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ARTES VISUAIS GRAVURA E PRODUÇÃO GRÁFICA Ana Carla Antonio Cíntia Borges Ribeiro Luciana Taniguti Bertarelli Márcio Elias Santos Talita Roberta Turatti Braga http://www.unar.edu.br GRAVURA E PRODUÇÃO GRÁFICA ANA CARLA ANTONIO CÍNTIA BORGES RIBEIRO LUCIANA TANIGUTI BERTARELLI MÁRCIO ELIAS SANTOS TALITA ROBERTA TURATTI BRAGA APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Prezado(a) Aluno (a) Nossos estudos referentes à disciplina de Gravura e Produção Gráfica serão desenvolvidos por meio de dez Unidades abordando o tema da Gravura, onde seremos introduzidos aos diferentes processos de gravação e impressão. Ao longo do curso, procuraremos traçar um panorama histórico da gravura na Europa e no Brasil, citando o trabalho de alguns artistas importantes para o nosso aprendizado. Conversaremos sobre “o que é gravura”, e seremos apresentados a cada uma das técnicas de gravação e impressão, para que possamos compreender melhor suas diferenças e qualidades. Subsequentes, estudaremos a técnica da gravura em madeira com maior profundidade, procurando conhecer sua história (no Brasil e no mundo), e sua relação com a difusão do conhecimento escrito. Também buscaremos olhar para a xilogravura como linguagem expressiva, observando o trabalho de alguns artistas renomados. Teremos a oportunidade de colocar em prática algumas das técnicas retratadas nas unidades anteriores, como a monotipia e a gravura em relevo, para assim fecharmos com chave de ouro o nosso ciclo de aprendizado! Num segundo momento, nas unidades de 11 a 20, serão apresentados textos e imagens que os auxiliarão durante o estudo da disciplina na parte de Produção Gráfica. Cada unidade irá dissertar sobre um tópico específico, desde, o começo da história da produção gráfica até chegar ao acabamento de um processo gráfico propriamente dito, passando por suas diversas fases. Espero que todos tenham calma e muito empenho, na execução de cada unidade e que a disciplina prenda atenção de todos com muita dedicação Esperamos que com essa disciplina vocês não só compreendam a importância da gravura e processos de produção, como também se encantem com eles como nós nos encantamos sempre! Boa leitura! PROGRAMA DA DISCIPLINA Ementa: O que é gravura. Introdução à gravura em relevo. A xilogravura como linguagem expressiva. História da gravura europeia: séculos XV à XVIII, e Brasil. A gravura em madeira de fio e de topo, linoleogravura e variantes. Impressões diretas e simples: monotipias e carimbos. A Xilogravura e a Literatura de Cordel. História e conceitos sobre a história da produção gráfica. Introdução a programas gráficos, editores de texto, web design, edição eletrônica e produção de peças publicitárias. Elementos gerais de design gráfico. Comunicação digital e interfaces. Composição gráfica e fotográfica. Introdução aos processos de produção gráfica. Cor e processos de impressão. Imagem, papel e acabamento. Objetivos: Proporcionar o acesso a meios de fruição e formação artística e cultural: - Fornecer informações técnicas e históricas acerca da Gravura e das artes em geral, que possam enriquecer a compreensão de mundo dos alunos; - Apresentar trabalhos de artistas plásticos nacionais e internacionais, que possam contribuir para o repertório dos alunos, ampliando as possibilidades de fruição estética; - Valorizar a produção artística nacional, estimulando os alunos a conhecê-la. Promover a compreensão da arte como meio de construção simbólica do conhecimento, da cidadania e da inclusão social: - Valorizar o trabalho do artista plástico e do artista gravador; - Estimular a busca pelo conhecimento sensível como complemento às outras áreas de conhecimento. Proporcionar o acesso a meios de produção artística: - Permitir, através dos procedimentos da gravura, que os participantes se aproximem dos elementos da linguagem visual (como luz, cor, matéria), enriquecendo assim seu vocabulário visual; - Promover experimentação e vivência artísticas de qualidade e criar situações propícias à reflexão em relação à produção de imagens; - Incentivar o desenvolvimento de projetos artísticos pessoais; - Explorar diferentes materiais que possam ser usados em substituição a materiais profissionais para gravura, tornando a produção mais acessível financeiramente. - Fornecer informações básicas a respeito de design gráfico, design digital e editorial. - Introdução em programas gráfico, editores de texto, edição eletrônica comunicação visual gráfica e fotográfica, processos de desenvolvimento e acabamento. Conteúdo programático: O que é Gravura; Introdução aos Processos de Gravação (Monotipia, Litografia, Serigrafia, Gravura em Metal, Tipografia, Xilogravura e Linóleogravura); Introdução aos Processos de Impressão; Xilogravura; Práticas de Ateliê; História e Conceitos da Produção Gráfica; Programas Gráficos e Editores de Texto; Elementos Gerais de Design Gráfico; Comunicação e Composição; Processos de Produção Gráfica e Impressão. BIBLIOGRAFIA BÁSICA BAER, L. Produção Gráfica. SP: SENAC, 1999 GOMBRICH, Ernest H. – A História da Arte. Editora LTC S.A.: Rio de Janeiro, 1993. GRASSMANN, Roberto – Impressões - A Arte Comentada de Roberto Grassmann. Ed. Videolar: Barueri, 2006. Bibliografia Complementar FUENTES, R. A Prática do design gráfico. SP|: Rosari, 2009. MUNARI, B. Design e comunicação visual. SP: Martins Fontes, 2011. WILLIAMS, R. Design pra quem não é designer. SP: Callis, 2009. BONOMI, Maria - Maria Bonomi Gravura Peregrina. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2008. BRENMAN, Ilan e VILELA, Fernando (xilogravuras) - As Narrativas Preferidas de um Contador de Histórias. Difusão Cultural do Livro, São Paulo, 2007. BURGER, Luiza e RICHTER, Hans - Anatomia da Madeira. Ed. Nobel: São Paulo, 1991. BUTI, Marco - Ir Até Aqui, Gravuras e Fotografias. Ed. Cosac Naify, São Paulo, 2006. BUTI, Marco e LETYCIA, Anna (org.) - Gravura em Metal. Ed. Edusp, São Paulo, 2002. CLAIR, Kate e BUSIC-SNYDER, Cynthia - Manual De Tipografia - A Historia, A Tecnica E A Arte. Ed. Bookman Cia, 2009. COSTELLA, Antonio - Introdução á Gravura e História da Xilografia. Ed. Mantiqueira, Campos do Jordão, 1984. FERREIRA, Orlando da Costa - Imagem e Letra: Introdução à Bibliologia Brasileira. Edusp, São Paulo, 1994. FINGERMANN, Sergio - Fragmentos de um Dia Extenso. Ed. Bei, São Paulo, 2001. GEIGER, Anna Bella e OSTROWER, Fayga - Gravura Brasileira Hoje. Ed. Oficina de Gravura Sesc Tijuca, Rio de Janeiro, 1997. GOLOBOROTKO, Sheila - Dez Séries de Gravuras. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2005. IVINS JR, W. M - Imagen impresa y conocimiento: analisis de la imagen prefotografica. Barcelona: Editorial Gustavo Gilli S. A., 1975. KATZ, Renina - Renina Katz. Edusp, São Paulo, 1997. KOSSOVOTCH, Leon; LAUDANNA, Mayra e RESENDE, Ricardo (Co-autoria) - Gravura: Arte Brasileira do Seculo XX. São Paulo: Cosac e Naify: Itau Cultural, 2000. LUPTON, Ellen - Pensar com Tipos: Um guia para designers, escritores, editores e estudantes. Cosac & Naify, São Paulo, 2006. MARTINS, Carlos - Impressões e Memórias – A Gravura de Carlos Martins. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2005. MAYER, Ralph - Manual do ArtIsta. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999. MELATTI, Julio Cezar - Índios do Brasil. Edusp, São Paulo, 2007 MUBARAC, Claudio - Objetos Frágeis A Gráfica de Cláudio Mubarac - Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2006. NAVES, Rodrigo - Goeldi. Cosac Naify, São Paulo, 2002. NEWELL, Jackie - Monoprinting (Printmaking Handbooks). Ed. A&C Black, 2008. PÉRIGO, Marcio - Marcio Perigo no Acervo da Pinacoteca do Estado. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2005. POLLIG, H. e SUHLE, V. (org) - Artes Gráficas do ExpressionismoAlemão. Ed. RIBEIRO, Flávia e ROGOZINSKI, Cristina - Paisagens. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2008. ROSS, John; ROMANO, Clare e ROSS, Tim - The complete printmaker : techniques, traditions, innovations. Free Press, Nova Iorque, 1990. RUDER, Emil - Typography: a manual of design. Suíça: Zollikofer et co. ag, 1967. SESC - Canudos - Gravuras de Adir Botelho (catálogo). Ed. Sesc: Rio de Janeiro. WEISS, Luise e KHOURY, Feres - Luise Weiss e Feres Khoury. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2007. WILKIN, Karen (ensaio) - Giorgio Morandi. Ed. Charta, Milão, 2008. - Goeldi Arte em Branco e Preto. catálogo da exposição na BM&F, São Paulo, 2007. Mestres Espanhóis e a Gravura. Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 1999. COLLARO, A. C. Produção Visual e Gráfica. SP: Summus, 2005. COLLARO, A. C. Projeto Gráfico: Teoria e Prática da Diagramação. SP: Summus, 2000. DAMASCENO, A. Web design: teoria e pratica. Florianópolis: Visual Book, 2005. RUSH, M. Novas mídias na arte contemporânea. SP: Martins Fonte, 2006. CAMARGO, M. Gráfica: arte e indústria no Brasil. São Paulo: Bandeirantes Gráfica, 2003. MARTINS, N. A imagem digital na editoração: manipulação, conversão e fechamento de arquivos. Rio de Janeiro: Editora SENAC Nacional, 2003. OLIVEIRA, M. Produção gráfica para designers. Rio de Janeiro: 2AB, 2002. RIBEIRO, M. Planejamento visual gráfico. Brasília: LGE Editora, 2003. FERNANDES, A. Fundamentos de produção gráfica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2003. COLLARO, A.C. Produção visual e gráfica. São Paulo: Editora Summus, 2005. FRELAUTO, C. E JAHN, H. O livro da gráfica. São Paulo: Editora Rosari, 2001. GAMBA JR. Computação gráfica para designers: dialogando com as caixinhas de diálogo. Rio de Janeiro: 2AB, 2003. SUMÁRIO UNIDADE 01 - O QUE É GRAVURA? .......................................................................................................... 1 UNIDADE 02 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE GRAVAÇÃO: MONOTIPIA , LITOGRAFIA E SERIGRAFIA. ..................................................................................................................... 4 UNIDADE 03 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE GRAVAÇÃO: GRAVURA EM METAL ................... 9 UNIDADE 04 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE GRAVAÇÃO: GRAVURA EM RELEVO - TIPOGRAFIA, XILOGRAVURA E LINÓLEOGRAVURA. ................................................. 13 UNIDADE 05 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE IMPRESSÃO. ....................................................... 18 UNIDADE 06 - INTRODUÇÃO A XILOGRAFIA ........................................................................................ 22 UNIDADE 07 - A XILOGRAFIA COMO LINGUAGEM EXPRESSIVA. ....................................................... 26 UNIDADE 08 - A XILOGRAFIA NO BRASIL. ............................................................................................. 29 UNIDADE 09 - PRÁTICAS DE ATELIÊ PARA QUE SERVEM?................................................................... 34 UNIDADE 10 - PRÁTICAS DE ATELIÊ PARA QUE SERVEM? (parte II) .................................................... 39 UNIDADE 11 - HISTÓRIA DA PRODUÇÃO GRÁFICA .............................................................................. 45 UNIDADE 12 - O PRODUTOR GRÁFICO, PRODUÇÃO GRÁFICA E SUAS ETAPAS. .............................. 49 UNIDADE 13 - SISTEMAS DE CORES ....................................................................................................... 52 UNIDADE 14 - TRAÇO, RETÍCULA E MEIO TOM .................................................................................... 56 UNIDADE 15 - MÁQUINAS PLANAS OU ROTATIVAS ............................................................................ 62 UNIDADE 16 - O PAPEL ............................................................................................................................ 66 UNIDADE 17 - TIPOS DE PAPÉIS E ACABAMENTOS .............................................................................. 71 UNIDADE 18 - PRÉ-IMPRESSÃO .............................................................................................................. 79 UNIDADE 19 - TIPOS DE ARQUIVOS ....................................................................................................... 85 UNIDADE 20 - IMPRESSÃO ...................................................................................................................... 88 1 UNIDADE 01 - O QUE É GRAVURA? CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Definir o que é gravura. ESTUDANDO E REFLETINDO É muito comum usarmos a palavra “gravura” para falar de imagens impressas, como por exemplo, cartazes e ilustrações de livros. Esta palavra, porém, pode também designar a técnica usada na produção dessas imagens. É esta segunda definição que nos interessa: a gravura enquanto procedimento técnico. A principal condição da gravura é que suas imagens sejam impressas. Para Escher, M. C.: Céu e Água - xilogravura, 1938 2 imprimir essas imagens, porém, é preciso primeiro gravar em um material com certos instrumentos ou procedimentos, deixando nele marcas e informações. A este material gravado, damos o nome de matriz. Nas matrizes ficam contidas as informações que darão origem a uma ou mais cópias de uma mesma imagem, através de processos de impressão. O resultado final não é a matriz em si, mas a imagem impressa a partir dela. Essa imagem, que comumente chamamos de gravura, também pode ser chamada de estampa. A gravura, portanto: - É um procedimento técnico de produção de imagens impressas; - Envolve o ato de gravar em materiais com certos instrumentos ou procedimentos, gerando uma matriz; - Pressupõe a impressão de uma ou mais cópias a partir da matriz; - Tem como resultado final uma imagem impressa, a estampa. Nesta disciplina, serão introduzidas informações acerca dos diferentes processos de gravação e impressão, bem como um panorama histórico da gravura na Europa e no Brasil. Ao final, serão propostas atividades de ateliê - de caráter prático - onde será possível experimentarmos algumas técnicas mais simples de gravura, tais como a Monotipia e a Gravura em Relevo. Com isso, poderemos compreender a relevância histórica e cultural da gravura, tanto como procedimento técnico, como também enquanto linguagem expressiva. 3 BUSCANDO CONHECIMENTO Abertura da Unidade 1: Disponível em: <http://umasensataparanoia.blogspot.com/2008_10_01_archive.html>. Acesso em: 13 de abril de 2011. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura http://adearte.webstorelw.com.br/info/o-que-e-gravura http://www.editoradegravura.com.br/oqueegravura.htm http://umasensataparanoia.blogspot.com/2008_10_01_archive.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura http://adearte.webstorelw.com.br/info/o-que-e-gravura http://www.editoradegravura.com.br/oqueegravura.htm 4 UNIDADE 02 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE GRAVAÇÃO: MONOTIPIA , LITOGRAFIA E SERIGRAFIA. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Entender o processo de produção de uma imagem impressa a partir de uma matriz. ESTUDANDO E REFLETINDO Como já vimos anteriormente, o resultado final da gravura não é a gravação em si, mas a imagem impressa a partir de uma matriz gravada. O aspecto final de uma estampa depende muito das técnicas escolhidas ao longo de sua execução. Existem diferentes processos de gravação, e cada um deles possui procedimentos e ferramentas específicas, que interferem na forma de pensar e construir a imagem, e por consequência, no seu resultado impresso. É importante compreendermos que os textos a seguir não devem ser usados como manuais, por se tratarem apenas de textos introdutórios.O objetivo dessa leitura é o de sermos apresentados às diferentes técnicas, a fim de melhor observarmos suas diferenças e qualidades específicas. Chamaremos aqui de “Processos de Gravação” os conjuntos de técnicas usadas ao longo da construção das imagens nas matrizes e superfícies a serem http://www.viladoartesao.com.br/blog/2011/02/como-fazer-gravuras-com-a-tecnica-da-monotipia/ 5 impressas. Alguns deles, como a Monotipia e a Gravura em Relevo, por serem mais simples, podem ser feitos em casa. Outros processos – como a Litografia, a Serigrafia e a Gravura em Metal – exigem o uso de processos químicos e de equipamentos mais sofisticados, e devem ser realizados somente em ateliês de gravura, devidamente equipados. 1- Monotipia A monotipia pode ser considerada uma técnica híbrida de gravura e pintura: uma imagem única é pintada ou desenhada com tinta em uma superfície para em seguida, ser transferida a papel. Nesse processo de gravação somente uma cópia da imagem é impressa (mono = um, em grego) – por isso considera-se que a monotipia não tem matriz. Como suporte, a monotipia aceita diferentes materiais: fórmica, vidro, plástico, metal, etc. Alguns artistas, inclusive, utilizam matrizes já gravadas (de outras técnicas de gravura, como gravura em metal, xilogravura e litogravura) como base, e interferem nelas com tinta, explorando suas possibilidades. A pintura ou desenho é feita diretamente no suporte. Podem ser usadas tintas para pintura ou para gravura, a base de água ou óleo, além de pincéis, rolinhos de impressão, esponjas, espátulas, palitos ou qualquer material que possa auxiliar na construção da imagem, mesmo que pouco usual (como folhas de árvores, espinhas de peixe, retalhos de tecido, etc). A impressão pode ser feita através de uma prensa ou manualmente, por fricção. 6 Alguns artistas que trabalharam ou trabalham com monotipia: Louise Bourgeois, Edgar, Degas, Nori Figueiredo, Adams Carvalho, Hercules Seghers, David Rabinowitch, Sheila Goloborotko e Kiki Smith. 2- Litografia A litografia é o processo de gravura no qual o material da matriz é uma placa de pedra calcária (lithos = pedra, em grego). Essa pedra tem características muito particulares (como a sua porosidade, por exemplo), que justificam o seu uso na litografia, e é encontrada apenas na região da Baviera, Alemanha. Para se tornar uma matriz de litografia, a pedra passa por várias etapas de preparação; a primeira delas é a chamada Granitagem, onde uma segunda pedra é friccionada sobre ela, “lixando-a” até que sua superfície fique plana e uniforme (esse procedimento também apaga desenhos feitos anteriormente, para que seja feito um novo). Assim, a pedra fica pronta para receber o desenho que vai ser impresso, feito sempre com algum material gorduroso, como tintas ou lápis à base de óleo. O desenho é fixado na pedra através de banhos químicos, que envolvem materiais como: ácidos, breu, goma arábica, solventes, etc. Após esta etapa, a pedra deve ser umidificada constantemente, com a ajuda de uma esponja. O desenho (feito com material oleoso) repele a água, mas o restante da superfície da pedra continua com os poros abertos, absorvendo a água e repelindo a tinta de impressão que depois será aplicada (que é à base de óleo). A tinta de impressão é aplicada com um rolo manual (semelhante ao de cozinha), revestido com couro ou borracha. Como já dissemos antes, ela irá aderir apenas aonde o desenho foi feito, pois a água a repele. Depois de entintada, a matriz está pronta para imprimir; ela é então colocada numa prensa especialmente construída para litografia, juntamente com o papel onde a cópia será impressa. Quando a matriz é pressionada contra o papel, este recebe a tinta correspondente ao desenho, mas de forma espelhada, http://www.moma.org/collection/browse_results.php?criteria=O%3AAD%3AE%3A710&page_number=11&template_id=1&sort_order=1 http://www.moma.org/collection/browse_results.php?criteria=O%3AAD%3AE%3A710&page_number=11&template_id=1&sort_order=1 http://www.mfa.org/collections/search_art.asp?coll_package=26656 http://www.mfa.org/collections/search_art.asp?coll_package=26656 http://www.moma.org/collection/browse_results.php?criteria=O%3AAD%3AE%3A4779&page_number=1&template_id=6&sort_order=1 http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2003/kikismith/ 7 como acontece também nas outras técnicas de gravura. Ao contrário da Xilogravura e da gravura em metal, a litografia não possui incisões (cortes, relevos) na matriz, e a imagem a ser reproduzida é desenhada diretamente sobre ela. Isso determina as características gráficas tão peculiares da Litografia, que são muito parecidas com as do desenho feito sobre papel (como os traços leves ou os sombreados). Outra característica desta técnica é que sua matriz resiste a um grande número de impressões, sem se desgastar. Alguns artistas que trabalharam ou trabalham com litografia são: Edvard Munch, Jasper Johns, Fayga Ostrower, Maria Vilares, Francisco Jose de Goya 3- Serigrafia A Serigrafia também é conhecida como Silk-screen (tela de seda, em inglês). A matriz da serigrafia é uma armação (bastidor ou chassis) quadrada ou retangular, feita de sarrafos de madeira, na qual uma tela é esticada - de modo parecido a uma tela de pintura. Essa tela pode ser de seda, organdi, nylon, poliéster, etc, e precisa ser permeável, ou seja, deixar a tinta atravessá-la, de modo controlado. A tela, ou matriz, é colocada sobre a superfície a ser impressa (papel ou tecido, por exemplo); ela possui áreas vazadas e não vazadas. No seu verso, a tinta (que deve possuir viscosidade suficiente para atravessar o tecido) é derramada e espalhada com um rodo. Ela atravessa as áreas vazadas da tela e tinge a superfície a ser impressa, reproduzindo o desenho destas áreas. Nas áreas não vazadas, que não são atravessadas pela tinta, permanece a cor original do papel ou tecido que foi usado como suporte. Existem várias maneiras de se impermeabilizar a matriz, criando as áreas não vazadas com materiais que impeçam a passagem da tinta pela tela. Pode se desenhar diretamente sobre o tecido com tusche (tinta litográfica) ou com uma emulsão especial para serigrafia, e pincéis. Esse desenho feito diretamente na tela serigráfica corresponde ao negativo da imagem a ser impressa, ou seja, às áreas http://www.munch.museum.no/content.aspx?id=66&mid=24&lang=en http://www.munch.museum.no/content.aspx?id=66&mid=24&lang=en http://www.munch.museum.no/content.aspx?id=66&mid=24&lang=en 8 que não receberão tinta. As áreas da tela que correspondem à imagem a ser reproduzida devem ficar descobertas. As áreas não vazadas também podem ser criadas com papéis ou filmes plásticos recortados. Essa técnica se assemelha muito ao stencil, onde são criadas “máscaras” de papel ou plástico, com recortes para as áreas vazadas, que dão passagem à tinta. Por fim, pode-se aplicar uma emulsão fotossensível à tela, como nas produções industriais e comerciais de camisetas e artigos promocionais. A emulsão fotossensível, como o nome diz, é sensibilizada pela luz. Nas áreas em que ela recebe luz, solidifica-se, mantendo-se colada na tela; nas áreas em que não recebe luz, continua líquida, e é retirada com uma lavagem. Nesse caso, o desenho a ser reproduzido é copiado em um papel transparente (papel vegetal ou transparência de retroprojetor) com tinta preta. Esse desenho é colocado sobre uma mesa de luz (uma caixa contendo lâmpadas elétricas coberta por um vidro transparente) e sobre ele posiciona-se a tela aplicada com a emulsão fotossensível. A luz atinge a emulsão e a solidifica. Nas áreas onde o desenho foi feito com tinta preta, a emulsão não recebe luz, e não se solidifica. Esse procedimento deve ser feito em um ambiente com iluminação controlada. O desenho no papel transparentepode ser feito à mão, com cópia xerográfica, fotográfica, imagem digital, etc., possibilitando a reprodução de uma ampla gama de imagens provenientes de outras técnicas. Alguns artistas que trabalham ou trabalharam com serigrafia: Fayga Ostrower, Lygia Eluf, Andy Warhol e Joseph Albers.. BUSCANDO CONHECIMENTO http://www.viladoartesao.com.br/blog/2011/02/como-fazer-gravuras-com-a-tecnica-da-monotipia/ http://www.casadacultura.org/arte/Artigos_o_que_e_arte_definicoes/gr01/gravura_conceito_hist.html http://www.faygaostrower.org.br/acervo.php http://www.faygaostrower.org.br/acervo.php http://www.faygaostrower.org.br/acervo.php http://www.albersfoundation.org/ http://www.viladoartesao.com.br/blog/2011/02/como-fazer-gravuras-com-a-tecnica-da-monotipia/ http://www.casadacultura.org/arte/Artigos_o_que_e_arte_definicoes/gr01/gravura_conceito_hist.html 9 UNIDADE 03 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE GRAVAÇÃO: GRAVURA EM METAL CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Entender o processo de produção de uma imagem impressa a partir de uma matriz. ESTUDANDO E REFLETINDO Gravura em Metal A Gravura em Metal é o processo de gravação que, como o nome diz, tem como matriz uma placa de metal, que pode ser zinco, latão, cobre ou alumínio. Para gravar nesse tipo de placa, são usadas diferentes ferramentas e procedimentos, que podem ser descritos como procedimentos diretos ou indiretos, e podem ser usados tanto individualmente como combinados. Todos eles agem sobre o metal por incisão, formando pequenos sulcos onde a tinta de impressão se deposita. Assim, na correspondem ao metal intacto, e as áreas pretas correspondem às incisões feitas sobre ele. Antes de ser gravada, a placa de metal passa por uma limpeza, onde é desoxidada e desengordurada. Em seguida, ela é polida com lixas muito finas e pastas de polir. O polimento é uma opção do artista; quanto mais polida a placa, mais intensas serão as áreas brancas no ato da impressão. A escolha das ferramentas e dos procedimentos de gravação no metal também é feita de acordo com a intenção do artista: cada um deles traz uma qualidade diferente para a imagem impressa. O mesmo vale para a decisão de quantas técnicas serão usadas em conjunto. 10 Os procedimentos de gravação direta são aqueles que não passam por processos químicos. A ação é mecânica, feita diretamente na placa pela incisão de ferramentas: A ponta-seca é a técnica de gravura em metal que se utiliza da ferramenta chamada ponta-seca. Ela incide diretamente sobre a placa, afastando o metal e gerando minúsculas rebarbas, que no ato da impressão resultam em linhas aveludadas. A ponta- seca pode ser usada em qualquer direção e faz linhas sinuosas, como as de um lápis no desenho. A gravura a buril é a técnica de gravura em metal que se utiliza da ferramenta buril. Ele pode se considerado uma ferramenta de precisão, pois é usado para fazer linhas retas e desenhos geométricos. O buril incide diretamente sobre a placa retirando lascas do metal, gerando linhas finas e precisas. A maneira negra é a técnica de gravura em metal em que a placa é inteiramente gravada com a ferramenta berceaux, criando-se uma textura uniforme. A tinta se deposita nesses sulcos produzindo um fundo negro, que posteriormente é raspado com as ferramentas brunidor e raspador, que devolvem à placa áreas lisas, criando manchas brancas sobre o fundo escuro. Na maneira negra, ao contrário da ponta-seca e do buril, a imagem não é definida por linhas, mas por gradações tonais que vão do preto ao branco. As retículas são as ferramentas que incidem sobre a placa fazendo pontos e são usadas para criar manchas na imagem. O roulette faz linhas curvas 11 pontilhadas e o berceaux faz linhas retas pontilhadas – em geral, são usadas em conjunto com outras ferramentas. O brunidor e o raspador são ferramentas que funcionam como borrachas. Elas empurram rebarbas e alisam incisões, e são usadas para criar áreas brancas. São usadas principalmente na técnica da maneira negra. Os procedimentos de gravação indireta são aqueles que passam por processos químicos. A incisão é feita pela corrosão de certas áreas do metal por ácidos (como o ácido nítrico e o percloreto de ferro), e para isso, partes da placa que não devem ser corroídas são protegidas com certos tipos de verniz e resinas (como Resina de Damar, Goma Laca, Breu, verniz à base de betume ou asfalto, etc.). Cada um desses procedimentos possui o que os artistas chamam de “receita”, ou seja, uma série de “ingredientes”, sequências de preparação e contagem de tempo que devem ser seguidos para se chegar a certos resultados. A água forte é uma técnica de gravura em metal em que se desenha com a ponta-seca sobre uma camada de verniz, aplicada em toda a superfície do metal (inclusive no verso). Nesse caso, ao invés de afastar o metal, a ferramenta retira o verniz na medida em que o percorre – uma ação muito mais sutil, que resulta em linhas livres e delicadas, próximas às do desenho. A matriz é então colocada “de molho” em um recipiente com ácido, que corroe somente as partes do metal expostas. Quanto mais tempo a placa permanece no ácido, mais profunda é a corrosão onde a tinta se depositará; por isso, a cor e a espessura da linha dependem diretamente do tempo em que a matriz permanece de molho. A corrosão do ácido, por ser mais profunda do que os sulcos feitos por ferramentas, pode resultar em linhas de cor mais intensa e de relevo proeminente. A água tinta é uma técnica de gravura em metal que cria gradações de cinza muito ricas, que se parecem com manchas e se aproximam muito do aspecto da pintura. A placa é inicialmente pulverizada em toda a sua superfície com um tipo de resina granulada, chamada breu. Ao ser aquecido, o breu se 12 funde, formando uma película protetora com minúsculos espaços vazados. A placa (protegida também no verso) é então colocada “de molho” no ácido (como na técnica da água-forte), onde é corroída somente nesses interstícios, formando uma textura. Nessas “micro-depressões” é que a tinta de impressão se deposita, criando os efeitos de meios-tons. Para imprimir uma cópia de qualquer um dos procedimentos de gravura em metal é preciso primeiro retirar os vernizes e resinas (no caso das técnicas de gravação química) e desoxidar e desengordurar a placa novamente. A tinta de impressão é aplicada manualmente, com o auxílio de cartões de papel (que depositam a tinta nos sulcos) e de panos (que retiram o excesso da superfície da placa, juntamente com as mãos). A impressão é feita sempre em uma prensa própria para gravura em metal. Veja alguns artistas que trabalharam ou trabalham com gravura em metal: Rembrandt, Giorgio Morandi, Pablo Picasso, Claudio Mubarac, Marco Buti, Marcio Périgo; Maria Bonomi; Sergio Fingermann. BUSCANDO CONHECIMENTO Saiba mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura_em_metal http://www.infoescola.com/artes/agua-forte/ Perigo, Marcio: Caos Aparente 12 (detalhe) água tinta. http://www.rijksmuseum.nl/aria/aria_assets/RP-P-OB-20?lang=en&context_space=&context_id= http://www.rijksmuseum.nl/aria/aria_assets/RP-P-OB-20?lang=en&context_space=&context_id= http://www.artebr.com/marcobuti/ http://www.artebr.com/marcobuti/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura_em_metal http://www.infoescola.com/artes/agua-forte/ 13 UNIDADE 04 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE GRAVAÇÃO: GRAVURA EM RELEVO - TIPOGRAFIA, XILOGRAVURA E LINÓLEOGRAVURA. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Entender o processo de produção de uma imagem impressa a partir de uma matriz. ESTUDANDO E REFLETINDO Gravura em Relevo A Gravura em Relevo é o processo de gravação de que falaremos mais detalhadamente, por se tratar de uma técnica direta e simples,que pode ser experimentada em casa, e principalmente por ser considerada a técnica de gravura que deu origem a todas as outras, como veremos adiante. Chamamos de Gravura em Relevo todas as técnicas de gravação que produzem imagens salientes para impressão. Um exemplo comum de gravura em relevo são os carimbos; neles, tudo o que será impresso se encontra em relevo - Tipos móveis 14 onde a tinta adere - para depois ser transferido a um papel. Esse mesmo princípio se aplica às principais técnicas de gravura em relevo, que podem ser classificadas como: tipografia, xilogravura e linóleogravura. A tipografia clássica é uma técnica de impressão de textos que consiste no uso de peças soltas de madeira ou metal, com relevos de letras e símbolos – os chamados tipos móveis – que organizados lado a lado, compõem uma superfície escrita, passível de ser impressa. Os primeiros tipos conhecidos foram criados pelos chineses por serem rudimentares não eram reutilizáveis (imprimiam somente uma cópia). No século XV, na Europa, esses tipos foram redescobertos por Johann Gutemberg, que forjou tipos de metal (que podiam ser reutilizados e reorganizados para formarem textos diferentes) e inventou uma prensa tipográfica, específica para a impressão de textos. Com esses tipos metálicos (mais resistentes a impressões do que textos gravados em placas de madeira), Gutemberg pôde fazer a primeira edição impressa de um livro – cerca de 300 cópias de uma Bíblia de 641 páginas, concluídas em 1455 – que pode ser considerado o primeiro veículo de comunicação de massa. A invenção da prensa tipográfica e dos tipos metálicos pode ser considerada das mais importantes da história da humanidade, pois só através delas é que foi possível a difusão do conhecimento escrito por todas as camadas da sociedade. Hoje em dia, a tipografia tal como foi criada é usada por poucos – na confecção de livros e edições artesanais ou até mesmo por artistas, juntamente com outras técnicas. Na imprensa, ela foi sendo substituída por outras técnicas, 15 que resistem a enormes quantidades de impressões e são mais fáceis e rápidas de serem montadas, obedecendo às necessidades do mercado editorial. A Xilogravura consiste em gravar retirando matéria de uma matriz de madeira (xilon = madeira, em grego), por meio de cortes e incisões, feitos com ferramentas cortantes. A imagem impressa é formada pela tinta que se deposita na superfície da matriz; assim, no ato da impressão, as áreas que foram gravadas correspondem às áreas brancas do papel, ao contrário das técnicas de gravura em metal, onde as áreas gravadas formam linhas pretas. Qualquer tipo de madeira pode ser usada como matriz: quando provém de processos industriais (como o MDF), sua textura é lisa; quando usada diretamente, ela possui veios. Esses veios variam de acordo com o tipo de árvore da qual se retirou a madeira, e também, de acordo com o sentido do seu corte. Quando o corte da tábua de madeira é feito verticalmente (da copa da árvore à raiz), a gravura passa a ser denominada xilogravura de fio. Neste caso, podemos ver veios paralelos, e o corte para gravação é relativamente Gravação de matriz de xilogravura utilizando uma goiva Albernaz, Anna Carolina: Sorry Xilogravura de fio sobre página de catálogo telefônico 16 mais macio. O corte horizontal da madeira, por sua vez, é chamado de xilogravura de topo. Neste caso, a matriz consiste em um disco de madeira, com veios circulares muito próximos uns aos outros, que fazem com que a matriz se torne mais resistente à gravação. Os diferentes cortes de madeira, com diferentes densidades e veios, pedem o uso de ferramentas adequadas a cada tipo. A faca, o formão e a goiva são ferramentas destinadas à xilogravura de fio. A xilogravura de topo, por sua maior densidade, pede o uso do buril, instrumento originalmente usado no entalhe de metais. Além disso, cada técnica apresenta resultados plásticos próprios – na xilogravura de topo, por exemplo, é possível gravar traços mais finos e delicados, enquanto a xilogravura de fio caracteriza-se geralmente pelo contraste de áreas claras e escuras. A escolha da técnica pelo artista acompanha sua intenção na hora de construir a imagem. A Linóleogravura pode ser considerada uma variação da Xilogravura, pois se utiliza dos mesmos princípios de gravação e impressão, com a diferença do uso de uma placa de linóleo como matriz, no lugar de uma placa de madeira. Figura 12: Picasso, Pablo: Natureza Morta Linoleogravura colorida Visconti, Eliseu: Ex-Llibris da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, xilogravura de topo. 17 O Linóleo é uma mistura de cortiça e borracha compactada, bastante maleável, usado também nas áreas de decoração e dança, como piso. Sua textura pode ser comparada a do MDF, que é liso e não possui veios; por conta dessa característica, o Linóleo não apresenta resistência às ferramentas de gravação, e pode ser considerado um material fácil de gravar (tanto que é muito usado com crianças e adolescentes). O resultado da impressão de uma linóleogravura se assemelha muito à xilogravura, mas com a diferença de não possuir a textura dos veios, característica da madeira. No mercado, podem ser encontradas algumas variações desse material; até mesmo borrachas são utilizadas para obter resultados semelhantes. Alguns artistas que trabalharam ou trabalham com gravura em relevo: Albrecht Dürer; Ando Hiroshige; Betsabee Homero; Fayga Ostrower; Francisco Maringelli; Gustave Doré; Katsushika Hokusai; Oswaldo Goeldi; Ernesto Bonato; Henri Matisse; Antonio Frasconi; os artistas do movimento expressionista alemão Die Brücke; Pablo Picasso; Paul Gauguin; Luise Weiss; Edward Munch; Kate Kollwitz; Antonio Henrique Amaral e Fernando Vilela, entre outros. BUSCANDO CONHECIMENTO http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura http://www.britishmuseum.org/explore/online_tours/europe/d%C3%BCrer_and_his_legacy/d%C3%BCrer_and_his_legacy.aspx http://www.britishmuseum.org/explore/online_tours/europe/d%C3%BCrer_and_his_legacy/d%C3%BCrer_and_his_legacy.aspx http://www.hiroshige.org.uk/ http://www.hiroshige.org.uk/ http://www.metmuseum.org/toah/hd/prnt2/ho_21.36.133.htm http://www.moma.org/collection/artist.php?artist_id=3832 http://www.moma.org/collection/artist.php?artist_id=3832 http://www.davidsongalleries.com/artists/frasconi/frasconi.php http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2002/brucke/ http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2002/brucke/ http://www.pablopicassoprints.com/ http://www.pablopicassoprints.com/ http://www2.uol.com.br/ahamaral/menugrafica.html http://www.artebr.com/vilela/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura 18 UNIDADE 05 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE IMPRESSÃO. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Adquirir noções de impressão de uma gravura. ESTUDANDO E REFLETINDO Na Gravura em geral, o momento da impressão é muito importante; através dele, podemos observar detalhadamente como está a imagem produzida pela matriz. Para quem já experimentou revelar fotos em estúdio, é possível fazer uma comparação: a imagem captada pela câmara analógica só pode ser conhecida com a revelação da fotografia, que vai aparecendo gradativamente no papel durante o banho químico. A impressão de uma gravura é a transferência da imagem gravada para o papel. Antes de iniciar as cópias definitivas de uma gravura, pode-se fazer as chamadas provas de estado. As provas de estado são as cópias feitas para verificação do estado da matriz; com elas, é possível definir se a matriz está pronta ou precisa ser retrabalhada, se a quantidade de tinta aplicada é suficiente, evitando a falta ou o excesso, e também se a pressão aplicada está sendo satisfatória. Cada tipode gravura requer procedimentos diferentes de impressão. No caso da Xilogravura, da Linóleogravura e da Monotipia, a impressão pode ser feita na prensa ou manualmente, usando-se um instrumento de origem japonesa chamado baren ou uma colher de pau de cozinha, para friccionar o papel contra a matriz entintada. . Barens 19 O baren é um instrumento de base circular firme e plana, dotado de uma alça ou cabo; quando feito à mão, pode ser revestido de folha de bambu, palha de milho ou outro material que não danifique o papel da impressão quando friccionado. Por essa razão também encontramos barens industrializados feitos de vidro. Para imprimir uma cópia manualmente, pressiona-se área por área do verso do papel contra a matriz entintada, usando-se a base do baren, ou a parte convexa (externa) da colher de pau. Os movimentos devem ser circulares, e a pressão deve ser constante, para que a camada de tinta da matriz seja transferida ao papel. Também pode-se imprimir uma Xilogravura ou uma Linóleogravura colocando-se um peso sobre a matriz e o papel, como por exemplo uma pilha de livros. Nesse caso, é preciso ter o cuidado de distribuir a mesma quantidade de peso por toda a superfície a ser impressa. A impressão de uma gravura também pode ser feita com uma prensa, de maneira mais rápida e uniforme. As prensas podem pressionar o papel contra a matriz de duas maneiras diferentes: por fuso ou por rolo. Prensa de Rolos 20 A prensa que imprime por fuso, ou parafuso, é conhecida também como prelo; nele, a pressão é exercida sobre toda a matriz de um único golpe. Quanto maior a matriz, menor a pressão efetiva sobre cada unidade de área da matriz; por isso o prelo torna-se mais eficiente para matrizes pequenas, e em geral é usado para imprimir Xilogravuras, Linóleogravuras e Monotipias, que não exigem uma pressão muito grande para serem impressas. Já na prensa de rolo, a pressão é feita sobre a matriz e o papel parte por parte, à medida que passam entre os cilindros da prensa. Nesse tipo de prensa, a pressão efetiva é muito maior que no prelo de fuso, e pode ser regulada pelo ajuste da distância entre os cilindros, de acordo com a espessura da placa e do resultado desejado. Com isso, a impressão de matrizes em grandes dimensões se torna possível, já que a pressão é feita de maneira uniforme sobre toda a placa. A Gravura em Metal, por exemplo, exige o uso da prensa de rolo para a impressão, pois as outras técnicas não exercem pressão suficiente para captar todos os detalhes e produzir boas cópias. A Litogravura, por sua vez, também só pode ser impressa num tipo específico de prensa, que funciona pelo arrasto de um elemento deslizante sobre a matriz e o papel. O uso de prensas é muito importante para a gravura principalmente porque possibilita um maior grau de padronização na impressão de cópias. Assim, a característica de reprodução de imagens da gravura encontra o seu maior auxiliar, permitindo a impressão da chamada tiragem, que é o conjunto de cópias “idênticas” da mesma gravura. 21 BUSCANDO CONHECIMENTO http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura http://www.casadacultura.org/arte/Artigos_o_que_e_arte_definicoes/gr01/gravura_conceito_hist.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura http://www.casadacultura.org/arte/Artigos_o_que_e_arte_definicoes/gr01/gravura_conceito_hist.html 22 UNIDADE 06 - INTRODUÇÃO A XILOGRAFIA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer história da xilografia, a técnica mãe das técnicas de gravura. ESTUDANDO E REFLETINDO Desde a antiguidade, nas civilizações orientais e ocidentais, as técnicas de gravura serviram para organizar, ilustrar, conservar e difundir a história dos homens. Dentre as inúmeras técnicas de gravação e impressão, destacaremos aqui a xilogravura: uma técnica milenar, que pode ser considerada a mãe de todas as outras técnicas de gravura. Por isso, é muito importante que conheçamos a história da xilogravura: através dela, será possível compreendermos a origem da imagem impressa, tão presente em nosso cotidiano, nas revistas, jornais, propagandas, livros, catálogos, etc. O resgate da história da imagem impressa nos ajuda a compreender que a imagem, assim como a palavra, transmite conhecimento. Por isso, ao produzirmos imagens, devemos sempre nos lembrar de que deixando marcas para o futuro – o que é uma grande responsabilidade – assim como as imagens do passado, que refletem o pensamento e a cultura de quem as criou. As primeiras impressões xilográficas foram feitas na Antiguidade. Segundo Antonio Costella1, cerca de dois mil anos antes de Cristo os Egípcios já produziam 1 1 Costella, A., “Introdução à Gravura e História da Xilografia”, 1984, São Paulo: Editora Mantiqueira Anônimo, Ars Moriendi, xilogravura, século XV 23 tecidos estampados, a partir de matrizes xilogravadas, que eram como carimbos feitos de madeira. O mesmo foi feito em outras sociedades ao longo dos séculos, como na Pérsia, na Índia, na América Pré-Colombiana e também na China e no Japão. A Chita que conhecemos hoje é um tecido de origem indiana, que era estampado com cunhos de madeira. As impressões em papel, por sua vez, surgiram apenas no século VIII: as mais antigas que se conhecem são orações budistas, impressas no Japão no ano de 770. Na Europa, a xilogravura só ficou conhecida no século XII, quando foi trazida do oriente substituindo a estamparia de tecidos manual. Como a técnica era proibida à produção leiga e profana, seu uso ficou restrito por dois séculos aos artesãos das Corporações de Ofício. Somente no século XIV os conventos religiosos puderam dar à xilogravura outras utilidades: primeiro ela passou a ser usada na multiplicação das imagens de santos; pouco tempo depois, deu início à impressão de um pequeno número de cadernos e livros. As gravuras sacras eram consideradas verdadeiros talismãs, portadoras de benefícios espirituais, e logo se transformaram em objeto de consumo. No século XVIII a venda dessas imagens se intensificou, quando passaram a integrar o 24 sistema de indulgências da igreja: ao ser comprada, a imagem assegurava ao portador uma redução dos pecados. Estas imagens eram muitas vezes impressas com a ajuda de vários blocos de madeira gravados, que o impressor associava para criar imagens de santos diferentes. Desta forma, em algumas matrizes eram gravadas apenas cabeças e pernas, usadas para imprimir vários santos. As características pessoais e os símbolos que os identificavam eram gravados separadamente, em matrizes que continham somente torsos. O uso da xilogravura na impressão de cadernos e livros, por sua vez, foi um evento de extrema importância. Até então, todos os livros escritos na Europa tinham sido redigidos à mão, um a um, o que fazia com que se reproduzissem poucos exemplares. Os livros manuscritos acabavam destinados a uma pequena parcela da sociedade (em geral homens, membros do clero e da monarquia), a quem o acesso à informação e ao conhecimento se restringia. Com a xilogravura puderam ser feitos os primeiros livros impressos da história, conhecidos como ”incunábulos” (L’ars moriendi, Speculum Humanae Salvations, e a Bíblia dos Pobres, são alguns dos títulos mais importantes impressos no período). Nesses livros, texto e imagem eram xilogravados – o que na época representou uma revolução dos meios de reprodução, acelerando a produção de cópias e permitindo a difusão do conhecimento escrito em outras camadas da sociedade. No séculoXV, porém, a produção de livros sofreu uma grande transformação, com a redescoberta dos tipos móveis e a invenção da prensa tipográfica por Johann Gutemberg. Como já vimos antes, no texto sobre tipografia (página 21), Gutemberg forjou tipos metálicos, que formavam textos ao serem colocados lado a lado, e podiam ser realocados e reutilizados. Os tipos metálicos se mostraram muito mais resistentes às impressões do que os textos gravados em placas de madeira, além de serem mais práticos. Assim, em 1455, Gutemberg pôde imprimir a primeira edição impressa de 25 um livro – cerca de 300 cópias de uma Bíblia de 641 páginas, concluídas em 1455 – que pode ser considerado o primeiro veículo de comunicação de massa. Foi a partir desse marco histórico que os livros começaram a ser impressos em uma escala maior, tornando-se mais acessíveis financeiramente – o que significou um grande progresso para a alfabetização das camadas mais abastadas da sociedade, que passaram a partilhar do conhecimento escrito. Até o século XVI, as imagens que acompanhavam os livros impressos na prensa tipográfica eram feitas manualmente (como no caso da Bíblia de Gutemberg) ou eram xilogravadas. Nesses casos, o texto em letras tipográficas era acoplado à matriz do desenho, desde que as duas bases fossem confeccionadas em alturas semelhantes. No final do século XVI, porém, o uso da xilogravura na impressão de imagens para livros foi sendo aos poucos substituído pelas técnicas de gravura em metal recém-descobertas, de traços finos, maior riqueza de detalhes e maior resistência a impressões. A técnica da xilogravura ficou inutilizada por todo o século XVII, permanecendo apenas em pequenas impressões anônimas, como livretos religiosos e versos, semelhantes aos cordéis. Com o surgimento da xilogravura de topo, no século XVIII, algumas ilustrações de livros voltaram a ser feitas em madeira. A gravura em metal possuía o problema de não poder ser impressa nos livros junto com as letras tipográficas: eram necessárias duas impressões, uma para a imagem (que era feita com a técnica de entalhe) e outra para o texto (em relevo). A xilogravura de topo competia com o metal na impressão de livros porque além de poder ser impressa em conjunto com as letras tipográficas, apresentava uma riqueza de detalhes semelhante à da técnica em metal. BUSCANDO CONHECIMENTO http://www.infoescola.com/artes/xilogravura/ http://web2.ufes.br/arteeducadores/relatos/medio_2008_2/m8_2_006.pdf http://www.infoescola.com/artes/xilogravura/ http://web2.ufes.br/arteeducadores/relatos/medio_2008_2/m8_2_006.pdf 26 UNIDADE 07 - A XILOGRAFIA COMO LINGUAGEM EXPRESSIVA. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer os principais artistas que transformaram a técnica da xilografia de utilitária para artística. ESTUDANDO E REFLETINDO Até o século XVI a xilogravura foi vista e utilizada como técnica utilitária, ora submetida aos textos que acompanhava, ora destinada à reprodução de pinturas de grandes artistas, para sua divulgação. Na função de ilustração, ela teve grande importância, já que para a maioria da população européia – então analfabeta - as imagens eram a única maneira possível de ler e conhecer os textos. Figura 1: Dürer, Albrecht: Rinoceronte Xilogravura, 1515. Além disso, não se pode dizer que tais gravuras eram puramente funcionais, pois muitos gravadores buscaram e conseguiram desenvolver em suas ilustrações soluções gráficas e personalidade artística únicas, de grande importância para a história da arte. Albrecht Dürer (1471-1528), pintor alemão, foi um dos grandes responsáveis pela transformação da técnica de xilogravura de utilitária à artística. Com suas preocupações estéticas, o artista trouxe para a xilogravura soluções plásticas únicas, uma maior diversidade de tons e de traços. É importante acrescentar, porém, que Dürer não gravava diretamente as matrizes: nessa época, o procedimento comum na produção das imagens era que o artista somente 27 desenhasse, deixando aos assistentes a tarefa da gravação (que não era vista como uma tarefa artística, mas sim como uma tarefa artesanal). Gustave Doré (1833-1883), por sua vez, foi um dos maiores gravadores de topo. Dedicou sua obra à ilustração de livros que considerava importantes, como a Bíblia, Dom Quixote, Fábulas de La Fontaine e a Divina Comédia. Seus trabalhos (feitos com o auxílio de uma grande equipe de gravadores) são marcados pelo traço expressivo e por uma grande imaginação. Quando a xilogravura foi finalmente substituída pela tipografia e a gravura em metal, acabou por cair em desuso. Alguns artistas, como William Blake (1757-1827), tentaram então resgatá-la, buscando desenvolver uma linguagem peculiar à técnica, mas seus resultados foram bastante desprezados no início. Comparada com a gravura em metal, a xilogravura parecia rude e simplória a olhos mais conservadores. Gustave Doré – Dante (Xilogravura) Vlamink, Maurice de: Rue à Louveciennes Xilogravura, 1910-1913 28 Somente com os movimentos artísticos de ruptura, já no início do século XX, que a xilogravura conquistou grandes inovações. Artistas dos movimentos Fauve2 e Expressionista3 dedicaram-se à madeira, buscando novas soluções de linguagem. Para isso, foi preciso acabar com a divisão entre artista e gravador, que até então existia (a maioria dos artistas apenas desenhava o projeto de gravação, deixando a execução para artesãos assistentes). Dessa maneira, a gravura pôde ascender ao patamar de técnica artística, para ficar junto da pintura e da escultura, permitindo que portas se abrissem para grandes artistas explorarem suas qualidades. BUSCANDO CONHECIMENTO Acesse os links abaixo e conheça um pouco da arte desses artisitas. Albrecht Dürer - http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/durer/ Gustave Doré - http://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/21.36.133 William Blake – http://www.metmuseum.org/Special/se_event.asp?OccurrenceId=%7b6B4DE85F-20C3-11D4-9373- 00902786BF44%7d Fauve - http://www.metmuseum.org/toah/hd/fauv/hd_fauv.htm Expressionista - http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2002/brucke/ 2 Movimento artístico que ocorre na Europa, principalmente na França na primeira década do século XX. Sua principal característica era a exploração da utilização da cor com maior liberdade, emprego dos tons puros, fortes contrastes e pinceladas evidenciadas. Seu expoente foi Henri Matisse, entre outros. 3 Movimento artístico que ocorre na Europa, principalmente na França na primeira década do século XX. Sua principal característica era a exploração da utilização da cor com maior liberdade, emprego dos tons puros, fortes contrastes e pinceladas evidenciadas. Seu expoente foi Henri Matisse, entre outros. http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/durer/ http://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/21.36.133 http://www.metmuseum.org/Special/se_event.asp?OccurrenceId=%7b6B4DE85F-20C3-11D4-9373-00902786BF44%7d http://www.metmuseum.org/Special/se_event.asp?OccurrenceId=%7b6B4DE85F-20C3-11D4-9373-00902786BF44%7d http://www.metmuseum.org/toah/hd/fauv/hd_fauv.htm http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2002/brucke/ 29 UNIDADE 08 - A XILOGRAFIA NO BRASIL. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer a trajetória da xilografia no Brasil ESTUDANDO E REFLETINDO As primeiras xilogravuras produzidas no Brasil datam da época colonial, com fins utilitários. As cartas de baralho de jogar, por exemplo, eram impressas com matrizes de madeira entalhadas, produzidas aqui ou importadas da Europa. A vinda da Corte Real Portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808 teve como consequência imediata o aumento da atividade industrial, comercial e a produção dosprimeiros órgãos de imprensa, jornais e gazetas. O trabalho dos xilógrafos nessa ocasião era o de ilustrar as reportagens jornalísticas, reproduzindo retratos ou cenas; ilustrar anúncios publicitários e fazer a timbragem de faturas e papéis comerciais; e reproduzir quadros (retratos ou paisagens feitos a óleo) para divulgá-los. Nesses ofícios, era empregada principalmente a técnica da xilogravura de topo, provavelmente por permitir maior riqueza de detalhes. Nesta época, porém, a xilogravura como técnica de reprodução de imagens estava sendo substituída por outras técnicas mais modernas, como a gravura em metal e a litografia. No final do século XIX, assim como ocorrera na Europa, a xilogravura utilitária (com fins ilustrativos, documentais ou comerciais) cedeu espaço às técnicas que permitiam tiragens maiores. Figura 1: José Vilas Boas - Machado de Assis (xilogravura de topo). 30 A Xilogravura e o Cordel No Nordeste do país, entretanto, a Xilogravura continuou desempenhando o seu papel de ilustradora. Poetas populares da região imprimiam suas produções poéticas em pequenos folhetos encadernados, que eram vendidos nas feiras, praças e ruas das cidades. Os impressos eram exibidos em varais de corda (daí serem conhecidos como Literatura de Cordel). Segundo Costella4: “... esses impressos de feição gráfica rudimentar procuraram ornar-se, ao menos na capa, de algum adorno que os tornassem mais atraentes. Partindo de vinhetas tipográficas, passaram, desde a década de 1920, a contar com xilogravuras.” Produzidas por artesãos locais, com matrizes feitas de cajazeira, imburana e outras madeiras nativas da região; além de ferramentas muitas vezes improvisadas - como pregos e cabos de guarda-chuva - a xilogravura de cordel tornou-se uma importante referência do repertório visual da cultura popular tradicional. A Xilogravura Brasileira a partir do Século XX Figura 3: Lasar Segall - Dança dos Negros ao Luar (xilogravura, 1929). 4 Costella, A., “Introdução à Gravura e História da Xilografia”, 1984, São Paulo: Editora Mantiqueira 31 Como dissemos anteriormente, os movimentos modernistas de artistas europeus (como o expressionismo, o cubismo e o fauvismo) resgataram a xilogravura (em especial, a xilogravura de fio) durante as primeiras décadas do século XX, explorando-a amplamente como meio artístico expressivo. No Brasil artistas também acompanharam esses movimentos, não só explorando as novas possibilidades expressivas e de construção da imagem, como também as recentes experiências técnicas. O artista lituano Lasar Segall (1891-1957), radicado no Brasil desde a segunda década do século XX, produziu vários trabalhos em xilogravura, nos quais pode-se observar a influência do expressionismo alemão. Tal influência pode ser notada em trabalhos como “Mangue”, pertencente à sua série sobre a prostituição. Juntamente com as pinturas, esculturas e as gravuras em metal, esses trabalhos contribuíram para a inauguração do movimento modernista no Brasil. Figura 4: Oswaldo Goeldi – Chuva (xilogravura colorida, 1957). Osvaldo Goeldi (1895-1961), diferentemente de Segall, teve na xilogravura seu principal meio expressivo, e com o qual obteve grande destaque, retratando cenas urbanas, pescadores, animais, etc, ora com atmosferas sombrias e profundas, ora com cores esplêndidas e intensas. Foi mestre de vários artistas importantes e influenciou toda uma geração de gravadores que se extende até os dias de hoje. Figura 5: Lívio Abramo – Rio (xilogravura, 1957). 32 Assim como Goeldi, Lívio Abramo (1903-1992) realizou na xilogravura um extenso percurso poético, trabalhando desde temas sociais, como operários e cenas da cidade industrializada, até a pesquisa intensa das possibilidades plásticas da xilogravura de topo, da expressividade dos traços e dos contrates intensos. Após esses artistas precursores da xilogravura moderna brasileira, sucederam-se diferentes gerações de gravadores que utilizaram a técnica nas suas pesquisas artísticas. Dentre os muitos, podemos citar alguns, como: Rubem Grilo, Fayga Ostrower, Maria Bonomi, Gilvan Samico, Carlos Scliar, Marcelo Grassman, Antonio Henrique Amaral, Emanoel Araújo, além de representantes da cultura popular, como os artistas que ilustram a Literatura de Cordel, como Costa Leite, Jerônimo Soares, J. Borges, J. Barros, Mestre Noza, etc. A Xilografia5 Indígena Sabe-se que antes mesmo da chegada dos Portugueses em nosso território, os índios já conheciam técnicas xilográficas, que não eram usadas para imprimir imagens em papel, mas funcionavam como carimbos para adornar o corpo. Em muitas tribos diferentes (como os Apinayé e os Xavante), espalhadas em todo o território nacional, foram desenvolvidas matrizes para estampar motivos decorativos e grafismos, decorrentes de um refinamento técnico da pintura corporal, amplamente conhecida. Essas matrizes eram feitas de madeira, bambu (taquara) e frutos secos, como o babaçu, que quando cortados, produziam 5 Seguindo a sugestão de Costella (1984, página32) o termo Xilografia é mais abrangente, abarcando a arte e a técnica de produzir estampas com matrizes de madeira, conquanto Xilogravura refere-se ao produto final produzido neste processo. Como o uso indígena da reprodução de grafismos utilizando matrizes de madeira distancia-se muito da tradição e da história da Xilogravura, principalmente quanto às finalidades do seu uso, optamos pela expressão “Xilografia Indígena”. 33 uma superfície com algum padrão interessante. Melatti6 descreve essa prática na pintura corporal desta maneira: É comum a utilização de carimbos, tal como um coco de babaçu cortado ao meio, o que produz um círculo que inclui quatro círculos menores. Este tipo de carimbo é usado pelos carajás (Fénelon Costa, 1974) e os timbiras. Estes últimos também talham carimbos no talo da palmeira buriti, obtendo diversos padrões. Costella7 indica ainda outras matrizes, confeccionadas em forma de rolos, planos recortados em formas geométricas, retângulos de madeira entalhados em diferentes padrões ou ainda aproveitando a secção transversal da extremidade de varetas de bambu. Em alguns casos, esse tipo de matriz também foi utilizado para a decoração de peças indumentárias. BUSCANDO CONHECIMENTO Clique nos links abaixo e conheça um pouco da vida e da arte desses artistas: Lasar Segall - http://www.museusegall.org.br/ Osvaldo Goeldi – http://www.centrovirtualgoeldi.com/paginas.aspx?Menu=agravura 6 In: Melatti, Julio Cezar - Índios do Brasil. Edusp, São Paulo, 2007, p.223. 7 In: Costella, Antonio - Introdução á Gravura e História da Xilografia. Ed. Mantiqueira, Campos do Jordão, 1984, pg84 http://www.museusegall.org.br/ http://www.centrovirtualgoeldi.com/paginas.aspx?Menu=agravura 34 UNIDADE 09 - PRÁTICAS DE ATELIÊ PARA QUE SERVEM? CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Entender o que são práticas de ateliê e vivenciá-las. ESTUDANDO E REFLETINDO Quando falamos em “artes plásticas”, imediatamente nos vem à cabeça uma pintura, uma escultura ou algum outro trabalho que nos agrada, em geral de algum artista importante para a história da arte. Nenhum artista que conhecemos hoje, porém, se tornou referência somente por uma habilidade nata ou por uma única grande obra – cada um deles desenvolveu um trabalho prático intenso, de treino, reflexão, e muitos e muitos anos de dedicação. O resultado desse processo prático ao qual os artistas se dedicam são as pinturas, esculturas, gravuras e desenhos, e é nesses trabalhos que se encontramsuas reflexões. As teorias da arte e até mesmo a história da arte, foram sendo construídas a partir desses trabalhos e de seus conteúdos – e não anteriormente a eles. A prática de ateliê é para o artista a parte mais importante de seu trabalho, pois somente a partir da vivência é que surgem as reflexões teóricas. É com a prática que o artista adquire experiência, e somente com a experiência é que ele pode aos poucos dominar a técnica, para utilizá-la de acordo com as suas necessidades (sabendo também entregar-se às suas imposições, quando necessário). Agora que já conhecemos um pouco sobre as diferentes técnicas de gravura, sobre sua história e sua relevância, é importante que experimentemos alguns de seus procedimentos. A vivência nos trará uma maior compreensão de tudo o que foi lido por nós ao longo deste curso. Escolhemos como exercícios as técnicas de Monotipia e de Gravura em Relevo, por se tratarem de técnicas relativamente simples, de resultado mais direto e imediato, além de serem técnicas de menor custo e que podem ser feitas 35 em casa. As outras técnicas de gravura também deveriam ser experimentadas, mas não serão abordadas por este curso por se utilizarem de maquinário e de produtos químicos que só podem ser encontrados em ateliês específicos para gravura, junto com equipamentos de segurança e auxílio técnico apropriados. Vale a pena ressaltar que a busca por uma imagem pessoal é importante, mas que os resultados em gravura muitas vezes não são imediatos. Como vimos anteriormente, a gravura é como uma cozinha: para que o produto saia bem feito e de acordo com o que esperamos, é preciso domínio dos procedimentos, experiência (o que inclui tentativas e erros) e afinidade. A descoberta das ferramentas e das técnicas que mais se adéquem a nós é uma etapa importante do processo de criação, mas só é possível depois de muito trabalho. Então, mãos à massa! 1. Monotipia e Frotagem Como já vimos, a Monotipia é a técnica de gravura que mistura gravura e pintura, onde uma imagem pintada ou desenhada em uma superfície é transferida a um papel por pressão (de uma prensa ou de um instrumento, manualmente). A Frotagem, por sua vez, é uma técnica de desenho que se utiliza do princípio da impressão para captar texturas e relevos de objetos e superfícies. Nesta Unidade, experimentaremos algumas das inumeráveis maneiras de se fazer monotipia e frotagem, em especial aquelas que não necessitam do uso de prensa. Exercício 1 - Frotagem de Objetos Você vai precisar de: Giz de cera colorido (mais de uma cor) Papel sulfite Objetos de baixo relevo (exemplos de objetos: folhas e flores secas, moedas, penas, pregadores de roupa, tecidos de diferentes tramas, etc.). Separe o objeto desejado. Coloque uma folha de papel sobre o objeto. 36 Escolha uma cor de giz de cera e risque sobre a superfície do papel onde se esconde o objeto, com suavidade, até que sua textura apareça desenhada. Faça o mesmo com outros objetos, como: rendas, espirais de caderno, paredes, móveis de madeira, utensílios de cozinha, etc, buscando observar as diferentes texturas criadas por cada um. Sobreponha texturas: faça a frotagem de um objeto com uma cor e em seguida, faça a frotagem de outro objeto por cima, usando uma cor diferente. Caso queira explorar mais possibilidades, crie um desenho usando texturas diferentes ou faça uma colagem, recortando as texturas e colando-as em outro papel. Exercício 2 - Monotipia de Objetos Você vai precisar de: Jornal Um pincel macio (de preferência médio) Tinta guache ou acrílica preta diluída em um pouco de água Papel de seda ou sulfite Uma colher de pau Objetos de baixo-relevo descartáveis (como: folhas e flores secas, espinhas de peixe, tecidos de trama aberta, como renda e crochet, etc.). Escolha um objeto para fazer a monotipia. Se a tinta estiver muito pastosa ou seca, misture algumas gotas de água a ela, até que fique líquida. Com o pincel, passe a tinta em toda a superfície do objeto (para ficar mais fácil, apoie o objeto em uma folha de jornal). Procure não passar tinta em excesso, pois somente uma fina camada é necessária. Coloque o objeto entintado sobre a folha de papel de seda, com a tinta virada para baixo (encostando no papel). Cubra ambos com uma folha de jornal. Com a colher de pau, faça pressão sobre a superfície do jornal onde o objeto se encontra escondido, em movimentos circulares. 37 Retire o Jornal e separe o papel de seda do objeto, com cuidado para não rasgar. Deixe secar. Faça o mesmo com outros objetos, buscando observar as diferentes texturas criadas por cada um e sobreponha texturas. Imprima o negativo do objeto: coloque-o sem tinta sobre o papel de seda, e passe a tinta em volta dele. Exercício 3 – Monotipia (maneira branca) Esse exercício requer o uso de materiais específicos para gravura e não é obrigatório. Nessa monotipia, o fundo será branco e a linha será preta. Você vai precisar de: Jornal Uma placa de vidro ou fórmica de qualq uer tamanho Um godet (pode ser substituído por um pires) Um tubo de tinta preta para gravura à base d´água pequeno Uma espátula de pintura (pode ser substituída por uma colher) Um Rolinho para Entintagem Glicerina Líquida Um lápis de desenho Pinceis de diversos formatos e tamanhos Materiais diversos: cotonete, esponja, pano, escova de dente, etc. Papel Arroz (Japonês) ou Papel de Seda Preparação da Placa: coloque cerca de 1 cm de tinta no godet e misture duas gotas de glicerina a ela. Com a espátula, coloque um pouco da tinta sobre a placa e estique-a com a ajuda do rolinho, manuseando-o de um lado para o outro e de cima para baixo, até que se forme uma camada de tinta uniforme sobre a superfície da placa. Coloque mais tinta e repita a operação quando necessário. Estique a folha de papel sobre a placa entintada, suavemente, tomando o 38 cuidado para que não grude na tinta. Prenda as partes superiores do papel com fita crepe, se achar necessário. Desenhe com o lápis no verso do papel, pressionando-o conta a tinta. Se quiser, use pincéis (sem tinta), mãos, cotonetes, etc., para fazer texturas em seu desenho. Retire o papel com cuidado e deixe secar. BUSCANDO CONHECIMENTO http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/gravura-como-forma-producao-artistica-690665.shtml http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/gravura-como-forma-producao-artistica-690665.shtml 39 UNIDADE 10 - PRÁTICAS DE ATELIÊ PARA QUE SERVEM? (parte II) CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: entender o que são práticas de ateliê e vivenciá-las. ESTUDANDO E REFLETINDO Exercício 4 – Monotipia (maneira negra) Esse exercício requer o uso de materiais específicos para gravura e não é obrigatório. Nessa monotipia, o fundo será negro e as linhas serão brancas. Você vai precisar de: Jornal Uma placa de vidro ou fórmica de qualq uer tamanho Um godet (pode ser substituído por um pires) Um tubo de tinta preta para gravura à base d´água pequeno Uma espátula de pintura (pode ser substituída por uma colher) Um Rolinho para Entintagem Glicerina Líquida Pinceis de diversos formatos e tamanhos Materiais diversos: cotonete, esponja, pano, escova de dente, etc. Papel Arroz (Japonês) ou Papel de Seda Um pedaço de Madeira de aproximadamente 5X10cm, enrolado em papel manteiga, para fazer de baren. Prepare a placa como no exercício anterior. Antes de colocar a folha de papel, porém, o desenho deve ser feito diretamente sobre a tinta. Experimente as linhas e texturas feitas por diferentes materiais, como: espátulas, pincéis, cabos depincéis, buchas, escovas de dente, cotonetes, etc. Todos eles irão retirar a tinta, criando áreas e linhas brancas (limpe a tinta retirada em um pedaço de pano ou papel absorvente). Quando o desenho estiver pronto, estique a folha de papel sobre ele, 40 tendo o cuidado de alisa-lo com a mão para não deixar bolhas de ar e dobras. Coloque uma folha de jornal por cima para proteger o papel. Com o pedaço de madeira forrada, faça pressão sobre toda a superfície do papel, em movimentos circulares. Gravura em Relevo (Xilogravura e Carimbos) Como já vimos no Módulo I - Unidade 2, a xilogravura e os carimbos são ambas técnicas de gravura em relevo. Por gravura em relevo, compreendemos todas as técnicas de gravação que produzem imagens salientes para impressão, ou seja, técnicas que produzem relevos passíveis de serem impressos. Nesta Unidade, experimentaremos algumas maneiras de se produzir e imprimir relevos. Em alguns exercícios, os produtos não poderão ser chamados de “xilogravura”, por não trabalharem especificamente com madeira; mas todos eles serão importantes para que possamos compreender melhor o princípio da gravura em relevo. Exercício 1 – Carimbos de Batata (carimbos do tipo indígena) Você vai precisar de: Duas batatas Uma faca com ponta e com um bom corte Tinta guache ou acrílica diluída em um pouco de água Um recipiente pequeno: pires ou bandeja de isopor Papel Sulfite Corte as batatas ao meio. Com a ponta da faca, faça um desenho na superfície plana de cada metade das batatas, já pensando onde serão feitos os cortes (ou seja, onde ficará em relevo e onde ficarão os buracos). Para ficar mais fácil de cortar, comece fazendo desenhos simples ou geométricos. Retire da batata (com a faca) as partes que você não deseja que apareçam na impressão. Não é preciso cortar o desenho até a base da batata, pois a base pode servir de cabo. O relevo do desenho pode ter apenas meio centímetro. 41 Coloque um pouco da tinta diluída em um pires ou bandeja, e passe a batata na tinta, deixando mergulhada por algum tempo, até que absorva a tinta; imprima em um papel. Repare que os carimbos podem ser impressos inúmeras vezes, em diferentes direções, e podem ser combinados entre si, formando um desenho maior. Também é possível fazer carimbos de letras e números, lembrando que eles devem ser feitos com o desenho invertido, para que a impressão saia de acordo com o desejado. Exercício 2 – Carimbos de E.V.A. Você vai precisar de: Uma folha de E.V.A. Um lápis ou caneta Uma tesoura ou estilete Tampinhas plásticas de garrafa (de refrigerante, iogurte, leite, etc.) ou copinhos plásticos de iogurte, entre outros materiais: Cola branca ou cola quente Uma almofada para carimbo Papel Sulfite Os carimbos de E.V.A. são mais fáceis de cortar do que os carimbos de batata, e por isso, permitem a produção de desenhos mais elaborados e de diferentes tamanhos. Os desenhos também podem ser feitos em peças soltas, pois posteriormente serão colados em uma superfície. Faça os desenhos diretamente no E.V.A., já pensando onde serão feitos os cortes (ou seja, onde ficará em relevo e onde ficarão os buracos). Corte com estilete ou tesoura. Cole o E.V.A. cortado nas tampinhas, que servirão de cabo para os carimbos (outros materiais podem ser usados em substituição às tampinhas). Deixe a cola secar (no caso da cola branca, é preciso esperar algumas horas). Pressione os carimbos contra a almofada, entintando-os, e imprima-os em um papel. 42 Exercício 3 – Gravura em E.V.A. Você vai precisar de: Uma folha de E.V.A. Uma caneta hidrocor grande preta Uma tesoura ou estilete Cola Branca ou cola quente Uma placa média de madeira (de aproximadamente 15x30cm) Uma esponja de cozinha Tinta Guache ou Acrílica diluída em um pouco de água Um recipiente pequeno: copo, pires ou bandeja de isopor Papel Sulfite Faça desenhos na folha de E.V.A. com a caneta hidrocor, procurando pensar em áreas pretas e brancas (se achar necessário, pinte com a caneta as partes do E.V.A. que devem ficar pretas e deixe em branco as outras partes, por exemplo). Corte o E.V.A. de acordo com o desenho ou, se preferir, corte diretamente, sem um desenho prévio; cole os pedaços de E.V.A. sobre a superfície da madeira. Para fazer linhas, é possível também usar barbante. Deixe a cola secar. Coloque um pouco de tinta em um recipiente. Com a ajuda de uma esponja, passe uma camada de tinta sobre a superfície do E.V.A. que se encontra em relevo. Não é preciso passar tinta nos buracos. Coloque uma folha de papel sobre a sua matriz entintada e pressione com as mãos até que a tinta seja absorvida pelo papel. Retire e deixe secar. Experimente imprimir a mesma imagem em um papel colorido. Exercício 4 – Xilogravura Esse exercício requer o uso de materiais específicos para gravura e não é obrigatório. Para ser feito de maneira satisfatória, requer o auxílio de alguém que ensine a manusear as ferramentas. Você vai precisar de: Uma placa de madeira (Cedrinho, Virola, Freijó ou qualquer outra madeira mole), ou Compensado de qualquer tamanho (Retalhos de madeira e 43 compensado podem ser encontrados em marcenarias ou madeireiras por preço baixo ou mesmo de graça) Uma folha de lixa para madeira gr180 (não é necessária em placas de MDF) Um lápis Uma folha de papel carbono Um estojo de goivas para Xilogravura com 5 peças Uma placa de vidro ou fórmica pequena Um tubo de tinta preta para gravura à base d´água pequeno Uma espátula de pintura Um Rolinho para Entintagem Uma colher de pau Papel Sulfite Papel de Seda Lixe a superfície da madeira em que irá trabalhar passando a lixa na mesma direção do veio, até que todas as farpas saiam. Lixe os cantos. Faça um desenho diretamente na madeira ou, se preferir, em uma folha de papel sulfite (nesse caso, transfira o desenho para a placa com a ajuda do papel carbono). Antes de começar a gravar o desenho com as goivas, teste uma por uma no verso da placa, para conferir se estão afiadas e para conhecer cada tipo de goiva. Depois de testar as ferramentas no verso da placa, inicie a gravação do seu desenho. Procure pensar em áreas brancas e áreas pretas: onde a goiva cavar será branco no ato da impressão. Não se preocupe em manter muita fidelidade ao desenho planejado, pois esta é somente uma primeira experiência; a prática nos ajudará a compreender o que é possível ou não fazer na madeira. Tome muito cuidado com as mãos e os olhos. Sem o controle da técnica, há muitas chances da goiva escapar e causar cortes. Procure deixar as mãos sempre atrás da ferramenta em uso, nunca na frente dela. Quando a matriz estiver suficientemente gravada, inicie o processo de impressão. Não é preciso esperar que a gravura fique pronta para imprimir um teste: em algumas situações, a impressão auxilia na escolha do que fazer. Coloque cerca de 1cm de tinta no vidro ou fórmica e misture duas gotas de glicerina a ela, usando a espátula. Estique-a com a ajuda do rolinho, manuseando- 44 o de um lado para o outro e de cima para baixo, até que se forme uma camada de tinta uniforme e levemente pegajosa. Com o rolinho, vá passando essa tinta para a placa de madeira, buscando cobri-la em toda a sua superfície. Repita a operação com o rolinho quantas vezes achar necessário, até que a tinta na placa de madeira fique com um leve brilho molhado. Estique uma folha de papel de seda sobre a placa entintada, alisando suavemente com as mãos e tomando o cuidado para que não forme bolhas de ar e dobras. Cubra com outra folha de papel de seda ou jornal e pressione toda a superfície da placa com as costas da colher de pau, em movimentos circulares e suaves. Retire a impressão e deixe secar. Lave a
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