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Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

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ASPECTOS LEGAIS E 
TRIBUTÁRIOS NAS 
SOCIEDADES DE 
COOPERATIVAS DE 
CRÉDITO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoras: Lucy Yuriko Pelliser
 Simone de Cássia Machado Müller
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Anderson Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Prof.ª Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof.ª Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Prof. Luiz Salgado Klaes
Revisão Gramatical: Prof.ª Sandra Pottmeier
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
343.066
P391a Pelliser, Lucy Yuriko
Aspectos legais e tributários nas sociedades de coope-
rativas de crédito / Lucy Yuriko Pelliser e Simone de Cassia 
Machado Muller. Indaial : Uniasselvi, 2012.
208 p. : il.
ISBN 978-85-7830-531-4
1. Cooperativas - tributos.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Simone de Cássia Machado Müller
Lucy Yuriko Pelliser
Graduada em Ciências Contábeis (1996) e 
especialista em Gerenciamento de Marketing pela 
Fundação Universidade Regional de Blumenau, 
FURB (1999). Mestre em Liderança e Administração 
pela University of Texas System, UTS, Estados Unidos 
(2004). Publicou 2 artigos em periódicos especializados: 
Distance Learning in Higher Education: A Comparative 
Analysis of Brazil and the United States; e 
Comparative Research between Brazil and the 
United States in Distance Learning in Higher 
Education. Atua na área de administração, com 
ênfase em negócios internacionais.
É graduada em Administração de Empresas 
pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIDAVI – 
especialista em Língua Inglesa pela Universidade 
Regional de Blumenau – FURB – e mestre em 
Administração de Negócios (2002). Tem experiência 
na área bancária, em que atuou durante 23 anos. 
Trabalhou como professora de Língua Inglesa com 
jovens no Seminário São Francisco de Assis em 
Ituporanga (SC) e, é seu primeiro trabalho na EAD 
UNIASSELVI.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Análise e interpretação da Lei 5.764/71 e Legislação
Complementar: Primeira Parte - Capítulos I a IX ................9
CAPÍTULO 2
Análise e Interpretação da Lei 5.764/71 e Legislação
Complementar Parte II ..........................................................61
CAPÍTULO 3
O Cooperativismo e o Novo Código Civil Brasileiro .....105
CAPÍTULO 4
Legislação Tributária Aplicada às Cooperativas
de Crédito ............................................................................137
CAPÍTULO 5
Legislação Complementar e Resolução
do Banco Central ................................................................173
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
O crescimento do movimento cooperativista em nível mundial não 
poderiadeixar de ser acompanhado pelo Brasil. Os números são consideráveis: 
no mundo chega a 1 bilhão em mais de 100 países gerando cerca de 100 milhões 
de empregos. No Brasil são 9 milhões de associados distribuídos por 6.652 
cooperativas, que geram mais de 300 mil empregos diretos, segundo dados da 
OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). No mundo já existem mais 
membros de Sociedades Cooperativas do que acionistas de Sociedades de 
Capital que somam 328 milhões, conforme aponta o relatório “Global Business 
Ownership 2012”, encomendado pela Organização das Cooperativas do Reino 
Unido (Cooperatives UK).
Esses números mostram um momento especial para o desenvolvimento 
e crescimento da atividade cooperativista que ocupa cada vez mais os 
espaços econômico e social. Mostram ainda, que o Cooperativismo é um ideal 
socioeconômico que tem a força da cooperação e que nasceu das necessidades 
humanas em consonância com o Estado Democrático de Direito, em que vivemos 
no mundo atual.
O que vemos hoje é o crescimento de uma consciência voltada para a 
convivência cada vez maior em redes, sejam sociais ou de trabalho. Acreditamos 
que seja esse um dos motivos da intensificação do espírito cooperativista. Esse 
ideal se faz notar pelas ações empreendidas pelas empresas e pela constante 
busca que o homem empreende por uma sociedade mais justa, voltada para o ser 
humano e por ações que busquem a sustentabilidade do planeta. 
2012 foi designado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o 
Ano Internacional do Cooperativismo, com o objetivo de incentivar e destacar sua 
contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e o impacto de suas ações 
na redução da pobreza, geração de emprego e integração social, conforme o 
Portal do Cooperativismo de Crédito. 
Assim, vemos que esse é um momento especial do Cooperativismo no Brasil e 
no mundo e, que, você está integrado nesse momento enquanto estuda e trabalha. 
Esse Caderno de Estudos foi elaborado para que você conheça a Lei nº 5.764/71 
que é conhecida como a Lei das Cooperativas e quais foram as modificações 
que o Novo Código Civil Brasileiro introduziu nessa lei. Você vai conhecer um 
pouco da Legislação Tributária que é aplicada às Cooperativas em 8 Aspectos 
Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito geral e, por 
último, uma das mais importantes normas editadas em função das Cooperativas, 
que é a Lei Complementar nº 130/09, que trouxe mudanças significativas para 
as Cooperativas de Crédito, sendo a responsável pela introdução das mesmas 
no Sistema Financeiro Nacional. De modo especial, apresentamos a Governança 
Corporativa, uma ferramenta que está sendo adotada pelas grandes corporações 
e que visa dar maior transparência para a gestão das empresas, suas relações 
com associados e clientes, trazendo ainda, a padronização de determinados atos 
administrativos.
CAPÍTULO 1
Análise e interpretação da Lei 
5.764/71 e Legislação Complementar: 
Primeira Parte - Capítulos I a IX
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer a Lei 5.764/71 ou Lei das Cooperativas, que define a Política do 
Cooperativismo no Brasil e que institui o Regime Jurídico das Sociedades 
Cooperativas entre outras providências.
� Relacionar os artigos da Lei 5.764/71 com a prática do Cooperativismo.
 
10
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
11
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
ConteXtualiZação
Iniciamos os estudos desta disciplina apresentando a Lei 5.764/71 que defi ne 
a Política Nacional de Cooperativismo. Neste primeiro capítulo vamos apresentar 
a primeira parte desta Lei nº 5.764/71 fazendo uma análise e comentários da 
mesma. É a Lei 5.764/71 que defi ne a Política Nacional de Cooperativismo, 
instituindo o regime jurídico das sociedades cooperativas e que dá outras 
providências. 
Em virtude de ser uma Lei editada há praticamente 40 anos, existem muitas 
críticas sobre sua atualização e adequação ao cooperativismo contemporâneo 
de acordo com Fontenelle (2011), assessor jurídico da OCB/CE. Para ele, no 
entanto, a Lei 5.764/71 atende perfeitamente aos desafi os do cooperativismo 
necessitando maior discussão e divulgação do Direito Cooperativo para sua 
melhor compreensão.
Desta forma iniciaremos a seguir os comentários sobre os artigos dessa Lei 
para conhecê-la melhor, utilizando para tanto o livro Direito Cooperativo Brasileiro 
(Comentários à Lei 5.764/71) de Paulo César Andrade Siqueira, além de citação 
de outros autores que contribuem para o entendimento da Lei das Cooperativas. 
Capítulo I a III da Lei 5.764/71
Primeiramente vamos conhecer os capítulos iniciaisda Lei 5.764/71, que 
falam do que é a Política Nacional de Cooperativismo, defi nindo também o que é 
uma Sociedade Cooperativa e quais são seus objetivos e como são classifi cadas.
a) Da Política Nacional de Cooperativismo
CAPÍTULO I
Da Política Nacional de Cooperativismo
 
Art. 1° Compreende-se como Política Nacional de Cooperativismo a 
atividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo, 
originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas 
entre si, desde que reconhecido seu interesse público. 
12
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Art. 2° As atribuições do Governo Federal na coordenação 
e no estímulo às atividades de cooperativismo no território 
nacional serão exercidas na forma desta Lei e das normas que 
surgirem em sua decorrência.
Parágrafo único. A ação do Poder Público se exercerá, 
principalmente, mediante prestação de assistência técnica e 
de incentivos fi nanceiros e creditórios especiais, necessários 
à criação, desenvolvimento e integração das entidades 
cooperativas (BRASIL, 1971).
Você pode observar que o legislador reconhece o cooperativismo 
como tema estratégico para o país bem como a existência de 
um sistema cooperativo quando cria uma Política Nacional de 
Cooperativismo.
É interessante verifi car que ao citar que o sistema cooperativo é oriundo 
do setor público ou privado o Legislador retira o monopólio do setor público em 
relação às iniciativas ligadas ao cooperativismo.
A lei determina ainda que o papel do Estado na Política Nacional do 
Cooperativismo seja de coordenação e estímulo a essa atividade. Já no Parágrafo 
único observamos que a ação estatal para a criação, desenvolvimento e 
integração das cooperativas será efetivada através da assistência técnica e de 
incentivos fi nanceiros e creditórios especiais.
Além disso, o Legislador buscou preservar a autonomia e independência do 
sistema cooperativo ao delimitar o campo de atuação e forma de agir do Estado 
na Política Nacional de Cooperativismo.
Das Sociedades Cooperativas
CAPÍTULO II
Das Sociedades Cooperativas
Art. 3° Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas 
que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços 
para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, 
sem objetivo de lucro.
Art. 1° Compreende-
se como Política 
Nacional de 
Cooperativismo a 
atividade decorrente 
das iniciativas 
ligadas ao sistema 
cooperativo, 
originárias de 
setor público ou 
privado, isoladas 
ou coordenadas 
entre si, desde que 
reconhecido seu 
interesse público.
13
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, 
com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não 
sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos 
associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas 
seguintes características:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, 
salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social representado por quotas-
partes;
III - limitação do número de quotas-partes do capital para 
cada associado, facultado, porém, o estabelecimento 
de critérios de proporcionalidade, se assim for mais 
adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;
IV - inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, 
estranhos à sociedade; 
V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, 
federações e confederações de cooperativas, com exceção 
das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da 
proporcionalidade;
VI - quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia 
Geral baseado no número de associados e não no capital;
 
VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente 
às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em 
contrário da Assembleia Geral;
VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica 
Educacional e Social;
IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto 
nos estatutos, aos empregados da cooperativa;
XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de 
reunião, controle, operações e prestação de serviços (BRASIL, 
1971).
Art. 3° Celebram 
contrato de 
sociedade 
cooperativa as 
pessoas que 
reciprocamente 
se obrigam a 
contribuir com bens 
ou serviços para o 
exercício de uma 
atividade econômica, 
de proveito comum, 
sem objetivo de 
lucro.
14
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Aqui, podemos identifi car algumas palavras-chave sobre o que o Direito-
jurídico brasileiro defi ne como cooperativa. Com o objetivo de melhor compreender 
esses conceitos vamos fazer algumas atividades. Que tal começar relendo o 
capítulo II da Lei 5.764/71 com atenção?
As principais diferenças entre as sociedades empresarias e as sociedades 
cooperativas são: os objetivos sociais, a legislação que as rege e principalmente 
a destinação dos resultados. O principal objetivo das sociedades empresariais é a 
produção de bens e serviços e a geração de lucros, enquanto que as sociedades 
cooperativas também produzem bens e serviços, mas distribuem o resultado do 
exercício, chamado “sobras líquidas”, aos seus associados ou cooperados.
Atividade de Estudos: 
1) Quem são as pessoas que atuam na formação de uma Sociedade 
Cooperativa e qual é a fi nalidade de sua constituição segundo 
este capítulo da lei?
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2) Quais são as principais características que distinguem as 
Sociedades Cooperativas das demais sociedades?
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Muito bem. Você pode observar que são muitas as diferenças entre as 
Sociedades Empresariais e as Sociedades Cooperativas. No próximo capítulo, 
vamos estudar os objetivos a que se propõem as Sociedades Cooperativas e, 
ainda, sua classifi cação. Vamos lá?
15
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
Do Objetivo e Classifi cação das Sociedades Cooperativas
CAPÍTULO III
Do Objetivo e Classifi cação das Sociedades Cooperativas
Art. 5° As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto 
qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-
se lhes o direito exclusivo e exigindo-se lhes a obrigação do uso da 
expressão “cooperativa” em sua denominação. 
Parágrafo único. É vedado as cooperativas o uso da 
expressão “Banco”.
 
Art. 6º As sociedades cooperativas são consideradas:
I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 
(vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida 
a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto 
as mesmas ou correlatas atividades econômicas das 
pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fi ns lucrativos;
 
II - cooperativascentrais ou federações de cooperativas, as 
constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, 
excepcionalmente, admitir associados individuais;
 
III - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo 
menos, de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas 
centrais, da mesma ou de diferentes modalidades.
 
§ 1º Os associados individuais das cooperativas centrais e federações 
de cooperativas serão inscritos no Livro de Matrícula da sociedade 
e classifi cados em grupos visando à transformação, no futuro, em 
cooperativas singulares que a elas se fi liarão.
 
§ 2º A exceção estabelecida no item II, in fi ne, do caput deste artigo 
não se aplica às centrais e federações que exerçam atividades de 
crédito. 
Art. 7º As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação 
direta de serviços aos associados objetivam organizar, em comum 
e em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de 
interesse das fi liadas, integrando e orientando suas atividades, bem 
como facilitando a utilização recíproca dos serviços. 
Parágrafo único. Para a prestação de serviços de interesse 
comum, é permitida a constituição de cooperativas centrais, às quais 
se associem outras cooperativas de objetivo e fi nalidades diversas.
 
Art. 5° As 
sociedades 
cooperativas 
poderão adotar por 
objeto qualquer 
gênero de 
serviço, operação 
ou atividade, 
assegurando-se lhes 
o direito exclusivo 
e exigindo-se lhes 
a obrigação do 
uso da expressão 
“cooperativa” em sua 
denominação.
16
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Art. 9° As confederações de cooperativas têm por objetivo 
orientar e coordenar as atividades das fi liadas, nos casos em que o 
vulto dos empreendimentos transcender o âmbito de capacidade ou 
conveniência de atuação das centrais e federações. 
Art. 10. As cooperativas se classifi cam também de acordo com o 
objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por 
seus associados.
§ 1º Além das modalidades de cooperativas já consagradas, 
caberá ao respectivo órgão controlador apreciar e caracterizar outras 
que se apresentem. 
§ 2º Serão consideradas mistas as cooperativas que 
apresentarem mais de um objeto de atividades.
Art. 11. As sociedades cooperativas serão de responsabilidade 
limitada, quando a responsabilidade do associado pelos compromissos 
da sociedade se limitar ao valor do capital por ele subscrito.
 
Art. 12. As sociedades cooperativas serão de responsabilidade 
ilimitada, quando a responsabilidade do associado pelos 
compromissos da sociedade for pessoal, solidária e não tiver limite.
 
Art. 13. A responsabilidade do associado para com terceiros, 
como membro da sociedade, somente poderá ser invocada depois 
de judicialmente exigida da cooperativa (BRASIL, 1971).
 
 
O artigo 5º. Trata do ramo de atividade em que os cooperados estão 
inseridos e que será utilizado para tornar viável a fi nalidade da cooperativa. Fala 
ainda da obrigatoriedade do uso do termo “cooperativa” na denominação social e 
a proibição do uso da palavra “Banco” pelas cooperativas.
A classifi cação das cooperativas em ramos tem a fi nalidade 
de organizá-las de maneira que facilite a formação das federações, 
confederações e centrais, e também para sua própria organização 
política. Além disso, ao se agruparem por ramo de atividade (tais 
como: agropecuárias, educacional, crédito, consumo, mineração, 
trabalho, saúde, turismo e lazer etc.) as cooperativas conseguem ter 
maior competitividade de mercado e obtém maior ganho de escala 
para os seus associados.
De Rose (2002 citado por SIQUEIRA, 2004, p. 47), considera 
que “a realização do objetivo social é o meio de exteriorização do Ato 
Cooperativo”.
A classifi cação 
das cooperativas 
em ramos tem 
a fi nalidade de 
organizá-las de 
maneira que 
facilite a formação 
das federações, 
confederações e 
centrais, e também 
para sua própria 
organização política.
17
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
Para saber quais são os ramos mais comuns de cooperativas no 
Brasil, sugerimos que consulte o seguinte artigo:
SIQUEIRA, Paulo César Andrade. “As Cooperativas e a 
Terceirização”, artigo posto em Problemas Atuais de Direito 
Cooperativo, Renato Lopes Becho, coordenador, Dialética, São 
Paulo, 2002, p. 206/233.
Consulte também os ramos de cooperativa existentes no site 
da OCB Organização das Cooperativas Brasileiras: Disponível em 
http://www.ocb.org.br
Do artigo 6º ao artigo 10º, a Lei das Cooperativas trata de classifi car as 
cooperativas quanto ao nível de cooperação. Assim sendo, elas podem ser 
singulares (de primeiro grau) quando se tratarem daquelas constituídas pelo 
número mínimo de 20 pessoas físicas; podem também ser admitidas pessoas 
jurídicas desde que suas atividades sejam idênticas às das suas sócias pessoas 
físicas ou que não possuam fi ns lucrativos.
A seguir vem as Cooperativas Centrais e as federações de cooperativas 
que são entidades constituídas de no mínimo três cooperativas singulares ou de 
segundo grau. Países como o Brasil, Estados Unidos da América, Rússia, China 
e Índia que têm um continente muito vasto “dependem do reconhecimento de 
que nenhuma instituição humana, que fi casse limitada as suas fronteiras, poderia 
desenvolver-se adequadamente e ter importância nacional” (SIQUEIRA, 2004, p. 
54). Assim, quando há interesse de somar, os interesses de várias cooperativas 
são constituídas às Cooperativas Centrais ou federações com a fi nalidade de 
viabilizar um melhor desempenho das cooperativas singulares e não com o 
propósito de atender aos reclamos de seus cooperados.
Novamente para atender às necessidades de competitividade frente ao 
mercado internacional, à globalização da economia mundial e aos mercados 
comuns internacionais GATT (General Agreement on Tariff s and Trade – 
Acordo Geral de Tarifas e Comércio), CEE (Comunidade Econômica Europeia), 
MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), NAFTA (North-American Free Trade 
Agreement – Acordo de Livre Comércio Norte-americano) e outros, faz-se 
necessário a centralização nacional em entidades representativas (de terceiro 
18
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
grau) que são as confederações de cooperativas; constituídas de no mínimo três 
federações de cooperativas ou Cooperativas Centrais que podem ser inclusive de 
modalidades diferentes, reúnem-se quer para uniformizar interesses, reduzir os 
custos das forças políticas e jurídicas, reduzir custos da corporação e, assim, são 
capazes de uma governança corporativa efi caz. 
A partir do artigo 11º. Ao 13º. Trata da responsabilidade jurídica das 
sociedades cooperativas bem como a de seus dirigentes e sócios. Para facilitar a 
compreensão do termo responsabilidade, que tal analisarmos algumas defi nições 
jurídicas desse termo?
Siqueira (2004, p. 59-60) faz as seguintes afi rmações com 
relação à responsabilidade. 
Responsabilidade é a aptidão que têm os obrigados pela lei ou 
pelo contrato a pagarem com seu patrimônio os danos materiais 
ou morais, que seus atos individualmente considerados, ou seus 
contratos, causem a terceiros.
A responsabilidade por atos ilícitos, chamada de 
responsabilidade extracontratual, decorre dos atos da 
vida, que, sem justifi cativa jurídica, causem danos de 
qualquer monta a outrem.
A responsabilidade por infração à obrigação contratual, 
denominada de responsabilidade contratual, decorrer 
da infração de regras contratuais, ou do cumprimento 
defeituoso do contrato, de modo a causar dano de 
qualquer monta a outra parte contratante.
Há várias teorias da responsabilidade, segundo a 
valoração que cada nacionalidade empresta ao valor 
da propriedade e interesses em jogo.
Nesse contexto assim, como em todas as sociedades, as 
cooperativas têm sua responsabilidade não só pelos seus atos,mas 
também pelo cumprimento de contratos. Dessa forma responde 
diretamente com seu patrimônio quer pelas obrigações assumidas 
quer pelos danos que venha a causar a outros. 
Por outro lado os dirigentes das cooperativas, agindo de acordo com os 
termos da lei e seus estatutos não poderão ser responsabilizados pessoalmente 
pelos atos que praticarem no exercício de seus mandatos. No entanto, havendo 
dolo ou culpa proveniente de seus atos, responderão solidariamente no que é 
As cooperativas têm 
sua responsabilidade 
não só pelos seus 
atos, mas também 
pelo cumprimento de 
contratos.
19
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
chamado de infração a dever. Esse caso será avaliado mais a frente quando 
analisarmos o artigo 49 dessa mesma lei.
Quanto à responsabilidade nas sociedades em geral bem como nas 
Sociedades Cooperativas, ela pode ainda ser:
• Limitada: Os sócios respondem apenas até o limite do valor de suas cotas 
vertidas na sociedade;
• Ilimitada: A responsabilidade dos sócios é pessoal, solidária e não tem limite, 
como diz a Lei em si mesma.
Já o Artigo 13 aborda em que momento o sócio é invocado com sua 
responsabilidade e para isso é necessário que abordemos alguns aspectos 
relevantes. São eles: A responsabilidade dos sócios para com a cooperativa; 
a responsabilidade dos sócios para com outros sócios; a responsabilidade 
dos sócios para com terceiros por fato da cooperativa e a responsabilidade da 
cooperativa pelo fato do sócio.
Veremos a seguir cada um desses aspectos que são importantes no 
relacionamento entre o sócio e a cooperativa.
• A responsabilidade dos sócios para com outros sócios
Quanto à responsabilidade dos sócios para com a cooperativa, é 
o estatuto desta que funciona como a lei que governa essa relação. O 
sócio, ao associar-se a uma cooperativa assume o dever de cumprir e 
respeitar o estatuto, porém vai além da obrigação de um contrato onde 
poderia descumprir suas obrigações assumindo a responsabilidade 
por perdas e danos. O descumprimento do estatuto pode acarretar 
sua eliminação dessa sociedade. Além disso, a cooperativa é a 
administradora dos bens comuns que os sócios colocam a seu dispor 
(bens, mercadorias e serviços) podendo proceder a um acerto de 
créditos e débitos, caso haja prejuízos e perdas pelos quais os sócios 
sejam responsáveis.
Em relação à cooperativa, a responsabilidade do sócio é subjetiva, ilimitada 
e individual.
O sócio, ao 
associar-se a uma 
cooperativa assume 
o dever de cumprir e 
respeitar o estatuto, 
porém vai além 
da obrigação de 
um contrato onde 
poderia descumprir 
suas obrigações 
assumindo a 
responsabilidade por 
perdas e danos.
20
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
• A responsabilidade dos sócios para com outros sócios
Já a responsabilidade dos sócios para com outros sócios é 
tão somente civil, desde que os meios e formas de cooperação não 
resultem em dano causado por ato ou fato jurídico. Isso se deve ao 
fato que essas relações acontecem através da cooperativa e são, 
portanto, regidas pelo seu estatuto.
• A responsabilidade dos sócios para com terceiros
Tratando-se da responsabilidade dos sócios para com terceiros por fato da 
cooperativa, ou seja, quando a cooperativa gera um dano ou prejuízo a terceiros, 
ela é defi nida pela defi nição de limitada ou ilimitada quando da constituição da 
sociedade. Sendo a sociedade de responsabilidade limitada, cabe aos sócios 
responderem proporcionalmente ao valor de suas cotas e limitadas ao valor do 
capital subscrito; no caso das sociedades de responsabilidade ilimitada, ao valor 
total do crédito. Em qualquer dos casos, entretanto, a responsabilidade dos sócios 
será exigida somente após ter sido exigida da cooperativa, através de via judicial, 
sua responsabilidade. 
• A responsabilidade da cooperativa pelo fato do sócio
Finalmente chegamos à responsabilidade da cooperativa pelo 
fato do sócio. Aqui chegamos a uma matéria polêmica. O Código Civil, 
tanto o antigo quanto o atual, diz que “a culpa do preposto obriga 
o proponente” (art. 932 do Código Civil 2002), ou seja, a culpa da 
cooperativa obriga o cooperado.
E quando acontece o contrário? Quando o sócio usando dos 
serviços da cooperativa causa dano a um terceiro? Seria a cooperativa 
responsável por esse dano?
• Vejamos o que diz o Código de Proteção e Defesa do Consumidor:
 
Art. 28 - O Juiz poderá desconsidera a personalidade jurídica 
da sociedade, quando, em detrimento do consumidor, houver 
abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato 
ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contato social. 
A desconsideração também será efetivada quando houver 
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade 
da pessoa jurídica, provocados por má administração 
(BRASIL, 1990).
Já a 
responsabilidade 
dos sócios para com 
outros sócios é tão 
somente civil.
À responsabilidade 
da cooperativa pelo 
fato do sócio.
O Código Civil, tanto 
o antigo quanto o 
atual, diz que “a 
culpa do preposto 
obriga o proponente” 
(art. 932 do Código 
Civil 2002),
21
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
É uma questão bastante discutida e você poderá buscar leitura complementar 
para melhor compreender essa situação. Além do texto que está nas páginas 64 a 
67 do livro indicado, há também decisões judiciais nas notas de rodapé do mesmo 
autor. Não deixe de ler.
SIQUEIRA, Paulo Cesar de Andrade. Direito Cooperativo 
Brasileiro. Comentários à Lei 5.764/71. São Paulo. 
Dialética, 2004.
Na verdade a responsabilidade recairá sobre os administradores da 
cooperativa, uma vez que o cooperado não interfere nos negócios da cooperativa 
que pelos estatutos e pela própria lei são realizados pelos órgãos sociais de 
administração. Novamente nos deparamos com uma polêmica, visto que essa 
situação amparada pelo Código de Consumidor e chamada de “desconsideração 
da pessoa jurídica em caso de abuso contra a lei ou os estatutos da sociedade”, é 
uma violação ao artigo 49 da Lei 5.764/71 que defi ne essa responsabilidade. 
Atividade de Estudos: 
 E você? O que pensa disso?
1) Após estudar esta primeira seção registre em poucas palavras 
o que você compreendeu a respeito da responsabilidade da 
cooperativa pelo fato do sócio.
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 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Capítulo IV a VI da Lei 5.764/71
Nesta seção você vai saber como é a constituída uma Sociedade Cooperativa 
e quais são os requisitos fundamentais para a legalidade e o funcionamento dessa 
instituição. Também vai conhecer os livros necessários para a manutenção dos 
registros de uma cooperativa e a parte mais importante: como é a formação do 
capital social nas Sociedades Cooperativas.
a) Da Constituição das Sociedades Cooperativas
CAPÍTULO IV
Da Constituição das Sociedades Cooperativas
Art. 14. A sociedade cooperativa constitui-se por deliberação da 
Assembleia Geral dos fundadores, constantes da respectiva ata ou 
por instrumento público.
 
Art. 15. O ato constitutivo, sob pena de nulidade, deverá declarar: 
I - a denominação da entidade, sede e objeto de funcionamento; 
II - o nome, nacionalidade,idade, estado civil, profi ssão e residência 
dos associados, fundadores que o assinaram, bem como o valor 
e número da quota-parte de cada um; 
III - aprovação do estatuto da sociedade; 
IV - o nome, nacionalidade, estado civil, profi ssão e residência dos 
associados eleitos para os órgãos de administração, fi scalização 
e outros; 
Art. 16. O ato constitutivo da sociedade e os estatutos, quando não 
transcritos naquele, serão assinados pelos fundadores (BRASIL, 1971).
Dando prosseguimento ao conhecimento da Lei Cooperativa, passamos agora, 
ao ato que trata do momento propriamente dito da constituição da cooperativa. 
É a ata da constituição e não o estatuto em si que cria a cooperativa e aprova 
também o seu estatuto. Assim, o artigo 15 declara que num único ato jurídico, 
a constituição da cooperativa, deverá defi nir além da formalidade da sociedade 
23
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
o seu estatuto. Este é, portanto, o primeiro ato de cooperação onde os sócios 
defi nem a fi nalidade e o objeto dessa sociedade e os meios pelos quais atingirão 
seus objetivos.
Sobre as características e registro do ato constitutivo Siqueira, (2002, p. 71), 
faz as seguintes ponderações:
A ata da assembleia geral de constituição da sociedade 
cooperativa é feita segundo o modelo tradicional, em livro de 
atas ou folhas soltas, numeradas e rubricadas pelo presidente. 
Neste documento devem-se historiar os fatos, resumidamente, 
de maior relevância ocorrida no evento.
Em virtude da exigência da lei, a ata de constituição deve então 
ser assinada por todos os sócios fundadores, qualifi cando-os 
conforme o art. 997 do CC, não sendo de boa prática negocial 
incluir o estatuto, como permite a lei, no corpo da constituição.
O ideal é que se leve para a assembleia uma minuta do 
estatuto, que, aprovado respeitado os ditames do art. 15 da Lei 
das Cooperativas e do art. 997 do CC seja assinado por todos 
os sócios fundadores. A separação do estatuto e 
da ata faz com que o uso diário do estatuto não 
seja complicado após as alterações dos órgãos 
estatutários da administração.
No entanto, a ata de constituição deve referir-se 
expressamente ao estatuto aprovado, devendo, no 
ato constitutivo, deliberar-se ainda pela eleição dos 
cargos dos órgãos sociais estatutários.
É bom ressalvar que algumas cooperativas como 
as que sejam do ramo de crédito e trabalho 
médico, têm legislação específi ca e órgãos 
estatais de controle, que fazem exigências 
formais que devem ser obedecidas na ata de 
atas das assembleias da sociedade.
Para facilitar a sua tarefa, reproduzimos abaixo, o artigo 997 do Código Civil 
Brasileiro de 2002, citado no texto acima. Ele está inserido no Capítulo I, Da 
Sociedade Simples, Seção I Do Contrato Social da referida lei.
 Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, 
particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas 
partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profi ssão e residência 
dos sócios, se pessoas naturais, e a fi rma ou a denominação, 
nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
Algumas 
cooperativas como 
as que sejam do 
ramo de crédito e 
trabalho médico, têm 
legislação específi ca 
e órgãos estatais 
de controle, que 
fazem exigências 
formais que devem 
ser obedecidas na 
ata de atas das 
assembleias da 
sociedade.
24
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, 
podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis 
de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de 
realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição 
consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da 
sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas 
obrigações sociais.
Parágrafo único. É inefi caz em relação a terceiros qualquer 
pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do 
contrato (BRASIL, 2002).
Depois de constituída a cooperativa, esta deve ser registrada. Como 
sociedade de pessoas que é uma cooperativa, de natureza civil, poderia se pensar 
que seu registro é feito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Porém, isso jamais 
ocorreu. O fato é que o Legislador confundiu as Sociedades Cooperativas como 
sendo de natureza mercantil, conforme as normas de registro da Lei 8.934/94, Do 
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afi ns (BRASIL, 1994). 
Art. 32. O registro compreende:
I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores 
públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e adminis-
tradores de armazéns-gerais;
II - O arquivamento:
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, 
dissolução e extinção de fi rmas mercantis individuais, 
sociedades mercantis e cooperativas.
Vemos, então, que numa lei tão recente ocorre ainda a confusão por parte do 
Legislador, da Sociedade Cooperativa, de natureza civil e sem fi ns lucrativos, com 
uma sociedade mercantil.
 Felizmente com o advento do Código Civil de 2002, essa situação foi 
reparada, assim o artigo 982 parágrafo único do Código Civil considera as 
cooperativas sendo equiparadas às sociedades simples. O art. 998 determina que 
as sociedades simples sejam registradas no Registro Civil de Pessoas Jurídicas 
no prazo de 30 dias de sua constituição. 
25
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
Antes disso, o registro das cooperativas era feito nas Juntas Comerciais ou 
nos Registros Públicos de Empresas Mercantis.
b) Da Autorização de Funcionamento
SEÇÃO I
Da Autorização de Funcionamento
Art. 17. A cooperativa constituída na forma da legislação vigente 
apresentará ao respectivo órgão executivo federal de controle, no 
Distrito Federal, Estados ou Territórios, ou ao órgão local para isso 
credenciado, dentro de 30 (trinta) dias da data da constituição, 
para fi ns de autorização, requerimento acompanhado de 4 (quatro) 
vias do ato constitutivo, estatuto e lista nominativa, além de outros 
documentos considerados necessários.
Art. 18. Verifi cada, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a 
contar da data de entrada em seu protocolo, pelo respectivo órgão 
executivo federal de controle ou órgão local para isso credenciado, 
a existência de condições de funcionamento da cooperativa em 
constituição, bem como a regularidade da documentação apresentada, 
o órgão controlador devolverá, devidamente autenticadas, 2 (duas) vias 
à cooperativa, acompanhadas de documento dirigido à Junta Comercial 
do Estado, onde a entidade estiver sediada, comunicando a aprovação 
do ato constitutivo da requerente. 
§ 1° Dentro desse prazo, o órgão controlador, quando julgar 
conveniente, no interesse do fortalecimento do sistema, poderá 
ouvir o Conselho Nacional de Cooperativismo, caso em que não se 
verifi cará a aprovação automática prevista no parágrafo seguinte. 
§ 2º A falta de manifestação do órgão controlador no prazo a 
que se refere este artigo implicará a aprovação do ato constitutivo e o 
seu subsequente arquivamento na Junta Comercial respectiva. 
§ 3º Se qualquer das condições citadas neste artigo não for 
atendida satisfatoriamente, o órgão ao qual compete conceder a 
autorização dará ciência ao requerente, indicando as exigências a 
serem cumpridas no prazo de 60 (sessenta) dias, fi ndos os quais, se 
não atendidas, o pedido será automaticamente arquivado. 
§ 4° À parte é facultado interpor da decisão proferida pelo órgão 
controlador, nos Estados, Distrito Federal ou Territórios, recurso para 
26
 Aspectos legais e tributários nas sociedades decooperativas de crédito
a respectiva administração central, dentro do prazo de 30 (trinta) dias 
contado da data do recebimento da comunicação e, em segunda e 
última instância, ao Conselho Nacional de Cooperativismo, também 
no prazo de 30 (trinta) dias, exceção feita às cooperativas de 
crédito, às seções de crédito das cooperativas agrícolas mistas, e às 
cooperativas habitacionais, hipótese em que o recurso será apreciado 
pelo Conselho Monetário Nacional, no tocante às duas primeiras, e 
pelo Banco Nacional de Habitação em relação às últimas.
 
Art. 19. A cooperativa escolar não estará sujeita ao 
arquivamento dos documentos de constituição, bastando remetê-
los ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, ou 
respectivo órgão local de controle, devidamente autenticados pelo 
diretor do estabelecimento de ensino ou a maior autoridade escolar 
do município, quando a cooperativa congregar associações de mais 
de um estabelecimento de ensino.
Art. 20. A reforma de estatutos obedecerá, no que couber, ao 
disposto nos artigos anteriores, observadas as prescrições dos 
órgãos normativos (BRASIL, 1971). 
 
Você leu agora os artigos 17 a 20 da Lei 5.764/71. Esses artigos tratam da 
autorização para o funcionamento das cooperativas. Esses artigos foram editados 
à época da Emenda Constitucional no. 1/67. Naquela época o sistema de governo 
no Brasil era o Governo Militar e, por conta disso, poderia haver a necessidade 
de regulamentar e fi scalizar a atividade cooperativa de forma específi ca, bem 
como poderiam ser exigidas condições prévias de um juízo da oportunidade 
e conveniência de sua criação (SIQUEIRA, 2002). Segundo Siqueira, esses 
artigos violentam a liberdade das atividades lícitas e que o controle delas por 
parte de um órgão público é juridicamente inviável e, por esse motivo, não foram 
recepcionados. 
A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada 
em 5 de outubro de 1988, 15 (quinze) anos passados, 
foi inspirada na Carta dos Direitos norte-americana, na 
Declaração Universal dos Direitos do Homem da Revolução 
Francesa, na Constituição Democrática do Brasil de 1946, 
não admitindo, assim, que o Estado invadisse impunemente 
a atividade do cidadão, sem qualquer pretexto ou fi nalidade 
(SIQUEIRA, 2004, p.74).
Você deve estar questionado porque esses artigos continuam na Lei 5.764/71 
se na realidade elas não produzem efeito, certo?
27
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
Embora as normas constitucionais revolucionem o sistema jurídico de um 
país, elas não conseguem promover alterações totais e imediatas no sistema 
vigente anterior. Existe no Direito um princípio que se chama “reenvio ou 
recepção”. Esse sistema promove a harmonia entre os conjuntos (de leis vigentes 
e anteriores), mantendo válidas as que não foram revogadas, excluindo aquelas 
que foram revogadas ou que são contrárias à nova ordem. Como resultado disso, 
esses artigos perderam a validade em virtude de não terem sido recepcionados por 
serem contrárias à Constituição. Tendo em vista que a Lei 5.764/71 é considerada 
uma Lei Ordinária, não pode ela cassar a liberdade garantida pela Constituição, 
que é considerada a Lei maior, de criação e funcionamento das cooperativas (art. 
5º. Inciso XVIII da Constituição de 1988 – a criação de associações, e na forma 
da lei, de cooperativas, independem de autorização, sendo vedada a interferência 
estatal em seu funcionamento). 
Contudo, lembramos que as cooperativas de crédito, por estarem inseridas 
dentro do Sistema Financeiro Nacional e obedecerem a uma legislação específi ca 
são as únicas que necessitam de autorização para funcionamento. 
Atividade de Estudos:
1) Apenas para complementar o seu saber, pesquise o que é uma 
Lei Ordinária e escreva o seu conceito de forma breve e sucinta.
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Estamos avançando em nosso conteúdo. Até aqui tudo bem? Temos certeza 
de que você já sabe muitas coisas novas sobre as Sociedades Cooperativas. 
Agora, vamos ver como é o estatuto social de uma Sociedade Cooperativa, quais 
são os livros de escrituração que são obrigatórios e não apenas pela contabilidade. 
Você vai conhecer também um item muito importante que é o capital social e que 
pode até não ser exigido numa Sociedade cooperativa. Vamos lá?
28
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
c) Do Estatuto Social
SEÇÃO II
Do Estatuto Social
Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao disposto 
no artigo 4º, deverá indicar: 
I - a denominação, sede, prazo de duração, área de ação, 
objeto da sociedade, fi xação do exercício social e da data do 
levantamento do balanço geral;
 
II - os direitos e deveres dos associados, natureza de suas 
responsabilidades e as condições de admissão, demissão, 
eliminação e exclusão e as normas para sua representação nas 
assembleias gerais; 
III - o capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas-
partes a ser subscrito pelo associado, o modo de integralização 
das quotas-partes, bem como as condições de sua retirada nos 
casos de demissão, eliminação ou de exclusão do associado;
IV - a forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou 
do rateio das perdas apuradas por insufi ciência de contribuição 
para cobertura das despesas da sociedade; 
V - o modo de administração e fi scalização, estabelecendo os 
respectivos órgãos, com defi nição de suas atribuições, poderes 
e funcionamento, a representação ativa e passiva da sociedade 
em juízo ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo 
de substituição dos administradores e conselheiros fi scais; 
VI - as formalidades de convocação das assembleias gerais e a 
maioria requerida para a sua instalação e validade de suas 
deliberações, vedado o direito de voto aos que nelas tiverem 
interesse particular sem privá-los da participação nos debates; 
VII - os casos de dissolução voluntária da sociedade; 
VIII - o modo e o processo de alienação ou oneração de bens imóveis 
da sociedade; 
IX - o modo de reformar o estatuto; 
X - o número mínimo de associados (BRASIL, 1971).
 
29
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
A nomenclatura que designa a cooperativa é dada por determinação legal do 
art. 1159 do Código Civil (2003), não cabendo o uso da expressão “Ltda.” que é 
de uso das sociedades limitadas.
As relações de sócio devem ser bastante precisas no estatuto 
afi m de minimizar os confl itos que ocorram no desenvolvimento da 
atividade de cooperação.
Embora o Código Civil prescreva a constituição de cooperativas 
sem Capital Social, as Sociedades Cooperativas de responsabilidade 
limitada devem ter um Capital Social mínimo que é a multiplicação da 
cota-parte de cada sócio pelo número de sócios. 
Como as cooperativas atuam na forma de exercício anual é preciso aguardar 
a aprovação das contas do exercício antes de reembolsar o capital ao sócio que 
saia da cooperativa por qualquer motivo.
A forma de contabilidade adotada pelas cooperativas é a Norma de 
Contabilidade Técnica e o Conselho Federal de Contabilidade recomenda a 
elaboração de Planos de Conta das cooperativas.
Você sabia que diferentemente das outras sociedades, os 
prejuízos do exercício de uma cooperativa são rateados e compostos 
pelos sócios? Em caso de resultado positivo eles receberão as 
sobras do exercício. A forma de efetuar esse rateio, quer positivo, 
quer negativo, deve ser disciplinado para que nãohajam infl uências 
momentâneas na regularidade desse rateio.
Você já sabe que o estatuto é a norma fundamental da 
cooperativa. Logo, a validade de sua administração deve estar 
prevista e de acordo com o que estiver disposto no estatuto. 
Alguns detalhes da administração podem ser delegados a um Regimento 
Interno, que também deve ser aprovado pelo Conselho de Administração. Por 
exemplo:
• horários de reunião;
• forma de apresentação e andamento dos trabalhos;
• entre outros.
As relações de sócio 
devem ser bastante 
precisas no estatuto 
afi m de minimizar 
os confl itos que 
ocorram no 
desenvolvimento 
da atividade de 
cooperação.
30
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Alguns, no entanto, devem ser estabelecidos no estatuto. Por exemplo:
• competência básica;
• frequência das reuniões;
• forma de dar publicidade aos atos;
• representação causal judicial e extrajudicial;
• entre outros.
Situações traumáticas como impedimento de administradores seja 
por administração ruinosa, prevaricação ou outra situação grave, deve 
obrigatoriamente constar no estatuto, visto que assuntos tão importantes dessa 
natureza não devem ser tratados com improvisação.
Geralmente as cooperativas defi nem prazos diferentes para a convocação de 
assembleias gerais usuais e para aquelas em que haja votação. No último caso 
deve ser acrescido ao prazo usual o prazo para a impugnação de candidaturas.
Também é necessário delimitar uma ordem do dia mínima para as 
assembleias gerais ordinárias bem como o quórum para a instalação e votação da 
Assembleia Geral.
Da mesma forma como a lei ampara a liberdade associativa, ela também 
permite a dissolução da cooperativa por deliberação de seus sócios. No entanto, a 
utilidade desse dispositivo visa garantir alguma segurança em relação ao número 
mínimo de sócios para garantir a continuidade da cooperativa, o tempo em que 
esta poderá operar em situação de prejuízo, garantindo que a cooperativa seja 
então, dissolvida independente da vontade dos sócios.
A reserva da utilização do patrimônio social de uma empresa garante a sua 
solidez. Você sabia que a propriedade de uma cooperativa não é nem pública 
nem privada? Ela é cooperativa e como tal não se pode dispor dela em favor dos 
sócios. Interessante, não é mesmo?
Quanto à mudança ou reforma do estatuto da cooperativa, ela depende da 
decisão de uma maioria qualifi cada em assembleia que deve ter a fi nalidade 
específi ca de alteração do estatuto.
Embora haja um número mínimo de associados para compor os órgãos 
sociais o Código Civil não determina o número mínimo de cooperados. Ele só é 
importante para determinar a dissolução da sociedade quando estiver abaixo do 
mínimo previsto no estatuto e para dar validade aos atos da cooperativa.
Passamos, então, a tratar dos livros que são necessários para que a 
cooperativa mantenha seus registros contábeis, administrativos e legais. 
31
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
d) Dos Livros
CAPÍTULO V
Dos Livros
Art. 22. A sociedade cooperativa deverá possuir os seguintes livros:
I - de Matrícula;
II - de Atas das Assembleias Gerais;
III - de Atas dos Órgãos de Administração;
IV - de Atas do Conselho Fiscal;
V - de presença dos Associados nas Assembleias Gerais;
VI - outros, fi scais e contábeis, obrigatórios. 
Parágrafo único. É facultada a adoção de livros de folhas soltas ou 
fi chas.
Art. 23. No Livro de Matrícula, os associados serão 
inscritos por ordem cronológica de admissão, dele constando:
I - o nome, idade, estado civil, nacionalidade, profi ssão e 
residência do associado;
II - a data de sua admissão e, quando for o caso, de sua 
demissão a pedido, eliminação ou exclusão;
III - a conta corrente das respectivas quotas-partes do capital social 
(BRASIL, 1971).
 
Esse artigo fala dos livros que a cooperativa deve manter para o seu 
funcionamento. Você deve saber que eles são imprescindíveis sob a ótica da 
Administração, da Contabilidade e do Direito.
O mais importante é que eles devem ser preenchidos e guardados de acordo 
com as normas e leis. 
Passamos agora, a tratar do Capital Social nas Sociedades Cooperativas. O 
capítulo trata de como é feita a subscrição de quotas nas cooperativas, quais são 
as regras e limites de subscrição para os diversos tipos de pessoas que queiram 
se tornar cooperados. Sabia que pode existir uma cooperativa que não tenha 
capital social? Não? Então, vamos ver como é.
Art. 23. No Livro 
de Matrícula, os 
associados serão 
inscritos por ordem 
cronológica de 
admissão.
32
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
e) Do Capital Social
CAPÍTULO VI
Do Capital Social
Art. 24. O capital social será subdividido em quotas-partes, 
cujo valor unitário não poderá ser superior ao maior salário mínimo 
vigente no País.
§ 1º Nenhum associado poderá subscrever mais de 1/3 (um 
terço) do total das quotas-partes, salvo nas sociedades em que 
a subscrição deva ser diretamente proporcional ao movimento 
fi nanceiro do cooperado ou ao quantitativo dos produtos a serem 
comercializados, benefi ciados ou transformados, ou ainda, em 
relação à área cultivada ou ao número de plantas e animais em 
exploração.
 
§ 2º Não estão sujeitas ao limite estabelecido no parágrafo 
anterior as pessoas jurídicas de direito público que participem de 
cooperativas de eletrifi cação, irrigação e telecomunicações.
 
§ 3° É vedado às cooperativas distribuírem qualquer espécie de 
benefício às quotas-partes do capital ou estabelecer outras vantagens 
ou privilégios, fi nanceiros ou não, em favor de quaisquer associados 
ou terceiros excetuando-se os juros até o máximo de 12% (doze por 
cento) ao ano que incidirão sobre a parte integralizada.
 
Art. 25. Para a formação do capital social poder-se-á estipular 
que o pagamento das quotas-partes seja realizado mediante 
prestações periódicas, independentemente de chamada, por meio de 
contribuições ou outra forma estabelecida a critério dos respectivos 
órgãos executivos federais. 
Art. 26. A transferência de quotas-partes será averbada no Livro 
de Matrícula, mediante termo que conterá as assinaturas do cedente, 
do cessionário e do diretor que o estatuto designar. 
Art. 27. A integralização das quotas-partes e o aumento do 
capital social poderão ser feitos com bens avaliados previamente e 
após homologação em Assembleia Geral ou mediante retenção de 
determinada porcentagem do valor do movimento fi nanceiro de cada 
associado.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às cooperativas de 
crédito, às agrícolas mistas com seção de crédito e às habitacionais.
33
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
§ 2° Nas sociedades cooperativas em que a subscrição de 
capital for diretamente proporcional ao movimento ou à expressão 
econômica de cada associado, o estatuto deverá prever sua revisão 
periódica para ajustamento às condições vigentes (BRASIL, 1971).
 Vejamos de forma resumida, alguns conceitos de capital:
Conceito Econômico: Para Hunt, Smith e Marx, o capital é a 
soma dos bens econômicos sendo eles insumos, dinheiro, trabalho e 
ferramentas necessários para o desenvolvimento de uma atividade 
(SIQUEIRA).
Conceito Contábil: O conceito fundamental de capital para 
a contabilidade é o resultado os ativos menos o total de passivos. É 
a relação entre uma entidade e a fonte de sua riqueza ou as contas 
de capital. Resumindo: é o patrimônio dos sócios na sociedade 
(SIQUEIRA, 2004).
É importante ter em mente esses conceitos antes de analisarmos o capital 
social dentro do cooperativismo.
Para isto vamos separar as cooperativas com e sem Capital Social.
• Cooperativas com Capital Social 
No Brasil a norma para a constituição das cooperativas é de que 
ela tenhaalgum Capital Social. Como a fi nalidade de uma cooperativa 
não é o lucro, a subscrição do Capital Social é apenas uma moeda 
de ingresso do sócio à sociedade e tem a característica de “joia de 
associação”. Além de ser uma característica de fi liação, esse capital, 
numa sociedade limitada, determina uma responsabilidade que prevê 
sua perda em caso de responsabilização na forma da lei.
No Brasil a norma 
para a constituição 
das cooperativas 
é de que ela tenha 
algum Capital Social.
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 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
• Cooperativas sem Capital Social
O Código Civil em seu artigo 1094 prevê que as cooperativas 
possam ser constituídas sem a exigência de Capital Social. Depois 
disso, a Lei 9.867/99 possibilitou a criação de cooperativas sociais 
como forma de integração social dos cidadãos. Mas mesmo as 
demais cooperativas podem de fato existir sem que possuam Capital 
Social. Nesse caso, obrigatoriamente deverão ser constituídas como 
sociedades ilimitadas em relação aos administradores e associados.
Concluindo:
A natureza jurídica do Capital Social das cooperativas é diferente do 
conceito de Capital Econômico e Contábil, pelo simples fato que a gestão da 
cooperativa é feita através do rateio de despesas e receitas. Logo, o Capital 
Social do ponto de vista cooperativo é meramente um padrão de ingresso na 
sociedade. 
O estabelecimento de um teto para a integralização de cotas deve-se ao 
fato de que a cooperativa não é uma sociedade de cotas, anônima ou mercantil; 
a ela não interessa que um cooperado detenha um poder muito grande e ao 
sair dessa sociedade possa levar a um estado de insolvência. Pela importância 
da participação do poder público em alguns segmentos cooperativos, como 
eletrifi cação, irrigação e telecomunicação, a lei permite uma participação 
maior. Até porque pelo princípio de legalidade que rege as ações do Poder 
Público, não interessaria a esse deixar uma cooperativa causando resultados 
negativos.
Pronto. Agora que tal um pausa para uma atividade de estudos? Nesse 
momento você poderá rever alguns conceitos que aprendeu sobre capital.
Atividade de Estudos: 
1) Quais são as diferenças entre Capital Social e Econômico, 
segundo o texto apresentado?
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O Código Civil 
em seu artigo 
1094 prevê que 
as cooperativas 
possam ser 
constituídas sem 
a exigência de 
Capital Social.
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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
2) E para a cooperativa? O signifi cado de capital tem a mesma 
conotação de Capital Econômico e Social? Justifi que.
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3) Depois de compreender as diferentes abordagens sobre capital, 
aponte as diferenças fundamentais entre uma cooperativa com e 
sem Capital Social.
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 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Capítulos VII a IX da Lei nº 5.764/71
A constituição dos fundos estabelecidos pela Lei 5.764/71 é uma das 
características que diferencia as Sociedades Cooperativas das demais 
sociedades empresariais. É a cooperativa a única sociedade em que os sócios 
devem contribuir para a manutenção da empresa tendo que honrar as despesas 
e prejuízos, além da obrigatoriedade da Sociedade Cooperativa de manter esses 
fundos como mais uma forma de garantir sua liquidez.
Esta seção, trata ainda, do ingresso e as diversas formas de dissociação dos 
associados nas Sociedades Cooperativas. Vai conhecer o princípio das portas 
abertas, que é um dos ícones do cooperativismo. 
a) Dos Fundos
CAPÍTULO VII
Dos Fundos
Art. 28. As cooperativas são obrigadas a constituir:
I - Fundo de Reserva destinado a reparar perdas e atender ao 
desenvolvimento de suas atividades, constituído com 10% (dez 
por cento), pelo menos, das sobras líquidas do exercício;
 
II - Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, destinado 
a prestação de assistência aos associados, seus familiares e, 
quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa, 
constituído de 5% (cinco por cento), pelo menos, das sobras 
líquidas apuradas no exercício.
 
§ 1° Além dos previstos neste artigo, a Assembleia Geral poderá criar 
outros fundos, inclusive rotativos, com recursos destinados a fi ns 
específi cos fi xando o modo de formação, aplicação e liquidação.
§ 2º Os serviços a serem atendidos pelo Fundo de Assistência 
Técnica, Educacional e Social poderão ser executados mediante 
convênio com entidades públicas e privadas (BRASIL, 1971).
Os fundos legais obrigatórios tem por objetivo, garantir o cumprimento das 
fi nalidades de uma sociedade e preservar seus compromissos. Esse fundo é de 
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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
natureza fi nanceira e deve representar efetiva reserva monetária, seja através de 
bens materiais ou imateriais, mas nunca meramente contábil. 
A parte do fundo de reserva constituída para a reparação de perdas é 
utilizada, na medida de sua disponibilidade, para reduzi-las até o total dessa 
disponibilidade. O restante constituirá as perdas a serem rateadas após 
deliberação em assembleia para sua aprovação. 
Siqueira (2004, p. 90-91) considera que a lei, quanto à parte do Fundo de 
Reserva destinada ao desenvolvimento das atividades, é muito subjetiva. Ele 
considera que toda atividade de uma cooperativa bem administrada deve ser 
direcionada ao seu desenvolvimento. A seu ver, portanto, essa destinação deve 
ser de uso em investimentos e serviços que visem o progresso da cooperativa e 
atenda melhor os seus fi ns.
O Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social destina-se ao 
desenvolvimento de programas educacionais cooperativos ou relacionados à 
cooperação e também para atender pequenas necessidades dos associados. 
Desde que conste no estatuto da cooperativa também são extensivos aos 
empregados da cooperativa. Os programas desenvolvidos com recursos do 
FATES (Fundo de Assistência Técnica,Educacional e Social) poderão ser 
executados através de convênio com entidades públicas ou privadas.
Quer conhecer um pouco mais sobre as formas de utilização do 
FATES (Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social)? No link 
abaixo você conhecerá uma minuta elaborada pela Confederação 
Nacional das Cooperativas do SICOOB. Acesse e consulte a minuta. 
www.sicoobpr.com.br/download/4398/Minuta_Regulamento_FATE.
pdf
b) Dos Associados
CAPÍTULO VIII
Dos Associados
Art. 29. O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem 
utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram 
aos propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas 
no estatuto, ressalvado o disposto no artigo 4º, item I, desta Lei.
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 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
§ 1° A admissão dos associados poderá ser restrita, a critério do órgão 
normativo respectivo, às pessoas que exerçam determinada 
atividade ou profi ssão, ou estejam vinculadas a determinada 
entidade. 
§ 2° Poderão ingressar nas cooperativas de pesca e nas constituídas 
por produtores rurais ou extrativistas, as pessoas jurídicas que 
pratiquem as mesmas atividades econômicas das pessoas físicas 
associadas. 
§ 3° Nas cooperativas de eletrifi cação, irrigação e telecomunicações, 
poderão ingressar as pessoas jurídicas que se localizem na 
respectiva área de operações. 
§ 4° Não poderão ingressar no quadro das cooperativas os agentes 
de comércio e empresários que operem no mesmo campo 
econômico da sociedade.
 
Art. 30. À exceção das cooperativas de crédito e das agrícolas mistas 
com seção de crédito, a admissão de associados, que se efetive 
mediante aprovação de seu pedido de ingresso pelo órgão de 
administração, complementa-se com a subscrição das quotas-
partes de capital social e a sua assinatura no Livro de Matrícula. 
Art. 31. O associado que aceitar e estabelecer relação empregatícia 
com a cooperativa perde o direito de votar e ser votado, até que 
sejam aprovadas as contas do exercício em que ele deixou o 
emprego. 
Art. 32. A demissão do associado será unicamente a seu pedido. 
Art. 33. A eliminação do associado é aplicada em virtude de infração 
legal ou estatutária, ou por fato especial previsto no estatuto, 
mediante termo fi rmado por quem de direito no Livro de Matrícula, 
com os motivos que a determinaram. 
Art. 34. A diretoria da cooperativa tem o prazo de 30 (trinta) dias para 
comunicar ao interessado a sua eliminação.
Parágrafo único. Da eliminação cabe recurso, com efeito 
suspensivo à primeira Assembleia Geral.
Art. 35. A exclusão do associado será feita:
I - por dissolução da pessoa jurídica;
II - por morte da pessoa física;
III - por incapacidade civil não suprida;
IV - por deixar de atender aos requisitos estatutários de ingresso ou 
permanência na cooperativa.
 
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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
Art. 36. A responsabilidade do associado perante terceiros, por 
compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados 
ou excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que 
se deu o desligamento.
Parágrafo único. As obrigações dos associados falecidos, 
contraídas com a sociedade, e as oriundas de sua responsabilidade 
como associado em face de terceiros, passam aos herdeiros, 
prescrevendo, porém, após um ano contado do dia da abertura da 
sucessão ressalvado os aspectos peculiares das cooperativas de 
eletrifi cação rural e habitacionais.
 
Art. 37. A cooperativa assegurará a igualdade de direitos dos 
associados sendo-lhe defeso:
I - remunerar a quem agencie novos associados;
II - cobrar prêmios ou ágio pela entrada de novos associados ainda 
a título de compensação das reservas;
III - estabelecer restrições de qualquer espécie ao livre exercício dos 
direitos sociais (BRASIL, 1971).
 
Polêmica: Para seu conhecimento!!!
Você sabe a diferença entre sócio e associado? Você pode ver 
que nos artigos acima a expressão para designar o cooperado é 
sempre “associado”. O sistema jurídico utiliza a expressão:
• Sócio para defi nir pessoas ligadas a entidades com fi ns lucrativos 
e
• Associados para pessoas ligadas a entidades sem fi ns lucrativos.
Muito bem! Mas você sabia que a Lei 10.406/02 que instituiu o Novo Código 
Civil separou as entidades com fi ns econômicos daquelas sem fi ns econômicos, 
de acordo com a fi nalidade de buscar para si ou para seus sócios a melhoria 
fi nanceira? E, como fi cam, as cooperativas amparadas a essa mudança?
É correto afirmar que as cooperativas não têm como fi nalidade o lucro. Mas 
também é certo que as cooperativas buscam o desenvolvimento fi nanceiro de seus 
associados e que elas participam da economia fomentando seu desenvolvimento.
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 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Assim, embora a Lei Cooperativa utilize sempre a expressão 
associado, é correto designar atualmente de sócio o cooperado associado 
a uma cooperativa. 
Vamos tratar agora de continuar comentando os artigos da Lei 
5.764/71 no seu artigo que trata da admissão dos seus cooperados, 
que podem ser chamados de associados ou sócios.
Existem algumas restrições impostas pela lei além de questões 
técnicas ou mesmo políticas que podem levar a cooperativa a se 
negar a admitir uma pessoa interessada em associar-se.
Para Siqueira (2004, p. 94-95), a restrição imposta pelo artigo 
4º. Inciso I da Lei 5.764/71“... salvo impossibilidade técnica de prestação de 
serviços”, nos recorda que o objetivo primordial da cooperativa diante da lei é a 
de prestar serviços aos seus cooperados. E, que a lei não considera relevante 
a atividade do cooperado, mas, sim como ela será exercida diante dos serviços 
que a cooperativa prestará ao associado. Entende o autor que a impossibilidade 
técnica é da cooperativa e não do cooperado.
Ainda assim, Siqueira (2004, p. 95), concorda que existe uma restrição 
lógica à associação: a cooperativa “somente poderia admitir uma pessoa 
que desempenhe a atividade objeto da cooperação, sob pena de ser inútil a 
associação”. 
Dessa forma, o princípio geral das portas abertas que signifi ca que “o sócio 
é livre para entrar, permanecer e sair quando lhe convier” (SILVA, 2001, p. 33), 
e que para Bulgarelli (1998, p. 20-21) é um “desdobramento do princípio da livre 
adesão, dá lugar à utilidade do associado para a associação”, seja:
• Pelo objeto da cooperação – Podem associar-se os candidatos que detenham 
a atividade da cooperação;
• Pela vinculação a uma entidade – Podem associar-se os integrantes de 
uma entidade, como exemplo as cooperativas de funcionários de um banco, 
entidade ou empresa.
No caso das cooperativas de pesca, eletrifi cação rural, de irrigação e 
telecomunicações que admitem a participação de pessoas jurídicas, tendo em vista 
que as necessidades da pessoa física e jurídica na primeira se assemelham; no 
segundo caso existe o interesse social na difusão de tais serviços e a cooperação 
de todos que estejam desenvolvendo tal atividade econômica. O objetivo maior é 
fomento e o desenvolvimento das áreas que envolvem essas atividades.
É correto afi rmar 
que as cooperativas 
não têm como 
fi nalidade o lucro. 
Mas também é certo 
que as cooperativas 
buscam o 
desenvolvimento 
fi nanceiro de seus 
associados e que 
elas participam 
da economia 
fomentando seu 
desenvolvimento.
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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
O inciso 4º parece contrariar o que vimos até agora? As atividades 
desenvolvidas pelas pessoas jurídicas, com o propósito do desenvolvimento, são 
trazidas para dentro da cooperativa. Porém a lei excluí que uma pessoa física ou 
jurídica desempenhem os mesmos papéis dentro e fora da cooperativa. Essa é 
uma decisão que impede que haja o enfraquecimento daatividade cooperativa 
ou o favorecimento ilícito da atividade externa do concorrente com a aquisição de 
informações privilegiadas. Estamos conversados? 
Atividade de Estudos: 
1) Para reforçar a sua compreensão, cite alguns exemplos de 
atividades que podem ser consideradas como incompatíveis com 
a cooperativa e que impediriam a admissão de uma pessoa física 
ou jurídica.
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Para saber de que forma se completa a admissão de um associado numa 
cooperativa, exceto nas cooperativas de crédito e nas cooperativas agrícolas 
mistas com seção de crédito (SIQUEIRA, 2002, p. 97): 
Comprovando ter os requisitos legais e estatutários, o 
candidato faz seu requerimento, que é avaliado segundo os 
ditames estatutários, deferidos ou não pelo Conselho de 
Administração da cooperativa. Aprovado, assinará fi cha de 
matrícula, pagando as cota-partes da forma determinada no 
estatuto, passando a fazer jus aos direitos da associação.
É muito importante que o estatuto, ou, se delegado, o 
regimento interno, decline o processo todo do ingresso, pois 
que este será o devido processo legal a ser transposto para 
adentrar na sociedade, sem o qual a associação, repita-se, é 
nula. 
42
 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Da mesma forma que a Constituição garante o direito à 
associação, ela também preserva o direito dos cidadãos de dissociar-
se das entidades a que se associaram anteriormente. Assim, como as 
sociedades também, em casos legais, podem dissociar-se de seus 
sócios.
Vamos ver então em que casos e de que forma isso pode ocorrer?
• A dissociação por pedido
No caso de interesse pessoal pode o sócio pedir demissão da sociedade 
e tendo manifestado seu desejo em demitir-se, a sociedade deve acatar esse 
pedido, concedendo os direitos previstos no estatuto dentro do prazo certo.
• A dissociação em virtude de infração legal ou estatutária ou por fato 
especial previsto no estatuto
Nesse caso o associado é eliminado da sociedade mediante um termo 
fi rmado por quem de direito no Livro de Matrícula com os motivos que levaram a 
essa eliminação.
• A dissociação por infração a dever ou obrigação
Caso o associado venha a infringir os limites legais da relação sócio/
cooperado e sociedade/cooperativa pode ocorrer a sua eliminação.
As decisões da cooperativa serão validadas a partir da apuração dos fatos e 
de ser dado o direito de defesa ao associado.
É evidente que a constituição prevê o devido processo legal e a defesa 
ampla, que então será exercido pelo Poder Judiciário onde serão exigidos os 
procedimentos processuais legais.
O prazo da cooperativa para comunicar a eliminação ao interessado 
é de 30 (trinta) dias. Se no estatuto não houver especifi cação para que 
esse procedimento seja publicado formalmente, basta a prova de que 
o interessado tomou conhecimento das acusações e da decisão da 
cooperativa. Esse procedimento é no âmbito privado e, portanto, não tem 
o rigor dos processos públicos.
Da mesma forma 
que a Constituição 
garante o direito 
à associação, ela 
também preserva o 
direito dos cidadãos 
de dissociar-se 
das entidades a 
que se associaram 
anteriormente.
O prazo da 
cooperativa para 
comunicar a 
eliminação ao 
interessado é de 30 
(trinta) dias.
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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO 
COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX
 Capítulo 1 
Ao eliminado, insatisfeito com a decisão dos órgãos menores da cooperativa, 
cabe o direito de recurso na primeira Assembleia Geral que ocorrer após a 
decisão. O julgamento do recurso do cooperado deverá constar formalmente da 
ordem do dia. Saiba ainda que o recurso tem caráter suspensivo: isto é, enquanto 
não for julgado o cooperado tem o direito de continuar atuando normalmente na 
cooperativa, exceto nos casos em que a cooperativa julgar que a gravidade do 
caso (crimes, prejuízos etc.) recomende a suspensão baseada nos princípios 
de autotutela dos interesses de cada um. É também possível que o cooperado 
busque uma liminar de cautela ou antecipação, caso em que cabe à cooperativa 
provar em juízo sua cautela com embargos de declaração, agravos ou mandado 
de segurança.
 
Que tal reforçar o que você aprendeu sobre a dissociação do cooperado da 
Sociedade Cooperativa?
Atividade de Estudos: 
1) Cite quais são as formas de dissociação previstas na Lei 5.764/71 
e como elas ocorrem.
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2) Para aumentar seu conhecimento, procure num dicionário 
jurídico os seguintes termos apresentados nos comentários 
acima: autotutela dos interesses comuns, liminar de cautela ou 
antecipação, embargos de declaração, agravo e mandado de 
segurança.
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 Aspectos legais e tributários nas sociedades de
 cooperativas de crédito
Chegamos então, ao artigo 35 e os motivos que podem levar a exclusão 
do associado e eles são bastante claros. A causa de exclusão se dá pela 
impossibilidade de cooperação do associado seja pela dissolução da pessoa 
jurídica: no caso de ser a existência da pessoa jurídica o fato que gerou a 
associação, sua extinção provoca o fi m da associação; pela morte da pessoa física 
que é a extinção dessa pessoa e inviabiliza a cooperação; pela incapacidade civil 
não suprida, ou seja, alguns fatores que determinam a cessação da incapacidade 
não acontecem e fi nalmente por não atender às condições estabelecidas no 
estatuto da cooperativa.
Vamos ler o que diz a Lei 10.406/02 que estabeleceu o Novo Código Civil, no 
Livro I, Das Pessoas, Título I Das Pessoas Naturais, Capítulo I da Personalidade 
e da Capacidade: 
CAPÍTULO I - DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
 
Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com 
vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do 
nascituro.
 
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os 
atos da vida civil:
 
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou defi ciência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade.
 
 
Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de 
os exercer:
 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II

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