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APRESENTAÇÃO Olá estudantes, O espaço dessa disciplina se destina ao conhecimento da arte e cultura produzidas no Brasil desde seu início, que ocorreu muito antes dos portugueses chegarem aqui, até o movimento modernista de 1922 que abordaremos na disciplina Arte Brasileira II. Os textos encontrados como fonte primária de estudos nessa disciplina podem e devem ser aprofundados por vocês, pois sempre há novas descobertas e novos entendimentos sobre os acontecimentos do passado, assim, a busca constante por novas fontes de informação faz parte da vida acadêmica e, também, do professor. Sejam bem-vindos à descoberta de nossa própria história e cultura, espero que apreciem este conteúdo e que sirva de ponto de partida para novas buscas e aprendizados. Vamos lá? Prof. Cíntia Borges Ribeiro. PROGRAMA EMENTA: Análise crítica e interpretativa da produção artístico-cultural brasileira antes do Brasil português e das circunstâncias que motivaram o processo de transferência e projeção dos movimentos artísticos europeus e sua adaptação no Brasil; estudo das artes indígena e africana e suas contribuições OBJETIVOS: Conhecer os diferentes momentos da produção artística brasileira; Reconhecer as características desses momentos; Investigar a sintaxe formal da arte maneirista, barroca, rococó e neoclássica no Brasil, fomentando o questionamento sobre influência europeia. Ao final do período o aluno deve reconhecer exemplos arquitetônicos, pictóricos e escultóricos da arte brasileira pré-cabralina, colonial e imperial. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS: Pré-história Brasileira; Arte Indígena; Arte do Brasil Colônia; Influências Africanas; Influência Holandesa; Barroco; Aleijadinho; Missão Francesa; Neoclassicismo; Interlúdio Modernista. METODOLOGIA: Dado o fato de a disciplina ser oferecida na modalidade a distância (EAD), por meio de embasamentos teóricos, estudamos os principais momentos da arte brasileira até o modernismo, ilustrando, por meio de suas obras, as características predominantes em cada período. O aluno pode encontrar em cada unidade indicação de sites, textos e vídeos para aprofundar seus conhecimentos. AVALIAÇÃO: No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 1) Questionários avaliativos online; 2) Provas semestrais individuais realizadas presencialmente. As estratégias de recuperação incluirão: 1) retomada eventual dos conteúdos abordados nos módulos, quando não satisfatoriamente dominados pelo aluno, em prova de exame. Bibliografia Básica SUMÁRIO UNIDADE 01 – PINTURA RUPESTRE NA PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL ........................................ 5 UNIDADE 02 – ARTE AMERÍNDIA ............................................................................................. 12 UNIDADE 03 – MARAJÓ E SANTARÉM ..................................................................................... 17 UNIDADE 04 – 1500: COLONIZAÇÃO E ESCRAVIDÃO ........................................................... 21 UNIDADE 05 – BRASIL HOLANDÊS ........................................................................................... 27 UNIDADE 06 – BARROCO NO BRASIL ...................................................................................... 34 UNIDADE 07 – ALEIJADINHO E MESTRE ATAÍDE .................................................................... 39 UNIDADE 08 – 1808 E A MISSÃO FRANCESA .......................................................................... 44 UNIDADE 09 – ACADEMICISMO BRASILEIRO .......................................................................... 48 UNIDADE 10 – ECOS DO MODERNISMO EUROPEU ............................................................... 53 UNIDADE 01 – PINTURA RUPESTRE NA PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Apresentar ao aluno as características da arte rupestre brasileira. Nota importante: Não será utilizada nessa disciplina a notação A.C. (antes de Cristo) e D.C. (depois de Cristo). Para essa indicação será utilizada a notação AEC (antes da era comum) e EC (era comum). ESTUDANDO E REFLETINDO É importante relembrar alguns conceitos antes de falarmos de pintura rupestre no Brasil. Pré-história, de forma geral, é assumida como a parte da história que ocorre antes do registro escrito, ou seja, quando a história ainda era passada de forma verbal entre os componentes de uma tribo ou através de desenhos em paredes, os primeiros registros escritos ocorreram quase que simultaneamente na Mesopotâmia, com a escrita cuneiforme, e no Egito, com os hieróglifos, por volta de 4.000 AEC. Isso posto, é importante entender que o Brasil não teve registro escrito antes da chegada dos portugueses a essas terras, logo, não seria errado afirmar que o Brasil saiu de sua pré-história em 1.500 EC, 5.500 anos depois da Europa, Ásia e África. Porém, é equivocado pensar que não havia cultura no Brasil antes da chegada do europeu. Placa de argila com escrita cuneiforme, por volta de 2.041 AEC, ano 6 do reinado de Amar-Suena, rei de Ur (Mesopotâmia). Acervo da Biblioteca do Congresso estadunidense, coleção Kirkor Minassian. Para entender melhor esse povoamento pré-histórico da América do Sul, vamos ler um trecho desse artigo da Revista Fapesp (http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/08/22/a- am%C3%A9rica-de-luzia/) A América de Luzia Escavações em Lagoa Santa reforçaram teoria alternativa sobre o povoamento do continente Em 1988, o arqueólogo e antropólogo Walter Neves trabalhava no Museu Paraense Emílio Goeldi e foi convocado às pressas por Guilherme de la Penha, então diretor da instituição de pesquisa, para uma missão no exterior. Teria que representar a chefia do museu em uma reunião sobre arqueologia de salvamento em Estocolmo, na Suécia. O evento seria dali a uma semana. Neves aceitou substituir o chefe na viagem, mas fez uma exigência. Queria esticar a estadia na Escandinávia por uns dias para ter chance de ir a Copenhague, onde queria conhecer a coleção Peter Lund, composta por mamíferos extintos e crânios humanos de alguns milhares de anos encontrados pelo naturalista na região de Lagoa Santa, Minas Gerais, no século XIX. A escala na capital dinamarquesa mudou o curso de sua pesquisa. Neves realizou medições anatômicas em 15 crânios mineiros da coleção e, na volta ao Brasil, discutiu os resultados, surpreendentes, com um colega argentino, o arqueólogo Hector Pucciarelli, da Universidade Nacional de La Plata. Os crânios dos paleoíndios de Lagoa Santa pareciam ter pertencido a um povo com traços físicos negroides, parecidos com os dos atuais africanos e aborígines australianos. Os crânios eram mais estreitos e longos, com faces proeminentes, estreitas e baixas. Não lembravam as antigas populações asiáticas, com olhos amendoados, das quais descendem todas as tribos indígenas ainda hoje presentes nas Américas. O achado batia de frente com a visão tradicional da arqueologia, em especial a feita nos Estados Unidos, sobre o processo de povoamento do continente. Segundo a teoria convencional e mais difundida, as Américas foram colonizadas por três ondas migratórias compostas de indivíduos com traços mongoloides (asiáticos), tendo a primeira delas ocorrido há cercade 13 mil anos via Estreito de Bering. Para o arqueólogo brasileiro, os crânios da coleção Lund não corroboravam essa ideia e forneciam elementos para sustentar outra hipótese. O esboço inicial dessa teoria alternativa ganhou, em 1989, as páginas da antiga revista Ciência e Cultura em um artigo Crânios de Lagoa Santa: ossadas da região mineira serviram para formular teoria alternativa de povoamento das Américas EDUARDO CESAR http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/08/22/a-am%C3%A9rica-de-luzia/ http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/08/22/a-am%C3%A9rica-de-luzia/ assinado por Neves e Pucciarelli. Nascia o embrião do que viria a ser chamado o modelo dos dois componentes biológicos. Segundo essa proposta, houve duas levas migratórias primordiais para as Américas. A primeira, composta por caçadores-coletores com traços negroides, emigrou para cá há cerca de 14 mil anos e hoje não está mais representada em nenhum grupo da atualidade. A segunda, formada por indivíduos com aparência mais próxima à dos asiáticos, botou os pés no Novo Mundo cerca de 12 mil atrás. As tribos atuais ameríndias são herdeiras dessa morfologia. Por um bom tempo, as ideias de Neves não causaram repercussão nem mesmo entre os meios mais especializados. Até que, em meados da década de 1990, o pesquisador pôde estudar em detalhes um crânio humano pré- histórico da região de Lagoa Santa, que faz parte do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro. O material ósseo, que tinha sido resgatado em meados dos anos 1970 pela missão franco-brasileira no sítio da Lapa Vermelha IV, no município de Pedro Leopoldo, pertencera a uma jovem que deve ter morrido com cerca de 20 anos. A camada geológica em que o crânio se encontrava foi datada em cerca de 11 mil anos e os restos da caçadora-coletadora foram apelidados de Luzia. Com traços não- mongoloides e as mesmas características físicas dos crânios da coleção Lund, Luzia era o esqueleto humano mais antigo já encontrado nas Américas. Neves começou a publicar artigos científicos sobre o novo crânio de Lagoa Santa, que se tornou o símbolo e a evidência principal de sua teoria alternativa sobre o povoamento do continente. “Antes de Luzia, todos os nossos trabalhos foram solenemente ignorados”, afirma o pesquisador da USP. “Mas o efeito midiático de Luzia fez os arqueólogos americanos olharem para nosso trabalho.” Meios de comunicação de prestígio mundial, como o jornal norte-americano The New York Times e a rede de televisão inglesa BBC, fizeram reportagens sobre o crânio brasileiro que servia de suporte para um novo modelo de ocupação das Américas. O inglês Richard Neave, especialista forense da Universidade de Manchester, fez uma reconstituição artística para um programa da BBC de como seria a face de Luzia a partir de tomografias do crânio mais antigo das Américas. A imagem de uma jovem com lábios grossos e nariz largo, correu o mundo e conferiu, literal e figurativamente, uma face para a teoria. (...) Reconstituição artística de Luzia: dona do crânio mais antigo das Américas, de 11 mil anos1, se parecia com atuais africanos e aborígines australianos Richard Neave (...) No final de 2004, Neves e colaboradores publicaram um artigo na revista científica britânica World Archaeology em que apresentavam nove crânios encontrados em meados dos anos 1950 em Cerca Grande, um complexo de sete sítios pré-históricos situado na região de Lagoa Santa. Todas as ossadas ostentavam características afro-aborígines e idade estimada em cerca de 9 mil anos. Em outro trabalho, também dessa época, publicado no periódico norte-americano Current Research in the Pleistocene, o arqueólogo da USP analisou um crânio, igualmente de 9 mil anos e traços negroides, oriundo da Toca das Onças, um sítio rico em material pré-histórico localizado em Caatinga do Moura, na Bahia. A existência de uma ossada tão antiga associada a populações não mongoloides originárias de uma região distante de Lagoa Santa era mais um indício de que esse tipo físico esteve disseminado por outras partes do país durante algum momento da Pré- história. “Sua distribuição geográfica era mais ampla do que se pensava”, comentou Castor Cartelle, do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), coautor do artigo sobre o crânio de Toca das Onças, em entrevista concedida na época à Pesquisa FAPESP. “Talvez a presença de indivíduos do tipo negroide tenha ocorrido ao longo de toda a bacia do rio São Francisco, chegando até o Piauí.” Cartelle coordenou a equipe que encontrou o crânio humano de Toca das Onças numa expedição à região baiana no fim dos anos 1970. (...) Escavação no sítio mineiro de Lapa do Santo: trabalho de campo obteve mais indícios a favor da teoria de Neves Acervo Leeh Até no território paulista, durante muito tempo considerado um vazio arqueológico em termos de datações antigas, foi encontrado um crânio masculino parecido com Luzia, que recebeu o apelido de Luzio. Em abril de 2005, um artigo na revista norte-americana Journal of Human Evolution apresentou uma ossada de cerca de 10 mil anos, que fora resgatada seis anos antes em um sítio arqueológico denominado Capelinha I, na bacia do 1 O artigo apresentado é de 2012. Em 2016 foi descoberto no México um crânio de humanoide de 12.000 anos batizada de Naia, ocupando o lugar de Luzia como crânio mais antigo. http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/08/ela.jpg rio Jacupiranga, no Vale do Ribeira. Luzio foi um caçador-coletor que habitou um sambaqui fluvial no sul de São Paulo. PIVETTA, Marcos. A América de Luzia. Disponível em: < http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/08/22/a-am%C3%A9rica-de-luzia/> Os povos primitivos que viviam no Brasil e nas Américas, de forma geral, se organizavam em comunidades e apresentavam diferentes graus de evolução e com traços distintivos de cultura. É de grande importância que tenhamos em mente que a teoria de um duplo povoamento, sou seja, de duas levas de migração pelo continente americano, explica a diferença que podemos perceber nas pinturas rupestres encontradas nos sítios arqueológicos de Minas Gerais e do Piauí das produções indígenas que podemos considerar mais contemporâneas, por exemplo. Pontuado que há a possibilidade de dois troncos étnicos para a formação inicial da população sul-americana partiremos da mais antiga, representada por Luzia, o fóssil de 11.500 anos. BUSCANDO O CONHECIMENTO A seguir serão vistas algumas tradições de pintura rupestre brasileira, mas embora divididas em tradições é relevante que se entenda que essa divisão ocorre por localização e por compartilharem uma ou outra característica estilística, e não, necessariamente, por uma unidade como tribo, pois não há como garantir tal unidade. Assim, com efeito acadêmico as tradições são delineadas para o seu estudo como produção estética. Tradição Meridional de Pisadas (Região Sul) Registros pictóricos gravados em baixo relevo nos paredões de pedra. Litorânea Catarinense: Se apresentam nas ilhas a até quinze quilômetros da costa catarinenses, com desenhos polidos no granito têm sulcos de até quatro centímetros de largura. São imagens geométricas e de formas humanas geometrizadas. Geométricas: Perpassam o planalto de Sul a Nordeste, abrangendo uma grande área, são subdivididas em setentrional e meridional. Setentrionais estão próximas a rios e cachoeiras e apresentam a técnica de polimento com imagens que se assemelham a sáurios ou homens. As meridionais estão distantes d’água e algumas delas possuem pigmentação. Planalto (Principalmente em Minas Gerais): Pinturas em vermelho, parcos usos de branco, amarelo e preto. Representam peixes, pássaros, mamíferos como o tamanduáse formas geométricas. (Santana do riacho - MG) Nordeste: Pinturas e gravuras representando grafismos geométricos, animais e pessoas. Localizadas no Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, parte da Bahia e de Minas Gerais. Apresentam caçadas, danças, combates, guerra, sexo, ritos, etc... http://2.bp.blogspot.com/_oCVWgp3ww1k/SdwDTMUjYrI/AAAAAAAAAA4/ysSMJ3j3wdY/s1600-h/meridional.bmp http://2.bp.blogspot.com/_oCVWgp3ww1k/SdwD2KqrAfI/AAAAAAAAABA/O1jqNE7zTz0/s1600-h/litoranea+catarinense.bmp http://1.bp.blogspot.com/_oCVWgp3ww1k/SdwGWnQQ27I/AAAAAAAAABI/T-ehd41UBpk/s1600-h/geometrica.bmp http://3.bp.blogspot.com/_oCVWgp3ww1k/SdwHZ9FdH7I/AAAAAAAAABQ/VMKs3CgBUOg/s1600-h/planalto.bmp Agreste: Presente nos estados do Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte tem como características figuras humanas assemelhadas a espantalhos, representações geométricas e biomorfas. Considerada mistura das tradições Nordeste e São Francisco. São Francisco: Presente em Minas Gerais, Goiás, Sergipe, Bahia e Mato Grosso o grafismo apresenta formas geométricas, antropomórficas e zoomórficas, (ex: cobras, peixes e sáurios). Não há representações de cotidiano e esses registros apresentam somente duas cores (preta e branco). Ocasionalmente apresenta a técnica de picotamento. Amazônia: Tradição caracterizada por simetria e riqueza no detalhamento, contudo, é a tradição menos estudada até hoje. Além de figuras humanas que é a principal temática, há gravações curvilineares e figuras geométricas. http://2.bp.blogspot.com/_oCVWgp3ww1k/SdwIYYSerVI/AAAAAAAAABY/epvFxS9BlIk/s1600-h/nordeste.bmp http://1.bp.blogspot.com/_oCVWgp3ww1k/SdwJoTQJp5I/AAAAAAAAABg/1t1_Qoac76g/s1600-h/agreste1.bmp http://4.bp.blogspot.com/_oCVWgp3ww1k/SdwK0z7WYTI/AAAAAAAAABo/cimEJEGwO68/s1600-h/amaz%C3%B4nia.bmp UNIDADE 02 – ARTE AMERÍNDIA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Analisar o processo histórico e a diversidade cultural e artística dos povos indígenas no Brasil. ESTUDANDO E REFLETINDO Em princípio é necessário compreender que as mudanças ocorridas entre o homem pré-histórico e o indígena morador do Brasil na eminência do descobrimento é pequena se compararmos o desenvolvimento do nativo brasileiro à sociedade europeia. Ainda assim, há um desenvolvimento social muito sensível, no período que antecede o ‘descobrimento’ do Brasil os indígenas se organizam em sociedade e desenvolvem culturas próprias de cada tribo. É importante também, salientar que não há arte na cultura indígena, pelo menos não no sentido ocidental, os artefatos produzidos por essas culturas são instrumentos de caça, utilitários de culinária, vestimentas ou adornos, mas nunca ‘arte pela arte’. O Conceito de Arte dos Índios Arte é uma categoria criada pelo homem ocidental. E, mesmo no Ocidente, o que deve ou não deve ser considerado arte está longe de ser um consenso. O que não dizer da aplicação desse termo em manifestações plásticas de povos que nem ao menos possuem palavra correspondente em suas respectivas línguas? O assunto é complexo e, a despeito da inadequação do termo, muitas obras indígenas têm impactado a sensibilidade e/ou a curiosidade do “homem branco” desde o século XVI, época em que os europeus aportaram nas terras habitadas pelos ameríndios. Nesse período, objetos confeccionados por esses povos eram colecionados por reis e nobres como espécimes “raros” de culturas “exóticas” e “longínquas”. Até hoje, uma certa concepção museológica dos artefatos indígenas continua a vigorar no senso comum. Para muitos, essas obras constituem “artesanato”, considerado uma arte menor, cujo artesão apenas repete o mesmo padrão tradicional sem criar nada novo. Tal perspectiva desconsidera que a produção não paira acima do tempo e da dinâmica cultural. Ademais, a plasticidade das obras resulta da confluência de concepções e inquietações coletivas e individuais, apesar de não privilegiar este último aspecto, como ocorre na arte ocidental. Confeccionados para uso cotidiano ou ritual, a produção de elementos decorativos não é indiscriminada, podendo haver restrições de acordo com categorias de sexo, idade e posição social. Exige ainda conhecimentos específicos acerca dos materiais empregados, das ocasiões adequadas para a produção etc. A Arte Baniwa, marca criada por índios Baniwa do alto rio Negro (AM), é um exemplo bem sucedido dessa empreitada. As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vegetais, argila, madeira, pedra e outros materiais conferem singularidade à produção ameríndia, diferenciando-a da arte ocidental, assim como da produção africana ou asiática. Entretanto, não se trata de uma “arte indígena”, e sim de “artes indígenas”, já que cada povo possui particularidades na sua maneira de se expressar e de conferir sentido às suas produções. Os suportes de tais expressões transcendem as peças exibidas nos museus e feiras (cuias, cestos, cabaças, redes, remos, flechas, bancos, máscaras, esculturas, mantos, cocares...), uma vez que o corpo humano é pintado, escarificado e perfurado; assim como o são construções rochosas, árvores e outras formações naturais; sem contar a presença crucial da dança e da música. Em todos esses casos, a ordem estética está vinculada a outros domínios do pensamento, constituindo meios de comunicação – entre homens e mulheres, entre povos e entre mundos – e modos de conceber, compreender e refletir a ordem social e cosmológica. Nas relações entre os povos, os artefatos também são objeto de troca, inclusive com o “homem branco”. Ultimamente, o comércio com a sociedade envolvente tem apontado uma alternativa de geração de renda por meio da valorização e divulgação de sua produção cultural. (Instituto Socioambiental. Povos Indígenas do Brasil. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Artes) É tarefa impossível tratar de toda a arte produzida pelos indígenas brasileiros em uma disciplina só, fazê-lo em uma unidade é ainda mais complexo, portanto não tentarei propor a realização de tal intento que já sei que será falho. Embora tenham existido diversas tribos, podemos identificar duas vertentes principais das culturas indígenas: os silvícolas (habitam florestas) e os campineiros (habitam cerrados e savanas). https://pib.socioambiental.org/pt/Artes Tendo desenvolvido a agricultura, técnica que associada às atividades de caça e pesca, proporcionou-lhes uma moradia fixa, suas atividades de produção de objetos para uso da tribo também são diversificadas e entre elas estão a cerâmica, a tecelagem e o trançado de cestos e balaios. Agora, com uma cultura menos complexa e uma agricultura com menor variedade, os campineiros apresentam artefatos tribais são menos diversificados, mas as esteiras e os cestos que produzem estão entre os mais cuidadosamente trançados pelos indígenas. (PROENÇA, 2000) Com uma grande variedade de materiais, tais como madeiras, cortiças, fibras, palmas, palhas, cipós, sementes, cocos, resinas, couros, ossos, dentes, conchas, garras e plumas as possibilidades de criação são muito amplas, um exemplo disso são os objetos trançados dos Baniwa (abaixo). BUSCANDO O CONHECIMENTO Cerâmica As peças de cerâmica que se conservaram testemunham muitos costumes dos diferentes povos índios e uma linguagem artística que ainda nos impressiona. São assim, por exemplo, as urnas funerárias lavradas e pintadas de Marajó, a cerâmica decorada com desenhos impressos por incisão dos Kadiwéu, as panelas zoomórficas dos Waurá e as bonecas de cerâmica dos Karajá. Arte plumária Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas à pura busca da beleza. Existem dois grandes estilos na criação das peças de plumas dos índios brasileiros. As tribos doscerrados fazem trabalhos majestosos e grandes, como os diademas dos índios Bororo (fig. 28.7), ou os adornos de corpo, dos Kayapó. As tribos silvícolas como a dos Munduruku e dos Kaapor fazem peças mais delicadas, sobre faixas de tecidos de algodão. Aqui, a maior preocupação é com o colorido e a combinação dos matizes. As penas geralmente são sobrepostas em camadas, como nas asas dos pássaros., Esse trabalho exige uma cuidadosa execução Máscaras Para os índios, as máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo tempo que são um artefato produzido por um homem comum, são a figurai viva do ser sobrenatural que representam (fig. 28.9). Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente em danças cerimoniais, como, por exemplo, na dança do Aruanã, entre os Karajá, quando representam heróis que mantêm a ordem do mundo. A pintura corporal As cores mais usadas pelos índios para pintar seus corpos são o vermelho muito vivo do urucum, o negro esverdeado da tintura do suco do jenipapo e o branco da tabatinga. A escolha dessas cores é importante, porque o gosto pela pintura corporal está associado ao esforço de transmitir ao corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas. São os Kadiwéu que apresentam uma pintura corporal mais elaborada. Os primeiros registros dessa pintura datam de 1560, pois ela impressionou fortemente o colonizador e os viajantes europeus. Mais tarde foi analisada também por vários estudiosos, entre os quais Lévi-Strauss, antropólogo francês que esteve entre os índios brasileiros em 1935. De acordo com Lévi-Strauss, “as pinturas do rosto conferem, de início, ao indivíduo, sua dignidade de ser humano; elas operam a passagem da natureza à cultura, do animal ‘estúpido’ ao homem civilizado. Em seguida, diferentes quanto ao estilo e à composição segundo as castas, elas exprimem, numa sociedade complexa, a hierarquia dos ‘status’. Elas possuem assim uma função sociológica. Os desenhos dos Kadiwéu são geométricos, complexos e revelam um equilíbrio e uma beleza que impressionam o observador. Além do corpo, que é o suporte próprio da pintura Kadiwéu, os seus desenhos aparecem também em couros, esteiras e abanos, o que faz com que seus objetos domésticos sejam inconfundíveis. (PROENÇA, Graça. História da Arte. 2000: p. 194-195) Fonte: PROENÇA, Graça. História da Arte. 2000: p.194 - 195 UNIDADE 03 – MARAJÓ E SANTARÉM CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Diferencias os principais estilos cerâmicos dos indígenas brasileiros. ESTUDANDO E REFLETINDO A cultura marajoara é proveniente da Ilha de Marajó (localização indicada no mapa abaixo) que foi povoada por diferentes tribos desde +/- 1.100 AEC. A fase marajoara é a quarta, de cinco fases arqueológicas identificadas da ilha, contudo, é a que apresenta a cultura mais interessante. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Mapa-da-Ilha-de-Marajo-contendo-12-municipios-limitada-pelos-Rios-Amazonas- e-Para-Baia_fig1_293332279 A fase Marajoara Chegados do noroeste da América do Sul por volta de 400 EC, o povo pertencente à fase Marajoara ocupou a porção centro-oeste da ilha e ali construiu habitações, cemitérios e sítios cerimoniais. Modelagem em cerâmica foi a expressão de maior valor histórico cultural dessa população, apresentando características antropomorfas, geométricas e bicolores, sendo divididas entre uso doméstico, cerimonial e funerário. Os primeiros são mais simples e geralmente não apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais possuem uma decoração elaborada, resultante da pintura bicromática ou policromática de desenhos feitos com incisões na cerâmica e de desenhos em relevo Dentre os outros objetos da cerâmica marajoara, tais como bancos, colheres, apitos e adornos para orelhas e lábios, as estatuetas representando seres humanos despertam um interesse especial, porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja, os estudiosos discutem ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função cerimonial. Essas estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas humanas de maneira estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da realidade. A fase Marajoara conheceu um lento mas constante declínio e, em torno de 1350, desapareceu, talvez expulsa ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha de Marajó. (PROENÇA, Graça. História da Arte. 2000: p. 192) Tigela Marajoara Fonte: https://www.museu- goeldi.br/noticias/UrnafunerriadaculturaMarajoara.png Fonte: https://www.museu- goeldi.br/noticias/TigeladaculturaMarajoara400a1400AD.png https://www.museu-goeldi.br/noticias/UrnafunerriadaculturaMarajoara.png https://www.museu-goeldi.br/noticias/UrnafunerriadaculturaMarajoara.png https://www.museu-goeldi.br/noticias/TigeladaculturaMarajoara400a1400AD.png https://www.museu-goeldi.br/noticias/TigeladaculturaMarajoara400a1400AD.png BUSCANDO O CONHECIMENTO Cultura de Santarém Diferente do ocorrido com a cultura marajoara, cuja a permanência em sua localidade foi dividida em fases, a cultura de Santarém, que ocupou a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, não foi separada por períodos de ocupação, deste modo toda a produção cultural ali encontrada foi denominada “Cultura de Santarém”, “Cultura Santarena” ou ainda, “Tapajônica”. De decoração bastante complexa, os vasos santarenos apresentam pintura e desenhos, além de ornamentos em relevo modelados com figuras de seres humanos ou animais. As cariátides são um dos recursos mais marcantes da cerâmica santarena. A cerâmica cerimonial de Santarém, atribuída aos grupos Tapajós que habitaram na região da desembocadura do rio Tapajós, no Amazonas, representa um fenômeno cultural singular. A riqueza e a complexidade das peças cerimonias a transformam num caso único. Destacam-se os vasos de cariátides, nos quais figuras femininas fazem a função de colunas que sustentam a parte superior deles, e os de gargalo, com representações e apliques zoomorfos e antropomorfos, vasilhames fechados na forma de animais, desde insetos a felinos, mas não são representações naturalistas; lembram figuras fantásticas ou heráldicas. A partir do estudo das cerâmicas de Santarém tem sido possível traçar a evolução dos grupos humanos que as fabricaram, de agricultores de floresta tropical, nos períodos mais antigos, até os cacicados hierarquizados, estabelecidos em grandes aldeias, durante a época da conquista. (BARCINSKI, Fabiana Werneck (org.). Sobre a arte brasileira. 2015: p. 55) Para além de vasos, a cultura tapajônica apresentou outras produções, tais como cachimbos e estatuetas. Embora há historiadores que as qualifiquem como similares, a cerâmica santarena apresenta maior realismo do que a cerâmica marajoara, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou animais que representam. Vaso santareno com cariátides Acervo do Museu Oswaldo Goeldi – Pará, Brasil A cerâmica de Santarém como vista acima foi produzida na região até o contato com os portugueses, contudo, por volta do século XVII, viu-se as características dessa arte se perderem com as fusões, aculturações e com a escravização dos povos ameríndios. Mais tarde na cronologia de nossa disciplina poderemos ver a influência dessa estética tapajônica na art nouveau brasileira. UNIDADE 04 – 1500: COLONIZAÇÃO E ESCRAVIDÃO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Analisar e compreender as características da arte produzida no Brasil logo após a chegada dos portugueses. ESTUDANDO E REFLETINDO Os povos indígenas tiveram importância fundamental na conquista e na colonização do território brasileiro. No entanto, na medida em que iam sendo destruídos ou incorporados à sociedadecolonial, essa importância foi sendo esquecida e apagada da memória. Como se tratava de povos sem domínio da escrita, as informações que possuímos a seu respeito provêm dos colonizadores quase sempre com olhar eurocêntrico. Nesse sentido, a arqueologia, por meio do resgate dos elementos da sua cultura material e imaterial, fornece informações que têm contribuído para mostrar a complexidade cultural, a abrangência do elemento indígena milenar na formação do povo brasileiro. O mútuo entendimento entre as sociedades indígenas e o colonizador foi muito difícil, para não dizer impossível, na medida em que se enfrentava uma sociedade centralizada, com forte hierarquia religiosa e acumuladora de riquezas e excedentes, diante de outra sem classes nem propriedades, minimalista, pulverizada em agrupações tribais de poucos indivíduos, se comparada ao mundo renascentista que as conquistava. (BARCINSKI, Fabiana Werneck (org.). Sobre a arte brasileira. 2015: p. 63) Para o historiador Frances Serge Gruzinski, “os descobrimentos europeus só têm sentido para os europeus, e as terras e povos que os europeus passam a conhecer jamais brotam do nada”. Para o europeu que encontra o ameríndio na época do descobrimento o vê vivendo de um modo que, de acordo como o seu padrão de civilidade, poderia ser considerado pecaminoso e primitivo, por andarem nus, ou socialmente organizados, com suas tribos, contudo é possível assumir que a América não surgiu do acaso do descobrimento (nem esse “descobrimento” foi por acaso), já existia um cotidiano ameríndio e a vinda dos portugueses interrompeu a dinâmica social e cultural dos primeiros habitantes da terra, impondo o modo de vida “europeu/’civilizado’”. Mapa Mundi - 1626 Fonte: http://www.worldtravelers.academic.wlu.edu Vindo como primeiro registro da ‘nova terra’ tem-se notícia de peças cartográficas e relatos manuscritos, não há grande fonte de imagens produzidas pela coroa portuguesa da existência no Brasil, em contrapartida, a vinda dos portugueses para solo brasileiro transforma as produções artísticas e culturais do povo daqui, alteram sua forma de morar, de se relacionar com a terra, de se vestir, entre outras coisas. Os portugueses que se aventuraram em residir no Brasil após 1500 tiveram como plano o extrativismo de especiarias, de pau-brasil e o uso da vasta extensão de terra para a agricultura comercial. Assim, os que se estabeleceram aqui iniciaram a lavoura de cana para produzir açúcar, item de alto valor comercial na Europa. Nesse momento os índios, também chamados negros-da-terra, foram usados como mão de obra, mas não duraram muito tempo como escravos. Há dois registros propostos pelos historiadores, há quem afirme que os indígenas tinham uma natureza coletora, não compreendiam o processo da agricultura para comércio e, por isso, não eram produtivos no trabalho do campo, além de terem sido ‘adotados’ pelos jesuítas para a conversão em cristãos. Há, ainda, outra linha de pensamento em que os indígenas não eram resistentes às doenças dos portugueses e seu convívio próximo à essa comunidade os fazia perecer, causando prejuízos aos ‘senhores’. BUSCANDO O CONHECIMENTO A expansão marítima portuguesa não chegou somente ao Brasil, antes os portugueses já haviam colonizado ou, pelo menos, criados postos avançados de comércio ao longo da costa africana, Fausto (2012) propõe que os portugueses comercializavam africanos como escravos desde 1539 na corte portuguesa, e a partir de 1541 começaram a trazer escravos negros africanos para o novo território em substituição à mão de obra de negros-da-terra. Assim, mais uma vertente cultural se assoma ao caldeirão de culturas que compõem a cultura brasileira atual. É importante lembrar que a África é um continente e não um país... dentro dela há várias nações, diferentes tribos e diferentes culturas, cada uma dessas culturas contribuiu de forma diferente para a formação cultural de nosso povo. Uma pesquisa liderada pelo médico geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de Bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisou os genes de um grupo de negros em São Paulo e apontou que 44,5% tinham uma ancestral no Centro-Oeste da África, outros 43%, na região Oeste, e o restante (12,3%), no Sudeste. Caso não tenha sofrido mutação, o DNA mitocondrial de quem viveu há centenas ou milhares de anos é idêntico ao de um descendente. Por isso, ele é chamado de marcador de linhagem. Apesar de ter sido feito em um grupo em São Paulo, o estudo pode ser considerado uma referência para o que ocorreu no resto do Brasil, já que a cidade foi e é até hoje um pólo de migração interna no país. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado por João José Reis, professor de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as regiões Centro-Oeste, Oeste e Sudeste da África contribuíram em graus variados de intensidade, dependendo do período considerado e das conexões comerciais mantidas pelos traficantes portugueses, brasileiros e africanos dos dois lados do Atlântico. Assim, os portos do Brasil podiam, por vezes, e em certos períodos, se especializar em determinadas direções do fluxo do comércio de pessoas. Durante os séculos 16, 17 e a primeira metade do século 18, os chefes políticos e mercadores da África Centro-ocidental, em particular o território presentemente ocupado por Angola, forneceram a maior parte dos escravos utilizados em todas as regiões da América portuguesa. Na época, Portugal dominava a Feitoria de Luanda - hoje capital - e Benguela, ao sul - hoje uma província angolana. Essa região aos poucos se consolidou sob o nome de Angola. Em 1975, o país conquistou sua independência. As etnias dominantes eram os ovimbundos e ambundos. Enquanto durou o tráfico transatlântico, importantes áreas importadoras, como o Rio de Janeiro, Recife e São Paulo continuaram se abastecendo sobretudo de escravos vindos dali e, mais tarde, no fim do século 18 e começo do século 19, da costa leste africana, particularmente a área hoje ocupada por Moçambique. Desde o início do século 15, os portugueses controlavam a área - situada na atual província de Nampula, no norte. As etnias que dominavam eram os macuas, os nhanjas e os tongas. [...] Saiba mais sobre as regiões com as quais o Brasil manteve contato comercial no período do tráfico negreiro e veja como nos relacionamos com eles hoje. Angola É rica em minerais, especialmente diamantes, petróleo e minério de ferro. O porto da capital, Luanda, que era uma das mais importantes portas de saída de escravos para o Brasil, hoje tem como principal atividade a exportação de café, algodão, açúcar e minerais. Graças à facilidade do idioma em comum - o português - e as boas relações políticas, intensificadas a partir do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Angola se tornou um dos principais parceiros comerciais do Brasil no continente africano, principalmente na área de construção civil. Empresas brasileiras foram responsáveis pela reconstrução do país após o fim do conflito armado, em 2002. Contudo, os investimentos têm sido duramente criticados pelas sociedades civis das duas nações por reproduzir modelos e práticas econômicas que negligenciam questões ambientais e a garantia de direitos trabalhistas. Nigéria A Nigéria é classificada como uma economia mista e um mercado emergente. É a 12º maior produtora e a oitava maior exportadora de petróleo do mundo, além de ter uma das 10 maiores reservas do recurso fóssil. Além dele, o território nigeriano também tem uma grande variedade de recursos minerais - embora essa riqueza natural ainda seja subexplorada. Do Golfo do Benin, no sul, partiam as embarcações negreiras em direção ao Brasil. Hoje, lá está localizado o porto de Lagos,maior cidade do país. É 0 principal da Nigéria e um dos maiores e mais movimentados da África. De lá são exportadas quantidades crescentes de petróleo cru - inclusive para o Brasil. É a nossa maior fornecedora de óleo bruto de petróleo, seguido de gás natural. Os principais produtos brasileiros exportados para a Nigéria são açúcar, arroz e etanol. Moçambique Tem uma economia baseada principalmente na agricultura - sendo que boa parte dela é de subsistência. Algodão, cana-de-açúcar, castanha de caju, polpa do coco e mandioca são os produtos mais fortes. O porto de Quelimane, no passado um importante centro do tráfico negreiro para o Brasil no leste africano, tem como principais funções hoje o escoamento dos produtos agrícolas e a pesca marítima. Privilegiado pela facilidade do idioma - assim como a Angola, Moçambique tem como idioma oficial o português -, o Brasil tem investimentos no país, especialmente na área de mineração de carvão. Fontes: IBGE e Rosemberg Ferracini, professor associado dos Centros Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (CEA/USP) (AMARAL, Aurélio. As origens dos negros do Brasil. Revista Nova Escola: 01 de março de 2015. Disponível em < https://novaescola.org.br/conteudo/1319/as-origens-dos-negros-do- brasil> Fonte: https://brasil500anos.ibge.gov.br/en/territorio-brasileiro-e-povoamento/negros/regioes-de-origem-dos-escravos- negros A presença da cultura das diferentes partes da África está em uma série de traços culturais podendo ser percebida na fala do brasileiro, na comida, na musicalidade, no sincretismo religioso e na própria maneira de se comportar. De tradição bantu, Angola foi um dos países que mais contribuíram para essas influências. O povo bantu é originário de várias regiões do Continente Africano, como o Sul da África e a África Central, onde fica a Angola. As várias etnias desse povo se misturaram nos navios negreiros a caminho do Brasil e, mesmo perdendo muito de sua individualidade no processo de escravização, traços fortes se mantêm até hoje. Palavras como “quitanda”, https://novaescola.org.br/conteudo/1319/as-origens-dos-negros-do-brasil https://novaescola.org.br/conteudo/1319/as-origens-dos-negros-do-brasil https://brasil500anos.ibge.gov.br/en/territorio-brasileiro-e-povoamento/negros/regioes-de-origem-dos-escravos-negros https://brasil500anos.ibge.gov.br/en/territorio-brasileiro-e-povoamento/negros/regioes-de-origem-dos-escravos-negros “cafuné”, “chamego” e “moleque” são derivadas do vocabulário de povos da região onde hoje está Angola. “São termos relacionados a práticas de relações domésticas, familiares, de festividades. A gente não percebe a profundidade da influência desses costumes. As palavras, sozinhas, aparecem como curiosidades, mas “quitanda”, por exemplo, vem das práticas comerciais, “chamego” e “cafuné”, dos modos de cuidar, educar, criar os filhos, analisa a professora de antropologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ) Luena Nunes Pereira. [...] O país também deve a Angola uma expressão artística alçada a ícone tipicamente brasileiro. O conhecido samba nasceu do semba, angolano. O semba é dançado como se fosse um sapateado em ritmo mais acelerado. “A matriz do samba é angolana. O toque do samba, a percussão, a rítmica, isso é bantu. Todas as formas musicais reconhecidas como afro- brasileiras são bantu”, explicou Luena, citando o samba, o maracatu, o jongo e o batuque. [...] Outro expoente da cultura nacional trazido pelos povos de Angola é a capoeira. A mais antiga das formas de jogar é batizada capoeira de Angola. “É uma capoeira jogada em um andamento predominantemente lento e com movimentos mais baixos”, diz o mestre Zulu, mineiro de 63 anos de idade, 48 deles dedicados à capoeira. Segundo ele, o jogo da capoeira de Angola é mais estudado, estratégico, tentando induzir o oponente ao erro. [...] (BRANDÃO, Marcelo. Influência de Angola e vista em vários traços culturais do brasileiro. Agência Brasil. 17/12/2014. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2014- 12/influencia-de-angola-e-vista-em-varios-tracos-culturais-do-brasileiro> Diversas características da nossa cultura são herdadas dos povos africanos trazidos como escravos e se perpetuaram na existência brasileira se fundindo com a cultura dos ameríndios, dos portugueses e depois com outros imigrantes que somaram ao ‘nosso caldeirão’, como os holandeses, italianos, alemães, japoneses entre tantos outros na época atual. Para conhecer mais visite a página do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo. http://cea.fflch.usp.br/artedaafrica http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2014-12/influencia-de-angola-e-vista-em-varios-tracos-culturais-do-brasileiro http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2014-12/influencia-de-angola-e-vista-em-varios-tracos-culturais-do-brasileiro http://cea.fflch.usp.br/artedaafrica UNIDADE 05 – BRASIL HOLANDÊS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Apresentar ao aluno as características da arte rupestre brasileira. ESTUDANDO E REFLETINDO O tratado de Tordesilhas e a divisão do, até então, território brasileiro em capitanias hereditárias delinearam o litoral do nordeste em algo bem próximo do que ele é hoje com suas divisões de estados. Em março de 1534 o rei Dom João III oferece a Duarte Coelho uma das 15 capitanias brasileiras e um ano depois o capitão donatário ocupa a capitania que passa a atender https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=imgres&cd=&cad =rja&uact=8&ved=2ahUKEwjn5JvFw- _dAhWDHZAKHe_EAXIQjRx6BAgBEAU&url=https%3A%2F%2Fnovaescola.org.br% 2Fconteudo%2F6617%2Fo-brasil- holandes&psig=AOvVaw3WIT4QPG7XhsUjIRdVPLpf&ust=1538836693407638 https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/at las/mapas_brasil/brasil_politico.pdf A linha imaginária do Tratado de Tordesilhas passava, aproximadamente, onde hoje se passa o meridiano -50º. Contudo, é importante lembrar que os portugueses não ocuparam a parte mais interna do território, permanecendo durante mais de um século bem próximos do litoral, o que explicaria a manutenção das divisões https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_politico.pdf https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_politico.pdf https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_politico.pdf por Capitania de Pernambuco, funda a vila de Igaraçu ao norte de sua capitania e prepara a fundação de Olinda, que seria, mais tarde, a capital de Nova Lusitânia. Duarte Coelho realizou grande extração de pau-brasil e criou um latifúndio de produção de açúcar, após sua morte, Dona Brites de Albuquerque, esposa de Duarte Coelho, assume os negócios, fato extraordinário, a considerar que pela primeira vez uma mulher assumiu o governo de um distrito no continente americano, e pode-se ver as referências a ela como “capitoa” nos documentos ainda existentes. Depois dela, Jorge de Albuquerque Coelho, seguiu no comando os engenhos e ampliou de 5 registrados em 1542, para 23 em 1570, 66 em 1583 e 99 engenhos em 1612. [...] Holandeses As notícias a respeito das riquezas e das oportunidades de ganho rapidamente correram por toda a Europa e Pernambuco entrou na rota de piratas e invasores. Franceses atacaram o porto do Recife em 1565 e ingleses em 1595. Mas foi em 1630 que ocorreu a invasão mais duradoura e com maiores consequências: a da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, uma empresa privada sediada em Amsterdã com capital formado pelo investimento de grandes e pequenos acionistas. A presença holandesa durou até 1654. Do ponto de vista econômico, representou um momento negativo para Pernambuco, uma vez que a produção do açúcar se desorganizou em virtude dos conflitos armados que marcam operíodo. Uma vez expulsos de Pernambuco, os holandeses abririam novas áreas de produção no Caribe que passaram a concorrer diretamente com o até então soberano açúcar pernambucano. A passagem por Pernambuco do Conde alemão João Maurício de Nassau- Siegen (entre 1637 e 1644), contratado como administrador das conquistas, foi marcada por uma série de ações pioneiras. Nassau trouxe consigo cientistas e artistas que vão, pela primeira vez no Brasil, realizar estudos sistemáticos sobre a natureza, bem como registrar com grande apuro técnico a paisagem e os habitantes da terra. Eis aí o tesouro de informações contidas nos escritos do astrônomo Marcgrav e do naturalista Piso, e nas telas e desenhos de Frans Post, Albert Eckouht e Zacharias Wagener. Sob o mando de Nassau, o Recife converte-se na mais importante cidade litorânea do Atlântico Sul, sendo alvo de intervenções urbanísticas que fizeram surgir ruas calçadas, drenagem, mercados, palácios e as duas primeiras pontes de grande envergadura do Brasil. a principal delas, construída pelo judeu português Baltazar da Fonseca. Apesar de ser calvinista, Nassau permitiu uma convivência minimamente pacífica entre católicos, protestantes e judeus, dando-lhes liberdade de culto. Graças a esta política de tolerância, foi possível ver surgir no Recife as duas primeiras sinagogas das Américas, a primeira delas – chamada Kahalzur Israel – recuperada arqueologicamente e aberta à visitação na rua do Bom Jesus, bairro do Recife.[3]. O governo de Nassau durou de 1637 a 1644. Após desentendimentos com a Companhia, retirou-se para a Europa.[4] Sua saída de Pernambuco desfez o precário equilíbrio local construído nos anos de seu governo, intensificando o combate contra os invasores que acabariam expulsos após 9 anos de renhidas lutas. Um exército improvisado e mal aprovisionado pelo rei de Portugal conseguiu fazer frente a uma poderosa máquina de guerra. A vitória dos luso-pernambucanos, conseguida sobremaneira com recursos humanos e materiais locais, deu aso a um sentimento nativista e a uma atitude de confrontação com os poderes centrais que a partir daí caracterizam a história da capitania. Os senhores de engenho pernambucanos, pouco a pouco metamorfoseados em uma “nobreza da terra”, passaram a exigir um tratamento diferenciado da coroa portuguesa, o que provocaria sérios atritos nas décadas seguintes.[5] (CABRAL DE SOUZA, George. "Capitania de Pernambuco". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Capitania_de_Pernambuco. Data de acesso: 5 de agosto de 2018.) BUSCANDO O CONHECIMENTO A arte produzida no Brasil durante a ocupação holandesa no Nordeste tem dois principais pintores: Albert Eckhout e Frans Post. Não é uma “arte brasileira” no sentido estético, mas é produzida durante algum tempo em solo brasileiro e apresenta temática brasileira. A estética permanece holandesa, o trabalho de composição, as cores, a luz, tudo, exceto o tema, remete a forma de pintar própria dos holandeses. Acredita-se, pelo portfólio dos artistas que Post tenha sido contratado para representar paisagens e topografias, enquanto Eckhout deveria fazer registros etnográficos e de história natural. Valéria Piccoli apresenta a seguinte análise em seu artigo Nessas primeiras obras de Post, prevalece o tom de uma paisagem topográfica, em que importa a exatidão do registro dos pontos estratégicos do domínio holandês sobre o território, de que ´exemplo o forte Frederik Hendrik, de 1640. A essa precisão se sobrepõem os esquemas compositivos que caracterizam o gênero da pintura de paisagem holandesa do século XVII. O primeiro plano introduzido em diagonal, à contraluz, marcado pela presença de uma árvore a acentuar a verticalidade, é solução frequente http://lhs.unb.br/atlas/Capitania_de_Pernambuco nessas obras. Também o são os caminhos e rios que cruzam a paisagem, conduzindo o olhar e acentuando a impressão de profundidade e extensão da vista (PICCOLI, Valéria. O olhar estrangeiro e a representação do Brasil. In: Sobre arte brasileira. 2015. p. 67) FRANS POST - PAISAGEM COM RIO E FLORESTA PAISAGEM com Rio e Floresta. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra14451/paisagem-com-rio-e-floresta>. Acesso em: 08 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 FRANS POST - VISTA DAS RUÍNAS DA SÉ DE OLINDA VISTA das Ruínas da Sé de Olinda. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra14456/vista-das-ruinas-da-se-de-olinda>. Acesso em: 08 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 FRANS POST - PAISAGEM COM JIBÓIA PAISAGEM com Jibóia. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra9095/paisagem-com-jiboia>. Acesso em: 08 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 Conseguiu perceber a constância na composição de Frans Post? Mesmo representando o Brasil em suas pinturas, o artista o retrata com uma atmosfera holandesa. Já Albert Eckhout apresenta retratos e naturezas mortas, admite-se na obra dele um arcabouço do Brasil no período, contudo, é necessário colocar ressalvas ao aceitar a imagem do Brasil através dos olhos de um estrangeiro. É sabida a importância dos Países Baixos na constituição de uma cultura visual ancorada no saber científico advindo da observação direta dos fenômenos da natureza. Sendo Eckhout, assim como Post, artista oriundo desse contexto cultural, não espanta que seus retratos etnográficos tenham sido, durante muito tempo, admirados mais pela correção etnográfica do que pelo seu valor artístico. De fato, as vestimentas, os objetos e os utensílios são representados com extremo cuidado, encontrando exta correspondência em pelas que pertenceram à coleção etnográfica de Nassau, algumas conservadas hoje no mesmo museu de Copenhague. Contudo, a análise da composição dessas pinturas revela também uma intenção narrativa bastante explícita. Nenhum elemento é meramente decorativo, atuando, ao contrário, como atributo que serve a esclarecer as atividades em que estão envolvidos os personagens e, sobretudo, qual o seu papel na complexa hierarquia social do Brasil holandês Assim, o selvagem casal tapuia se oporia ao quase civilizado casal Tupi, enquanto o Mulato e a mameluca indicariam possibilidades de entrecruzamento entre as raças. A Africana, representada em solo brasileiro (como sinalizam a carnaubeira e o mamoeiro), seria a escrava originária de Angola, naquele contexto, o maior porto fornecedor de cativos para o Novo Mundo. O Africano estaria no litoral da África (como indica a tamareira ao seu lado), sendo natural da Guiné, região em que a WIC (Companhia da Índias Ocidentais Holandesa) negociava marfim e ouro. Assim, no conjunto de negros sinalizaria as relações econômicas mantidas entre a colônia holandesa no Brasil e a África. (PICCOLI, Valéria. O olhar estrangeiro e a representação do Brasil. In: Sobre arte brasileira. 2015. p. 69) ALBERT ECKHOUT - ÍNDIO TARAIRIU ALBERT ECKHOUT - ÍNDIO TUPI ÍNDIO Tarairiu (Tapuia). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra24484/indio- tarairiu-tapuia>. Acesso em: 08 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 ÍNDIO Tupi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra14528/indio-tupi>. Acesso em: 08 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 ALBERT ECKHOUT - HOMEM MESTIÇO HOMEM Mestiço. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra24487/homem-mestico>. Acesso em: 08 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 UNIDADE 06 – BARROCO NO BRASIL CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Apresentar ao aluno as características da arte rupestre brasileira. ESTUDANDO E REFLETINDO O Barroco foi um movimento que se desenvolveu aqui durante o século XVIII e início do século XIX, associado ao catolicismo, apresenta diversos exemplares de igrejas, mas também tem representação em construções laicas como cadeias, câmaras municipais, moradias de pessoas ilustres e equipamentos urbanos com nítidas características barrocas. Pode-se separar o barroco brasileiro em duas vertentes. Nas regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos igrejas com trabalhos em relevo feitos em madeira — as talhas — recobertas por finas camadas de ouro, com janelas, cornijas e portadas decoradas com detalhados trabalhos de escultura. É o caso das construções barrocas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Já nas regiões onde não existia nem açúcar nem ouro, a arquitetura teve outra feição. Aí as igrejas apresentam talhas modestas e trabalhos realizados por artistas menos experientes e famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas da época. Dessa forma, para melhor conhecermos as construções barrocas brasileiras, vamos examinar cada região separadamente. (PROENÇA, Graça. História da Arte. 2000: p. 197) Os primeiros sinais da chegada do barroco são ainda na segunda metade do século XVII, e surgem nas principais cidades do nordeste do país, como Salvador, que era o porto de maior fluxo e assim acumulou riquezas e teve influências culturais advindas dessa situação. BUSCANDO O CONHECIMENTO Barroco nas regiões ricas O Barroco como estilo sofreu interferência do meio no Brasil, as regiões mais ricas produziram exemplares distintos dos produzidos nas regiões onde não havia exploração de minérios. Grande diferenciação entre o barroco produzindo nas regiões mais ricas é o interior das igrejas. Como exemplo, Graça Proença (2000) apresenta a igreja de São Francisco, com uso intenso de dourado que recobre as colunas, os ornamentos dos altares e as paredes é complementado pelos painéis que decoram o teto da nave central. O espaço interno divide-se em três naves: uma central e duas laterais. As naves laterais são mais baixas que a nave central e nelas se encontram os altares menores, que são também guarnecidos por grande número de trabalhos com motivos florais e arabescos dourados, anjos e atlantes (fig. 1). Na fachada, o frontão de linhas curvas é o elemento barroco mais caracterizador da parte externa da igreja (fig. 2). Nessa época, Salvador tinha uma importância muito grande, pois não era apenas o centro econômico da região mais rica do Brasil, mas também a capital do país. Por isso, em Salvador e em todo o Nordeste, encontramos igrejas riquíssimas, como a igreja e o convento de São Francisco de Assis, na capital baiana, cujo interior todo revestido de talha dourada lhe conferiu o título de “a igreja mais rica do Brasil”. Assim, a beleza da talha, dos azulejos portugueses que decoram o claustro do convento e da fachada externa esculpida em pedra faz do conjunto arquitetônico formado pela igreja e convento de São Francisco e pela igreja da Ordem Terceira de São Francisco a construção barroca mais conhecida de Salvador. (PROENÇA, Graça. História da Arte. 2000: p. 197) Contudo, não é somente o interior das igrejas que apresentam grande profusão de ornamentos, a fachada da igreja da Ordem Terceira de São Francisco mostra um trabalho caprichoso de escultura decorando a arquitetura. Recife teve grande crescimento econômico no século XVIII, pois sediou a Companhia Comercial de Pernambuco e Paraíba, produtora e comerciante de açúcar, tabaco, algodão e de madeira de lei. São dessa época as construções barrocas mais cuidadas, que ainda hoje testemunham o período de riqueza da capital pernambucana. Barroco nas regiões pobres Os moradores da cidade de São Paulo, fundada na metade do século XVI, não conheceram o desenvolvimento econômico vivido por outras regiões da colônia. Por isso, no século XVII, quando chegaram as informações de que havia ouro em Minas Gerais, os paulistas organizaram suas famosas bandeiras e introduziram-se nas atividades de mineração. Enquanto os bandeirantes partiam e fundavam muitas vilas prósperas no interior de Minas Gerais, a cidade de São Paulo permanecia estagnada e a vida urbana era monótona e sem perspectivas. (PROENÇA, Graça. História da Arte. 2000: p. 202) Deste modo a sociedade paulista não investiu grandes somas de dinheiro na construção de prédios públicos e igrejas, não o fez por não ter dinheiro para investir, fazendo com que as ordens construíssem igrejas mais modestas. A cidade de São Paulo está em constante mudança e das poucas e modestas construções, sobraram ainda menos. Contudo, ainda é possível conhecer a estética barroca produzida no período através do conjunto formado pela igreja e pelo convento da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência e a igreja e o convento de Nossa Senhora da Luz. Fig. 02 Fig. 01 A igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, localizada no largo de São Francisco, teve seu início numa capela muito simples, cuja construção data de 1676. Mas em 1782 foi decidida a construção da igreja definitiva tal como a conhecemos hoje. Nela destacam-se os altares de Nossa Senhora da Conceição e de São Miguel, ambos do século XVIII. Ao lado dessa igreja fica a do convento de São Francisco', externamente, ambas formam um conjunto que ainda testemunha o aspecto sóbrio e modesto do Barroco paulista (fig. 29.12). Igreja da Ordem Terceira de São Francisco – São Paulo / SP Imagem da Igreja anexa ao convento (hoje Faculdade de Direito do Largo São Francisco - USP) antes da reforma. Fora a atividade arquitetônica que se mostrava simples na região de São Paulo, a pintura e a escultura também eram bastante simples, isso porque não havia grandes artistas visitando a região e os que produziam artefatos religiosos (os mais produzidos no período) não tinham instrução para fazê-lo, então produziam peças rústicas, primitivas de barro cozido. Dentre os artistas do período na região destacamos Frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1818) SÃO Marcos. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra24181/sao-marcos>. Acesso em: 16 de Jun.. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 Ao lado – O Convento e a Igreja de Nossa Senhora da Luz, também em São Paulo. Hoje o prédio reformado abriga, também o Museu de Arte Sacra. UNIDADE 07 – ALEIJADINHO E MESTRE ATAÍDE CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Apresentar ao aluno as características do Barroco Mineiro através das obras de Aleijadinho em contraponto com as obras de Mestre Ataíde ESTUDANDO E REFLETINDO Como dito no capítulo anterior, os paulistas, em busca de ouro, organizaram as bandeiras e foram desbravar terras mineiras. Antônio Dias, paulista de Taubaté, foi o primeiro a chegar na região que hoje é conhecida por Ouro Preta e, mais tarde, estabeleceu o caminho entre Minas Gerais e Rio de Janeiro. Esse movimento em busca de riquezas fez com que a região crescesse e se desenvolvesse em vilarejos comoVila Rica, Mariana, Sabará, Congonhas do Campo, São João dei Rei, Caeté, Catas Altas. A região não favorecia o uso da técnica construtiva utilizada em São Paulo (a taipa de pilão) e assim, o método construtivo adotado foram as paredes de pedra, contudo, essa técnica foi desenvolvida aos poucos e a taipa utilizada não permitia espaços elaborados, criando construções retangulares. Para alterar a configuração dos espaços internos os arquitetos barrocos passaram utilizar painéis de madeira decorados. Recorte do livro História da Arte de Graça Proença, pág. 205 Parede externa de Taipa de Pilão Painel interno de Madeira decorada BUSCANDO O CONHECIMENTO Aleijadinho Antônio Francisco Lisboa nasceu na antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais, no ano de 1738 e morreu também em Vila Rica em 1814. Foi escultor, entalhador, arquiteto e carpinteiro. Não há consenso entre os historiadores sobre sua vida, há quem postule que Aleijadinho nem existiu, contudo, é persona de grande destaque da história da arte brasileira, sendo sua primeira grande obra individual o chafariz para o Palácio dos Governadores de Ouro Preto em 1752. Em 1758 ele esculpe o que será considerada a primeira obra do ‘barroco tardio’ ou ‘barroco mineiro’, o chafariz do Hospício da Terra Santa. Há divergências também quanto ao estilo desenvolvido por Aleijadinho, ele é nomeado como barroco, barroco tardio ou mineiro e ainda como rococó, já que o artista usa cores mais suaves e adornos de conchas e volutas, características presentes no rococó europeu. Em 1777, é diagnosticado com uma doença grave que deforma os membros de seu corpo, principalmente suas mãos. Mesmo assim, segue seu trabalho, executado com a ajuda de auxiliares. No início dos anos 1790, passa a ser chamado pelo apelido Aleijadinho por conta da sua doença. Em 1796, conclui 64 esculturas de madeira que representam cenas da Paixão de Cristo, em Congonhas do Campo. Três anos mais tarde, finaliza as 12 esculturas dos profetas, localizadas no adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, na mesma cidade. (ALEIJADINHO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8614/aleijadinho>. Acesso em: 16 de jun. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7) Os Doze Profetas (1794 a 1804) – Aleijadinho - Adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. (Congonhas do Campo/MG) (escultura em pedra-sabão) Capela da Última Ceia, primeira das seis que compõem os ‘Passos da Paixão de Cristo’ esculpidos entre 1796 e 1799. (Congonhas do Campo/MG) (escultura em madeira) Mestre Ataíde Manoel da Costa Athaide nasceu em 1762 e morreu em 1830 em Mariana, Minas Gerais, onde foi pintor, dourador, encarnador e entalhador. Foi um artista importante do período barroco, juntamente com Bernardo Pires da Silva, Antônio Martins da Silveira, João Batista de Figueiredo, entre outros, fundou a que se chamou ‘Escola de Mariana’. As principais obras de Mestre Ataíde são os painéis pintados na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Ouro Preto, (1801 a 1812) e o forro da capela- mor da Igreja Matriz de Santo Antônio na cidade de Santa Bárbara Entre 1781 e 1818 é responsável por encarnar e dourar as imagens que Aleijadinho produz para o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo. Como os artistas-artesãos da época, Athaide segue cânones importados de Portugal. Em geral, as cenas a serem executadas eram copiadas de gravuras e estampas de missais e livros sagrados, sendo o artista responsável apenas pela adaptação da imagem ao espaço e aos recursos técnicos disponíveis. Por exemplo, no caso dos seis painéis imitando azulejo (executados entre 1803 e 1804), que representam cenas da vida de Abraão e decoram a capela-mor da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, Athaide copia seis gravuras de uma edição francesa da Bíblia ilustrada por Demarne. [...] Em comparação com elas, percebe-se um caráter intimista no tratamento das cenas e uma maior expressividade do desenho, que elimina o aspecto solene presente no modelo. Essa linha expressiva que tende a criar corpos volumosos e lânguidos, que quase não conhece ângulos retos e transforma a anatomia dos corpos em traços curvos, é uma das características mais marcantes da obra de Athaide. No que diz respeito à pintura de perspectiva de forro, o artista mineiro segue esquema de inspiração rococó elaborado em meados da segunda metade do século XVIII, em Minas Gerais: medalhão em forma de "quadro recolocado" emoldurado de rocalhas e colocado no centro do teto, sendo sustentado por maciços elementos arquitetônicos (pilastra, coluna, arco e frontão curvilíneo), que assentam na parte média das paredes reais da igreja. [...] a paleta do artista, rica em tons de vermelho, azul, branco, amarelo, sépia e marrom, deve ser compreendida segundo os padrões do período. O alto valor artístico de Manoel da Costa Athaide encontra-se na superioridade técnica de suas realizações, marcadas pelo perfeito desenho de perspectiva e corpos em escorço, pela harmonia cromática e pelo já citado desenho altamente expressivo. No entanto, o artista também ficou conhecido por seus anjos e virgens mulatos, cuja inspiração teria encontrado em sua companheira e seus filhos. (MANOEL da Costa Athaide. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8486/manoel-da-costa- athaide>. Acesso em: 16 de jul. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7) Como forma de aprofundar o conhecimento sobre o Barroco Tardio fica indicada a leitura do livro Aleijadinho e o Santuário de Congonhas, de Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira, disponível no site do IPHAN. Clique no link abaixo. http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/ColRotPat1_AleijadinhoSantuarioCongonhas.pdf DEUS aparece a Abraão (alizares da capela- mor). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obr a24474/deus-aparece-a-abraao-alizares- da-capela-mor>. Acesso em: 16 de Jun.2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 ASSUNÇÃO da Virgem (forro da nave). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte ASSUNÇÃO da Virgem (forro da nave). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obr a14507/assuncao-da-virgem-forro-da- nave>. Acesso em: 16 de Jun. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/ColRotPat1_AleijadinhoSantuarioCongonhas.pdf UNIDADE 08 – 1808 E A MISSÃO FRANCESA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Oferecer ao aluno subsídios para compreender a influência da missão francesa, suas causas e repercussão. ESTUDANDO E REFLETINDO Em 1808 a família real portuguesa vem ao Brasil para fugir do conflito entre Napoleão e a Inglaterra. Dom João VI e a corte (15 000 pessoas) chegaram na Bahia, mas se estabeleceram no Rio de Janeiro, onde o rei iniciou uma série de reformas administrativas, sócio-econômicas e culturais, com a intensão de torna-lo apto às necessidades da monarquia, criando, então, fábricas e instituições como o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o Museu Real e a Imprensa Régia. Assim tem início forte influência da cultura europeia que se acentua com a vinda da Missão Artística Francesa, após oito anos da mudança da corte portuguesa para o Brasil. Eliane Dias ainda pontua que o nome dado ao grupo, Missão, sugere o colonialismo, como se a missão, assim como as antigas missõesjesuíticas, tivesse fundo civilizatório da colônia com a cultura ‘mais avançada’ encontrada na Europa. A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil em 1816, chefiada por Joachim Le Breton. Dela faziam parte, entre outros artistas, Nicolas- Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret e Auguste-Henri-Victor Grandjean de Montigny. Esse grupo organizou, em agosto de 1816, a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios. Essa instituição teve seu nome alterado muitas vezes, até ser transformada, em 1826, na Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Taunay (1755-1830) é considerado uma das figuras mais importantes da Missão Francesa. Na Europa, participou de várias exposições e na corte de Napoleão foi muito requisitado para pintar cenas de batalha. No Brasil, as pinturas de paisagens foram suas criações mais famosas. Durante os cinco anos que permaneceu aqui, produziu cerca de trinta paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas. Entre elas está Morro de Santo Antônio em 1816. Debret (1768-1848) é certamente o artista da Missão Francesa mais conhecido pelos brasileiros, pois seus trabalhos, que documentam a vida no Brasil durante o século XIX, são muito reproduzidos nos livros escolares. Em 1791, Debret já era um artista premiado na Europa e, nos primeiros anos do século XIX, recebia encomendas da corte francesa para pintar quadros com temas relacionados ao Imperador Napoleão. Em 1816, tendo decidido viajar, veio para o Brasil, aqui permanecendo até 1831. Além dessa construção, destacam-se como edifícios neoclássicos da época a Casa da Moeda e o Solar dos Marqueses de Itamarati. Esse último foi projetado por José Maria Jacinto Rebelo, aluno de Montigny. O Solar dos Marqueses serviu posteriormente de sede ao Ministério das Relações Exteriores, com o nome de Palácio do Itamarati, durante o período em que a cidade do Rio de Janeiro foi a capital do país. (PROENÇA, Graça) LARGO DA CARIOCA – Nicolas-Antoine Taunay ACLAMAÇÃO DE DOM PEDRO – Jean-Baptiste Debret LARGO da Carioca em 1816. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org .br/obra1099/largo-da-carioca-em- 1816>. Acesso em: 16 de Jun. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 ACLAMAÇÃO de D. Pedro. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org .br/obra1198/aclamacao-de-d- pedro>. Acesso em: 16 de Jun. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 MARACUJÁ – Jean-Baptiste Debret A Academia e Escola de Belas-Artes deu início aos cursos em 1826, e Manuel de Araújo Porto Alegre esteve na primeira turma a frequentar as aulas de pintura e arquitetura. Depois foi professor de desenho e pintura, crítico de arte, poeta e escritor e depois de quase trinta anos de ter entrado na academia como aluno, foi seu diretor, contudo, os alunos que mais se destacaram foram August Müller e Agostinho José da Mota. August Müller era alemão, mas se mudou para o Rio de Janeiro quando criança, a maior parte de seu trabalho é pintura histórica, retrato e paisagem. O expressivo Retrato de Grandjean de Montigny é o exemplo mais conhecido de seu talento. RETRATO de Grandjean de Montigny. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obr a5887/retrato-de-grandjean-de- montigny>. Acesso em: 16 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 MARACUJÁ . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org .br/obra61284/maracuja>. Acesso em: 16 de Jun. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 BUSCANDO O CONHECIMENTO A burguesia carente de status e em busca de ‘refinamento’ atraía outros pintores europeus, bem como a luz e o calor dos trópicos. Alguns desses pintores se juntaram à Missão Francesa, outros não, e os mais importantes desses que não trabalharam na Academia foram Thomas Ender e Johann-Moritz Rugendas. Thomas Ender (1793-1875) nasceu na Áustria e veio para o Brasil em 1817 na comitiva da Princesa Leopoldina. Não sendo um artista da Missão, viajou pelo interior dos estados de São Paulo e do Rio de janeiro, registrando paisagens e cenas cotidianas. CASERNA EM MATA PORCOS – Thomas Ender Johann-Moritz Rugendas (1802-1868), era alemão e ficou no Brasil no período de 1821 a 1825, tendo viajado para o México, Chile, Argentina, Bolívia e Uruguai, onde, como aqui, registrou a paisagem e o cotidiano desses povos através do desenho e da aquarela. De sua passagem por aqui produziu um livro, Viagem Pitoresca Através do Brasil. Além disso, pintou retratos a óleo de Dom Pedro II e da Princesa Dona Januária. KASERNE zu Mata Porcos [Caserna em Mata Porcos]. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra5 9612/kaserne-zu-mata-porcos>. Acesso em: 16 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 CACHOEIRA de Ouro Preto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra61531/cachoeira-de- ouro-preto>. Acesso em: 16 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 CACHOEIRA EM OURO PRETO Johann-Moritz Rugendas UNIDADE 09 – ACADEMICISMO BRASILEIRO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Apresentar ao aluno as características do academicismo brasileiro. ESTUDANDO E REFLETINDO Durante o período imperial, o Brasil teve uma economia relativamente próspera advinda do café e presenciou alguma estabilidade política após a assunção de Dom Pedro II ao governo. Nesse período Dom Pedro procurou oferecer desenvolvimento cultural baseado no incentivo às letras, às ciências e às artes, que se identificam esteticamente com os modelos europeus classicistas, é nesse contexto histórico que surgem Pedro Américo, Almeida Júnior e Vítor Meireles. Vítor Meireles de Lima (1832-1903) Nascido em Florianópolis (até então chamada de Desterro) foi para o Rio de Janeiro ainda jovem para estudar na Academia Imperial de Belas-Artes, onde teve a oportunidade de viajar pela Europa, como premiação nos estudos, e essa viagem o influenciou profundamente, foi durante essa viagem, quando estava em Paris, que pintou ‘A Primeira Missa no Brasil’ (1861), sua obra mais famosa. Em 1862, de volta às terras brasileiras, pinta Moema (referência ao poema de Durão – Caramuru). Seus temas mais trabalhados estão os históricos, os bíblicos e retratos. MOEMA – Vítor Meireles • • • MOEMA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1068/moema>. Acesso em: 17 de Out. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 XLII Perde o lume dos olhos, pasma e treme, Pálida a cor, o aspecto moribundo; Com mão já sem vigor, soltando o leme, Entre as salsas escumas desce ao fundo. Mas na onda do mar, que, irado, freme, Tornando a aparecer desde o profundo, - Ah Diogo cruel! - disse com mágoa,- E sem mais vista ser, sorveu-se na água. XLIII Choraram da Bahia as ninfas belas, Que nadando a Moema acompanhavam; E vendo que sem dor navegam delas, À branca praia com furor tornavam: Nem pode o claro herói sem pena vê-las, Com tantas provas, que de amor lhe davam; Nem mais lhe lembra o nome de Moema, Sem que amante a chore, ou grato gema. DURÃO, Santa Rita. Caramuru. Rio de Janeiro, Agir (coleção
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