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PARADIGMAS MODERNOS DE ESTADO Do Estado Absolutista ao Estado Democrático de Direito PARADIGMA ● Em sentido comum, paradigma é sinônimo de modelo, parâmetro. No entanto, na teoria das ciências a expressão é utilizada para explicar o modo como o conhecimento científico evolui. ● Thomas Khun, na obra “Estrutura das revoluções científicas” utiliza a expressão paradigma para explicar que o conhecimento científico não evolui a partir da sedimentação de novos saberes, de modo progressivo, mas opera através de revoluções. ● Um paradigma é composto pelo conhecimento científico compartilhado por uma comunidade de cientistas. Por sua vez, uma comunidade de cientistas é formada por pessoas que compartilham um mesmo conhecimento. ● Esse conhecimento compartilhado possibilita a troca de comunicação e a formulação de julgamentos unânimes. ● Entretanto, o reconhecimento de um novo dado incompatível com o constante compartilhado, vai possibilitar a revisão do conhecimento científico, podendo alterar o mesmo de forma radical. OS PARADIGMAS DE ESTADO ● A adoção da expressão paradigma com o sentido empregado por Thomas Kuhn no estudo da evolução do Estado, nos permite conceber os paradigmas de estado como chaves interpretativas para a compreensão do Estado, seus elementos, da constituição, do direito e da sociedade. PARADIGMAS MODERNOS DE ESTADO ● Estado Absolutista; ● Estado Liberal; ● Estado Social; ● Estado procedimental ou democrático de direito. ESTADO ABSOLUTISTA Poder político: ● Fundamentação. ● Características. ● Limites. ● Relação Estado x Sociedade. Direito ● Características. ● Fundamento. ● Interpretação e aplicação. ● A jurisdição se caracteriza pela ausência de garantias, quer relacionadas à verificação da existência do direito material alegado perante o magistrado, quer referentes ao próprio procedimento. Fatores que levam o Estado Absolutista à crise: ● Lutas por liberdade de confissão religiosa. ● Reforma protestante. ● Surgimento da classe burguesa. ● Desenvolvimento de práticas de investigação científica. ● Distinção e separação das esferas normativas: religião, moral , ética e direito. Estado Liberal Características: ● Constitucional ● Democrático ● Formal ● Capitalista Principais características da constituição liberal: ● Tem como referência o próprio Estado. ● Visa regular juridicamente o Estado de modo separado da sociedade. ● Sociedade individualizada. ● Relação Estado x Sociedade. ● Constituição como instrumento de governo. ● Redefinição do conceito de cidadania. ● Surgimento da democracia representativa. ● O Direito é visto como um sistema normativo de regras gerais e abstratas, válidas universalmente para todos os membros da sociedade. ● Divisão: Direito público – Direito Privado. ● Interpretação do Direito: atividade silogística. Conteúdo obrigatório das constituições liberais: ● Forma de Estado: unitário, federal, etc.. ● Formas de governo: república ou monarquia; ● Sistema de governo: presidencialismo ou parlamentarismo; ● Princípio da separação de poderes: a função legislativa é atribuída ao parlamento, a administrativa ao Rei ou ao Presidente e a jurisdicional aos juízes e tribunais. ● Direitos fundamentais individuais: vida, liberdade, igualdade, propriedade. Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão ● “Art. 16 - Toda a sociedade que não garanta direitos nem assegure o princípio da separação de poderes não possui uma constituição” Exemplos de Constituições Liberais: ● Constituição Americana de 1787; ● Constituição Francesa de 1791; ● Constituição Brasileira de 1824; ● Constituição Brasileira de 1891. Crise do Estado Liberal Fatores que levaram o Estado Liberal à crise: ● Formalismo exagerado. ● Reivindicação de melhores condições de vida e trabalho. ● Surgimento dos sindicatos. ● Edição do Manifesto Comunista, em 1848; ● Revolução Russa em 1917; ● Surgimento dos sindicatos; ● 1ª Guerra Mundial. Estado Social Características: ● Busca a correção do individualismo do Estado Liberal. ● Assume um conteúdo material que busca realizar através de políticas públicas. ● Reconhece direitos fundamentais sociais como o direito de acesso à saúde, à educação, à seguridade e previdência e ao lazer. ● Promove uma releitura dos direitos fundamentais individuais na busca pela sua materialização. ● Publicização do Direito. ● Privatização do interesse público. ● O Cidadão é tratado como cliente ao mesmo tempo em que é excluído do processo de tomada de decisões no âmbito do Estado. ● A Constituição é considerada a medida material da sociedade. ● O direito passa a ser percebido como sistema de regras e de princípios otimizáveis, consubstanciadores de valores fundamentais, bem como de programas de fins, realizáveis na medida do possível. ● A interpretação do Direito é dirigida no sentido de garantir as dinâmicas e amplas finalidades sociais que recaem sobre os ombros do Estado; ● Métodos interpretativos buscam possibilitar a materialização do Direito (inclusive dos valores do Estado Social); ● “O Estado deixa de lado a postura neutra, liberal, para se tornar agente conformador da realidade social que busca, inclusive, estabelecer formas de vida concretas, impondo pautas públicas de vida boa”. Marcelo Cattoni. ● “É um tipo de estado intervencionista, racionalizador da economia, corregedor e compensador das desigualdades sociais, assegurando, com isso, a liberdade efetiva de todos os indivíduos. “José Luis Monereo Pérez, p. 69 ● “O Direito social estatal parte do pressuposto (...) de que é precisamente a função e missão do Estado o facilitar e ajudar a conseguir os grandes progressos culturais da sociedade.” José Luis Monereo Pérez, p. 68 Exemplo de Constituições Sociais: ● 1917 – Constituição de Queretaro – México; ● 1919 – Constituição de Weimar – Alemanha; ● 1934, 1937, 1946 e 1967/69 – Constituições Brasileiras; ● 1787– Constituição Norte Americana. Crise do Estado Social ● Insuficiência econômica pós 2ª Guerra Mundial; ● Eclosão de movimentos sociais que pugnavam pelo reconhecimento do exercício da autonomia pública. Exemplos: Movimento feminista, movimento ecologista, movimento hippie, movimento pacifista. Estado Democrático de Direito ● “Não há Estado de Direito sem democracia radical” Jürgen Habermas ● Busca superar os paradigmas de Estado Liberal e Social, sem adotar conteúdo ideológico pré-determinado. ● Caracteriza-se como um paradigma procedimental de Estado; ● Reconhece direitos fundamentais de 3ª geração, denominados direitos difusos; ● Caracteriza-se como um Estado procedimental, que requer o reconhecimento das autonomias público e privada do cidadão de forma complementar. Autonomia privada ● Representada pelos direitos fundamentais a iguais liberdades subjetivas, garante aos cidadãos a vida e a liberdade privada, um âmbito de ação para seguirem seus planos de vidas pessoais, estabelecendo um meio para a institucionalização jurídica das condições sob as quais podem os mesmos participar napraxis da autodeterminação. Autonomia Pública ● Expressa-se através dos direitos fundamentais à participação e à comunicação, fixando um procedimento que fundamenta a expectativa de resultados legítimos com base nas suas qualidades democráticas” Estado Democrático de Direito ● Uma ordem jurídica é legítima na medida em que assegura a autonomia privada e a autonomia cidadã de seus membros, pois ambas são co-originárias; ao mesmo tempo, porém, ela deve sua legitimidade a formas de comunicação nas quais essa autonomia pode manifestar-se e comprovar-se. A chave da visão procedimental consiste nisso. ● Sua finalidade reside na proteção das condições do procedimento democrático, de forma que o direito possa ser obedecido não em razão da sua positividade, mas em razão da sua legitimidade ● A Constituição, no Estado Democrático de Direito, caracteriza-se por institucionalizar juridicamente os processos e pressupostos comunicacionais que possibilitam a formação democrática do direito e ao assegurar a autonomia pública e privada dos cidadãos.
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