Prévia do material em texto
1 CURSO DE CAPACITAÇÃO EM MATEMÁTICA LÚDICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I ATENÇÃO: Se ainda não adquiriu seu Certificado de 35 Horas pelo valor promocional de R$ 67,00, adquira clicando no link abaixo, antes que a promoção acabe: https://bit.ly/2EZRCgV (Se o link não funcionar ao clicar, copie o link, cole-o no seu navegador e dê enter) IMPORTANTE: Certificado válido em todo o território nacional, com todos os requisitos para ser validado nas faculdades e outras instituições. Veja um Modelo do Certificado: OBS: Os materiais abaixo estão disponíveis livremente na Internet e foram selecionados por nossos especialistas para compor o material do Curso gratuito. https://bit.ly/2EZRCgV 2 BEM-VINDO AO CURSO! Curso de Capacitação em Matemática Lúdica no Ensino Fundamental I DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO • O objetivo principal é aprender o conteúdo, e não apenas terminar o curso. • Leia todo o conteúdo com atenção redobrada, não tenha pressa. • Explore as ilustrações explicativas, pois elas são fundamentais para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o conteúdo. • Quanto mais aprofundar seus conhecimentos mais se diferenciará dos demais alunos dos cursos. • O aproveitamento que cada aluno tem é o que faz a diferença entre os “alunos certificados” e os “alunos capacitados”. • A aprendizagem não se faz apenas no momento em que está realizando o curso, mas também durante o dia-a-dia. Ficar atento às coisas que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que foi aprendido. • Aplique o que está aprendendo. O aprendizado só tem sentido quando é efetivamente colocado em prática. 3 Sumário DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO .................. 2 MÓDULO I - HISTÓRIA DA MATEMÁTICA ........................................ 4 MÓDULO II - CURRÍCULO DE MATEMÁTICA DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ................................................................. 14 MÓDULO III - A PRÁTICA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA DOS ANOS INICIAIS: DA FORMAÇÃO INICIAL AO COTIDIANO DA AÇÃO EDUCATIVA ............................................................................ 18 MÓDULO IV – O QUE É LUDICIDADE? ............................................... 39 1. A ETOLOGIA E O COMPORTAMENTO DE BRINCAR HUMANO.. .................................................................................................. .40 2. BREVE HISTÓRICO DO BRINCAR ................................................. 42 MÓDULO V - A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ...................................................................... 55 MÓDULO VI - O LÚDICO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DA MATEMÁTICA – PARTE I ...................................................................... 55 MÓDULO VI – PARTE II - JOGOS MATEMÁTICOS PARA SÉRIES INICIAIS ................................................................................................... 106 4 MÓDULO I - HISTÓRIA DA MATEMÁTICA1 Por volta dos séculos IX e VIII A.C., a matemática engatinhava na Babilônia. Os babilônios e os egípcios já tinham uma álgebra e uma geometria, mas somente o que bastasse para as suas necessidades práticas, e não de uma ciência organizada. Na Babilônia, a matemática era cultivada entre os escrivas responsáveis pelos tesouros reais. Apesar de todo material algébrico que tinham os babilônios e egípcios, só podemos encarar a matemática como ciência, no sentido moderno da palavra, a partir dos séculos VI e V A.C., na Grécia. A matemática grega se distingue da babilônica e egípcia pela maneira de encará-la. 1 Módulo I – reprodução total - HISTÓRIA DA MATEMÁTICA - Fonte: LISA - Biblioteca da Matemática Moderna/Publicado por: Equipe Brasil Escola – disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/matematica/historia-matematica.htm 5 Os gregos fizeram-na uma ciência propriamente dita sem a preocupação de suas aplicações práticas. Do ponto de vista de estrutura, a matemática grega se distingue da anterior, por ter levado em conta problemas relacionados com processos infinitos, movimento e continuidade. As diversas tentativas dos gregos de resolverem tais problemas fizeram com que aparecesse o método axiomático-dedutivo. O método axiomático-dedutivo consiste em admitir como verdadeiras certas preposições (mais ou menos evidentes) e a partir delas, por meio de um encadeamento lógico, chegar a proposições mais gerais. As dificuldades com que os gregos depararam ao estudar os problemas relativos a processos infinitos (sobretudo problemas sobre números irracionais) talvez sejam as causas que os desviaram da álgebra, encaminhando-os em direção à geometria. Realmente, é na geometria que os gregos se destacam, culminando com a obra de Euclides, intitulada "Os Elementos". Sucedendo Euclides, encontramos os trabalhos de Arquimedes e de Apolônio de Perga. Arquimedes desenvolve a geometria, introduzindo um novo método, denominado "método de exaustão", que seria um verdadeiro germe do qual mais tarde iria brotar um importante ramo de matemática (teoria dos limites). 6 Apolônio de Perga, contemporâneo de Arquimedes, dá início aos estudos das denominadas curvas cônicas: a elipse, a parábola, e a hipérbole, que desempenham, na matemática atual, papel muito importante. No tempo de Apolônio e Arquimedes, a Grécia já deixara de ser o centro cultural do mundo. Este, por meio das conquistas de Alexandre, tinha- se transferido para a cidade de Alexandria. Depois de Apolônio e Arquimedes, a matemática graga entra no seu ocaso. A 10 de dezembro de 641, cai a cidade de Alexandria sob a verde bandeira de Alá. Os exércitos árabes, então empenhados na chamada Guerra Santa, ocupam e destroem a cidade, e com ela todas as obras dos gregos. A ciência dos gregos entra em eclipse. Mas a cultura helênica era bem forte para sucumbir de um só golpe; daí por diante a matemática entra num estado latente. Os árabes, na sua arremetida, conquistam a Índia encontrando lá um outro tipo de cultura matemática: a Álgebra e a Aritmética. Os hindus introduzem um símbolo completamente novo no sistema de numeração até então conhecido: o ZERO. Isto causa uma verdadeira revolução na "arte de calcular". 7 Dá-se início à propagação da cultura dos hindus por meio dos árabes. Estes levam à Europa os denominados "Algarismos arábicos", de invenção dos hindus. Um dos maiores propagadores da matemática nesse tempo foi, sem dúvida, o árabe Mohamed Ibn Musa Alchwarizmi, de cujo nome resultaram em nossa língua as palavras algarismos e Algoritmo. Alehwrizmi propaga a sua obra, "Aldschebr Walmakabala", que ao pé da letra seria: restauração e confonto. (É dessa obra que se origina o nome Álgebra). A matemática, que se achava em estado latente, começa a se despertar. No ano 1202, o matemático italiano Leonardo de Pisa, cognominado de "Fibonacci" ressuscita a Matemática na sua obra intitulada "Leber abaci" na qual descreve a "arte de calcular" (Aritmética e Álgebra). Nesse livro Leonardo apresenta soluções de equações do 1º, 2º e 3º graus. Nessa época a Álgebra começa a tomar o seu sapecto formal. Um monge alemão. Jordanus Nemorarius já começa a utilizar letras para significar um número qualquer, e ademais introduz os sinais de + (mais) e - (menos) sob a forma das letras p (plus = mais) e m (minus = menos). Outro matemático alemão, Michael Stifel, passa a utilizar os sinais de mais (+) e menos (-), como nós os utilizamos atualmente. É a álgebra que nasce e se põe em franco desenvolvimento. 8 Tal desenvolvimento é finalmente consolidado na obra do matemático francês, François Viete, denominada "Algebra Speciosa". Nela os símbolos alfabéticos têm uma significaçãogeral, podendo designar números, segmentos de retas, entes geométricos etc. No século XVII, a matemática toma nova forma, destacando-se de início René Descartes e Pierre Fermat. A grande descoberta de R. Descartes foi sem dúvida a "Geometria Analítica" que, em síntese, consiste nas aplicações de métodos algébricos à geometria. Pierre Fermat era um advogado que nas horas de lazer se ocupava com a matemática. Desenvolveu a teoria dos números primos e resolveu o importante problema do traçado de uma tangente a uma curva plana qualquer, lançando assim, sementes para o que mais tarde se iria chamar, em matemática, teoria dos máximos e mínimos. Vemos assim no século XVII começar a germinar um dos mais importantes ramos da matemática, conhecido como Análise Matemática. Ainda surgem, nessa época, problemas de Física: o estudo do movimento de um corpo, já anteriormente estudados por Galileu Galilei. Tais problemas dão origens a um dos primeiros descendentes da Análise: o Cálculo Diferencial. 9 O Cálculo Diferencial aparece pela primeira vez nas mãos de Isaac Newton (1643-1727), sob o nome de "cálculo das fluxões", sendo mais tarde redescoberto independentemente pelo matemático alemão Gottfried Wihelm Leibniz. A Geometria Analítica e o Cálculo dão um grande impulso à matemática. Seduzidos por essas novas teorias, os matemáticos dos séculos XVII e XVIII, corajosa e despreocupadamente se lançam a elaborar novas teorias analíticas. Mas nesse ímpeto, eles se deixaram levar mais pela intuição do que por uma atitude racional no desenvolvimento da ciência. Não tardaram as consequências de tais procedimentos, começando por aparecer contradições. Um exemplo clássico disso é o caso das somas infinitas, como a soma abaixo: S = 3 - 3 + 3 - 3 + 3........... supondo que se tenha um nº infinito de termos. 10 Se agruparmos as parcelas vizinhas teremos: S = (3 - 3) + (3 - 3) + ...........= 0 + 0 +.........= 0 Se agruparmos as parcelas vizinhas, mas a partir da 2ª, não agrupando a primeira: S = 3 + ( - 3 + 3) + ( - 3 + 3) + ...........= 3 + 0 + 0 + ......... = 3 O que conduz a resultados contraditórios. Esse "descuido" ao trabalhar com séries infinitas era bem característicos dos matemáticos daquela época, que se acharam então num "beco sem saída'. Tais fatos levaram, no ocaso do século XVIII, a uma atitude crítica de revisão dos fatos fundamentais da matemática. Pode-se afirmar que tal revisão foi a "pedra angular" da matemática. Essa revisão se inicia na Análise, com o matemático francês Louis Cauchy (1789 - 1857), professor catedrático na Faculdade de Ciências de Paris. 11 Cauchy realizou notáveis trabalhos, deixando mais de 500 obras escritas, das quais destacamos duas na Análise: "Notas sobre o desenvolvimento de funções em séries" e "Lições sobre aplicação do cálculo à geometria". Paralelamente, surgem geometrias diferentes da de Euclides, as denominadas Geometrias não euclidianas. Por volta de 1900, o método axiomático e a Geometria sofrem a influência dessa atitude de revisão crítica, levada a efeito por muitos matemáticos, dentre os quais destacamos D. Hilbert, com sua obra "Fundamentos da Geometria" ("Grudlagen der Geometrie" título do original), publicada em 1901. A Álgebra e a Aritmética tomam novos impulsos. Um problema que preocupava os matemáticos era o da possibilidade ou não da solução de equações algébricas por meio de fórmulas que aparecessem com radicais. Já se sabia que em equações do 2º e 3º graus isto era possível; daí surgiu a seguinte questão: será que as equações do 4º graus em diante admitem soluções por meio de radicais? Em trabalhos publicados por volta de 1770, Lagrange (1736 - 1813) e Vandermonde (1735-96) iniciaram estudos sistemáticos dos métodos de resolução. 12 À medida em que as pesquisas se desenvolviam no sentido de achar tal tipo de resolução, ia se evidenciando que isso não era possível. No primeiro terço do século XIX, Niels Abel (1802-29) e Evariste de Galois (1811-32) resolvem o problema, demonstrando que as equações do quarto e quinto grau em diante não podiam ser resolvidas por radicais. O trabalho de Galois, somente publicado em 1846, deu origem a chamada "teoria dos grupos" e à denominada "Álgebra Moderna", dando também grande impulso à teoria dos números. Com respeito à teoria dos números não nos podemos esquecer das obras de R. Dedekind e Gorg Cantor. R. Dedekind define os números irracionais pela famosa noção de "Corte". Georg Cantor dá início à chamada Teoria dos conjuntos, e de maneira arrojada aborda a noção de infinito, revolucionando-a. A partir do século XIX a matemática começa então a se ramificar em diversas disciplinas, que ficam dada vez mais abstratas. Atualmente se desenvolvem tais teorias abstratas, que se subdividem em outras disciplinas. Os entendidos afirmam que estamos em plena "idade de ouro" da Matemática, e que neste últimos cinquenta anos tem se criado tantas disciplinas, novas matemáticas, como se haviam criado nos séculos anteriores. 13 Esta arremetida em direção ao "Abstrato", ainda que não pareça nada prática, tem por finalidade levar adiante a "Ciência". A história tem mostrado que aquilo que nos parece pura abstração, pura fantasia matemática, mais tarde se revela como um verdadeiro celeiro de aplicações práticas. 14 MÓDULO II - CURRÍCULO DE MATEMÁTICA DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL2 Os anos iniciais do ensino fundamental são responsáveis pela alfabetização da criança. Com a matemática não é diferente, já que a matéria é uma língua com vocabulário e símbolos próprios. Então, o objetivo é que a criança conheça esses símbolos e aprenda a fazer cálculos básicos de cabeça. O conteúdo que explicaremos aqui é baseado nas Diretrizes Curriculares da Secretaria de Educação e no site brasilescola do UOL. Portanto, é importante enfatizar que ele pode variar dependendo da instituição. 1º ano do ensino fundamental 2 Módulo II – reprodução total - CURRÍCULO DE MATEMÁTICA DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL – Por Carolina – Disponível em ; https://www.superprof.com.br/blog/curriculo-de-algebra-e-geometria-para-ensino-primario-e-secundario/ 15 A criança aprende os símbolos e o vocabulário matemático. Ela começa a contar coisas de cabeça. O aluno encontra algumas respostas para simples problemas de matemática (saiba as matérias, conteúdos, empregos para o vestibular) sem a intervenção do professor. A noção de mapas simples e calendário também são introduzidas. A geometria aparece no conteúdo: a criança identifica algumas das principais formas geométricas. 2º ano do ensino fundamental É a continuação do primeiro ano. O exercício mental é muito importante, ou seja, a criança deve contar e realizar cálculos de cabeça. Além disso, ela aprende a escrever os sistemas numéricos. A noção de espaço também é muito importante nesse ano. As medidas e grandezas continuam a ser trabalhadas tais como temperatura, massa, comprimento etc. 3º ano do ensino fundamental 16 A intenção é ainda aprofundar as bases dos anos anteriores. Nessa altura, a criança deve conhecer bem a linguagem do sistema numérico e saber resolver alguns problemas de adição e a subtração. A nomenclatura de formas e figuras também começa a ser cobrada. Ela deve ser capaz de utilizar o sistema métrico e ver as horas. 4º ano do ensino fundamental Além da subtração e a adição, a multiplicação entra nessa fase e a criança aprende a tabuada. Os números naturais já podem ser organizados em ordem crescente e decrescente. O aluno descobre o mundo das vírgulas e das frações. Além de saber identificar as semelhanças e diferenças das figuras geométricas,a área e o perímetro começam a ser explorados. O dinheiro e o sistema monetário brasileiro também são aprendidos nesse ano. 5º ano do ensino fundamental 17 Os números decimais devem estar na ponta da língua. O aluno faz alguns cálculos de frações e vírgulas. Eles aprendem também a porcentagem. Além da área e perímetro, eles devem identificar os vértices, face e aresta nas figuras geométricas. Os gráficos também são explorados aqui. A criança já sabe o básico da matemática aplicado na vida cotidiana. A partir do 6º ano, ou seja, os anos finais do ensino fundamental, o conteúdo matemático fica mais complexo. 18 MÓDULO III - A PRÁTICA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA DOS ANOS INICIAIS: DA FORMAÇÃO INICIAL AO COTIDIANO DA AÇÃO EDUCATIVA3 Autoras: Patricia Martins Perira/ Valéria Maria de Lima Borba Introdução A prática dos professores no processo de formação precisa ser contínua, tendo em vista que a profissão exige saberes, dedicação, compreensão e aprimoramento na sua formação. É necessário romper com uma cultura de aula vinculada à memorização de conteúdos de regras e de técnicas de cálculo e a resolução de exercícios repetitivos que, muitas vezes, não contribuem para a aprendizagem dos discentes. Nessa perspectiva, é preciso que o professor fomente uma prática emancipadora com seus alunos, 3 Módulo III – reprodução total - A PRÁTICA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA DOS ANOS INICIAIS: DA FORMAÇÃO INICIAL AO COTIDIANO DA AÇÃO EDUCATIVA - Autoras: Patricia Martins Perira/ Valéria Maria de Lima Borba – Disponível em : http://educacaopublica.cederj.edu.br/revista/artigos/a-pratica-do-professor-de-matematica-dos-anos- iniciais-da-formacao-inicial-ao-cotidiano-da-acao-educativa 19 que sejam momentos de reflexão de transformação na maneira de pensar, ver e viver a realidade. O presente trabalho tem como objetivo geral analisar a formação matemática e a prática dos professores que ensinam nos anos iniciais de uma escola do município de Santa Cruz, na Paraíba, e compreender as concepções dos professores participantes acerca do trabalho com a Matemática. Para alcançar os objetivos desta pesquisa, foi realizada uma coleta de dados com três professoras de uma escola pública. O instrumento utilizado para o desenvolvimento desta pesquisa foi uma entrevista semiestruturada, com o propósito de refletir a formação e a prática dos professores dos anos iniciais. A partir dos dados analisados verificou-se que os professores utilizam estratégias como jogos, atividades lúdicas e materiais manipuláveis para proporcionar aos discentes oportunidades para as situações de aprendizagem. Esses recursos didáticos favorecem o raciocínio lógico, a criatividade e despertam no aluno a postura investigativa, o que pode ser indício de que as aulas de Matemática estão deixando de ser tradicionais. Sabe-se que atualmente a formação dos professores tem a finalidade de estabelecer um novo direcionamento para o processo de ensino e aprendizagem, possibilitando aos docentes momentos de reflexão sobre suas concepções e práticas. O processo de formação matemática dos professores dos anos iniciais, ao longo da história, teve reformulações e conquistas no 20 tocante ao ensinar e aprender Matemática e às novas tendências e possibilidades de aprendizagem. Os aspectos de ensinar e aprender Matemática na concepção tradicional ganharam espaço no Brasil a partir da década de 1950. As instituições escolares trabalhavam com o método que ainda se faz presente na concepção de muitos professores, que incentivam o aluno na prática da memorização e na decoreba dos conteúdos. Para contrapor a esse quadro, surge a Educação Matemática, que tem a finalidade de desenvolver o raciocínio lógico e o pensamento crítico para melhor aprendizagem dos discentes. Diante disso, a Educação Matemática possibilita que o educador, além de utilizar o método ou a técnica de ensino, também deve priorizar os aspectos elementares do contexto do aluno, tais como: social, cultural e socioeconômico, pois a Matemática está presente em todos os momentos da vida do ser humano, desde o nascimento até a fase adulta. Sabe-se, no entanto, que o ensino da Matemática é muito importante para o desenvolvimento da criança, uma vez que serve para aprimorar o desenvolvimento do raciocínio lógico e a capacidade de argumentar, compreender, interpretar, projetar, criar e atribuir significados para as mais diversas situações sociais (Maccarini, 2010). Para consolidar esse tema, foi feita com três professoras de uma escola pública uma entrevista semiestruturada contendo três questões, com o 21 propósito de refletir e analisar a prática do professor de Matemática dos anos iniciais: da formação inicial ao cotidiano da ação educativa. Após a coleta de dados, foram feitas analises e a sistematização dos dados com o aporte teórico de alguns autores; servirão de suporte para melhor reflexão e compreensão da temática. O surgimento da Matemática A Matemática como área de conhecimento surgiu como uma necessidade do desenvolvimento humano nas mais diversas situações do dia a dia, para compreender as quantidades, as formas dos objetos, a contagem dos animais, a elaboração dos calendários agrícolas. Esses elementos fizeram com que o conhecimento matemático seja tão necessário nas vidas dos indivíduos desde o surgimento do homem primitivo na Pré-História. No Paleolítico (8000 a.C.), o homem já tinha noção de tamanho e já identificava as quantidades mais-menos, maior-menor. Nesse período, o homem tinha conhecimento dos números e já fazia armadilhas, redes, cestos, arco e flechas. Para fazer um cesto, o homem necessitava fazer a contagem dos materiais que utilizavam e a forma dos cestos (Neto, 1997). 22 No Neolítico (de 8000 a.C. a 5000 a.C.) ele buscou novos conhecimentos na agricultura e na pecuária. Na agricultura, o homem começou a cultivar plantas realizando todo o processo de semeadura, colheita e seleção de sementes. Também foi nesse período que o homem elaborou os primeiros calendários agrícolas. “A Matemática do Neolítico já contava com números maiores, que possibilitavam construir um calendário. Os números eram representados por riscos em paus ou ossos, nós em cordas, pedrinhas e palavras” (Neto, 1997, p. 10). Assim, observa-se que nesse período o homem foi mudando seus hábitos de vida. Antes, vivia como nômade; agora passa a ser produtor sedentário. Esse, no entanto, foi um processo bastante demorado, mas o homem do Neolítico já representava por meio de alguns desenhos registros de quantidades que lhe serviam para contar animais ou para se comunicar com outros grupos. Esse tipo de registro trouxe grandes contribuições para a humanidade, sendo hoje considerados conhecimentos históricos. Desse modo, podemos assegurar que a Matemática está presente em todos os períodos históricos da humanidade, como um conjunto de conhecimentos que permeia a vida humana desde os tempos mais antigos até a atualidade. E isso se reflete em todas as áreas de conhecimento, incluindo Geografia, História. Por exemplo, na Geografia, ao construir tabelas e gráficos, temos a Matemática. Na História, quando datamos os acontecimentos estamos fazendo uso da Matemática. Deve-se ressaltar que a 23 Matemática é basilar no desenvolvimento da sociedade, nos diversos campos profissionais, pois abrange setores como engenharia, arquitetura, agricultura, ciências humanas e exatas. A Matemática é um fator importante na vida social, pois necessitamos saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente. Com esses conhecimentos, a sociedade também foi se desenvolvendo com as novas tecnologias, o computador, as calculadoras, entre outros recursosque possibilitam aos professores ferramentas pedagógicas em sala de aula (Maccarini, 2010). É necessário expor nesses enfoques a importância de que se realize em sala de aula a contextualização dos conteúdos, numa perspectiva de buscar e resgatar a história da Matemática e sua importância para os indivíduos nas mais variadas dimensões, sejam elas profissionais, educacionais, econômicas ou sociais. Ensinar e aprender Matemática As discussões sobre a concepção tradicional de ensino ganharam espaço no Brasil a partir da década de 1950. As instituições escolares trabalhavam com o método tradicional. Maccarini relata a função do professor e do aluno no ensino tradicional: 24 Do professor que ensina, avalia, pergunta, cobra, enfim, detém o saber, o poder e o controle sobre o que ensina e deve ser ensinado; do aluno – que aprende, busca o saber que não possui, responde. Reproduz o que o professor ensina, somente é avaliado (não participa do processo de avaliação), enfim, é um ser passivo que só recebe o saber. A responsabilidade pela aprendizagem recai toda sobre o aluno (Maccarini, 2010, p. 12). A concepção do ensino tradicional ainda está enraizada em muitas escolas. Há até hoje a visão de que o professor ensina, avalia e detém o saber, enquanto o aluno reproduz o que é ensinado pelo educador. Nesse processo, o aluno não refletiu sobre seu aprendizado e o professor permanece com sua metodologia retrógrada, o que faz com que o aluno não o questione e nem participe das aulas. Nacarato, Mengali e Passos, (2009, p. 34) afirmam que “a aprendizagem da Matemática não ocorre por repetições e mecanizações, mas se trata de uma prática social que requer envolvimento do aluno em atividades significativas”. Com base nessa afirmação, os educadores dos anos iniciais devem priorizar, dentro do ensino da Matemática, a contextualização dos conteúdos, integrando-os à vivência dos educandos. Para tal trabalho, é necessário que os professores tenham formação adequada e desenvolvam atividades criativas, de modo a contribuir para a construção do conhecimento matemático. 25 Na década de 1960, as discussões sobre o ensino de matemática foram mais contundentes em relação às práticas educacionais que persistiam no ensino tradicional. Com apoio de educadores matemáticos, foram criados grupos de estudo para atender às novas exigências do Movimento da Matemática Moderna nos Estados Unidos e no Brasil. No Brasil, o Movimento da Matemática Moderna esteve sob a coordenação do professor Osvaldo Sangiorgi, que difundiu as ideias do movimento. O objetivo era reformular e atualizar os currículos escolares. Essas questões eram discutidas nos encontros, que reuniam grandes pesquisadores para debater como melhorar o ensino da Matemática trazendo-o para o contexto social dos indivíduos (Maccarini, 2010). A prioridade era promover o ensino da Matemática baseado na Lógica, Álgebra, Topologia e na Teoria dos Conjuntos. De acordo com Fiorentini (1995, apud Maccarini, 2010, p. 14), “a Matemática foi tratada como se neutra, pronta e acabada, e não tivesse relação alguma com questões sociais e políticas”. Dentro dessa perspectiva, o Movimento da Matemática Moderna também recebeu críticas pertinentes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a partir desse movimento que priorizou a linguagem e a simbologia que não eram adequadas às crianças em diferentes faixas etárias, não observando a fase de desenvolvimento psicológico e neurológico infantil. Para alguns estudiosos e pesquisadores, isso foi considerando o fracasso do 26 Movimento da Matemática Moderna, que também obteve avanços na perspectiva de reformular os currículos escolares quanto às novas formas de conduzir o ensino de Matemática em sala de aula. Segundo D’Ambrosio (2012, p. 55), “desse movimento ficou um outro modo de conduzir as aulas, com muita participação dos alunos, com uma percepção da importância de atividades, eliminando a ênfase antes exclusiva em contas e carroções”. Essa proposta também trouxe pontos negativos quanto ao detalhamento dos conteúdos e nos algoritmos das operações e na formação dos professores dos anos iniciais, que, “em sua maioria, tinham uma formação em nível médio – antigo curso de habilitação ao magistério – que lhes dava certificação para atuar na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental” (Nacarato; Mengali; Passos, 2009, p. 17). Com base nessas propostas dos PCN (1997), também foi diagnosticado nas avaliações feitas pelo Sistema Nacional de Avaliação Escolar da Educação da Educação Básica (SAEB) que o desempenho dos alunos em Matemática estava defasado tanto nas séries iniciais como nas séries seguintes. Portanto, são necessárias as mudanças na área da Matemática para que o professor se qualifique melhor, tendo oportunidades de formação continuada e reflexão sobre sua prática. A reflexão faz com que o professor analise sua prática, seu planejamento e suas metodologias, com intuito de melhorar a aprendizagem dos seus discentes, para que a evasão e a reprovação não sejam um fator preponderante. É notório o receio que os discentes têm em relação a 27 essa disciplina, por considerá-la difícil, por ter vários cálculos e fórmulas para resolver. Mas isso não significa que o aluno irá deixar de adquirir conhecimento porque uma dada matéria é tida como complexa, deve-se levar em conta que são apenas crenças ou mitos. A aprendizagem em Matemática deve ser estimulada desde a Educação Infantil, de preferência com profissional competente e que possa oferecer inúmeras possibilidades de atividades significativas nas quais a criança precisa ter o contato com o material concreto e a manipulação dos objetos. O que observamos em muitas escolas atualmente são atividades de cobrir traços e letras e números. As atividades devem estar de acordo com o desenvolvimento cognitivo da criança e permitir que ela possa observar refletir, interpretar, levantar hipóteses, demonstrar ideias e sentimentos (Lorenzato, 2011). O processo de aprendizagem dos anos iniciais requer do professor conhecimento, atitude em situações de aprendizagem. O conhecimento advém de uma formação, de suas experiências em sala de aula, do acesso às novas tecnologias e de uma relação de respeito entre professor e aluno que possa estimular os estudantes a participar das aulas e em conjunto construir novos conhecimentos. De acordo com Giancaterino (2009, p. 164), “o processo de aprendizagem é como uma construção, contínua e mutável, que requer de nós, professores de Matemática, constante adaptação para que possamos retirar desse processo o melhor e aproveitar todas as suas etapas”. 28 Portanto, o processo de ensino e aprendizagem incide de forma consecutiva sempre que estamos aprendendo, seja como professor, seja como aluno, e nas mais diversas conjunturas sociais; é nesse processo que o docente precisa articular conhecimentos prévios, valores, atitudes, habilidades dos alunos, tendo em vista que professor é agente de transformação no âmbito escolar. Metodologia Este trabalho teve como objetivo geral analisar a formação matemática e a prática dos professores que ensinam nos anos iniciais de uma escola do município de Santa Cruz (PB) e como objetivo específico compreender as concepções dos professores participantes acerca do trabalho com a Matemática. A escolha da instituição se deu por ela ser pública e atender aos alunos do 1° ao 5° anos. Esta pesquisa contou com a colaboração de três professores que atuam no Ensino Fundamental, lecionando do 1° ao 5° ano; todos os docentes são efetivos da rede municipal. No período da manhã trabalham os docentes do primeiro ao terceiro ano. No período da tarde, as professoras do quarto e quinto anos, que são identificadas no decorrer deste trabalho por A, B e C. As três têm licenciaturaem Pedagogia, com especialização em Psicopedagogia, e mais de dez anos de experiência em sala de aula. 29 Análises dos dados Buscou-se, com os resultados obtidos nas entrevistas, compreender categorias como formação e prática em sala de aula. Assim, quando pedimos: “Fale sobre seu processo de formação”, a professora A descreveu que: Eu sempre estudei em escola pública, deste a primeira série até o Ensino Médio, aliás, eu não fiz o Ensino Médio, fiz o pedagógico todo em escola pública; a primeira fase, fiz na zona rural, nasci e me criei na zona rural e até a 4ª série estudei lá, onde morava; da 5ª até a 8ª série, em Sousa, no Celso Mariz; terminando, fui pra Escola Normal, fiz o pedagógico, os três anos, fiz o vestibular em 1992 para Pedagogia na UFPB Cajazeiras. A professora afirma que seu processo de formação se inicia ainda na zona rural, tendo então que sair de seu território para fazer o pedagógico e posteriormente o curso de Pedagogia em uma universidade federal. Diz que sempre estudou em escola pública, na zona rural e na zona urbana. Atualmente, na maioria das vezes, quando queremos obter formação de qualidade, é necessário buscar em outras cidades curso que nos qualifiquem melhor, então temos vários desafios a enfrentar, dentre eles: condições financeiras, transporte, trabalho e família. A professora A, mesmo tendo cursado Pedagogia, não considera suficiente para sua prática; ela faz uma crítica em relação ao curso quando 30 estudou: somente uma disciplina de metodologia com teorias e nada de prática. Ela salienta, em sua fala final: No pedagógico a gente tem as metodologias, basicamente minha formação matemática para atuar em sala de aula, minha base foi o pedagógico, vindo para a Pedagogia a gente só pagou uma metodologia, basicamente a gente estudou mesmo aquelas teorias em si, a gente não trabalha uma prática. Na concepção da professora, o pedagógico contribuiu para sua prática por ter uma metodologia do ensinar a fazer, e utiliza mais aulas práticas, enquanto o curso de Pedagogia se baseia numa fundamentação teórica. Esse curso não está vinculado somente às teorias, como cita a professora A. De acordo com Libâneo (2002, p. 60), “somente faz sentido um curso de Pedagogia pelo fato de existir um campo investigativo – da Pedagogia – cuja natureza constitutiva é a teoria e a prática da educação ou a teoria e prática da formação humana”. Nessa perspectiva, o processo de formação do professor com base no pedagógico não é suficiente para a atuação em sala de aula; embora a professora A tenha o nível superior, ela considera que o Pedagógico é mais eficiente. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a formação com base no magistério é insuficiente para o professor, pois as dificuldades relacionadas ao ensino de Matemática se encontram na formação; de acordo com os PCN (1997, p. 24), “parte dos problemas referentes ao ensino de 31 Matemática está relacionada ao processo de formação do magistério, tanto em relação à formação inicial como à formação continuada”. A professora B salienta que: O meu processo de formação é contínuo, busco o conhecimento me qualificando. Inicialmente, cursei o Pedagógico, posteriormente Pedagogia e atualmente estou cursando Psicopedagogia, além de possuir vários cursos ligados à área da educação. […] Também procuro acompanhar a evolução das tecnologias, me atualizando com cursos de computação e outros. A professora B entende que a sua formação é importante e está sempre se atualizando com as novas tecnologias, às quais a criança desde cedo tem acesso e muitas vezes tem total domínio, seja o celular, computador ou tablet. Também se percebe que pretende continuar sua formação quando relata: “Em breve, pretendo fazer mestrado”. Com relação ao tema abordado, diz a professora C: Sou pedagoga com especialização em Psicopedagogia, com as seguintes formações continuadas: PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, Pro-letramento e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Além de sua formação acadêmica, registra os cursos de formação continuada de que participou. A formação continuada tem a finalidade de preparar e atualizar o docente, tendo em vista que a busca pelo conhecimento deve ser contínuo. Dessa forma, Barreiro (2006, p. 20) diz que “a identidade 32 do professor é construída no decorrer do exercício da sua profissão, porém é durante a formação inicial que serão sedimentados os pressupostos e as diretrizes presentes no curso formador, decisivos na construção da identidade docente”. Nesse sentido, o professor precisa de formação apropriada para atuar nos anos iniciais; as professoras A, B e C são formadas em Pedagogia, têm especialização em Psicopedagogia e participam de cursos de capacitação. É importante ressaltar que o professor precisa dar continuidade a seus estudos visando à melhoria do ensino e da aprendizagem. Percebe-se que muitas escolas ainda estão descontextualizadas com as tecnologias: ainda é possível constatar escolas que utilizam apenas quadro e giz. A segunda questão abordada pelas professoras referiu-se a como sua formação contribui para sua prática nas aulas de Matemática. A professora A afirma: Minha prática em Matemática, como professora, eu adquiri no dia a dia por experiência, certo, mas a Pedagogia contribui na questão da didática. […] O Pedagógico em si me ajudou bastante, muito, muito. Quem faz o pedagógico sai perfeito, um professor da fase inicial perfeito. A professora A menciona que seu processo de formação contribui pela experiência vivenciada em sala de aula, seu curso de graduação na disciplina da didática, e o Pedagógico, na sua concepção, tem uma formação completa. 33 A professora B enfatiza que: A minha formação contribui de maneira dinâmica e criativa, sempre buscando despertar no aluno o interesse pela Matemática, utilizando atividades lúdicas que proporcionem uma maior interação e tornando as aulas prazerosas. A professora B cita que sua formação colaborou para que sua atuação tenha o propósito de despertar no aluno o interesse pela Matemática com atividades que estimulem a aprendizagem. “É fundamental que os educadores matemáticos conheçam as mais diferentes possibilidades de trabalho pedagógico, para que possam planejar e construir a sua prática de forma significativa na construção do conhecimento matemático” (Maccarini, 2010, p. 64). A professora C expõe de maneira vaga como sua formação contribui para as aulas de Matemática, ao ressaltar que: Através da minha formação adquiri conhecimentos necessários para trabalhar de forma variada e utilizando métodos para atingir os objetivos destinados a desenvolver a disciplina de Matemática. Fica evidente que a prática do docente para atuar em sala de aula nessa unidade escolar é relatada de várias formas: a professora A cita que foi a experiência em sala de aula, o curso do Pedagógico e a formação acadêmica. As professoras B e C dizem que seu processo de formação possibilitou 34 conhecimentos tanto em métodos quanto em atividades lúdicas para aprendizagem dos discentes. É importante destacar que não é somente a experiência em sala de aula que forma o professor. As experiências devem estar articuladas com um repertório de saberes que abrangem os saberes de conteúdos, pedagógicos e curriculares (Nacarato; Mengali; Passos, 2009). A terceira questão foi: o que é feito, em nível de prática docente em sala de aula, para aprendizagem dos discentes em Matemática? A professora A enfatizou que: Eu uso o concreto, trabalho com material concreto, uso dobradura. […] Eu trabalhei as quatro operações com material dourado, só saiu da minha sala quanto eles não tinham mais dificuldades. E quando na escola não tem eu confecciono com eles. Este ano eu quis trabalhar o sistema monetário, na escola nãohavia moedas nem notas; eu planejei, fiz as notas, dei pra eles manusearem e trabalhei o sistema monetário com eles com papel branco. A professora A confirma que o material concreto contribui na aprendizagem, pois os alunos têm oportunidade de manipular o material e aprender de forma diferente, visando o favorecimento da criatividade na elaboração de cálculos e a melhor compreensão dos conteúdos. A professora cita que quanto não tem material ela confecciona junto com os alunos. De acordo com Lorenzato (2011, p. 20), “é preciso possuir uma extensa coleção de material didático apropriado, sem que seja 35 necessariamente caro ou impossível de obter”. Essa atitude pode se observar quando a professora A introduziu o conteúdo de fração e utilizou uma bolacha para exemplificar e tornar mais concreto o problema que inicialmente era abstrato. Vemos isso na sua fala quando ela afirma que: Eu introduzi recentemente fração, eu introduzi fração quebrando duas bolachas: uma em partes diferentes e outra em partes iguais. A cada pedacinho tirado das que estavam iguais fui montando a fração; na semana passada, eu fiz a prova com eles; achavam que iam se dar mal, disse um aluno; sempre que estou fazendo o exercício, pergunto como foi que eu introduzi o assunto e eles respondem: num dia que a senhora comeu as três bolachas. A professora utiliza uma bolacha para conceituar um conteúdo e instiga os alunos a momentos de observação e descobertas. O homem já se utilizava de técnicas simples que representavam a contagem de animais e faziam riscos em ossos e paus. Na sua concepção, a professora B diz que: Procuro tornar minhas aulas prazerosas, utilizando o lúdico, buscando trazer um pouco da realidade para a sala de aula, utilizando o concreto, como por exemplo, fazer uma visita ao mercado mais próximo para pesquisar o preço das mercadorias, usando a adição, a subtração, a multiplicação e a divisão. Faço jogos como o bingo de números, envolvendo as quatro operações e muitas outras formas para que haja uma verdadeira aprendizagem com diversão. 36 A professora B enfatiza que utiliza o lúdico por meio de jogos e brincadeiras como recurso metodológico. De acordo com Maccarini (2010, p. 67), “a Matemática apresentada por meio de atividades lúdicas torna-se envolvente e favorece a construção de significados de conhecimentos matemáticos próprios do mundo da criança”. Também faz aula prática para demonstrar como é o contexto real do aluno com os conteúdos escolares. Dessa forma, o aluno participa das diversas situações de aprendizagem. Na compreensão da professora C, é Trabalhando a partir de aulas práticas com dinâmicas e atividades lúdicas, proporcionando melhores índices de aproveitamento no processo ensino-aprendizagem, fazendo com que as crianças desenvolvam habilidades que favoreçam a compreensão do mundo que a rodeia com práticas estimuladoras e significativas em que a criança interaja com o universo. A professora C entende que as aulas práticas e com atividades lúdicas favorecem a aprendizagem dos alunos. Nessa perspectiva, as professoras A, B e C afirmam que utilizam o material concreto, as dobraduras e atividades lúdicas nas suas aulas, pois esses recursos auxiliam na aprendizagem dos discentes. A utilização desses materiais faz com que o professor diversifique sua aula, rompendo com o ensino tradicional nas aulas de Matemática. Para Lorenzato (2012, p. 61), “o material concreto exerce papel importante na aprendizagem. Facilita a observação e a análise, desenvolve o raciocínio 37 lógico, crítico e científico, é fundamental para o ensino experimental e é excelente para auxiliar o aluno na construção de seus conhecimentos”. Considerações finais A concretização desta pesquisa teve a finalidade de coletar dados para analisar a formação matemática e a prática dos professores que ensinam nos anos iniciais e, como objetivo específico, compreender as concepções dos professores participantes acerca do trabalho com a Matemática. A partir da coleta de dados, que se deu com a aplicação de uma entrevista semiestruturada, percebeu-se que as três professoras cursaram Magistério, graduação em Licenciatura em Pedagogia e pós-graduação em Psicopedagogia, tendo mais de dez anos de experiência em sala de aula. Podemos perceber algumas inquietações acerca das concepções sobre a formação do professor e como tais concepções ainda estão enraizadas. Conforme foi evidenciado em suas respostas, há professor que priorizou sua formação no magistério que tem uma metodologia centrada no ensinar a fazer. Segundo os depoimentos, a formação matemática desses professores durante o curso de Pedagogia na grade curricular é ofertada somente numa disciplina de Fundamentos e Metodologia do Ensino da Matemática, sendo insuficiente para a sistematização da disciplina, pois a Matemática contribui para o desenvolvimento da sociedade, estando presente em todas as áreas do 38 conhecimento. É necessário que o curso citado amplie a prática de pesquisa e extensão. Em outras afirmativas, as docentes relataram que buscam se especializar via formação continuada, pois é necessário desenvolver sua prática pedagógica a partir da autonomia do docente, procurando metodologias que aprimorem o processo de ensino-aprendizagem dos discentes. Outro aspecto relatado pelas entrevistadas foi sua prática em sala: elas consideram importantes as experiências adquiridas para a consolidação dos saberes construídos nos cursos de graduação e pós-graduação que concernem na fundamentação teórica. Vale ressaltar que os professores utilizam estratégias como jogos, atividades lúdicas e materiais manipuláveis para proporcionar aos discentes oportunidades para as situações de aprendizagem. Esses recursos didáticos favorecem o raciocínio lógico e a criatividade e despertam no aluno a postura investigativa, o que pode ser indício de que as aulas de Matemática estão deixando de ser tradicionais. Assim sendo, a partir deste estudo se verificou que o professor possui formação em nível superior e trabalha em sala de aula com recursos didáticos; os educadores desenvolvem atividades pedagógicas com base na realidade da turma. A partir disso, é possível proporcionar um melhor aprendizado, com conteúdos adequados que favoreçam o processo de ensino aprendizagem 39 MÓDULO IV – O QUE É LUDICIDADE?4 LUDICIDADE é um substantivo feminino que se refere à qualidade do que é lúdico, ou seja, consequência provocada pelo lúdico, um adjetivo masculino com origem no latim ludus, que remete a jogos e brincadeiras. O conceito de atividades lúdicas está relacionado às atividades de jogos e ao ato de brincar, sendo um componente muito importante para a aprendizagem. A ludicidade está em atividades que despertam prazer. Segundo Santos (2002), é uma necessidade do ser humano em qualquer idade. Tem como sinônimo divertimento, diversão e lazer; e como antônimos, tristeza e desânimo. No âmbito da Pedagogia, a ludicidade se dá como a forma de desenvolver a criatividade e os conhecimentos por meio de jogos, música e dança. O lúdico não é apenas uma prática da Pedagogia e nem foi inventado por ela. Ao brincar, as crianças estariam expostas a um ambiente extremamente favorável ao desenvolvimento físico e cognitivo. O ato lúdico está presente na maioria das manifestações do homem, bem como em outras espécies animais, preponderando durante a infância, como bem nos mostra a Etologia na 4 Módulo IV – reprodução total – Ludicidade – Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ludicidade 40 observação do comportamento animal em um dado contexto ecológico ou na natureza. Em um estudo exemplar de brinquedos em animais, envolvendo a observação de filhotes de hamsters dourados, Vieira (1985) aponta que o comportamentode brincadeira aumenta em função da privação social de indivíduos de mesma idade ou pela troca de parceiros. 1. A ETOLOGIA E O COMPORTAMENTO DE BRINCAR HUMANO Com relação à forma da brincadeira, existem dados bastante consistentes mostrando que ocorrem diferenças de gêneros sexuais nos estilos de brincadeira e preferência de parceiros em crianças de várias culturas (BIBEN, 1998) Meninos e primatas na infância, se mostram mais ligados em brincadeiras turbulentas, manifestam preferência por parceiros de mesmo sexo e brincam em grandes grupos, são mais ativos fisicamente e mais competitivos. Brincadeiras de perseguição com elementos de fantasia, são muito comuns entre eles (MORAES & CARVALHO, 1994). O brincar das meninas é mais voltado para a cooperação e comunicação com o grupo. As meninas preferem atividades relacionadas com atividades domésticas, casamentos, festas e procuram brincadeiras mais realísticas, que imitam a vida real, além de serem mais voltadas para a cooperação e comunicação com o 41 grupo. Conforme a criança vai crescendo e se desenvolvendo, a estereotipia do gênero vai diminuindo (CORDAZZO E VIEIRA, 2008). A presença da macrocultura no grupo de brinquedo revela-se também através de papéis e valores na estereotipia de gênero em relação a brincadeiras na formulação de regras baseadas em conhecimento social ou na recusa de papéis menos valorizados socialmente pelas crianças que lideram uma brincadeira (MORAES & CARVALHO, 1994). Trazer valores e conceitos da macrocultura para a brincadeira é uma oportunidade de questioná-los, de reconstruí-los ou de fortalecê-los, dependendo da interação com conceitos e valores dos parceiros. Harris (1995) sugere que o grupo de pares é o principal responsável pelo desenvolvimento de atitudes e valores desde a infância, possivelmente superando o papel dos adultos nesse processo. Em seres humanos, sugere-se que diferentes formas de comportamentos envolvidos na brincadeira podem ter consequência no desenvolvimento infantil, como por exemplo, aprimoramento no controle de padrões motores, resistência e força física (PELLEGRINI e SMITH, 1998). Devido as grandes mudanças que a sociedade enfrentou e enfrenta desde a antiguidade, o conceito de brincar foi dissipando sua essência, mesmo nessa sociedade que está cada vez mais moderna e globalizada. 42 2. BREVE HISTÓRICO DO BRINCAR Estudos apontam que os homens primitivos já brincavam e construíam seus próprios brinquedos. Algumas atividades diárias que realizavam já estavam interligadas ao lúdico. As atividades como a dança, as lutas, as pescas e as caças são ações intrínsecas de povos primitivos em que o lúdico era expresso na época (OLIVEIRA, 2010). Na Idade Média, em um sentido teológico, o homem brincava por acreditar vivamente na sentença bíblica que associa a Sabedoria Divina à obra da Criação. Quando Deus criou o mundo [...] fez brotar as águas das fontes [...] assentou os fundamentos da Terra e ali estava a sabedoria brincando sobre o globo terrestre (LAUAN, 1991). Na Súmula Teológica de Tomás de Aquino encontramos que “assim como o homem precisa de repouso corporal para reestabelecer-se, pois sendo as suas forças física limitadas, não pode trabalhar continuamente; assim também é preciso de repouso para a alma , o que é proporcionado pela brincadeira” (LAUAND, 1991). A Revolução Industrial criou na estrutura social, uma série de mudanças. O processo de industrialização, acaba por exigir uma nova escola, capaz de garantir um indivíduo qualificado, um sujeito competente para suprir as novas condições 43 de trabalho. Além da formação técnica do indivíduo, naquele período, as mulheres também trabalhavam nas indústrias. As mães tinham que deixar suas responsabilidades domésticas tais como cuidado com a casa e filhos. Diante dessas condições, se faz necessário um novo espaço para as crianças. A educação infantil e as crianças ganham uma atenção especial e passam a ser notadas como objeto de estudo. A criança passa a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativas e cuidados e a infância como um período de preparação para o ingresso no mundo dos adultos, dando centralidade ao papel da escola (BROUGERE, 1998). Na sociedade atual, o lúdico está presente nas brincadeiras cotidianas da vida do homem, como piadas, nos esportes, isso demonstra mais uma vez, que o lúdico não se restringe apenas à Pedagogia, ao âmbito escolar, mas em todas as manifestações que o homem se apraza e goste. Autores como Fröebel, Piaget, Vygotsky, Winnicott e Wallon, apenas para falar dos clássicos, promoveram estudos relacionados ao comportamento de brincar em sua relação com o desenvolvimento, favorecendo a compreensão e aplicação do mesmo. Fröebel (1782-1852) Para Fröebel, pedagogo e criador do Jardim de Infância, a brincadeira é a “fase mais alta do desenvolvimento da criança [...]; pois ela é a representação do interno, da necessidade e do impulso interno” 44 (FRÖEBEL,1887, p. 55 apud ARCE, 2002, p. 60). A brincadeira é a mais pura, a mais espiritual atividade do homem nesse estágio e, ao mesmo tempo típica da vida humana como um todo – da vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. Por isso dá alegria, liberdade, contentamento, descanso interno e externo, paz com o mundo. Ela tem a fonte de tudo o que é bom. A criança que brinca muito com determinação auto ativa, perseverantemente até que a fadiga física proíba, certamente será um homem (mulher) determinado, capaz do alto sacrifício para a promoção do bem-estar próprio e dos outros. Não é a expressão mais bela da vida da criança neste momento, uma criança brincando? – Uma criança totalmente absorvida em sua brincadeira? Como já indicado a brincadeira neste período não é trivial, ela é altamente séria e de profunda significância. Froebel, influenciado por um ideal político de liberdade, criou um jardim de infância, em 1837, considerado, por ele, como um espaço onde as crianças e os adolescentes estariam livres para aprender sobre si e sobre o mundo. Em seu método pedagógico, utilizou-se da música para educar as sensações e as emoções; enfatizava a participação em atividades de livre expressão através da música, dos gestos e montagens com papéis e argila. Para Froebel, tais atividades possibilitavam que a criança expressasse seu mundo interno, como forma de conseguir ver-se e, assim, modificar-se, através da auto-observação[1] 45 Piaget (1896-1980) Jean William Fritz Piaget, biólogo, psicólogo e epistemólogo, é um dos autores cognitivistas, descreve como crianças e adolescentes se desenvolvem e adquirem seus conhecimentos, sua gênese e a evolução dos conhecimentos, para isso propôs a divisão do desenvolvimento psicológicos em estágios, os quais a criança percorre, para adquirir e desenvolver seus conhecimentos, sobre si e sobre o mundo. Cada estágio possui uma forma de organização mental diferente, o que permite ao indivíduo se relacionar com a realidade em seu redor, bem como considera que os estímulos em que esta criança é condicionada, também contam muito quanto o desenvolvimento cognitivo. Piaget considera em sua teoria que a criança é um ser ativo, que estabelece relação de troca com o meio objeto, e por isso não pode ser considerado um ser passivo apenas, e que é papel do professor propor possibilidades e promover uma ação que permitam o avanço da cognição de cada aluno em sua singularidade, promovendo o desenvolvimento do aluno em sua totalidade. Em sua visão a criança é a própria construtora de seus conhecimentos, que são construídas a partir de suas relações com objetos e com o mundo. Grande parte desses conhecimentos são construídos a partir do jogo e da brincadeira, um espaço que permite o desenvolvimento físico e mental, incluindo a noção de regras,a socialização e exercitando o simbólico (PIAGET, 1998). De acordo com a perspectiva de Piaget (1987), a atividade lúdica é um princípio 46 fundamental para o desenvolvimento das atividades intelectuais da criança, sendo assim indispensável a prática educativa. É de suma importância que o professor esteja preparado para propor atividades lúdicas, para assim permitirem o desenvolvimento cognitivo da criança, possibilitando a assimilação da criança, do lúdico a sua realidade concreta e suas relações com o mundo. Ainda sobre as atividades lúdicas Piaget (1987) as considera o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Em outras palavras, o início do desenvolvimento cognitivo se dá a partir das relações que a criança cria através das dinâmicas lúdicas em que são condicionadas desde sua gênese, é a partir dessas que a criança desenvolve grande parte de seu conhecimento, desenvolvendo a noção de regras, valores, de cooperação, e desenvolvimento motor. É válido lembrar que as atividades lúdicas não se restringem apenas ao âmbito pedagógico, a escola em si, mas em todas as relações em que a criança está inserida, seja ela na família, na igreja ou escola. Considerando que o jogo é uma atividade lúdica, e que essas atividades contribuem para o desenvolvimento intelectual da criança, e não uma mera atividade para preencher o currículo e gastar energia, Piaget afirma que o jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório motor e de simbolismo, uma assimilação do real à realidade própria, fornecendo a este seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Os métodos ativos da educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem 47 exteriores à inteligência infantil. (PIAGET, 1976). Considera que o jogo é um instrumento fundamental para que a criança se aproprie de uma aprendizagem significante, e não um aprendizado superficial, sem significância para sua vida. Como já dito, é a partir do jogo que a criança faz assimilação de regras de convivência, se desenvolve fisicamente e mentalmente, faz relação entre o simbólico e o real. Vygotsky (1896 – 1934) Segundo Lev Semenovitch Vygotsky, psicólogo proponente da Psicologia Histórico Cultural, a criança por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. Ao brincar, procura estar junto aos colegas e sempre explorando o meio a sua volta com os objetos. Para Vygotsky, o ato de brincar é um aspecto relevante na constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoais, coisas e símbolos. A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. A linguagem, segundo Vygotsky (1984), tem importante papel no desenvolvimento cognitivo da criança á medida que sistematiza suas experiências e ainda colabora na organização dos processos em andamento. 48 De acordo com Vygotsky (1998): A brincadeira cria para as crianças uma "zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz. Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, a partir da imaginação e pelo faz de conta, essas assimilações são elaboradas. Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real, de acordo com suas afeições, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para a atividade criadora do homem. Segundo Vygotsky (1998), o desenvolvimento não é linear, mas evolutivo e nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, ela dificilmente perde esta capacidade, a tendência é que este conhecimento se aprimore e não se perca. É a partir da formação de conceitos com relação ao sentido e significado que se dá a verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a formação desses conceitos. - O desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e as pessoas com quem mantém contatos regulares. Um dos conceitos angulares de sua obra, está a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) - a diferença entre o desenvolvimento atual da criança e o nível que ela atinge quando resolve 49 problemas com auxílio de outra pessoa - seja criança ou um adulto. O brincar atuará como potencializador da capacidade de apreender por meio de atividades lúdicas inseridas nos ambientes de aprendizagem, entretanto não é todo jogo de criança que possibilita a criação de uma ZDP. A criança cria a partir do que ela já conhece; das oportunidades do meio em que está inserida; e, em função das suas necessidades e preferências. Além da ideia de transformação criadora, o jogo proporciona alteração das estruturas cognitivas. Com uma prática pedagógica adequada, as crianças podem além de permitir o brincar por brincar, mas também por ensinar as crianças a brincarem. Para Vygotsky, a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento infantil porque oportuniza interações. Em sua teoria socionteracionista, reforça a importância de jogos e brincadeiras para o desenvolvimento infantil. É fundamental que a criança brinque, se movimente, conheça, experimente, sinta, descubra, explore, crie e interaja para que possa desenvolver suas potencialidades. Wallon (1879 – 1962) A teoria de Henri Paul Hyacinthe Wallon, filósofo, médico, psicólogo e político, se desencadeia em volta do afeto, emoção e linguagem. Para ele, a construção do aprendizado pode ser dividida nessas três características. O afeto é responsável pelo bom funcionamento do corpo, promove a confiança, 50 a motivação e além de tudo, o desenvolvimento completo do ser integrado ao meio em que está inserido, ou seja, envolve aspectos físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social. “Jamais pude dissociar o biológico e o social, não porque o creia redutíveis entre si, mas porque eles, me parecem tão estreitamente complementares, desde o nascimento, que a vida psíquica só pode ser encarada tendo em vista suas relações recíprocas”. (WALLON, 1951, p. 08) A afetividade está entrelaçada com a motricidade desencadeando o desenvolvimento da criança. As relações e vínculos afetivos entre professor e aluno facilitam a resolução de problemas e carências encontradas no ambiente escolar. A emoção está associada a linguagem e com a motricidade, por meio delas que a criança aprende as representações da vida real, apropriações e construções de sua função no mundo em que está inserida. Portanto, é fundamental que a criança tenha a liberdade e oportunidade de brincar. Para Wallon, toda atividade realizada pela criança é lúdica, desde que, seja algo livre, ela faz pelo simples prazer de fazê-lo, surge de forma livre. Mas, a partir do momento que a atividade é dirigida ou imposta, se torna um trabalho e deixa de ser brincadeira. Wallon divide os jogos infantis em quatro etapas: a) jogos funcionais – são os que propiciam exploração do corpo por meio dos sentidos. A consequência disso é a repetição das ações aprendidas, pois a criança descobre que são prazerosos os efeitos causados pela ação gestual.51 Exemplos, sons de gritos e movimentos do corpo; b) jogos de ficção – é o famoso faz-de-conta, caracterizado pela presença constante e aflorada da imaginação. Acontece quando a criança aprende a representar e interiorizar os papéis sociais dos indivíduos. Pode ser caracterizada pela imitação de falas e ações adultas; e, c) jogos de aquisição – se tratam do empenho que a criança revela em aprender e conhecer gestos, imagens, músicas, etc. Jogos de fabricação: quando a criança tende a realizar atividades que a impulsionam a criar, juntar e transformar coisas. Para Henri Wallon (1981), a brincadeira independe do ambiente, basta algo que incentive a criança e a possibilite imaginar, podendo se inspirar em coisas do seu cotidiano e expressar seus sentimentos. Para ele, é por meio do brincar que a criança inicia uma relação com o meio, a interação e a socialização, formando sua identidade e promovendo a sua autonomia, além de desenvolver a criatividade, a afetividade e a inteligência. É importante que em cada atividade proposta seja incluído o lúdico, preferivelmente na primeira etapa da atividade, brincar livremente, manusear, antes de dar um caráter instrumental, usando o conteúdo de forma intencional. De acordo com sua teoria, a criança brinca de cantar, dançar, pintar, de ouvir histórias sobre si mesma, enfim, nesta fase, o brincar se assemelha com o fazer arte. [...] o brincar irá contribuir para o crescimento da criança e consequentemente auxiliar no desenvolvimento da mesma. Assim o jogo seria uma atividade voluntária livre da criança e quando imposta por outra pessoa perde se o caráter de jogo e passa a ser caracterizado como um trabalho ou ensino. (LUIZ, 2014) Constatamos na abordagem 52 walloniana uma noção de ludicidade ao afirmar que, para as crianças, o universo de suas mentes é lúdico em tudo que fazem e imaginam. Ele configura algumas formas de inteligência, dentre elas a inteligência prática- direção física-práxica, a qual trabalha as ações motoras que, por meio de recursos representativos, atuarão como um agente fundamental no processo de transição para a inteligência teórica. Tanto a criança quanto o adulto, nunca recusarão um jogo, pois ele alivia a alma, ensina, socializa pessoas e ainda lhe dá como atributo uma aprendizagem lúdica, sem pressões, onde não há correto, nem errado, há a construção individual e coletiva. E uma forma prazerosa de desenvolver a criatividade a imaginação e ainda obter resultados ótimos quando se trata de aprendizagem. Winnicot (1896 – 1971) Donald Woods Winnicott, pediatra e psicanalista, considera que a brincadeira possibilita a quem a vivencia, momento de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade, de e percepção, momentos de autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de expressividade. Na atividade lúdica o que importa não é apenas o produto da atividade, ou o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. Com Winnicott, o conceito de psicomotricidade, jogos e brincadeiras toma um rumo um tanto diferenciado. Ele discute sobre a 53 psicomotricidade relacional, uma proposta que possa proporcionar por meio de seu método não-diretivo do brincar direcionado; um espaço para que a criança possa expor suas simbolizações e é neste espaço que as teorias de Winnicott ganham espaço para a formação da criança. Segundo Winnicott (1975), o brincar é universal e facilita o crescimento, insere a criança aos relacionamentos grupais, podendo se tornar uma forma de comunicação. É por meio das brincadeiras e fantasias que a criança adquire experiências. Winnicott (1985) relata que, primeiro a criança brinca com sua mãe ou sozinha e é por intermédio das brincadeiras, que outras crianças são permitidas a participarem de seu mundo. O autor, em quatro de seus trabalhos, trata da importância do espaço potencial e do objeto transicional na formação da criança para a superação do bebê separado de sua mãe e também como um fator de suma importância para que o mesmo se reconheça como sujeito. Este espaço potencial e este objeto transicional podem ser proporcionados à criança, por meio das vivências lúdicas e simbólicas, oportunizando a exteriorização de suas frustrações, pelo afastamento ou separação de sua mãe. A psicomotricidade relacional defendida pelo autor, tem como proposta proporcionar por meio de seu método não-diretivo do brincar direcionado, um espaço para que a criança possa expor suas simbolizações. É neste espaço que as teorias de Winnicott contribuem para a formação da criança. Ao propiciar para a criança, que ela brinque num espaço em que seu mundo simbólico pode ser expresso livremente, usando ou não objetos disponíveis, o mediador facilita o processo de transição da criança, entre o mundo totalmente 54 dependente da mãe para seu próprio mundo. Destaca ainda que psicomotricidade relacional deixa clara também a importância das vivências simbólicas no mundo da criança, pois só neste espaço proporcionado para a criação lúdica é que a criança poderá se posicionar como autora da sua própria história. Ainda ressalta sobre a psicomotricidade relacional, que por meio do brincar, pode proporcionar para a criança, conhecimentos sobre si, sobre os outros e sobre o mundo em que a criança está inserida. Com base nos significados e conceitos acerca do lúdico e ludicidade, baseando nas teorias que fundamentam a prática lúdica e as dão ainda maior relevância. Constatamos que, o lúdico é mais que uma ferramenta de colaboração para a prática pedagógica, é um dos caminhos para atingirmos uma aprendizagem significante, sendo este um caminho prazeroso, envolvente e divertido, colaborando então para uma prática pedagógica mais leve, suave e agradável sem perder seu teor de importância, na vida da criança envolvida e na sociedade, deixando um pouco de lado a taxada burocracia, a carga da prática pedagógica. 55 MÓDULO V - A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM5 Autora: Simone Cardoso dos Santos O LÚDICO Fatos históricos Desde a educação greco-romana, já se atrelava à educação a ideia de associação do estudo ao prazer com base nas projeções de Aristóteles e Platão. Platão (427-348), na Grécia Antiga, primava para que a educação, nos primeiros anos da criança, se baseasse em jogos educativos praticados em comum por ambos os sexos. Dava ênfase ao esporte por sua colaboração na formação do caráter e da personalidade, bem como introduzia a prática da matemática lúdica, aplicando exercícios com cálculos ligados a problemas concretos extraídos da vida e dos negócios. 5 Módulo V – reprodução total - A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM - Autora: Simone Cardoso dos Santos – Monografia de especialização - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/393/Santos_Simone_Cardoso_dos.pdf?sequence=1 56 A vinculação da educação com o lúdico não é algo novo, está remontando à Antiguidade. Em “Leis”, o ateniense salientava a importância do jogo para a educação, defendendo a ideia de que brincando, aprenderá, o futuro construtor, a medir e a usar a trena; o guerreiro, a cavalgar e a fazer qualquer outro exercício, devendo o educador esforçar-se por dirigir os prazeres e os gostos das crianças na direção que lhes permita alcançar a meta a que se destinarem (PLATÃO apud SILVEIRA, 1998, p.41). Nesse período, determinou-se a importância da educação sensorial, o uso do jogo didático nas mais diferentes áreas do ensino. A brincadeira era considerada como recreação e a imagem social da infância não permitia a aceitação de um comportamento infantil espontâneo que pudesse significar algum valor. Comênio (1952-1671),na sua Obra Didática Magna, salientou as palavras de Lutero sobre a educação nas escolas: Que sejam instruídos com o método muito fácil, não só para que não se afastem dos estudos, mas até para que eles sejam atraídos como para verdadeiros deleites, para que as crianças experimentem nos estudos um prazer não menor que quando passam dias inteiros a brincar com pedrinhas, bolas, e corridas (COMÊNIO, 1957, p.156). Vê-se, então, que Lutero preconizava um método lúdico, onde o prazer estivesse presente e a atividade desenvolvida em sala de aula deveria ser tão 57 prazerosa quanto as brincadeiras. Comênio, assim, reforçou o posicionamento de Lutero. Aparece, dessa forma, um novo sentimento da infância, o qual protege as crianças, que conquistam um lugar enquanto categoria social. Inicia-se, a partir dos trabalhos de Comênio (1593), Rosseau (1712) e Pestalozzi (1746), citados por Wajskop (1995), a elaboração de métodos próprios para a sua educação, seja em casa ou em instituições. Esta nova concepção é marcada pela ideia de que a criança é um ser que aprende o sentido do mundo de maneira espontânea através do contato social. Propôs-se uma educação sensorial na utilização de jogos e materiais didáticos, inaugurando um período histórico em que as crianças passaram a ser respeitadas e compreendidas enquanto seres ativos. Marcadas por uma concepção cumulativa e progressional de conhecimento, a partir de uma exploração empírica da realidade, que parte do simples ao complexo e, do concreto ao abstrato, pretende-se que as crianças aprendam as noções de forma, tamanho, cor, e a dominar movimentos corporais. A linguagem, dessa forma, é entendida como comunicação, ou seja, como exercícios mecânicos baseados na teoria visual, auditiva e de memória, e não um sistema de representação. Através do movimento da Escola Nova, os pensamentos de Froebel, Montessori e Decroly têm se transformado em teorias aplicadas na história da pedagogia pré-escolar brasileira, onde a atividade lúdica das crianças, 58 restringindo- se a exercícios repetitivos de discriminação motora e auditiva, através de brinquedos, desenhos coloridos, mimeografados e músicas ritmadas, bloqueiam a organização do desenvolvimento pleno da criança. A valorização da brincadeira infantil apoia-se no mito da criança portadora de verdade, cujo comportamento é o brincar, desprovido da razão e do caráter social. A criança passou a ser, a partir dessa época, conforme relata Snyder (1984), cidadão com imagem social contraditória, ao reflexo do que o adulto e a sociedade queriam e temiam que se tornasse. As crianças eram ao mesmo tempo livres para se desenvolver e educadas para não exercer sua liberdade. Com a influência das ideias de Rousseau, na França, houve a criação de inúmeros brinquedos educacionais, bem como na educação sensorial foram realizados estudos sobre as crianças deficientes mentais, cujos conhecimentos foram mais tarde utilizados para o ensino de crianças normais. Os primeiros pedagogos da educação pré-escolar a romperem com a educação verbal e tradicional de sua época foram Froebel (1782 - 1852); Montessori (1870 – 1909); e Decroly (1871 – 1932), citados por Wajskop (1995). Apesar de antigas, essas ideias continuam a influenciar, até hoje, as práticas pedagógicas de lares, creches, pré-escolas e instituições afins, nem sempre colaborando com o desenvolvimento integral da criança. Muitas vezes, no contexto educacional, o brincar é considerado como um estorvo no processo de aprendizagem. Educadores não admitem que as 59 crianças brinquem no ambiente educativo, ignorando as brincadeiras ou até mesmo proibindo tais atividades. O brincar, assim, é concebido como uma atividade recreativa que permite que as crianças relaxem, descansem, e liberem suas energias contidas na sala de aula. É o momento da diversão em oposição ao trabalho escolar, à seriedade dos exercícios e das aprendizagens sistematizadas pelo educador. No entanto, através do jogo simbólico, a ação educativa fornece brinquedos para projetar situações cotidianas, como uma atividade de relaxamento psicológico na qual a criança libera as emoções reprimidas e traumáticas do seu contexto, comprovando que as brincadeiras reproduzem aquilo que já vivenciaram. Os educadores, às vezes, não as proíbem, mas também não interferem, apenas as contemplam no momento em que é fundamental para o seu desenvolvimento. Em virtude das constantes transformações que mundo está sofrendo com a evolução dos tempos, é garantido o direito de brincar e é preciso propiciar esse ambiente e espaço para o desenvolvimento da criança. Desde que começou a valorização da criança e o reconhecimento de que uma infância com qualidade, resulta em um adulto bem sucedido, também se passou a dar ênfase à palavra brinquedo e ao ato de brincar, o que é muito importante. Além de ser uma atividade gostosa, torna as pessoas mais sensíveis e ajuda a desenvolver o hábito de partilhar, conviver, trocar experiências, realizar troca de papéis, etc., pois a criança se desenvolve desde 60 cedo pelo seu contexto familiar e social, com a experiência sócio histórica dos adultos e através do mundo criado por eles. Para Wajskop (1995, p.28), ”a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo um mundo de assimilar e recriar as experiências socioculturais, pois garante a interação e construção de conhecimentos da realidade delas”. No Brasil, o pensamento pedagógico consegue sua autonomia com o desenvolvimento das Teorias da Escola Nova, designadas como o movimento de renovação da educação. Reformas importantes foram realizadas por intelectuais da década de 20, que impulsionaram o debate educacional ascendente até chegar à conquista da LDB 9394/96. Segundo Gadotti, o pensamento pedagógico brasileiro tem sido defendido por duas tendências gerais: a Liberal, na qual os educadores defendem a liberdade, o ensino de pensamento, a pesquisa e os métodos novos baseados na natureza da criança; e a Progressista, em que educadores e teóricos defendem o envolvimento da escola na formação de um cidadão crítico e participante da mudança social. Pode-se mencionar Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900-1971) como grandes humanistas e nomes de relevância da história pedagógica. Lourenço Filho, em seu Livro Introdução ao Estudo da Nova Escola (1950, p.133), dizia que na escola que Dewey dirigia ao final do século 61 passado, na Universidade de Chicago, “as classes deixavam de ser locais onde os alunos estivessem sempre em silêncio, ou sem qualquer comunicação entre si, para se tornarem pequenas sociedades, que imprimissem nos alunos atitudes favoráveis ao trabalho em comunidade”. A brincadeira encontra um papel educativo na escolaridade das crianças, na pré-escola e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. As crianças vão se desenvolvendo e conhecendo o mundo na escola, que se constrói a partir das diferentes histórias de vida das crianças, dos pais, das professoras e de todos os que compõem a instituição e que nela integram seu dia-a-dia. A brincadeira, então, pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar, mas é preciso inventar, criar, imaginar a pré-escola, pois esta deve dar espaço ao sujeito humano, criado e criador de história e cultura. Contextualizando o lúdico na escola A educação no Brasil teve um grande avanço quando passou por reformulações e foi promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), as propostas dos PCNs, e a consequente divulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais, consideradas assim como um grande avanço na educação brasileira e grande conquista para as escolas. 62 Estes fatos fizeram com que, na década de 90 (noventa), todas as escolas do Brasil discutissem o assunto. Algunsprofessores concordaram com tais diretrizes, outros não, no entanto o importante não foram os posicionamentos, mas as possibilidades de debates que se desencadearam e permitiram o repensar pedagógico. A ludicidade, como um estado de inteireza, de estar pleno naquilo que se faz com prazer, pode estar presente em diferentes situações da vida. Algumas escolas tornaram-se um local onde a criatividade e liberdade infantil são deixadas de lado e os jogos e as brincadeiras são ignorados, excluindo o aspecto lúdico da criança. A utilização do lúdico na escola é um recurso muito rico para a busca da valorização das relações, onde as atividades lúdicas possibilitam a aquisição de valores já esquecidos, o desenvolvimento cultural, e, com certeza, a assimilação de novos conhecimentos, desenvolvendo, assim, a sociabilidade e a criatividade. Almeida (1994, p.18) diz que “o grande educador faz do jogo uma arte, um admirável instrumento para promover a educação para as crianças”. Isso porque, quando a criança ingressa na escola, ela sofre um considerável impacto físico- mental, pois, até então, sua vida era voltada aos brinquedos e ao seu ambiente familiar. Na escola, a criança é submetida a permanecer durante muitas horas em cadeiras escolares não confortáveis e é impossibilitada de se mover 63 livremente, pela necessidade de se submeter à disciplina escolar, ocasionando em certa resistência em ir à escola. O fato não está apenas no total desagrado pelo ambiente ou pela nova forma de vida e sim por não encontrar canalização para suas atividades preferidas. Isso ocorre porque ainda hoje se confunde as palavras ensinar com transmitir, sendo o aluno agente passivo da aprendizagem e o professor um mero transmissor do conhecimento. A escola atual demonstra, em certas situações, que não aprendeu a confiar em seus alunos, porque apenas se limita ao repasse de conhecimento, impondo um saber e restringindo-se apenas ao recebimento desse domínio por parte dos alunos. Friedmann (2003, p.3) diz que “dentro da escola acredita ser possível o professor se soltar e trabalhar os jogos como forma de difundir os conteúdos”. Assim, é papel indispensável a professores e gestores escolares refletir acerca da importância da ludicidade na prática pedagógica como facilitadora do ensino e da aprendizagem. É através do lúdico que a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, desenvolvendo a aprendizagem de forma prazerosa e significativa, possibilitando que as aulas sejam um sucesso e resultando na satisfação de professores e alunos. 64 Ao analisar mais profundamente as crianças, percebe-se que toda sua vida será, em qualquer fase que se encontre, sempre iluminada pelo lúdico. Deve-se, dessa maneira, proporcionar ao discente o encantamento da brincadeira como fator propulsor para a aprendizagem diária. O papel da gestão escolar e as políticas públicas como alvo para infância A atuação do diretor na escola, dentro do enfoque de uma gestão democrática e participativa e da busca de uma educação de qualidade, está diretamente ligada ao compartilhamento de tomada de decisões pelos vários segmentos internos e externos da comunidade escolar. Isso se fortalece na ideia de que dividir tarefas torna todos mais comprometidos. È necessário que as escolas possuam Gestores capazes de aplicar normas legais nas situações mais diferenciadas. Para que se desenvolva um trabalho sério de Gestão Escolar, é preciso um conhecimento abrangente das leis que regem a educação, bem como saber que escola se quer para os alunos. Dessa maneira, a execução desse trabalho requer uma equipe coletivamente organizada, que busque, em parceria com os segmentos da escola, um novo significado da educação brasileira, dos sistemas de ensino e 65 das escolas. Para Lück (2006, p.36), a Gestão Educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo. Sabe-se que a Educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, basta ver a Constituição Federal, em seu artigo 205, p.137, mas cabe à escola a qualidade do ensino, de envolver os familiares e os segmentos na elaboração do Projeto Político Pedagógico, conquista esta adquirida através da Lei 9394/96, que formaliza e institui a gestão Democrática na escola. Assim, o PPP exerce o papel de mola mestra para desenvolver um rumo, uma nova perspectiva educacional onde todos os segmentos que fazem parte deste contexto da escola sejam ativos e coletivamente decidam pela mobilização de uma linha dentro da escola, onde a ludicidade esteja presente. Ressalta-se que resgatar o prazer na educação com novas metodologias é hoje imprescindível. Por isso, os gestores e todos os segmentos da escola precisam ter em mente a importância da educação através de metodologias inovadoras, onde a ludicidade esteja presente. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, traz alguns princípios dentre eles ressalta-se: “...O direito das crianças brincar como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil...”. Vê-se, dessa forma, que as leis que regem a educação contemplam o brincar, a ludicidade, como uma das formas de aprender através do encantamento, basta que se coloque em prática o que amparam e sugerem essas leis. 66 Enfim, a educação escolar tem como tarefa promover a apropriação dos saberes, dos procedimentos, das atividades e dos valores por parte dos alunos através da ação mediadora dos educadores e também pela organização e Gestão da escola. O lúdico na perspectiva dos teóricos A palavra lúdico, de origem latina, deriva de “ludere”, cujo sentido denota “ilusão, simulação”, atos que envolvem a imaginação, o sonho e as capacidades de compreensão e desenvolvimento da criança. Sabe-se que o brincar é a essência da infância, uma atividade natural, espontânea e necessária à criança. Segundo Luckesi (1994) são aquelas atividades que propiciam uma experiência de plenitude, ações vividas e sentidas. Assim, ao observar uma criança, desde seus primeiros meses de idade, nota-se que o brincar faz parte de seu cotidiano. Primeiramente, com seu próprio corpo, na relação de descoberta, e depois com tudo que estiver ao seu alcance, sempre como objeto de descoberta e desenvolvimento. Então, pode-se dizer que as brincadeiras, para as crianças, são mais do que apenas um divertimento, servem para seu desenvolvimento físico, emocional e cognitivo, ou seja, um estímulo para aprendizagem. 67 Os brinquedos infantis também remontam épocas pré-históricas, pois conforme Weiss (1997) existem registros de brinquedos infantis provenientes de diversas culturas, o que demonstra que o brinquedo, enquanto objeto real, tem acompanhado a evolução do homem, interagindo em seu espaço físico, em suas funções e seus aspectos. Os brinquedos eram fabricados manualmente, artesanalmente, nas oficinas de entalhadores de madeira, de fundidores de estanho e representavam um produto secundário das oficinas manufatureiras. Mesmo que sua inserção de forma mais intencional tenha se dado no século XIX, a educação greco-romana associava a ideia de estudo ao prazer, utilizando o brinquedo na educação. Segundo Wajskop (2001, p.19), “foi apenas com a ruptura do pensamento romântico que a valorização da brincadeira ganha espaço na educação das crianças pequenas”. A partir de Comênio, Rousseau, Pestalozzi, surge um novo sentimento de infância e a elaboração de métodos próprios de educação, propostas educativas centradas no divertimento e uso do brinquedo. Mas, foi a partir do século XIX que o jogo passou a ser alvo de estudo de psicólogos e pedagogos. Föebel, Montessori e Decroly realizaram pesquisas sobre as crianças pequenas e legaram aos jogos e às brincadeiras um importante papel no processo de aprendizagem. 68 Portanto,percebe-se que esta discussão sobre a importância dos jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem não é recente, e serve para consolidar a ideia de que brincando a criança se desenvolve integralmente. A metodologia lúdica na prática pedagógica, em especial, junto à criança em fase de alfabetização é de grande importância, pois ao fazer uso das brincadeiras infantis, novos desafios surgirão, proporcionando o desenvolvimento integral da criança, sendo o professor (a) peça relevante desse processo. Como disse Chateau (1987, p.14): “É pelo jogo, pelo brinquedo que crescem a alma e a inteligência (...) uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar”. Assim, defende-se neste estudo uma metodologia em que brincar é a ludicidade do aprender. A busca de novos caminhos para a educação tem privilegiado a autonomia, o conhecimento, a socialização e, ao permitir a manifestação do imaginário infantil por meio de jogos e brincadeiras, subsidia o desenvolvimento integral da criança. Na análise da importância do lúdico no processo de alfabetização, considera- se conforme Barata (1995, p.9) que: - é pela brincadeira que a criança passa a conhecer a si mesma, as pessoas que a cercam, as relações entre as pessoas e os papéis que as elas assumem; 69 - é através dos jogos que ela aprende sobre a natureza e os eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura do seu grupo; - as brincadeiras e os grupos tornam-se recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo ensino aprendizagem. O jogo não é somente um divertimento ou uma recreação. Os jogos são atividades naturais que satisfazem a atividade humana, e é necessário seu uso dentro da sala de aula. Para compreender o significado da atividade lúdica na vida da criança, é necessário que se considere a totalidade dos aspectos envolvidos: preparação para a vida, prazer de atuar livremente, possibilidades de repetir experiências e realizações simbólicas. A ludicidade é, então, uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, ainda colabora para uma boa saúde mental. Paulo Freire afirma que, sem a coragem de correr riscos, não existe educador. E usar o jogo como metodologia significa correr riscos. Segundo Vigotsky (1988, p.117): (...) o brinquedo promove o desenvolvimento da criança, criando o que chama de zona do desenvolvimento proximal, no qual acriança se comporta 70 além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário, no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. O brincar é uma atividade que engloba praticamente toda vida da criança, do acordar ao deitar; é por meio do ato de brincar que a criança descobre a vida, enfrenta, através do faz de conta, o desafio do crescimento. O mundo da criança é muito rico e mutável, possibilitando que a mesma consiga se relacionar com a fantasia e com a realidade de maneira aceitável para ela. O professor, conhecedor da importância dessas atividades para o desenvolvimento integral da criança, deve fazer uso de uma metodologia lúdica em sala de aula, auxiliando, assim, o processo ensino aprendizagem. Como diz Santos (1999, p.115): O brincar está sendo cada vez mais utilizado na educação construindo- se numa peça importantíssima nos domínios da inteligência, na evolução do pensamento e de todas as funções superiores, transformando-se num meio viável para a construção do conhecimento. Quando o professor utiliza-se de atividades lúdicas, ajuda o aluno a lidar com seus sentimentos, a buscar satisfação de seus desejos, a vencer as frustrações e a enfrentar desafios com segurança. Para Antunes (2000, p.36), ao comentar sobre a função do jogo, “o jogo ajuda a construir novas descobertas, desenvolve e enriquece a 71 personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva o professor à condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem”. Educar não se limita a repassar informações ou apontar caminhos, é ajudar os outros a tomarem consciência de si mesmos, do outro e da sociedade, especialmente com jogos grupais que favorecem a socialização. As atividades lúdicas influenciam grandemente nesse processo, pois são fontes de prazer e descoberta. Através delas “a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente” (SANTOS 1999, p.20). O lúdico é garantia de vivências alternativas, uma contribuição para reconstrução significativa dos saberes e uma prazerosa oportunidade de integração. Então, cabe à escola e ao professor propiciar o máximo possível de situações em que o aluno possa interagir, coordenar suas ações, expressar seus pensamentos, ser seu próprio agente na aquisição de conhecimentos e habilidades. Mas, é necessário alertar os professores e a própria escola sobre um aspecto crucial sobre o jogo: “jamais pensar em usar jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento” (ANTUNES, 1998, p.36). Assim, a escola deve oferecer jogos, mas primar pela qualidade e não pela quantidade desses recursos. O jogo é a representação em ato e em pensamento. É a função simbólica que permite sair do imediatismo e egocentrismo de sua ação. Se este afastamento se fizer só em nível verbal, a relação com a realidade torna- 72 se neutra e abstrata, mas se acompanhar a experiência lúdica, a relação se mantém significativamente dialética. O repertório lúdico da criança é muito vasto. Além das brincadeiras cantadas, percebe-se que os jogos ocupam o primeiro lugar nas preferências infantis pelo seu conteúdo, são um estímulo constante à competição e à superação de habilidades. O jogo e as brincadeiras são mais do que um simples divertimento, são elementos importantes no processo ensino e aprendizagem na alfabetização, em que a criança tem de aprender a jogar com as outras crianças e não contra. Para Friedmann (1996, p.70), “é possível, a partir do jogo, ter um amplo panorama de informações”. O ambiente alfabetizador deve ser, portanto, um espaço especialmente criado para aprendizagem, rico em recursos. Em tais ambientes, não podem faltar espaços para leitura, jogos de escrita e faz de conta. Os educadores e pais deveriam observar um pouco mais as crianças enquanto elas brincam, assim poderiam diagnosticar as necessidades das mesmas e teriam condições de identificar as etapas já alcançadas pelas crianças ou a fase em que se encontram em relação à aquisição e ao domínio. Antunes (1998, p.16) afirma que: “todo jogo pode ser usado para muitas crianças, mas seu efeito sobre a inteligência será sempre pessoal e impossível de ser generalizado.” O jogo, em seu sentido integral, é o mais 73 eficiente meio estimulador das inteligências, tendo uma importância fundamental em sua aplicação no ensino. O objetivo é descobrir novas estratégias, pois, cada fase do desenvolvimento do ser humano é caracterizado na conformação única e especial através de jogos individuais, jogos simbólicos, jogos pré-socias ou de regras. A utilização dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras como meio educacional é um avanço para a educação. Quando bem orientado, o jogo pode ser um excelente recurso para aprendizagem. Por isso, é importante ressaltar que “pensar é brincar com a imaginação. Escrever é brincar com as palavras. Tudo é possível quando a gente solta a cabeça e deixa voar o coração...” (TELLES, 1998, p.28). As relações e inter-relações do lúdico Torna-se essencial e imprescindível perceber a relação que o jogo, a brincadeira e o brinquedo desenvolvem na criança. É através dessa atividade lúdica que o desenvolvimento da criança acontece e fornece estruturas para evoluir do simples para o complexo; é a forma como ocorreo processo de ensino e aprendizagem. Quando se refere à palavra jogo, está-se relacionando à brincadeira, seja individual ou coletiva, e o lúdico (brinquedos). 74 Segundo Morin (1986) a incerteza tem premiado este final de século frente à conjuntura, apresentando-se na realidade da educação. Os professores buscam ainda alunos homogêneos dentro de um mesmo nível de aprendizagem. Entretanto, cabe ressaltar que os professores precisam conhecer e aceitar as diferenças que se fazem presentes no meio educacional, bem como as incertezas que existem. Devem, portanto, procurar compreender as contradições, o imprevisível, e ir em busca de um pensamento complexo, evitando os limites de um pensamento simplificador e fragmentado. Cada sociedade constrói o sistema pedagógico mais conveniente às suas necessidades, às suas concepções de homem e vontade de preservá-las, bem como a reprodução das relações de poder entre seus membros. O que se tem verificado é que a sociedade passa por notáveis mudanças no campo político e econômico, mas as instituições pedagógicas permanecem imutáveis. Elas refletem valores sociais dominantes, ao mesmo tempo em que apontam mudanças a serem feitas para ajustar a sociedade às novas realidades, e outras, ainda, buscam propostas de libertação dos oprimidos. Sob estes aspectos Almeida (1986; p.149) salienta que: É preciso que as instituições estejam alerta, para que a Educação, na busca de seus objetivos, possa encaminhar na busca de qualidade de vida, na humanização na produção de elaboração própria, criativa e no processo 75 emancipatório, atualizado, competente, abrir chance na dimensão maior possível e ajudar nossa sociedade. Deste modo, é imprescindível que nas propostas pedagógicas das escolas o desafio de qualidade esteja presente, assim como a imagem viva do aprender a aprender, que é o cerne da educação: saber pensar, informar-se e refazer todo o dia a informação, questionar. O professor como sujeito participativo e produtivo, percebendo a necessidade de qualidade da educação, busca continuamente o conhecimento para transformar-se. E nada melhor para a formação de cidadania do que a presença do jogo nos currículos escolares. O jogo não surgiu na história como uma atividade lúdica e educativa, mas como jogo com apostas onde se ganhava ou perdia dinheiro. Somente com o decorrer do tempo é que ele passou a ser visto como um elemento de recreação, podendo contribuir diretamente na educação, porque permite relacionamento do aluno, o qual consegue realizar melhor as atividades. O jogo por muito tempo foi visto como recreação separada da aula, algo que auxilia na concentração, mas não faz parte da educação. Associar o jogo à educação significa romper a oposição construída em torno do modelo da recreação. Aqui, o jogo não é formador, mas revelador. Por essa razão adquire um lugar na estratégia educativa. As crianças são exercitadas para o jogo que permite a expressão dos talentos e dons naturais, sobretudo nos jogos entre crianças onde, em geral, nada há de artificial, mas onde tudo ocorre de modo espontâneo, pois qualquer 76 emulação leva ao surgimento e à manifestações das aptidões como uma erva, planta ou fruto revelam seu aroma e sua virtude natural quando aquecido (BROUGERE, 1998, p. 57). Esta concepção coloca o jogo à margem da educação, mas mostra um novo enfoque que irá possibilitar, talvez um dia, a origem de um olhar sobre ela. Jean Piaget realizou pesquisas e escreveu o primeiro texto psicológico no qual analisa a especificidade do pensamento infantil (representação do mundo causalidade, julgamento moral), neste instante aparece a primeira obra que fala de jogo, o jogo de regras. É através do jogo que se dá a descoberta de valores sociais relativos ao direito e à democracia. O jogo simbólico aparece no final do segundo ano de vida da criança, que é o faz-de-conta. O jogo de regras origina-se no procedimento, nas dramatizações, onde dá ênfase, e na cooperação. Com a valorização do jogo, nesta última década, cada vez mais é acentuada a sua importância na educação infantil, pois é através destes procedimentos que a criança se desenvolve como um todo. Esse desenvolvimento ocorre desde cedo no seu contexto familiar e social com a experiência dos adultos e do mundo criado por elas. A brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas; constitui-se em um modo de assimilar e recriar as experiências socioculturais. Nesta há garantia de interação e construção de conhecimentos da realidade pelas crianças. 77 O jogo encontraria um papel educativo na escolaridade das crianças, na pré- escola, e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, pois ele pressupõe uma aprendizagem social. Dessa forma, o jogo infantil tem importância fundamental na pré-escola e deverá ser inserido no currículo escolar tendo em vista a criança como sujeito histórico e social. Na pré-escola existe a interação das crianças que estão pensando e imaginando, vivendo suas relações familiares, de trabalho, de linguagem. Através do corpo, da escrita, recriam a realidade com utilização dos sistemas simbólicos próprios. Para Brougere (1998), a brincadeira é uma mutação do sentido da realidade: nela as coisas transformam-se em outras. É um espaço à margem da vida cotidiana que obedece a regras criadas pela circunstância. Nesta última década, os jogos e os brinquedos têm sido cada vez mais usados nas escolas e no ambiente familiar. Os jogos se expandiram tanto que chegaram até as empresas como fator de integração ou de relacionamento inter-pessoal entre funcionários. Às vezes, são apenas jogos para desenvolver capacidades como a concentração, memória, atenção. Em outras ocasiões os jogos visam atingir o lado afetivo, psicológico, social, ou todos estes aspectos; são os jogos educativos. Os jogos se dividem em jogos de regras fixas e os de construção espontânea. Nos primeiros, “ensina-se a jogar”, isto é, compreendem-se as regras e normas e se age segundo elas. No segundo, a liberdade de criação é estimulada, desde a construção das regras pelos próprios participantes até os 78 conteúdos envolvidos. Os contextos limitadores são regras e procedimentos colocados antes da partida. Um dos aspectos mais interessantes do jogo é a sua semelhança com muitas situações da vida real, que também envolvem tomadas de decisões em função de determinados objetivos, em contextos limitadores. Daí expressões populares como a “vida é um jogo”, “o jogo da vida”. A semelhança com a vida é o comportamento e a interação dos participantes. O jogo pode envolver cooperação, conflito e uma série de outros sentimentos tais como: insegurança, autoafirmações, medo, e curiosidade, que são situações da vida real. Não dão só prazer à criança, mas para ela em primeiro lugar estão as experiências de prazer. Têm-se jogos industrializados e jogos construídos de sucatas pelos professores, que aliam duas atividades: a construção do jogo e o ato de jogar. Nesses jogos a interação dos professores é quase sempre desenvolver a atividade lúdica, visando para isso os conteúdos da sala de aula. Nos jogos, a atividade é agradável, oferece satisfação como resultado. Na criança pequena, a tendência é satisfazer seus desejos, e se isso não ocorre de imediato, surge, então, o desinteresse. Já na idade pré-escolar, quando não satisfeitos seus desejos de imediato, a criança parte para a imaginação e tudo acontece no mundo de faz de conta, onde pode realizar tudo o que quiser da maneira que desejar. Esse mundo é chamado de brinquedo. A imaginação é 79 um processo psicológico para a criança; ela vai se adaptar a esse mundo de forma consciente, construindo uma história imaginária. É importante garantir o espaço do jogo na educação pré-escolar e nas séries iniciais do Ensino fundamental, onde a educaçãoesteja em perspectiva criadora, imaginativa e construtiva do significado do seu cotidiano, em uma atividade consciente e voluntária, na busca do conhecimento. Através dos jogos e brincadeiras a criança constrói conceitos e supera dificuldades de aprendizagem, mantendo vivo o prazer de aprender, fazendo disto uma deliciosa aventura. Segundo Winnicott (1985, p.161), “é na brincadeira que as crianças “dão escoamento ao ódio e à agressão”, como se agressão fosse alguma substância má de que fosse possível uma pessoa livrar-se. Cabe, aqui, ressaltar a importância de um ambiente favorável como sendo capaz de minimizar os sentimentos agressivos. Deve-se aceitar, em parte, a agressividade na brincadeira da criança, que, por sua vez, não aceita, muitas vezes, a desonestidade na brincadeira, o que torna a agressividade como um fato positivo. Quando a criança brinca, ela expressa seus sentimentos, e nesse momento muitos traumas e medos poderão ser resolvidos através desta atividade (o ato de brincar). 80 As crianças brincam por prazer e para dominar suas angústias, para controlar os impulsos que levam a esta angústia. A angústia sempre é um fator dominante na brincadeira infantil, mas em excesso leva à brincadeira repetida, ou a uma busca exagerada dos prazeres que pertencem à brincadeira. Caso a angústia seja muito grande, a brincadeira torna-se pura exploração da gratificação sensual. Quando as crianças brincam por prazer, é fácil convencê-las a parar de brincar, ao passo que, quando a criança brinca para dominar a angústia, a sua interrupção causa-lhe muita aflição. As brincadeiras são experiências que as crianças vão adquirindo no decorrer de sua vida, assim como o adulto desenvolve sua personalidade através de sua experiência de vida; a criança cresce e se aperfeiçoa através da criatividade das suas próprias brincadeiras e com as relações com as demais crianças e adultos. A brincadeira “é a prova evidente e constante da capacidade criadora, que quer dizer vivência” (WINNICOTT, 1985, p.163). A parcela de contribuição dos adultos é o de reconhecer a importância da brincadeira e o ensino de brincadeiras tradicionais, mas sem interferir na iniciativa da própria criança. Inicialmente, a criança está restrita ao círculo representado pela mãe. Aos poucos, passa a ampliar este círculo, incluindo outras crianças, sendo a brincadeira o canal natural para estes novos relacionamentos. 81 A brincadeira, (...) baseada como é na aceitação de símbolos, contém possibilidades infantis. Habilita a criança a experimentar seja o que for que se encontre em sua íntima realidade psíquica pessoal, que é a base do crescente sentido de identidade. Tanto haverá agressão quanto amor (WINNICOTT, 1985, p.267). Assim como o adulto se comunica através da fala, a criança expressa seus sentimentos, ou se comunica através das brincadeiras, o que, muitas vezes, causa certa aflição na criança perante o fracasso do adulto de não lhe compreender corretamente. Segundo Winnicott (1975, p.80), “é o brincar, somente no brincar, que o indivíduo criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (seft)”. Nota-se que a brincadeira é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento da criança, uma vez que elas, desde bem pequenas, comunicam- se através de movimentos, sons, e gradativamente irão desenvolvendo a sua imaginação e a criatividade através das brincadeiras. A principal atividade infantil na pré-escola é o brinquedo, não pelo tempo que a criança se ocupa do brincar, mas pela sua relação com o desenvolvimento psíquico infantil. A perspectiva do lúdico na construção do conhecimento 82 Numa educação em que se busca a preparação pela vida, a afetividade ganha destaque, pois acredita que a interação afetiva auxilia na compreensão e transformação das pessoas. A ludicidade entra em meio a todo esse contexto, sendo percebida como uma necessidade do ser humano, em qualquer idade, e não apenas como diversão na infância. A formação lúdica baseia-se nas possibilidades de criatividade, no cultivo da sensibilidade, pela busca da afetividade e nutrição da alma, fazendo com que os educadores possam ter vivências lúdicas e experiências corporais. No atual processo educativo, como está posto, o educador percebe-se imerso num universo dinâmico, em constante transformação, no qual o ato de educar se modifica a todo o momento, já produzindo novos conhecimentos e espaços para o ser humano, germinando valores, tanto para o educador quanto para o educando. Professor bom não é aquele que dá uma aula perfeita, explicando o conteúdo; professor bom é aquele que transforma o conhecimento, a ser aprendido, em brinquedo e seduz o aluno a brincar. Depois de seduzido, não há quem o segure ( ALVES apud VIDAL, 2001). Durante as atividades lúdicas, o professor passa a criar situações para o desenvolvimento da autonomia, com incremento de ações que favoreçam as interações, surgindo trocas. 83 Para o desenvolvimento de currículos criativos, é necessário que se oportunizem espaços às crianças, onde a educação prime pelo desenvolvimento integral dos educandos através da ludicidade. Segundo Celso Antunes (1999), dessa forma já está se perdendo no tempo a época em que se separava a “brincadeira”, o jogo pedagógico, da atividade “séria”. De Huizinga a Roger Caillois, de Heidegger a Georges Bataille, de Montaigne a Fröbel, de Konrad Lorenz a Gardner, estes, uns dos mais destacados pensadores da atualidade, revelaram grande interesse pela questão lúdica e pelo lugar dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento humano e na concepção de mundo. A opinião popular é olhar as brincadeiras como uma forma de ócio, como um tipo de divertimento que apenas faz o tempo passar. É raro ver algum valor que seja nas brincadeiras, no máximo pode-se pensar nas brincadeiras como uma forma de fraqueza natural da infância a qual ajuda a criança a matar o tempo por um período (VYGOTSKY, 1991, p.88). Hoje, ao brincar, a criança com certeza apropria-se de elementos da realidade, e em cima disso lhe dá novos significados. Assim, a criança, colocada diante de situações lúdicas, apreende o significado real da brincadeira, o que lhe possibilita a oportunidade de estabelecer planos de ação para atingir determinados objetivos, executar ações segundo estes planos, e avaliar sua habilidade e eficácia no decorrer destas situações. 84 Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividades, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la (KISHIMOTO, 1996, p.36). O brincar deve ser visto como um fato marcante na vida da criança, assim, a ludicidade passa também a ter característica marcante na vida da criança. As escolas precisam primar pela valorização da criança, buscando, através da brincadeira dentro dos conteúdos curriculares, a dinamização do processo construtivo do conhecimento. É preciso, então, entender a contribuição da brincadeira no desenvolvimento cognitivo-afetivo-social das crianças. O brincar e o educar são atividades complexas em que devem ser estudadas as relações, pois de uma forma ou outra auxiliam no desenvolvimento humano, sendo mediadoras na construção do conhecimento, onde a criança, através do lúdico, poderá encontrar o equilíbrio ente o real e o imaginário. Portanto, o educador precisa selecionar as brincadeiras e saber qual a meta quer atingir usando as mesmas como recursos em suas aulas, para que assim as crianças, através das atividades lúdicas, desenvolvam diferentes áreas do conhecimento. 85 Deve-se ter espaço para as brincadeiras nasescolas, criar situações imaginárias, permitir à criança ir além do real, o que irá colaborar para o seu desenvolvimento. O jogo do faz-de-conta abre um espaço para a apreensão de significados de seu contexto e oferece alternativas para novas conquistas no seu mundo imaginário. De acordo com Vygotsky (1991), através do brinquedo, a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. Nessa fase (idade pré-escolar), ocorre uma diferenciação entre os campos do significado e da visão. O pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior passa a ser regido pelas ideias. A criança poderá utilizar materiais que servirão para representar uma realidade ausente. Nesses casos ela será capaz de imaginar, abstrair as características dos objetos reais e se deter no significado definido pela própria brincadeira (REGO, 1995, p.81). Portanto, a partir destas colocações, constata-se que, através das atividades lúdicas, a criança tem a oportunidade de vivenciar, através das brincadeiras e dos jogos, situações-problemas que lhe ajudarão futuramente nas resoluções das situações reais. 86 MÓDULO VI - O LÚDICO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DA MATEMÁTICA – PARTE I 6 Autores: Luciana Verêda da Silva Clenilson Panta Angelim Introdução Durante muito tempo, a matemática foi transmitida de forma que os alunos passaram a ficar apreensivos, com receio da disciplina, e ainda hoje é visível este desânimo pela matemática por parte dos estudantes. O que levou a analisar o tema “O lúdico como ferramenta no ensino da matemática” foi o fato de querer reforçar ainda mais a importância de se trabalhar com atividades lúdicas no ensino de matemática, ressaltando suas contribuições tanto para o professor quanto para a criança. Hoje, o educador pode e deve utilizar o lúdico nas diferentes situações dentro da sala durante suas aulas de matemática, porém nem sempre vemos educadores que estão 6 Módulo VI PARTE I – reprodução total - O LÚDICO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DA MATEMÁTICA - Autores: Luciana Verêda da Silva/Clenilson Panta Angelim – Disponível em: https://www.somatematica.com.br/artigos/a65/index.php 87 dispostos a mudar sua metodologia, deixando de lado um método tradicional para seguir uma postura lúdica, incluindo os jogos e brincadeiras em suas aulas, mesmo sabendo que o jogo no ensino de matemática pode ser utilizado como um instrumento norteador que facilita o processo de ensino e aprendizagem do aluno na disciplina em questão. O lúdico beneficiará de maneira positiva para o desenvolvimento intelectual e potencial de cada criança, onde compete ao professor intervir de forma adequada sem interferir na criatividade dela. Segundo Zatz Halaban (2006), brincar é essencial para a criança, pois é deste modo que ela descobre o mundo à sua volta e aprende a interagir com ele. O lúdico está sempre presente, o que quer que a criança esteja fazendo. Dessa forma o ensino de matemática tem sua importância na vida do educando, e bem antes de sua entrada nas instituições a criança já está em contato com a matemática, pelo simples fato de que ela está presente em muitas situações em nosso cotidiano. Dantas, Rais, Juy (2012, p. 08) reforça que: A criança já traz para a escola alguns “conceitos” numéricos que ela já estabelece singularidade, pois são usados em seu dia a dia, como por exemplo, o número da sua casa e que cabe a escola o papel de incentivar a criança para que ela se aproprie do sistema de numeração de forma prazerosa e satisfatória. A criança precisa ter noção de sequência numérica para poder utilizar. (Dantas, Rais, Juy 2012, p. 08). 88 Mas, ao ingressar numa instituição, os estudantes começam a conhecer uma matemática que para eles não tem significado, cheia de regras e fórmulas, bem como fora do seu contexto social. Os mesmos começam a ter uma visão diferente sobre o ensino da matemática, dizendo ser uma disciplina difícil, e acabam por se sentirem incapazes e impossibilitados de aprenderem, o que lhe é transmitido pela forma como lhe é transmitida. O presente trabalho pretende mostrar que através do lúdico inserido no ensino de matemática, principalmente nas séries iniciais, poderá ter um resultado positivo com relação ao aprendizado das crianças, pelo brincar. Brincadeira essa com o intuito de melhorar o raciocínio lógico da criança de forma divertida e criativa, e amadurecer esse pensamento na mente do educando que esse brincar não é pra passar o tempo, como reforça Kishimoto (1998) quando diz que “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para gastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral". Fazer com que o aluno descubra e entenda que a matemática pode ir além dos cálculos e das fórmulas, aderindo uma forma também prazerosa ao ato de ensinar e que pode ser sentido pelos estudantes ao perceberem que essa prática está sendo repassada pelo professor. De acordo com Cunha, “O Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras 89 crianças, desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim com prazer” (Cunha 2001, p.14). O lúdico é a brincadeira, o entretenimento das pessoas envolvidas, o jogo, a diversão. É pelo brincar e através dele que o estudante se desenvolve e é sob esse pensamento que será desenvolvido esse trabalho, para que o aprendizado de matemática se torne ainda mais atrativo, divertido e que desperte o interesse das pessoas envolvidas, professores/alunos. Conforme CORBALÁN, apud ALSINA, Ensinar e aprender matemática pode e deve ser uma experiência com bom êxito do sentido de algo que traz felicidade aos alunos. Curiosamente quase nunca se cita a felicidade dentro dos objetivos a serem alcançados no processo ensino-aprendizagem, é evidente que só poderemos falar de um trabalho docente bem feito quando todos alcançarmos um grau de felicidade satisfatório. (CORBALÁN, apud ALSINA, 1994, p. 14). Essa satisfação deve ser de ambas as partes, não terão aprendizado se somente o professor demonstrar interesse, o professor deverá buscar estratégias que chame a atenção do estudante para que ele sinta-se atraído pelo que está sendo visto, e que encontre significado naquilo que está sendo repassado pelo educador. Com base em pesquisas em sites e estudos em trabalhos relacionados ao tema, o presente trabalho está organizado em subtítulos que apresentarão 90 desde a definição do termo Lúdico, se referindo a brincadeiras, a momentos de diversão, onde estão incluídos os jogos, brinquedos e, brincadeiras, por ser um aliado e está auxiliando nas aulas de matemática, tornando-as mais agradáveis e prazerosas, tanto para o aluno, como para o professor. Mais adiante, a importância do lúdico no ensino de matemática, principalmente nas séries iniciais, destacando as contribuições no auxílio das aulas de matemática, bem como distanciar dos estudantes o bloqueio que sentem pela disciplina e que se consideram incapazes de aprendê-la. Logo após, falar sobre as contribuições dos jogos no processo de alfabetização matemática, buscando estratégias que facilitem nesse processo e que consigam com que seus alunos permaneçam concentrados em suas aulas, sem que fiquem estressados, cansados e reconheçam as aulas como atrativas e o professor demonstre ainda mais motivação naquilo cujo qual está exercendo. Metodologia Como método para a realização deste trabalho, foram realizadas pesquisas: exploratória, com o objetivo de transmitir uma boa compreensão e precisão sobre o tema abordado, teórica, pois foi necessário ter um embasamento acerca do pensamento de alguns autores, para que pudesse explicar melhor o assunto levantadoe qualitativa, pois um assunto de grande 91 relevância precisa ser aprofundado para que se tenha um entendimento das pessoas envolvidas, professor/aluno. Foram feitos estudos em trabalhos como: artigos, tccs, teses, monografias entre outros, dos quais tratavam de assuntos que tinham relação com o lúdico como ferramenta no ensino de matemática. E a partir desses trabalhos foi feito uma pesquisa bibliográfica para obtenção de dados importantes que pudessem enriquecer este trabalho, por meio de pensamentos de alguns autores que defendiam e consideravam o assunto importante. Para facilitar a pesquisa, foram usadas palavras chaves como: o lúdico no ensino de matemática, a importância do lúdico no processo ensino aprendizagem da matemática, lúdico como instrumento no ensino, a importância dos jogos na educação matemática. Fundamentação teórica Lúdico Qualidade daquilo que estimula através da fantasia, do divertimento ou da brincadeira. Trata-se de um conceito bastante utilizado na educação, principalmente a partir da criação da ideia de “jardim de infância”, por Friedrich Froebel, que defendia o uso pedagógico de jogos e brinquedos, que 92 deviam ser organizados e sutilmente dirigidos pelo professor. Mais tarde, vários educadores, como Piaget e Montessori, alertaram para a importância do lúdico na educação. Segundo Vygotsky, por exemplo, o lúdico influencia muito o desenvolvimento da criança, pois é através do jogo que a criança aprende a agir, tem a curiosidade estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, além de proporcionar o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. O lúdico também se origina na capacidade simbólica, na qual as imagens são consideradas fundamentais para instrumentalizar a criança, visando a construção do conhecimento e sua socialização. Hoje, existe um consenso de que o lúdico é fator determinante na aprendizagem da criança. O ensino utilizando meios lúdicos criaria ambiente gratificantes e atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. Por isso, no âmbito do universo lúdico, foram criadas as brinquedotecas, os jogos educativos, os brinquedos pedagógicos e outros materiais. Fonte: educabrasil.com.br/ludico/. De acordo com o pensamento de Santos (2001:37): “O comportamento lúdico não é um comportamento herdado, ele á adquirido pelas influências que recebemos no decorrer da evolução dos processos de desenvolvimento e aprendizagem”. E essa construção pode ser feita pelo professor em suas aulas, enxergando as atividades lúdicas como um componente importante para a vida 93 dos seres humanos, em especial as crianças, proporcionando momentos de prazer, diversão e aprendizado. Santos (2001:35) afirma ainda que: “Assim sendo, o lúdico deve ser constante na vida dos seres humanos, desde o início de suas vidas até a velhice”. Por desenvolver-se com maior facilidade ao brincar. Segundo Almeida “o lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano (estudo das relações entre fenômenos psíquicos e fisiológicos). E que as implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo”. Desta forma ao ser inserido no ambiente escolar como parte do processo ensino aprendizagem, esse termo deixa de ser relacionado apenas só ao brincar por diversão e passatempo, e começa a ser um contribuinte nesse processo, dando mais ânimo aos estudantes, principalmente nas séries iniciais, visando a disciplina de matemática, que ainda é vista como uma disciplina difícil, com cálculos e fórmulas, mas que pode ser mudado esse entendimento com relação ao ensino de matemática. Cabe também ao educador mudar essa ideia na mente de seus educandos, buscando novas formas de ensinar a matemática, mudando sua prática, buscando outros caminhos que possam favorecer nesse aprendizado. Mostrar que o brincar pode ser um meio importante e que por ele também há aprendizado, quando se trata de um brincar com responsabilidade e com um único objetivo, o de educar. 94 Volpato afirma que: “O brincar na escola não pode - nem deve – ser o mesmo que brincar em casa, não se tratando do recreio, pois, o brincar na escola se define numa formação responsável pela socialização e aprendizagem da criança. No entanto maioria dos professores sente dificuldade em conciliar o jogo e a brincadeira em sala de aula, sendo às vezes negados pelo fato de pensarem que vai provocar indisciplina. Várias vezes, o lúdico é confundido com material concreto para ensinar matemática, como jogo da memória, dados, bingos de diversos tipos, entre outros. Nessa modalidade a atividade corre risco de não ser utilizada como mediadora de aprendizagens significativas para a criança, pois deve ser uma forma prazerosa de desenvolvimento visando a aprendizagem”. (Volpato, 2002,p.97) O conceito lúdico é usado por muitos educadores, por ser um grande aliado auxiliando em suas aulas, tornando assim mais agradáveis e prazerosas, tanto para o aluno, como para o professor, pois com esse pensamento lúdico, pretende-se melhorar a auto estima, o aprendizado, o interesse pela as aulas, o raciocínio e uma vontade de aprender matemática de uma forma diferente, porém divertida. A importância do lúdico no ensino de matemática nas séries iniciais De acordo com o PCN, 2001, p.26, “A matemática surgiu na antiguidade por necessidades da vida cotidiana, converteu-se em um imenso sistema de variadas e extensas disciplinas, como as demais ciências, reflete as 95 leis sociais e serve de poderoso instrumento para o conhecimento do mundo e domínio da natureza”. (PCN, 2001, p.26). E pela necessidade o homem da época, sem possuir ainda uma formalização de conceitos matemáticos e numéricos, precisou contar, medir, calcular. E com o passar do tempo foi aprimorada através dos estudos e se tornando uma disciplina/uma ciência com características próprias. É uma disciplina considerada por muitos estudantes como difícil, complexa, simplesmente por estarem relacionando somente as fórmulas e cálculos e acabam sentindo dificuldades para assimilarem os conteúdos quando não demonstram interesses, por não compreenderem, por não fazerem relação com seu cotidiano, e não percebem que bem antes de sua entrada nas instituições a matemática já faz de alguma forma, parte de sua vida. Logo na infância a criança inicia sua vida estudantil, e a parti daí começa o processo de alfabetização, e todas as disciplinas que fazem parte desse processo, inclusive a matemática que deve ser transmitida de forma bem elaborada para que futuramente os estudantes não venham a ter maiores dificuldades. Com isso surge a ideia de inserir o lúdico no ensino de matemática, trabalhar dando ênfase nas atividades através do brincar, principalmente no ensino fundamental nos anos iniciais. Em Vygotsky, percebemos que o ato de brincar é importante, pois possibilita ao indivíduo atuar em um nível cognitivo superior ao seu e isso impulsiona o desenvolvimento, além disso, o observador precisa estar 96 preparado para distinguir nas atitudes das crianças, ações ou procedimentos que demonstrem os sinais dos critérios necessários para uma boa formação cognitiva, e até afetivo-social do aluno. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso (REGO, 2000, p. 82). As crianças demonstram prazer em aprender, agir, e enfrentar os desafios seguros e confiantes, quando aprendem através de atividades lúdicas, elas produzem conhecimentos, nas experiências que são capazes de proporcionar o envolvimento do individuo que brinca. Por isso, é de fundamental importância que o professor utilize os jogos na sala de aula, estimulando os alunos para o desenvolvimento dos conteúdos propostos.Uma vez que o “objetivo dos professores de matemática deverá ser o de ajudar as pessoas a entender a matemática e encorajá-las a acreditar que é natural e agradável continuar a usar e aprender matemática como uma parte sensível, natural e agradável”, diz (BRITO 2001, P. 43). Segundo BORIN (1996), “Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva, e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que esses alunos falam 97 matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem”. (BORIN,1996,9) Os jogos são um recurso pedagógico eficaz se forem bem articulados e planejados pelo professor, contribuindo assim para a construção do conhecimento matemático da criança. As frustrações e os pensamentos negativos com relação ao ensino de matemática deixarão de existir quando for colocado em prática o pensamento de que é de grande importância unir aos conceitos matemáticos, o lúdico, o brincar através dos jogos, deixando claro aos estudantes que estudar matemática também pode ser divertido, pode ser prazeroso. A contribuição dos jogos no processo de alfabetização matemática KISHIMOTO, p:106, afirma que “ a introdução dos jogos na escola primária não é bem vista”, isso acontece por que muitos educadores ainda estão presos e preocupados em não poder fugir daquilo que tem que ser trabalhado em sala com seus estudantes, cumprir com uma grade curricular e que mais tarde será cobrado, porém isso não pode nem deve ser um empecilho, o professor pode trabalhar qualquer que seja o conteúdo com auxilio da ludicidade, inserindo os jogos em suas aulas dando mais prazer aos seus estudantes que demonstram desinteresse pelas aulas de matemática por não apresentarem nenhuma novidade. Segue uma afirmação de FRIEDMANN, 1996:15, 98 “Na escola “não dá tempo para brincar”, justificam os educadores. Por quê? Há evidentemente um programa de ensino a ser cumprido e, objetivos a serem atingidos, para cada faixa etária. Com isso, o jogo fica relegado ao pátio destinado a preencher intervalos de tempo entre aulas. Entretanto, o jogo pode e deve fazer parte das atividades e curriculares, sobretudo nos níveis pré- escolar e de 1º grau, e ter um tempo preestabelecido durante o planejamento, na sala de aula”. (FRIEDMANN, 1996, p.15). Segundo Macedo Et Al, 200:24, “qualquer jogo pode ser utilizado quando o objetivo é propor atividades que favorecem a aquisição do conhecimento. A questão não está no material, mas no modo como ele é explorado pode-se dizer, portanto, que serve qualquer jogo mas não de qualquer jeito”. Devem ser utilizados com objetivos educativos, considerando os jogos como facilitadores da aprendizagem na disciplina de matemática. Nesse momento destaco como importante o pensamento de Kishimoto (2000), que diz: "Para o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático, o mediador deve organizar jogos voltados para classificação, seriação, sequência, espaço, tempo e medidas". A introdução de jogos como recurso didático nas aulas de matemática é tido como facilitador, como um contribuinte, uma vez que os estudantes ainda apresentam medo, receios com relação a disciplina e os jogos acabam diminuindo os bloqueios apresentados pelos estudantes, com relação à matemática, considerando assim o lúdico como ferramenta no aprendizado. 99 Não podendo esquecer que, quando se trata de crianças, elas não conseguem ficar concentradas por muito tempo se não estiverem atraídas por algo que está sendo repassado durante as aulas. Sendo assim vale ressaltar o pensamento de LOPES, quando diz, “Um dos pontos importantes para que o professor possa atualizar sua metodologia é perceber que a criança de hoje é extremamente questionadora, não “engole” os conteúdos despejados sobre ela sem saber por que, ou, principalmente para quê. Portanto, o professor deve preocupar-se muito em saber sobre como a criança aprende do que como ensinar. (LOPES, 2001, p: 22). Neste sentido entende-se que o professor deve ser criativo, buscar e adequar as melhores formas de transmitir determinado conteúdo para o seu aluno. E o jogo é e pode servir de ferramenta fundamental na metodologia utilizada pelo professor no ensino da matemática quando trabalhado de forma lúdica. As autoras SMOLE, DINIZ E CÂNDIDO (2007), do livro Cadernos do Mathema Jogos de matemática de 1º ao 5º ano, apresentam jogos que contribuem para o ensino de matemática nos primeiros anos, eis aqui alguns deles: JOGO "A MAIOR VENCE", Este jogo: Auxilia os alunos a justificar as respostas e o processo de resolução de um problema, a comparar quantidades, a ler e interpretar escritas numéricas, tendo com recursos um jogo de 40 cartas numeradas de 11 a 50. Onde as crianças poderão utilizar diferentes critérios para comparação dos números, como, por exemplo, pela posição que um 100 número ocupa na sequência numérica, pela identificação de qual dos números tem mais unidades, dezenas ou centenas, ou mesmo pela análise do primeiro algarismo de cada número apresentado nos cartões.(SMOLE, DINIZ E CÂNDIDO, 2007, p. 25). Outro jogo é "BORBOLETA" jogo este que pode ser usado para que: aprendam a fazer cálculo mental; resolver problemas envolvendo a adição; fazer comparações de quantidades, tendo como recursos todas as cartas do baralho, exceto reis, damas e valetes. (SMOLE, DINIZ E CÂNDIDO (2007, p.55), Cita também o jogo " UM EXATO" este jogo auxilia: a reconhecer e nomear números naturais; a justificar respostas; a efetuar adições e subtrações mentalmente com auxilio de: um quadro da centena numerado, três dados e 15 marcadores diferentes para cada jogador. (SMOLE, DINIZ E CÂNDIDO, 2070, p.43), Cita também o Jogo " FAÇA 10" que favorece: a compreensão da contagem; noções de adição; e o cálculo mental, nesse jogo será usado 36 cartas de um baralho normal, sem os 10, as figuras e os coringas (cartas de ás a 9 de todos os naipes). (SMOLE, DINIZ E CÂNDIDO, 2007, p.29). dentre outros, que citam no texto e que contribuem de forma positiva para o processo de alfabetização matemática no ensino infantil e fundamental I. FRIEDMANN, fala a respeito do jogo como facilitador no aprendizado das crianças: 101 “O jogo não é somente um divertimento ou uma recreação. Não é necessário provar que os jogos em grupo, é uma atividade natural e que satisfazem á atividade humana; o que é necessário é justificar seu uso dentro da sala de aula. As crianças muitas vezes aprendem mais por meio dos jogos em grupo do que de lições e exercícios”. (FRIEDMANN,1996, p.35). De nada adiantará se elas não se sentirem atraídas pelo que está sendo transmitido pela forma como está sendo feita, se a forma tradicional com lições e exercícios não funcionarem, cabe ao educador procurar as melhores formas e maneiras de fazer essa transmissão, sendo ela de forma lúdica e contextualizada, visando a realidade dos próprios estudantes, dar significado ao que está sendo trabalhado para então repassar aos mesmos. FRIEDMANN, destaca ainda que, “No jogo, a criança pode experimentar tanto nas convenções estipuladas pela sociedade como as variações dessas convenções. Assim, durante o jogo a criança pode escolher entre aceitar ou discordar de certas convenções, promovendo seu desenvolvimento social. O jogo oferece, muitas vezes, a possibilidade de aprender sobre solução de conflitos, negociação, lealdade e estratégias, tanto de cooperação como de competição social. (FRIEDMANN,1996, p.65) Como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para melhorar o ensino e motivar os estudantes para que possam aprender a matemática,como nas palavras de (OLIVEIRA, 2007, p. 5), 102 Ensinar Matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nós como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, a concentração, estimulando a socialização e aumentando as interações do indivíduo com outras pessoas. (OLIVEIRA, 2007, p. 5). A importância de se trabalhar inserindo os jogos, além de estar melhorando suas aulas, tornando-a mais agradáveis, outros pontos importantes em seus estudantes também poderão ser observados, como na afirmação de FORTUNA, 2002:21, “Através dos jogos podemos descobrir a personalidade da criança pois ela demonstra o que sente e que tipo de temperamento que possui: tímida, inquieta, agressiva, alegre, calma, temperamental, líder, egoísta, teimosa, intrometida, nervosa, etc. Podemos canalizar os temperamentos e modificar o comportamento das crianças enquanto são ainda pequenas, mais tarde podem surgir problemas de ordem psíquica difíceis de serem controlados. Por isso, a importância da recreação do mundo infantil. Elas aprendem aceitar os outros, controlar suas emoções, expandir seus sentimentos, criar novas situações e a conviver em grupos respeitando a individualidade de cada um.” (FORTUNA, 2002:21) Aulas atrativas chamam atenção e incentivam o interesse dos estudantes pelas aulas de matemática. Quando é colocado o jogo com o 103 objetivo de facilitar o ensino da disciplina, o aluno terá mais prazer em estudar, porém essa prática tem que ser bem elaborada, bem trabalhada e dirigida pelo educador, não se deve em nenhum momento trazer um determinado jogo para passar o tempo da criança na escola sem nenhum fundamento e que não acrescente em nada na vida estudantil daquela criança. Tem que dar sentido, significado, ter os jogos, a ludicidade como um aliado em suas aulas, deixando-a mais rica e favorável a todos os envolvidos, professor/aluno. Considerações finais Este artigo buscou reforçar ainda mais a importância de se trabalhar com atividades lúdicas no ensino de matemática, ressaltando suas contribuições tanto para o professor quanto para a criança. Sabendo que a Matemática é uma ciência que nos acompanha desde cedo. Ainda pequenos aprendemos a contar nossa idade, familiares, memorizar regras de jogos, entre outras coisas, deve ser dado uma atenção especial neste sentido, de forma a não contribuir com o bloqueio dos estudantes para com a disciplina, mas sim proporcionando aulas agradáveis inserindo os jogos lúdicos como ferramenta facilitadora na aprendizagem, beneficiando de maneira positiva para o desenvolvimento intelectual e 104 potencial de cada criança, onde compete ao professor intervir de forma adequada para cada publico e sempre lembrar que o lúdico é um fator determinante na aprendizagem da criança. O ensino utilizando os meios lúdicos se torna um ambiente gratificante servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança que começarão a sentir as aulas mais agradáveis e prazerosas, pois com esse pensamento lúdico, pretende-se melhorar a auto estima, o aprendizado, o interesse pela as aulas, o raciocínio e uma vontade de aprender matemática de uma forma diferenciada, divertida. Mas com objetivos pedagógicos voltados para a alfabetização matemática na vida estudantil das crianças. E que ao participarem dessas aulas diferentes, prazerosas, distanciem de seus pensamentos a idéia de que matemática é difícil, complicada, cheias de regras e cálculos. No decorrer do trabalho fica claro que os jogos é um recurso pedagógico eficaz se forem bem articulados e planejados pelo professor, contribuindo assim para a construção do conhecimento matemático da criança, agindo como um contribuinte no processo de alfabetização matemática. Durante o trabalho foi colocado uma definição do termo Lúdico, quando se refere a brincadeiras, a momentos de diversão, onde estão incluídos os jogos, brinquedos e, brincadeira, como sendo um aliado e por está auxiliando nas aulas de matemática, teve destaque também a importância do lúdico no ensino de matemática, principalmente nas series iniciais e suas 105 contribuições no auxilio das aulas de matemática bem como distanciar dos estudantes o bloqueio que sentem pela disciplina. Diante do que foi exposto deixa claro a importância de se trabalhar a disciplina de matemática nas séries iniciais (infantil e fundamental I) com o auxilio do lúdico que serve de ferramenta facilitadora na compreensão dos estudantes na disciplina em questão, colocando em pratica durante as aulas e reconhecer o quanto o lúdico, os jogos podem enriquecer ainda mais as suas aulas, e em especial as aulas de matemática, distanciando os bloqueios adquiridos a muito tempo atrás, com relação a matemática, deixando claro ao professor, que ele sempre deverá buscar inovar e renovar sua metodologia em sala de aula, usando a criatividade, buscando as melhores formas para facilitar no processo de ensino-aprendizagem da matemática pelas crianças. 106 MÓDULO VI – PARTE II - JOGOS MATEMÁTICOS PARA SÉRIES INICIAIS 7 7 Módulo VI – parte II – Reprodução total - JOGOS MATEMÁTICOS PARA SÉRIES INICIAIS – Disponível em: https://www.aprenderebrincar.com/2017/09/jogos-matematicos-para-series- iniciais.html 107 REFERÊNCIAS HISTÓRIA DA MATEMÁTICA - Fonte: LISA - Biblioteca da Matemática Moderna/Publicado por: Equipe Brasil Escola – disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/matematica/historia- matematica.htm CURRÍCULO DE MATEMÁTICA DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL – Por Carolina – Disponível em ; https://www.superprof.com.br/blog/curriculo-de-algebra-e-geometria-para- ensino-primario-e-secundario/ A PRÁTICA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA DOS ANOS INICIAIS: DA FORMAÇÃO INICIAL AO COTIDIANO DA AÇÃO EDUCATIVA - Autoras: Patricia Martins Perira/ Valéria Maria de Lima Borba – Disponível em : http://educacaopublica.cederj.edu.br/revista/artigos/a-pratica-do- professor-de-matematica-dos-anos-iniciais-da-formacao-inicial-ao-cotidiano- da-acao-educativa Ludicidade – Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ludicidade A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM - Autora: Simone Cardoso dos Santos – Monografia de especialização - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/393/Santos_Simone_Cardoso_dos.pdf?sequence=1 O LÚDICO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DA MATEMÁTICA - Autores: Luciana Verêda da Silva/Clenilson Panta Angelim – Disponível em: https://www.somatematica.com.br/artigos/a65/index.php - JOGOS MATEMÁTICOS PARA SÉRIES INICIAIS – Disponível em: https://www.aprenderebrincar.com/2017/09/jogos-matematicos-para-series-iniciais.html 108 CURSO DE CAPACITAÇÃO EM MATEMÁTICA LÚDICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I ATENÇÃO: Se ainda não adquiriu seu Certificado de 35 Horas pelo valor promocional de R$ 67,00, adquira clicando no link abaixo, antes que a promoção acabe: https://bit.ly/2EZRCgV (Se o link não funcionar ao clicar, copie o link, cole-o no seu navegador e dê enter) IMPORTANTE: Certificado válido em todo o território nacional, com todos os requisitos para ser validado nas faculdades e outras instituições. Veja um Modelo do Certificado: https://bit.ly/2EZRCgV