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!∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 4 ∀# 23 contrabando/descaminho e aplicação do princípio da insignificância. E não é que um dos temas da prova discursiva foi bem parecido com isso... Sem dúvida alguma, isso aumenta (e muito!) a importância dessa aula de hoje. Grande abraço a todos, Ricardo Vale ricardovale@estrategiaconcursos.com.br http://www.facebook.com/rvale01 “O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 5 ∀# 23 1-INTERVENIENTES NAS OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR: O art. 735, § 2º, do R/A, referendado pela IN RFB nº 1.273/2012 estabelece que são considerados intervenientes no comércio exterior as seguintes pessoas: - o importador; - o exportador; - o beneficiário de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado; - o despachante aduaneiro e seus ajudantes; - o transportador; - o agente de carga; -o operador de transporte multimodal (OTM), - o operador portuário; - o depositário; - o administrador de recinto alfandegado; - o perito e o assistente técnico; - qualquer outra pessoa que tenha relação, direta ou indireta, com a operação de comércio exterior. Relação enorme, não é mesmo? A evolução das práticas do comércio internacional tem aumentado cada vez mais o número de intervenientes no comércio exterior. A existência dessa variedade de pessoas traz a necessidade de controle governamental. O controle pela RFB dos intervenientes do comércio exterior, inclusive dos despachantes aduaneiros e dos ajudantes de despachante aduaneiro, e da representação das pessoas físicas e jurídicas, para fins de atuação nas operações de comércio exterior, será exercido por meio do Cadastro Aduaneiro Informatizado de Intervenientes de Comércio Exterior, Sistema CAD-ADUANA. Na aula 03, nós falamos sobre os despachantes aduaneiros e ajudantes de despachante, o Operador de Transporte Multimodal, os agentes de unitização e desunitização, o perito e o assistente técnico. Por isso, não vamos “chover no molhado” e estudá-los novamente. Da relação de intervenientes mencionados acima, creio que valha a pena algumas breves !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 6 ∀# 23 palavras sobre o operador portuário, o depositário e o administrador de recinto alfandegado. a) Operador Portuário: É a pessoa jurídica pré-qualificada para exercer as atividades de movimentação de passageiros ou movimentação e armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte aquaviário, dentro da área do porto organizado. b) Depositário / Administrador de recinto alfandegado: O depositário é quem recebe determinado bem para sua guarda. O administrador de recinto alfandegado, como o próprio nome já diz, é aquele que é o responsável pelo recinto alfandegado. Destaque-se que é o administrador do recinto alfandegado quem assume a condição de depositário da mercadoria nele armazenada. Em 05 de dezembro de 2014, foi publicada a IN RFB nº 1.521/2014, que criou o Programa Brasileiro de “Operador Econômico Autorizado”. Esse tema tem tudo a ver com a facilitação de comércio e a desburocratização das operações de comércio exterior. Em resumo, os “Operadores Econômicos Autorizados” irão usufruir de diversos benefícios, todos eles relacionados à simplificação de procedimentos aduaneiros. Por exemplo, uma empresa habilitada como OEA não precisará apresentar garantia no regime de trânsito aduaneiro e um pequeno percentual de suas cargas será selecionada para conferência aduaneira na exportação. Mas o que é, exatamente, um OEA? Segundo a IN RFB nº 1521/2014, “entende-se por Operador Econômico Autorizado (OEA) o interveniente em operação de comércio exterior envolvido na movimentação internacional de mercadorias a qualquer título que, mediante o cumprimento voluntário dos critérios de segurança aplicados à cadeia logística ou das obrigações tributárias e aduaneiras, conforme a modalidade de certificação, demonstre atendimento aos níveis de conformidade e confiabilidade exigidos pelo Programa Brasileiro de OEA e seja certificado nos termos desta Instrução Normativa.” E quem pode ser certificado como OEA? São passíveis de certificação: i) o importador ou exportador; ii) o depositário; iii) o operador portuário ou aeroportuário; iv) o transportador; v) o despachante aduaneiro e; vi) o agente de carga. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 7 ∀# 23 2- SANÇÕES ADMINISTRATIVAS A QUE ESTÃO SUJEITOS OS INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR: Conforme nós estudamos na aula anterior, há vários tipos de penalidades por infração à legislação aduaneira. Dentre elas, nos interessam, nesse momento, as sanções administrativas. Trata-se de sanções não- pecuniárias, ou seja, que não implicam na imputação de débito em dinheiro ao infrator. As sanções administrativas aplicáveis aos intervenientes no comércio exterior são de três tipos: a) advertência b) suspensão de registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, pelo prazo de até doze meses. Na determinação do prazo de suspensão, serão considerados a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem e os antecedentes do infrator. c) cancelamento ou cassação de registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação. Caso ocorra cancelamento ou cassação, a reinscrição ou a inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle aduaneiro somente poderá ser solicitada dois anos após a data de aplicação definitiva da sanção. Para isso, deverão ser cumpridas todas as exigências e formalidades necessárias para uma inscrição. Há uma natural correlação entre a gravidade das infrações e a sanção aplicável, consistindo, é claro, o cancelamento ou cassação de registro/licença em hipótese mais gravosa ao interveniente. Segundo o art. 735, § 1º, do R/A, as sanções administrativas, uma vez aplicadas, serão anotadas no registro do infrator pela administração aduaneira. Nesse mesmo sentido, o art. 10 da IN RFB nº 1.273/2012 estabelece que as sanções administrativas relativas aos intervenientes no comércio exterior deverão ser registradas no sistema CAD- ADUANA, pela unidade da RFB que as aplicou. Tais sanções serão canceladas após o decurso de 5 (cinco) anos da sua aplicação definitiva, ou seja, o infrator ficará com a “ficha limpa” após passados 5 anos. A sanção administrativa é considerada definitivamente aplicada após a notificação ao sancionado da decisão administrativa da qual não caiba recurso. No caso de advertência, a notificação ocorrerá mediante ciência do interessado. Já no caso de suspensão ou cancelamento/cassação de registro, a notificação será feita mediante publicação de ato específico no Diário Oficial da União. As sanções aplicadas aos intervenientes não prejudicam a exigência dos tributos incidentes, a aplicação de outras !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 2 ∀# 23 penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso. Amigos, caso seja cobrada uma questão sobre as sanções administrativas a que estão sujeitos os intervenientes no comércio exterior, acreditamos que o mais provável é que sejam pedidos conhecimentos genéricos, sobre os quais comentamos acima. De qualquer modo, como está previsto no edital, vejamos uma a uma as sanções administrativas aplicáveis aos intervenientes. O custo-benefício de ficar decorando isso é baixíssimo! Dê apenas uma lida para que, se for necessário , esses conhecimentosvenham à sua cabeça na hora da prova. 1) Infrações Puníveis com Advertência: - Descumprimento de norma de segurança fiscal em local alfandegado. - Falta de registro ou registro de forma irregular dos documentos relativos a entrada ou saída de veículo ou mercadoria em recinto alfandegado. - Atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime de trânsito aduaneiro. Considera- se contumaz o atraso sem motivo justificado ocorrido em mais de 20% das operações de trânsito aduaneiro realizadas no mês, se superior a 5 (cinco) o número total de operações. - Emissão de documento de identificação ou quantificação de mercadoria em desacordo com sua efetiva qualidade ou quantidade. - Prática de ato que prejudique o procedimento de identificação ou quantificação de mercadoria sob controle aduaneiro. - Atraso na tradução de manifesto de carga, ou erro na tradução que altere o tratamento tributário ou aduaneiro da mercadoria. - Consolidação ou desconsolidação de carga efetuada com incorreção que altere o tratamento tributário ou aduaneiro da mercadoria. - Atraso, por mais de três vezes, em um mesmo mês, na prestação de informações sobre carga e descarga de veículos, ou movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro. - Descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitar-se ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 3 ∀# 23 especiais, ou para habilitar-se ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados. - Descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para executar atividades de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos. - Descumprimento de condição estabelecida para utilização de procedimento aduaneiro simplificado. - Deixar de comunicar à Secretaria da Receita Federal do Brasil qualquer alteração das informações prestadas para inscrição no registro de despachante aduaneiro ou de ajudante. - Descumprimento de outras normas, obrigações ou ordem legal. 2) Infrações Puníveis com suspensão de registro/licença pelo prazo de até 12 meses: - Reincidência em conduta já sancionada com advertência. - Atuação em nome de pessoa que esteja cumprindo suspensão, ou no interesse desta. - Descumprimento da obrigação de apresentar à fiscalização, em boa ordem, os documentos relativos a operação que realizar ou em que intervier, bem como outros documentos exigidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. - Delegação de atribuição privativa a pessoa não credenciada ou habilitada, inclusive na hipótese de cessão de senha de acesso a sistema informatizado. - Realização, por despachante aduaneiro ou ajudante, em nome próprio ou de terceiro, de exportação ou importação de quaisquer mercadorias, exceto para uso próprio, ou exercício, por estes, de comércio interno de mercadorias estrangeiras. - Descumprimento, pelo importador, depositário ou transportador, da determinação efetuada pela autoridade aduaneira para destruir mercadoria ou devolvê-la ao exterior, nas hipóteses de que trata o art. 574.1 1 O art. 574 trata das mercadorias que são nocivas à saúde, ao meio ambiente e à segurança pública e, portanto, que não podem ser desembaraçadas. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 8 ∀# 23 - Prática de qualquer outra conduta sancionada com suspensão de registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos de legislação específica. 3) Infrações Puníveis com cancelamento ou cassação de registro/licença: - Acúmulo, em período de três anos, de suspensão cujo prazo total supere doze meses. - Atuação em nome de pessoa cujo registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação tenha sido objeto de cancelamento ou cassação, ou no interesse desta. - Exercício, por pessoa credenciada ou habilitada, de atividade ou cargo vedados na legislação específica. - Prática de ato que embarace, dificulte ou impeça a ação da fiscalização aduaneira, inclusive a prestação dolosa de informação falsa ou o uso doloso de documento falso nas atividades relacionadas com o despacho aduaneiro. - Agressão ou desacato à autoridade aduaneira no exercício da função. - Sentença condenatória, transitada em julgado, por participação, direta ou indireta, na prática de crime contra a administração pública ou contra a ordem tributária. - Sentença condenatória, transitada em julgado, à pena privativa de liberdade. - Descumprimento das obrigações eleitorais. - Ação ou omissão dolosa tendente a subtrair ao controle aduaneiro, ou dele ocultar, a importação ou a exportação de bens ou de mercadorias. - Prática de qualquer outra conduta sancionada com cancelamento ou cassação de registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos de legislação específica. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 9 ∀# 23 Conforme estudamos na aula 00 de nosso curso, a Lei nº 12.350/2010 estabeleceu requisitos técnicos e operacionais mínimos para os recintos alfandegados. Com a publicação do Decreto nº 8.010/2013, estes requisitos passaram a estar previstos também no Regulamento Aduaneiro, mais especificamente no art. 13-A. A pergunta, então, é a seguinte: o que acontecerá se a pessoa jurídica responsável pela administração dos recintos alfandegados descumprir esses requisitos? A resposta está no art. 735-C, do Regulamento Aduaneiro: “Art. 735-C. A pessoa jurídica de que tratam os arts. 13-B e 13-C, responsável pela administração de local ou recinto alfandegado, fica sujeita, observados a forma, o rito e as competências estabelecidos nos arts. 735, 782 e 783, à aplicação da sanção de: I - advertência, na hipótese de descumprimento de requisito técnico ou operacional para o alfandegamento, definido com fundamento no art. 13-A; e II - suspensão das atividades de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias sob controle aduaneiro, referidas no caput do art. 13-A, na hipótese de reincidência em conduta já punida com advertência, até a constatação pela autoridade aduaneira do cumprimento do requisito ou da obrigação estabelecida. § 1º Para os fins do disposto no inciso II do caput, será considerado reincidente o infrator que, no período de trezentos e sessenta e cinco dias, contados da data da aplicação da sanção, cometer nova infração pela mesma conduta já penalizada com advertência.” A aplicação de sanções administrativas aos intervenientes depende da realização de um processo administrativo próprio. Tal processo administrativo será instaurado com a lavratura de auto de infração, acompanhando de termo de constatação de uma das situações tipificadas no art. 735 do R/A. A intimação será pessoal ou por edital. Feita a intimação, a não- apresentação de impugnação pelo autuado no prazo de 20 (vinte) dias !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 1: ∀# 23 implica revelia. Caso a intimação tenha sido feita por edital, esta se considerada feita e iniciada a contagem do prazo para impugnação 15 dias após a publicação do edital. Uma vez apresentada a impugnação, a autoridade preparadora terá o prazo de 15 (quinze) dias para remessa do processo a julgamento. Esse prazo poderá ser prorrogado quando for necessária a realização de diligências ou perícias. A aplicação das sanções administrativas compete: a) ao titular da unidade da RFB responsável pela apuração dainfração, nos casos de advertência ou suspensão. b) à autoridade competente para habilitar ou autorizar a utilização de procedimento simplificado, de regime aduaneiro, ou o exercício de atividades relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos, nos casos de cancelamento ou cassação. Tomada a decisão pela autoridade competente, caberá recurso à autoridade imediatamente superior, que o julgará em instância final administrativa. O recurso deverá ser apresentado em 30 (trinta) dias, possuindo efeito suspensivo. Nos processos relativos à aplicação de sanção administrativa a despachantes aduaneiros e ajudantes, a autoridade responsável pelo julgamento de recursos será o Superintendente da Receita Federal do Brasil. Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 1. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) A legislação aduaneira contém previsão de uma série de condutas que ensejam a aplicação de sanção administrativa aos intervenientes aduaneiros, entre os quais o Despachante Aduaneiro e seus ajudantes. Sob essa perspectiva, assinale os itens abaixo que constituem hipóteses de aplicação de sanção: I - atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime de trânsito aduaneiro. II - ação ou omissão dolosa tendente a subtrair ao controle aduaneiro, ou dele ocultar, a importação ou a exportação de bens ou mercadorias. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 11 ∀# 23 III - descumprimento de norma de segurança fiscal em local alfandegado. IV - exercício, por pessoa credenciada ou habilitada, de atividade ou cargo vedados na legislação específica. a) Todos os itens estão corretos. b) Somente o item IV está incorreto. c) Os itens I e IV estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Os itens III e IV estão incorretos. Comentários: A primeira assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção administrativa, prevista no art. 735, inciso I, alínea c. É punível com advertência. A segunda assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção administrativa, prevista no art. 735, inciso III, alínea i. É punível com cancelamento ou cassação de registro/licença. A terceira assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção administrativa, prevista no art. 735, inciso I, alínea a. É punível com advertência. A quarta assertiva é uma hipótese de aplicação de sanção administrativa, prevista no art. 735, inciso III, alínea c. É punível com cancelamento ou cassação de registro/licença. Por tudo o que comentamos, conclui-se que todos os itens estão corretos. 2. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Aplica-se a sanção administrativa de suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, ao interveniente que reincidir em conduta já sancionada com advertência. Comentários: A reincidência em conduta já sancionada com advertência dá ensejo à aplicação de sanção administrativa de suspensão (art. 735, inciso II, alínea “a”). Questão correta. 3. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções administrativas cabíveis aos intervenientes nas operações de comércio exterior serão anotadas !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 14 ∀# 23 no registro do infrator pela administração aduaneira, devendo a anotação ser cancelada após o decurso de 5 (cinco) anos da aplicação da sanção. Comentários: A administração aduaneira irá anotar no registro do infrator as sanções administrativas. A anotação deverá ser cancelada (retirada do registro) após o decurso de 5 anos da aplicação da sanção. Aí o infrator ficará com a “ficha limpa”. Questão correta. 4. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções cabíveis aos intervenientes nas operações de comércio exterior não prejudicam a exigência dos impostos incidentes, mas impedem a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso. Comentários: As sanções administrativas, aplicadas aos intervenientes, não prejudicam a exigência dos tributos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais. O erro da assertiva está em dizer que a aplicação de sanção administrativa impede a aplicação de outras penalidades e a representação fiscal para fins penais. Questão errada. 5. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Aplica-se a sanção administrativa de cassação ou cancelamento na hipótese de sentença condenatória, transitada em julgado, por participação, direta ou indireta, na prática de crime contra a administração pública ou contra a ordem tributária. Comentários: Segundo o art. 735, inciso III, alínea “f”, a sentença condenatória, transitada em julgado, por participação, direta ou indireta, na prática de crime contra a administração pública ou contra a ordem tributária é hipótese de aplicação de cassação/cancelamento. Questão correta. 6. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Na determinação do prazo para a aplicação da sanção administrativa de suspensão, serão considerados a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem e os antecedentes do infrator. Comentários: A sanção administrativa de suspensão é aplicada pelo prazo de até 12 meses. Na determinação do prazo de suspensão, leva-se em consideração os critérios enumerados pelo enunciado: natureza e gravidade da infração, danos que dela provierem e antecedentes do infrator. Questão correta. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 15 ∀# 23 7. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções administrativas serão aplicadas mediante processo administrativo próprio, instaurado com a lavratura de auto de infração, dispensando-se, no caso de advertência, a lavratura de termo de constatação de hipótese que configure a penalidade. Comentários: Não existe essa dispensa de auto de infração no caso de aplicação da sanção administrativa de advertência. Questão errada. 8. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Na hipótese de aplicação da sanção de cassação ou cancelamento, é vedada a reinscrição para a atividade ou a inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle aduaneiro. Comentários: Caso ocorra cancelamento ou cassação, a reinscrição ou a inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle aduaneiro somente poderá ser solicitada dois anos após a data de aplicação definitiva da sanção. Assim, não é vedada a reinscrição ou inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle aduaneiro. Questão errada. 9. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) As sanções administrativas serão aplicadas mediante processo administrativo próprio, instaurado com a lavratura de auto de infração, acompanhado de termo de constatação de hipótese que configure uma das penalidades previstas no Decreto 6.759/2009. Comentários: A aplicação de sanções administrativas aos intervenientes depende de processo administrativo próprio. A instauração do processo é realizada mediante auto de infração, acompanhado de termo de constatação. Questão correta. 10. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) São considerados intervenientes nas operações de comércio exterior, entre outros, o despachante aduaneiro, o agente de carga e o perito. Comentários: Os intervenientes nas operações de comércio exterior são os seguintes: importador, o exportador, o beneficiário de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador, o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o operador portuário, o depositário, o administrador de recinto alfandegado, o !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀%?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 16 ∀# 23 perito, o assistente técnico, ou qualquer outra pessoa que tenha relação, direta ou indireta, com a operação de comércio exterior. Questão correta. 11. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O processo para aplicação de sanções administrativas tem instância única para julgamento. Comentários: No processo de aplicação de sanções administrativas, não há instância única; ao contrário, existe instância recursal. É o processo de aplicação da pena de perdimento que é decidido em instância única. Questão errada. 12. (AFRFB – 2012) A pessoa jurídica de que tratam os arts. 35 e 36 da Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, responsável pela administração de local ou recinto alfandegado, fica sujeita, observados a forma, o rito e as competências estabelecidos no art. 76 da Lei n. 10.833, de 29 de dezembro de 2003, à aplicação direta da sanção de suspensão das atividades de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias sob controle aduaneiro, referidas no caput do art. 34 da Lei n. 12.350, de 20 de dezembro de 2010. Comentários: Questão com uma redação bastante confusa! Era pra ninguém acertar! ☺ A ideia central da questão é a seguinte: há possibilidade de se aplicar a sanção de suspensão à pessoa jurídica administradora de recinto alfandegado que descumprir requisitos técnicos e operacionais? A resposta é negativa. O descumprimento de requisitos técnicos e operacionais dá ensejo à aplicação de sanção de advertência. A reincidência em conduta já punida com advertência é que resultará na aplicação da suspensão (art. 735-C, inciso II). Questão errada. 3- CONTRABANDO, DESCAMINHO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: 3.1- Definições: Em junho de 2014, foi publicada a Lei nº 13.008/2014, que alterou o tratamento do tema “contrabando e descaminho”. Por ser um assunto relativamente recente, é importante que tenhamos uma noção do que foi objeto de modificação. Até a Lei nº 13.008/2014, o contrabando e o descaminho, apesar de serem tipos penais diferentes, estavam previstos no mesmo dispositivo !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 17 ∀# 23 do Código Penal. Com a edição da nova lei, os dois crimes passaram a estar previstos em dispositivos diferentes. No art. 334, do Código Penal, está previsto o crime de descaminho; no art. 334-A, está previsto o crime de contrabando. O contrabando e o descaminho são “Crimes Praticados por particular contra a Administração em geral”: em ambos os casos, busca-se proteger a Administração Pública. São considerados crimes comuns (ou gerais), ou seja, podem ser praticados por qualquer pessoa. Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito do contrabando: Art. 334-A -Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena - reclusão, de 2 (dois) um a 5 (cinco) anos. O contrabando consiste na importação ou exportação de mercadoria proibida. O núcleo do tipo é “importar” e “exportar” mercadoria proibida, ou seja, introduzi-la ou retirá-la do território aduaneiro. Trata-se, conforme se pode verificar, de norma penal “em branco”, uma vez que cabe à legislação extrapenal definir quais são as mercadorias cuja importação ou exportação é relativa ou absolutamente proibida. A proibição absoluta de importação ou exportação se refere à natureza das mercadorias objeto da operação de comércio exterior. São mercadorias que, em virtude de sua natureza ilícita, não poderão, em qualquer hipótese, ser importadas. A proibição relativa diz respeito a produtos que podem ser comercializados, mas desde que cumpridos certos requisitos. Com efeito, há uma enorme gama de produtos que, para adentrarem no território nacional, necessitam da autorização de órgãos governamentais. O STF já reconheceu que, para configurar o crime de contrabando, a proibição de importação ou exportação de mercadorias pode ser absoluta ou relativa. Transcrevemos a seguir ementa do referido julgado. ”CRIME DE CONTRABANDO – Para que haja crime de contrabando é preciso que ocorra importação ou exportação de mercadoria proibida. Essa proibição pode ser absoluta ou relativa, sendo que é relativa quando a proibição cessa com a satisfação de determinadas condições. A obrigatoriedade de "autorização para exportação" expedida pelo Ministério da Agricultura, sem a qual a CACEX não poderia dar a licença para a exportação de sementes de soja ainda quando o pedido estivesse acompanhado de certificado fitossanitário, caracteriza a proibição relativa que dá margem à ocorrência do crime de contrabando quando – como sucedeu na espécie – não é ela afastada pela satisfação dessas condições. Habeas !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 12 ∀# 23 corpus indeferido. (STF, HC 69.754-PR, 1ª Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJU 12.03.1993). O contrabando é considerado pela doutrina como crime pluriofensivo, uma vez que consiste em conduta que lesa mais de um bem jurídico. Além de causar dano ao Erário, pode ofender a moralidade, a segurança e a saúde públicas. O contrabando é crime de natureza residual. Isso quer dizer que somente será aplicado caso a importação ou exportação de determinada mercadoria proibida não seja tipificada como algum outro crime. Como exemplo, citamos a importação ou exportação de arma de fogo sem autorização da autoridade competente. Tal conduta é definida pela Lei nº 10.826/2003 como tráfico internacional de arma de fogo. Em razão da existência de crime específico, resta afastado o enquadramento da conduta como “contrabando”. Da mesma forma, a importação ou exportação de “drogas” não será enquadrada como contrabando, mas sim como o ilícito penal do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). O Código Penal relaciona algumas condutas que a doutrina denomina de “contrabando por equiparação”. Elas estão previstas no art. 334-A, § 1º: § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente; III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. O descaminho, por sua vez, consiste em iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. É também conhecido por “contrabando impróprio”. Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito do descaminho: Art. 334- Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 13 ∀# 23 O núcleo do tipo é “iludir”, o que nos transmite a ideia de fraude, ou seja, o sujeito ativo faz uso de conduta fraudulenta com vistas a driblar a tributação. Nesse sentido, se o agente deixar de recolher os tributos relativos à importação ou exportação, sem se utilizar de fraude, restará caracterizado tão-somente um ilícito tributário.2 Destaque-se que a conduta fraudulenta poderá ser comissiva ou omissiva. O bem jurídico tutelado pela previsão do crime de descaminho é o interesse patrimonial do Estado, violado pela conduta do sujeito ativo de fugir à tributação por meiode fraude. Até 2015, o STJ entendia que o crime de descaminho era um crime de natureza eminentemente tributária e, como tal, deveria receber tratamento similar aos crimes tributários em geral. Nesse sentido, considerava o STJ que aplicava-se ao descaminho o art. 34 da Lei nº 9.249/1995, que dispõe que “extingue-se a punibilidade quando o agente promove o pagamento do tributo, e também de eventuais acessórios, até o recebimento da denúncia”. Porém, no RHC nº 43.558-SP, de 05/02/2015, o STJ mudou o seu entendimento. Considera-se, agora, que o descaminho é um crime que, para além de lesar o interesse patrimonial do Estado, gera prejuízos à atividade econômica, na medida em que promove o comércio ilegal e a concorrência desleal. Assim, o entendimento atual do STJ é o de que não se pode equiparar o crime de descaminho aos crimes materiais contra a ordem tributária. Logo, não haverá a extinção da punibilidade em razão do pagamento do tributo devido. É importante, ainda, termos em consideração o art. 334, § 1º, do CP, que versa sobre os delitos que a doutrina chama de “descaminho por equiparação (assimilação)”. Vejamos: Art. 334-..................................................................... § 1º - Incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; 2 MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, Vol. 3, Parte Especial. São Paulo: Editora Método, 2012, pp. 751 !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 18 ∀# 23 IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. Vale destacar que também incorre em ilícito penal o funcionário público que, no exercício de suas atribuições, facilita a prática de contrabando ou descaminho. Trata-se de crime mais grave que o próprio contrabando ou descaminho, já que o funcionário público, estando legalmente obrigado a reprimir esses crimes, concorre para sua prática. Tal conduta está tipificada pelo art. 318 do CP, o qual transcrevemos a seguir: Facilitação de contrabando ou descaminho Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa 3.2- Princípio da Insignificância: O princípio da insignificância é um princípio do direito penal que se apoia na tese de que o Estado não deverá punir condutas que ofendem de maneira insignificante um bem jurídico tutelado. Nesse sentido, a incidência do princípio da insignificância será causa supralegal de exclusão da tipicidade.3 É causa supralegal porque não está prevista em lei, mas sim decorre da interpretação doutrinária e jurisprudencial; exclui a tipicidade porque a conduta, por ser insignificante, deixa de ser considerada crime. Para o nosso estudo de Legislação Aduaneira, precisamos saber se o princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes de contrabando e descaminho e, ainda, entender como é feita a aplicação desse princípio. No que diz respeito à relação entre o contrabando e o princípio da insignificância, a jurisprudência não é conclusiva, tampouco a doutrina chegou a um consenso. Mais uma vez nos valendo dos conhecimentos do Prof. Cléber Masson, não há que se falar em criminalidade de bagatela no 3 MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, Vol. 3, Parte Especial. São Paulo: Editora Método, 2012, pp. 749-750. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 19 ∀# 23 campo do contrabando. Isso se deve ao fato de que não se pode considerar insignificante a entrada ou saída ilegal do território nacional de produto classificado como proibido pelas autoridades brasileiras. 4 Com relação ao descaminho, a doutrina e a jurisprudência consideram que é legítima a aplicação do princípio da insignificância. Assim, o Poder Judiciário, ao examinar um caso concreto envolvendo o crime de descaminho, poderá aplicar o princípio da insignificância e, assim, excluir a tipicidade da conduta. Veja bem o que eu disse: é o Poder Judiciário o legitimado a aplicar o princípio da insignificância. A autoridade aduaneira (Auditor-Fiscal RFB) não poderá aplicar o princípio da insignificância, eis que sua conduta é vinculada. Ao constatar a prática do descaminho, a autoridade aduaneira deverá apreender a mercadoria e efetuar uma Representação Fiscal para Fins Penais (estudaremos sobre isso a seguir!). É o Poder Judiciário, a posteriori, que poderá aplicar, diante do caso concreto, o princípio da insignificância. Mas qual é, afinal, o parâmetro para a aplicação do princípio da insignificância no crime de descaminho? O parâmetro utilizado pelo Poder Judiciário para a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho é o valor mínimo para que a Procuradoria da Fazenda Nacional ajuíze ação de execução fiscal por débito para com o Fisco. As decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) caminham exatamente nesse sentido, fazendo menção ao art. 20 da Lei nº 10.522/2002. Segundo o referido dispositivo, serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00. Esse valor, todavia, foi atualizado pela Portaria MF nº 75/2012, que passou a determinar o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00. Mas e qual o valor considerado pela jurisprudência do STF: R$ 10.000,00 ou R$ 20.000,00? Olha, pessoal! Em 04/02/2014, foi julgado o HC 120.617/PR, pela Primeira Turma do STF. O habeas corpus foi concedido com o argumento de que, “para crimes de descaminho, considera-se, para a avaliação da 4 MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, Vol. 3, Parte Especial. São Paulo: Editora Método, 2012, pp. 751. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 4: ∀# 23 insignificância, o patamar de R$ 20.000,00, previsto no art 20 da Lei n.º 10.522/2002, atualizado pelas Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda”. Em 11/02/2014, no julgamento do HC 120.438/SC, a Primeira Turma do STF manteve seu entendimento de que o parâmetro aplicável deve ser os R$ 20.000,00. Acrescentou, ainda, que “embora, na espécie, o descaminho tenha envolvido elisão de tributos federais em quantia inferior a R$ 20.000,00, a existência de registros criminais pretéritos obsta, por si só, a aplicação do princípio da insignificância”.Assim, não basta que se analise o valor dos tributos suprimidos; além disso, é precisa avaliar se existe ou não a habitualidade delitiva. Em decisão recente, agora monocrática, do Ministro Luiz Roberto Barroso (11/03/2014), o eminente magistrado concluiu que “tendo as instâncias precedentes reconhecido a existência de um passivo total superior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), denego a ordem, nos termos do art. 192 do RI/STF.” E o Plenário do STF, Ricardo? Bem, não temos nenhuma decisão do Plenário, mas parece que a jurisprudência da Corte caminha para se tornar unânime no sentido de que o parâmetro legal-tributário é de R$ 20.000,00. Na prova discursiva de Auditor-Fiscal RFB 2012, a ESAF questionou qual o “parâmetro legal-tributário” que tem sido utilizado pelo Poder Judiciário para a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho. Diante de uma pergunta dessas, prefira não entrar no mérito dos valores utilizados. A resposta mais segura (e indubitavelmente correta!) é a de que o parâmetro legal-tributário utilizado pelo Poder Judiciário para a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho é o valor mínimo para o ajuizamento de execuções fiscais de débitos com o Fazenda Nacional. O STJ decidiu que a reiteração criminosa inviabiliza, como regra geral, a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho. Dessa forma, aquele que praticamente reiteradamente o crime de descaminho (criminoso habitual) não poderá ser beneficiado pela incidência do princípio da significância. Fica ressalvada, no entanto, a possibilidade excepcional de as !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 41 ∀# 23 instâncias ordinárias verificarem, no caso concreto, que essa é a medida socialmente recomendável. 5 4- REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS: Você, Auditor Fiscal RFB, está exercendo suas atribuições na fiscalização aduaneira e constata a existência de fato que configura crime contra a ordem tributária, crime de contrabando ou de descaminho ou contra a administração pública federal. O que fazer nessa situação? Simples! ☺ Você deverá efetuar uma Representação Fiscal para Fins Penais, a ser encaminhada ao Ministério Público. Art. 740. Sempre que o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil constatar, no exercício de suas atribuições, fato que configure, em tese, crime contra a ordem tributária, crime de contrabando ou de descaminho, ou crimes em detrimento da Fazenda Nacional ou contra a administração pública federal, deverá efetuar a correspondente representação fiscal para fins penais, a ser encaminhada ao Ministério Público, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A Portaria RFB nº 2.439/2010 estabelece os procedimentos a serem observados para que seja efetuada a Representação Fiscal para Fins Penais (RFFP). Cabe destacar, logo de início, que o Auditor Fiscal RFB não encaminha diretamente a RFFP ao Ministério Público. Esta será encaminhada a uma autoridade superior para que, só então, seja remetida ao Ministério Público. Essa é a inteligência que se tem a partir da leitura do art. 1º da Portaria RFB nº 2.439/2010: Art. 1º O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB) deverá formalizar representação fiscal para fins penais perante o Delegado ou Inspetor-Chefe da Receita Federal do Brasil responsável pelo controle do processo administrativo fiscal sempre que, no exercício de suas atribuições, identificar atos ou fatos que, em tese, configurem crime contra a ordem tributária ou contra a Previdência Social. Parágrafo único. Nos casos em que o AFRFB, no exercício de suas atribuições, identificar atos ou fatos que, em tese, configurem crime de falsidade de títulos, papéis e documentos públicos; de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; de contrabando ou descaminho; bem como crime contra a Administração Pública Federal, em detrimento da Fazenda Nacional, e contra Administração Pública Estrangeira, deverá formalizar representação 5 STJ. 3ª Seção. EREsp 1.217.514-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca. 09.12.2015. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 44 ∀# 23 para fins penais perante o titular da Unidade Central - Superintendente, Delegado ou Inspetor-Chefe da Receita Federal do Brasil - ao qual estiver vinculado O art. 3º da Portaria RFB nº 2439/2010 relaciona os elementos de prova que deverão instruir a Representação Fiscal para Fins Penais. Art. 3º A representação de que tratam o caput do art. 1° e o art. 2° deverá ser instruída com os seguintes elementos: I - exposição minuciosa dos fatos caracterizadores do ilícito penal; II - prova material do ilícito penal e outros documentos sob suspeição que tenham sido apreendidos no curso da ação fiscal; III - termos lavrados de depoimentos, declarações, perícias e outras informações obtidas de terceiros, utilizados para fundamentar a constituição do crédito tributário ou a apreensão de bens sujeitos à pena de perdimento, bem como cópia do documento de constituição do crédito tributário, se houver, e dos demais termos fiscais lavrados; IV - cópia dos contratos sociais e suas alterações ou dos estatutos e atas das assembleias relativos aos períodos objeto da representação fiscal; V - identificação das pessoas físicas a quem se atribua a prática do delito penal, bem como identificação da pessoa jurídica autuada, se for o caso; e VI - identificação das pessoas que possam ser arroladas como testemunhas, assim consideradas aquelas que tenham conhecimento do fato ou que, em face do caso, deveriam tê-lo. Segundo o art. 741, do R/A, a representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária será encaminhada ao Ministério Público após ter sido proferida a decisão final administrativa, no processo fiscal. Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, a representação fiscal para fins penais somente será encaminhada ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento. Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 13. (Questão Inédita) O crime de descaminho consiste em importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Comentários: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 45 ∀# 23 O descaminho consiste apenas em iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadorias. A importação ou exportação de mercadoria proibida é o que se chama de contrabando. Questão errada. 14. (Questão Inédita) No crime de descaminho, será extinta a punibilidade se o agente promover o pagamento do tributo, e também de eventuais acessórios, até o recebimento da denúncia. Comentários: Segundo o mais recente entendimento do STJ, o pagamento do tributo não extingue a punibilidade do crime de descaminho descaminho. Questão errada. 15. (Questão Inédita) O parâmetro legal-tributário para a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho é o valor mínimo para o ajuizamento de ação de execução fiscal pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Comentários: O valor mínimo para a execução fiscal é o parâmetro legal-tributário para a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho. Questão correta. 16. (Questão Inédita) O princípio da insignificância, na condição de causa supralegal da exclusão da tipicidade, impedirá que a autoridade aduaneira formalize representação fiscal para fins penais quandoo montante tributário do qual o sujeito passivo se furtou ao pagamento for inferior ao valor mínimo para execução fiscal. Comentários: O princípio da insignificância não impede que a autoridade aduaneira formalize representação fiscal para fins penais. Questão errada. 17. (Questão Inédita) Sempre que o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil constatar, no exercício de suas atribuições, fato que configure, em tese, crime contra a ordem tributária, crime de contrabando ou de descaminho, ou crimes em detrimento da Fazenda Nacional ou contra a administração pública federal, deverá efetuar a correspondente representação fiscal para fins penais, a ser encaminhada ao Ministério Público, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Comentários: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 46 ∀# 23 Caso o Auditor-Fiscal RFB constate a ocorrência de um crime, ele deverá efetuar a correspondente representação fiscal para fins penais ao Ministério Público. Questão correta. 18. (Questão Inédita) A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária será encaminhada ao Ministério Público mesmo antes de ter sido proferida a decisão final administrativa, no processo fiscal. Comentários: No caso de crimes contra a ordem tributária, a representação fiscal para fins penais será encaminhada ao Ministério Público após ser proferida decisão final administrativa no processo fiscal. Questão errada. 19. (Questão Inédita) Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, a representação fiscal para fins penais somente será encaminhada ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento. Comentários: Caso seja concedido o parcelamento do crédito tributário, o encaminhamento da representação fiscal para fins penais ao Ministério Público somente ocorrerá após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento. Questão correta. 5- PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE CONTROLE ADUANEIRO: O art. 793, do R/A, estabelece que o Ministro da Fazenda poderá autorizar a adoção, em casos determinados, de procedimentos especiais com relação a mercadoria introduzida no País sob fundada suspeita de ilegalidade, com o fim específico de facilitar a identificação de eventuais responsáveis. Conforme já estudamos em aula anterior, ao registrar uma Declaração de Importação (DI), esta pode ser direcionada para quatro canais de conferências: canal verde, canal amarelo, canal vermelho e canal cinza. Quando uma DI vai para o canal cinza, isso significa que serão aplicados, em relação às mercadorias por ela amparadas, procedimentos especiais de controle aduaneiro. A IN RFB nº 1.169/2011, obedecendo ao comando do art.793 do R/A, dispõe sobre a aplicação de procedimentos especiais de controle aduaneiro. Segundo o art. 1º da referida norma, o procedimento especial de !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 47 ∀# 23 controle aduaneiro aplica-se a toda operação de importação ou de exportação de bens ou de mercadorias sobre a qual recaia suspeita de irregularidade punível com a pena de perdimento. Vale destacar que esse procedimento aplica-se tanto nas situações em que o despacho tenha sido iniciado quanto em casos em que este já foi concluído (“fiscalização de zona secundária”). Mas quais seriam as situações em que há suspeita de irregularidade punível com a aplicação da pena de perdimento? A IN RFB nº 1.169/2011 apresenta um rol não-exaustivo de situações em que resta configurada suspeita de irregularidade punível com a pena de perdimento. Vejamos: Art. 2º As situações de irregularidade mencionadas no art. 1º compreendem, entre outras hipóteses, os casos de suspeita quanto à: I - autenticidade, decorrente de falsidade material ou ideológica, de qualquer documento comprobatório apresentado, tanto na importação quanto na exportação, inclusive quanto à origem da mercadoria, ao preço pago ou a pagar, recebido ou a receber; II - falsidade ou adulteração de característica essencial da mercadoria; III - importação proibida, atentatória à moral, aos bons costumes e à saúde ou ordem públicas; IV - ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiro; V - existência de fato do estabelecimento importador, exportador ou de qualquer pessoa envolvida na transação comercial; ou VI - falsa declaração de conteúdo, inclusive nos documentos de transporte. Ao ler o art. 2º da IN RFB nº 1.169/2011, tenho a certeza de que você encontrou muitas semelhanças com hipóteses de aplicação da pena de perdimento, as quais foram por nós estudadas na aula 06. Qualquer semelhança não é mera coincidência! ☺ O procedimento especial de controle aduaneiro será instaurado previamente à abertura do processo para aplicação da pena de perdimento. Por meio do procedimento especial de controle aduaneiro, objetiva-se constatar a ocorrência efetiva de uma infração punível com a referida pena. Até a instauração do procedimento, o que havia era mera suspeita de irregularidade. O procedimento especial de controle aduaneiro será instaurado por Auditor-Fiscal RFB. Para isso, lavrará termo de início, dando ciência à pessoa fiscalizada. O termo de início conterá as seguintes informações: i) possíveis irregularidades que motivaram sua instauração e; !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 42 ∀# 23 ii) mercadorias ou declarações objeto do procedimento. Pergunta-se: é possível que, no curso de procedimento especial de controle aduaneiro, seja apurada suspeita de irregularidade distinta da que motivou a sua instauração? E, ainda, é possível que o procedimento especial de controle aduaneiro inclua outras operações não-especificadas no termo de início? A resposta é positiva para as duas perguntas. Pode ser que o Auditor-Fiscal RFB tenha instaurado o procedimento especial de controle aduaneiro a fim de apurar a falsa declaração de conteúdo em uma DI, mas, no curso do processo, tenha verificado a ocorrência, também, de interposição fraudulenta. A apuração da suspeita dessa infração não vai ficar de fora do processo! ☺ Isso é o que dispõe o art. 4º, da IN nº 1.169/2011. Art. 4º O procedimento especial de controle aduaneiro previsto nesta Instrução Normativa será instaurado pelo Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB) responsável mediante termo de início, com ciência da pessoa fiscalizada, contendo, dentre outras informações: I- as possíveis irregularidades que motivaram sua instauração; e II - as mercadorias ou declarações objeto do procedimento. § 1º O disposto no caput não afasta a possibilidade de que o procedimento especial venha a apurar suspeita de irregularidade, nos termos do art. 1º, distinta daquela que motivou a instauração, ou a incluir outras operações, com a ciência do interessado, não especificadas no termo de início. Agora vem o mais interessante... A mercadoria submetida ao procedimento especial de controle aduaneiro ficará retida até a conclusão do procedimento de fiscalização. Essa previsão decorre originalmente da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, que estabelece que, quando houver indícios de infração punível com a pena de perdimento, a mercadoria importada será retida pela Secretaria da Receita Federal, até que seja concluído o correspondente procedimento de fiscalização. O prazo máximo para conclusão do procedimento é de 90 (noventa) dias, prorrogáveis por igual período. A mercadoria ficará, então, retida durante todo esse tempo. É importante ressaltar que o curso desse prazo de 90 dias ficarásuspenso (paramos a contagem!) nas seguintes situações: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 43 ∀# 23 a) “a partir da data da ciência do interessado de qualquer intimação, voltando a correr no dia do atendimento”. O prazo de 90 dias é para que sejam realizados os trabalhos pela fiscalização aduaneira. Logo, a inércia da empresa intimada não poderá “apressar” a Receita Federal para que cumpra o prazo. Isso iria na contramão do que se espera de um procedimento de fiscalização. Assim, se a empresa for intimada, a contagem do prazo fica suspensa. Vale destacar que a falta de atendimento da intimação no prazo de 60 dias contados da ciência, caracteriza omissão do importador para fins de declaração de abandono, conforme previsto na legislação, ensejando o encerramento do procedimento especial. b) “nas hipóteses dos incisos II, III, IV e V do art. 6º; casos em que a suspensão do prazo inicia-se no dia do efetivo recebimento do pedido pela Corin ou pelas pessoas referidas naquele artigo, voltando a correr no dia do recebimento de resposta pela unidade da RFB solicitante”. O art. 6º da IN RFB nº 1.169/2011 relaciona algumas providências (rol não exaustivo!) que poderão ser adotadas pelo Auditor Fiscal RFB responsável pelo procedimento especial de controle aduaneiro. Essa IN RFB nº 1.169/2011 é uma “mãe” para o Auditor Fiscal RFB, pois dá uma boa ideia do que você poderá fazer em uma fiscalização para “desvendar” informações. Art. 6º O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pelo procedimento especial de que trata esta Instrução Normativa poderá adotar as seguintes providências, dentre outras que considerar indispensáveis, nos termos da legislação em vigor: I-realizar diligência ou fiscalização no estabelecimento do interveniente, ou solicitar a sua realização, em caráter prioritário, à unidade de jurisdição aduaneira de zona secundária. [Comentários: Nessa situação, o Auditor Fiscal RFB vai fazer uma diligência no estabelecimento da empresa. Não estranhe se você chegar lá e não tiver nada! ☺ Se acontecer isso, é interposição fraudulenta à vista.] II - encaminhar à Coordenação-Geral de Relações Internacionais (Corin) pedido de requisição de informações à administração aduaneira do país do fornecedor ou ao adido aduaneiro e tributário nele localizado; [Comentários: O procedimento especial de controle aduaneiro pode ter como objetivo apurar a ocorrência de subfaturamento. Nesse caso, será importante !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 48 ∀# 23 pedir informações à autoridade aduaneira do país do fornecedor. Afinal, você pode querer saber qual valor foi declarado na exportação. O pedido será feito por meio da CORIN (Coordenação-Geral de Relações Internacionais), que fica em Brasília.] III - solicitar laudo técnico para identificar a mercadoria, inclusive suas matérias-primas constitutivas e obter cotações de preços no mercado internacional; [Comentários: Essa é mais uma providência para que se analise a ocorrência de subfaturamento na importação. Na próxima aula, estudaremos com mais calma o tema “subfaturamento”.] IV - iniciar procedimento para apurar a veracidade da declaração e autenticidade do certificado de origem das mercadorias, inclusive intimando o importador ou o exportador a apresentar documentação comprobatória sobre a localização, capacidade operacional e processo de fabricação para a produção dos bens importados; [Comentários: O certificado de origem é um documento importante para que uma importação possa usufruir de preferências tarifárias ou até mesmo para que possa evitar a incidência de medidas de defesa comercial. Uma importação de produtos vinda de país do MERCOSUL, por exemplo, não pagará imposto de importação se for apresentado certificado de origem. Pode ser que esse certificado de origem seja falso...] V - solicitar a movimentação financeira do importador, exportador, ou outro interveniente da operação e, se necessário, emitir a correspondente Requisição de Informação sobre a Movimentação Financeira (RMF); e [Comentários: É isso mesmo o que você leu, meu amigo! Como já havia dito na aula 00, a autoridade aduaneira poderá requisitar informações às instituições financeiras. Logicamente, isso deverá observar os requisitos da Lei Complementar nº 105/2001. Antes de requisitar informações às instituições financeiras, a RFB solicita as informações ao importador/exportador ou outro interveniente.] VI - intimar o importador, exportador, ou outro interveniente na operação, a apresentar informações e documentos adicionais que se mostrem necessários ao andamento dos trabalhos, inclusive os relativos a outras operações de comércio exterior que tenha realizado, observado o disposto na legislação específica e o prazo decadencial. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 49 ∀# 23 [Comentários: Aqui a IN RFB nº 1.169/2011 trata da possibilidade de intimação para apresentação de informações e documentos adicionais.] Vale a pena destacar que esse dispositivo da IN RFB nº 1.169/2011 se coaduna perfeitamente com o art. 795, do R/A, que estabelece o seguinte: Art. 795. No curso de procedimento de fiscalização aduaneira, o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil poderá examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando o exame for considerado indispensável à ação fiscal. c) “a partir da data da postagem ao fabricante, produtor ou vendedor do país exportador ou produtor de informações e documentos relacionados com a operação sob investigação, voltando a correr no dia do atendimento”. O prazo de 90 dias para encerramento do procedimento especial de controle aduaneiro fica suspenso caso sejam solicitadas, pela fiscalização aduaneira, informações ao fabricante, produtor ou vendedor do país exportador. .... Bem, pessoal, já entendemos como funciona o procedimento especial de controle aduaneiro! A pergunta agora é a seguinte: o que acontece ao final do procedimento? Uma vez concluído o procedimento especial de controle aduaneiro e comprovados os ilícitos, será lavrado o correspondente auto de infração com proposta de aplicação da pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes. Aí tem início outro processo! ☺ Conforme já estudamos na aula 06, o auto de infração é a peça inicial do processo fiscal para aplicação da pena de perdimento. O encerramento do procedimento especial não prejudica a aplicação de penalidades às infrações constatadas, inclusive aquelas decorrentes da prática de qualquer ato por parte do importador, exportador, ou outro interveniente, que tenha impedido ou dificultado a condução do procedimento, ou a sua conclusão. Caso, em decorrência do procedimento especial de controle, o Auditor-Fiscal RFB constate a existência de fato que configura crime, ele deverá efetuar uma Representação Fiscal para Fins Penais, aos moldes do que prevê a Portaria RFB nº 2.439/2010, já mencionada nessa aula. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 5: ∀# 23 Pode ainda acontecer de, no curso do processo, haver constatação de indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira da empresa. Nesse caso, a unidade responsável pelos trabalhos poderá representar à unidade de jurisdição do interessado para que esta avalie a possibilidade de aplicação de procedimento especialprevisto na IN SRF nº 228/2002. A IN SRF nº 228/2002 versa sobre o procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas. Destaque-se que é a unidade da RFB com jurisdição sobre o estabelecimento da empresa matriz que tem a competência para conduzir esse procedimento especial de controle aduaneiro. O procedimento especial será iniciado mediante intimação à empresa para, no prazo de 20 dias: a) comprovar o seu efetivo funcionamento e a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias, mediante o comparecimento de sócio com poder de gerência ou diretor, acompanhado da pessoa responsável pelas transações internacionais e comerciais; e b) comprovar a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das operações. Enquanto não comprovada a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das operações, bem assim a condição de real adquirente ou vendedor, o desembaraço ou a entrega das mercadorias na importação fica condicionado à prestação de garantia, até a conclusão do procedimento especial. Uma vez concluído o procedimento (prazo de 90 dias), será aplicada a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes nas hipóteses de: a) ocultação do verdadeiro responsável pelas operações, caso descaracterizada a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias. b) interposição fraudulenta, em decorrência da não-comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. Detectado indício que possa configurar a ocorrência de crime de "lavagem de dinheiro" ou de ocultação de bens, direitos e valores, a unidade da RFB responsável pela execução do procedimento deverá dar conhecimento desse fato ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e ao Banco Central do Brasil (BC), sem prejuízo da formulação de Representação Fiscal para Fins Penais para o Ministério Público Federal. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 51 ∀# 23 Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 20. (Questão Inédita) A mercadoria submetida a procedimento especial de controle aduaneiro ficará retida até a conclusão do correspondente procedimento de fiscalização. Comentários: Até que o procedimento especial de controle aduaneiro seja concluído, a mercadoria ficará retida. Questão correta. 21. (Questão Inédita) O procedimento especial de controle aduaneiro será concluído em até 60 dias, prorrogáveis por igual período. Comentários: O prazo para conclusão do procedimento especial de controle aduaneiro é de 90 dias, prorrogáveis por igual período. Questão errada. 22. (Questão Inédita) Uma vez concluído o procedimento especial e comprovados os ilícitos, será lavrado o correspondente auto de infração com proposta de aplicação da pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos da legislação vigente. Comentários: O auto de infração será lavrado ao final do procedimento especial de controle aduaneiro, caso sejam comprovados os ilícitos. Questão correta. 6- DESTINAÇÃO DE MERCADORIAS: O art. 803, do R/A, relaciona as destinações possíveis para as mercadorias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou objeto de pena de perdimento. Art. 803. A destinação das mercadorias, se abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou objeto de pena de perdimento, será feita por: I - alienação, mediante: a) licitação; ou b) doação a entidades sem fins lucrativos; !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 54 ∀# 23 II - incorporação ao patrimônio de órgão da Administração Pública; III - destruição; ou IV - inutilização. A Lei nº 12.350/2010 já havia promovido uma mudança na legislação e, agora, com o Decreto nº 8.010/2013, o Regulamento Aduaneiro foi alterado. Antes, falava-se em “incorporação a entidades sem fins lucrativos”. O termo correto agora é “alienação, mediante doação a entidades sem fins lucrativos”. Assim, há quatro destinações possíveis para as mercadorias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou objeto da pena de perdimento: a) Alienação, mediante licitação (leilão) ou doação a entidades sem fins lucrativos. b) Incorporação ao patrimônio de órgão da Administração Pública. c) Destruição. d) Inutilização. As mercadorias poderão ser destinadas após decisão administrativa definitiva ou imediatamente após a formalização do procedimento administrativo-fiscal pertinente (antes da decisão definitiva). O primeiro caso (mercadorias destinadas após decisão administrativa definitiva) é a regra geral. Antes da destinação, deve-se aguardar a decisão administrativa definitiva, ainda que relativa a processo pendentes de apreciação judicial, inclusive as que estiverem à disposição da Justiça como corpo de delito, produto ou objeto de crime, salvo determinação expressa em contrário, em cada caso, emanada de autoridade judiciária. Suponha, por exemplo, que seja aplicada a pena de perdimento, mas o processo ainda esteja pendente de apreciação judicial (o juiz ainda não julgou uma Ação Ordinária em que se discute a legalidade da aplicação do perdimento). Mesmo o processo estando pendente de apreciação judicial, poderá ser dada destinação à mercadoria pela autoridade aduaneira, uma vez que já houve a decisão administrativa definitiva. A exceção será quando o juiz tiver, por exemplo, determinado, em sede de uma medida liminar, que a autoridade aduaneira deverá aguardar a decisão judicial para, só depois, destinar a mercadoria. O segundo caso (mercadorias destinadas imediatamente após a formalização do procedimento fiscal-administrativo pertinente) se aplica a !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 55 ∀# 23 determinadas mercadorias que, por sua natureza, precisam ser rapidamente destinadas, quais sejam: a) semoventes, perecíveis, inflamáveis e explosivos ou outras mercadorias que exijam condições especiais de armazenamento; b) mercadorias deterioradas, danificadas, estragadas, com data de validade vencida, que não atendam exigências sanitárias ou agropecuárias, ou que estejam em desacordo com regulamentos ou normas técnicas, e que devam ser destruídas; ou c) cigarros e outros derivados do tabaco, apreendidos por infração fiscal sujeita a pena de perdimento, que devem ser destruídos. Nesses casos acima mencionados, a destinação poderá ocorrer antes da decisão final administrativa, imediatamente após a formalização do procedimento administrativo-fiscal. A destinação poderá ocorrer antes mesmo do decurso do prazo do art. 774, § 1º (prazo de 20 dias para impugnação no processo de perdimento). Mas e se uma decisão judicial ou administrativa determinar a restituição de mercadorias que já tenham sido destinadas? Nesse caso, o prejudicado fará jus à indenização, com recursos do FUNDAF (Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização), tendo como base o valor declarado para efeito de cálculo do imposto de importação ou de exportação. Ao valor da indenização será aplicada taxa de juros, tendo como termo inicial a data da apreensão. Segundo o art. 803-A, do Regulamento Aduaneiro, será considerado como base para o cálculo da indenização o valor constante do procedimento fiscal correspondente nos seguintes casos: a) não houver declaração de importação ou de exportação; b) a base de cálculo do imposto de importação ou de exportação apurada for inferior ao valor declarado c) em virtude de depreciação, o valorda mercadoria apreendida em posse do interessado for inferior ao valor declarado. Pergunta interessante: no caso de alienação (leilão), pra onde vai o dinheiro arrecadado? Simples. Do total arrecadado, 60% vai para o FUNDAF (Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização) e 40% para a seguridade social. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 56 ∀# 23 O FUNDAF tem como objetivo fornecer recursos para financiar: - o reaparelhamento e reequipamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil. - atender aos demais encargos específicos inerentes ao desenvolvimento e aperfeiçoamento das atividades de fiscalização dos tributos federais - intensificar a repressão às infrações relativas a mercadorias estrangeiras e a outras modalidades de fraude fiscal ou cambial, inclusive mediante a instituição de sistemas especiais de controle do valor externo de mercadorias e de exames laboratoriais. É importante ressaltar que, na alienação mediante licitação (leilão), não haverá incidência de tributos federais. Afinal, a quem compete autorizar a destinação das mercadorias? Segundo o art. 806, compete ao Ministro da Fazenda autorizar a destinação das mercadorias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou objeto da pena de perdimento. À Secretaria da Receita Federal do Brasil, por sua vez, compete a administração e destinação dessas mercadorias. Outra pergunta: quando é que será procedida a destruição ou inutilização de mercadorias? A destruição ou inutilização será aplicável aos seguintes produtos: cigarros e derivados do tabaco; brinquedos réplicas de armas de fogo; produtos condenados pela vigilância sanitária ou defesa agropecuária; mercadorias apreendidas em decorrência de inobservância à Lei de Propriedade Industrial ou produtos assinalados com marca falsificada, alterada ou imitada; fonogramas, livros e obras audiovisuais com indícios de violação ao direito autoral; outras mercadorias, quando assim recomendar o interesse da Administração ou da economia do País, para os quais não seja possível a destinação por incorporação ou leilão. Por fim, vale destacar que a Receita Federal do Brasil (RFB) possui um sistema informatizado por meio do qual é feito um controle rígido das mercadorias apreendidas. Esse sistema permite o controle desde a apreensão das mercadorias até sua destinação final. Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 57 ∀# 23 23. (ATRFB – 2012) Compete ao Ministro de Estado da Fazenda autorizar a destinação de mercadorias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou objeto de pena de perdimento. Comentários: O art. 806, do R/A, dispõe que compete ao Ministério da Fazenda autorizar a destinação de mercadorias. Questão correta. 24. (ATRFB – 2012) A destinação das mercadorias a que se refere o art. 28 do Decreto-Lei n. 1.455, de 7 de abril de 1976, será feita das seguintes formas: alienação; incorporação ao patrimônio de órgão da administração pública; destruição; ou inutilização. Comentários: Essas são as formas de destinação previstas no art. 803, do R/A. Questão correta. 25. (ATRFB – 2012) O produto da alienação de que trata a alínea a do inciso I do caput do art. 28 do Decreto-Lei n. 1.455, de 7 de abril de 1976, terá a seguinte destinação: sessenta por cento ao Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (Fundaf), instituído pelo Decreto-Lei n. 1.437, de 17 de dezembro de 1975; e quarenta por cento à seguridade social. Comentários: No caso de destinação por alienação (leilão), 60% vai para o FUNDAF e 40% para a seguridade social. Questão correta. 26. (ATRFB – 2012) Compete ao Presidente da República dispor sobre outras formas de destinação de mercadorias. Comentários: Nos termos do art. 803, § 6o, do R/A, o Ministro da Fazenda é quem poderá dispor sobre outras formas de destinação de mercadorias. Questão errada. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 52 ∀# 23 7- SISCOSERV: Você já sabe que o SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior) permite o controle do fluxo transfronteiriço de bens e mercadorias. Mas em 2012 surgiu uma grande novidade no comércio exterior brasileiro! ☺ Trata-se do SISCOSERV (Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio). Mas qual seria o objetivo do SISCOSERV? Vamos por partes... O comércio de serviços tem adquirido cada vez maior importância em âmbito internacional. Mais de 60% da produção mundial, 30% da geração de empregos e 20% do comércio internacional, diz respeito ao comércio de serviços. As maiores economias do mundo tem um setor terciário pujante, o que já levou vários autores a considerar que o setor de serviços serve como indutor do desenvolvimento econômico. Nada mais natural, uma vez que as grandes indústrias buscam deslocar-se para regiões dotadas de uma infraestrutura de serviços compatível com as necessidades de eficiência produtiva. No Brasil, entretanto, a realidade não parece ser muito favorável. Segundo dados do MDIC, entre 2007 e 2011, o déficit brasileiro na conta de serviços cresceu 202%, o que é preocupante. Visando modificar essa situação e implementar políticas públicas mais eficazes no que diz respeito ao comércio exterior de serviços é que foi instituído o SISCOSERV. O objetivo é ter estatísticas detalhadas sobre o fluxo do comércio exterior de serviços brasileiro. Somente por meio dessa mensuração é que o governo conseguirá identificar as potencialidades e deficiências setoriais no que diz respeito ao comércio de serviços. Com isso, será possível estimular setores que tenham alto potencial para internacionalização. A Lei nº 12.546/2011 instituiu a obrigação de prestação de informações para fins econômico-comerciais ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior relativas às transações entre residentes ou domiciliados no País e residentes ou domiciliados no exterior que compreendam serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, das pessoas jurídicas ou dos entes despersonalizados. Tais informações são prestadas por meio do SISCOSERV. Quais são as pessoas obrigadas a prestar informações no SISCOSERV? !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8: ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 53 ∀# 23 Estão obrigadas a prestar informações as seguintes pessoas: i) o prestador ou tomador do serviço residente ou domiciliado no Brasil (exportações e importações de serviços). Perceba que as pessoas que exportam e que importam serviços precisam prestar informações no SISCOSERV. ii) a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no Brasil, que transfere ou adquire o intangível, inclusive os direitos de propriedade intelectual, por meio de cessão, concessão, licenciamento ou por quaisquer outros meios admitidos em direito (fluxo de intangíveis). iii) a pessoa física ou jurídica ou o responsável legal do ente despersonalizado, residente ou domiciliado no Brasil, que realize outras operações que produzam variações no patrimônio. São também obrigados a prestar informações os órgãos da administração pública, direta e indireta, da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. A obrigação de prestar informações se estende: i) às operações de exportação e importação de serviços, intangíveis e demais operações; e ii) às operações realizadas por meio de presença comercial 6no exterior relacionada a pessoa jurídica domiciliada no
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