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Apostila CPPM

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
1 - SEMELHANÇAS COM O PROCESSO PENAL COMUM
Há no Direito Processual Penal Militar alguns institutos que são idênticos aos institutos do Direito Processual Penal Comum, são eles:
a) Sujeitos processuais: juiz, MP, serventuários da justiça, acusado, defensor, assistente do MP, peritos e interpretes;
b) Normas sobre suspensão e impedimento (quase todas);
c) Princípios (quase todos) – aqui, aplicam-se todos os princípios constitucionais;
d) Ação penal pública incondicionada
e) Prisão em flagrante
f) Questões prejudiciais e incidentes
2 - SEMELHANÇAS COM O PROCESSO PENAL COMUM
Há, igualmente, institutos que se assemelham nos dois ramos, são eles:
a) Competência
b) Inquérito
c) Teoria Geral dos Recursos
d) Rejeição da denúncia
3 - INSTITUTOS DO DIREITO PENAL COMUM INEXISTES NO DIREITO PENAL MILITAR
Alguns institutos do Direito Processual Penal não existem no Direito Processual Militar, são eles:
a) Carta testemunhável;
b) Fiança;
c) Suspensão do processo no caso de citado por edital (art. 366);
d) Não existe recurso especial ao STM;
e) Medias cautelares alternativas a prisão;
4 - INSTITUTOS DO DIREITO PENAL MILITAR INEXISTES NO DIREITO PENAL COMUM
Por fim, o Direito Penal Militar possui institutos que não existem no Direito Penal Comum, são eles:
a) Prisão pelo encarregado do IPM;
b) Menagem;
c) Desaforamento para crimes não dolosos contra a vida;
d) Conselhos de Justiça Militar;
e) Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Defesa e à Requisição do Presidente da República.
5 - LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR
Destaca-se que nem toda legislação aplicação ao processo penal militar encontra-se disciplinada no CPPM (Decreto-Lei 1.002/69). Há matérias dispostas, por exemplo, na Lei de Organização Judiciária Militar da União (Lei 8.457/92), bem como se aplicam diversos disposi tivos previstos no Código de Processo Penal Comum.
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR
1 - PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
 1.1 PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO PENAL MILITAR
Aplicam-se os princípios do Direito Processual Penal Comum ao Direito Processual Penal Militar, a exemplo do contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal, dentre outros (princípios do inquérito penal policial).
Destaca-se que não há no processo penal militar a aplicação do princípio da identidade física do juiz, ou seja, quando o juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência fará a senteça, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor
Obs.: Há doutrina que defende a aplicação de tal princípio por analogia, em razão do disposto no art. 3º, alinhas “a” e “e”. Ficar atento para provas objetivas, tendo em vista que pela literalidade do CPPM não é possível.
1.2 - PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE E DA EXTRATERRITORIALIDADE
O CPPM, aqui, está em perfeita sintonia com o CPP. Portanto, a regra é a territorialidade, sendo a extraterritorialidade da lei processual penal militar uma exceção.
Imagine os seguintes casos hipotéticos de extraterritorialidade:
CASO 1: Brasil celebra tratado com Portugal, segundo o qual será possível aplicar o CPPM quando um brasileiro (militar) praticar um crime militar em Portugal, bem como será aplicado o Direito Processual Penal Militar português, no Brasil, quando um militar lusitano praticar crime em território nacional.
CASO 2: Brasil está em guerra com determinado país. No espaço em que as tropas brasileiras já tiverem ocupadas será aplicado o CPPM.
No art. 1º do CPP está disposto que as normas serão aplicadas quando não estiverem em conflitos com os tratados e convenções internacionais. Havendo conflito irá prevalecer as normas internacionais, o mesmo ocorre no Direito Processual Penal Militar.
1.3 - APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR NO TEMPO
Em regra gela a aplicação da lei processual penal no tempo, segue o mesmo regramento do CPP comum.
O art. 2º do CPP traz o princípio da imediatidade da aplicação da lei processual ou princípio do tempus regit actum, segundo o qual a lei processual penal será aplicada aos processos que serão iniciados, bem como aos processos que estão em andamento, sem prejuízo dos atos que já foram praticados e concluídos.
Obviamente, não será aplicada aos processos findos, aqueles em que já ocorreram o trânsito em julgado.
O CPPM, em seu art. 5º, disciplina da mesma forma, vejamos:
Art. 5º As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Destaca-se que tanto no CPPM quanto no CPP não há aplicação dos princípios da extratividade benévola e da extratividade gravosa.
IRRETOATIVIDADE + ULTRATIVIDADE = PRINCÍPIO DA EXTRATIVIDADE
EXCEÇÕES
Leis mistas ou híbridas
As leis mistas ou híbridas são aquelas que possuem matérias de direito penal e de direito processual penal, a exemplo do instituto da ação penal que está previsto tanto no CPM quanto no CPPM.
Assim, serão pautadas pelos princípios da extratividade benévola e da não extratividade gravosa, ou seja, lei processual penal híbrida mais severa não irá retroagir, sendo mais benéfica retroagirá.
Leis sobre prisão cautelares, liberdade provisória e menagem
As leis que disciplinarem prisões cautelares, liberdade provisória e menagem irão retroagir se for mais benéfica ao réu.
1.4 - INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR
1.4.1 - INTERPRETAÇÃO LITERAL
As normas do CPPM, em regra, devem ser interpretadas de forma literal, nos termos do art. 2º: 
Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.
1.4.2 - INTERPRETAÇÃO NÃO-LITERAL
Trata-se de exceção, são casos em que se admite a interpretação extensiva e a interpretação restritiva, nos termos do art. 2º, §1º do CPPM: 
Art. 2º, § 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua intenção.
1.4.3 - PROIBIÇÃO DE INTERPRETAÇÃO NÃO-LITERAL
Aqui, temos a exceção da exceção (§ 2º do art. 2º):
Art. 2º, § 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.
São casos em que o CPPM proíbe que sejam feitas interpretações extensivas ou restritivas, quando:
a) Cercear a defesa pessoal do acusado;
b) Prejudicar ou alterar curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza.
c) Desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.
1.4.4 - SUPRIMENTO DE LACUNAS
Por ser impossível o legislador prever previamente todas as situações passíveis de ocorrer na sociedade, é comum existir lacunas na lei, logo, para suprir essa ausência na norma, o Código de Processo Penal Militar estipulou em seu art. 3º do CPPM os seguintes meios de integração para superar esse problema: a) legislação processual penal comum (quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar; b) jurisprudência; c) usos e costumes militares; d) princípios gerais de Direito e e) analogia.
Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar; 
b) pela jurisprudência;
c) pelos usos e costumes militares;
d) pelos princípios gerais de Direito;
e) pela analogia.
a) LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM: Esse meio integrativo é muito comum de ser aplicável na legislação processual castrense, porém antes do seu usopropriamente dito, o interprete deverá observar dois requisitos de forma simultânea, 1° - verificar se a legislação é aplicável ao caso concreto e 2° - se aplicável, não irá prejudicar a natureza peculiar do processo penal militar.
Exemplo: Um militar é preso em flagrante delito pelo delito de furto simples
 (art. 240, caput, do CPM, com margem penal de 1 a 6 anos de reclusão), não estando presente nenhuma das hipóteses de causas excludentes de ilicitude e de culpabilidade. Ao analisar a possibilidade de concessão de liberdade provisória, verificamos que tanto o artigo 270 do CPPM (hipóteses de livrar-se solto) como o artigo 253 do CPPM (liberdade provisória condicionada ao comparecimento dos atos processuais cabível diante de uma causa de justificação ou de uma dirimente) não tem incidência no caso concreto. O que fazer se não estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva (arts. 254 e 255 do CPPM)? Como será feita a concessão de liberdade provisória nessa hipótese?
Resposta: A liberdade provisória será concedida com base no artigo 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal Comum, com fundamento no meio integrativo previsto no art. 3º, “a”, do CPPM (legislação do processo penal comum).
b) JURISPRUDÊNCIA: Trata-se do conjunto de reiteradas decisões de um tribunal em determinado sentido, logo os demais interpretes do direito podem utilizá-lo como fonte do direito para preenchimento de lacunas na norma. Nesse tópico, não podemos nos esquecer da súmula vinculante, cuja obediência a seu teor vincula os integrantes do Poder Judiciário (com exceção do Supremo Tribunal Federal) e do Poder Executivo, evitando insegurança jurídica e distinto tratamento em questões idênticas.
c) USOS E COSTUMES MILITARES: Trata-se da utilização dos princípios e valores morais das organizações militares como fonte do direito para suprir lacunas em que há ausência de norma para o caso concreto.
Basicamente se resume a utilização de condutas reiteradas adotadas do meio militar, com a convicção de sua obrigatoriedade. Esse meio integrativo é característica específica do processo penal castrense. 
Exemplo: É comum escutar no meio militar a expressão “antiguidade é posto”, sendo que tal costume militar foi definitivamente incorporado na legislação como pode se observar no art. 10, §5º, do CPPM, veja:
Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo, tomar· as providências necessárias para que as suas funções sejam delegadas a outro oficial, nos termos do §2º, do art. 7º.
 
d) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: são os postulados éticos que norteiam a criação das normas jurídicas, e Igualmente, o aplicador do direito poderá se valer dos princípios gerais do direito em caso de omissão.
e) ANALOGIA: Por fim, e a última tentativa para solucionar a lacuna, o uso da analogia consiste no complexo de meios dos quais se vale o intérprete para suprir a brecha do direito e complementa-los com elementos buscados no próprio Direito. Vale ressaltar que, sua aplicação só é admitida diante da inexistência de uma disposição precisa de lei, que alcance ou respalde o caso concreto. 
Embora a regra seja a da vedação do emprego da analogia no âmbito penal, a doutrina é uníssona ao permitir este recurso integrativo desde que estejam presentes dois requisitos: a) certeza de que sua aplicação será favorável ao réu (in bonam partem); b) existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida. Logo, conclui-se que o emprego da analogia no Direito Penal somente é permitido a favor do réu, jamais em seu prejuízo, seja criando tipos incriminadores, seja agravando as penas dos que já existem.
POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
Destaca-se desde sua origem decorre necessariamente da exceção delineada no artigo 144, §4º, da Constituição Federal no sentido de que a Polícia Civil (encarregada de apurar os crimes na esfera estadual) não investigaria as infrações penais militares. A Polícia Federal também não pode investigar crimes militares.
Portanto sua principal finalidade é investigar os crimes militares e sua respectiva autoria, fornecendo ao Ministério Público Militar, os elementos necessários para a propositura da ação penal militar. Em resumo, a Polícia Judiciária Militar visa colher dados probatórios para que o órgão acusatório forme a sua opinio delicti e, assim, decida em oferecer ou não a peça acusatória.
Percebam que a atuação da Polícia Judiciária Militar ocorre em sede de persecução penal extrajudicial, ou seja, na fase de investigação policial, que é marcada pelo caráter inquisitivo (sem submissão ao contraditório e a ampla defesa) como veremos mais a frente.
1 - ATRIBUIÇÕES DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
O art. 8 do Código de Processo Penal Militar cuidou das atribuições previstas para a Polícia Judiciária Militar. Vejamos:
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade mental do indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado o pedido.
É valido mencionar que certo cuidado deve ser tomado ao interpretarem a alínea “a” do art. 8 do CPPM, uma vez que, a Polícia Judiciária Militar deve apurar os crimes militares e suas respectivas autorias, não cabendo como uma de suas funções, investigar ou apurar crimes de natureza comum. 
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)
1 – CONCEITO
O inquérito policial militar é um procedimento administrativo realizado pela Polícia Judiciária Militar, com a finalidade de apurar o crime militar e apontar o seu possível autor, fornecendo elementos necessários à propositura da ação penal militar.
Destaca-se que o IPM corresponde à primeira fase da persecução penal, sendo, portanto, uma peça informativa. E além do IPM, há outras peças informativas. Exemplos: Instrução Provisória de Deserção (IPD), Instrução Provisória de Insubmissão (IPI), Situações do art. 28 do CPPM 15 e o Auto de Prisão em Flagrante Delito.
2 - FINALIDADE
Apurar a autoria e a materialidade dos crimes militares, a fim de trazer elementos para a propositura da ação penal, confomr preve o art. 9° e seguinte do CPPM, veja:
Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código.
Observe que esses exames, perícias e avaliações são, compõe os elementos instrutórios da ação penal militar, e não serão renovados ao longo da instrução criminal se observadas às regras legais, porém admite-se o contraditório diferido.
3 - CARACTERÍSTICAS DO IPM
Escrito: Essa é a regra descrita no art. 21 do CPPM:
Art.21 do CPPM. Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só processado e datilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e rubricadas, pelo escrivão.
Parágrafo único. De cada documento junto, a que precederá despacho do encarregado do inquérito, o escrivão lavrará o respectivo termo, mencionando a data.
Sigiloso: O inquérito policial militar é sigiloso, conforme dispõe o artigo 16, do CPPM, e tal sigilo não se estende ao Ministério Público (titular da ação penal) e nem ao judiciário. O sigilo se justifica diante da necessidade de assegurar o êxito das investigações e das medidas cautelares.
No entanto, recentemente, em sessão plenária de 02fev09, o Supremo Tribunal Federal, sepultando todo e qualquer entendimento contrário e confirmando decisões já exaradas e pacificadas por aquela corte, editou a Súmula Vinculante nº 14, estabelecendo que o advogado poderá acessar, de forma ampla, os autos do IPM desde que digam respeito à defesa de seu cliente, a saber:
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
É importante observar que o advogado só poderá acessar o inquérito quando possua legitimatio ad procedimentum (procuração), não sendo suficiente a sua presença durante a instrução do feito, bem como, somente terá acesso aos documentos que foram considerados conclusos e já foram juntados aos autos, fins de garantir o sucesso das investigações que ainda se encontrarem em curso. 
Oficioso: Não é qualquer autoridade pública que poderá instaurar e presidir o IPM. No PP Comum, a autoridade é do delegado de polícia. No processo penal militar, a autoridade competente de presidir o inquérito é chamada de encarregado.
O CPPM trás a tona duas figuras responsáveis pela instrução do IPM: a fugura do encarregado (art. 15) e a do escrivão do IPM (art.11).
Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de posto não inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado.
Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação para aquele fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos.
Além disso, os comandantes deverão respeitar sua jurisdição e somente poderão delegar o ecercicio de Policia Judiciária Militar aos oficiais subordinados a eles. Conforme previsão do §1° do art. 7° do CPPM, veja:
Delegação do exercício
§ 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado.
.A designação do encarregado também dependerá da pessoa investigada, uma vez que, se faz necessário observar a hierárquica do indiciado, visto que deverá sempre ser ocupado por outro oficial da ativa de posto superior. Caso não seja possível delegar a um oficial de posto superior, delega-seá ao mais antigo do mesmo posto, conforme previsão do § 2° e §3° do art. 7, do CPPM, vejamos:
§ 2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.
§ 3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.
Quando o investigado for da reserva ou reformado prevalecerá a hierarquia para investigação. Aqui, contudo, poderá ser do mesmo posto sem observar a antiguidade. Por exemplo, um Major da ativa poderá investigar um Major da reserva ou reformado, vejamos o que diz o §4° do art. 7, do CPPM: “Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a antiguidade de posto”.
Indisponível: uma vez instaurado o Inquérito Policial Militar, a autoridade militar não poderá dele dispor, ou seja, promover seu arquivamento, mesmo que não vislumbre a existência de indícios de crime após a conclusão das investigações, cabendo isto somente a autoridade judiciária, a pedido do Ministério Público realizar o referido arquivamento. (vide art. 24 do CPPM e Súmula 524 do STF)
Arquivamento de inquérito. Proibição
Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.
Súmula 524 do STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.”
É valido mencionar inclusive, que uma vez arquivado o Inquérito Policial Militar não poderá ser mais desarquivado, visto que a norma processual penal militar não prevê essa possibilidade, mas sim, a instauração do um novo procedimento investigatório, na ressalva do surgimento de prova nova. Vejamos o que dispõe o art. 25 caput do CPPM: “O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade.”
Inquisitorial: a autoridade militar possui nas mãos o poder de direção do inquérito, inquirindo testemunhas do fato e procurando esclarecer as circunstâncias em que estes fatos ocorreram. Não é concedido ao investigado o direito da ampla defesa no bojo das investigações, uma vez que, trata-se apenas de elementos informativo, pois ele não está sendo formalmente acusado de nada, apenas sendo objeto de uma pesquisa da autoridade;
Dispensável: Assim como ocorre no IP comum, o IPM também é dispensável. Ou seja, a ação penal poderá ocorrer independentemente da existência de um IPM, nos termos do art. 28 do CPPM:
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.
Logo, se a autoridade judiciária entender que os elementos previstos acima já foram supridos por outros conjuntos de provas para a propositura da denuncia, e nas hipóteses da alínea “c” ela poderá dispensar a instauração de um Inquérito Policial Militar. Assim como, o próprio Auto de Prisão em Flagrante Delito – APFD, também pode dispensar o IPM, conforme previsão do próprio CPPM, em seu art. 27:
Art. 27 do CPPM: Se, por si só, suficiente para elucidação do fato e sua
autoria, o auto de flagrante delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz competente nos termos do art. 20.
Portanto, como auto de prisão em flagrante delito (APF) também é uma peça informativa, e se nele há todos os elementos necessários para a propositura da ação penal, não haverá necessidade de um IPM, sendo este dispensando a realização de outras diligências, salvo diante da necessidade de realização de exame de corpo de delito. (vide art. 238 do CPPM)
Temporário: Insto porque o Inqérito Policial Militar possui prazo para o ser concluido, conforme determina o art. 20, § 1° do CPPM, veja:
Prazos para terminação do inquérito
Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordemde prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito.
Prorrogação de prazo
§ 1º Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo.
Discricionário: As diligências são realizadas pelo encarregado (de ofício e de forma discricionária) do IPM, a exemplo da oitiva de testemunhas, de eventuais vítimas, bem como acareações, reconhecimento de pessoas e coisas, reconstituição do crime (reconstituição similar dos fatos), nos termos dos arts. 12 e 13 do CPPM.
Medidas preliminares ao inquérito
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário;       
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
 c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
  d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
Formação do inquérito
Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:
Atribuição do seu encarregado
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou 
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias ou exames.
Reconstituição dos fatos
Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido a infração praticada de determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.
Contudo, não devemos esquecer que há certas diligências que obrigatoriamente dependem de autorização judicial (princípio da reserva jurisdicional). Exemplos: Busca e Apreensão domiciliar, interceptação telefônica.
4 - PRESIDÊNCIA DO IPM
A presidência (autoridade encarregada) do IPM, respeitando o princípio da hierárquia militar, será sempre que possível exercida por um oficial de posto não inferior a de capitão, nos moldes do art. 15 do CPPM, vejamos:
Encarregado de inquérito. Requisitos
 Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de posto não inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado.
 5 - INSTAURAÇÃO DO IPM
O IPM será instaurado apenas quando não houver situação de flagrância, desde que não seja crime de deserção e de insubmissão, sempre por meio de portaria, conforme estabece o art. 10 caput do CPPM, mediante as hipóteses dos icisos seguintes:
Modos por que pode ser iniciado
Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria:
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator;
 b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público;
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25;
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar;
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da existência de infração penal militar.
6 - SUPERIORIDADE OU IGUALDADE DE PÔSTO DO INFRATOR
Conforme preconiza o disposto no §1° do art. 10, caso o infrator seja de posto superior ou igual ao do comandante, responsável pela instauração, dentro do ambiente da infração penal, o fato deve ser comunicado á autoridade superior competente para que tome providencias de delegação estabelecida nos parágrafos do art. 7, do CPPM, vejamos: 
Delegação do exercício
         § 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado.
         § 2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.
§ 3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.
§ 4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a antiguidade de posto.
7 - PROVIDÊNCIAS ANTES DO INQUÉRITO
Conforme prevê o § 2° do art. 10 do CPPM, “o aguardamento da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providências cabíveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal que lhe incumba reprimir ou evitar”, vejamos: 
Medidas preliminares ao inquérito
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário;   
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
No caso do disposto na hipótese da alínea “c”, ou seja, prisão em flagrante do infrator deve militar responsável se observar a previsão do art. 223 do CPPM, ao qual estabelece que: “Art. 223. A prisão de militar deverá ser feita por outro militar de posto ou graduação superior; ou, se igual, mais antigo”.
Vale ressaltar que, na inexistência de outro militar de posto superior ao do infrator, o militar responsável poderá realizar a prisão cautelar nos moldes do art. 243, que obriga todo militar realizar a prisão em situação de flagrante delito, e comunicar o imediatamente o fato a autoridade competente para que esta realize a lavratura do autor de prisão em flagrante delito, nos moldes do art. 245 do CPPM. 
8 - INDÍCIOS CONTRA OFICIAL DE POSTO SUPERIOR NO CURSO DO IPM
Se no curso do IPM, a autoridade encarregada verificar a existência de indícios de crime de outro oficial superior ou mais antigo, deve a autoridade encarregada, tomar todas as providencias de delegação de suas funções a outro oficial de posto superior ao investigado, nos moldes do § 5° do art. 10, fins dar eficácia ao estabelecido no § 2° do art. 7 do CPPM.
9 – NOMEAÇÃO DE ESCRIVÃO DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
A designação de escrivão prevista no art. 11 do CPPM, prevê duas possibilidades de nomeação de escrivão de inquérito, na primeira hipótese, a própria autoridade delegante realizará a nomeação do escrivão, e somente na ausência desta nomeação poderá a autoridadeencarregada na segunda hipótese nomear de sua preferencia o escrivão. Veja:
Escrivão do inquérito
Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação para aquele fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos.
Vale salientar que o mesmo dispositivo também prevê que, a delegação deve recair em um segundo ou primeiro tenente, quando o investigado se tratar de oficial, ou em sargentos ou subtenentes, quando o infrator for praça, logo, temos que, como neste caso a legislação não criou nenhum impedimento quanto a previsão do escrivão ser superior hierárquico ao infrator, pode, portanto, como forma de exemplo um 3° Sargento sem nenhum impedimento ser escrivão de um investigado subtenente.
10 – COMPROMISSO DE SIGILO DO ESCRIVÃO
O escrivão nomeado deverá prestar compromisso nos autos de manter o sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinações no exercício da função nos moldes do Parágrafo único do art. 11 do CPPM, podendo este caso incorrer em caso de inobservância desta previsão, em crime de violação de sigilo profissional – art. 326 do CPM, veja:
Violação de sigilo funcional
Art. 326. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo ou função e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em prejuízo da administração militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
11 - ATRIBUIÇÃO DO ESCRIVÃO
As atribuições do escrivão de Inquérito Policial Militar encontram-se estabelecidas no art. 21 e seguintes do CPPM, e se resumem nos seguintes providencias:
1) Reunir todas as peças do IPM em ordem cronológica;
2) As peças devem ser todas digitadas, bem como as folhas devem ser paginadas e rubricadas;
3) Realizar a Juntada com a devida lavratura termo dos despachos do encarregado IPM;
4) Auxiliar o encarregado nas contagens de prazos processuais.
12 - RECONSTITUIÇÃO DOS FATOS
Prevista no Parágrafo único, do art. 13 do CPPM, o encarregado do inquérito poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade, a ordem pública, e ainda, as premissas basilares das Forças Armadas (hierarquia e disciplina).
É valido consignar inclusive que o investigado não está obrigado a participar dessa possível reprodução dos fatos, uma vez que, violaria o princípio conhecido nemo tenetur se detegere, quando ninguém é obrigado a fazer prova contra si. Princípio esse consagrado no Pacto de São José de Costa Rica.
13 - MOMENTOS PARA A PRÁTICA DOS ATOS NO IPM
As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência inadiável, que constará da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em período que medeie entre as sete e as dezoito horas. (art. 19, caput, do CPPM).
A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele termo. 
O depoimento que não ficar concluído até às dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inquérito. Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o próximo dia útil, salvo caso de urgência. (art. 19 e seguintes do CPPM)
Inquirição durante o dia
Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência inadiável, que constará da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em período que medeie entre as sete e as dezoito horas.
Inquirição. Assentada de início, interrupção e encerramento
§ 1º O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das inquirições ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerramento ou interrupções, no final daquele período.
 Inquirição. Limite de tempo
§ 2º A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele termo. O depoimento que não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inquérito.
§ 3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o primeiro dia que o for, salvo caso de urgência.
14 - PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
Nos moldes do art. 20 e seguintes do CPPM, os prazos do IPM, se dão da seguinte forma, veja:
Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver prêso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver sôlto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito.
Prorrogação de prazo
 § 1º Êste último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo.
Diligências não concluídas até o inquérito
§ 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade insuperável, a juízo do ministro de Estado competente. Os laudos de perícias ou exames não concluídos nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos depois dela, serão posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento.
Dedução em favor dos prazos
§ 3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo previsto no § 5º do art. 10.
	Indiciado solto
	Indiciado preso
	Prazo para o término do IPM
	Admite prorrogação por
mais 20 dias a critério do Comandante da Força
	Não admite prorrogação
	Termo inicial
	A contar da instauração do IPM
	A contar do cumprimento da prisão
15 - DETENÇÃO DO INDICIADO
Detenção de indiciado
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
Prisão preventiva e menagem. Solicitação
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de menagem, do indiciado.
Chamo a atenção de vocês para esse dispositivo legal!!!. Do art. 18 do CPPM, conclui-se que o legislador disse mais do que deveria (plus dixit quam voluit). Portanto, é imprescindível o emprego de uma interpretação restritiva para evitar qualquer violação ao comando constitucional insculpido no art. 5º, LXI, da Constituição Federal, se não vejamos: “ ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei” .
	
Diante disto, gravem isso: Sem intervenção do Poder Judiciário, tolera-se a determinação de detenção do indiciado por ordem da autoridade militar, apenas nas hipóteses de crime militar próprio, com a comunicação imediata à autoridade judiciária para decidir acerca da conveniência dessa custódia cautelar.
Essa interpretação já foi inclusive firmada pelo Superior Tribunal Militar:
“Detenção no curso do IPM, com base no Art. 18, do CPPM. Inadmissibilidade, in casu, por não se configurar crime propriamente militar. Inteligência do Art. 5º, LXI, da CF. Posterior decretação de prisão preventiva, sanando irregularidade da detenção e causando a perda do objeto do pedido. Habeas Corpus conhecido e denegado. Decisão unânime.” (Autos de Habeas Corpus de nº 1992.01.32.818-1-AM,Rel. Min. Wilberto Luiz Lima, julgado em 20/02/1992, com publicação em 23/03/1992)
Significado de menagem no Direito Processual Penal Militar: benefício concedido a militares, assemelhados e civis sujeitos à jurisdição militar e ainda não condenados, os quais assumem o compromisso de permanecer no local indicado pela autoridade competente. É cumprida em uma cidade, quartel, ou mesmo na própria habitação, sem rigor carcerário. (vide arts. 263 ao 269 do CPPM)
16 - RELATÓRIO E SOLUÇÃO DO IPM
O IPM encerra-se com o relatório elaborado pelo encarregado, e neste relatório mencionará as principais diligências produzidas durante a investigação, cabendo ainda apontar se houve ou não a ocorrência de um crime militar ou uma transgressão disciplinar. Cabendo-lhe, caso entenda ser necessário apresentar representação para decretar a prisão preventiva do indiciado. (vide art. 22 do CPPM)
 Relatório
        Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais.
Após a confecção do relatório o encarregado do IPM encaminhará os autos a autoridade delegante para sua apreciação, na qual emitirá solução podendo homologar a conclusão dada pelo encarregado do IPM, ou avocar o entendimento apresentado no relatório e sem prejuízo algum as investigações, e dar solução diversa do encarregado. (vide art. 22, § 2° do CPPM) E na sequencia enviar a autoridade judiciária competente, fins de dar seguimento nas demais persecuções penais. (vide art. 22, § 3° do CPPM).
17 - DILIGÊNCIAS COMPLEMENTARES NO IPM
Como já conversamos, o Ministério Público Militar ao receber o IPM, terá 3 opções: a) oferecer denúncia; b) pedir arquivamento do IPM e c) realizar novas diligências para melhor esclarecer os fatos investigados. Nessa Ultima hipótese, o promotor, realizará a devolução nos moldes do art. 26 do CPPM, vejamos:
Devolução de autos de inquérito
Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial militar, a não ser:
I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue necessária.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de vinte dias, para a restituição dos autos.
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
O auto de prisão em flagrante delito (APF) também é uma peça informativa, e salvo nos casos de deserção e insubmissão, que há procedimentos próprios, o APFD deve ser instaurado para investigar crimes militares quando o agente estiver em situação de flagrância, independente do agente, seja ele civil, militar da ativa ou reserva remunerada. (vide art. 27 do CPPM)
1 - CONCEITOS BÁSICOS
PRISÃO: É a supressão da liberdade individual, mediante recolhimento. É o cerceamento do direito de ir e vir do indivíduo, conforme previsão do atual texto constitucional, vejamos: 
“Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. (Const. Federal – art 5º, inciso LXI).
FLAGRANTE: Trata-se do delito que está sendo cometido ou acabou de sê-lo praticado. Prisão em flagrante delito é a prisão daquele que é surpreendido no momento da realização da conduta criminosa.
2 - CONSIDERAÇÕES DO CPPM SOBRE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO
PESSOAS QUE EFETUAM PRISÃO EM FLAGRANTE (vide art. 243 do CPPM): “Art. 243: Qualquer pessoa poderá e os militares deverão, prender quem foi insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante delito.”
SUJEIÇÃO A FLAGRANTE DELITO (vide art. 244 do CPPM):
Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquele que:
a) está cometendo o crime;
b) acaba de cometê-lo;
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o seu autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam presumir a sua participação no fato delituoso.
Infração permanente
Parágrafo único. Nas infrações permanentes, considera-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
ESPÉCIES DE FLAGRANTES:
a) Flagrante em sentido Próprio: É o flagrante “verdadeiro” quando o sujeito ativo está cometendo o crime ou acaba de cometê-lo.
b) Flagrante Impróprio: É o quase flagrante, aqui o sujeito ativo é perseguido logo após a prática do fato delituosos em situação que faça acreditar ser ele o seu autor.
c) Flagrante Presumido: Quando o sujeito ativo é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos, materiais ou papéis. 
Essa expressão que aparece no flagrante presumido, segundo o que entende a doutrina e a jurisprudência, deve ser visada como reveladora de uma perseguição ao infrator, pela autoridade competente. Não pode ser visto como uma simples procura do cogitado autor do crime.
Segundo o que dispõe os Tribunais, não se imporá a prisão em flagrante no autor que se apresente expontaneamente à Polícia, porém tal fato, no momento da apresentação, tem que ser desconhecido da autoridade policial.
Todos os objetos relacionados com a ação delituosa que forem encontrados com o preso, no momento de sua prisão, devem ser apreendidos e lavrados os termos correspondentes.
Decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF), que: “Súmula 145: Não há crime quando a preparação do flagrante torna impossível a sua consumação”.
LAVRATURA DO AUTO (vide art. 245, § 1° do CPPM):
Art. 245: Apresentado o preso ao Comandante ou ao Oficial de Dia, de serviço ou de quarto (Oficial Cmt de eventos), ou autoridade correspondente, ou a autoridade judiciária (Juiz-Auditor), será por qualquer deles, ouvido o Condutor e as Testemunhas que o acompanharem, bem como inquirido o Indiciado sobre a imputação que lhe é feita, e especialmente sobre o lugar e hora em que o fato aconteceu, lavrando-se de tudo auto, que será por todos assinado.
§ 1º Em se tratando de menor inimputável, será apresentado, imediatamente, ao Juiz de menores.
AUSÊNCIA DE TESTEMUNHA (vide art. 245, § 2° do CPPM): “A falta de testemunha não impedirá o auto de prisão em flagrante, que será assinado por duas pessoas, que pelo menos, hajam testemunhado a apresentação do preso”.
RECUSA OU IMPOSSIBILIDADE DA ASSINATURA DO AUTO (vide art. 245, § 3°):
§ 3º: Quando a pessoa conduzida se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto será assinado por duas testemunhas, que lhe tenham ouvido a leitura na presença do indiciado, o condutor e das testemunhas do fato delituoso.
DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO (vide art. 245, § 4° do CPPM): 
§ 4º: Sendo o auto presidido por autoridade Militar, designará esta, para exercer as funções de Escrivão, um Capitão, Capitão-Tenente, 1º ou 2º Tenente, se o indiciado for Oficial. Nos demais casos, poderá designar um Subtenente, Suboficial ou Sargento.
FALTA OU IMPEDIMENTO DE ESCRIVÃO (vide art. 245, § 5° do CPPM): “Na falta ou impedimento de Escrivão, ou das pessoas referidas no parágrafo anterior, a autoridade designará, para lavrar o auto, qualquer pessoa idônea, que, para esse fim, prestará o compromisso legal.”
É valido mencionar inclusive, que o condutor também é considerado testemunha do fato delituoso, podendo ser ouvido como condutos e primeira testemunha no auto.
HIPOTESES DE POSSIBILIDADES DE NULIDADE DO AUTO: 
a) Quando não houver a assinatura do preso no auto, sem que esteja devidamente justificado tal ausência, a prisão é nula.
b) A inversão na ordem em que as partes devem ser ouvidas gera nulidade do auto. A ordem deve ser obedecida, sendo a seguinte;
1. Condutor (condutor é a primeiratestemunha)
2. Primeira testemunha 
3. Segunta testemunha
4. Vítima
5. Indiciado
RECOLHIMENTO A PRISÃO-DILIGÊNCIAS (vide art. 246 do CPPM):
Art. 246: Se das respostas resultarem fundadas suspeitas contra a pessoa conduzida, a autoridade mandará recolhê-la à prisão, procedendo-se, imediatamente, se for o caso, o exame de corpo de delito, a busca e apreensão dos instrumentos do crime e a qualquer outra diligência necessária ao seu esclarecimento.
DAS PERÍCIAS E EXAMES:
Art. 314 (CPPM): A perícia pode ter por objetivo os vestígios materiais deixados pelo crime ou as pessoas e coisas, que, por sua ligação com o crime, possas servir de prova.
Art. 321 (CPPM): A autoridade Policial Militar e a Judiciária, poderão requisitar dos Institutos Médicos-Legais, dos laboratórios oficiais e de quaisquer repartições técnicas, militares ou civis, as perícias e exames que se tornem necessário ao processo, bem como, para o mesmo fim, homologar os que neles tenham sido regularmente realizados.
Art. 329 (CPPM): O Exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e qualquer hora.
Podem, conforme a natureza da infração, serem requisitados os seguintes exames de perícias ao IPT e IML:
a) Instituto Médico Legal:
1) Exame de Lesões Corporais.
2) Exame de Sanidade Física.
3) Exame de sanidade Mental.
4) Exame cadavérico, precedidos ou não de exumação.
5) Exame de identidade de pessoas.
6) Exame de laboratórios.
7) Exame de instrumentos que tenham servido à prática de crime.
8) Exame toxicológico e dosagem alcoólica.
b) Instituto de Polícia Técnica:
1) Perícia no local do crime.
2) Perícias para a comprovação de danos materiais.
3) Perícias em armas de fogo e munição.
4) Exame de comparação balística.
Em todos estes exames e perícias, além dos quesitos de praxe, a autoridade pode formular também os seus próprios quesitos que entender necessários.
NOTA DE CULPA:
Art 247: Dentro em vinte e quatro horas após a prisão, será dado ao preso “nota de culpa” assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os nomes das testemunhas.
RECIBO DE NOTA DE CULPA: (vide § 1º do art. 247 CPPM): “Da nota de culpa o preso passará recibo que será assinado por duas testemunhas, quando ele não souber, não puder ou não quiser assinar.”
RELAXAMENTO DA PRISÃO (vide § 2º do art. 247 CPPM): 
§ 2º Se, ao contrário da hipótese prevista no art. 246, a autoridade Judiciária ou Militar verificar a manifesta inexistência de infração penal militar ou a não participação da pessoa conduzida, relaxará a prisão. Em se tratando de infração penal comum, remeterá o preso à autoridade civil competente.
A nota de culpa visa evitar que alguém seja mantido preso sem saber o motivo da sua prisão, devendo ter a correta capitulação do delito imputado ao indiciado.
A nota de culpa, a partir da entrega do preso, é imutável, porém não há a necessidade extrema da capitulação técnica juridicamente do fato delituoso.
O Presidente do Auto de Prisão em Flagrante Delito, ao final da apuração do fato, verificar que não houve o crime relatado, poderá relaxar a prisão imposta ao indiciado, lavrando-se o termo e comunicando a autoridade Judiciária competente.
REGISTRO DAS OCORRÊNCIAS (Vide Art 248 do CPPM): “Em qualquer hipótese, de tudo quanto ocorrer será lavrado auto ou termo, para remessa à autoridade judiciária competente a fim de que esta confirme ou infirme os atos praticados.”
FATO PRATICADO EM PRESENÇA DA AUTORIDADE (Vide Art 249 do CPPM): “Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra ela, no exercício de suas funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o infrator, mencionando as circunstâncias.”
PRISÃO EM LUGAR NÃO SUJEITO A ADMINSITRAÇÃO MILITAR (Vide Art. 250 do CPPM): “Quando a prisão em flagrante for efetuada em lugar não sujeito à administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade militar do lugar mais próximo daquele que ocorreu a prisão.”
REMESSA DO AUTO DO FLAGRANTE AO JUIZ:
Art. 251: O auto de prisão em flagrante deve ser remetido imediatamente ao juiz competente, se não tiver sido lavrado por autoridade judiciária; e, no máximo dentro de cinco dias se depender de diligência prevista no art 256 CPPM.
PASSAGEM DE PRESO A DISPOSIÇÃO DO JUIZ (Vide Parágrafo único do Art. 251 do CPPM): “Lavrado o auto de flagrante delito, o preso passará imediatamente a disposição da autoridade judiciária competente para conhecer o processo.”
Observação: Quando a lei fala em autoridade competente, refere-se ao juiz Auditor e não ao juiz de plantão.
O inciso LXII, art 5º da Constituição Federal, diz que: “A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”.
Temos aqui, de acordo com o mandamento constitucional duas obrigações fundamentais e uma faculdade:
1. Obrigações:
a) Comunicar ao Juiz competente a prisão e o local onde o preso se encontra.
b) Comunicar à família do preso a sua prisão e o local onde se encontra.
2. Faculdade: Comunicar a pessoa indicada pelo preso, quando o fizer, em caso de haver pessoa da família, é obrigatório a comunicação da pessoa indicada pelo preso.
DEVOLUÇÃO DO AUTO (Vide Parágrafo único do Art. 252 do CPPM): “O auto poderá ser mandado ou devolvido à autoridade militar, pelo Juiz ou a requerimento do Ministério Público, se as diligências forem julgadas necessárias ao esclarecimento do fato.”
CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA: verificada quaisquer das hipóteses abaixo, o juiz concederá a liberdade provisória.
Art. 253: Quando o Juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato nas condições dos arts. 39 e 42 do Código Penal Militar, poderá conceder ao indiciado a liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogar a concessão.
Art. 35 (CPM): A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato por ignorância ou erro de interpretação da Lei, se escusáveis.
Art 38 (CPM): Não é culpado quem comete o crime:
a) Sob	coação	irresistível	ou	que	lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade.
b) Em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matérias de serviço.
§1º	-	Responde	pelo	crime	o	autor	da
coação ou da ordem.
§ 2º - Se a ordem do superior tem por objetivo a prática de ato manifestadamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o infrator.
Art 39 (CPM): Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrificar direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa (Estado de necessidade).
Art 40 (CPM): Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação irresistível senão quando física ou material:
Art. 42 (CPM): Não há crime quando o agente pratica o fato:
I – Estado de necessidade.
II – Em legítima defesa.
III – Em estrito cumprimento do dever legal.
IV – Em exercício regular de direito.
DIREITOS CONSTITUCIONAIS DO PRESO:
Art. 5º da Constituição Federal:
...
XLIX – É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral.
LXIII – O preso será informado dos seus direitos, entre os quais de permanecer calado, sendo lhe assegurada a assistência da família e do Advogado.
LXIV – O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial.
LXV – A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade Judiciária
LXVI – Ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a Lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
VOZ DE PRISÃO: “Você está preso, tem o direito de permanecer calado, você tem o direito de ser assistido por seu Advogado ou por pessoada sua família, além de outras garantias constitucionais”.
PRESENÇA DO ADVOGADO DURANTE INTERROGATÓRIO: Por serem inquisitivas as fases de instrução do auto de prisão em flagrante delito, ao Advogado do conduzido, só lhe é permitido a assistência no decorrer dos atos, não podendo intervir nem emitir orientações ao seu cliente com relação ao que declarar.
O condutor e/ou presidente do Auto de Prisão em Flagrante Delito, antes de tomada a declaração do conduzido, não deve permitir que o Advogado e o conduzido fiquem a sós, qualquer assunto deve ser feito na presença da autoridade para que não ocorra orientações que prejudiquem as investigações. Não esquecendo que o conduzido, querendo, pode falar só em juízo.
RESPONSABILIDADE DA AUTORIDADE POLICIAL MILITAR: o CPPM Diz que “Qualquer pessoa poderá e os Militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante delito” (Art. 243).
Impõe-se aqui uma obrigação a todo militar que encontrar outro em situação de flagrante delito, observando as formalidades legais para se prender militares, impor-lhe a prisão (dar voz de prisão e conduzi-lo à autoridade competente), e se não o fizer estará cometendo o crime de prevaricação.
PREVARICAÇÃO: 
Art. 310 (CPM): Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição da Lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Pena – Detenção de seis meses a dois anos.
Por outro lado, se o militar prender e autuar outro de forma ilegal estará cometendo o crime de abuso de autoridade, prescrito na Lei 4898, de competência da Justiça Comum.
3 - COMENTÁRIOS GERAIS
1) O auto deve ser feito com o máximo cuidado possível e dentro dos limites que a lei penal militar determina, porque gera responsabilidades institucionais e pessoais.
2) A autoridade que presidirá o auto é a responsável pelo cumprimento da Lei e responderá por todos os atos praticados, logo, toda ocorrência, em função do ato, administrativo ou não deve ser comunicada a quem de direito.
3) O Presidente do auto deve carrear todos os esforços possíveis, para que o próprio auto de prisão esclareça o fato delituosos, para que não seja necessário a instauração de IPM para a sua complementação.
4) O auto deve ser datilografado em espaço dois, sem que haja interrupção ou novo parágrafo nas declarações do condutor, testemunhas, ofendido e acusado.
5) Todas as peças devem ser numeradas, folha a folha, rubricadas pelo Escrivão e arquivadas em ordem cronológica.
6) Após a autoridade que presidir o auto tomar conhecimento do fato, antes de outras providências, recomenda-se que ouça todas as partes envolvidas, para depois determinar o que deve ser feito. As partes, durante a lavratura do auto, devem ficar incomunicáveis.
7) Logo após ouvir as partes, o Presidente deverá ofertar o direito ao acusado fazer um telefonema para quem o desejar.
8) Caso o acusado seja menor de vinte e um anos de idade, o Presidente do auto deverá indicar um Curador capaz, para assistí-lo e a todos os atos, tendo inclusive que assinar o auto e a nota de culpa, junto com o acusado. Este Curador pode ser um Oficial, Sargento, pessoa da família do acusado ou o seu Advogado.
9) Como o condutor também é considerado testemunha, deverá prestar o compromisso legal antes de ser inquirido.
10) Todos os despachos do Presidente devem ter a conclusão do Escrivão.
11) Todos os documentos requisitados ou recebidos pelo Presidente, por qualquer uma das partes envolvidas, deverá conter o despacho, feito à mão, de “junte- se nos autos”.
12) Se julgar necessário, para a completa elucidação do fato, em termo a parte, o presidente poderá fazer acareações, ouvir pessoas referidas e tomar outras providências que julgar necessárias.
13) Toda vez que qualquer pessoa for presa e autuada em flagrante delito (norma impositiva, obrigatória), será dada ao preso, dentro em vinte e quatro horas após a prisão, nota de culpa assinada pela autoridade (Presidente do Flagrante), com o motivo da prisão, o nome do Condutor e os das Testemunhas. A sua inobservância implica em nulidade insanável, ou seja, a nulidade do flagrante e o consequente relaxamento da prisão do infrator.
14) Uma vez terminada a lavratura do auto de prisão, o preso deverá imediatamente passar à disposição da autoridade Judiciária (Juiz Auditor).
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