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04 - Empreendedorismo social

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Empreendedorismo social	
APRESENTAÇÃO
O empreendedorismo social desponta nas últimas décadas do século XX, acompanhando as 
mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorrem no Brasil e no mundo, principalmente 
após a globalização. Dessa forma, as ações de empreendedorismo social, seja sob a forma 
comunitária ou a partir de organizações sociais do terceiro setor, surgem para complementar a 
ação do Estado frente às demandas sociais urgentes e que envolvam situações de risco, sempre 
partindo do princípio do empoderamento local e da busca global por uma sociedade mais justa e 
sustentável.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer o conceito de empreendedorismo social, 
bem como as principais características do empreendedor social. Aprenderá também sobre as 
semelhanças entre as diversas ações de empreendimentos sociais existentes hoje na sociedade 
brasileira.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir o conceito de empreendedorismo social.•
Identificar as características do empreendedor social.•
Analisar as semelhanças entre as ações do empreendedorismo social.•
DESAFIO
A reconfiguração da sociedade contemporânea, principalmente nos aspectos econômicos e 
políticos, fez com que fosse necessário o engajamento da sociedade civil nas demandas sociais 
existentes. Dessa forma, vimos um aumento importante nas ações empreendedoras do terceiro 
setor em áreas essenciais como educação, saúde, moradia e riscos de vida, bem como aumenta 
consideravelmente as ações de empreendedorismo social comunitário.
Você, licenciado em Pedagogia, especialista em Gestão e Planejamento, resolveu se mudar para 
uma região do interior de seu estado, procurando ter uma vida mais tranquila, segura e com 
maior qualidade. Chegando nessa cidade, você realizou um processo seletivo simplificado e 
logo iniciou o trabalho como professor em uma escola pública local, onde começou a se 
apropriar do funcionamento da comunidade onde a escola se insere, percebendo sua cultura e 
seu estilo de vida. Constatou que os pais de seus alunos eram, em sua grande maioria, 
agricultores, de onde tiravam o sustento para seus lares por meio do plantio de algumas culturas 
e criações de alguns animais que procuravam vender no centro da cidade. Percebeu, também, 
que as mulheres, normalmente, resumiam suas rotinas a acompanhar seus filhos na escola e 
dividir as tarefas agrícolas com os maridos. Porém, muitas dessas mães eram excelentes 
bordadeiras e realizavam trabalhos manuais artesanais de grande talento. Apesar desses esforços 
dos pais e das mães, a comunidade apresenta alto grau de vulnerabilidade social, conseguindo 
somente sobreviver, sem prosperar a partir do que produzem.
Você, como professor, foi consultado pela comunidade para emitir sua opinião sobre como 
poderiam mudar esse quadro. Dentro do conceito de empreendedorismo social, aponte ideias 
socialmente empreendedoras que pudessem ser postas em prática nessa comunidade, 
enfatizando os aspectos pedagógicos envolvidos.
INFOGRÁFICO
O empreendedorismo social se origina do termo empreendedorismo, que, inicialmente, começou 
a ser utilizado para se referir às pessoas que eram capazes de transformar suas ideias em 
oportunidades de negócios lucrativos dentro do mercado. Trazendo esse pensamento para a 
aplicação na esfera do social, temos o empreendedorismo social, que irá apresentar algumas 
diferenças pontuais em relação ao empreendedorismo comercial, empresarial ou de negócios. 
Neste Infográfico, você irá conhecer cinco das principais diferenças entre o empreendedorismo 
empresarial ou de negócios e o empreendedorismo social.
CONTEÚDO DO LIVRO
O empreendedorismo social emerge a partir das reconfigurações econômicas, políticas e 
culturais contemporâneas, pois associa as ideias de cidadania, participação e economia solidária 
para a promoção de ações empreendedoras que tenham como objetivo a transformação social de 
determinado grupo de pessoas ou comunidades.
Leia o capítulo Empreendedorismo social, do livro Gestão de Organizações Educacionais, que 
trata do conceito de empreendedorismo social, suas características e o perfil do empreendedor 
social, assim como das ações de empreendedorismo social e as similaridades com o conceito de 
empreendedorismo tradicional.
Boa leitura.
GESTÃO DE 
ORGANIZAÇÕES 
EDUCACIONAIS 
Pablo Rodrigo Bes
Empreendedorismo social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir empreendedorismo social.
  Identificar as características do empreendedor social.
  Analisar as semelhanças entre as ações do empreendedorismo social.
Introdução
As ações do empreendedorismo social têm aumentado consideravel-
mente nas últimas décadas, associadas ao próprio crescimento do terceiro 
setor e da consciência de cidadania que a sociedade vem desenvolvendo 
na contemporaneidade. No contexto atual, frente à impossibilidade do 
Estado de prover as múltiplas demandas sociais, em função da redução 
de investimentos públicos nessas áreas, o empreendedorismo social 
acabou sendo impulsionado, assumindo hoje grande importância no 
contexto nacional e internacional.
Neste capítulo, você vai aprender o conceito de empreendedorismo 
social e as suas principais características. Além disso, vai distinguir as várias 
ações de empreendedorismo social que estão em prática na atualidade, 
percebendo as suas diferenças e semelhanças.
O que é empreendedorismo social?
Para entender o conceito de empreendedorismo social, você precisa, primeira-
mente, compreender alguns conceitos de economia e a política de governança 
que rege os Estados na contemporaneidade. O mundo atual, segundo Lazzarato 
(2006), sofreu algumas transformações no sistema capitalista que afetaram a 
forma como a sociedade vive. Essas transformações cresceram na década de 
1990, no período da expansão da globalização entre as nações. 
Sobre a globalização, Oliveira (2008, p. 1) comenta que “[...] sua configu-
ração é paradoxal, pois ao mesmo tempo em que há os avanços tecnológicos, 
aliados aos avanços das informações e produção abundante de conhecimento, 
deparamo-nos com níveis sociais e humanos mais baixos e alarmantes de toda 
a história”. Uma das mudanças promovidas pela globalização e que segue a 
lógica da transformação do próprio capitalismo diz respeito às relações de 
governança do Estado sobre as demandas sociais. 
Dentro da lógica de um regime neoliberal, cabe ao Estado apenas prover 
minimamente as demandas sociais daqueles que se encontram em condições 
de desigualdade muito extrema no interior da sociedade. Aos demais, cabe 
seguir os ditames do mercado, em que o esforço de cada um, dentro do regime 
democrático, permitirá que se alcance, ou não, o lugar almejado e projetado 
para si. 
O regime neoliberal é a racionalidade utilizada hoje pela maioria das nações capita-
listas do mundo. A sua lógica trabalha sobre a conversão de todas as organizações e 
pessoas em empresas. Dessa forma, dentro dessa lógica, todos somos empresários 
de nós mesmos.
Outra importante transformação é o aumento da competitividade entre 
as organizações empresariais. Isso exige um novo perfil profissional e novas 
competências para a atuação dos profissionais nesse novo cenário. Essas 
mudanças impulsionaram o surgimento do empreendedorismo capitalista, 
motivando inúmeras pessoas a empreenderem os seus próprios negócios, bem 
Empreendedorismo social2
como a agirem com características empreendedoras no interior das empresas, 
buscando agregar valor ao desenvolvimento das suas atribuições.
Frente a essas mudanças, o setor social também passou a demandar novas 
ações para complementar a carência de iniciativas estatais, de modo que 
muitos direitos sociais pudessem de fato ser garantidos a todos. Ao aprender 
sobre a origem do empreendedorismo social, você vai perceber que ele surge 
como uma evolução do termoempreendedorismo, amplamente utilizado 
nas empresas privadas, e que trabalha com a ideia de “empresariamento de 
si”. Porém, no caso do empreendedorismo social, os objetivos saem da esfera 
pessoal ou individual e partem em direção ao bem-estar da coletividade. Outro 
aspecto que diferencia radicalmente o empreendedor social do empreendedor 
típico de mercado é o fato de este último perseguir o lucro e o aumento da 
rentabilidade do seu negócio, enquanto o primeiro persegue a finalidade social 
para a qual está empreendendo os seus esforços e empenhando a sua energia.
Para que fique claro o conceito de empreendedorismo social, cabe definir 
primeiramente o que ele não é: não se trata de empreendedorismo capitalista 
ou “de negócios”, nem da responsabilidade social desenvolvida por algumas 
organizações. A responsabilidade social é um conceito que atrela as organi-
zações privadas às demandas sociais existentes, ou seja, uma empresa pode 
ter ações ou projetos voltados para o social, organizadas de forma estruturada 
e sistemática. Essas ações, porém, são institucionalizadas e não constituem 
empreendedorismo social.
O empreendedorismo — assim como o empreendedorismo social — teve 
origem nos Estados Unidos, na década de 1980, com a criação da organização 
social denominada Ashoka, fundada por Bill Drayton, com a finalidade de 
desenvolver indivíduos que apresentassem atitudes inovadoras e que focassem a 
transformação social. Segundo Oliveira (2008), atualmente a Ashoka funciona 
em rede, atuando em mais de 40 países ao redor do mundo.
Certo e Miller (2008, documento on-line, tradução nossa) apontam que o 
“[...] empreendedorismo social refere-se à identificação, avaliação e exploração 
de oportunidades que resultam em valor social”. Esse valor social é percebido 
a partir dos benefícios disponibilizados para as comunidades que recebem a 
ação dos empreendedores ou dos empreendimentos sociais. Muitas vezes, o 
empreendedorismo social se manifesta sob a forma de ações de cooperativismo 
ou associativismo entre os membros da comunidade em questão. 
Para compreendermos melhor essa questão do valor social como objetivo de 
um empreendimento social, “[...] temos de substituir a pessoa unidimensional 
3Empreendedorismo social
da teoria econômica por uma pessoa multidimensional — uma que tenha, ao 
mesmo tempo, interesses egoístas e interesses altruístas” (YUNUS, 2010, p. 
10). Em outras palavras, temos interesses egoístas quando pensamos somente 
nas nossas próprias necessidades e nos engajamos nas atividades laborais para 
ter renda, poder consumir, comprar coisas, manter e melhorar o nosso padrão 
de vida. Quando somos altruístas, preocupamo-nos também com aqueles que 
nos cercam, com a sua existência e as suas condições de vida.
Para Melo Neto e Fróes (2002, p. 9), o “[...] empreendedor social é um tipo 
especial de líder — suas ideias e inovações não são incorporadas aos produtos 
e serviços a serem produzidos e prestados. Mas, sobretudo, são adicionadas a 
metodologia utilizada na busca de soluções para os problemas sociais, objeto 
das ações de empreendedorismo”. Em essência, enquanto o empreendedor 
capitalista busca transformar as suas ideias em oportunidades de negócios 
rentáveis, o empreendedor social focaliza a sua criatividade e inovação nas 
oportunidades que melhor contribuam para a causa social na qual está empe-
nhado. Então, o empreendedorismo social se diferencia do empreendedorismo 
capitalista principalmente em dois aspectos: o que faz e a quem se destina.
  Aquilo que faz: o empreendedor social não tem como foco a produção 
de bens e serviços para serem postos à venda simplesmente, mas para 
que essas operações possam solucionar os problemas sociais abrangidos 
pelo seu trabalho.
  Quem é atendido: os esforços dos empreendimentos sociais, ao contrá-
rio dos empreendimentos capitalistas ou de negócios, não são direciona-
dos para o mercado, mas sim para situações de alto risco social em que 
a população se encontre. Esses segmentos populacionais normalmente 
envolvem situações de exclusão social, pobreza e risco de vida.
Ao comparar os dois tipos de empreendedores (o de negócios e o social), 
você verá que, enquanto o empreendedor capitalista atinge o seu sucesso a 
partir do aumento da sua receita e lucratividade aproveitando oportunidades 
que o mercado proporcionou, o empreendedor social mede o seu desempenho a 
partir do impacto social causado pelas suas ações. Dessa forma, segundo Melo 
Neto e Fróes (2002, p. 10), “[...] sua medida de sucesso é o impacto social. Ou 
seja, o número de pessoas beneficiadas com a solução proposta no programa 
ou projeto de empreendedorismo social”.
Empreendedorismo social4
O empreendedorismo social é um processo de transformação da sociedade que deve 
ter o seu impulso inicial a partir de ações das comunidades envolvidas no problema 
que venha a ser objeto das ações empreendedoras sociais desencadeadas. Suponha 
que, em determinada comunidade de periferia, os estudantes estejam apresentando 
um alto índice de reprovação escolar. Uma ação de empreendedorismo social poderia 
ser a promoção, pela associação de moradores locais, de um reforço escolar para esses 
alunos, visando à melhoria da sua aprendizagem e o seu sucesso escolar.
Ao definir o empreendedorismo social, Oliveira (2008, p. 167) destaca que 
se trata, antes de tudo, “[...] de uma ação inovadora voltada para o campo do 
social. Neste sentido é um processo, que se inicia com a observação de uma 
situação-problema local, em seguida procura-se elaborar uma alternativa para 
enfrentar esta situação, e que é colocada em prática”. Essas ações típicas do 
empreendedorismo social, segundo Oliveira (2008), são inovadoras, realizá-
veis, autossustentáveis e provocam impacto social, bem como inspiram os 
governos a criarem políticas públicas para as demandas sociais que são alvo 
dessas ações empreendedoras.
O empreendedorismo social exige uma mudança de paradigmas, ou seja, 
faz-se necessário desconstruir a maneira como pensamos, sentimos e agimos 
em sociedade, buscando relações e interações sociais mais comunitárias e 
solidárias. Essa mudança no estilo de vida da população é desafiadora, uma 
vez que o empreendedorismo social apresenta seis dimensões específicas a 
serem consideradas (MELO NETO; FRÓES, 2002):
1. dimensão psicossocial;
2. dimensão cultural;
3. dimensão econômica;
4. dimensão política;
5. dimensão ambiental;
6. dimensão regulatória/institucional.
5Empreendedorismo social
A dimensão psicossocial refere-se à mudança de comportamentos que 
é requerida das comunidades, no seu engajamento, na participação e res-
ponsabilidade pelas ações sociais. A dimensão cultural foca nas questões 
de valorização e preservação das culturas locais. A dimensão econômica se 
debruça sobre as questões da geração de renda, do emprego e da melhoria 
da qualidade de vida. A dimensão política envolve a criação de organizações 
sociais mais atuantes, como as cooperativas e associações que focalizam o 
social. A dimensão ambiental envolve o melhor uso dos recursos naturais 
e a diminuição dos impactos ambientais. Por fim, a dimensão regulatória/
institucional se relaciona com as políticas públicas que venham a incentivar 
os empreendimentos sociais.
Como você pode ver, o empreendedorismo social é uma área de grande 
relevância para o funcionamento da sociedade, pois se encarrega de propor 
parcerias e prestar serviços que apoiam, complementam e, em alguns casos, 
até mesmo substituem a ação do Estado frente a problemas sociais urgentes 
envolvendo populações de risco. No próximo tópico, você vai conhecer mais 
detalhadamente as características do empreendedorismo social e dos seus 
empreendedores.
Uma das formas de empreender um negócio social que tem sido amplamente utilizada 
no Brasil é a constituição de cooperativas que busquem abranger algum aspecto da vida 
social de uma comunidade, trazendo benefícios mútuos. Uma cooperativa é formada 
pela associação de pessoas que possuemum objetivo comum e que aderem de forma 
voluntária à finalidade das suas ações, de acordo com as suas necessidades, sejam elas 
econômicas, sociais ou culturais. As cooperativas são reguladas pela Lei nº. 5.764, de 
16 de dezembro de 1971; mais recentemente, as cooperativas de trabalho tiveram 
atenção especial na sua regulação a partir da Lei nº. 12.690, de 19 de julho de 2012.
As características do
empreendedorismo social
Você já aprendeu que o empreendedorismo social se diferencia do empreen-
dedorismo comercial em alguns aspectos, como a fi nalidade da sua atuação 
e o público a quem se destina. Você vai agora aprender um pouco mais sobre 
as suas características (PARENTE et al., 2011):
Empreendedorismo social6
  criação de valor social;
  criatividade e inovação;
  transformação social;
  visão de oportunidades;
  empatia;
  gestão de risco;
  proatividade;
  ação em grupos.
O empreendedorismo social apresenta como uma das suas principais carac-
terísticas — e talvez a que mais o diferencie dos empreendedores de negócios 
— a possibilidade de criação e maximização do valor social para a causa que 
objetiva. Dessa forma, os empreendedores sociais transformam e revolucionam 
os modelos de produção desse valor social nas áreas da educação, da saúde, 
do meio ambiente, entre outras, enquanto os empreendedores de negócios se 
preocupam com as mudanças nas relações de produção que envolvem as suas 
ações empreendedoras. O valor social também pode ser traduzido como lucro 
social: enquanto as ações do empreendedor comercial geram lucro financeiro, 
as ações do empreendedorismo social geram lucro social.
Assim, lucro social são os ganhos em termos de benefícios gerados à 
comunidade pelas ações sociais empreendidas pelas cooperativas e associações 
de pessoas que se mobilizam. Entre os muitos benefícios para as comunidades 
locais, que podem ser entendidos como valor social a partir das ações do 
empreendedorismo social, podemos citar, segundo Melo Neto e Fróes (2002):
  maior conhecimento;
  conscientização;
  autoestima;
  autossuficiência;
  participação;
  novas ideias e valores;
  sentimento de conexão; 
  novo papel exercido pela população local — de mão de obra barata a 
proprietária e gestora dos empreendimentos locais.
A criatividade e a inovação também são características do empreende-
dorismo social, pois remetem à necessidade de encontrar um novo processo 
para realizar algo a fim de atingir os objetivos almejados junto à comunidade. 
Para que haja criatividade e inovação, faz-se necessária a existência de canais 
7Empreendedorismo social
de comunicação abertos, que incentivem a participação e o engajamento de 
todos os voluntários nas ações do empreendimento social.
Outra característica importante do empreendedorismo social é buscar a 
transformação de algum aspecto da vida social das pessoas envolvidas. Por 
exemplo, uma cooperativa de material reciclado transforma a vida social das 
pessoas: antes vistos como “catadores de lixo”, os empreendedores agora tra-
balham com material reciclado e, além de melhorarem as suas próprias vidas, 
também estão ajudando na preservação ambiental e melhoria do planeta. É fácil 
perceber como essa ação transforma a vida dessas pessoas, especialmente em 
termos de aspectos psicossociais, econômicos e culturais, a partir das ações 
empreendidas por essa organização empreendedora, cujo foco principal é 
atender a uma demanda social.
Perceber oportunidades para realizar ações também é uma característica 
do empreendedorismo social. Assim como no empreendedorismo comercial, 
isso consiste muitas vezes na conversão de ideias locais em organizações que 
possam materializá-las e oportunizar que elas atinjam os resultados esperados. 
Para isso, os empreendedores sociais devem estar atentos ao funcionamento das 
dimensões que envolvem o empreendedorismo social, procurando visualizar 
onde e quais ações são necessárias.
A empatia, o altruísmo e a solidariedade costumam caracterizar o empreendedo-
rismo social, pois são os valores normalmente percebidos e compartilhados entre os 
empreendedores que se lançam a desenvolver ações sociais. Colocar-se no lugar do 
outro e preocupar-se com a comunidade e com o coletivo fazem parte desse rol de 
características.
Uma das marcas potentes que caracterizam o empreendedorismo social é 
a gestão do risco, ou seja, o gerenciamento de segmentos da população que 
se encontrem em situação de risco social, manifestada normalmente pela 
sua vulnerabilidade. Dessa forma, podemos verificar as questões da pobreza 
e as suas múltiplas carências, da falta de emprego, da violência doméstica, 
Empreendedorismo social8
dos riscos de vida diversos, entre tantas outras como possíveis áreas a serem 
gerenciadas pelas ações do empreendedorismo social. 
A proatividade e a forma como procuram agir, por meio da mobilização 
de equipes ou grupos sociais, também é um aspecto essencial do empreen-
dedorismo social. O seu princípio básico é ter atitude, não ficar esperando 
que tais causas sociais sejam atendidas pelo Estado, mas sobretudo valer-
-se da cidadania e do engajamento da comunidade na busca por soluções 
para os problemas enfrentados a partir da condução de ações organizadas 
e empreendedoras. 
Em relação às características do empreendedor social, Araújo (2006, 
p. 70) acrescenta ainda que “[...] assim como o empreendedor privado, o 
empreendedor social reúne características, tais como: capacidade de cor-
rer riscos, energia, tenacidade, criatividade, flexibilidade, habilidade para 
conduzir situações, iniciativa, capacidade de aprendizagem, envolvimento, 
originalidade, inovação, entre outras.” É importante perceber que o empre-
endedor social carrega consigo muitas das características do empreendedor 
comercial, conforme cita a autora. Porém, o seu foco será diferenciado nas 
finalidades para as quais canaliza tais características.
Uma das características do empreendedorismo social também é a ênfase 
no desenvolvimento local da comunidade na qual serão postas em prática 
as ações planejadas. Melo Neto e Fróes (2002, p. 42) comentam que esse 
desenvolvimento local se viabiliza por meio de dois mecanismos:
1°) o “empoderamento” da comunidade (no sentido da obtenção de maior 
grau de informação, conscientização, senso do interesse coletivo, e forta-
lecimento dos sentimentos de autoestima, autossuficiência, etc.
2°) o reinvestimento da renda no espaço local.
Essas ações de desenvolvimento local são percebidas, por exemplo, em 
regiões de grande pobreza e desemprego, onde pessoas da comunidade se 
reúnem e, com os seus esforços de empreendedorismo social, canalizam os 
seus talentos e a sua capacidade produtiva em torno de algo que possa ala-
vancar renda e melhorar as suas condições de vida. É o caso de associações 
de mulheres que produzem artesanatos ou fabricam produtos culinários 
típicos das suas regiões para, de forma organizada, conseguir comercializar 
os seus produtos e melhorar as suas vidas e a localidade em que se inserem.
9Empreendedorismo social
Procurando abranger de forma mais concisa e completa as múltiplas 
características que compõem o perfil do empreendedor social na contem-
poraneidade, Oliveira (2008) divide-as entre conhecimentos, habilidades, 
competências e posturas, conforme mostrado no Quadro 1.
Fonte: Adaptado de Oliveira (2018).
Conhecimentos Habilidades Competências Posturas
  Saber apro-
veitar as 
oportunidades.
  Ter competên-
cia gerencial.
  Ser pragmático 
e responsável.
  Saber trabalhar 
de modo em-
presarial para 
resolver proble-
mas sociais.
  Ter visão clara.
  Ter iniciativa.
  Ser equilibrado.
  Ser participativo.
  Saber trabalhar 
em equipe.
  Saber negociar.
  Saber pensar e 
agir estrategica-
mente.
  Ser perceptivo 
e atento aos 
detalhes.
  Ser ágil.
  Ser criativo.
  Ser crítico.
  Ser flexível.
  Ser focado.
  Ser habilidoso.
  Ser inovador.
  Ser inteligente.
  Ser objetivo.
  Ser visionário.
  Ter sensode 
responsabilidade.
  Ter senso de 
solidariedade.
  Ser sensível com os 
problemas sociais.
  Ser persistente.
  Ser consciente.
  Ser competente.
  Saber usar forças 
latentes e regenerar 
forças pouco usadas.
  Saber correr riscos 
calculados.
  Saber integrar vários 
atores em torno dos 
mesmos objetivos.
  Saber interagir com 
diversos segmentos 
e interesses dos 
diversos setores da 
sociedade.
  Saber improvisar.
  Ser líder.
  Ser inconfor-
mado e in-
dignado com 
a injustiça e a 
desigualdade.
  Ser 
determinado.
  Ser engajado.
  Ser compro-
metido e leal.
  Ser ético.
  Ser 
profissional.
  Ser 
transparente.
  Ser apai-
xonado 
pelo que 
faz (campo 
social).
Quadro 1. Perfil do empreendedor social
Da análise do Quadro 1, vale enfatizar o aspecto de transformador social 
que o empreendedor apresenta. Isso necessariamente exigirá dele, além da 
competência de ação exigida pelo terceiro setor, a capacidade de interagir com 
os setores primário (público) e secundário (privado) para atingir o sucesso 
das suas ações empreendedoras sociais.
Empreendedorismo social10
Muitas das organizações que atuam no terceiro setor, no Brasil e no mundo, utilizam-se 
das ideias do empreendedorismo social para executar as suas atividades. Uma vez 
que o terceiro setor se constitui por organizações de natureza privada, que procuram 
cumprir com as demandas públicas não atendidas pelo Estado, é necessário que os 
voluntários possuam os atributos de empreendedores sociais para realizarem bem os 
seus afazeres e produzirem os benefícios sociais à coletividade.
As ações do empreendedorismo social
As ações do empreendedorismo social são postas em prática tanto por co-
munidades específi cas quanto pelas diversas organizações que atuam no 
terceiro setor e procuram atender às demandas sociais que necessitam de 
ação organizada e voluntária para transformar determinada realidade. O 
empreendedorismo social se diferencia, no entanto, de um projeto social, por 
apresentar um caráter de empoderamento da comunidade na qual atua — e não 
somente de resolução de determinado problema. O que garante o sucesso de 
uma ação de empreendedorismo social é o engajamento da própria comunidade 
por meio do entendimento de que a sua participação e o seu envolvimento 
podem resultar na mudança esperada.
 Dessa forma, para conhecer algumas das ações que envolvem o empre-
endedorismo social, podemos retomar o conceito de inovação, uma vez que 
uma ideia socialmente transformadora em geral envolve alto grau de inovação 
e costuma ser central e essencial para que o empreendedorismo social tenha 
sucesso. Os autores Melo Neto e Fróes (2002, p. 49) fornecem alguns exemplos 
de ideias socialmente empreendedoras, que podem ser desenvolvidas de forma 
comunitária ou por organizações sociais:
• combate a um tipo de exclusão social (por exemplo, a implantação de uma 
rede de escolas de informática em comunidades de baixa renda);
• abordagem holística de um problema social (por exemplo, os projetos de-
senvolvidos pelo Instituto Renascer, que baixou em 60% as reinternações 
hospitalares de crianças pobres no Rio de Janeiro);
• adoção de práticas preventivas valorizando a cultura local e a identidade da 
comunidade (por exemplo, os projetos “Barraca da Saúde” e “Trupe da Saúde”);
11Empreendedorismo social
• adoção de ações lúdicas em ambientes tecnológicos e impessoais (por exem-
plo, o projeto “Doutores da Alegria”);
• promoção da cidadania (por exemplo, as ações desenvolvidas pelo Instituto 
de Defesa do Consumidor);
• novos insights (enfoques) sobre a abordagem de problemas sociais (por 
exemplo, o projeto “Médicos de Família”);
• adoção de novas práticas de gestão (por exemplo, programas e projetos de 
autogestão).
É interessante perceber, a partir dos exemplos citados pelos autores, como 
o empreendedorismo social se vale, por vezes, do estabelecimento de ações 
de cooperativismo e associativismo para realizar os seus objetivos. Dessa 
forma, consegue-se envolver as pessoas da comunidade, promovendo a sua 
participação e o seu engajamento em busca de benefícios comuns. 
Existem duas vertentes principais pelas quais o processo de empreende-
dorismo social se realiza: “[...] o empreendedorismo social comunitário e o 
empreendedorismo voltado para organizações sociais” (MELO NETO; FRÓES, 
2002, p. 132). Cada um desses tipos de empreendedorismo social apresenta 
características próprias, conforme o Quadro 2.
Fonte: Adaptado de Melo Neto e Fróes (2002).
Empreendedorismo 
social comunitário
Empreendedorismo voltado 
para organizações sociais
O foco é a comunidade. O foco é nas organizações sociais.
Seu objetivo é fortalecer a 
cidadania, a organização e a 
integração comunitária.
Seu objetivo é melhorar o 
desempenho das organizações 
sociais atuantes na comunidade.
Empreende a comunidade 
como um todo.
Empreende a organização social.
Predomínio de ações institucionais. Predomínio de ações gerenciais.
Âmbito de atuação mais amplo. Âmbito de atuação mais restrito.
Gerenciamento da comunidade. Gerenciamento de uma organização 
que presta serviços à comunidade.
Quadro 2. As duas vertentes do empreendedorismo social e as suas diferenças
Empreendedorismo social12
Você pode perceber que, embora ambas sejam entendidas como ações 
de empreendedorismo social, elas possuem aspectos particulares que devem 
ser considerados. Ao referir-se aos empreendimentos comunitários, Singer e 
Souza (2000, p. 254) destacam que “[...] tais empreendimentos constituem a 
base da economia solidária, cuja característica marcante é a autogestão. E o 
seu modelo predominante é o trabalho cooperativado”.
É claro que, para haver uma ideia empreendedora e para que esta possa ser 
institucionalizada, organizada e estruturada dentro de um formato eficiente 
e que atenda aos objetivos da comunidade, transformando a sua condição 
social a partir da participação dos seus membros, é necessário que haja um 
suporte. Esse suporte e essa orientação também são possíveis com o trabalho 
de organizações sociais que tenham como objetivo desenvolver o empreende-
dorismo social e as suas formas de gestão. Elas investem no capital humano 
local e buscam ampliá-lo; como consequência, elevam também o capital social 
existente nessas comunidades a fim de construir uma sociedade mais justa 
e sustentável.
O capital humano corresponde ao nível de qualificação, escolaridade e capacidade 
empreendedora que os membros da comunidade possuem, enquanto o capital social 
é considerado como a forma de organização e participação destes na condução das 
questões comunitárias.
Em relação aos tipos de ações de empreendedorismo social que crescem 
na atualidade, visando combater os efeitos perversos da globalização, que 
exclui e gera bolsões de pobreza ao redor do mundo, Oliveira (2008, p. 80) 
comenta que “[...] merecem destaques outras ações crescentes e alternativas, 
como do cooperativismo, de movimentos como os sem-terra, da criação do 
fóruns internacionais de manifestos antiglobalização, como exemplo, o Fórum 
Social [...]”. Também, ao analisarmos o âmbito educacional, percebemos que 
há inúmeros exemplos de empreendedorismo social propostos a partir do 
trabalho de organizações sociais. 
13Empreendedorismo social
Podemos citar como exemplo a atuação do Instituto Inspirare, criado no 
estado de São Paulo, que reúne voluntários interessados em promover trans-
formações sociais a partir da busca por uma educação inovadora, tecnológica 
e equitativa, atuando na formação de professores e junto aos públicos de 
estudantes das comunidades onde se insere. O Instituto Inspirare opera a 
partir de parcerias com várias outras organizações públicas e da sociedade 
civil para atingir os seus objetivos.
Para maiores informações sobre as ações de empreendedorismo social do Instituto 
Inspirare, acesse o link a seguir.
https://qrgo.page.link/BSK3
Oliveira (2008) apresenta algumas organizações sociais que atuam de 
forma inspiradora no empreendedorismosocial. As organizações que estão 
voltadas diretamente para a área da educação são as seguintes: Edisca, Centro 
Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), Centro de Comunicação e 
Cultura, e Crecheplan. Veja como atuam essas organizações e perceba como 
elas procuram causar impacto social a partir do seu empreendedorismo.
  A Edisca é uma escola ofertada para meninas carentes do estado do 
Ceará, visando construir um caminho alternativo à vida nas ruas e 
à prostituição. Fundada por Dora Andrade, trata-se de uma escola 
idealizada para ajudar crianças pobres a desenvolverem as suas habi-
lidades. Na escola, além dos conteúdos programáticos, são ofertadas 
aulas de dança, teatro, mímica, coral, artes plásticas e música clássica. 
Dessa forma, as crianças permanecem mais tempo na escola, na qual 
a participação dos pais também é promovida.
  O Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), fundado 
por Sebastião Rocha, em Belo Horizonte, desenvolve atividades que 
objetivam fazer com que os estudantes sintam prazer em frequentar 
as aulas. Para isso, foi criado um projeto de educação popular que não 
se limita ao espaço físico das escolas e aproveita as particularidades 
locais nesse processo educacional. 
Empreendedorismo social14
  O Centro de Comunicação e Cultura, localizado em Fortaleza e fundado 
por Daniel Raviolo, trabalha com a publicação de jornais comunitários 
autossustentáveis que apoiam a educação não formal das comunidades 
onde atua. Para inserir-se nas escolas, foi criado o projeto Clube do 
Jornal Escolar, que trabalha com base na responsabilidade civil, no meio 
ambiente e na preservação do patrimônio histórico local.
  A Crecheplan, criada por Sílvia Carvalho, que foi bolsista da Ashoka, 
tem o objetivo de desenvolver creches de primeira qualidade focando em 
uma das maiores carências dessa etapa: a formação de seus profissionais. 
Dessa forma, trabalha ofertando cursos de capacitação e formação 
continuada para os profissionais da Educação Infantil que desenvolvem 
as suas funções nas creches e pré-escolas do estado de São Paulo.
Podemos perceber que as ações de empreendedorismo social citadas apre-
sentam aspectos em comum, como a constituição da sua atuação em uma área 
social que necessita de apoio, buscando transformar essas realidades. Essas 
iniciativas de empreendedorismo social organizam as suas atividades a partir 
do trabalho voluntário dos seus membros e procuram valer-se das caracterís-
ticas locais para compor as suas ações. Dessa forma, acabam reconhecendo 
e valorizando os traços da cultura local. Além disso, percebemos que essas 
iniciativas acabam por elevar o nível de capital social existente nos locais 
onde atuam, pois promovem a participação, a cooperação e a multiplicação 
das suas experiências entre todos.
Outra característica que merece destaque e que costuma fazer parte das 
ações do empreendedorismo social é o fato de elas funcionarem como um 
mecanismo que promove a auto-organização social dessas comunidades. Em 
outras palavras, elas agem como uma tecnologia social que deixa de lado os 
aspectos mais assistencialistas e os substitui pela perspectiva de emancipação 
e transformação pelo caminho do empreendedorismo. 
O conceito de tecnologia social pode ser entendido como os diversos “arranjos institu-
cionais definidos e implementados por associações, governos federal, estadual e local, 
universidades, sindicatos, equipes gestoras dos programas e projetos de desenvolvi-
mento social numa comunidade e pelos próprios membros da comunidade” (MELO 
NETO; FRÓES, 2002, p. 64). Veja no quadro a seguir algumas tecnologias sociais atuais.
15Empreendedorismo social
Fonte: Adaptado de Melo Neto e Fróes (2002).
Denominação Características
Desenvolvimento 
Local Integrado e 
Sustentável (DLIS)
Estratégia de indução ao desenvolvimento que prevê 
a adoção de uma metodologia participativa, pela 
qual mobilizam-se recursos da sociedade civil, em 
parceria com o Estado (com os três níveis de governo), 
para realização de diagnósticos da situação de cada 
localidade, identificação de potencialidades, escolha 
de vocações e confecção de planos integrados de 
desenvolvimento.
Empreendimento 
Social
Processo dinâmico pelo qual comunidades e seus 
membros identificam ideias e oportunidades 
econômicas e sociais, e atuam desenvolvendo-as e 
transformando-as em empreendimentos comerciais e 
industriais autossustentáveis.
Clube da Troca Formados por pequenos produtores de mercadorias 
que constroem para si um mercado protegido ao emitir 
moeda própria que viabiliza o intercâmbio entre os 
participantes.
Cooperativas de 
Trabalho
Cooperativas especializadas em vender serviços (de 
limpeza, de manutenção, vigilância, etc.) a serem 
prestados nos locais e com o uso de meios fornecidos 
pelos compradores.
Incubadoras de 
Pequenos Negócios
Núcleos de criação e desenvolvimento de pequenos 
negócios.
Instituições 
Comunitárias de 
Crédito
Instituições privadas sem fins lucrativos que ofertam 
microcrédito aos pequenos empreendedores.
Associações de Grupos 
de Produção
Associações que congregam diversos grupos de 
produção.
Associações de 
Solidariedade
Associações para amparar famílias atingidas por 
problemas sociais.
Fórum de Economia 
Solidária
Iniciativas que promovem debates sobre 
empreendimentos sociais comunitários.
Redes de Intercâmbio Reunião de empreendimentos comunitários que se 
ajudam mutuamente e, coligados, obtêm viabilidade 
econômica.
Movimentos Sociais Voltados para causas sociais importantes, como a 
reforma agrária, no caso do Movimento Sem Terra, ou 
melhoria das condições de moradia, no Movimento 
Sem Teto, ou para combater o racismo e o preconceito 
sociais, no caso do Movimento Negro.
Empreendedorismo social16
ARAÚJO, M. P. Construindo o social: através da ação e da responsabilidade. Novo Ham-
burgo: Editora Feevale, 2006.
CERTO, S. T.; MILLER, T. Social entrepreneurship: key issues and concepts. Business 
Horizons, [s. l.], n. 51, n. 4, p. 267-271, 2008. Disponível em: https://www.sciencedirect.
com/science/article/pii/S0007681308000396. Acesso em: 16 abr. 2019.
LAZZARATO, M. As revoluções do capitalismo: a política do império. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2006.
MELO NETO, F. P.; FRÓES, C. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade 
sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
OLIVEIRA, E. M. Empreendedorismo social: da teoria à prática, do sonho à realidade. Rio 
de Janeiro: Qualitymark, 2008.
Para conhecer mais sobre as tecnologias sociais utilizadas nas ações de empreende-
dorismo social, acesse o artigo de Ladislau Dowbor, intitulado “Redes de Apoio ao 
Empreendedorismo e Tecnologias Sociais”, no link a seguir.
https://qrgo.page.link/56y4
Um exemplo interessante de empreendedorismo social é retratado no filme O menino 
que descobriu o vento, do diretor Chiwetel Ejiofor. Baseado na história real de William 
Kamkwamba, o filme relata a força de um jovem para construir um gerador de energia 
eólica e irrigar as plantações da família no solo desértico africano. A obra mostra as 
ações de gerenciamento comunitário necessárias para que a ideia empreendedora 
do menino possa ser posta em prática, ajudando a resolver o problema da fome da 
comunidade onde reside. Enfatiza ainda a importância do capital humano conquistado 
a partir da escola e a sua biblioteca para que o capital social pudesse ser canalizado 
como deveria e a iniciativa de empreendedorismo social tivesse êxito.
17Empreendedorismo social
PARENTE, C. et al. Empreendedorismo social: contributos teóricos para a sua definição. 
In: ENCONTRO NACIONAL DE SOCIOLOGIA INDUSTRIAL, DAS ORGANIZAÇÕES E DO 
TRABALHO, 14., 2011, Lisboa. Anais [...]. Portugal, 2011. Disponível em: https://repositorio-
-aberto.up.pt/bitstream/10216/61185/2/cparenteempreendedorismo000151867.pdf. 
Acesso em: 16 abr. 2019.
SINGER, P.; SOUZA, A. R. (org.). Democratizar a democracia: os caminhos da democracia 
participativa. Rio de Janeiro: EditoraContexto, 2000. 
YUNUS, M. Criando um negócio social: como iniciativas economicamente viáveis podem 
solucionar os grandes problemas da sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Empreendedorismo social18
DICA DO PROFESSOR
O empreendedorismo social trabalha com a ideia de empoderamento das comunidades e do 
entendimento de que sua participação é decisiva para que possam ser alcançados benefícios 
sociais comuns a todos. Para isso, precisam ser oportunizadas ações que elevem o nível de 
capital social que essa comunidade tem.
Nesta Dica do Professor, você conhecerá o conceito de capital social e a sua importância dentro 
das ações do empreendedorismo social.
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EXERCÍCIOS
1) Os anos de 1990, do século XX, foram marcados por grandes transformações nos 
âmbitos político, econômico, social e cultural que afetaram todo o planeta, uma vez 
que, nesse período, já se observava os processos intensos da globalização. Essas 
mudanças fizeram emergir um novo conceito de empreendedorismo, 
predominantemente social. Considerando que as diferenças entre empreendedorismo 
capitalista e social são frutos desse período, assinale a alternativa que apresenta a 
correta relação entre o contexto e o surgimento do empreendedorismo social.
A) As tecnologias de comunicação e informação impulsionadas a partir da globalização 
contribuíram para o surgimento do empreendedorismo social.
B) As formas de governo das nações capitalistas expandem a racionalidade neoliberal após a 
globalização e impulsionam a emergência do empreendedorismo social e das ações do 
terceiro setor.
C) A globalização afetou o contexto econômico, promovendo maior competitividade entre as 
empresas privadas e favorecendo, dessa forma, o empreendedorismo social.
D) Durante o processo de globalização houve uma expansão das ideologias de cunho 
socialista, que promoveram o social e as suas ações empreendedoras sociais.
E) A globalização fez com que as relações de emprego e trabalho se reconfigurassem, 
aumentando a concorrência entre as pessoas e as empresas e expandindo o 
empreendedorismo social que se vale dessa lógica.
2) O empreendedorismo social apresenta algumas dimensões específicas sobre as quais 
esse processo se instala. Quando consideradas tais dimensões, aumentam muito as 
possibilidades de que essas ações empreendedoras atinjam seus objetivos e causem o 
impacto social desejado. Analise as alternativas a seguir e marque aquela que 
apresenta a relação correta entre a dimensão e suas características.
A) A dimensão regulatória/institucional envolve os movimentos de incentivo e busca por 
novas organizações sociais e como torná-las mais atuantes na comunidade.
B) A dimensão ambiental envolve os processos de criação e implementação de locais 
apropriados ao desenvolvimento de ações sociais, principalmente nos espaços urbanos.
C) A dimensão ambiental envolve os processos de criação e implementação de políticas 
públicas de incentivo ao empreendedorismo social.
D) A dimensão psicossocial se refere à mudança de comportamentos que é requerida nas 
ações de empreendedorismo social, o que envolve participação, engajamento e 
solidariedade.
E) A dimensão cultural abrange os estudos da cultura ambiental local visando o uso 
sustentável dos recursos naturais existentes na comunidade.
O empreendedorismo social e o capitalista, embora apresentem semelhanças na 
composição do perfil de seus empreendedores (como a visão inovadora, a 
criatividade, o correr riscos calculados, entre outras), apresentam características que 
3) 
os diferenciam. Analise as alternativas a seguir e marque aquela que apresenta uma 
diferença correta entre o empreendedorismo capitalista e o empreendedorismo social.
A) O empreendedorismo capitalista visa a constituição de um negócio que gere lucros 
enquanto que o empreendedorismo social objetiva agir produzindo impacto social na 
comunidade.
B) O empreendedorismo social tem foco na ação individual enquanto que o 
empreendedorismo capitalista focaliza a coletividade.
C) O empreendedorismo social se desenvolve no segundo setor da economia enquanto que o 
empreendedorismo capitalista é percebido em organizações do terceiro setor.
D) O empreendedorismo capitalista requer solidariedade e altruísmo enquanto que o 
empreendedorismo social lida com a competitividade e a concorrência de mercado.
E) O empreendedorismo capitalista trabalha com a ideia de empoderamento da comunidade 
enquanto que o empreendedorismo social procura satisfazer as necessidades dos clientes.
4) Para Melo Neto e Fróes (2002, p. 61), “somando-se o capital humano e o capital social 
instalado em uma determinada localidade, temos o somatório de suas 
potencialidades”. Os autores evidenciam que o empreendedorismo social será 
potencializado quando esses dois conceitos aparecerem juntos, devido às suas 
características.
Considerando que o conceito de capital social traz em si a capacidade de 
engajamento e que o conceito de capital humano se refere, de maneira muito 
sintética, à qualificação de uma dada comunidade, indique a alternativa que 
apresenta a CORRETA relação entre capital social e capital humano, considerando 
os estudos sobre empreendedorismo social e a citação de Melo Neto e Fróes.
A) Comunidades que apresentam bons índices de capital social acabam apresentando também 
capital humano condizente com ele.
B) O capital humano existente na comunidade é um fator determinante das suas ações 
relativas ao capital social.
C) O nível de capital humano de uma comunidade acaba por restringir as ações coletivas e 
participativas típicas do capital social.
D) Comunidades que apresentam capital humano elevado não apresentam capital social, pois 
nesta as questões sociais estão bem resolvidas.
E) Algumas comunidades podem apresentar alto nível de capital social, porém baixo grau de 
capital humano, por isso precisam ser desenvolvidas em termos de qualificação.
5) Uma das habilidades imateriais que precisam ser desenvolvidas nas comunidades 
para que as ações de empreendedorismo social sejam bem-sucedidas é a 
solidariedade e o altruísmo, o que leva ao engajamento e à participação de todos nas 
várias demandas necessárias, incluindo as econômicas, fazendo com que o modo de 
pensar e viver das pessoas dessas comunidades se transforme. Singer (2002, p. 121) 
comenta, porém, que “(...) para que a economia solidária se transforme de paliativo 
dos males do capitalismo em competidor do mesmo, ela terá de alcançar níveis de 
eficiência na produção e distribuição de mercadorias comparáveis aos da economia 
capitalista”.
A partir da citação e dos estudos da disciplina, marque a alternativa que apresenta 
uma correta relação entre o conceito de economia solidária e o de empreendedorismo 
social.
A) A economia solidária é um campo da economia e distancia-se da sociologia, por essa razão 
não apresentam uma relação direta com o conceito de empreendedorismo social.
B) A economia solidária serve de base para as ações do empreendedorismo social, devendo 
adequar-se às lógicas do capitalismo vigente para que possa vir a ter maior eficiência e 
eficácia.
C) A economia solidária serve como fundamento das ações empreendedoras sociais por 
reproduzir as práticas cotidianas do capitalismo utilizadas em organizações empresariais.
D) A economia solidária trata dos níveis de envolvimento e produção de bens e renda das 
comunidades a partir do empreendimento de negócios lucrativos e comerciais.
E) A economia solidária trata do empoderamento das comunidades vulneráveis e, para isto, 
utiliza-se de iniciativas do empreendedorismo social para essa finalidade.
NA PRÁTICA
As ações de gerenciamento dos empreendimentos sociais não são simples, exigindo 
competências tanto para a gestão institucional do empreendedorismo social realizado por 
organizações sociais quanto para a gestão comunitária, quando esse empreendedorismo socialfor comunitário.
Na Prática, você irá conhecer os passos necessários para que a gestão comunitária de um 
empreendedorismo social possa atingir seus objetivos com sucesso.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Cidadania, empreendedorismo social e economia solidária no contexto dos catadores 
cooperados de materiais recicláveis
De autoria de Hugo Manuel Bastos e Geraldino Carneiro de Araújo, este artigo apresenta como 
os conceitos estudados sobre as características do empreendedorismo social são percebidos nas 
ações dessa cooperativa de reciclagem do Mato Grosso do Sul.
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Formação do empreendedor social e a educação formal e não formal: um estudo a partir 
de narrativas de história de vida
Este artigo apresenta como o desenvolvimento de um perfil relacionado ao empreendedorismo 
social é construído a partir das experiências educacionais formais e não formais.
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AgitAção Social - Campanha Benfeitoria
Neste vídeo, você verá como as ações empreendedoras se valem na atualidade das redes sociais 
visando a conseguir recursos para financiar seus objetivos. No vídeo, pode-se ver que a 
construção do material propõe educar as crianças pequenas para o empreendedorismo social, 
iniciativa que seria concretizada por meio das doações de interessados via crowfunding. Porém, 
a meta não foi atingida, os recursos doados foram devolvidos para seus doadores e a cartilha não 
foi realizada.
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