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AULA 07

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contrabando/descaminho e aplicação do princípio da insignificância. E não é 
que um dos temas da prova discursiva foi bem parecido com isso... 
Sem dúvida alguma, isso aumenta (e muito!) a importância dessa 
aula de hoje. 
Grande abraço a todos, 
Ricardo Vale 
ricardovale@estrategiaconcursos.com.br 
http://www.facebook.com/rvale01 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” 
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1-INTERVENIENTES NAS OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR: 
O art. 735, § 2º, do R/A, referendado pela IN RFB nº 1.273/2012 
estabelece que são considerados intervenientes no comércio exterior as 
seguintes pessoas: 
- o importador; 
- o exportador; 
- o beneficiário de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado; 
- o despachante aduaneiro e seus ajudantes; 
- o transportador; 
- o agente de carga; 
-o operador de transporte multimodal (OTM), 
- o operador portuário; 
- o depositário; 
- o administrador de recinto alfandegado; 
- o perito e o assistente técnico; 
- qualquer outra pessoa que tenha relação, direta ou indireta, com a 
operação de comércio exterior. 
Relação enorme, não é mesmo? A evolução das práticas do 
comércio internacional tem aumentado cada vez mais o número de 
intervenientes no comércio exterior. A existência dessa variedade de pessoas 
traz a necessidade de controle governamental. 
O controle pela RFB dos intervenientes do comércio exterior, 
inclusive dos despachantes aduaneiros e dos ajudantes de despachante 
aduaneiro, e da representação das pessoas físicas e jurídicas, para fins de 
atuação nas operações de comércio exterior, será exercido por meio do 
Cadastro Aduaneiro Informatizado de Intervenientes de Comércio Exterior, 
Sistema CAD-ADUANA. 
Na aula 03, nós falamos sobre os despachantes aduaneiros e 
ajudantes de despachante, o Operador de Transporte Multimodal, os agentes 
de unitização e desunitização, o perito e o assistente técnico. Por isso, não 
vamos “chover no molhado” e estudá-los novamente. Da relação de 
intervenientes mencionados acima, creio que valha a pena algumas breves 
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palavras sobre o operador portuário, o depositário e o administrador de 
recinto alfandegado. 
a) Operador Portuário: É a pessoa jurídica pré-qualificada para 
exercer as atividades de movimentação de passageiros ou movimentação e 
armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte 
aquaviário, dentro da área do porto organizado. 
b) Depositário / Administrador de recinto alfandegado: O 
depositário é quem recebe determinado bem para sua guarda. O administrador 
de recinto alfandegado, como o próprio nome já diz, é aquele que é o 
responsável pelo recinto alfandegado. Destaque-se que é o administrador do 
recinto alfandegado quem assume a condição de depositário da mercadoria 
nele armazenada. 
Em 05 de dezembro de 2014, foi publicada a IN RFB nº 1.521/2014, 
que criou o Programa Brasileiro de “Operador Econômico Autorizado”. Esse 
tema tem tudo a ver com a facilitação de comércio e a desburocratização 
das operações de comércio exterior. Em resumo, os “Operadores 
Econômicos Autorizados” irão usufruir de diversos benefícios, todos eles 
relacionados à simplificação de procedimentos aduaneiros. Por exemplo, 
uma empresa habilitada como OEA não precisará apresentar garantia no 
regime de trânsito aduaneiro e um pequeno percentual de suas cargas será 
selecionada para conferência aduaneira na exportação. 
Mas o que é, exatamente, um OEA? 
Segundo a IN RFB nº 1521/2014, “entende-se por Operador 
Econômico Autorizado (OEA) o interveniente em operação de comércio exterior 
envolvido na movimentação internacional de mercadorias a qualquer título 
que, mediante o cumprimento voluntário dos critérios de segurança aplicados à 
cadeia logística ou das obrigações tributárias e aduaneiras, conforme a 
modalidade de certificação, demonstre atendimento aos níveis de 
conformidade e confiabilidade exigidos pelo Programa Brasileiro de OEA e seja 
certificado nos termos desta Instrução Normativa.” 
E quem pode ser certificado como OEA? 
São passíveis de certificação: i) o importador ou exportador; ii) o 
depositário; iii) o operador portuário ou aeroportuário; iv) o transportador; v) 
o despachante aduaneiro e; vi) o agente de carga. 
 
 
 
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2- SANÇÕES ADMINISTRATIVAS A QUE ESTÃO SUJEITOS OS 
INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR: 
Conforme nós estudamos na aula anterior, há vários tipos de 
penalidades por infração à legislação aduaneira. Dentre elas, nos interessam, 
nesse momento, as sanções administrativas. Trata-se de sanções não-
pecuniárias, ou seja, que não implicam na imputação de débito em dinheiro 
ao infrator. 
As sanções administrativas aplicáveis aos intervenientes no 
comércio exterior são de três tipos: 
a) advertência 
b) suspensão de registro, licença, autorização, credenciamento ou 
habilitação, pelo prazo de até doze meses. Na determinação do prazo de 
suspensão, serão considerados a natureza e a gravidade da infração cometida, 
os danos que dela provierem e os antecedentes do infrator. 
c) cancelamento ou cassação de registro, licença, autorização, 
credenciamento ou habilitação. Caso ocorra cancelamento ou cassação, a 
reinscrição ou a inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle 
aduaneiro somente poderá ser solicitada dois anos após a data de 
aplicação definitiva da sanção. Para isso, deverão ser cumpridas todas as 
exigências e formalidades necessárias para uma inscrição. 
Há uma natural correlação entre a gravidade das infrações e a 
sanção aplicável, consistindo, é claro, o cancelamento ou cassação de 
registro/licença em hipótese mais gravosa ao interveniente. 
Segundo o art. 735, § 1º, do R/A, as sanções administrativas, 
uma vez aplicadas, serão anotadas no registro do infrator pela 
administração aduaneira. Nesse mesmo sentido, o art. 10 da IN RFB nº 
1.273/2012 estabelece que as sanções administrativas relativas aos 
intervenientes no comércio exterior deverão ser registradas no sistema CAD-
ADUANA, pela unidade da RFB que as aplicou. Tais sanções serão canceladas 
após o decurso de 5 (cinco) anos da sua aplicação definitiva, ou seja, o 
infrator ficará com a “ficha limpa” após passados 5 anos. 
A sanção administrativa é considerada definitivamente aplicada 
após a notificação ao sancionado da decisão administrativa da qual não 
caiba recurso. No caso de advertência, a notificação ocorrerá mediante 
ciência do interessado. Já no caso de suspensão ou cancelamento/cassação de 
registro, a notificação será feita mediante publicação de ato específico no 
Diário Oficial da União. As sanções aplicadas aos intervenientes não 
prejudicam a exigência dos tributos incidentes, a aplicação de outras 
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penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando 
for o caso. 
 
Amigos, caso seja cobrada uma questão sobre as 
sanções administrativas a que estão sujeitos os 
intervenientes no comércio exterior, acreditamos que o 
mais provável é que sejam pedidos conhecimentos 
genéricos, sobre os quais comentamos acima. 
De qualquer modo, como está previsto no edital, 
vejamos uma a uma as sanções administrativas 
aplicáveis aos intervenientes. O custo-benefício de 
ficar decorando isso é baixíssimo! Dê apenas uma 
lida para que, se for necessário , esses conhecimentosvenham à sua cabeça na hora da prova. 
1) Infrações Puníveis com Advertência: 
- Descumprimento de norma de segurança fiscal em local 
alfandegado. 
- Falta de registro ou registro de forma irregular dos documentos 
relativos a entrada ou saída de veículo ou mercadoria em recinto alfandegado. 
- Atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de veículo 
conduzindo mercadoria submetida ao regime de trânsito aduaneiro. Considera-
se contumaz o atraso sem motivo justificado ocorrido em mais de 20% das 
operações de trânsito aduaneiro realizadas no mês, se superior a 5 (cinco) o 
número total de operações. 
- Emissão de documento de identificação ou quantificação de 
mercadoria em desacordo com sua efetiva qualidade ou quantidade. 
- Prática de ato que prejudique o procedimento de identificação ou 
quantificação de mercadoria sob controle aduaneiro. 
- Atraso na tradução de manifesto de carga, ou erro na tradução que 
altere o tratamento tributário ou aduaneiro da mercadoria. 
- Consolidação ou desconsolidação de carga efetuada com incorreção 
que altere o tratamento tributário ou aduaneiro da mercadoria. 
- Atraso, por mais de três vezes, em um mesmo mês, na prestação 
de informações sobre carga e descarga de veículos, ou movimentação e 
armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro. 
- Descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para 
habilitar-se ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas 
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especiais, ou para habilitar-se ou manter recintos nos quais tais regimes sejam 
aplicados. 
- Descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para 
executar atividades de movimentação e armazenagem de mercadorias sob 
controle aduaneiro, e serviços conexos. 
- Descumprimento de condição estabelecida para utilização de 
procedimento aduaneiro simplificado. 
- Deixar de comunicar à Secretaria da Receita Federal do Brasil 
qualquer alteração das informações prestadas para inscrição no registro de 
despachante aduaneiro ou de ajudante. 
- Descumprimento de outras normas, obrigações ou ordem legal. 
 
2) Infrações Puníveis com suspensão de registro/licença pelo 
prazo de até 12 meses: 
- Reincidência em conduta já sancionada com advertência. 
- Atuação em nome de pessoa que esteja cumprindo suspensão, ou 
no interesse desta. 
- Descumprimento da obrigação de apresentar à fiscalização, em boa 
ordem, os documentos relativos a operação que realizar ou em que intervier, 
bem como outros documentos exigidos pela Secretaria da Receita Federal do 
Brasil. 
- Delegação de atribuição privativa a pessoa não credenciada ou 
habilitada, inclusive na hipótese de cessão de senha de acesso a sistema 
informatizado. 
- Realização, por despachante aduaneiro ou ajudante, em nome 
próprio ou de terceiro, de exportação ou importação de quaisquer mercadorias, 
exceto para uso próprio, ou exercício, por estes, de comércio interno de 
mercadorias estrangeiras. 
- Descumprimento, pelo importador, depositário ou transportador, da 
determinação efetuada pela autoridade aduaneira para destruir mercadoria ou 
devolvê-la ao exterior, nas hipóteses de que trata o art. 574.1 
 
1 O art. 574 trata das mercadorias que são nocivas à saúde, ao meio ambiente e à 
segurança pública e, portanto, que não podem ser desembaraçadas. 
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- Prática de qualquer outra conduta sancionada com suspensão de 
registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos de 
legislação específica. 
 
3) Infrações Puníveis com cancelamento ou cassação de 
registro/licença: 
- Acúmulo, em período de três anos, de suspensão cujo prazo total 
supere doze meses. 
- Atuação em nome de pessoa cujo registro, licença, autorização, 
credenciamento ou habilitação tenha sido objeto de cancelamento ou cassação, 
ou no interesse desta. 
- Exercício, por pessoa credenciada ou habilitada, de atividade ou 
cargo vedados na legislação específica. 
- Prática de ato que embarace, dificulte ou impeça a ação da 
fiscalização aduaneira, inclusive a prestação dolosa de informação falsa ou o 
uso doloso de documento falso nas atividades relacionadas com o despacho 
aduaneiro. 
- Agressão ou desacato à autoridade aduaneira no exercício da 
função. 
- Sentença condenatória, transitada em julgado, por participação, 
direta ou indireta, na prática de crime contra a administração pública ou contra 
a ordem tributária. 
- Sentença condenatória, transitada em julgado, à pena privativa de 
liberdade. 
- Descumprimento das obrigações eleitorais. 
- Ação ou omissão dolosa tendente a subtrair ao controle aduaneiro, 
ou dele ocultar, a importação ou a exportação de bens ou de mercadorias. 
- Prática de qualquer outra conduta sancionada com cancelamento ou 
cassação de registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos 
termos de legislação específica. 
 
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Conforme estudamos na aula 00 de nosso curso, a Lei nº 
12.350/2010 estabeleceu requisitos técnicos e 
operacionais mínimos para os recintos 
alfandegados. Com a publicação do Decreto nº 
8.010/2013, estes requisitos passaram a estar previstos 
também no Regulamento Aduaneiro, mais 
especificamente no art. 13-A. 
A pergunta, então, é a seguinte: o que acontecerá se a 
pessoa jurídica responsável pela administração dos 
recintos alfandegados descumprir esses requisitos? 
A resposta está no art. 735-C, do Regulamento 
Aduaneiro: 
“Art. 735-C. A pessoa jurídica de que tratam os 
arts. 13-B e 13-C, responsável pela administração 
de local ou recinto alfandegado, fica sujeita, 
observados a forma, o rito e as competências 
estabelecidos nos arts. 735, 782 e 783, à aplicação 
da sanção de: 
I - advertência, na hipótese de descumprimento de 
requisito técnico ou operacional para o 
alfandegamento, definido com fundamento no art. 
13-A; e 
II - suspensão das atividades de movimentação, 
armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias 
sob controle aduaneiro, referidas no caput do art. 
13-A, na hipótese de reincidência em conduta já 
punida com advertência, até a constatação pela 
autoridade aduaneira do cumprimento do requisito 
ou da obrigação estabelecida. 
§ 1º Para os fins do disposto no inciso II do caput, 
será considerado reincidente o infrator que, no 
período de trezentos e sessenta e cinco dias, 
contados da data da aplicação da sanção, cometer 
nova infração pela mesma conduta já penalizada 
com advertência.” 
A aplicação de sanções administrativas aos intervenientes depende da 
realização de um processo administrativo próprio. Tal processo 
administrativo será instaurado com a lavratura de auto de infração, 
acompanhando de termo de constatação de uma das situações tipificadas 
no art. 735 do R/A. 
A intimação será pessoal ou por edital. Feita a intimação, a não-
apresentação de impugnação pelo autuado no prazo de 20 (vinte) dias 
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implica revelia. Caso a intimação tenha sido feita por edital, esta se 
considerada feita e iniciada a contagem do prazo para impugnação 15 dias 
após a publicação do edital. 
Uma vez apresentada a impugnação, a autoridade preparadora terá o 
prazo de 15 (quinze) dias para remessa do processo a julgamento. Esse 
prazo poderá ser prorrogado quando for necessária a realização de diligências 
ou perícias. 
A aplicação das sanções administrativas compete: 
a) ao titular da unidade da RFB responsável pela apuração dainfração, nos casos de advertência ou suspensão. 
b) à autoridade competente para habilitar ou autorizar a 
utilização de procedimento simplificado, de regime aduaneiro, ou o exercício de 
atividades relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a movimentação e 
armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos, nos 
casos de cancelamento ou cassação. 
Tomada a decisão pela autoridade competente, caberá recurso à 
autoridade imediatamente superior, que o julgará em instância final 
administrativa. O recurso deverá ser apresentado em 30 (trinta) dias, 
possuindo efeito suspensivo. Nos processos relativos à aplicação de sanção 
administrativa a despachantes aduaneiros e ajudantes, a autoridade 
responsável pelo julgamento de recursos será o Superintendente da 
Receita Federal do Brasil. 
Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 
 
1. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) A legislação aduaneira 
contém previsão de uma série de condutas que ensejam a aplicação de 
sanção administrativa aos intervenientes aduaneiros, entre os quais o 
Despachante Aduaneiro e seus ajudantes. Sob essa perspectiva, 
assinale os itens abaixo que constituem hipóteses de aplicação de 
sanção: 
I - atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de veículo conduzindo 
mercadoria submetida ao regime de trânsito aduaneiro. 
II - ação ou omissão dolosa tendente a subtrair ao controle aduaneiro, ou dele 
ocultar, a importação ou a exportação de bens ou mercadorias. 
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III - descumprimento de norma de segurança fiscal em local alfandegado. 
IV - exercício, por pessoa credenciada ou habilitada, de atividade ou cargo 
vedados na legislação específica. 
a) Todos os itens estão corretos. 
b) Somente o item IV está incorreto. 
c) Os itens I e IV estão incorretos. 
d) Os itens I e III estão corretos. 
e) Os itens III e IV estão incorretos. 
Comentários: 
A primeira assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção 
administrativa, prevista no art. 735, inciso I, alínea c. É punível com 
advertência. 
A segunda assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção 
administrativa, prevista no art. 735, inciso III, alínea i. É punível com 
cancelamento ou cassação de registro/licença. 
A terceira assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção 
administrativa, prevista no art. 735, inciso I, alínea a. É punível com 
advertência. 
A quarta assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção 
administrativa, prevista no art. 735, inciso III, alínea c. É punível com 
cancelamento ou cassação de registro/licença. 
Por tudo o que comentamos, conclui-se que todos os itens estão 
corretos. 
2. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Aplica-se a sanção 
administrativa de suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, ao 
interveniente que reincidir em conduta já sancionada com advertência. 
Comentários: 
A reincidência em conduta já sancionada com advertência dá ensejo 
à aplicação de sanção administrativa de suspensão (art. 735, inciso II, alínea 
“a”). Questão correta. 
3. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções administrativas 
cabíveis aos intervenientes nas operações de comércio exterior serão anotadas 
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no registro do infrator pela administração aduaneira, devendo a anotação ser 
cancelada após o decurso de 5 (cinco) anos da aplicação da sanção. 
Comentários: 
A administração aduaneira irá anotar no registro do infrator as 
sanções administrativas. A anotação deverá ser cancelada (retirada do 
registro) após o decurso de 5 anos da aplicação da sanção. Aí o infrator ficará 
com a “ficha limpa”. Questão correta. 
4. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções cabíveis aos 
intervenientes nas operações de comércio exterior não prejudicam a exigência 
dos impostos incidentes, mas impedem a aplicação de outras penalidades 
cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso. 
Comentários: 
As sanções administrativas, aplicadas aos intervenientes, não 
prejudicam a exigência dos tributos incidentes, a aplicação de outras 
penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais. O erro da 
assertiva está em dizer que a aplicação de sanção administrativa impede a 
aplicação de outras penalidades e a representação fiscal para fins penais. 
Questão errada. 
5. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Aplica-se a sanção 
administrativa de cassação ou cancelamento na hipótese de sentença 
condenatória, transitada em julgado, por participação, direta ou indireta, na 
prática de crime contra a administração pública ou contra a ordem tributária. 
Comentários: 
Segundo o art. 735, inciso III, alínea “f”, a sentença condenatória, 
transitada em julgado, por participação, direta ou indireta, na prática de crime 
contra a administração pública ou contra a ordem tributária é hipótese de 
aplicação de cassação/cancelamento. Questão correta. 
6. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Na determinação do prazo 
para a aplicação da sanção administrativa de suspensão, serão considerados a 
natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem e 
os antecedentes do infrator. 
Comentários: 
 A sanção administrativa de suspensão é aplicada pelo prazo de até 12 
meses. Na determinação do prazo de suspensão, leva-se em consideração os 
critérios enumerados pelo enunciado: natureza e gravidade da infração, 
danos que dela provierem e antecedentes do infrator. Questão correta. 
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7. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções administrativas 
serão aplicadas mediante processo administrativo próprio, instaurado com a 
lavratura de auto de infração, dispensando-se, no caso de advertência, a 
lavratura de termo de constatação de hipótese que configure a penalidade. 
Comentários: 
Não existe essa dispensa de auto de infração no caso de aplicação 
da sanção administrativa de advertência. Questão errada. 
8. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Na hipótese de aplicação 
da sanção de cassação ou cancelamento, é vedada a reinscrição para a 
atividade ou a inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle 
aduaneiro. 
Comentários: 
Caso ocorra cancelamento ou cassação, a reinscrição ou a 
inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle aduaneiro somente 
poderá ser solicitada dois anos após a data de aplicação definitiva da 
sanção. Assim, não é vedada a reinscrição ou inscrição para exercer outra 
atividade sujeita a controle aduaneiro. Questão errada. 
9. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções administrativas 
serão aplicadas mediante processo administrativo próprio, instaurado com a 
lavratura de auto de infração, acompanhado de termo de constatação de 
hipótese que configure uma das penalidades previstas no Decreto 6.759/2009. 
Comentários: 
A aplicação de sanções administrativas aos intervenientes depende de 
processo administrativo próprio. A instauração do processo é realizada 
mediante auto de infração, acompanhado de termo de constatação. Questão 
correta. 
10. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) São considerados 
intervenientes nas operações de comércio exterior, entre outros, o 
despachante aduaneiro, o agente de carga e o perito. 
Comentários: 
Os intervenientes nas operações de comércio exterior são os 
seguintes: importador, o exportador, o beneficiário de regime aduaneiro ou de 
procedimento simplificado, o despachante aduaneiro e seus ajudantes, o 
transportador, o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o 
operador portuário, o depositário, o administrador de recinto alfandegado, o 
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perito, o assistente técnico, ou qualquer outra pessoa que tenha relação, 
direta ou indireta, com a operação de comércio exterior. Questão correta. 
11. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O processo para aplicação 
de sanções administrativas tem instância única para julgamento. 
Comentários: 
No processo de aplicação de sanções administrativas, não há 
instância única; ao contrário, existe instância recursal. É o processo de 
aplicação da pena de perdimento que é decidido em instância única. Questão 
errada. 
12. (AFRFB – 2012) A pessoa jurídica de que tratam os arts. 35 e 36 da Lei 
nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, responsável pela administração de 
local ou recinto alfandegado, fica sujeita, observados a forma, o rito e as 
competências estabelecidos no art. 76 da Lei n. 10.833, de 29 de dezembro de 
2003, à aplicação direta da sanção de suspensão das atividades de 
movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias sob 
controle aduaneiro, referidas no caput do art. 34 da Lei n. 12.350, de 20 de 
dezembro de 2010. 
Comentários: 
Questão com uma redação bastante confusa! Era pra ninguém 
acertar! ☺ A ideia central da questão é a seguinte: há possibilidade de se 
aplicar a sanção de suspensão à pessoa jurídica administradora de recinto 
alfandegado que descumprir requisitos técnicos e operacionais? 
A resposta é negativa. O descumprimento de requisitos técnicos e 
operacionais dá ensejo à aplicação de sanção de advertência. A reincidência 
em conduta já punida com advertência é que resultará na aplicação da 
suspensão (art. 735-C, inciso II). Questão errada. 
 
3- CONTRABANDO, DESCAMINHO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: 
3.1- Definições: 
Em junho de 2014, foi publicada a Lei nº 13.008/2014, que alterou o 
tratamento do tema “contrabando e descaminho”. Por ser um assunto 
relativamente recente, é importante que tenhamos uma noção do que foi 
objeto de modificação. 
Até a Lei nº 13.008/2014, o contrabando e o descaminho, apesar 
de serem tipos penais diferentes, estavam previstos no mesmo dispositivo 
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do Código Penal. Com a edição da nova lei, os dois crimes passaram a estar 
previstos em dispositivos diferentes. No art. 334, do Código Penal, está 
previsto o crime de descaminho; no art. 334-A, está previsto o crime de 
contrabando. 
O contrabando e o descaminho são “Crimes Praticados por 
particular contra a Administração em geral”: em ambos os casos, busca-se 
proteger a Administração Pública. São considerados crimes comuns (ou 
gerais), ou seja, podem ser praticados por qualquer pessoa. 
Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito do contrabando: 
Art. 334-A -Importar ou exportar mercadoria proibida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) um a 5 (cinco) anos. 
O contrabando consiste na importação ou exportação de 
mercadoria proibida. O núcleo do tipo é “importar” e “exportar” mercadoria 
proibida, ou seja, introduzi-la ou retirá-la do território aduaneiro. Trata-se, 
conforme se pode verificar, de norma penal “em branco”, uma vez que cabe 
à legislação extrapenal definir quais são as mercadorias cuja importação ou 
exportação é relativa ou absolutamente proibida. 
A proibição absoluta de importação ou exportação se refere à 
natureza das mercadorias objeto da operação de comércio exterior. São 
mercadorias que, em virtude de sua natureza ilícita, não poderão, em 
qualquer hipótese, ser importadas. A proibição relativa diz respeito a produtos 
que podem ser comercializados, mas desde que cumpridos certos requisitos. 
Com efeito, há uma enorme gama de produtos que, para adentrarem no 
território nacional, necessitam da autorização de órgãos governamentais. 
O STF já reconheceu que, para configurar o crime de contrabando, a 
proibição de importação ou exportação de mercadorias pode ser absoluta 
ou relativa. Transcrevemos a seguir ementa do referido julgado. 
”CRIME DE CONTRABANDO – Para que haja crime de 
contrabando é preciso que ocorra importação ou exportação de 
mercadoria proibida. Essa proibição pode ser absoluta ou 
relativa, sendo que é relativa quando a proibição cessa com a 
satisfação de determinadas condições. A obrigatoriedade de 
"autorização para exportação" expedida pelo Ministério da 
Agricultura, sem a qual a CACEX não poderia dar a licença 
para a exportação de sementes de soja ainda quando o 
pedido estivesse acompanhado de certificado fitossanitário, 
caracteriza a proibição relativa que dá margem à ocorrência 
do crime de contrabando quando – como sucedeu na espécie – 
não é ela afastada pela satisfação dessas condições. Habeas 
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corpus indeferido. (STF, HC 69.754-PR, 1ª Turma, Rel. Min. 
Moreira Alves, DJU 12.03.1993). 
O contrabando é considerado pela doutrina como crime 
pluriofensivo, uma vez que consiste em conduta que lesa mais de um 
bem jurídico. Além de causar dano ao Erário, pode ofender a moralidade, a 
segurança e a saúde públicas. 
O contrabando é crime de natureza residual. Isso quer dizer que 
somente será aplicado caso a importação ou exportação de 
determinada mercadoria proibida não seja tipificada como algum outro 
crime. Como exemplo, citamos a importação ou exportação de arma de fogo 
sem autorização da autoridade competente. Tal conduta é definida pela Lei nº 
10.826/2003 como tráfico internacional de arma de fogo. Em razão da 
existência de crime específico, resta afastado o enquadramento da conduta 
como “contrabando”. Da mesma forma, a importação ou exportação de 
“drogas” não será enquadrada como contrabando, mas sim como o ilícito 
penal do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). 
O Código Penal relaciona algumas condutas que a doutrina denomina 
de “contrabando por equiparação”. Elas estão previstas no art. 334-A, § 
1º: 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; 
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa 
de registro, análise ou autorização de órgão público competente; 
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada 
à exportação; 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer 
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei 
brasileira; 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida 
pela lei brasileira. 
O descaminho, por sua vez, consiste em iludir, no todo ou em 
parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída 
ou pelo consumo de mercadoria. É também conhecido por “contrabando 
impróprio”. Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito do descaminho: 
Art. 334- Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou 
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de 
mercadoria. 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
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O núcleo do tipo é “iludir”, o que nos transmite a ideia de fraude, ou 
seja, o sujeito ativo faz uso de conduta fraudulenta com vistas a driblar a 
tributação. Nesse sentido, se o agente deixar de recolher os tributos relativos 
à importação ou exportação, sem se utilizar de fraude, restará caracterizado 
tão-somente um ilícito tributário.2 Destaque-se que a conduta fraudulenta 
poderá ser comissiva ou omissiva. 
O bem jurídico tutelado pela previsão do crime de descaminho é o 
interesse patrimonial do Estado, violado pela conduta do sujeito ativo de 
fugir à tributação por meiode fraude. Até 2015, o STJ entendia que o crime de 
descaminho era um crime de natureza eminentemente tributária e, como tal, 
deveria receber tratamento similar aos crimes tributários em geral. Nesse 
sentido, considerava o STJ que aplicava-se ao descaminho o art. 34 da Lei nº 
9.249/1995, que dispõe que “extingue-se a punibilidade quando o agente 
promove o pagamento do tributo, e também de eventuais acessórios, até o 
recebimento da denúncia”. 
Porém, no RHC nº 43.558-SP, de 05/02/2015, o STJ mudou o seu 
entendimento. Considera-se, agora, que o descaminho é um crime que, para 
além de lesar o interesse patrimonial do Estado, gera prejuízos à 
atividade econômica, na medida em que promove o comércio ilegal e a 
concorrência desleal. Assim, o entendimento atual do STJ é o de que não se 
pode equiparar o crime de descaminho aos crimes materiais contra a 
ordem tributária. Logo, não haverá a extinção da punibilidade em razão 
do pagamento do tributo devido. 
É importante, ainda, termos em consideração o art. 334, § 1º, do 
CP, que versa sobre os delitos que a doutrina chama de “descaminho por 
equiparação (assimilação)”. Vejamos: 
Art. 334-..................................................................... 
§ 1º - Incorre na mesma pena quem: 
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos 
em lei; 
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou 
descaminho; 
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de 
procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País 
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de 
introdução clandestina no território nacional ou de importação 
fraudulenta por parte de outrem; 
 
2 MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, Vol. 3, Parte Especial. São Paulo: 
Editora Método, 2012, pp. 751 
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IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de 
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação 
legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. 
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos 
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou 
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em 
residências. 
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou 
descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou 
fluvial. 
Vale destacar que também incorre em ilícito penal o funcionário 
público que, no exercício de suas atribuições, facilita a prática de 
contrabando ou descaminho. Trata-se de crime mais grave que o próprio 
contrabando ou descaminho, já que o funcionário público, estando legalmente 
obrigado a reprimir esses crimes, concorre para sua prática. Tal conduta está 
tipificada pelo art. 318 do CP, o qual transcrevemos a seguir: 
Facilitação de contrabando ou descaminho 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática 
de contrabando ou descaminho (art. 334): 
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa 
 
3.2- Princípio da Insignificância: 
O princípio da insignificância é um princípio do direito penal que 
se apoia na tese de que o Estado não deverá punir condutas que ofendem de 
maneira insignificante um bem jurídico tutelado. Nesse sentido, a incidência do 
princípio da insignificância será causa supralegal de exclusão da 
tipicidade.3 É causa supralegal porque não está prevista em lei, mas sim 
decorre da interpretação doutrinária e jurisprudencial; exclui a tipicidade 
porque a conduta, por ser insignificante, deixa de ser considerada crime. 
Para o nosso estudo de Legislação Aduaneira, precisamos saber se o 
princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes de contrabando e 
descaminho e, ainda, entender como é feita a aplicação desse princípio. 
No que diz respeito à relação entre o contrabando e o princípio da 
insignificância, a jurisprudência não é conclusiva, tampouco a doutrina 
chegou a um consenso. Mais uma vez nos valendo dos conhecimentos do Prof. 
Cléber Masson, não há que se falar em criminalidade de bagatela no 
 
3 MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, Vol. 3, Parte Especial. São Paulo: 
Editora Método, 2012, pp. 749-750. 
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campo do contrabando. Isso se deve ao fato de que não se pode 
considerar insignificante a entrada ou saída ilegal do território 
nacional de produto classificado como proibido pelas autoridades 
brasileiras. 4 
Com relação ao descaminho, a doutrina e a jurisprudência 
consideram que é legítima a aplicação do princípio da insignificância. 
Assim, o Poder Judiciário, ao examinar um caso concreto envolvendo o crime 
de descaminho, poderá aplicar o princípio da insignificância e, assim, excluir a 
tipicidade da conduta. Veja bem o que eu disse: é o Poder Judiciário o 
legitimado a aplicar o princípio da insignificância. 
A autoridade aduaneira (Auditor-Fiscal RFB) não poderá aplicar o 
princípio da insignificância, eis que sua conduta é vinculada. Ao constatar a 
prática do descaminho, a autoridade aduaneira deverá apreender a 
mercadoria e efetuar uma Representação Fiscal para Fins Penais 
(estudaremos sobre isso a seguir!). É o Poder Judiciário, a posteriori, que 
poderá aplicar, diante do caso concreto, o princípio da insignificância. 
Mas qual é, afinal, o parâmetro para a aplicação do princípio da 
insignificância no crime de descaminho? 
O parâmetro utilizado pelo Poder Judiciário para a aplicação do 
princípio da insignificância ao crime de descaminho é o valor mínimo para 
que a Procuradoria da Fazenda Nacional ajuíze ação de execução fiscal por 
débito para com o Fisco. 
As decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) caminham 
exatamente nesse sentido, fazendo menção ao art. 20 da Lei nº 10.522/2002. 
Segundo o referido dispositivo, serão arquivados, sem baixa na distribuição, 
mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das 
execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela 
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor 
consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00. Esse valor, todavia, foi 
atualizado pela Portaria MF nº 75/2012, que passou a determinar o não 
ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo 
valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00. 
Mas e qual o valor considerado pela jurisprudência do STF: R$ 
10.000,00 ou R$ 20.000,00? 
Olha, pessoal! Em 04/02/2014, foi julgado o HC 120.617/PR, pela 
Primeira Turma do STF. O habeas corpus foi concedido com o argumento de 
que, “para crimes de descaminho, considera-se, para a avaliação da 
 
4 MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, Vol. 3, Parte Especial. São Paulo: 
Editora Método, 2012, pp. 751. 
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insignificância, o patamar de R$ 20.000,00, previsto no art 20 da Lei n.º 
10.522/2002, atualizado pelas Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da 
Fazenda”. 
Em 11/02/2014, no julgamento do HC 120.438/SC, a Primeira Turma 
do STF manteve seu entendimento de que o parâmetro aplicável deve ser 
os R$ 20.000,00. Acrescentou, ainda, que “embora, na espécie, o descaminho 
tenha envolvido elisão de tributos federais em quantia inferior a R$ 20.000,00, 
a existência de registros criminais pretéritos obsta, por si só, a 
aplicação do princípio da insignificância”.Assim, não basta que se analise 
o valor dos tributos suprimidos; além disso, é precisa avaliar se existe ou não 
a habitualidade delitiva. 
Em decisão recente, agora monocrática, do Ministro Luiz Roberto 
Barroso (11/03/2014), o eminente magistrado concluiu que “tendo as 
instâncias precedentes reconhecido a existência de um passivo total 
superior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), denego a ordem, nos termos do 
art. 192 do RI/STF.” 
E o Plenário do STF, Ricardo? Bem, não temos nenhuma decisão do 
Plenário, mas parece que a jurisprudência da Corte caminha para se tornar 
unânime no sentido de que o parâmetro legal-tributário é de R$ 20.000,00. 
 
Na prova discursiva de Auditor-Fiscal RFB 2012, a ESAF 
questionou qual o “parâmetro legal-tributário” que 
tem sido utilizado pelo Poder Judiciário para a aplicação 
do princípio da insignificância ao crime de 
descaminho. 
Diante de uma pergunta dessas, prefira não entrar no 
mérito dos valores utilizados. 
A resposta mais segura (e indubitavelmente correta!) é 
a de que o parâmetro legal-tributário utilizado pelo 
Poder Judiciário para a aplicação do princípio da 
insignificância ao crime de descaminho é o valor 
mínimo para o ajuizamento de execuções fiscais 
de débitos com o Fazenda Nacional. 
O STJ decidiu que a reiteração criminosa inviabiliza, como regra 
geral, a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho. 
Dessa forma, aquele que praticamente reiteradamente o crime de descaminho 
(criminoso habitual) não poderá ser beneficiado pela incidência do princípio da 
significância. Fica ressalvada, no entanto, a possibilidade excepcional de as 
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instâncias ordinárias verificarem, no caso concreto, que essa é a medida 
socialmente recomendável. 5 
 
4- REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS: 
Você, Auditor Fiscal RFB, está exercendo suas atribuições na 
fiscalização aduaneira e constata a existência de fato que configura crime 
contra a ordem tributária, crime de contrabando ou de descaminho ou contra a 
administração pública federal. O que fazer nessa situação? 
Simples! ☺ Você deverá efetuar uma Representação Fiscal para 
Fins Penais, a ser encaminhada ao Ministério Público. 
Art. 740. Sempre que o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil 
constatar, no exercício de suas atribuições, fato que configure, em 
tese, crime contra a ordem tributária, crime de contrabando ou de 
descaminho, ou crimes em detrimento da Fazenda Nacional ou contra 
a administração pública federal, deverá efetuar a correspondente 
representação fiscal para fins penais, a ser encaminhada ao Ministério 
Público, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do 
Brasil. 
A Portaria RFB nº 2.439/2010 estabelece os procedimentos a 
serem observados para que seja efetuada a Representação Fiscal para Fins 
Penais (RFFP). Cabe destacar, logo de início, que o Auditor Fiscal RFB não 
encaminha diretamente a RFFP ao Ministério Público. Esta será encaminhada a 
uma autoridade superior para que, só então, seja remetida ao Ministério 
Público. Essa é a inteligência que se tem a partir da leitura do art. 1º da 
Portaria RFB nº 2.439/2010: 
Art. 1º O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB) deverá 
formalizar representação fiscal para fins penais perante o Delegado ou 
Inspetor-Chefe da Receita Federal do Brasil responsável pelo controle do 
processo administrativo fiscal sempre que, no exercício de suas atribuições, 
identificar atos ou fatos que, em tese, configurem crime contra a ordem 
tributária ou contra a Previdência Social. 
Parágrafo único. Nos casos em que o AFRFB, no exercício de suas 
atribuições, identificar atos ou fatos que, em tese, configurem crime de 
falsidade de títulos, papéis e documentos públicos; de "lavagem" ou 
ocultação de bens, direitos e valores; de contrabando ou 
descaminho; bem como crime contra a Administração Pública 
Federal, em detrimento da Fazenda Nacional, e contra 
Administração Pública Estrangeira, deverá formalizar representação 
 
5 STJ. 3ª Seção. EREsp 1.217.514-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca. 
09.12.2015. 
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para fins penais perante o titular da Unidade Central - Superintendente, 
Delegado ou Inspetor-Chefe da Receita Federal do Brasil - ao qual estiver 
vinculado 
O art. 3º da Portaria RFB nº 2439/2010 relaciona os elementos de 
prova que deverão instruir a Representação Fiscal para Fins Penais. 
Art. 3º A representação de que tratam o caput do art. 1° e o art. 
2° deverá ser instruída com os seguintes elementos: 
I - exposição minuciosa dos fatos caracterizadores do ilícito penal; 
II - prova material do ilícito penal e outros documentos sob suspeição 
que tenham sido apreendidos no curso da ação fiscal; 
III - termos lavrados de depoimentos, declarações, perícias e outras 
informações obtidas de terceiros, utilizados para fundamentar a 
constituição do crédito tributário ou a apreensão de bens sujeitos à 
pena de perdimento, bem como cópia do documento de constituição do 
crédito tributário, se houver, e dos demais termos fiscais lavrados; 
IV - cópia dos contratos sociais e suas alterações ou dos estatutos e 
atas das assembleias relativos aos períodos objeto da representação 
fiscal; 
V - identificação das pessoas físicas a quem se atribua a prática do 
delito penal, bem como identificação da pessoa jurídica autuada, se for 
o caso; e 
VI - identificação das pessoas que possam ser arroladas como 
testemunhas, assim consideradas aquelas que tenham conhecimento 
do fato ou que, em face do caso, deveriam tê-lo. 
Segundo o art. 741, do R/A, a representação fiscal para fins 
penais relativa aos crimes contra a ordem tributária será encaminhada ao 
Ministério Público após ter sido proferida a decisão final administrativa, 
no processo fiscal. Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito 
tributário, a representação fiscal para fins penais somente será encaminhada 
ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica do 
parcelamento. 
Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 
 
13. (Questão Inédita) O crime de descaminho consiste em importar ou 
exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de 
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de 
mercadoria. 
Comentários: 
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O descaminho consiste apenas em iludir, no todo ou em parte, o 
pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo 
consumo de mercadorias. A importação ou exportação de mercadoria proibida 
é o que se chama de contrabando. Questão errada. 
14. (Questão Inédita) No crime de descaminho, será extinta a punibilidade 
se o agente promover o pagamento do tributo, e também de eventuais 
acessórios, até o recebimento da denúncia. 
Comentários: 
Segundo o mais recente entendimento do STJ, o pagamento do 
tributo não extingue a punibilidade do crime de descaminho descaminho. 
Questão errada. 
15. (Questão Inédita) O parâmetro legal-tributário para a aplicação do 
princípio da insignificância ao crime de descaminho é o valor mínimo para o 
ajuizamento de ação de execução fiscal pela Procuradoria da Fazenda Nacional. 
Comentários: 
O valor mínimo para a execução fiscal é o parâmetro legal-tributário 
para a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho. 
Questão correta. 
16. (Questão Inédita) O princípio da insignificância, na condição de causa 
supralegal da exclusão da tipicidade, impedirá que a autoridade aduaneira 
formalize representação fiscal para fins penais quandoo montante tributário do 
qual o sujeito passivo se furtou ao pagamento for inferior ao valor mínimo para 
execução fiscal. 
Comentários: 
O princípio da insignificância não impede que a autoridade aduaneira 
formalize representação fiscal para fins penais. Questão errada. 
17. (Questão Inédita) Sempre que o Auditor-Fiscal da Receita Federal do 
Brasil constatar, no exercício de suas atribuições, fato que configure, em tese, 
crime contra a ordem tributária, crime de contrabando ou de descaminho, ou 
crimes em detrimento da Fazenda Nacional ou contra a administração pública 
federal, deverá efetuar a correspondente representação fiscal para fins penais, 
a ser encaminhada ao Ministério Público, na forma estabelecida pela Secretaria 
da Receita Federal do Brasil. 
Comentários: 
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Caso o Auditor-Fiscal RFB constate a ocorrência de um crime, ele 
deverá efetuar a correspondente representação fiscal para fins penais ao 
Ministério Público. Questão correta. 
18. (Questão Inédita) A representação fiscal para fins penais relativa aos 
crimes contra a ordem tributária será encaminhada ao Ministério Público 
mesmo antes de ter sido proferida a decisão final administrativa, no processo 
fiscal. 
Comentários: 
No caso de crimes contra a ordem tributária, a representação fiscal 
para fins penais será encaminhada ao Ministério Público após ser proferida 
decisão final administrativa no processo fiscal. Questão errada. 
19. (Questão Inédita) Na hipótese de concessão de parcelamento do 
crédito tributário, a representação fiscal para fins penais somente será 
encaminhada ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica 
do parcelamento. 
Comentários: 
Caso seja concedido o parcelamento do crédito tributário, o 
encaminhamento da representação fiscal para fins penais ao Ministério Público 
somente ocorrerá após a exclusão da pessoa física ou jurídica do 
parcelamento. Questão correta. 
 
5- PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE CONTROLE ADUANEIRO: 
O art. 793, do R/A, estabelece que o Ministro da Fazenda poderá 
autorizar a adoção, em casos determinados, de procedimentos especiais 
com relação a mercadoria introduzida no País sob fundada suspeita de 
ilegalidade, com o fim específico de facilitar a identificação de eventuais 
responsáveis. 
Conforme já estudamos em aula anterior, ao registrar uma 
Declaração de Importação (DI), esta pode ser direcionada para quatro 
canais de conferências: canal verde, canal amarelo, canal vermelho e canal 
cinza. Quando uma DI vai para o canal cinza, isso significa que serão 
aplicados, em relação às mercadorias por ela amparadas, procedimentos 
especiais de controle aduaneiro. 
A IN RFB nº 1.169/2011, obedecendo ao comando do art.793 do 
R/A, dispõe sobre a aplicação de procedimentos especiais de controle 
aduaneiro. Segundo o art. 1º da referida norma, o procedimento especial de 
!∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: 
;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀%
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?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 47 ∀# 23 
controle aduaneiro aplica-se a toda operação de importação ou de 
exportação de bens ou de mercadorias sobre a qual recaia suspeita de 
irregularidade punível com a pena de perdimento. Vale destacar que esse 
procedimento aplica-se tanto nas situações em que o despacho tenha sido 
iniciado quanto em casos em que este já foi concluído (“fiscalização de 
zona secundária”). 
Mas quais seriam as situações em que há suspeita de irregularidade 
punível com a aplicação da pena de perdimento? 
A IN RFB nº 1.169/2011 apresenta um rol não-exaustivo de 
situações em que resta configurada suspeita de irregularidade punível com a 
pena de perdimento. Vejamos: 
Art. 2º As situações de irregularidade mencionadas no art. 1º 
compreendem, entre outras hipóteses, os casos de suspeita quanto à: 
I - autenticidade, decorrente de falsidade material ou ideológica, de 
qualquer documento comprobatório apresentado, tanto na importação 
quanto na exportação, inclusive quanto à origem da mercadoria, ao 
preço pago ou a pagar, recebido ou a receber; 
II - falsidade ou adulteração de característica essencial da mercadoria; 
III - importação proibida, atentatória à moral, aos bons costumes e à 
saúde ou ordem públicas; 
IV - ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de 
responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a 
interposição fraudulenta de terceiro; 
V - existência de fato do estabelecimento importador, exportador ou 
de qualquer pessoa envolvida na transação comercial; ou 
VI - falsa declaração de conteúdo, inclusive nos documentos de 
transporte. 
Ao ler o art. 2º da IN RFB nº 1.169/2011, tenho a certeza de que 
você encontrou muitas semelhanças com hipóteses de aplicação da 
pena de perdimento, as quais foram por nós estudadas na aula 06. 
Qualquer semelhança não é mera coincidência! ☺ 
O procedimento especial de controle aduaneiro será instaurado 
previamente à abertura do processo para aplicação da pena de perdimento. 
Por meio do procedimento especial de controle aduaneiro, objetiva-se 
constatar a ocorrência efetiva de uma infração punível com a referida pena. 
Até a instauração do procedimento, o que havia era mera suspeita de 
irregularidade. 
O procedimento especial de controle aduaneiro será instaurado por 
Auditor-Fiscal RFB. Para isso, lavrará termo de início, dando ciência à 
pessoa fiscalizada. O termo de início conterá as seguintes informações: 
i) possíveis irregularidades que motivaram sua instauração e; 
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?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 42 ∀# 23 
ii) mercadorias ou declarações objeto do procedimento. 
Pergunta-se: é possível que, no curso de procedimento especial de 
controle aduaneiro, seja apurada suspeita de irregularidade distinta da que 
motivou a sua instauração? E, ainda, é possível que o procedimento especial 
de controle aduaneiro inclua outras operações não-especificadas no termo de 
início? 
A resposta é positiva para as duas perguntas. 
Pode ser que o Auditor-Fiscal RFB tenha instaurado o procedimento 
especial de controle aduaneiro a fim de apurar a falsa declaração de 
conteúdo em uma DI, mas, no curso do processo, tenha verificado a 
ocorrência, também, de interposição fraudulenta. A apuração da suspeita 
dessa infração não vai ficar de fora do processo! ☺ Isso é o que dispõe o art. 
4º, da IN nº 1.169/2011. 
Art. 4º O procedimento especial de controle aduaneiro previsto nesta 
Instrução Normativa será instaurado pelo Auditor-Fiscal da Receita 
Federal do Brasil (AFRFB) responsável mediante termo de início, com 
ciência da pessoa fiscalizada, contendo, dentre outras informações: 
I- as possíveis irregularidades que motivaram sua instauração; e 
II - as mercadorias ou declarações objeto do procedimento. 
§ 1º O disposto no caput não afasta a possibilidade de que o 
procedimento especial venha a apurar suspeita de irregularidade, nos 
termos do art. 1º, distinta daquela que motivou a instauração, ou a 
incluir outras operações, com a ciência do interessado, não 
especificadas no termo de início. 
 Agora vem o mais interessante... 
A mercadoria submetida ao procedimento especial de controle 
aduaneiro ficará retida até a conclusão do procedimento de fiscalização. 
Essa previsão decorre originalmente da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, 
que estabelece que, quando houver indícios de infração punível com a 
pena de perdimento, a mercadoria importada será retida pela Secretaria da 
Receita Federal, até que seja concluído o correspondente procedimento de 
fiscalização. O prazo máximo para conclusão do procedimento é de 90 
(noventa) dias, prorrogáveis por igual período. A mercadoria ficará, então, 
retida durante todo esse tempo. 
É importante ressaltar que o curso desse prazo de 90 dias ficarásuspenso (paramos a contagem!) nas seguintes situações: 
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?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 43 ∀# 23 
a) “a partir da data da ciência do interessado de qualquer intimação, 
voltando a correr no dia do atendimento”. 
O prazo de 90 dias é para que sejam realizados os trabalhos pela 
fiscalização aduaneira. Logo, a inércia da empresa intimada não poderá 
“apressar” a Receita Federal para que cumpra o prazo. Isso iria na contramão 
do que se espera de um procedimento de fiscalização. Assim, se a empresa for 
intimada, a contagem do prazo fica suspensa. 
Vale destacar que a falta de atendimento da intimação no prazo 
de 60 dias contados da ciência, caracteriza omissão do importador para 
fins de declaração de abandono, conforme previsto na legislação, ensejando o 
encerramento do procedimento especial. 
b) “nas hipóteses dos incisos II, III, IV e V do art. 6º; casos em que 
a suspensão do prazo inicia-se no dia do efetivo recebimento do pedido pela 
Corin ou pelas pessoas referidas naquele artigo, voltando a correr no dia do 
recebimento de resposta pela unidade da RFB solicitante”. 
O art. 6º da IN RFB nº 1.169/2011 relaciona algumas providências 
(rol não exaustivo!) que poderão ser adotadas pelo Auditor Fiscal RFB 
responsável pelo procedimento especial de controle aduaneiro. Essa IN RFB 
nº 1.169/2011 é uma “mãe” para o Auditor Fiscal RFB, pois dá uma boa ideia 
do que você poderá fazer em uma fiscalização para “desvendar” informações. 
Art. 6º O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável 
pelo procedimento especial de que trata esta Instrução 
Normativa poderá adotar as seguintes providências, dentre 
outras que considerar indispensáveis, nos termos da legislação 
em vigor: 
I-realizar diligência ou fiscalização no estabelecimento do 
interveniente, ou solicitar a sua realização, em caráter 
prioritário, à unidade de jurisdição aduaneira de zona 
secundária. 
[Comentários: Nessa situação, o Auditor Fiscal RFB vai fazer uma diligência 
no estabelecimento da empresa. Não estranhe se você chegar lá e não tiver 
nada! ☺ Se acontecer isso, é interposição fraudulenta à vista.] 
II - encaminhar à Coordenação-Geral de Relações Internacionais 
(Corin) pedido de requisição de informações à 
administração aduaneira do país do fornecedor ou ao adido 
aduaneiro e tributário nele localizado; 
[Comentários: O procedimento especial de controle aduaneiro pode ter como 
objetivo apurar a ocorrência de subfaturamento. Nesse caso, será importante 
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pedir informações à autoridade aduaneira do país do fornecedor. Afinal, você 
pode querer saber qual valor foi declarado na exportação. O pedido será feito 
por meio da CORIN (Coordenação-Geral de Relações Internacionais), que fica 
em Brasília.] 
III - solicitar laudo técnico para identificar a mercadoria, 
inclusive suas matérias-primas constitutivas e obter cotações de 
preços no mercado internacional; 
[Comentários: Essa é mais uma providência para que se analise a ocorrência 
de subfaturamento na importação. Na próxima aula, estudaremos com mais 
calma o tema “subfaturamento”.] 
IV - iniciar procedimento para apurar a veracidade da 
declaração e autenticidade do certificado de origem das 
mercadorias, inclusive intimando o importador ou o exportador a 
apresentar documentação comprobatória sobre a localização, 
capacidade operacional e processo de fabricação para a produção 
dos bens importados; 
[Comentários: O certificado de origem é um documento importante para que 
uma importação possa usufruir de preferências tarifárias ou até mesmo para 
que possa evitar a incidência de medidas de defesa comercial. Uma importação 
de produtos vinda de país do MERCOSUL, por exemplo, não pagará imposto de 
importação se for apresentado certificado de origem. Pode ser que esse 
certificado de origem seja falso...] 
V - solicitar a movimentação financeira do importador, 
exportador, ou outro interveniente da operação e, se necessário, 
emitir a correspondente Requisição de Informação sobre a 
Movimentação Financeira (RMF); e 
[Comentários: É isso mesmo o que você leu, meu amigo! Como já havia dito 
na aula 00, a autoridade aduaneira poderá requisitar informações às 
instituições financeiras. Logicamente, isso deverá observar os requisitos da Lei 
Complementar nº 105/2001. Antes de requisitar informações às instituições 
financeiras, a RFB solicita as informações ao importador/exportador ou outro 
interveniente.] 
VI - intimar o importador, exportador, ou outro interveniente na 
operação, a apresentar informações e documentos 
adicionais que se mostrem necessários ao andamento dos 
trabalhos, inclusive os relativos a outras operações de comércio 
exterior que tenha realizado, observado o disposto na legislação 
específica e o prazo decadencial. 
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[Comentários: Aqui a IN RFB nº 1.169/2011 trata da possibilidade de 
intimação para apresentação de informações e documentos adicionais.] 
Vale a pena destacar que esse dispositivo da IN RFB nº 1.169/2011 
se coaduna perfeitamente com o art. 795, do R/A, que estabelece o seguinte: 
Art. 795. No curso de procedimento de fiscalização aduaneira, o 
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil poderá examinar 
informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e 
registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, 
inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações 
financeiras, quando o exame for considerado indispensável à ação 
fiscal. 
c) “a partir da data da postagem ao fabricante, produtor ou vendedor 
do país exportador ou produtor de informações e documentos relacionados 
com a operação sob investigação, voltando a correr no dia do atendimento”. 
O prazo de 90 dias para encerramento do procedimento especial de 
controle aduaneiro fica suspenso caso sejam solicitadas, pela fiscalização 
aduaneira, informações ao fabricante, produtor ou vendedor do país 
exportador. 
.... 
Bem, pessoal, já entendemos como funciona o procedimento especial 
de controle aduaneiro! A pergunta agora é a seguinte: o que acontece ao final 
do procedimento? 
Uma vez concluído o procedimento especial de controle aduaneiro e 
comprovados os ilícitos, será lavrado o correspondente auto de infração 
com proposta de aplicação da pena de perdimento das mercadorias 
objeto das operações correspondentes. Aí tem início outro processo! ☺ 
Conforme já estudamos na aula 06, o auto de infração é a peça inicial do 
processo fiscal para aplicação da pena de perdimento. 
O encerramento do procedimento especial não prejudica a 
aplicação de penalidades às infrações constatadas, inclusive aquelas 
decorrentes da prática de qualquer ato por parte do importador, exportador, 
ou outro interveniente, que tenha impedido ou dificultado a condução do 
procedimento, ou a sua conclusão. 
Caso, em decorrência do procedimento especial de controle, o 
Auditor-Fiscal RFB constate a existência de fato que configura crime, ele 
deverá efetuar uma Representação Fiscal para Fins Penais, aos moldes do 
que prevê a Portaria RFB nº 2.439/2010, já mencionada nessa aula. 
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?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 5: ∀# 23 
Pode ainda acontecer de, no curso do processo, haver constatação de 
indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no 
comércio exterior e a capacidade econômica e financeira da empresa. 
Nesse caso, a unidade responsável pelos trabalhos poderá representar à 
unidade de jurisdição do interessado para que esta avalie a possibilidade de 
aplicação de procedimento especialprevisto na IN SRF nº 228/2002. 
A IN SRF nº 228/2002 versa sobre o procedimento especial de 
verificação da origem dos recursos aplicados em operações de 
comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas. 
Destaque-se que é a unidade da RFB com jurisdição sobre o 
estabelecimento da empresa matriz que tem a competência para conduzir 
esse procedimento especial de controle aduaneiro. O procedimento especial 
será iniciado mediante intimação à empresa para, no prazo de 20 dias: 
a) comprovar o seu efetivo funcionamento e a condição de real 
adquirente ou vendedor das mercadorias, mediante o comparecimento de 
sócio com poder de gerência ou diretor, acompanhado da pessoa responsável 
pelas transações internacionais e comerciais; e 
b) comprovar a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva 
transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das operações. 
Enquanto não comprovada a origem lícita, a disponibilidade e a 
efetiva transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das 
operações, bem assim a condição de real adquirente ou vendedor, o 
desembaraço ou a entrega das mercadorias na importação fica 
condicionado à prestação de garantia, até a conclusão do procedimento 
especial. 
Uma vez concluído o procedimento (prazo de 90 dias), será aplicada 
a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações 
correspondentes nas hipóteses de: 
a) ocultação do verdadeiro responsável pelas operações, caso 
descaracterizada a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias. 
b) interposição fraudulenta, em decorrência da não-comprovação 
da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. 
Detectado indício que possa configurar a ocorrência de crime de 
"lavagem de dinheiro" ou de ocultação de bens, direitos e valores, a 
unidade da RFB responsável pela execução do procedimento deverá dar 
conhecimento desse fato ao Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras (COAF) e ao Banco Central do Brasil (BC), sem prejuízo da 
formulação de Representação Fiscal para Fins Penais para o Ministério Público 
Federal. 
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Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 
 
20. (Questão Inédita) A mercadoria submetida a procedimento especial de 
controle aduaneiro ficará retida até a conclusão do correspondente 
procedimento de fiscalização. 
Comentários: 
Até que o procedimento especial de controle aduaneiro seja 
concluído, a mercadoria ficará retida. Questão correta. 
21. (Questão Inédita) O procedimento especial de controle aduaneiro será 
concluído em até 60 dias, prorrogáveis por igual período. 
Comentários: 
O prazo para conclusão do procedimento especial de controle 
aduaneiro é de 90 dias, prorrogáveis por igual período. Questão errada. 
22. (Questão Inédita) Uma vez concluído o procedimento especial e 
comprovados os ilícitos, será lavrado o correspondente auto de infração com 
proposta de aplicação da pena de perdimento das mercadorias objeto das 
operações correspondentes, nos termos da legislação vigente. 
Comentários: 
O auto de infração será lavrado ao final do procedimento especial de 
controle aduaneiro, caso sejam comprovados os ilícitos. Questão correta. 
 
6- DESTINAÇÃO DE MERCADORIAS: 
O art. 803, do R/A, relaciona as destinações possíveis para as 
mercadorias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou objeto de pena de 
perdimento. 
 
Art. 803. A destinação das mercadorias, se abandonadas, entregues 
à Fazenda Nacional ou objeto de pena de perdimento, será feita por: 
I - alienação, mediante: 
a) licitação; ou 
b) doação a entidades sem fins lucrativos; 
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II - incorporação ao patrimônio de órgão da Administração Pública; 
III - destruição; ou 
IV - inutilização. 
 
 
A Lei nº 12.350/2010 já havia promovido uma mudança 
na legislação e, agora, com o Decreto nº 8.010/2013, o 
Regulamento Aduaneiro foi alterado. 
 
Antes, falava-se em “incorporação a entidades sem fins 
lucrativos”. O termo correto agora é “alienação, 
mediante doação a entidades sem fins lucrativos”. 
 
Assim, há quatro destinações possíveis para as mercadorias 
abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou objeto da pena de perdimento: 
a) Alienação, mediante licitação (leilão) ou doação a entidades sem fins 
lucrativos. 
b) Incorporação ao patrimônio de órgão da Administração Pública. 
c) Destruição. 
d) Inutilização. 
As mercadorias poderão ser destinadas após decisão administrativa 
definitiva ou imediatamente após a formalização do procedimento 
administrativo-fiscal pertinente (antes da decisão definitiva). 
O primeiro caso (mercadorias destinadas após decisão administrativa 
definitiva) é a regra geral. Antes da destinação, deve-se aguardar a decisão 
administrativa definitiva, ainda que relativa a processo pendentes de 
apreciação judicial, inclusive as que estiverem à disposição da Justiça como 
corpo de delito, produto ou objeto de crime, salvo determinação expressa em 
contrário, em cada caso, emanada de autoridade judiciária. 
Suponha, por exemplo, que seja aplicada a pena de perdimento, mas o 
processo ainda esteja pendente de apreciação judicial (o juiz ainda não julgou 
uma Ação Ordinária em que se discute a legalidade da aplicação do perdimento). 
Mesmo o processo estando pendente de apreciação judicial, poderá ser dada 
destinação à mercadoria pela autoridade aduaneira, uma vez que já houve a 
decisão administrativa definitiva. A exceção será quando o juiz tiver, por 
exemplo, determinado, em sede de uma medida liminar, que a autoridade 
aduaneira deverá aguardar a decisão judicial para, só depois, destinar a 
mercadoria. 
O segundo caso (mercadorias destinadas imediatamente após a 
formalização do procedimento fiscal-administrativo pertinente) se aplica a 
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determinadas mercadorias que, por sua natureza, precisam ser rapidamente 
destinadas, quais sejam: 
a) semoventes, perecíveis, inflamáveis e explosivos ou outras 
mercadorias que exijam condições especiais de armazenamento; 
b) mercadorias deterioradas, danificadas, estragadas, com data de 
validade vencida, que não atendam exigências sanitárias ou agropecuárias, ou 
que estejam em desacordo com regulamentos ou normas técnicas, e que 
devam ser destruídas; ou 
c) cigarros e outros derivados do tabaco, apreendidos por infração 
fiscal sujeita a pena de perdimento, que devem ser destruídos. 
Nesses casos acima mencionados, a destinação poderá ocorrer 
antes da decisão final administrativa, imediatamente após a formalização do 
procedimento administrativo-fiscal. A destinação poderá ocorrer antes mesmo 
do decurso do prazo do art. 774, § 1º (prazo de 20 dias para impugnação no 
processo de perdimento). 
Mas e se uma decisão judicial ou administrativa determinar a restituição 
de mercadorias que já tenham sido destinadas? 
Nesse caso, o prejudicado fará jus à indenização, com recursos do 
FUNDAF (Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das 
Atividades de Fiscalização), tendo como base o valor declarado para efeito de 
cálculo do imposto de importação ou de exportação. Ao valor da indenização 
será aplicada taxa de juros, tendo como termo inicial a data da apreensão. 
Segundo o art. 803-A, do Regulamento Aduaneiro, será considerado 
como base para o cálculo da indenização o valor constante do 
procedimento fiscal correspondente nos seguintes casos: 
a) não houver declaração de importação ou de exportação; 
b) a base de cálculo do imposto de importação ou de exportação 
apurada for inferior ao valor declarado 
c) em virtude de depreciação, o valorda mercadoria apreendida em 
posse do interessado for inferior ao valor declarado. 
Pergunta interessante: no caso de alienação (leilão), pra onde vai o 
dinheiro arrecadado? 
Simples. Do total arrecadado, 60% vai para o FUNDAF (Fundo 
Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de 
Fiscalização) e 40% para a seguridade social. 
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O FUNDAF tem como objetivo fornecer recursos para financiar: 
- o reaparelhamento e reequipamento da Secretaria da Receita 
Federal do Brasil. 
- atender aos demais encargos específicos inerentes ao 
desenvolvimento e aperfeiçoamento das atividades de fiscalização dos 
tributos federais 
- intensificar a repressão às infrações relativas a mercadorias 
estrangeiras e a outras modalidades de fraude fiscal ou cambial, inclusive 
mediante a instituição de sistemas especiais de controle do valor externo de 
mercadorias e de exames laboratoriais. 
É importante ressaltar que, na alienação mediante licitação (leilão), 
não haverá incidência de tributos federais. 
Afinal, a quem compete autorizar a destinação das mercadorias? 
Segundo o art. 806, compete ao Ministro da Fazenda autorizar a 
destinação das mercadorias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou 
objeto da pena de perdimento. À Secretaria da Receita Federal do Brasil, por 
sua vez, compete a administração e destinação dessas mercadorias. 
Outra pergunta: quando é que será procedida a destruição ou 
inutilização de mercadorias? 
A destruição ou inutilização será aplicável aos seguintes 
produtos: cigarros e derivados do tabaco; brinquedos réplicas de armas de 
fogo; produtos condenados pela vigilância sanitária ou defesa agropecuária; 
mercadorias apreendidas em decorrência de inobservância à Lei de 
Propriedade Industrial ou produtos assinalados com marca falsificada, alterada 
ou imitada; fonogramas, livros e obras audiovisuais com indícios de violação ao 
direito autoral; outras mercadorias, quando assim recomendar o interesse da 
Administração ou da economia do País, para os quais não seja possível a 
destinação por incorporação ou leilão. 
Por fim, vale destacar que a Receita Federal do Brasil (RFB) possui 
um sistema informatizado por meio do qual é feito um controle rígido das 
mercadorias apreendidas. Esse sistema permite o controle desde a 
apreensão das mercadorias até sua destinação final. 
Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 
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23. (ATRFB – 2012) Compete ao Ministro de Estado da Fazenda autorizar a 
destinação de mercadorias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou 
objeto de pena de perdimento. 
Comentários: 
O art. 806, do R/A, dispõe que compete ao Ministério da Fazenda 
autorizar a destinação de mercadorias. Questão correta. 
24. (ATRFB – 2012) A destinação das mercadorias a que se refere o art. 28 
do Decreto-Lei n. 1.455, de 7 de abril de 1976, será feita das seguintes 
formas: alienação; incorporação ao patrimônio de órgão da administração 
pública; destruição; ou inutilização. 
Comentários: 
Essas são as formas de destinação previstas no art. 803, do R/A. 
Questão correta. 
25. (ATRFB – 2012) O produto da alienação de que trata a alínea a do 
inciso I do caput do art. 28 do Decreto-Lei n. 1.455, de 7 de abril de 1976, 
terá a seguinte destinação: sessenta por cento ao Fundo Especial de 
Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (Fundaf), 
instituído pelo Decreto-Lei n. 1.437, de 17 de dezembro de 1975; e quarenta 
por cento à seguridade social. 
Comentários: 
No caso de destinação por alienação (leilão), 60% vai para o FUNDAF 
e 40% para a seguridade social. Questão correta. 
26. (ATRFB – 2012) Compete ao Presidente da República dispor sobre 
outras formas de destinação de mercadorias. 
Comentários: 
Nos termos do art. 803, § 6o, do R/A, o Ministro da Fazenda é quem 
poderá dispor sobre outras formas de destinação de mercadorias. Questão 
errada. 
 
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7- SISCOSERV: 
Você já sabe que o SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio 
Exterior) permite o controle do fluxo transfronteiriço de bens e 
mercadorias. Mas em 2012 surgiu uma grande novidade no comércio 
exterior brasileiro! ☺ Trata-se do SISCOSERV (Sistema Integrado de 
Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam 
Variações no Patrimônio). 
Mas qual seria o objetivo do SISCOSERV? 
Vamos por partes... 
O comércio de serviços tem adquirido cada vez maior importância 
em âmbito internacional. Mais de 60% da produção mundial, 30% da geração 
de empregos e 20% do comércio internacional, diz respeito ao comércio de 
serviços. As maiores economias do mundo tem um setor terciário pujante, 
o que já levou vários autores a considerar que o setor de serviços serve como 
indutor do desenvolvimento econômico. Nada mais natural, uma vez que 
as grandes indústrias buscam deslocar-se para regiões dotadas de uma 
infraestrutura de serviços compatível com as necessidades de eficiência 
produtiva. 
No Brasil, entretanto, a realidade não parece ser muito favorável. 
Segundo dados do MDIC, entre 2007 e 2011, o déficit brasileiro na conta 
de serviços cresceu 202%, o que é preocupante. 
Visando modificar essa situação e implementar políticas públicas mais 
eficazes no que diz respeito ao comércio exterior de serviços é que foi 
instituído o SISCOSERV. O objetivo é ter estatísticas detalhadas sobre o 
fluxo do comércio exterior de serviços brasileiro. Somente por meio dessa 
mensuração é que o governo conseguirá identificar as potencialidades e 
deficiências setoriais no que diz respeito ao comércio de serviços. Com isso, 
será possível estimular setores que tenham alto potencial para 
internacionalização. 
A Lei nº 12.546/2011 instituiu a obrigação de prestação de 
informações para fins econômico-comerciais ao Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior relativas às transações entre 
residentes ou domiciliados no País e residentes ou domiciliados no 
exterior que compreendam serviços, intangíveis e outras operações que 
produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, das pessoas jurídicas 
ou dos entes despersonalizados. Tais informações são prestadas por meio do 
SISCOSERV. 
Quais são as pessoas obrigadas a prestar informações no 
SISCOSERV? 
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Estão obrigadas a prestar informações as seguintes pessoas: 
i) o prestador ou tomador do serviço residente ou domiciliado no 
Brasil (exportações e importações de serviços). Perceba que as pessoas 
que exportam e que importam serviços precisam prestar informações no 
SISCOSERV. 
ii) a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no Brasil, que 
transfere ou adquire o intangível, inclusive os direitos de propriedade 
intelectual, por meio de cessão, concessão, licenciamento ou por quaisquer 
outros meios admitidos em direito (fluxo de intangíveis). 
iii) a pessoa física ou jurídica ou o responsável legal do ente 
despersonalizado, residente ou domiciliado no Brasil, que realize outras 
operações que produzam variações no patrimônio. 
São também obrigados a prestar informações os órgãos da 
administração pública, direta e indireta, da União, dos Estados, dos Municípios 
e do Distrito Federal. 
A obrigação de prestar informações se estende: i) às operações 
de exportação e importação de serviços, intangíveis e demais 
operações; e ii) às operações realizadas por meio de presença comercial 
6no exterior relacionada a pessoa jurídica domiciliada no

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