Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Liliana Camargo de Oliveira LESÃO REABSORTIVA DENTÁRIA EM GATOS: Revisão de Literatura São Paulo – SP 2013 Liliana Camargo de Oliveira LESÃO REABSORTIVA DENTÁRIA EM GATOS: Revisão de Literatura Monografia apresentada como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação, Especialização em Clínica Médica de Felinos, da Equalis – Ensino e Qualificação Superior, orientada pelo Prof. Dr. Marco Antonio Leon Roman. São Paulo – SP 2013 Liliana Camargo de Oliveira LESÃO REABSORTIVA DENTÁRIA EM GATOS: Revisão de Literatura Monografia apresentada como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação, Especialização em Clínica Médica de Felinos, da Equalis – Ensino e Qualificação Superior, orientada pelo Prof. Dr. Marco Antonio Leon Roman. São Paulo/SP, _______ de __________________ de 20___ ________________________________________________ Prof. Dr. Marco Antonio Leon Roman São Paulo - SP 2013 Dedico este trabalho à Andréa Podolski e Moacir Heberle, in memoriam, por terem me “introduzido” no mundo dos gatos, especialmente os ferais do Projeto Bicho no Parque, e para esses seres incríveis, por poder aprender cada dia mais. AGRADECIMENTOS Deus, obrigada por tudo! Pela minha saúde, física e mental, e pela ajuda que recebi de todos que aqui citarei, para conseguir concluir este trabalho, especialmente dos meus guias e amigos espirituais e à minha Vó Éda, pela eterna ligação. Aos meus pais, pelo eterno apoio. À minha irmã, sempre, com todo amor. Ao meu orientador Marco Antonio Leon-Roman, pelo ânimo e estímulo. Às minhas amigas, pelos ouvidos abertos nas horas de desespero, em especial à Marcela Malvini, por seu apoio, “puxão de orelha” e incentivos mil que me impulsionaram e, enfim, consegui! “Há no olhar do animal mudo, palavras que somente compreende a alma dos que sabem.” Poeta Hindu RESUMO A reabsorção dentária é caracterizada pela perda progressiva da substância dentária. É uma lesão frequente nos gatos, geralmente dolorosa, podendo acometer um único dente, entretanto é comum observarmos formas múltiplas que envolvem diversos dentes ao mesmo tempo. Algumas lesões podem ser observadas pela inspeção visual e instrumental simples, porém a maioria somente pode ser diagnosticada por imagens radiológicas, por estarem em regiões radiculares ou encobertas por gengiva hiperplásica e hiperêmica. Existe maior prevalência da lesão reabsortiva dentária em animais com cinco anos ou mais, mas gatos em qualquer faixa etária podem ser acometidos. Esta doença já foi registrada em crânios de felinos pré-históricos e felinos selvagens, mas sua etiologia ainda permanece obscura apesar de inúmeras especulações sem nenhuma comprovação científica plausível até o momento. O presente estudo reúne informações sobre a reabsorção dentária que podem ajudar na percepção precoce da doença e estimular a continuação de novos estudos para que sua etiologia, e por consequência, tratamento e prevenção, possam ser desvendados cada vez mais e de forma mais precisa. Palavras-chave: reabsorção odontoclástica felina, FORL, odontologia veterinária. Listas de Tabelas e Ilustrações Lista de Tabelas: Tabela 1: Erupção dos dentes decíduos e permanentes nos felinos.........................................17 Lista de Ilustrações: Figura 1: Fórmula dentária do paciente felino.........................................................................13 Figura 2: Ilustração dos dentes mandibulares e maxilares dos felinos....................................13 Figura 3: Dentição decídua e permanente no gato..................................................................15 Figura 4: Esquema ilustrativo da dentição de felinos com sua respectiva identificação segundo o método Triadan modificado....................................................................................16 Figura 5: Estruturas do elemento dentário...............................................................................18 Figura 6: Fases de envelhecimento do dente felino.................................................................20 Figura 7: Anatomia pulpar.......................................................................................................22 Figura 8: Em “a” ápice humano, apresentando um forame único, além de um canal acessório. Em “b” ápice de um cão (semelhante ao do felino) com o conjunto de foraminas que compõe o delta apical........................................................................................................................26 Figura 9: Reabsorção dentária inflamatória no terceiro pré-molar inferior esquerdo, com perda da coroa clínica e presença de gengivite acentuada........................................................31 Figura 10: Radiografia confirma a reabsorção dentária de origem inflamatória do dente da figura 9. Há perda da coroa clínica, e área de radioluscencia no remanescente da coroa, além da presença das raízes e preservação do ligamento periodontal...............................................32 Figura 11: Reabsorção dentária por substituição no terceiro pré-molar esquerdo, com avanço da gengiva sobre a área reabsorvida, e presença de gengivite discreta.....................................32 Figura 12: Radiografia revela grave reabsorção por substituição das raízes do mesmo dente pré-molar da figura 11. É possível visualizar a perda do espaço do ligamento periodontal, o que dificulta diferenciar raiz de osso alveolar, denotando anquilose........................................33 Figura 13: A reabsorção dentária no quarto pré-molar e primeiro molar inferior esta oculta por tecido gengival hiperemiado e hiperplásico. Tocando a lesão irá provocar uma resposta à dor apresentada como retirada ou tremor da mandíbula. Mandíbula tremendo muitas vezes pode ser observada mesmo quando o gato está sob anestesia..................................................37 Figura 14: Radiografia intra-oral do mesmo paciente (figura 13) com área de radioluscencia em porção coronal e cervical, e anquilose da raiz mesial do quarto pré-molar inferior, além da ausência do terceiro pré-molar inferior, possivelmente reabsorvido.......................................38 Lista de Abreviaturas: siglas, símbolos e acrônimos ABOV Associação Brasileira de Odontologia Veterinária FORL Kg l LROF mm mm2 M1 nmol Feline odontoclastic resorptive lesions Quilograma Litro Lesão reabsortiva odontoclástica felina Milímetro Milímetro quadrado Dente primeiro molar Namomol P2 P3 P4 UI Dente segundo pré-molar Dente terceiro pré-molar Dente quarto pré-molar Unidade internacional SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................. 11 1. ASPECTOS GERAIS SOBRE A DENTIÇÃO FELINA.............................................. 13 1.1. Dentição Felina.................................................................................................... 13 1.2. Erupção Dentária.................................................................................................. 16 2. ANATOMIA DO DENTE FELINO.............................................................................. 17 2.1. Esmalte.................................................................................................................18 2.2. Dentina................................................................................................................. 19 2.2.1. Túbulos Dentinários................................................................................ 20 2.2.2. Permeabilidade Dentinária...................................................................... 21 2.3. Polpa Dentária...................................................................................................... 21 2.3.1. Citologia Pulpar....................................................................................... 22 2.3.2. Odontoblastos.......................................................................................... 23 2.3.3. Fibroblastos............................................................................................. 23 2.3.4. Células Mesenquimais Indiferenciadas................................................... 24 2.3.5. Outras Células......................................................................................... 24 2.4. Vascularização da Polpa...................................................................................... 24 2.5. Inervação da Polpa............................................................................................... 25 2.6. Delta Apical......................................................................................................... 25 2.7. Periodonto............................................................................................................ 27 3. PATOGÊNESE.............................................................................................................. 28 4. ETIOLOGIA................................................................................................................... 33 4.1. Particularidades Metabólicas............................................................................... 34 4.2. Argumento Biomecânico..................................................................................... 35 5. ASPECTOS CLÍNICOS................................................................................................ 36 6. DIAGNÓSTICO............................................................................................................. 36 7. TRATAMENTO............................................................................................................ 38 8. CONCLUSÃO................................................................................................................ 40 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 41 11 INTRODUÇÃO A Odontologia Veterinária vem se desenvolvendo intensamente em todo mundo. Em 1976, nos Estados Unidos, foi criada a American Veterinary Dental Society, contribuindo com os estudos e pesquisas voltadas a essa área. Em 1987 e 1988 foram criados a Academy of Veterinary Dentistry e o American Veterinary Dental College, encorajando as escolas de Medicina Veterinária a estabelecer um departamento que pudessem viabilizar treinos na odontologia veterinária para estudantes e profissionais da área. No Brasil, esse crescimento foi marcado pelo surgimento da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV), fundada em outubro de 2002, visando aprimorar os estudos e pesquisas, estimulando o encontro entre os profissionais para intercâmbio de informações através de seminários e reuniões. Atualmente, com um número cada vez maior de profissionais, instituições e estabelecimentos voltados para o exercício e desenvolvimento dos procedimentos odontológicos, algumas universidades já oferecem a Odontologia como disciplina optativa em seus currículos de graduação e também de cursos de extensão universitária. Dentro da odontologia veterinária, o paciente felino encontra destaque, devido às particularidades dentárias e afecções exclusivas da espécie. A reabsorção dentária é caracterizada pela perda progressiva da substância dentária (HARVEY, 2004; GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010). Foi descrita pela primeira vez em 1976 e até pouco tempo era conhecida como lesão de reabsorção odontoclástica felina (LROF) ou pela sigla FORL, da nomenclatura em inglês da lesão (Feline Odontoclastic Resorptive Lesions) (KLEIN, 1999). É uma lesão frequente nos gatos, geralmente dolorosa, de etiologia desconhecida (HARVEY, 2004; DELAURIER, BOYDE, et al., 2005; GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010), podendo acometer um único dente, porém é comum observarmos formas múltiplas que envolvem diversos dentes (HARVEY, 2004; GIRARD, 2009; REITTER, 2012). Autores relatam que uma ou mais lesões reabsortivas são observadas em cerca de cinquenta por cento dos gatos com cinco ou mais anos de idade. A prevalência aumenta com o avanço da idade (HARVEY, 2004; 12 DELAURIER, BOYDE, et al., 2005; EUBANKS, 2011; REITTER, 2012) e também não existe predisposição em relação à raça ou sexo (REITTER, 2012). Estas lesões também são descritas em humanos, caninos e outros mamíferos (HARVEY, 2004; GIRARD, SERVET, et al., 2010). Em humanos estão associadas a uma sequela inflamatória, seja por uma periodontite ou alguma afecção mecânica do ligamento periodontal, porém, em felinos essas relações não foram comprovadas até o momento (GIRARD, 2009). A prevalência da reabsorção dentária pode variar muito, entre aproximadamente vinte e cinco a setenta e cinco por cento, em diferentes populações de gatos domésticos (DELAURIER, BOYDE, et al., 2005; EUBANKS, 2011; REITTER, 2012). Esta variação acontece devido às diferentes populações escolhidas para estudo (consultas apenas odontológicas, clientes de primeira consulta odontológica ou população saudável) e também os métodos de diagnóstico utilizados (exame clínico com ou sem exame radiográfico associado) (GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010). Dada a importância à doença e a sua alta prevalência na população felina, a proposta desse trabalho é contribuir para o estudo e reconhecimento precoce da lesão reabsortiva dentária nos gatos domésticos, não só, pelos profissionais da área, como também, pelo clínico geral. 13 1. ASPECTOS GERAIS SOBRE A DENTIÇÃO FELINA Entender a anatomia dentária normal dos gatos é o primeiro passo para reconhecer afecções orais. Há muita confusão sobre a quantidade e sequência dos dentes felinos. A dentição permanente nessa espécie conta com trinta dentes, diferente dos cães que possuem quarenta e dois, devido ao fato dos gatos possuírem uma mandíbula menor (WEST, 1990). 1.1. Dentição Felina É importante conhecer a fórmula dentária tanto do filhote como do paciente adulto. Fonte: West, 1990 Figura 1: Fórmula dentária do paciente felino. Fonte: Leon-Roman (2013) Figura 2: Ilustração dos dentes mandibulares e maxilares dos felinos. natha Destacar 14 Existem quatro tipos de dentes: • Incisivos: para mordiscar e cuidar dos pelos. • Caninos: para agarrar e dilacerar • Pré-molares e molares: para cortar e triturar. (MITCHELL, 2004) Nos carnívoros atuais, o último pré-molar maxilar e o primeiro molar mandibular são conhecidos como “dentes carniceiros” e tem como função cortar e triturar o alimento. Baseado no número máximo de dentes permanentes pré-molares (quatro) e molares (três) nos mamíferos domésticos, vemos que na dentição permanente do gato o número de dentes pré- molares diminui para três e os molares para um na maxila e para dois pré-molares e um molar na mandíbula. A grande confusão acontece nesse ponto.O gato não tem a erupção do primeiro pré-molar tanto superior quanto inferior, então o primeiro dente observado na maxila é o segundo pré-molar, denominado de P2, e na mandíbula o segundo pré-molar também não eclode, então o primeiro dente observado é o terceiro pré-molar, denominado então de P3. Explicando de outra forma temos: • Dentes molares não estão presentes na dentição decídua, somente na dentição permanente. • Incisivos, caninos e pré-molares decíduos, com exceção do primeiro pré-molar, são substituídos, então o primeiro pré-molar que é observado é chamado de P2. • Baseado no número máximo de quatro pré-molares e três molares, o dente carniceiro maxilar é chamado de P4 e o mandibular de M1. Essas regras explicam porque as ilustrações sobre a dentição permanente felina mostram os dentes pré-molares maxilares como P2, P3 e P4 e os mandibulares como P3 e P4 (WEST, 1990). natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 15 Fonte: West, 1990 Figura 3: Dentição decídua e permanente no gato. Habitualmente os dentes são identificados seguindo o sistema Triadan modificado, que é um código de três dígitos que individualiza cada elemento dental (Figura 4). O primeiro dígito designa o quadrante no qual o dente esta localizado e os outros dois dígitos designam a localização desses dentes dentro do quadrante, sempre começando do incisivo central e movendo-se distalmente. As designações dos quadrantes para os primeiros dígitos são os seguintes: 1- maxilar direito; 2- maxilar esquerdo; 3- mandibular esquerdo e 4- mandibular direito. A dentição primária também pode ser designada com os seguintes dígitos: 5- maxilar direito; 6- maxilar esquerdo; 7- mandibular esquerdo e 8- mandibular direito. Quando os dois últimos dígitos são adicionados ao dígito do quadrante, um código único é criado para cada dente (REITTER, 2012). natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 16 Fonte: Little, 2012 Figura 4: Esquema ilustrativo da dentição de felinos com sua respectiva identificação segundo o método Triadan modificado. 1.2. Erupção Dentária O paciente felino apresenta erupção dos dentes, tanto decíduos como 17 permanentes, seguindo uma sequência que tem início na região mesial e corre até distal, ou seja, iniciando em incisivos e terminando em pré-molares e molares. Quadro 1: Erupção dos dentes decíduos e permanentes nos felinos. Fonte: Gioso (2003) 2. ANATOMIA DO DENTE FELINO O dente é dividido em três porções anatômicas, sendo elas, coroa, raiz e colo dentário. A Coroa é a porção do dente coberta por esmalte e a única parte a se apresentar acima da margem da gengiva. A ponta da coroa é chamada de Cúspide. A Raiz é a porção do dente que se encontra abaixo da gengiva e é recoberta por uma camada de tecido fina e dura chamada Cemento. A ponta da raiz recebe o nome de Ápice e em dentes de raízes múltiplas observamos que a área onde as raízes começam a se dividir chama-se Furca. E o Colo (ou região cervical) do dente é a junção da coroa com a raiz, onde se insere a gengiva normal (MITCHELL, 2004). A porção interna do elemento dentário é composta por Dentina, e pelo Sistema de Canais Radiculares, onde está presente o Tecido Pulpar. No entorno do dente, está o Periodonto, que é o conjunto de tecidos moles e duros que suportam as raízes e permite a natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 18 retenção do dente dentro da boca. É composto por quatro componentes principais, sendo eles Gengiva, Cemento, Ligamento Periodontal e Osso Alveolar. Quanto às estruturas do elemento dentário, é importante o entendimento de sua composição e formação, assim como alterações que ocorrem durante o envelhecimento do paciente. Fonte: Leon-Roman (2013) Figura 5: Estruturas do elemento dentário. 2.1. Esmalte O esmalte é o tecido mais duro e mineralizado do organismo. É produzido pelo órgão do esmalte, de origem ectodérmica (HARVEY, EMILY, 1993; ROZA, 2004) e consiste de prismas hexagonais de hidroxiapatita, cimentados por uma matriz orgânica, cobrindo a coroa nos carnívoros (ROZA, 2004). natha Destacar 19 2.2. Dentina É uma variedade de tecido conjuntivo mineralizado, sendo constituído por uma parte orgânica e outra inorgânica. A primeira é considerada como vinte por cento da dentina, sendo em sua maioria composta de fibras colágenas. Essas fibras são basicamente do tipo I (91%) e tipo V (em menor quantidade). A parte da dentina não composta por colágeno apresenta fosfoproteínas, proteoglicanos, glicoproteínas ácidas, fatores de desenvolvimento e lipídeos. A fração inorgânica constitui setenta por cento da dentina, sendo o principal componente a Ca10(PO4)6(OH), hidroxiapatita de cálcio (TROWBRIDGE, 1998). Os odontoblastos, células responsáveis pela produção dentinária, embora situados na camada periférica da polpa, a pré-dentina, possuem prolongamentos que se ramificam para o interior da dentina permitindo intenso contato. Por isso é chamado de complexo polpa- dentina, uma vez que embriológica, histológica e funcionalmente são variedades de tecido conjuntivo originado da papila do germe dentário em desenvolvimento (LAGE-MARQUES; ANTONIAZZI, 2002). A dentina, apesar de ser um tecido mineralizado e avascular, possui vitalidade, sensibilidade e capacidade reparativa. Devido à formação regular e progressiva, sua composição varia conforme a idade do dente (TROWBRIDGE, 1998). Em um dente adulto são encontradas três variações de dentina: primária, secundária e terciária ou reparativa (LYON, 1998). A dentina primária situa-se imediatamente subjacente ao esmalte ou cemento. A dentina secundária é formada pelos odontoblastos após a completa formação da raiz (apicogênese). A deposição contínua da dentina secundária resulta em uma redução do diâmetro da polpa coronal e radicular, fisiologicamente caracterizando o envelhecimento dental. Essa deposição, após a erupção do dente, é chamada de odontogênese. Esse processo continua por toda a vida do animal, possibilitando diferenciar animais jovens de adultos pela deposição de dentina na câmara pulpar, onde animais jovens tem uma câmara ampla e adultos uma câmara mais estreita. E a formação da dentina terciária ou reparativa ocorre em resposta a um processo irritativo dos odontoblastos, no interior dos túbulos dentinários, como por exemplo, desgastes, 20 abrasões e erosões. Sua produção será irregular, com aspecto desorganizado, podendo conferir coloração acastanhada no local da injúria dental (TROWBRIDGE, 1998; LYON, 1998). Fonte: Leon-Roman & Gioso, 2003 Figura 6: Fases de envelhecimento do dente felino. 2.2.1. Túbulos Dentinários São pequenos canais encontrados na matriz dentinária preenchidos por fluidos e processos odontoblásticos, ou Fibras de Thomes. Ocupam vinte a trinta por cento do volume da dentina íntegra. Esses túbulos estão dispostos de forma regular e percorrem toda a espessura da dentina desde o limite amelodentinário/cementodentinário até a polpa, o que indica o trajeto seguido pelos odontoblastos durante a dentinogênese. Calcula-se que haja aproximadamente quarenta e cinco mil túbulos dentinários por mm2, sendo que esse valor se modifica dependendo da região apical, médio ou coronal (GIOSO, 2003). O fluido contido nos túbulos dentinários ocupa vinte por cento do volume total da dentina. É um filtrado de sangue dos capilares pulpares que podem se movimentar ao redor dos odontoblastos e no interior da cavidade pulpar. A sensibilidade dentinária esta 21 diretamente relacionada à movimentação deste fluido. Produtos bacterianos e outros contaminantes podem ser introduzidosao endodonto pelo fluido dentinário como resultado de cáries, fraturas e procedimentos restaurativos. Assim, um túbulo exposto pode produzir a comunicação da cavidade interna dental com a microbiota bucal (TROWBRIDGE, 1998). 2.2.2. Permeabilidade Dentinária A capacidade de líquidos atravessarem a dentina foi inicialmente descrita e abordada sobre o aspecto de permeabilidade dentinária por FISH em 1927 e 1932. Os túbulos dentinários são os principais canais de difusão do fluido dentinário. Em 1988 caracterizou-se que, em humanos, a dentina radicular apresentou permeabilidade menor que a região coronal. Isto se atribui à densidade dos túbulos diferente nas regiões apical, médio e coronal. (FOGEL, et al, 1988). Quanto maior a quantidade e diâmetro dos túbulos dentinários, maior é a difusão de substâncias, ou seja, maior é a permeabilidade dentinária. (PASHLEY, 1993). 2.3. Polpa Dentária A anatomia da polpa consiste em um tecido frouxo, de origem mesenquimal, que ocupa a cavidade interna do dente. É composta por tecido conjuntivo (fibroblastos), substância intracelular, vasos, nervos e fibras (EMILY, 1998). A polpa apresenta função sensorial, de formação, nutrição e defesa do dente. O desenvolvimento pulpar é um processo gradual, variando individualmente (LYON, 1998). 22 Fonte: Leon-Roman & Gioso (2003) Figura 7: Anatomia pulpar. 2.3.1. Citologia Pulpar A polpa histologicamente é dividida em quatro regiões: 1) Camada Odontoblástica: localizada na periferia do canal pulpar, adjacente à dentina, composta pelos odontoblastos e prolongamentos odontoblásticos que se estendem até os túbulos dentinários. 2) Cama pobre em células (Zona de Weil): após a camada de odontoblastos, no dente maduro. 3) Camada rica em células: entre a camada pobre e a porção central da polpa. 4) Centro da polpa: é a polpa propriamente dita e contém os maiores vasos sanguíneos e nervos. As células do tecido conjuntivo são os fibroblastos (TROWBRIDGE, 23 1998), além dos outros tipos celulares encontrados como odontoblastos, células mesenquimais indiferenciadas e macrófagos dispersos na substância intercelular amorfa (glicosaminoglicanas, proteoglicanas) (LAGE-MARQUES; ANTONIAZZI, 2002). 2.3.2. Odontoblastos São as células mais características do complexo polpa-dentina. Apresentam o corpo adjacente à camada pré-dentina e prolongamentos citoplasmáticos no interior dos túbulos dentinários. Os odontoblastos são responsáveis pela produção de dentina (dentinogênese), formando os túbulos dentinários (LAGE-MARQUES; ANTONIAZZI, 2002). Atualmente sabe-se que a dentinogênese, osteogênese e cementogênese são bastante semelhantes. Não é de se surpreender que os odontoblastos, osteoblastos e cementoblastos apresentem características similares, pois são células capazes de produzir matriz composta por fibras colágenas e proteoglicanas que se mineralizam. Aparentemente o odontoblasto sintetiza principalmente o colágeno do tipo I, e pequenas quantidades de colágeno do tipo V. Os odontoblastos ativos tendem a serem maiores e com maior número de organelas. Em repouso, os odontoblastos são menores e essas modificações ocorrem após a completa formação da raiz (TROWBRIDGE, 1998). 2.3.3. Fibroblastos São as células mais numerosas da polpa, globosas, com características de células jovens. Responsáveis pela produção das fibras colágenas tipo I e III, glicosaminoglicanas e 24 proteoglicanas. Um aumento dos vasos sanguíneos, nervos e fibras diminuem o número de fibroblastos como consequência (TROWBRIDGE, 1998). 2.3.4. Células Mesenquimais Indiferenciadas São células precursoras dos odontoblastos, fibroblastos e macrófagos. Seu número diminui com a idade e, portanto, o potencial regenerativo da polpa também decresce (TROWBRIDGE, 1998; LAGE-MARQUES; ANTONIAZZI, 2002). 2.3.5. Outras Células São ainda encontradas na polpa dentária células de defesa como linfócitos, plasmócitos e eventualmente macrófagos agindo ativamente no mecanismo de endocitose e fagocitose, além de processar e apresentar o antígeno também aos linfócitos (TROWBRIDGE, 1998). 2.4. Vascularização da Polpa A polpa é um tecido conjuntivo ricamente vascularizado. O suprimento sanguíneo da polpa e do periodonto originam-se da mesma artéria e drenam para veias das regiões maxilar e mandibular. Os capilares provem de foraminas que compõe o delta apical. Além 25 disso, a polpa também apresenta vasos linfáticos que junto com a circulação venosa ira atuar na drenagem da cavidade pulpar (EMILY, 1998). 2.5. Inervação da Polpa Responsável pela resposta a estímulos sensoriais. A polpa é inervada por um grande número de fibras nervosas mielinizadas e amielinizadas. O controle da dor esta diretamente relacionado à compreensão da origem desses sinais. Os feixes nervosos são mais resistentes à necrose, o que explica a dor, mesmo que o dente aparentemente não apresente mais vitalidade (TROWBRIDGE, 1998). A inervação acompanha os vasos sanguíneos no delta apical. Os feixes nervosos, após adentrarem a cavidade pulpar, atravessam a camada odontoblástica. Com a idade do animal essa inervação tende a diminuir e não se formar novamente. (EMILY, 1998). 2.6. Delta Apical A região do ápice dental é por onde penetram os vasos sanguíneos e feixes nervosos da polpa. Nos cães e nos gatos o ápice não é formado por um único forame, como no homem, e sim por várias ramificações, foraminas, que compõe o delta apical. A formação deste delta ocorre por volta dos dez a quinze meses de idade (GIOSO, 2003). 26 Fonte: Leon-Roman & Gioso (2003) Figura 8: Em “a” ápice humano, apresentando um forame único, além de um canal acessório. Em “b” ápice de um cão (semelhante ao do felino) com o conjunto de foraminas que compõe o delta apical. De acordo com estudo realizado por MASSON et al., 1992 e GAMM et al., 1993, foi caracterizado que a idade do animal tem um papel importante na análise das ramificações apicais, pois pela aposição dentinária ocorre obliteração dos condutos e por isso a padronização da idade se torna importante. Muitos condutos visualizados em animais de três anos não são vistos quando os mesmo estão com oito anos de idade. Alguns autores classificaram essas ramificações dos quartos pré-molares e primeiros molares inferiores do delta apical em: conduto principal (que vai até o ápice sem interrupções); colateral (paralelo ao principal, alcança o ápice de maneira independente); secundário (origina-se do principal); acessório (a partir de um secundário) e lateral (do canal principal coronal à região apical) (HERNANDEZ, et al., 2001). No entanto a complexidade do delta apical dos cães é muito maior que em gatos e humanos (GAMM, et al., 1993; GIOSO, et al., 1997). Os quartos pré-molares apresentam mais ramificações apicais do que os primeiros e sua raiz distal possui um maior número de condutos secundários (HERNANDEZ, et al., 2001). Os canais laterais ou acessórios descritos em humanos não parecem ser frequentes em cães e gatos. Eles conectam a polpa ao ligamento periodontal, podendo ocorrer em qualquer região da raiz, sendo mais comum no terço apical (LEON ROMAN; GIOSO, 2002) 27 Alguns animais podem apresentar esmalte perolado que são depósitos de esmalte nas bifurcações da raiz dos molares permanentes, sendo muito comum ocorrer em molares permanentes e na maxila de humanos. São considerados desenvolvimentos anormais, pois no decorrer do desenvolvimento do dente as células do epitélio da lâmina da raiz se destacam e se diferenciam em mieloblastos e produzem coroa perolada. Essa má formação embriológica resulta em abcesso periodontal. 2.7. Periodonto É o conjunto de tecidos ao redor do dente responsável por sua sustentaçãoe retenção dentro da boca. Composto principalmente por: 1) Gengiva: É o tecido mole que protege as raízes dos dentes. A margem da gengiva é livre e normalmente cobre a base da coroa do dente. Esse espaço livre entre as estruturas é chamado de sulco gengival e em gatos sem doença periodontal deve ter de 0,5 a 1mm de profundidade. A porção da gengiva firmemente aderida ao osso subjacente é a gengiva de inserção e estende-se até o Epitélio Juncional. 2) Cemento: É a cobertura dura da raiz do dente e se insere ao Ligamento periodontal. É um tecido duro e avascular (HARVEY; EMILY, 1993; ROZA, 2004) que recobre a superfície radicular dos dentes nos carnívoros. Seu conteúdo inorgânico é menor que do osso, dentina e esmalte, o que o torna mais macio que esses três tecidos (HENNET, 1995; ROZA, 2004). Sua reabsorção e deposição são continuas e ele é mais espesso ao redor do ápice, e mais fino na junção esmalte-cemento (HARVEY; EMILY, 1993; ROZA, 2004). Sua função é a ancoragem dos dentes ao osso alveolar e ele é capaz de sofrer remodelação. Na região periapical ocorre a forma celular de cemento, que é secretado pelos cementócitos, e em colo e terços proximal e médio da raiz, predomina a forma acelular, originada dos cementoblastos. Tanto os cementoblastos quanto os cementócitos são nutridos a partir do ligamento periodontal (ROZA, 2004). No ligamento periodontal os cementoblastos depositam cemento em sua superfície fazendo contato com ele e promovendo sua adesão ao dente. 28 3) Ligamento Periodontal: É uma rede de fibras que une o cemento ao osso alveolar, agindo como um amortecedor de choque para o dente dentro do orifício ósseo e também para preveni-los de serem avulsionados do alvéolo. Formado por fibrilas colágenas que se arranjam paralelamente em fibras e se agrupam formando feixes. Também contem vasos, nervos e várias células. A presença do ligamento periodontal é essencial à mobilidade do dente. A mobilidade dentaria é determinada pela largura, altura e qualidade do ligamento periodontal (FIGUEIREDO; PARRA, 2004). Seu suprimento vascular é bastante amplo e oriundo da artéria maxilar (ROZA, 2004). As fibras são arranjadas em agrupamentos específicos – gengival, transeptal, da crista alveolar, horizontal oblíquo e apical – com funções individuais (LYON, 2001). Além das funções de sustentação, absorção e distribuição das forças da mastigação, o ligamento periodontal tem ainda funções de síntese de osteoblastos, cementoblastos e fibroblastos, e reabsorção de osteoclastos desenvolvidas pelas células (ROZA, 2004). 4) Osso Alveolar: Aparece com a erupção do dente e desaparece com a perda dentária. Constitui as cristas dos ossos mandibulares que suportam os dentes. O osso normal é formado por três camadas, sendo elas, periósteo, osso denso compacto e osso esponjoso. O osso alveolar contem uma quarta camada, a placa cribriforme, que contorna os alvéolos (HENNET, 1995). Os vasos e nervos penetram através dessa lâmina e se estendem pelo osso esponjoso até o ligamento periodontal (HARVEY; EMILY, 1993). 3. PATOGÊNESE A lesão de reabsorção dentária dos felinos é caracterizada por uma perda progressiva de substância dentária (HARVEY, 2004; GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010). Um processo destrutivo ativo de células gigantes multinucleadas - odontoclastos - no cemento e estruturas adjacentes promove áreas de erosão na superfície do dente, que podem alcançar a câmara pulpar (JOHNSTON, 2000; HARVEY, 2004; GIRARD, 2009). A lesão também pode ter origem interna, da polpa para o cemento (JOHNSTON, 2000; GIRARD, 2009). Até os anos 70, as reabsorções dentárias nos felinos eram presumidas como natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 29 cáries (REITTER, 1998), porém, em 1976 Schneck e Osborn realizaram um estudo histopatológico que diferenciou essas lesões de dentes cariados. Eles constataram a reabsorção osteoclástica progressiva da substância dura do dente e que esta ocorria, com mais frequência, nas superfícies dos dentes pré-molar e molar. Eles, então, criaram o termo neck lesions porque a lesão primária aparecia na região cervical do dente, mas atualmente, este termo não é mais utilizado, pois é sabido que a referida lesão pode não se iniciar, necessariamente, nessa na região (REITTER, 1998). É provável que múltiplos fatores estejam envolvidos no desenvolvimento e progressão da reabsorção, incluindo citocinas (JOHNSTON, 2000; HARVEY, 2004; DELAURIER, 2005), fatores de crescimento, níveis séricos de eletrólitos essenciais (GIRARD, SERVET, et al., 2010; EUBANKS, 2011), pH tecidual, placa bacteriana induzindo inflamação dos tecidos e funcionando como ativadores de osteoclastos (HARVEY, 2004; EUBANKS, 2011), embora alguns estudos não demonstrem associação entre níveis eletrolíticos ou pH tecidual com a presença de lesões reabsortivas (EUBANKS, 2011). Um fato importante para entender as lesões reabsortivas dentárias é que elas podem ocorrer em qualquer lugar da superfície dentária (HARVEY, 2004; DELAURIER, 2005; REITTER, 2012) e não necessariamente perto da junção esmalte-cemento. Reabsorção no esmalte como evento inicial único é raramente observado, e elas podem começar, no mesmo dente, em pontos distintos simultaneamente. (REITTER, et al., 2005; GIRARD, 2009; REITTER, 2012). O tecido dentário reabsorvido é depois gradativamente substituído por cemento ou tecido ósseo reparador (KLEIN, 1999; HARVEY, 2004; DELAURIER, 2005). O exame histológico pode revelar processos alternados de reabsorção dentária e/ou reposição de cemento (KLEIN, 1999; JOHNSTON, 2000; WIGGS, 2011; REITTER, 2012), indicando assim a provável fase da doença que, segundo o The Nomenclature Committe of the American Veterinary Dental College (REITTER, 2012), pode ser classificada em cinco estágios: • Estágio I: quando há defeitos no esmalte ou no cemento superficial, sem comprometimento da dentina. • Estágio II: progressão das erosões invadindo a dentina através do esmalte e cemento. • Estágio III: as lesões acometem a cavidade pulpar e o canal radicular. • Estágio IV: perda da estrutura óssea, completa destruição da raiz e consequente anquilose por tecido de reposição. natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 30 • Estágio V: perda da coroa. (JOHNSTON, 2000; MIHALJEVICS, 2008; WIGGS, 2011; LITTLE, 2012) De um modo geral, as reabsorções aparecem na face vestibular da coroa do dente, e mais comumente nos pré-molares ou primeiro molar inferiores (DELAURIER, 2005; GIRARD, SERVET, et al., 2010; REITTER, 2012). Segundo C.E. Harvey (2004), nos dentes caninos as lesões reabsortivas são vistas principalmente na raiz, mesmo quando a coroa e a margem gengival se apresentam normais. Cerca de setenta por cento das reabsorções estão associadas a um processo inflamatório (figuras 1 e 2) e trinta por cento mostram sinais de reparação (figuras 3 e 4) (DELAURIER, BOYDE, et al., 2005; GIRARD, 2009). Um estudo de DeLaurier et al. (2005) utilizando microscopia eletrônica para analisar a micro anatomia da superfície de vinte e dois dentes felinos em estágios avançados de reabsorção dentária, mostrou que em noventa e cinco por cento dos dentes a reabsorção envolveu a raiz coronal na junção esmalte cemento. Em quatorze por cento dos dentes foi observado uma lesão de reabsorção e em cinquenta e cinco por cento a principal lesão foi vista na superfície vestibular. Na maioria dos dentes afetados, foi observada a presença de cemento reparador. Tecido ósseo reparador também foi encontrado nas lesões com reabsorção de dentina ou na superfície da raiz, em vinte e sete por cento dos dentes. Com isso, foi sugerido que a presença de lesões focais na função esmalte cemento pode ser o local inicial das lesões de reabsorção, e pode contribuir para o entendimentoda etiopatogenia da doença. A classificação das lesões não segue um critério em particular, porém a avaliação radiográfica foi proposta como sendo a melhor ajuda no diagnóstico e terapêutica (HARVEY, 2004; GIRARD, 2009; EUBANKS, 2011; WIGGS, 2011). Então, além dos estágios das lesões, temos a classificação também em dois tipos: • Tipo I (inflamatória): radiodensidade similar às raízes dentárias subjacentes e aparência normal do espaço do ligamento periodontal (lamina dura). Ocorre perda óssea vertical e horizontal, com exposição de furca, porém o ligamento periodontal encontra-se íntegro em sua maior parte e não há sinais de anquiloses ou outras alterações ósseas nas raízes remanescentes (REITTER, et al., 2005; MIHALJEVICS, 2008; GIRARD, 2009). Patognomônico de reabsorção inflamatória é a reabsorção do osso alveolar adjacente ao do dente acometido. (REITTER, 2012) • Tipo II (anquilosante): ausência do ligamento periodontal ou da lamina dura e a radiodensidade da raiz afetada é semelhante a do osso alveolar, ou radioluscente quando natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 31 comparada com as raízes adjacentes (indicando remodelação óssea) (GIRARD, 2009; REITTER, 2012). As anquiloses e remodelações ósseas estão, principalmente, localizadas na área da raiz. Depois do tecido dentário ter sido destruído ele é substituído por um tecido reparador parecido com o original. Consequentemente, o ligamento periodontal foi destruído, mas a crista alveolar permanece com sua altura fisiológica íntegra (MIHALJEVICS, 2008; GIRARD, 2009; REITTER, 2012). Há casos em que os dois tipos podem ocorrer juntos no mesmo dente, e nem sempre é possível distingui-las (MIHALJEVICS, 2008). Fonte: www.dentistavet.com.br Figura 9: Reabsorção dentária inflamatória no terceiro pré-molar inferior esquerdo, com perda da coroa clínica e presença de gengivite acentuada. http://www.dentistavet.com.br/ 32 Fonte: www.dentistavet.com.br Figura 10: Radiografia confirma a reabsorção dentária de origem inflamatória do dente da figura 9. Há perda da coroa clínica, e área de radioluscencia no remanescente da coroa, além da presença das raízes e preservação do ligamento periodontal. Fonte: www.dentistavet.com.br Figura 11: Reabsorção dentária por substituição no terceiro pré-molar esquerdo, com avanço da gengiva sobre a área reabsorvida, e presença de gengivite discreta. http://www.dentistavet.com.br/ http://www.dentistavet.com.br/ 33 Fonte: www.dentistavet.com.br Figura 12: Radiografia revela grave reabsorção por substituição das raízes do mesmo dente pré-molar da figura 11. É possível visualizar a perda do espaço do ligamento periodontal, o que dificulta diferenciar raiz de osso alveolar, denotando anquilose. 4. ETIOLOGIA A exata etiologia da reabsorção dentária ainda é desconhecida e objeto de debate e de pesquisa (HARVEY, 2004; DELAURIER, BOYDE, et al., 2005; GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010;). Em alguns estudos histológicos, radiográficos e clínicos, foi evidenciada a suspeita contribuição do estresse mecânico (mastigação) e da inflamação crônica associados à doença periodontal (JOHNSTON, 2000; HARVEY, 2004) como fatores desencadeantes, assim também como o excesso de suplementação de vitamina D3 (colecalciferol) nas rações secas comerciais para gatos, apesar de haver controvérsias (HARVEY, 2004; GIRARD, SERVET, et al., 2010; REITTER, 2012). Ainda não foram http://www.dentistavet.com.br/ natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 34 esclarecidas as funções exatas das estruturas histológicas específicas do gato como a vasodentina e osteodontina, e também foi proposta a existência de interações entre as vias metabólicas do cálcio e as reabsorções dentárias (JOHNSTON, 2000; EUBANKS, 2011). Alguns autores consideram que a prevalência elevada das reabsorções dentárias múltiplas no gato são indicador de uma eventual origem metabólica (JOHNSTON, 2000; GIRARD, SERVET, et al., 2010; EUBANKS, 2011), enquanto outros acreditam que fatores dietéticos ou biomecânicos estejam envolvidos, e que estão insuficientemente estudados (JOHNSTON, 2000; GIRARD, 2009). 4.1. Particularidades Metabólicas Assim como os cães, os gatos são incapazes de sintetizar vitamina D e, portanto, sua síntese pela pele, através da exposição solar aos raios ultravioletas, é ineficiente para a manutenção da concentração plasmática adequada. Na natureza, os gatos obtém a vitamina D através da caça de diferentes presas. Já os gatos domésticos necessitam da suplementação da vitamina D na dieta comercial para manterem os níveis sanguíneos adequados. Supõe-se que a lesão reabsortiva pode estar associada à ingestão crônica de vitamina D composta na dieta comercial (GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010; REITTER, 2012). Um estudo com cento e oitenta e dois gatos selecionados para tratamento dentário especializado mostrou que os animais que apresentavam lesão reabsortiva tinham índices séricos de vitamina D maiores do que os animais que não tinham reabsorção (112,4 +ou- 41,1 nmol/l contra 89,8 +ou- 33,4nmol/l) e a densidade urinária foi menor nos gatos com lesão (1,0263 contra 1,0366). Os autores ressaltam que todos os valores da vitamina D estavam dentro do intervalo de limites normais, e não houve diferenças significantes quanto aos níveis sanguíneos de paratormônio, ureia e fósforo (GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010). Porém, outros dois estudos descreveram resultados contraditórios. Um deles analisou trinta gatos com e sem lesão reabsortiva dentária, alimentados previamente com ração comercial por duas semanas, onde foi observado que os menores índices de vitamina D natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 35 foram obtidos no grupo com lesões (139 +ou- 8,3 nmol/l contra 157 +ou- 8,9 nmol/l sem lesões). Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de cálcio, fósforo, paratormônio e cálcio ionizado. (1) O outro estudo, com sessenta e quatro gatos alimentados por semanas, meses e até anos, com a mesma dieta comercial contendo um teor de vitamina D entre 1000 e 1500 UI/Kg, demonstrou menor concentração de vitamina D (164 +ou- 78,8 nmol/l) em gatos com, pelo menos, uma lesão reabsortiva que nos gatos sem qualquer lesão (226,8 +ou- 88,2 nmol/l) (GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010). 4.2. Argumento Biomecânico Em estudo com cento e nove gatos alimentados apenas com alimento seco, observou-se divergências quanto a localização dos diferentes tipos de reabsorção. Nos gatos sem raça definida, lesões do tipo I foram mais frequentes ao redor do dente carniceiro e as lesões do tipo II em volta do terceiro pré-molar inferior. Já no grupo de gatos de raça, as lesões do tipo II foram frequentes nos dentes incisivos e as do tipo I nos carniceiros. Uma análise detalhada de quatorze critérios clínicos e radiográficos, associados à doença periodontal, foi utilizada e revelou uma forte associação com as reabsorções dentárias. As reabsorções do tipo I foram relacionadas com oito das catorze variáveis estudadas e, portanto, fortemente ligadas à doença periodontal. Nas lesões do tipo II apenas dois parâmetros foram relacionados, ou seja, são fracamente ligadas à doença periodontal. A idade mais alta foi associada com mais frequência às lesões do tipo II (GIRARD, 2009). Os resultados de estudos recentes revelam a existência da associação entre a reabsorção dentária e a presença de perda óssea vertical, e que lesões do tipo I foram associadas à inflamação de origem periodontal com uma frequência oito vezes superior para as verificadas nas lesões do tipo II (GIRARD, 2009). 36 5. ASPECTOS CLÍNICOS A dor é muito difícil de ser avaliada nos animais e, nocaso da dor facial e oral, nem sempre ela é percebida no exame clínico de rotina. Alguns sintomas, como sialorréia, ligeira ou completa redução do apetite, perda de peso, postura alterada da cabeça e pescoço, arranhar a face, halitose, gengivite, podem ser percebidos (GIRARD, 2009; GIRARD, SERVET, et al., 2010; WIGGS, 2011; REITTER, 2012), porém a maioria dos proprietários só percebe que o animal tinha dor, quando após o tratamento dentário, notam melhora no comportamento do animal (GIRARD, 2009; WIGGS, 2011). Nas lesões reabsortivas, a dor originada por estimulação tátil é sempre observada no caso de reabsorção supragengival e esta associada a inflamação periodontal e/ou formação de tecido de granulação inflamatório sobre a lesão. Nas lesões de reabsorção subgengival, como não há associação de inflamação periodontal, a presença de dor é de difícil percepção. A extensão do processo de reabsorção no canal radicular ocorre na fase avançada da doença e a resposta inflamatória da polpa foi descrita histologicamente apresentando-se como um fenômeno degenerativo e não como uma pulpite inflamatória. Assim, é sugerido que a dor em lesões subgengivais é um evento terminal, mas mesmo assim, deve alertar o clínico para sua existência (GIRARD, 2009). 6. DIAGNÓSTICO A reabsorção dentária pode ser diagnosticada através da combinação dos exames clínico visual, odontológico tátil (com auxílio de um explorador dentário) e radiográfico (GIRARD, 2009; JOHNSTON, 2000). As lesões, em estado clínico avançado, podem ser identificadas ao exame clínico visual e tátil, quando o processo invadiu a coroa e resultou na formação de cavidade, mas a ausência de lesão e a presença de focos hiperêmicos e tecido hiperplásico na margem gengival natha Destacar natha Destacar 37 do dente podem ser sinais de que uma lesão possa estar escondida por baixo (figura 13) (WIGGS, 2011). Já o exame radiográfico revela lesões que envolvem a superfície do dente em contato com o osso alveolar e que normalmente passam despercebidos no exame clínico. O exame radiográfico complementa o exame clínico e é o único meio de avaliar as lesões radiculares, que são encontradas em oitenta por cento dos casos (HARVEY, 2004; EUBANKS, 2011; WIGGS, 2011), e nos fornece informações sobre o estágio e tipo da lesão. Portanto, a radiografia intraoral é essencial para o diagnóstico da reabsorção dentária felina, e por isso deve ser recomendada para todos os gatos, principalmente àqueles que apresentem lesões clinicamente aparente ou com sinais avançados de inflamação periodontal (GIRARD, 2009; EUBANKS, 2011; WIGGS, 2011). Fonte: www.dentistavet.com.br Figura 13: A reabsorção dentária no quarto pré-molar e primeiro molar inferior esta oculta por tecido gengival hiperemiado e hiperplásico. Tocando a lesão irá provocar uma resposta à dor apresentada como retirada ou tremor da mandíbula. Mandíbula tremendo muitas vezes pode ser observada mesmo quando o gato está sob anestesia. http://www.dentistavet.com.br/ natha Destacar natha Destacar natha Destacar 38 Fonte: www.dentistavet.com.br Figura 14: Radiografia intra-oral do mesmo paciente (figura 13) com área de radioluscencia em porção coronal e cervical, e anquilose da raiz mesial do quarto pré-molar inferior, além da ausência do terceiro pré-molar inferior, possivelmente reabsorvido. 7. TRATAMENTO São propostos três tipos de tratamentos odontológicos: tratamento conservador (KLEIN, 1999; GIRARD, 2009), amputação da coroa do dente (MIHALJEVICS, 2008; WIGGS, 2011; REITTER, 2012) e extração dentária, sendo este último o tratamento eletivo na maioria dos casos (KLEIN, 1999; HARVEY, 2004; GIRARD, 2009; REITTER, 2012) por algumas razões, tais como: • As lesões são progressivas; • A causa da reabsorção dentária é desconhecida; • A incidência da dor é, na maior parte, subestimada; • É difícil garantir o acompanhamento clínico do animal a médio e longo prazo. http://www.dentistavet.com.br/ natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 39 Atualmente, não existe tratamento odontológico conservador satisfatório (GIRARD, 2009; REITTER, 2012). A ideia de que estas lesões podem ser tratadas da mesma forma que uma cárie dentária não foi ainda abandonada, embora estudos retrospectivos demonstrem resultados bastante desencorajadores (HARVEY, 2004; KLEIN, 1999; REITTER, 2012). Como a etiologia exata da reabsorção dentária felina é ainda desconhecida, o fato da maioria das lesões desenvolverem-se abaixo do nível do cume alveolar, torna esses casos inacessíveis ao tratamento cirúrgico, sugerindo então a possibilidade da amputação da coroa (WIGGS, 2011). O tratamento proposto deve levar em conta o diagnóstico da lesão, incluindo a avaliação do estado inflamatório dos tecidos adjacentes e tem como objetivo o controle de qualquer dor facial. A extração cirúrgica deve ser bem planejada, com avaliação prévia radiográfica (KLEIN, 1999; EUBANKS, 2011; WIGGS, 2011), visando esclarecer a natureza das lesões e o risco de anquilose radicular. A técnica utilizada deve ser o menos traumática possível e permitir a resolução completa da dor e da infecção associada enquanto se conserva os tecidos circundantes. Uma boa técnica cirúrgica utilizada é feita através de uma abertura em flap na mucosa para facilitar a alveolectomia (KLEIN, 1999; REITTER, 2012). Em dentes de múltiplas raízes, este é seccionado e seus segmentos são elevados e removidos. Restos de raízes reabsorvidas são extraídos de modo similar, porém, raízes remanescentes, onde a gengiva encontra-se íntegra e sem sinais de lesões endodônticas ou periapicais ao exame radiográfico intraoral, devem ser mantidas assim, onde estão (REITTER, 2012). A amputação da coroa, sem remoção dos tecidos radiculares reabsorvidos é a opção de tratamento mais viável para os dentes em que ocorre a lesão reabsortiva tipo II, pois quando há tecidos de reposição e anquiloses da raiz, tornam a total extração praticamente impossível (REITTER, 2012). As lesões eletivas para tratamento conservador são as lesões reabsortivas supra gengivais precoces associadas a características radiográficas do tipo II, e lesões do tipo II sem qualquer envolvimento supra gengival, em que o exame radiográfico não revele inflamação óssea perirradicular, e que não haja sinais de dor ou alteração comportamental (desconforto). Porém, esse tipo de tratamento implica na aceitação da avaliação radiográfica dos dentes sob anestesia geral periódica, visando o monitoramento da progressão da reabsorção e a confirmação da ausência de inflamação associada. Os materiais de eleição na restauração das lesões reabsortivas felinas são as resinas líquidas adesivas (GIRARD, 2009), pois suas natha Destacar natha Destacar natha Destacar natha Destacar 40 propriedades isolantes, sua flexibilidade e o fato de serem fáceis de trabalhar, as tornam particularmente eficazes no isolamento da parede da dentina, de modo a prevenir a inflamação da polpa. Outra opção envolve a aplicação de cementos de ionômeros de vidro tipo 3 (KLEIN, 1999; GIRARD, 2009) na base da cavidade, devido à sua excelente compatibilidade mecânica com as paredes da dentina e a melhorar a elasticidade da restauração. Uma vez que as cavidades tratadas são pequenas, esse tipo de tratamento é geralmente de curta duração. 8. CONCLUSÃO As lesões de reabsorção felina são comuns em gatos de qualquer raça, sexo e idade, mas principalmente nos acima de cinco anos, ou seja, sem predileções, e a sua alta prevalência faz com que ainda seja objeto de vários estudos. Apesar das várias pesquisas e alguns progressos feitos acerca de sua patogênese, continua sendo uma incógnita sua real etiologia, e exatamente por isso, fica difícil ou praticamente impossível, preconizar medidas preventivas para evitar e/ou diminuir a progressão de uma lesãojá existente. O número de lesões por gato normalmente é elevado e a dor facial e o desconforto são os sinais clínicos mais observados e, principalmente, percebidos após um tratamento odontológico cirúrgico. Porém, o diagnóstico das lesões reabsortivas dentárias depende da realização de radiografias intraorais com o animal sob anestesia geral, uma vez que, estando a maioria delas localizada na raiz do dente, esta é a única maneira de determinar qual o tipo da lesão e qual o melhor tratamento a ser realizado. Com tudo isso, a extração cirúrgica continua sendo o tratamento de eleição para a grande maioria dos gatos com algum tipo de reabsorção dentária. Para um correto tratamento cirúrgico, indica-se o especialista em odontologia veterinária, não só pelo conhecimento específico, mas também pelos equipamentos especiais que precisará para diagnosticar e realizar o tratamento cirúrgico. As pesquisas continuam, e espera-se descobrir e entender melhor cada vez mais a origem dessas lesões para que possamos minimizar os efeitos dolorosos e até prevenir sua ocorrência, tanto em outras espécies como, principalmente, nos felinos domésticos. natha Destacar 41 REFERÊNCIAS BERGER, M.; SCHAWALDER, P.; STICH, H.; LUSSI, A. Feline Dental Resorptive Lesions in Captive and Wild Leopards and Lions, Journal of Veterinary Dentistry, v. 13, no. 1, p. 13, March 1996. DUPONT, G. Crown Amputation with Intentional Root Retention for Advanced Feline Resorptive Lesios – A Clinical Study, Journal of Veterinary Dentistry, v. 12, no. 1, p. 9, March 1995. DELAURIER, A.; BOYDE, A.; HORTON, M. A.; PRICE, J. S. A Scanning Electron Microscopy Study of Idiopatic External Tooth Resorption in the Cat, Journal Periodontol, v.76, no. 7, 2005, p. 1106-1112. EMILY, P. Endodontic diagnosis in dogs. The Veterinary Clinics of North America – Small Animal Practice v. 28 no. 5, p. 1189-1203, 1998. EUBANKS, D.L. Plasma Calcium, Phosphorous and Magnesium Levels in Cats with and without Tooth Resorption, J Veterinary Science & Technology, 2011, Disponível em: <http://dx.doi.org/10.4172/2157-7579.S3-001>. Acesso em março de 2012. FIGUEIREDO, M.C; PARRA, S. L. N. Aspectos Normais da Membrana Periodontal e Osso Alveolar. Disponível em: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=205&idesp=15&ler=s>. Acesso em dezembro de 2012. FOGEL, H.M.; MARSHALL, F.J.; PASHLEY, D.H. Effects of distance of the pulp and thickness on the hydraulic conductance of human radicular dentin. J Dent Res. v. 67, p. 1381, 1988. GAMM, D.J.; HOWARD, P.E.; WALIA, H.; NENCKA, D. J. Prevalence and morphologic features of apical deltas in the canine teeth of dogs. JAVMA, v. 202, no. 1, Jan. 1, p. 63-70, 1993. GIOSO, M. A.; KNOBL T.; VENTURINI, M. A. F. A.; CORREA, H. L.; Non-apical root canal ramifications in the teeth of dogs. Journal of Veterinary Dentistry, v. 14, n. 3, p. 89- 90, 1997. http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=205&idesp=15&ler=s 42 GIOSO, M. A. Odontologia para clínicos de Pequenos Animais, 3ª. Ed. São Paulo, FMVZ- USP, 2003. GIRARD, N. Lesões reabsortivas odontoclásticas felinas: a compreensão é a chave para um bom diagnóstico. Veterinary Focus, v. 19, no. 2, 2009 p. 2-10. GIRARD, N.; SERVET, E.; HENNET, P.; BIOURGE, V. Tooth Resorption and Vitamin D3 Status in Cats Fed Premium Dry Diets, Journal of Veterinary Dentistry, v. 27, no. 3, Fall 2010, p. 142-147. HARVEY, E. C.; EMILY, P. P. Endodontics. Small Animal Dentistry, Mosby-Year Book, p. 156-212, St Louis, Missouri, 1993. HARVEY, C. E. The Oral Cavity, In: CHANDLER, E.A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R.M. Feline Medicine and Therapeutics, British Small Animal Veterinary Association, 3ª. Ed. Blackwell Publishing, 2004, p. 379-389. HENNET, P. Dental Anatomy an Physicology of Small Carnivores, In: CROSSLEY, D.A.; PENMANN, S., Manual of Small Animal Dentistry. Cheltenham, British Small Animal Veterinary Association, 1995, p. 93-104. HERNANDEZ, S. Z.; NEGRO, V. B.; MARESCA, B. M. Morphologic features of the root canal system of the maxillary fourth premolar and mandibular first molar in dogs. Journal of Veterinary Dentistry, v. 18, no. 1, p. 9-13, Mar., 2001. JOHNSTON. N., Acquired feline oral cavity disease Part 2: Feline odontoclastic resorptive lesions, Journal of the British Veterinary Association, v. 22, no. 4, p. 188-197, 2000. Disponível em: <http://inpractice.bmj.com/content/22/4/188.abstract?sid=0f3f0a12- 0c31-4bf1-a813-04947d7a5f58>. Acesso em fevereiro de 2012. KLEIN, T. J. Advances in Feline Dentistry, In: BUFFINGTON, C. A. T. The 23rd annual Waltham/OSU Symposium for the Treatment of Small Animal Diseases: advances in feline medicine, Ed. Vernon, California, 1999, p. 96-99. Disponível em: <http://www.worldcat.org/title/23rd-annual-walthamosu-symposium-for-the-treatment-of- small-animal-diseases-advances-in-feline-medicine/oclc/44052064>. Acesso em março de 2012. LAGE-MARQUES, J.L; ANTONIAZZI, J. H. Técnicas Endodônticas: versão eletrônica da técnica endodôntica da Faculdade de Odontologia na Universidade de São Paulo, Agosto de 2002. CD ROOM. http://inpractice.bmj.com/content/22/4/188.abstract?sid=0f3f0a12-0c31-4bf1-a813-04947d7a5f58 http://inpractice.bmj.com/content/22/4/188.abstract?sid=0f3f0a12-0c31-4bf1-a813-04947d7a5f58 http://www.worldcat.org/title/23rd-annual-walthamosu-symposium-for-the-treatment-of-small-animal-diseases-advances-in-feline-medicine/oclc/44052064 http://www.worldcat.org/title/23rd-annual-walthamosu-symposium-for-the-treatment-of-small-animal-diseases-advances-in-feline-medicine/oclc/44052064 43 LEON ROMAN, M. A.; GIOSO, M. A. Tratamento de canal convencional: opção à extração de dentes afetados endodonticamente – revisão. Clínica Veterinária, Ano VII, no. 40, p. 32-44, set/out, 2002. LYON, K. F. Endodontic Therapy in the Veterinary Patient. The Veterinary Clinics of North America – Small Animal Practice, v. 28, no. 5, p. 1203-1236, Set, 1998. LYON, K. F. Endodontic Anatomy and Diagnosis in the Veterinary Patient, In: Proceedings of World Small Animal Veterinary Association World Congress, Vancouver, 26, 2011. MIHALJEVIC, S. FORL and Stomatitis / Gingivitis Complex in Cats, Proceedings of the Southern European Veterinary Conference & Congreso Nacional AVEPA, 2008, Barcelona, Spain. Disponível em URL: http://www.ivis.org/proceedings/sevc/2008/mihal1.pdf. Acesso em março de 2012. MITCHELL, P.Q. Odontologia dos Animais Domésticos. 1ª. Ed. São Paulo: Roca, 2004, p. 7-11. PASHLEY, D. H. Dentin conditions and disease, In: LAZZAN G. Handbook of Experimental Dentistry, CRC Boca Raton, Fla, 1993. PICOSSE, M, Anatomia Dentária, 4ª. Ed. São Paulo, Sarvier, 1987. REITER, A. M. Feline “Odontolysis” in the 1920’s: The forgotten histopathological study of Feline Odontoclastic Resorptive Lesions (FORL), Journal of Veterinary Dentistry, v. 15, no.1, p. 35-4, March 1998. REITER, A. M; LEWIS, J. R.; OKUDA, A. Update on the Etiology of Tooth Resorption in Domestic Cats, Veterinary Clinics of North America – Small Animal Practice, v. 35, no. 4, p. 913-942, Jul, 2005. REITTER, A. M. Dental and Oral Diseases, In: LITTLE, S. E. The Cat Clinical Medicine an Management, 2012, 1400 p., p. 344-348. ROZA, M. R. Odontologia em Pequenos Animais, Rio de Janeiro, L. F. Livros, 2004. TROWBRIDGE, H. O.; KIM, S. The Science of Endodontics: Pulp Development, Structure and Function, In: COHEN, S.; BURNS, R. C. Pathways of the Pulp, 7ª. Ed., Guanabara-Koogan, 1998, p. 364-399. http://www.ivis.org/proceedings/sevc/2008/mihal1.pdf 44 WEST, L. Anatomy: The Enigma of Feline Dentistry, Journal of Veterinary Dentistry, v. 7, no.3, p. 16-17, September 1995. WIGGS, R. B.; BLOOM, B. C.; RUTH, S. L. Dental Resorption, In: NORSWORTHY, G.D.; GRACE, S. F.; CRYSTAL, M.A.; TILLEY, L. P. The Feline Patient, 4ª. Ed. Iowa: Wiley-Blackwell, 2011, p. 608-609.1. ASPECTOS GERAIS SOBRE A DENTIÇÃO FELINA
Compartilhar