Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SEMIOLOGIA DO ABDOME Monitoria de semiologia 2018/2 Monitora: Fernanda Haydar 1 Regiões do abdome Limites do abdome 4 quadrantes 9 regiões Plano transumbilical Plano sagital mediano Plano subcostal Planos medioclaviculares Plano intertubecular 2 Regiões do abdome 3 Regiões do abdome Divisão do Porto em 9 regiões Linha bicostal Limite superior do abdome Linha bi-ilíaca Planos horizontais Planos verticais Linhas oblíquas (sem nome) Linhas costais 4 Etapas do exame físico Inspeção Ausculta Percussão Palpação 5 Questão de prova → Explique porque é necessário respeitar a sequência ao lado quando se examina um abdome. Inspeção estática Pele Tecido celular subcutâneo Musculatura Coloração Estrias Manchas hemorrágicas, equimoses, erupções cutâneas Distribuição de pelos Solução de continuidade (hérnias/diástase dos retos do abdome) Tipo de abdome (atípico, globoso ou protuberante, em ventre de batráquio, pendular ou ptótico, em avental, escavado ou côncavo) Cicatrizes, cirúrgicas ou não Abaulamentos e retrações Veias superficiais e circulação colateral 6 INSpeção estática Tipos de abdome Parecido? Abdome atípico Abdome em ventre de batráquio Abdome globoso 7 INSpeção estática Tipos de abdome Abdome em avental Abdome pendular Abdome escavado, escafoide ou côncavo 8 Inspeção dinâmica Hérnias (Valsalva) Diástase dos retos abdominais (elevar pernas ou cabeça) Movimentos: Respiratório Pulsátil Peristáltico 9 ausculta Ruídos hidroaéreos (mín. 2 min) Sopros Bates: atrito na área de baço/fígado (hepatoma, infecção gonocócica peri-hepática, infarto esplênico, carcinoma pancreático). 10 percussão Percussão em todo o abdome Espaço de Traube 6ª costela E LAM Rebordo costal E Hepatimetria: Lobo hepático D – 6 - 12 cm Lobo hepático E – 4 - 8 cm Pesquisa de ascite 11 percussão Pesquisa de ascite: De médio volume De pequeno volume (< 0,5L) De grande volume (>1,5 L) Percussão por piparote Pesquisa de macicez móvel Pesquisa dos semicírculos de Skoda. Percutir paciente em pé USG 12 Já caiu na prova da profa Daniele! Percussão (PROVA ANTIGA) Paciente chega ao consultório do gastroenterologista, trazendo ultrassom, solicitado pelo clínico. Refere ganho de peso (10 kg) há 3 meses, porém, acha que está “emagrecido e fraco”. Informa ainda náuseas e observou colúria e hipocolia fecal há 2 meses. Nega dor. Resultado do USG: molhou com a chuva. Única frase legível: “volume em cavidade abdominal, acima de 3 litros”. Qual a sua hipótese diagnostica? Qual o exame físico do abdome? Qual a técnica usada para avaliar o abdome do seu paciente? 13 Percussão (PROVA ANTIGA) Paciente chega ao consultório do gastroenterologista, trazendo ultrassom, solicitado pelo clinico. Refere ganho de peso (10 kg) há 3 meses, porem, acha que está “emagrecido e fraco”. Informa, ainda, náuseas e observou colúria e hipocolia fecal há 2 meses. Nega dor. Resultado do USG: molhou com a chuva. Única frase legível: “volume em cavidade abdominal, acima de 3 litros”. Qual a sua hipótese diagnostica? Ascite. Qual o exame físico do abdome? Qual a técnica usada para avaliar o abdome do seu paciente? Inspeção: abdome globoso. Ausculta: RHA presentes sem sopros. Percussão: percussão por piparote indicando abdome com ascite. Palpação: manobra do rechaço indicando ascite. A técnica é a percussão por piparote. 14 Palpação superficial Sensibilidade (pontos dolorosos) Resistência da parede (voluntária x involuntária) Continuidade da parede (diástase dos retos abdominais e hérnias) Pulsações Reflexo cutâneo-abdominal 15 Palpação Profunda Fígado Baço Outros órgãos: rins, aorta abdominal, ceco, cólon transverso e sigmoide. Manobras especiais: Descompressão súbita Sinal de Gersuny Pesquisa de vascolejo Manobra do rechaço. Massas Localização Forma Volume Sensibilidade Consistência (cística, borrachosa, dura ou pétrea) Mobilidade (em função de movimentos respiratórios e/ou palpatórios) Pulsatibilidade. 16 Já caiu na prova de monitoria! → Cite as características semiológicas das massas abdominais! Palpação profunda: Fígado Características semiológicas da borda hepática: Distância do rebordo costal (em dedos transversos) Espessura (fina ou romba) Superfície (lisa ou nodular) Consistência Sensibilidade 17 Técnica de Mathieu (mão em garra) Técnica de Lemos-Torres Palpação profunda: Baço Palpa com a (s): Mesmas manobras do fígado ou Posição de Schuster Distância do rebordo costal (em dedos transversos) 18 Posição de Schuster Palpação com as mesmas manobras do fígado Sinais Murphy: colecistite aguda. Cullen: hemorragia retroperitoneal (ex: pancreatite aguda grave). U de Umbilical Grey Turner: hemorragia retroperitoneal (ex: pancreatite aguda grave). Gersuny: fecaloma. Sinal de Torres-Homem: abscesso hepático. Giordano: pielonefrite, nefrolitíase. Jobert: pneumoperitônio Courvosier: obstrução de ampola de Vater/colédoco (ex: carcinoma de cabeça de pâncreas) Kehr: irritação peritoneal da parte inferior do diafragma (ex: ruptura esplênica) Obturador: apendicite aguda. Rovsing: apendicite aguda Blumberg: irritação peritoneal em FID; apendicite aguda. 19 Casos clínicos 20 Diagnósticos sindrômicos: roteiro Abdome agudo Apendicite aguda Colecistite aguda Pancreatite aguda Doença Inflamatória Pélvica (DIP) Obstrução intestinais por variadas causas Úlcera péptica perfurada Infarto intestinal Gravidez Tubária Rota Colelitíase e Colangite Diarreia aguda e crônica Síndrome dispéptica Hemorragia digestiva 21 Abdome agudo 22 23 Inflamatório Obstrutivo Perfurativo Hemorrágico Vascular Dor Progressiva, moderada. Visceral → parietal Progressiva, tipo cólica. Dor intensa lancinante Súbita, intensa, bem localizada. Súbita, intensa, contínua Outros sinais e sintomas Febre, choque séptico Vômitos fecaloides/biliosos Parada de eliminação de fezes e flatos Respiração superficial Náuseas, vômitos Hematêmese, melena, enterorragia Vômitos fecaloides Desidratação Inspeção Posição antálgica sugestiva Ondas de Kussmaul Abaulamento localizado Paciente imóvel Distensão abdominal Equimoses - Ausculta RHA ↓ ou abolidos 1° - RHA intensos (som metálico) 2° - RHA abolidos RHA ↓ ou abolidos RHA ↓ RHA ↓ Percussão - Hipertimpanismo Sinal de Jobert Macicez móvel - Palpação Descompressão brusca + Defesa localizada Sem dor à descompressão Toque retal/ginecológico Abdome em tábua (peritonite difusa) Descompressão brusca + Descompressão brusca + - Abdome agudo 24 Caso clínico 1: Prova antiga Paciente LME, sexo feminino, há 2 meses, apresentou quadro súbito de epigastralgia, tipo peso, com irradiação para HD, desencadeada após comer torta de cupuaçu, cedendo ao uso de Buscopan Composto. Ontem, após comer torta de limão, apresentou nova ‘crise’, agora acompanhada de náuseas, porém não cedeu ao uso de Buscopan e procurou atendimento médico, 3 h após início do quadro. HPP: nega etilismo ou tabagismo. HF: G4P4A0. Exame físico: LOTE, REG, facies de dor, anictérica, acianótica. IMC: 33. AR: MV fisiológico sem ruídos. AC: RCR 2T. Conforme o caso: Qual sua hipótese diagnóstica? Qual o exame físico do abdome? 25 CASo Clínico I: Colecistite Aguda EPIDEMIOLOGIA: 95% ocorre em paciente com litíase biliar. Fatores de risco: sexo feminino (idade reprodutiva), obesidade, DM, gravidez, doença hemolítica e cirrose. FISIOPATOLOGIA: colelitíase → distensão da vesícula → processo inflamatório. Deslocamento do cálculo (maioria dos casos) → o processo inflamatório regride. O cálculo não se move → abscesso, empiema, isquemia e necrose da parede da vesícula. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: dor em cólica no HD, irradiação para ombro direito e epigástrio, associada a alimentos gordurosos. Febre baixa, hiporexia, náuseas e vômitos (70%). Complicação: febre alta, os calafrios, leucocitose e a distensão abdominal com RHA ↓ EXAME FÍSICO: dor no HD, defesa localizada (peritonite). Sinal de Murphy. Massa se vesícula aumentada ou “plastrão”. EXAMES COMPLEMENTARES: USG (padrão-ouro). Hemograma,transaminases, fosfatase alcalina. TRATAMENTO: conservador ou cirúrgico (definitivo). 26 Caso clínico 1: prova antiga Paciente LME, sexo feminino, há 2 meses, apresentou quadro súbito de epigastralgia, tipo peso, com irradiação para HD, desencadeada após comer torta de cupuaçu, cedendo ao uso de Buscopan Composto. Ontem, após comer torta de limão, apresentou nova ‘crise’, agora acompanhada de náuseas, porém não cedeu ao uso de Buscopan e procurou atendimento médico, 3 h após início do quadro. HPP: nega etilismo ou tabagismo. HF: G4P4A0. Exame físico: LOTE, REG, fácies de dor, anictérica, acianótica. IMC: 33. AR: MV fisiológico sem ruídos. AC: RCR 2T. Conforme o caso: Qual sua hipótese diagnóstica? Colecistite aguda Qual o exame físico do abdome? RHA ↓ ou abolidos, dor à palpação e à descompressão brusca do HD, defesa localizada, sinal de Murphy positivo. 27 Coledocolitíase ETIOLOGIA: na maioria das vezes, é causada por migração de microcálculos da vesícula biliar para o colédoco. FISIOPATOGENIA: a dor decorre da obstrução do colédoco. A icterícia se explica pelo fato de que a bile, que não para de ser produzida, não chega ao duodeno. Há dilatação da via biliar intra e extra-hepática (colestase), seguida de extravasamento de bile para os sinusóides hepáticos e então para a corrente sanguínea. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: é a mesma da colecistite aguda, porém o paciente tem icterícia por hiperbilirrubinemia direta (colúria e hipocolia fecal). Dor em cólica no epigástrio e no HD irradiada para o dorso, acompanhada de náusea e vômito, com início após ingestão de alimentos gordurosos, icterícia com colúria e hipocolia fecal. EXAME FÍSCO: normalmente não tem sinal de Murphy. EXAMES COMPLEMENTARES: hemograma, função hepática (indicando icterícia obstrutiva), USG (colelitíase), o CPRE é padrão-ouro e ao mesmo tempo diagnóstico e terapêutico. TRATAMENTO: cirúrgico. 28 colangite DEFINIÇÃO: Infecção do trato biliar. Decorre em geral de estase biliar, secundária a obstrução (cálculos, neoplasias áscaris). APRESENTAÇÃO CLÍNICA/EXAME FÍSICO: Tríade de Charcot (dor no HD + febre alta com calafrios + icterícia). Em caso de septicemia grave, ocorre a pêntade de Reynolds (dor no HD + febre alta com calafrios + icterícia + confusão mental + hipotensão arterial). EXAMES COMPLEMENTARES: PCR, função hepática, TC, USG, CPRE. TRATAMENTO: 1) dreno de Kehr, para corrigir a estase biliar; 2) exploração de vias biliares, após estabilização do paciente com antibióticos e tratamento para o choque séptico. 29 Revisando conceitos de Doenças do trato biliar Colelitíase ou litíase biliar: cálculos no interior da vesícula biliar. Coledocolitíase: presença de cálculos no ducto colédoco. Colecistite: inflamação da vesícula biliar. Colestase: estase biliar no parênquima hepático. Colangite: infecção do trato biliar. Tríade de Charcot (colangite): dor no HD + febre alta com calafrios + icterícia. Pêntade de Reynolds (colangite tóxica): dor no HD + febre alta com calafrios + icterícia + confusão mental + hipotensão arterial. 30 Questão de Prova Caso clínico 1I: prova antiga Paciente trazido pelo SAMU ao PS João Lúcio, para ser avaliado pelo neuro. Apresenta desorientação e febre (T:=38,7°C). Esposa informa que o paciente iniciou há 5 dias quadro gradativo de epigastralgia, ora tipo em queimação, ora em tipo peso, desencadeado após libação alcoólica, sem melhora ao uso de chás ou diclofenaco, evoluindo com piora da dor em 24 horas, agora acompanhado de vômitos de coloração amarelada, sem restos alimentares, desencadeados ao acaso e também sem fator de melhora. Há 3 manteve piora da dor, limitando deambulação, hiporexia, porém, manteve ingesta alcoólica. Acompanhante informa ter passado o final de semana na casa da mãe e hoje ao retornar, encontrou o marido desorientado e “queimando em febre”. Informa ainda que não sabe se o marido teve algum trauma, mas está apresentando manchas roxas na barriga. Conforme o caso: Qual a provável síndrome abdominal? Qual o exame físico do abdome esperado, que confirme sua hipótese? Qual a sua hipótese diagnóstica? Quais dados clínicos (exceto os que já estão na HDA) iriam confirmar sua hipótese diagnóstica? 31 CASo Clínico II: Pancreatite aguda ETIOLOGIA: Colelitíase e etilismo são as causas mais frequentes (75%). Outras causas: hipertrigliceridemia, pós-CRPE, autoimune, hereditariedade, idiopática, etc. Fatores de risco no alcoólatra: sexo masculino e tabagismo. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: dor abdominal (95%), aguda, súbita, sem pródromos, em porção superior do abdome, com irradiação dorsal, moderada a forte, apresentando piora com a alimentação, uso de álcool e decúbito dorsal; náuseas e vômitos (90%). Os vômitos costumam ser incoercíveis. Febre. EXAME FÍSCO: dor em HD e/ou epigástrio com defesa muscular, raramente com descompressão dolorosa. Pode haver distensão abdominal e íleo adinâmico. Achados da pancreatite grave: derrame pleural, comumente à esquerda, sinal de Cullen e sinal de Grey Turner, taquicardia, hipotensão, confusão mental. EXAMES COMPLEMENTARES: aumento de amilase e lipase séricas, leucocitose e hiperglicemia moderada. Outros: TC, colangiorressonância, etc. TRATAMENTO: Casos leves (maioria) → suporte clínico e a suspensão da ingesta oral. A resposta é satisfatória. Casos graves → suporte clínico, suspensão de ingesta oral e cirurgia aberta (para tratar necrose infectada). Pancreatite biliar → colecistectomia após melhora dos sintomas. 32 Caso clínico 1I: PROVA ANTIGA Paciente trazido pelo SAMU ao PS João Lúcio, para ser avaliado pelo neuro. Apresenta desorientação e febre (T:=38,7°C). Esposa informa que o paciente iniciou há 5 dias quadro gradativo de epigastralgia, ora tipo em queimação, ora em tipo peso, desencadeado após libação alcoólica, sem melhora ao uso de chás ou diclofenaco, evoluindo com piora da dor em 24 horas, agora acompanhado de vômitos de coloração amarelada, sem restos alimentares, desencadeados ao acaso e também sem fator de melhora. Há 3 manteve piora da dor, limitando deambulação, hiporexia, porém, manteve ingesta alcoólica. Acompanhante informa ter passado o final de semana na casa da mãe e hoje ao retornar, encontrou o marido desorientado e “queimando em febre”. Informa ainda que não sabe se o marido teve algum trauma, mas está apresentando manchas roxas na barriga. Conforme o caso: Qual a provável síndrome abdominal? Síndrome abdominal inflamatória Qual o exame físico do abdome esperado, que confirme sua hipótese? Inspeção: posição antálgica, distensão abdominal, sinal de Cullen e de Grey Turner. Ausculta: RHA abolidos. Palpação: rigidez muscular e defesa localizadas. Qual a sua hipótese diagnóstica? Pancreatite aguda grave Quais dados clínicos (exceto os que já estão na HDA) iriam confirmar sua hipótese diagnóstica? Dor em epigástrio com irradiação para dorso, sinal de Cullen e de Grey Turner, hipotensão, taquicardia, derrame pleural à esquerda, RHA abolidos. 33 Abdome agudo inflamatório: Apendicite aguda EPIDEMIOLOGIA: mais comum em adultos jovens, do sexo masculino. Frequente em locais com hábito alimentar pobre em fibras. ETIOLOGIA: obstrução da luz do apêndice por fecalito ou hiperplasia linfoide (geralmente). FISIOPATOLOGIA: obstrução em alça fechada. → ↑ muco → distensão da parede → dor periumbilical + náuseas + vômitos pressão → isquemia da mucosa → quebra da barreira → invasão pela flora bacteriana → inflamação de peritônio parietal → dor em FID + defesa localizada. Persistência da obstrução → necrose (≈ 48h após início da dor) e perfuração (≈70h) → abscesso bloqueado ou peritonite localizada → peritonite difusa. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: tem uma sequência (95%): anorexia, dor e náuseas/vômitos. Vômitos antes da dor provavelmente não é apendicite. Dor na região periumbilical em 6 a 12 horas migra para a FID. O "epicentro" da dor é no ponto de McBurney. Febre baixa. 34 Abdome agudo inflamatório: Apendicite aguda EXAME FÍSICO: Somatoscopia: febre inicial de 37,5-38ºC, que pode atingir 39ºC nos casosde perfuração. Inspeção: paciente com MMII fletidos, evitando movimentos abdominais. Ausculta: RHA normal ou diminuído. Palpação: defesa localizada no QID. Buscar o sinal de Rovsing, sinal do psoas, sinal do obturador e sinal de Blumberg. Toque vaginal: diferencial com DIP. Toque retal: dor se o apêndice for pelvino. 35 Abdome agudo inflamatório: Apendicite aguda EXAMES COMPLEMENTARES: Hemograma. Duvida diagnóstica: TC (padrão-ouro), radiografia, USG. DIAGNÓSTICO: Escala de Alvarado. Pontuação: 7-10 = apendicite aguda; 4-6 = apendicite; 0-3 = exclui apendicite aguda. TRATAMENTO: cirúrgico. Apendicectomia, drenagem de abscesso e lavagem com soro fisiológico. 36 Abdome agudo inflamatório: Doença inflamatória pélvica (dip) EPIDEMIOLOGIA: fatores de risco → ISTs, mulher jovem e promíscua, uso de DIU. Principal agente: Chlamydia. ETIOLOGIA: inflamação da região pélvica devido à propagação de microrganismos a partir da vagina e do colo do útero para o endométrio, trompas de falópio e estruturas adjacentes. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: padrão subagudo de sintomas; dor bilateral em baixo ventre, febre, disfunção miccional, defecação alterada. Secreção vaginal. EXAME FÍSICO: no exame abdominal, dor à palpação e decompressão súbita, defesa muscular. No exame especular, secreção purulenta do colo do útero. No exame de toque vaginal, dor à palpação do colo do útero, região anexial dolorosa (sinal de Chandelier) EXAMES COMPLEMENTARES: exame de urina, VHS, PCR, cultura para a gonorréia, teste de gravidez. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: dor abdominal não aguda, dor adnexal no exame vaginal, região adnexal dolorosa ou inchada, VHS ≥15 mm ou temperatura ou >38°C; nenhuma evidência para outros diagnósticos. TRATAMENTO: medicamentoso, para combate do agente infeccioso. 37 Abdome agudo obstrutivo ETIOLOGIA: 1) fatores extrínsecos ao intestino: BRIDA (60-75% dos casos de obstrução mecânica em adultos) e HÉRNIAS. 2) fatores intrínsecos do intestino: adenocarcinoma (causa mais frequente de obstrução mecânica de cólon) estenose cicatricial, inflamação. 3) obstrução intraluminal: CE, bolo de áscaris, íleo biliar. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Dor visceral progressiva, em forma de cólica. 12-24 h as cólicas e a peristalse diminuem. Há então distensão abdominal, dolorimento e desconforto abdominal difuso. Parada de eliminação de fezes e flatos. Vômitos biliosos (obstrução alta) ou fecaloides (obstrução baixa). EXAME FÍSICO: inspeção: ondas de Kussmaul CICATRIZES? HERNIAS?; ausculta: inicialmente os RHA estão aumentados (metálicos) depois há silêncio abdominal. Percussão: hipertimpatismo. Palpação: sem dor à descompressão. Toque retal sempre (tumor). EXAMES COMPLEMENTARES: radiografia tórax e abdome; TC. TRATAMENTO: conservador por 1-2 dias, se falhar, cirurgia. 38 Abdome agudo perfurativo: Úlcera péptica perfurada EPIDEMIOLOGIA: as perfurações duodenais são as mais frequentes do TGI. Incidencia diminuiu com o advento do omeprazol. FISIOPATOGENIA: O conteúdo extravasado de úlcera duodenal contém bile, suco pancreático, enteroquinases. Das gástricas, tem suco gástrico, restos alimentares, flora bacteriana. A evolução é de íleo paralítico, peritonite difusa (abdome em tábua). O omento maior pode bloquear espontaneamente a úlcera, permitindo tratamento conservador. APRESENTAÇÃO CLÍNICA/EXAME FÍSICO: O paciente tem história pregressa de síndrome dispéptica. Apresenta abdome em tábua, sinal de Jobert, hipertimpanismo. Pode evoluir com choque. EXAMES COMPLEMENTARES: radiografia tórax (pneumoperitônio), radiografia abdome (retropneumoperitôneo) TRATAMENTO: conservador para paciente estáveis (+24h) ou cirúrgico. 39 Pneumoperitônio Abdome agudo hemorrágico: Gravidez tubária rota EPIDEMIOLOGIA: fatores de risco para gravidez ectópica: infeção por Chlamydia e reprodução assistida. Fator de risco para GTR: história prévia (7-13X), abortamento anterior provocado, DIP, DIU, etc. FISIOPATOGENIA: a gestação implantada fora do útero se rompe, provocando hemorragia de grande volume. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: TRIADE CLÁSSICA (atraso menstrual, dor abdominal e sangramento vaginal). Geralmente 7-8ª semana de gestação. Na HDA, pode-se encontrar o uso inadequado de anticoncepcionais . EXAME FÍSICO: Taquicardia e hipotensão. Palpação abdominal dolorosa, descompressão súbita +, RHA diminuídos ou ausentes. Dor no toque vaginal após mobilização de cérvice e abaulamento no fundo de saco de Douglas. Pesquisa da macicez móvel. EXAMES COMPLEMENTARES: Beta-HCG, hemograma, USG. TRATAMENTO: sempre cirúrgico. 40 Abdome agudo vascular (isquêmico): Isquemia mesentérica aguda EPIDEMIOLOGIA: a IMA é rara, mas tem alta taxa de mortalidade (70%). É mais comum em mulheres (2/3), geralmente com mais de 70 anos. Tem associação com FA, aterosclerose, insuficiência cardíaca grave (hipoperfusão), IAM recente, arritmias cardíacas, obesidade, dislipidemia, tabagismo, etc. FISIOPATOGENIA: interrupção do fluxo sanguíneo intestinal por embolia, trombose ou estado de baixo fluxo, que induz um intenso vasoespasmo, o que explica a dor intensa seguida de náuseas, liberação de mediadores, inflamação e, por fim, infarto. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: dor súbita, contínua, desproporcional ao exame físico. A chave para o diagnóstico é identificar os pacientes com sinais inespecíficos, mas com fatores de risco. EXAME FÍSICO: RHA diminuídos. Perfuração e necrose (fase tardia): febre, choque, peritonite. EXAMES COMPLEMENTARES: hemograma (leucocitose), aumento da amilase e lipase e gasometria (acidose metabólica). Angiografia para confirmar hipótese diagnóstica. TRATAMENTO: o medicamentoso depende da causa. T. cirúrgico: ressecção de alças inviáveis. 41 CASO CLÍNICO iii: PROVA ANTIGA Masculino, 24 anos, pardo, chegou na emergência do HJN relatando que há mais ou menos 10 horas passou a cursar com hiporexia e desconforto no mesogástrio de leve intensidade (4/10) que não tinha relação com a posição e não melhorava com evacuações e flatos. Informa que há 2 horas, a dor migrou para a fossa ilíaca direita e aumentou de intensidade (8/10), sendo acompanhada de náuseas e 1 episódio de vômito. Impressão geral: paciente em mal estado geral, fáceis de dor, sudorese, assumindo posição antálgica e evitando movimentos. Exame do tórax: evidência de alteração do padrão respiratório tóraco- abdominal, com inspirações mais rápidas e superficiais. Ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações. Exame do abdome: abdome difusamente doloroso à palpação, principalmente em quadrante inferior direito, apresentando resposta voluntária de rigidez muscular quando manipulado. Sinal de Blumberg presente no ponto de McBurney. Diante do quadro clínico exposto, qual o diagnóstico provável e qual a melhor conduta que deverá ser tomada? Abdome agudo obstrutivo; encaminhar o paciente para a realização de radiografia de abdome. Apendicite; analgesia e encaminhar imediatamente o paciente para o centro cirúrgico. Desconforto causado por excesso de gases na luz intestinal; prescrever simeticona para o paciente e liberá-lo para casa. Colecistite; encaminhar o paciente para a realização de ultrassonografia de abdome. Peritonite bacteriana; deixar o paciente internado para administração de antibióticos de amplo espectro. 42 CASO CLÍNICO iii: APENDICITE AGUDA Masculino, 24 anos, pardo, chegou na emergência do HJN relatando que há mais ou menos 10 horas passou a cursar com hiporexia e desconforto no mesogástrio de leve intensidade (4/10) que não tinha relação com a posição e não melhorava com evacuações e flatos. Informa que há 2 horas, a dor migrou para a fossa ilíaca direita e aumentou de intensidade (8/10), sendo acompanhada de náuseas e 1 episódio de vômito. Impressão geral: paciente em mal estado geral, fáceis de dor, sudorese, assumindo posição antálgica e evitando movimentos. Exame do tórax: evidência de alteração do padrão respiratório tóraco- abdominal, com inspirações mais rápidas e superficiais. Ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações. Exame do abdome: abdome difusamente doloroso à palpação,principalmente em quadrante inferior direito, apresentando resposta voluntária de rigidez muscular quando manipulado. Sinal de Blumberg presente no ponto de McBurney. Diante do quadro clínico exposto, qual o diagnóstico provável e qual a melhor conduta que deverá ser tomada? Abdome agudo obstrutivo; encaminhar o paciente para a realização de radiografia de abdome. Apendicite; analgesia e encaminhar imediatamente o paciente para o centro cirúrgico. Desconforto causado por excesso de gases na luz intestinal; prescrever simeticona para o paciente e liberá-lo para casa. Colecistite; encaminhar o paciente para a realização de ultrassonografia de abdome. Peritonite bacteriana; deixar o paciente internado para administração de antibióticos de amplo espectro. 43 Síndrome diarreica CLASSIFICAÇÃO Quanto ao local afetado: Alta (intestino delgado) Alto volume Baixa frequência Com restos alimentares Dor periumbilical Baixa (cólon) De baixo volume Alta frequência Emergência e tenesmo Costuma ter muco, pus e sangue Dor difusa Quanto ao tempo Aguda (≤ 21 dias) Crônica (>21 dias) Quanto à etiologia: Infecciosa Não infecciosa 44 Questão de Prova Síndrome dispéptica Causas: gastrite, fármacos, úlcera péptica, câncer. Sintomas: epigastralgia, eructação, náuseas, vômitos, plenitude gástrica, distensão, flatulência, anorexia, sensação precoce de saciedade. 45 Hemorragia digestiva Classificação quanto à perda sanguínea Classificação quanto ao local de sangramento ALTA (maioria) Principais causas (em ordem de frequência): úlcera péptica e varizes esofágicas. Manifestação: hematêmese e melena. BAIXA Principais causas (em ordem de frequência): doença diverticular, angiodisplasia e câncer de cólon. Manifestações: enterorragia e hematoquezia. 46 Questão de Prova 47 Referências BICKLEY, Lynn S. Bates Propedêutica Médica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. MOORE, Keith L.; DALLEY, A. F.. Anatomia orientada para a clínica. 6a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Exame clínico: Porto & Porto. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 48
Compartilhar