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CURSO DE FORMAÇÃO DO AUXILIAR CONTÁBIL APOSTILA DE ESTUDO PROF. MARÇAL SERAFIM CÂNDIDO Módulo 1 - Introdução 1 Módulo 2 - Fundamentos de Contabilidade e o Balanço Patrimonial 5 Módulo 3 - Lançamentos Contábeis e o Balanço Patrimonial 8 Módulo 4 - Balanço Patrimonial e Interação com a DRE 12 Módulo 5 - Regime de Caixa e Regime de Competência 15 Módulo 6 - Contas a Receber: contabilização e a Perda Estimada 17 Módulo 7 - Métodos de Controle e Avaliação de Estoque 19 Módulo 8 - Ativo Não Circulante 23 Módulo 9 - Passivo: principais contas e provisões 30 Módulo 10 - Patrimônio Líquido e a DMPL 33 Módulo 11 - A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 36 Módulo 12 - Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) 38 Módulo 13 - Atributos da Informação Contábil 41 Módulo 14 - Resumo do Conteúdo do Curso 43 REFERÊNCIAS 44 SUMÁRIO 1 MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO O que iremos aprender No curso de Formação do Auxiliar Contábil o participante passará a entender qual a finalidade da contabilidade, compreender as principais demonstrações contábeis, quais sejam: i) Balanço Patrimonial (BP). ii) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). iii) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). iv) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Ao final desse treinamento, o participante terá capacidade de identificar como é estruturada cada uma dessas demonstrações, bem como efetuar lançamentos contábeis e analisar o efeito de tais lançamentos na posição econômica, patrimonial e financeira da empresa. Para tanto, serão utilizadas demonstrações de empresas reais e de conhecimento nacional, para ilustrar como os relatórios contábeis são estruturados. São enfatizados relatórios contábeis de empresas vencedoras do Troféu Transparência da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), pois representam as melhores práticas de relatórios contábeis aplicadas ao Brasil. A contabilidade: propósito e situação no Brasil A contabilidade é um ramo do conhecimento que lida com registros de eventos econômicos e produção de informação para tomada de decisão. Quando se diz registro de eventos econômicos, quer dizer registrar compra, venda, produção e demais atividades que uma entidade (ex.: empresa, órgão público, ou mesmo pessoa) realiza. Tal registro de eventos econômicos, seguindo um processo sistematizado de estruturação dessas informações, produz os relatórios contábeis já mencionados: BP, DRE, DFC e DMPL, dentre outros. Portanto, pode-se dizer que a contabilidade é uma linguagem de negócios. Como toda linguem, ela segue alguns parâmetros. Por exemplo, quando alguém está aprendendo português entende o que é sujeito, verbo, adjetivo, etc. Na contabilidade, não é diferente. Aprende-se sobre o que são cada elemento que compõem os relatórios contábeis, ainda, a língua falada naqueles relatórios. Sim, isso 2 mesmo, a língua. Pode-se aprender gramática da língua portuguesa, bem como gramática da língua inglesa. No entanto, na contabilidade, a partir de 2008, com a aprovação da Lei 11.638/2008, não há uma linguagem brasileira na contabilidade, uma vez que a contabilidade brasileira passou a seguir contabilidade internacional, aplicada em mais de 140 países. Assim, a partir daquele ano, as demonstrações contábeis passaram a ser no formato IASB (International Acocunting Standard Boards), que no Brasil, é traduzido emitido pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis)1. Assim, atualmente adota-se no Brasil a mesma linguagem contábil adotada nos mais importantes países do mundo, o que faz com que um bom profissional contábil aqui no Brasil, possa trabalhar em outro país, tendo que aprender somente o idioma do exterior, pois a norma contábil do Brasil é a mesma adotada no exterior. Essas normas internacionais de contabilidade, conhecidas como as IFRS (International Financial Reporting Standards), são adotadas no Brasil por meio dos CPCs, os quais serão vistos alguns neste curso. Por fim, ao final de alguns módulos (como nesse módulo 1), há alguns textos que foram publicados em veículos de imprensa ligados à negócios que auxiliam na compreensão e reflexão dos assuntos estudados. Texto de Final de Módulo: IFRS no Brasil 1 Sobre o CPC, ver: http://www.cpc.org.br/CPC 3 4 5 MÓDULO 2 – FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE E O BALANÇO PATRIMONIAL A contabilidade, como já mencionado por Warren Buffet, um dos maiores investidores do mundo, é uma linguagem de negócios. Enquanto linguagem, a contabilidade transmite informações aos usuários dos relatórios contábeis, dentre os quais estão o Balanço Patrimonial (BP). O BP é uma demonstração que mostra a posição patrimonial-financeira de uma entidade (empresa, órgão público, ou mesmo indivíduo) em determinada data, ou seja, uma “fotografia” da posição patrimonial-financeira em um momento do tempo. Ainda, o BP é composto por três grandes grupos de contas, quais sejam: ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO, cujas definições são mostradas a seguir: ATIVO: é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. PASSIVO: Obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. PATRIMÔNIO LÍQUIDO: Participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) são denominadas contas patrimoniais, pois mostram o patrimônio da entidade em determinado momento do tempo (que pode ser final de um ano, semestre, etc). Ainda, SEMPRE, no BP temos que ter a igualdade: ATIVO = PASSIVO + PL Essa igualdade representa que, todos os ATIVOS (que nada mais são que seus recursos disponíveis, como caixa, estoques, máquinas, etc) da entidade foram comprados com recursos vindos de duas fontes, ou de terceiros (empréstimos, financiamentos, fornecedores), representado pelo PASSIVO, ou recursos dos sócios, que são o PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL). Para exemplificar alguns tipos de contas que compõem ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL), segue o BP do Atacadão S.A., empresa do grupo Carrefour Brasil S.A.: 6 ATIVO – ATACADÃO S.A. Observe que o Ativo é dividido em dois grupos, Ativo Circulante e Ativo não Circulante, e essa classificação busca mostrar elementos que possuem giro (serão vendidos, transacionados) dentro do ciclo operacional da empresa (que geralmente é em até 1 ano) e aqueles que a empresa não tem intenção de dispor do ativo dentro de 1 ano (ativo não circulante). Por exemplo, os estoques do Atacadão S.A., que é uma rede de supermercados/atacados, têm a expectativa de transacionar os estoques em até 1 ano, portanto, estoques estão no ativo circulante. Já o ativo imobilizado, que representas os prédios, instalações e veículos de entrega, por exemplo, não há intenção da empresa em vende-los, pois não fazem parte do negócio da empresa transacionar este tipo de ativo. Portanto, tais ativos, são classificados no ativo não circulante. Nota-se, assim, que a classificação entre ativo circulante e não circulante está relacionada com a intenção da empresa com relação a tal ativo, bem como o negócio principal da empresa. Por exemplo, se o Atacadão fosse uma empresa de revenda de caminhões, então tais veículos deveriam estar no ativo circulante (estoques), pois o negócio principal da empresa seria revenda de caminhões. Feitas essas considerações, agora será analisado o passivo e PL do Atacadão S.A. 7PASSIVO E PL – ATACADÃO S.A. Assim como os ativos, os passivos também são divididos entre circulante e não circulante. Aqui o critério de divisão está baseado na exigibilidade dos passivos, pois aqueles passivos que a empresa tem que pagar em até 1 ano, são classificados como circulante e aqueles que são acima de 1 ano, não circulante. Desta maneira, se a empresa contrai um empréstimo para ser pago em 36 parcelas, inicialmente, as 12 primeiras ficam registradas no passivo circulante e as 24 restantes no passivo não circulante. Então, a medida que o tempo passa, mês a mês, os valores que estão no passivo não circulante são transferidos para o circulante. Observe este caso no passivo do Atacadão S.A., no qual há a conta empréstimo tanto no passivo circulante quanto no passivo não circulante. O mesmo ocorre com a conta “Operações com cartão de crédito”, que há valores tanto no passivo circulante, quanto no passivo não circulante. Após essa compreensão inicial sobre o BP, no próximo módulo serão mostrados os lançamentos contábeis que são feitos para se obter um BP. 8 MÓDULO 3 – LANÇAMENTOS CONTÁBEIS E O BALANÇO PATRIMONIAL Uma tarefa que um Auxiliar Contábil irá desempenhar será o de fazer lançamentos contábeis para fazer um BP da empresa em determinado momento. Portanto, é de fundamental importância que esteja familiarizado com os fundamentos dos lançamentos contábeis que permitem a estruturação de um BP de maneira correta. O primeiro ponto a ser observado é que a estrutura do BP, como mostrado no módulo 2 é essa: Ainda, que a equação patrimonial ATIVO = PASSIVO + PL deve ser observada. Além disso, o Auxiliar Contábil deve entender o que são lançamentos a débito e a crédito. Para tanto, auxilia muito a compreensão dos “razonetes” ou também chamada “conta T”, que tem o seguinte formado: Esses razonetes auxiliam a entender como lançamentos são feitos e como afetam ativos, passivos e PL. Tem-se que, do lado esquerdo do razonete são os ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($) Circulante Circulante Não Circulante Não Circulante Patrimônio Líquido TOTAL DO ATIVO TOTAL PASSIVO+PL EMPRESA "APRENDIZADO LTDA" Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020 9 lançamentos a débitos e, como o ativo está do lado esquerdo do BP, lançamentos a débito aumentam o ativo. Já os lançamentos do lado direito do razonete aumentam o passivo e/ou PL, pois estes estão do lado direito do BP. De forma inversa, se lançamentos a crédito (lado direito do razonete) são feitos em contas do ativo (lado esquerdo do BP), reduz-se o ativo. Da mesma maneira, lançamentos a débito (lado esquerdo do razonete) são feitos em contas do passivo/PL (lado direito do BP), reduz- se passivo/PL. Fica assim então: Adicionalmente, deve-se atentar que todo lançamento a débito há pelo menos um lançamento a crédito correspondente e, ainda, o valor total de lançamentos a débito deve ser igual o valor total de lançamentos a crédito: Vejamos alguns de lançamentos contábeis e seus reflexos no BP desde o momento de formação de uma empresa: � Em 02/01/20X1 – Abertura da empresa pelos sócios. Aportam capital de $ 10.000 na empresa, em dinheiro. Nos razonetes ficaria: Observe, um lançamento a débito no valor de $ 10.000 (Caixa) e outro a crédito (capital social) também no valor de $ 10.000. Pergunta: Por que caixa é ativo? Lembre- se da definição de ativo, é um recurso controlado pela entidade (empresa) no qual se espera benefício econômico com o caixa. Ora, caixa atende esse requisito. Já a conta capital social representa o valor investido pelos sócios na empresa, portanto, uma conta no PL. No BP ficaria: (1) 10.000 10.000 (1) Caixa (Ativo) Capital Social (PL) 10 Observe que a equação patrimonial (ATIVO = PASSIVO + PL) foi mantida. Além disso, como Auxiliar Contábil você será demandado para registrar eventos econômicos como este, como a criação de uma empresa, e seus reflexos posteriores no BP. Por exemplo, se a empresa faz compras de mercadorias para revenda no valor de $ 5.000, metade a vista e metade para ser pago em 30 dias, os lançamentos seriam: Note que um lançamento a débito (compra de mercadorias) fez com que houvesse dois lançamentos a crédito (pagamento de 50% a vista e 50% a prazo). No BP ficaria então: Agora o saldo de caixa é de $ 7500, pois havia $ 10.000 (débito) mas foi usado $ 2.500 (crédito) para pagamento de 50% da mercadoria a vista. Uma conta nova foi ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($) Circulante Circulante Caixa 10.000 Não Circulante Não Circulante Patrimônio Líquido Capital Social 10.000 TOTAL DO ATIVO 10.000 TOTAL PASSIVO+PL 10.000 EMPRESA "APRENDIZADO LTDA" Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020 (2) 5.000 (1) 10.000 2.500 (2) 2.500 (2) Estoques Caixa (Ativo) Fornecedores ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($) Circulante Circulante Caixa 7.500 Fornecedores 2.500 Estoques 5.000 Não Circulante Não Circulante Patrimônio Líquido Capital Social 10.000 TOTAL DO ATIVO 12.500 TOTAL PASSIVO+PL 12.500 EMPRESA "APRENDIZADO LTDA" Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020 11 adicionada ao ativo, a conta estoques (lembre-se da definição de ativo e certifique-se de que a conta estoque é ativo), assim como uma nova conta no passivo (fornecedores). E, finalmente, a equação patrimonial (ATIVO = PASSIVO + PL) é mantida. Por fim, a empresa fez um financiamento para aquisição de um galpão onde serão estocados os produtos. O valor do galpão é de $ 48.000 e foi financiado em 24 parcelas. Os lançamentos podem ser feitos também de forma analítica (sem os razonetes) da seguinte maneira: Débito (D) – Galpão (ativo não circulante): $ 48.000 Crédito (C) – Financiamentos (passivo circulante): $ 24.000 Crédito (C) – Financiamentos (passivo não circulante): $ 24.000 Note, que o valor do financiamento (um passivo), possui metade no passivo circulante e metade no passivo não circulante, dado o prazo de 24 meses. No BP ficaria: Novamente, a equação patrimonial está mantida (ATIVO = PASSIVO + PL), e a mesma será mantida se os lançamentos contábeis foram feitos de maneira correta. Por isso é fundamental que o profissional contábil conheça o efeito de um evento econômico (como compra de mercadorias e de instalações, no nosso exemplo), para poder registrá-lo em contas a débito e a crédito e, assim, estruturar um BP de maneira correta. Na prática diária em empresas, tais lançamentos são feitos em sistemas contábeis e é executado por meio de um plano de contas, em que cada conta possui um código/número. ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($) Circulante Circulante Caixa 7.500 Fornecedores 2.500 Estoques 5.000 Financiamentos 24.000 Não Circulante Não Circulante Imobilizado (Galpão) 48.000 Financiamentos 24.000 Patrimônio Líquido Capital Social 10.000 TOTAL DO ATIVO 60.500 TOTAL PASSIVO+PL 60.500 EMPRESA "APRENDIZADO LTDA" Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020 12 MÓDULO 4 – BALANÇO PATRIMONIAL E A INTERAÇÃO COM A DRE No módulo 3 foram mostrados eventos econômicos que são registrados pela contabilidade, por meio dos lançamentos contábeis e seus reflexos em uma única demonstração contábil, o BP. A partir desse módulo serão mostrados eventos econômicos que são registrados pela contabilidade e que tem efeito tanto no BP quando na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A DRE é uma demonstração que mostra o desempenho (lucro/prejuízo) da entidade em um período. Portanto, diferentemente do BP que é em uma data específica, a DRE é para um período. A seguir é mostrada a DRE das Lojas Riachuelo S.A.: Observe que as contas que compõem a DRE são contas de Resultado, quais sejam: RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS que, neste caso da Riachuelo, foram para o período de 01/01/2017 a 31/12/2017e de 01/01/2018 a 31/12/2018. Portanto, neste módulo, será mostrado como o BP e a DRE estão inter- relacionados, pois operações de venda de mercadorias produzem receitas que, comparados aos custos e despesas, tem-se a apuração do resultado do período, tal como mostrado na DRE das Lojas Riachuelo S.A. 13 Para mostrar essa relação entre o BP e DRE, considere a empresa “Aprendizado Ltda” mostrada no módulo anterior, cujo BP era: Essa era a posição patrimonial-financeira em 31/12/2020. Ao longo de janeiro de 2021 a empresa vendeu metade do seu estoque por $ 6.000 (sendo metade a vista e metade a prazo), com impostos de $ 500 sobre as vendas e, além disso, durante janeiro de 2021 incorreu em despesas (energia, água, salários, etc) no valor total de $ 1.500. Considere Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro (IR/CSLL) de 34% Assim, a DRE da empresa, para o mês de janeiro, ficaria: Observe que essa operação de venda gerou um lucro líquido de $ 990, o qual pertence aos sócios da empresa, portanto, deve ser levado ao PL da empresa, pois o PL representa o quanto os sócios investiram na empresa mais o retorno obtido que ainda não foi distribuído ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($) Circulante Circulante Caixa 7.500 Fornecedores 2.500 Estoques 5.000 Financiamentos 24.000 Não Circulante Não Circulante Imobilizado (Galpão) 48.000 Financiamentos 24.000 Patrimônio Líquido Capital Social 10.000 TOTAL DO ATIVO 60.500 TOTAL PASSIVO+PL 60.500 EMPRESA "APRENDIZADO LTDA" Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2020 Receita Bruta de Vendas 6.000 Impostos s/ Vendas (ICMS, PIS, Cofins e ISS) -500 RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 5.500 Custo dos Produtos e Mercadorias Vendidas -2.500 LUCRO BRUTO 3.000 Despesas Totais -1.500 LUCRO OPERACIONAL 1.500 Receitas Não Operacionais Líquidas LUCRO ANTES DO IMP E CONTR SOCIAL 1.500 Imp de Renda e Contr Social Corrente -510 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 990 Empresa "Aprendizado LTDA" DRE em 31 de Janeiro de 2021 14 aos mesmos. Ainda, a operação de venda reduziu estoques, aumentou caixa (pois metade da venda foi a vista) e originou uma conta a receber (a outra metade da venda foi a prazo). Portanto, a venda também refletiu na posição patrimonial-financeira da empresa, cujo BP ao final de janeiro é: Observe que o caixa aumentou de $ 7.500 para $ 10.500, pelo recebimento de metade das vendas a vista. A outra metade da venda, que foi a prazo, é registrada em contas a receber, no valor de $ 3.000. Também observe que os estoques reduziram pela metade, pois foi vendido metade dos estoques, que na DRE é mostrado como Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). Já do lado do passivo, foi registrado o valor a pagar das despesas ($1.500), que apesar de estarem na DRE de janeiro, elas serão pagas somente no dia 5 do mês seguinte. Portanto, fica como despesas a pagar. Assim como os impostos sobre a renda e sobre vendas. Por fim, no PL é registrado o lucro do período, o qual pertence aos sócios e, quando destinado a algum fim (pago aos sócios, por exemplo), é baixado desta conta. Portanto, como mostrado, quando a empresa inicia suas operações de compra e venda de mercadorias (produção, no caso de indústrias e prestação de serviços, no caso de prestadoras de serviços), os eventos econômicos (venda, produção, prestação de serviços) possuem reflexos tanto no BP quanto na DRE. Dessa maneira, essas duas demonstrações, apesar de mostrarem informações diferentes (o BP a posição patrimonial-financeira e, a DRE o desempenho – lucro/prejuízo), são demonstrações que estão interligadas. Cabe ao profissional contábil o correto lançamentos para que possa produzir relatórios atualizados, corretos e capazes de mostrar a situação da empresa em cada período. ATIVO Valores ($) PASSIVO Valores ($) Circulante Circulante Caixa 10.500 Fornecedores 2.500 Contas a Receber 3.000 Financiamentos 24.000 Estoques 2.500 Despesas a Pagar 1.500 Imposto de Renda a Pagar 510 Imposto sobre Venda a Pagar 500 Não Circulante Não Circulante Imobilizado (Galpão) 48.000 Financiamentos 24.000 Patrimônio Líquido Capital Social 10.000 Lucros Acumulados 990 TOTAL DO ATIVO 64.000 TOTAL PASSIVO+PL 64.000 EMPRESA "APRENDIZADO LTDA" Balanço Patrimonial em 31 de Janeiro de 2021 15 MÓDULO 5 – REGIME DE CAIXA E REGIME DE COMPETÊNCIA No módulo 4 foram mostrados como eventos econômicos registrados pela contabilidade têm reflexos na DRE. Naquele momento foi mostrado que uma despesa que a empresa incorreu em determinado mês (janeiro) seria paga somente no mês seguinte (dia 5 de fevereiro). Da mesma maneira a empresa vendeu $6.000 em mercadorias, mas somente metade foi recebida em dinheiro, pois o restante seria recebido no mês de fevereiro. No entanto, tanto o total das despesas quanto o total das receitas foram todos reconhecidos na DRE do mês de janeiro, mesmo que ainda não tenha sido pago (despesa) ou recebido (receita). Essa é a essência do regime de competência. Segundo o regime de competência uma evento econômico deve ser registrado no momento que o mesmo ocorre, independentemente se ele já se transformou em caixa. Assim, uma receita é reconhecida no período (mês, por exemplo) que foi gerada, mesmo que os recebimentos sejam em meses posteriores. Isso permite que se tenha ideia de como o evento econômico afeta a posição patrimonial e de resultados da entidade, mesmo que o caixa só ingresse posteriormente na empresa. Dessa maneira, como já notado, a DRE é preparada considerando o regime de competência, pois são registradas receitas, custos e despesas referentes ao período que ocorreram, mesmo que o efeito financeiro (caixa) seja somente em momento posterior. Especificamente, no caso das receitas, o momento de reconhecimento é mostrado na figura a seguir: Fonte: Salotti et al, 2019. Observe que a receita é reconhecida na entrega do produto, mesmo que possa ter sido recebida antecipadamente ou após a entrega. Sejam as seguintes receitas e despesas de uma empresa durante os meses de dez/2018 e jan/2019: 16 Ao apurar o resultado pelo regime de competência, tem-se: Assim, pelo regime de competência, o resultado seria um prejuízo de ($12). Já, o regime de caixa considera as receitas, custos e despesas somente quando estes afetam o caixa. Portanto, se uma despesa de salário refere-se às horas trabalhadas durante o mês de janeiro, mas que somente são pagas no mês de fevereiro, pelo regime de competência, só se considera despesa no mês de fevereiro, ao passo que, pelo regime de competência, a despesa seria referente ao mês de janeiro e estaria na DRE do mês de janeiro. Mas onde então é usado o regime de caixa? No módulo 12 deste treinamento será mostrada a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), que é uma demonstração contábil preparada segundo o regime de caixa. Por enquanto, é importante você saber dessas diferenças, pois elas são fundamentais para contabilizar corretamente as despesas que são incorridas no mês de competência (daí no nome regime de competência), mesmo que os efeitos no caixa sejam em meses posteriores. 17 MÓDULO 6 – CONTAS A RECEBER: CONTABILIZAÇÃO E A PERDA ESTIMADA EM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA (PECLD) Uma das contas de maior representatividade no BP de empresas de setores como varejo, serviços e instituições financeiras são as contas a receber. Tais ativos são resultados de vendas a prazo que a empresa realiza nas suas atividades operacionais (venda de mercadorias, prestação de serviços), bem como pode representar valores a receber resultante da venda de algum outro ativo, como venda de máquinas e equipamentos usados (ativo imobilizado), os quais podem estar em processo de renovação. A título de exemplo, observe a seguir o ativo circulante da Magazine Luiza S.A., em especial, o grupo contas a receber:Pode ser observado que em 31/12/2019 o grupo Magazine Luiza S.A. possuía um valor de contas a receber de quase R$ 3 bilhões. Esses valores são resultados das atividades de venda de mercadorias a prazo pela empresa, bem como de outros ativos não circulantes que a empresa tenha vendido a prazo. A contabilização básica de um processo de venda a prazo (por exemplo, uma venda no valor de $ 1.000) que gera contas a receber é: Ou sejam débito em contas a receber (ativo) e crédito de vendas (DRE). (1) 1.000 1.000 (1) Contas a Receber (Ativo) Vendas (DRE) 18 No entanto, o processo não termina apenas com a contabilização da venda, pois, como é comum em negócios, nem toda venda a prazo é recebida. Por diversos motivos, algumas vendas a prazo podem não ser recebidas pela empresa, por isso, empresas implantam áreas de análise de risco de crédito para minimizar as perdas nas vendas a prazo. Essa potencial perda em vendas a prazo é estimada já quando da decisão pela concessão do crédito (venda a prazo) e, contabilmente registrada também quando da decisão pela venda a prazo e é conhecida como Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD). A adoção de uma estimativa de perda, a PECLD, está ligada ao regime de competência, pois em cada período (mês), as vendas efetuadas naquele período podem não ser recebidas, portanto, já no mês do fato gerador (venda a prazo), é contabilizada também uma perda estimada com as vendas a prazo. Veja o caso do Magazine Luiza S.A., onde são mostradas nas notas explicativas das demonstrações contábeis a perda (provisão) com créditos de liquidação duvidosa: Pode ser observado, que ao final de 2019 a empresa estimava não receber aproximadamente R$ 110 milhões de suas contas a receber. Este valor é baseado nas estimativas feitas pela área de risco de crédito da empresa, nos quais são baseados em scores de crédito dos clientes que compraram a prazo. Com relação à contabilização da PECLD, trata-se de uma conta que reduz o valor das minhas contas a receber e, como visto no módulo 3 deste curso, para reduzir o valor do ativo (contas a receber), deve-se fazer um lançamento a crédito no ativo e, a contrapartida (lançamento a débito), são despesas com PECLD (na DRE). Dessa maneira, o lançamento contábil da PECLD, para o exemplo anterior, cujas vendas a prazo foram de $ 1.000 e há uma estimativa de não recebimento de 10% dessas vendas, então: Com isso, a PECLD é uma conta redutora do ativo (contas a receber) e também reduz o lucro do período (despesa na DRE). Geralmente, as contas a receber são mostradas no ativo já líquidas da PECLD, como no exemplo do Magazine Luiza S.A. 100 100 PECLD (Ativo) Despesa PECLD (DRE) 19 MÓDULO 7 – MÉTODOS DE CONTROLE E AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES Os estoques são ativos que a empresa possui e que serão utilizados para fabricação de produtos (estoques de matérias-primas), ou podem estar em fase de produção de produtos (estoque em elaboração) ou podem ser de produtos acabados (estoques de mercadorias). Além disso, estoques são classificados no ativo circulante, no balanço patrimonial (B.P.) da empresa. A título de exemplo, observe na tabela a seguir a conta estoques no B.P. da Cia. Riachuelo S.A.: Observe que a conta estoque no BP consolidado é de aproximadamente R$ 926 milhões de reais na data de 31/12/2018. Ainda, essa composição dos estoques é mostrada na tabela a seguir: Como mostrado acima, os estoques eram compostos tanto por produtos prontos, em produtos em elaboração e estoques de matéria prima. Assim como os 20 demais ativos, os estoques são reconhecidos, mensurados e evidenciados nas demonstrações contábeis. Cada um desses elementos é mostrado a seguir: • Reconhecimento dos estoques: estoques são reconhecidos como ativos da empresa se a mesma possui capacidade de extrair benefícios econômicos futuros com seu uso (como matéria-prima ou venda, no caso de produtos acabados). Ou seja, estoques são registrados no B.P. se eles possuem algum valor econômico. • Mensuração dos estoques: os estoques devem ser mensurados ao custo ou pelo valor realizável líquido. O custo refere-se ao custo do produto em si, adicionado de quaisquer outros custos para trazer o produto para a empresa pronto para condições de uso/comercialização. Ou seja, além do custo do produto em si, podem compor o custo dos estoques os fretes de compra, seguros, despesas aduaneiras (quando se tratar de produto importado), tributos não recuperáveis e quaisquer outros custos relacionados a trazer estoque para uso da empresa que o adquire. Já a segunda forma de avaliação de estoques, o valor realizável líquido (VRL) é o valor de disposição (venda) daquele estoque. A escolha do menor dos dois valores (custo ou VRL) é uma decorrência do princípio contábil da prudência, no qual para dois valores de um mesmo ativo, escolhe-se o menor. • Evidenciação: a evidenciação dos estoques é a prática de detalhar em notas explicativas quais são os elementos que compõem o estoque, quais sejam, estoques de produtos acabados, em elaboração e matérias-primas. É o que foi demonstrado pela Cia. Riachuelo S.A. mostrado na tabela Feitas estas considerações iniciais sobre os estoques, segue a contabilização básica de entrada de $ 10.000 em estoques, quando o mesmo é adquirido a prazo: Portanto, a aquisição dos estoques a prazo aumentou o ativo e o passivo em iguais montantes ($10.000), o que manteve a equação patrimonial: Ativo = Passivo + PL. Já no caso de compra a vista, a contabilização seria: Nessa situação o valor do ativo total não teria alterado, pois somente saiu dinheiro do caixa (crédito) e aumentou estoque (débito), e assim como na compra a prazo, a equação patrimonial é mantida. 10.000 10.000 Estoques (ativo) Fornecedores (passivo) (1) 10.000 XXXXXX 10.000 (1) Estoques (ativo) Caixa (ativo) 21 Um outro ponto fundamental nos estoques refere-se à contabilização das saídas dos estoques. No caso de estoques de uma empresa que revende mercadorias, utilizando o exemplo anterior, teríamos o seguinte lançamento: Portanto, quando da venda de 50% dos estoques ($ 5.000), deve-se fazer um lançamento a crédito na conta estoques e a débito no Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), pelo respectivo valor. Supondo que essas mercadorias foram vendias a prazo por $ 8.000, os lançamentos seriam: Nessa operação, portanto, o Lucro Bruto foi de $ 3.000, pois tem-se receita de $ 8.000 e custos de mercadorias no valor de $ 3.000. Uma das maneiras de se determinar o custo das mercadorias vendidas (CMV) é por meio de inventários, que são levantamentos dos saldos de estoques em cada período. Um tipo de inventário é o inventário periódico, em que a cada período é determinado o estoque final, compara-se com o estoque inicial e as compras feitas no período. A partir dessas informações, o CMV é obtido por meio dessa equação: Assim, a partir do registro dos estoques inicial e final, bem como das compras do período, é calculado o CMV. Esse é o método de determinação do CMV por meio do inventário periódico. Outra maneira de se obter o CMV (e, consequentemente o valor dos estoques) é por meio do inventário permanente. Nesse processo, o controle dos estoques não é 10.000 5.000 (2) (2) 5.000 Estoques Custo merc. Vendidas (DRE) 8.000 (3) (3) 8.000 Receita de vendas Contas a Receber 22 feito por meio de levantamentos periódicos (mensais, bimestrais, semestrais, etc) dos estoques, mas é feito um acompanhamento contínuo do valor dos estoques a cada transação. É o caso, por exemplo, de grandes redes de varejo (supermercados, lojas, etc), que a cada produto que é passado no escâner do caixa, é baixado no estoque, e o valor dos estoques (e CMV) é atualizado a cada operação de venda/compra. Para tanto,são usados alguns critérios de valoração de estoques e determinação do CMV, cujos principais são: i) PEPS: Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair. ii) MPM: Média Ponderada Móvel. No critério PEPS, são baixados os produtos mais antigos primeiro e, portanto, mesmo que os estoques contenham produtos idênticos, mas comprados a preços diferentes, são baixados e levados ao CMV os produtos que estão há mais tempo no estoque. Já no MPM, a cada compra de novos estoques, é recalculado o valor dos itens a serem baixados e, se as compras foram de valores diferentes, o saldo dos estoques (e CMV) é feito a partir de uma média ponderada dos itens iguais, mas comprados a preços diferentes. A figura a seguir representa esta situação da MPM: Ou seja, os estoques iniciais foram comprados a $ 10 cada unidade, mas mais unidades do mesmo item para os estoques foi mais cara ($ 20), portanto, o saldo final dos estoques é uma média ponderada ($15) e, no CVM, será considerado o valor de $ 15 como custo da mercadoria vendida (unitário). Já se o critério fosse PEPS, uma venda de três unidades teria o CMV de $ 10/cada. No MPM, o valor do CMV seria de $ 15/cada. Portanto, é muito importante o profissional contábil saber qual método de inventário, bem como de controle de estoques (PEPS, Média Ponderada Móvel) que a empresa adota. Isto porque, a mudança do método pode alterar o valor do custo das mercadorias vendidas e, consequentemente, o lucro da empresa. 23 MÓDULO 8 – ATIVO NÃO CIRCULANTE Ativo Não Circulante: características gerais Conforme o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, a definição de ativo não circulante ocorre por exclusão, ou seja, define-se o que o ativo circulante e, aquilo que não se encaixar da definição de ativo circulante será ativo não circulante. Assim, tem que o ativo circulante possui as seguintes características: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Portanto, se um ativo não satisfaz algum dos itens a-d, o mesmo será classificado como ativo não circulante. O ativo circulante representa ativos que a empresa não tem a intenção de vende-los dentro do ciclo operacional da empresa e são usados para gerar fluxos de caixa. Alguns exemplos de ativos não circulantes: � Prédios e instalações; � Máquinas e equipamentos; � Veículos usados nas atividades da empresa; � Marcas e patentes; Como exemplo, segue o ativo circulante e não circulante da Petrobras S.A.: 24 Observe que o ativo não circulante possui contas em comum com o ativo não circulante, como é o caso do ativo “Contas a receber, líquidas”, que aparece tanto no ativo circulante quanto não circulante. O que faz tal fato acontecer, é o prazo de recebimento dessas contas. Se as contas vencem em até 1 ano da data das demonstrações financeiras (que é 31/12/2019), ou seja, se vencem até 31/12/2020, é classificada como ativo circulante. Já se o vencimento é após 31/12/2020, classifica-se como não circulante. Ainda, os principais grupos de conta do ativo não circulante são: Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. Nesse curso de Auxiliar Contábil, será dado enfoque ao Imobilizado e ao Intangível. 25 Ativo Não Circulante: Imobilizado De acordo com o CPC 27 – Ativo Imobilizado, é um ativo tangível que: (a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e (b) se espera utilizar por mais de um período. Nota-se, portanto, que o ativo imobilizado é um ativo tangível, que não intenção de vender, mas sim de usar na obtenção de fluxos de caixa e, por fim, será utilizado por mais de um período. Cabe ainda ressaltar que o custo de um ativo imobilizado corresponde a todo e qualquer desembolso para deixar este ativo em condições de uso. Portanto, inclui possíveis fretes de compra, seguros, despesas aduaneiras (quando importado), tributos não recuperáveis e honorários profissionais (ex.: instalação, calibragem e teste) necessários para deixar o ativo imobilizado em condições de uso. A contabilização inicial de um ativo imobilizado é pelo custo de aquisição. Assim, a título de exemplo, suponha que uma empresa comprou um ativo imobilizado por $ 1000 (já incluso fretes, seguros, etc) e pagou a vista. O lançamento ficaria então: Ou seja, lançamento a crédito na conta caixa (pelo pagamento a vista) e a débito na conta Imobilizado (pela aquisição do Imobilizado). Observe que estes lançamentos não alterou o total do ativo da empresa, apenas saiu dinheiro do caixa (não circulante) e surgiu uma conta no não circulante (imobilizado). Pode-se também fazer o lançamento dessa maneira: D – Ativo Imobilizado: $ 1000 C – Caixa: $ 1000 Como já comentado, as empresas possuem software com plano de contas que descrevem qual o número de cada uma das contas aqui utilizadas (Ativo Imobilizado e Caixa). Por fim, a partir do momento que um ativo imobilizado está pronto para uso, ele pode sofrer desgaste pelo seu próprio uso, ou mesmo obsolescência. Contabilmente, esse reconhecimento da perda de valor pelo uso/obsolescência é feito por meio da depreciação. Dessa maneira, depreciar um ativo imobilizado é reconhecer que tal ativo perdeu valor ao longo do tempo. Por exemplo, o imobilizado do exemplo XXXXXXXX 1.000 (1) (1) 1.000 Caixa Ativo Imobilizado 26 anterior, o qual foi adquirido por $ 1000 e tem uma vida útil estimada de 5 anos, pois após esse prazo, o ativo será vendido como usado a um preço de esperado de $ 200 (também chamado de valor residual esses $ 200). Dessa maneira, a depreciação anual é calculada por: (Vr. Aquisição – Vr. Residual)/Vida útil, o que fica: Depreciação Anual = ($ 1000 - $ 200)/5 = $ 160/ano. Portanto, a cada ano, deve-se reconhecer uma perda do valor do ativo imobilizado no valor de $ 160. Os lançamentos contábeis da depreciação são: Ou ainda: D – Despesa de Depreciação: $ 160 C – Ativo Imobilizado: $ 160 Note que neste caso, há uma redução de $ 160 no valor do ativo imobilizado (BP) e reconhece-se uma despesa (DRE) de depreciação de $ 160. E esse processo é repetido ano a ano até que o ativo seja completamente depreciado. Ativo Não Circulante: Intangível Assim como no caso do ativo imobilizado, a entidade possui um ativo intangível com a intenção de usá-lo, e não o vender. No entanto, diferente do imobilizado, o ativo intangível não possui substância corpórea, ou seja, não é físico. Por exemplo, um exemplo de ativo intangível são marcas ou patentes que a empresa tenha adquirido. Dessa maneira, como descrito no CPC 04 – Ativo Intangível, é definido como ativo intangível um ativo não monetário identificável e sem substância física. Exemplos de intangíveis: marcas registradas, patentes, softwares, direitos de exploração, dentre outros. Na economia do século XXI, cada vez mais têm-se empresas baseadas em intangíveis. Basta fazer uma visita a um shopping e você verá intangíveis por todos os lados, como marcas de vestuário, nome de lojas, franquias, etc. Já a contabilização do intangível é muito semelhante à do ativo imobilizado. Por exemplo, imagine que um casal abriu uma um restaurante no shopping e irá usar uma marca de uma grande rede de fast-food. Para ter esse direito, pagou $ 100.000 a vista. Portanto, os lançamentos são:1.000 160 (1) (1) 160 840 160 Despesa de DepreciaçãoAtivo Imobilizado 27 Ou ainda: D – Ativo Intangível: $ 100.000 C – Caixa: $ 100.000 Ainda, ativos intangíveis estão sujeitos à amortização, que desempenha um papel semelhante da depreciação no ativo imobilizado, qual seja, reconhecer a perda do valor econômico do ativo intangível. Por exemplo, no caso do direito de uso da marca de fast-food, suponha que esse direito tenha sido adquirido por 10 anos. Portanto, a cada ano, é reconhecida amortização de 10% do ativo intangível e, os lançamentos são: Ou ainda: D – Despesa de Amortização: $ 10.000 (10% dos $ 100.000) C – Despesa de Amortização: $ 10.000 Ativo Não Circulante: O Teste de Recuperabilidade (Impairment) Os ativos não circulantes estão sujeitos ao teste de recuperabilidade, também conhecido como teste de impairment, tal como descrito no CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Dessa maneira, tanto imobilizado quanto intangível, por serem ativos não circulantes estão sujeitos a este teste. Mas o que seria este teste? Um exemplo da aplicação deste teste está no título desta reportagem: XXXXXXXX 100.000 (1) (1) 100.000 Caixa Ativo Intangível 100.000 10.000 (1) (1) 10.000 Despesa de AmortizaçãoAtivo Intangível 28 A “baixa contábil” descrita na reportagem é o resultado da aplicação do teste de impairment (recuperabilidade). Isto porque, este teste busca trazer o valor dos ativos não circulantes ao seu Valor Recuperável. O valor recuperável é o maior entre o Valor em Uso e o Valor Realizável Líquido (VRL). São as seguintes definições: Valor em Uso: é o valor presente dos benefícios econômicos esperados com o uso daquele ativo não circulante (imobilizado e intangível, por exemplo). VRL: é o valor obtido com a venda de um ativo (ex.: imobilizado e intangível), menos as despesas de vendas, como comissões e algum outro desembolso necessário para venda. A partir dos dados do exemplo de imobilizado deste módulo. Ao final do primeiro ano, o valor contábil líquido do imobilizado era de $ 840 (ver lançamentos anteriores). No entanto, alguns ativos, como o imobilizado, podem perder valor tanto pela depreciação, quanto por redução de expectativas de fluxos de caixa. O exemplo da reportagem anterior sobre a Shell é um exemplo, pois a piora das projeções macroeconômicas reduz expectativas de rentabilidade do imobilizado. Voltando ao exemplo hipotético, se o valor contábil líquido era de $ 840, deve- se comparar o mesmo com o valor recuperável. Este por sua vez representa o maior entre o VRL e o Valor em Uso. Suponhas que esses valores sejam: VRL: $ 800 Valor em Uso: $ 820 Então, o valor recuperável é o maior entre os dois, ou seja, $ 820. No entanto, contabilmente está registrado ao final do ano por $ 840. Neste caso, deve-se fazer uma baixa contábil (daí o termo baixa contábil na reportagem da Shell) no valor de $ 20. Os lançamentos seriam: 29 Ou então: D – Despesa com Impairment (DRE): $ 20 C – Ativo Imobilizado A lógica na aplicação no teste de impairment é trazer o valor de um ativo ao valor econômico, pois como a contabilidade registra eventos passados, o valor recuperável faz uma análise de expectativa futura do valor de um ativo e, portanto, corrige o valor contábil ao valor econômico. Da mesma maneira, o teste de impairment também é aplicado aos ativos intangíveis, para mostrar o valor desses ativos ao valor de mercado. Como sugestão, o leitor pode pensar o que aconteceu com o valor de uma licença de um motorista de táxi a partir do momento que surgem os aplicativos como Uber, 99 e outros. A licença é um ativo intangível e, com o surgimento dos aplicativos, o valor da licença perderia valor? (Pense). A contabilização é semelhante àquela do ativo imobilizado. 840 20 (1) (1) 20 820 20 Ativo Imobilizado Despesa de c/ Impairment 30 MÓDULO 9 – PASSIVOS: PRINCIPAIS CONTAS E PROVISÕES Segundo o CPC 00 – Estrutura Conceitual pra Relatório Financeiro, em seu parágrafo 4.26: “Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados”. Nota-se, portanto, nesta definição que o passivo descreve uma obrigação assumida (no passado) que a entidade possui de entregar (no futuro) um recurso (caixa, por exemplo) para outra entidade. Alguns exemplos de passivo: fornecedores, salários a pagar, empréstimos/financiamentos a pagar, dentre outros. Como exemplo observe o passivo do Atacadão S.A.: Assim como o ativo, os passivos são divididos em circulante e não circulante. Lembre-se que este critério está relacionado com o prazo de exigibilidade (pagamento) destes passivos. No caso do Atacadão S.A., a conta de maior representatividade no passivo é a conta fornecedores, natural para este tipo de empresa, que são redes de supermercados/atacados. No entanto, uma conta que deve ser observada com cuidado nos passivos de todas as empresas são as contas provisões. Isto porque as provisões são baseadas em estimativas, e não valores conhecidos, como é o caso de quando você compra de um fornecedor e já no início sabe-se o valor da mercadoria. 31 Já as provisões possuem característica diferente, pois são estimativas de saídas futuras de caixa. Na definição do CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, em seu parágrafo 10, tem-se que: “Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos” Portanto, uma provisão envolve, por natureza, estimativa e, como toda estimativa, pode ser maior ou menor do que o esperado. Por isso, o registro de uma provisão deve obedecer alguns princípios que estão no CPC 25, quais sejam: i) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de evento passado; ii) seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e iii) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação. Caso algumas dessas condições não sejam satisfeitas, não se deve reconhecer uma provisão. Alguns exemplos de provisões são: a) Provisão para riscos trabalhistas: decorrentes de ações trabalhistas em âmbito judicial na qual a empresa está sendo processada, mas ainda não se sabe o valor exato da saída de recursos; b) Provisões para riscos tributários: decorrentes de processos tributários que a empresa seja parte acionada pelo fisco, mas que ainda não se sabe o desfecho; c) Provisões cíveis: decorrentes de processos que a empresa seja parte requerida a pagar alguma indenização, mas que ainda não está definido o valor. No caso do Atacadão S.A., as provisões são as seguintes: 32 Portanto, a empresa tem um total de aproximadamente R$ 3 bilhões em provisões registrados no seu passivo, do qual mais de 2/3 são relacionados aos processos tributários os quais a empresa ainda discute no âmbito administrativo/judicial. Desta maneira, o profissional contábil deve estar atento às potenciais ocorrências/eventos que possam afetar as provisões (aumento/diminuição), de forma a produzir relatórios contábeis atualizados com os eventos pelos quais a empresa esteja passando. 33 MÓDULO 10 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A DMPL O Patrimônio Líquido (PL) representa a parcela de participação dos sócios no financiamento da empresa. Por meio da equação patrimonial, a figura ilustra este exemplo: Tem-se que o ativo tem parte de seus recursos oriundos de capital de terceiros (credores) e parte do capital próprio (PL). Portanto, o PL representa o quanto do capital dos sócios estão financiando a empresa. Como exemplo, segue a conta PL das Lojas RiachueloS.A.: Observa-se que a conta capital social, que é o dinheiro dos sócios aplicados na empresa não mudou entre os anos 2017 e 2018, mas a conta PL alterou de R$ 3,9 bilhões em 2017 para R$ 4,9 bilhões em 2018. Esse aumento foi devido ao lucro apurado na DRE, que é trazido para PL (conta: reserva de lucros) e, que posteriormente será destinado a reinvestimento na empresa e/ou distribuído aos sócios. Uma demonstração que auxilia nessa análise do processo de destinação dos lucros é a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), onde são mostradas a movimentação da conta PL em determinado período. Para exemplificar, segue a seguir a DMPL das Lojas Renner S.A. 34 35 Observe que do lucro líquido de pouco mais de R$ 1 bilhão no ano de 2019, a empresa destinou para reservas de expansão quase R$ 400 milhões. Estas reservas são recursos que a empresa mantém guardados a fim de fazer expansão/aquisições em momentos futuros. Além disso, analistas de mercado financeiro, utilizam a DMPL a fim de verificar se a empresa está reservando recursos para estratégias futuras/modernização. Além disso, a DMPL mostra também toda a destinação do lucro do período, é, portanto, fundamental para aqueles que buscam compreender como a empresa distribui seus resultados. O profissional contábil, ao compreender a DMPL consegue analisar como o patrimônio dos sócios alterou-se em determinado período, bem como propor medidas para manutenção e aumento do patrimônio dos mesmos, como a destinação de parte de lucros para reservas de expansão, de forma a manter a empresa capitalizada para quando surgirem oportunidades. 36 MÓDULO 11 – A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) Como já mencionado anteriormente neste curso, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil preparada sob o regime de competência, cujo propósito é mostrar o desempenho da entidade em determinado período, ou seja, se apresentou lucro ou prejuízo. Como exemplo observe a DRE da Magazine Luiza S.A.: Essa DRE refere-se a dois períodos, de 01/01/2018 a 31/12/2018 (ano 2018) e de 01/01/2019 a 31/12/2019 (ano 2019). Em ambos anos a empresa apresentou lucro, aliás, um aumento de mais de 54% do lucro entre 2018 e 2019. Como descrito, a DRE é elaborada considerando-se o regime de competência, portanto, dos quase R$ 20 bilhões em vendas no ano de 2019, nem tudo foi recebido (pois a empresa vende muito a prazo), mas o fato de a venda ter sido realizada em 37 2019, o valor da venda deve ser incluído na DRE de 2019. Assim ocorre com as despesas, as quais ainda serão pagas, mas o fato gerador (incorreu) no ano de 2019. Algumas informações importantes a serem extraídas da DRE são alguns indicadores de desempenho, como margem bruta, operacional e líquida. Tais margens mostram o quanto da receita é convertida em lucro bruto, operacional e líquido. Por exemplo, no ano de 2019, a margem bruta da Magazine Luiza S.A. foi de: Portanto, de cada R$ 1 de receita, aproximadamente 28% refere-se à custo da mercadoria vendida (CMV). Da mesma forma, pode-se calcular a margem operacional: Ou seja, de cada R$ 1 de receita, apenas R$ 0,06 são de lucro da operação em si. Por fim, pode-se calcular a margem líquida: O valor de 4,64% da margem líquida mostra que, de cada R$ 1,00 de receita que a empresa apurou em 2019, R$ 0,0464 foram convertidos em lucro para os sócios. Tais informações de margem são muito importantes para profissionais contábeis que buscam comparar desempenho da empresa ao longo do tempo, bem como comparar empresas dentro do mesmo setor. Isto permite compreender o posicionamento do desempenho da empresa e tomar medidas para melhorias futuras. Lucro Bruto Receita Vendas Margem Bruta 5.553.961,00R$ 19.886.310,00R$ Margem Bruta = 27,90% Lucro Operacional Receita Vendas Margem Operacional 1.288.563,00R$ 19.886.310,00R$ Margem Operacional = 6,48% Lucro Líquido Receita Vendas Margem Líquida 921.828,00R$ 19.886.310,00R$ Margem Operacional = 4,64% 38 MÓDULO 12 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é uma demonstração contábil que tem como objetivo avaliar a variação dos saldos de caixa e equivalentes de caixa de uma empresa em determinado período. De acordo com o CPC 03: “Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis” “Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor”. Portanto, a DFC mostra como não só o caixa em si, mas recursos de caixa aplicados no curto prazo (equivalentes de caixa) alteram em determinado período. Trata-se de uma demonstração muito importante para avaliar a capacidade de geração de caixa de uma empresa, bem como quais são as atividades que consomem mais caixa. Aqui é falado atividade pelo fato que a DFC separa os caixas em três atividades: operacionais, investimento e financiamento. Também de acordo com o CPC 03: “Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento”. “Atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa”. “Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade”. Na próxima página é mostrada a DFC das Lojas Riachuelo S.A. como exemplo. 39 40 Podem ser observados (em destaque) os três tipos de caixa das Lojas Riachuelo: operacional, de investimento e de financiamento. Os valores entre parênteses indicam consumo de caixa (saída de caixa) e aqueles que não estão são entrada (geração) de caixa. Por exemplo, quando a empresa aumenta estoques, indica consumo de caixa, mas se também aumenta a conta fornecedores, representa geração de caixa (o fornecedor está financiando a empresa). Da mesma maneira, se a empresa obteve um financiamento, trata-se de uma geração (entrada) de caixa, ao passo que quando paga esses financiamentos é uma saída (consumo de caixa). A DFC é uma demonstração que, como já mencionado, é preparada segundo o regime de caixa, mas que não deve ser analisada de forma isolada da DRE, que é preparada pelo regime de competência. Isto porque, uma empresa pode apresentar lucro (na DRE), mas variação negativa nos saldos de caixa e equivalentes de caixa na DFC. De forma inversa, uma empresa pode apresentar um prejuízo em determinado período, observado na apuração da DRE, mas apresentar aumento nos saldos de caixa e equivalentes de caixa, o que pode levar a pensar que a empresa está em boa situação, quando na verdade pode não estar. Portanto, o profissional contábil deve analisar a DRE e a DFC de forma conjunta, pois assim terá condições de fazer uma avaliação mais completa da situação econômico-financeira da empresa, para então conseguir tomar melhores decisões e aconselhamentos de negócios. 41 MÓDULO 13 – ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL A contabilidade como uma linguagem de negócios possui alguns atributos para torná-la de melhor qualidade. Tais atributos estão expressos no CPC 00 – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, aprovado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em 2019. Tais atributos são: Relevância, Representação Fidedigna, Comparabilidade, Tempestividade, Compreensibilidade e Capacidadede Verificação. A Relevância está relacionada o fato de que somente deve ir para relatórios financeiros, bem como não deve ser deixado de lado, informações relevantes. Assim, informações que possam fazer diferença em toma de decisão por parte dos usuários dos relatórios contábeis devem estar nas demonstrações contábeis, inclusive em notas explicativas. A Representação Fidedigna está relacionada ao fato de que os relatórios contábeis não podem ser viesados, ou seja, tendenciosos para mostrar algo que, em essência não é. Diz-se que a informação contábil deve ser neutra, relatar eventos econômicos, sem otimismo/pessimismo. A Comparabilidade é um atributo que é atingido quando são praticados os fundamentos da boa contabilidade de maneira consistente (sem mudanças a todo o momento), bem como são observados as normas contábeis emitidas pelo CPC. A Tempestividade está relacionada com o fato de que, sempre que houver um evento econômico que tenha reflexo nas demonstrações contábeis, tais eventos devem ser registrados imediatamente (de forma tempestiva), de forma que o usuário da informação contábil tenha relatórios atualizados. A Compreensibilidade é um atributo da linguagem contábil, a qual deve ser compreensível aos seus usuários, portanto, estruturada e mostrada de maneira clara, objetiva e direta, sem ambiguidades. Já Capacidade de Verificação está relacionada ao fato de que todos os eventos contábeis são registrados e que são passíveis de verificação com relação à fundamentação do registro contábil. Tal atributo é muito usado por auditores contábeis, pois a tarefa do auditor é verificar as informações contidas nos relatórios contábeis. Por fim, além desses atributos, um profissional contábil deve também ter em sua base de atuação dos conceitos que são alicerce da prática contábil. O primeiro é o conceito de Entidade, que é uma unidade econômica que possui um patrimônio, como uma empresa, um órgão público ou mesmo uma pessoa. Assim, uma entidade possui um patrimônio próprio que não se confunde com o patrimônio 42 de outra entidade. Dessa maneira, o patrimônio da empresa não se confunde com o patrimônio dos sócios e, portanto, devem ser mantidos e gerenciados de maneira independente. Para usar o ditado popular: “dinheiro da empresa é dinheiro da empresa, e não deve ser misturado com o dinheiro dos sócios”. Já o segundo conceito é o da Continuidade, o qual a empresa é criada e os relatórios contábeis são preparados assumindo que a empresa continuará no tempo, portanto, será continuada. Caso tal fundamento não seja mais observável (como é caso de um processo de falência), os relatórios precisam refletir tal situação, pois os ativos não serão mais usados, mas sim vendidos, situação na qual pode fazer com que o valor dos mesmos reduza, o que reduziria o patrimônio dos sócios. Tais atributos da informação contábil, em conjunto com os conceitos de Entidade e Continuidade são alicerces na boa formação do profissional contábil, pois a boa elaboração e análise de relatórios contábeis têm como premissa estes fundamentos. 43 MÓDULO 14 – Resumo do Conteúdo do Curso Este curso de Formação do Auxiliar Contábil buscou mostrar os fundamentos para preparar um profissional que iniciará sua carreira nessa área, bem como interessados em conhecer um pouco sobre contabilidade para fins próprios ou profissionais. A discussão aqui foi iniciada com a apresentação do que seria a contabilidade, qual seja, uma linguagem de negócios que registra eventos econômicos, a fim de produzir relatórios da tomada de decisão. Foi mostrado que o processo contábil envolve três elementos fundamentais: reconhecimento, mensuração e evidenciação. Em seguida foram mostradas as demonstrações contábeis e as principais contas que compõem tais demonstrações. Assim, iniciou-se a apresentação do Balanço Patrimonial (BP) e suas principais contas, da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e sua inter-relação com o BP. Também se discutiu a DMPL, uma demonstração contábil muito importante para compreender o processo de destinação do lucro da empresa, bem como analisar as mudanças dos recursos dos sócios investidos na empresa (o PL). Em seguida a DRE, uma demonstração que trata do desempenho (lucro/prejuízo) empresarial em determinado período também foi tema de um módulo e vídeo aulas. Algumas medidas de análise da DRE (margem bruta, operacional e líquida) também foram apresentadas, pois são métricas que auxiliam no processo de tomada de decisão com base nas demonstrações contábeis. Ainda, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) foi mostrada, os principais caixas que compõem as variações dos saldos de caixa e equivalentes de caixa de uma empresa em determinado período. Lembre-se que se trata de uma demonstração preparada segundo o regime de caixa, diferentemente da DRE, que é preparada segundo o regime de competência. Todavia, como mencionado aqui nesta apostila e nas vídeo-aulas, são demonstrações que devem ser analisadas de maneira conjunta, pois tanto DRE quanto DFC contêm informações valiosas para a gestão empresarial. Por fim, discutimos os atributos da informação contábil, bem como os pressupostos da Entidade e Continuidade, os quais são usados no preparo de relatórios contábeis. Tais atributos e pressupostos norteiam toda a aplicação da boa contabilidade nas empresas. Espera-se que, ao concluir este curso, tenha aumentado seu conhecimento sobre contabilidade e esteja preparado para novos desafios na área contábil. Conte com o IPECONT nessa sua jornada! Bons Estudos! 44 REFERÊNCIAS: BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Curso de Contabilidade para Gestores, Analistas e Outros Profissionais. 2ed. São Paulo: Atlas, 2017. GELBECKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIUS, S.; MARTINS, E. Manual de Contabilidade Societária. 3ed. São Paulo: Atlas, 2018. SALOTTI, B. M. et al. Contabilidade Financeira. São Paulo: Gen/Atlas, 2019.
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