mostrada de maneira clara, 
objetiva e direta, sem ambiguidades. 
Já Capacidade de Verificação está relacionada ao fato de que todos os eventos 
contábeis são registrados e que são passíveis de verificação com relação à 
fundamentação do registro contábil. Tal atributo é muito usado por auditores 
contábeis, pois a tarefa do auditor é verificar as informações contidas nos relatórios 
contábeis. 
 Por fim, além desses atributos, um profissional contábil deve também ter em 
sua base de atuação dos conceitos que são alicerce da prática contábil. 
O primeiro é o conceito de Entidade, que é uma unidade econômica que possui 
um patrimônio, como uma empresa, um órgão público ou mesmo uma pessoa. Assim, 
uma entidade possui um patrimônio próprio que não se confunde com o patrimônio 
 
42 
 
de outra entidade. Dessa maneira, o patrimônio da empresa não se confunde com o 
patrimônio dos sócios e, portanto, devem ser mantidos e gerenciados de maneira 
independente. Para usar o ditado popular: “dinheiro da empresa é dinheiro da 
empresa, e não deve ser misturado com o dinheiro dos sócios”. 
Já o segundo conceito é o da Continuidade, o qual a empresa é criada e os 
relatórios contábeis são preparados assumindo que a empresa continuará no tempo, 
portanto, será continuada. Caso tal fundamento não seja mais observável (como é 
caso de um processo de falência), os relatórios precisam refletir tal situação, pois os 
ativos não serão mais usados, mas sim vendidos, situação na qual pode fazer com que 
o valor dos mesmos reduza, o que reduziria o patrimônio dos sócios. 
 Tais atributos da informação contábil, em conjunto com os conceitos de 
Entidade e Continuidade são alicerces na boa formação do profissional contábil, pois a 
boa elaboração e análise de relatórios contábeis têm como premissa estes 
fundamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO 14 – Resumo do Conteúdo do Curso 
 
 Este curso de Formação do Auxiliar Contábil buscou mostrar os fundamentos 
para preparar um profissional que iniciará sua carreira nessa área, bem como 
interessados em conhecer um pouco sobre contabilidade para fins próprios ou 
profissionais. 
 A discussão aqui foi iniciada com a apresentação do que seria a contabilidade, 
qual seja, uma linguagem de negócios que registra eventos econômicos, a fim de 
produzir relatórios da tomada de decisão. Foi mostrado que o processo contábil 
envolve três elementos fundamentais: reconhecimento, mensuração e evidenciação. 
 Em seguida foram mostradas as demonstrações contábeis e as principais contas 
que compõem tais demonstrações. Assim, iniciou-se a apresentação do Balanço 
Patrimonial (BP) e suas principais contas, da Demonstração do Resultado do Exercício 
(DRE) e sua inter-relação com o BP. 
 Também se discutiu a DMPL, uma demonstração contábil muito importante 
para compreender o processo de destinação do lucro da empresa, bem como analisar 
as mudanças dos recursos dos sócios investidos na empresa (o PL). 
 Em seguida a DRE, uma demonstração que trata do desempenho 
(lucro/prejuízo) empresarial em determinado período também foi tema de um módulo 
e vídeo aulas. Algumas medidas de análise da DRE (margem bruta, operacional e 
líquida) também foram apresentadas, pois são métricas que auxiliam no processo de 
tomada de decisão com base nas demonstrações contábeis. 
 Ainda, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) foi mostrada, os principais 
caixas que compõem as variações dos saldos de caixa e equivalentes de caixa de uma 
empresa em determinado período. Lembre-se que se trata de uma demonstração 
preparada segundo o regime de caixa, diferentemente da DRE, que é preparada 
segundo o regime de competência. Todavia, como mencionado aqui nesta apostila e 
nas vídeo-aulas, são demonstrações que devem ser analisadas de maneira conjunta, 
pois tanto DRE quanto DFC contêm informações valiosas para a gestão empresarial. 
 Por fim, discutimos os atributos da informação contábil, bem como os 
pressupostos da Entidade e Continuidade, os quais são usados no preparo de 
relatórios contábeis. Tais atributos e pressupostos norteiam toda a aplicação da boa 
contabilidade nas empresas. 
 Espera-se que, ao concluir este curso, tenha aumentado seu conhecimento 
sobre contabilidade e esteja preparado para novos desafios na área contábil. Conte 
com o IPECONT nessa sua jornada! 
 
Bons Estudos! 
 
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REFERÊNCIAS: 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Curso de Contabilidade para Gestores, Analistas e 
Outros Profissionais. 2ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
 
GELBECKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIUS, S.; MARTINS, E. Manual de Contabilidade 
Societária. 3ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
 
SALOTTI, B. M. et al. Contabilidade Financeira. São Paulo: Gen/Atlas, 2019.

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