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Teste 4 O diagrama p–V da figura mostra seis trajetórias curvas (ligadas por trajetórias verticais) que podem ser seguidas por um gás. Quais são as duas trajetórias curvas que devem fazer parte de um ciclo fechado (ligadas às trajetórias verticais) para que o trabalho total realizado pelo gás tenha o maior valor positivo possível? A Primeira Lei da Termodinâmica Com vimos, quando um sistema passa de um estado inicial para um estado final, tanto o trabalho W realizado como o calor Q transferido dependem do modo como a mudança é executada. Os experimentos, porém, revelaram algo interessante: A diferença Q – W depende apenas dos estados inicial e final e não da forma como o sistema passou de um estado para o outro. Todas as outras combinações das grandezas Q e W, como Q apenas, W apenas, Q + W e Q – 2W, dependem da trajetória; apenas Q – W é independente. Esse fato sugere que a grandeza Q – W é uma medida da variação de uma propriedade intrínseca do sistema. Chamamos essa propriedade de energia interna (Eint) e escrevemos A Eq. 18-26 é a expressão matemática da primeira lei da termodinâmica. Se o sistema sofre apenas uma variação infinitesimal, podemos escrever a primeira lei na forma* A energia interna Eint de um sistema tende a aumentar, se acrescentamos energia na forma de calor Q, e a diminuir se removemos energia na forma de trabalho W realizado pelo sistema. No Capítulo 8, discutimos a lei de conservação da energia em sistemas isolados, ou seja, em sistemas nos quais nenhuma energia entra no sistema ou sai do sistema. A primeira lei da termodinâmica é uma extensão dessa lei para sistemas que não estão isolados. Nesse caso, a energia pode entrar no sistema ou sair do sistema na forma de trabalho W ou calor Q. No enunciado da primeira lei da termodinâmica que foi apresentado, estamos supondo que o sistema como um todo não sofreu variações de energia cinética e energia potencial, ou seja, que ΔK = ΔU = 0. Convenção. Antes deste capítulo, o termo trabalho e o símbolo W sempre significaram o trabalho realizado sobre um sistema. Entretanto, a partir da Eq. 18-24 e nos próximos dois capítulos sobre termodinâmica, vamos nos concentrar no trabalho realizado por um sistema, como o gás da Fig. 18-13. O trabalho realizado sobre um sistema é sempre o negativo do trabalho realizado pelo sistema; logo, se reescrevemos a Eq. 18-26 em termos do trabalho Ws realizado sobre o sistema, temos ΔEint = Q + Ws. Isso significa o seguinte: A energia interna de um sistema tende a crescer, se fornecemos calor ao sistema ou realizamos trabalho sobre o sistema. Por outro lado, a energia interna tende a diminuir, se removemos calor do sistema ou se o sistema realiza trabalho. Teste 5 A figura mostra quatro trajetórias em um diagrama p–V ao longo das quais um gás pode ser levado de um estado i para um estado f. Ordene, em ordem decrescente, as trajetórias de acordo (a) com a variação ΔEint da energia interna do gás, (b) com o trabalho W realizado pelo gás, (c) com o valor absoluto da energia transferida na forma de calor Q entre o gás e o ambiente. 1. 2. Figura 18-15 Uma expansão adiabática pode ser realizada removendo esferas de chumbo do êmbolo. O processo pode ser invertido a qual? quer momento acrescentando novas esferas. Alguns Casos Especiais da Primeira Lei da Termodinâmica Vamos agora examinar quatro processos termodinâmicos diferentes para verificar o que acontece quando aplicamos a esses processos a primeira lei da termodinâmica. Os processos e os resultados correspondentes estão indicados na Tabela 18-5. Processos adiabáticos. Processo adiabático é aquele que acontece tão depressa ou em um sistema tão bem isolado que não há trocas de calor entre o sistema e o ambiente. Fazendo Q = 0 na primeira lei (Eq. 18-26), obtemos De acordo com a Eq. 18-28, se o sistema realiza trabalho sobre o ambiente (ou seja, se W é positivo), a energia interna do sistema diminui de um valor igual ao do trabalho realizado. Se, por outro lado, o ambiente realiza trabalho sobre o sistema (ou seja, se W é negativo), a energia interna do sistema aumenta de um valor igual ao trabalho realizado. A Fig. 18-15 mostra um processo adiabático. Como o calor não pode entrar no sistema ou sair do sistema por causa do isolamento, a única troca possível de energia entre o sistema e o ambiente é por meio de trabalho. Se removemos esferas de chumbo do êmbolo e deixamos o gás se expandir, o trabalho realizado pelo sistema (o gás) é positivo e a energia interna diminui. Se, em vez disso, acrescentamos esferas e comprimimos o gás, o trabalho realizado pelo sistema é negativo e a energia interna do gás aumenta. Processos a volume constante. Se o volume de um sistema (um gás, em geral) é mantido constante, 3. 4. o sistema não pode realizar trabalho. Fazendo W = 0 na primeira lei (Eq. 18-26), obtemos Assim, se o sistema recebe calor (ou seja, se Q é positivo), a energia interna do sistema aumenta. Se, por outro lado, o sistema cede calor (ou seja, se Q é negativo), a energia interna do sistema diminui. Processos cíclicos. Existem processos nos quais, após certas trocas de calor e de trabalho, o sistema volta ao estado inicial. Nesse caso, nenhuma propriedade intrínseca do sistema (incluindo a energia interna) pode variar. Fazendo ΔEint = 0 na primeira lei (Eq. 18-26), obtemos Assim, o trabalho total realizado durante o processo é exatamente igual à quantidade de energia transferida na forma de calor; a energia interna do sistema permanece a mesma. Os processos cíclicos representam uma trajetória fechada no diagrama p–V, como mostra a Fig. 18-14f. Esses processos serão discutidos com detalhes no Capítulo 20. Expansões livres. São processos nos quais não há troca de calor com o ambiente e nenhum trabalho é realizado. Assim, Q = W = 0 e, de acordo com a primeira lei, A Fig. 18-16 mostra de que forma esse tipo de expansão pode ocorrer. Um gás, cujas moléculas se encontram em equilíbrio térmico, está inicialmente confinado por uma válvula fechada em uma das duas câmaras que compõem um sistema isolado; a outra câmara está vazia. A válvula é aberta e o gás se expande livremente até ocupar as duas câmaras. Nenhum calor é transferido do ambiente para o gás ou do gás para o ambiente por causa do isolamento. Nenhum trabalho é realizado pelo gás porque ele se desloca para uma região vazia e, portanto, não encontra nenhuma resistência (pressão) na segunda câmara. Figura 18-16 O estágio inicial de um processo de expansão livre. Quando a válvula é aberta, o gás passa a ocupar as duas câmaras e, após algum tempo, atinge um estado de equilíbrio. Tabela 18-5 A Primeira Lei da Termodinâmica: Quatro Casos Especiais A Lei: ΔEint = Q – W (Eq. 18-26) Processo Restrição Consequência Adiabático Q = 0 ΔEint = –W Volume constante W = 0 ΔEint = Q Ciclo fechado ΔEint = 0 Q = W Expansão livre Q = W = 0 ΔEint = 0 Uma expansão livre é diferente dos outros processos porque não pode ser realizada lentamente, de forma controlada. Em consequência, durante a expansão abrupta, o gás não está em equilíbrio térmico e a pressão não é uniforme. Assim, embora os estados inicial e final possam ser mostrados em um diagrama p–V, não podemos desenhar a trajetória da expansão. Teste 6 Para o ciclo fechado mostrado no diagrama p–V da figura, (a) a energia interna ΔEint do gás e (b) a energia Q transferida na forma de calor é positiva, negativa ou nula? Exemplo 18.05 Trabalho, calor e variação de energia interna Suponha que 1,00 kg de água a 100°C tenha sido convertido em vapor a 100°C. A água estava inicialmente contida em um cilindro com um êmbolo móvel de massa desprezível, sujeito à pressão atmosférica padrão (1,00 atm = 1,01 × 105 Pa), como mostra a Fig. 18-17. O volume da água variou de um valor inicial de 1,00 × 10–3 m3 como líquido para 1,671m3 como vapor. (a) Qual foi o trabalho realizado pelo sistema? IDEIAS-CHAVE (1) O trabalho realizado pelo sistema foi positivo, já que o volume aumentou. (2) Podemos calcular o trabalho W integrando a pressão em relação ao volume (Eq. 18-25). Cálculo: Como a pressão é constante, podemos colocar p do lado de fora do sinal de integração. Temos, portanto, (b) Qual foi a energia transferida na forma de calor durante o processo? IDEIA-CHAVE Como o calor provocou apenas uma mudança de fase (a temperatura é a mesma nos estados inicial e final), ele é dado integralmente pela Eq. 18-16 (Q = Lm). Cálculo: Como a mudança é da fase líquida para a fase gasosa, L é o calor de vaporização LV da água, cujo valor aparece na Eq. 18- 17 e na Tabela 18-4. Temos: (c) Qual foi a variação da energia interna do sistema durante o processo? IDEIA-CHAVE A variação da energia interna do sistema está relacionada ao calor (no caso, a energia transferida para o sistema) e ao trabalho (no caso, a energia transferida para fora do sistema) pela primeira lei da termodinâmica (Eq. 18-26). Cálculo: A primeira lei pode ser escrita na forma Como esse valor é positivo, a energia interna do sistema aumentou durante o processo de ebulição. Essa energia foi usada para separar as moléculas de H2O, que se atraem fortemente no estado líquido. Vemos que, quando a água se transformou em vapor, cerca de 7,5% (= 169 kJ/2260 kJ) do calor foi transferido para o trabalho de fazer o êmbolo subir. O resto do calor foi transferido para a energia interna do sistema.
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