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1 Aulas Ped Social e Ambulatório – MD941 • Hormônio da tireoide contêm iodo, que precisa ser obtido pelo consumo nutricional. Glândula tireoide contém grandes reservas de hormônio tireoidiano na forma de tireoglobulina. Essas reservas mantêm as concentrações sistêmicas de hormônio tireoidiana, apesar das variações na disponibilidade e no aporte nutricional de iodo. • Tireoide secreta principalmente o pró-hormônio tiroxina (T4), que é convertido no fígado e outros tecidos na forma ativa, a triiodotironina (T3). → Ativação local da tiroxina também ocorre nos tecidos-alvo • Concentração sérica de hormônios tireoidianos é regulada pelo hormônio hipofisário, TSH ou tireotropina, em sistema de retroalimentação negativa. • Ações predominantes do hormônio tireoidiano são mediadas pela sua ligação a receptores nucleares de hormônio tireoidiano (TR) e por modulação transcrição de genes específicos → Embora ações predominantes do hormônio tireoidiano sejam nucleares, foram relatadas ações deste hormônio fora do núcleo. • O hipotireoidismo é a redução ou ausência de hormônio tireoidiano. Pode ser classificado em congênito, quando ocorre no período neonatal, ou adquirido, se após 2 anos de vida. • Hormônio tireoidiano tem um papel decisivo no desenvolvimento do encéfalo e do SNC. • Ausência de hormônio tireoidiano durante a neurogênese ativa (até 6 meses após o parto) resulta em cretinismo, que é acompanhado de variadas alterações morfológicas no encéfalo devido a distúrbios na migração neuronial, redução da sinaptogênese e desorganização de projeções axônicas. • Ações dos hormônios tireoidianos sobre síntese de proteínas e atividade enzimática não se limita ao encéfalo, maioria dos tecidos é afetada pela falta ou administração de hormônio tireoidiano • Hormônio tireoidiano é necessário tanto para a termogênese obrigatória (calor dos processos vitais) quanto para a termogênese adaptativa. → Apenas alguns órgãos, incluindo encéfalo, gônadas e o baço, não são responsivos aos efeitos termogênicos da T3. • T3 exerce um efeito vasodilatador não genômico direto sobre músculo liso vascular. Assim no hipertireoidismo, há diminuição da resistência vascular sistêmica e o aumento do débito cardíaco. • Hormônio tireoidiano estimula expressão receptores hepáticos de LDL e o metabolismo do colesterol em ácidos biliares, de modo que a hipercolesterolemia é um aspecto característico de hipotireoidismo. • Hormônio tireoidiano possui efeitos complexos sobre o metabolismo dos carboidratos. → Tireotoxicose é um estado de resistência à insulina. → Hipotireoidismo: diminuição absorção de glicose pelo intestino, secreção diminuída de insulina e uma redução da taxa de captação periférica de glicose • Em termos gerais, hormônio tireoidiano é muito importante para metabolismo basal celular de todo o organismo – produção de energia, estímulo de produção proteica e enzimáticam pdrodução/metabolismo de carboidratos e de lipídios, metabolismo de vitaminas, crescimento e desenvolvimento esquelético e cerebral. Além de influenciar a ação da maior parte dos outros hormônios. • TSH é hormônio glicoproteico com subunidades α e β . Secretado de modo pulsátil de acordo com um padrão circadiano, e seus níveis apresentam-se mais elevados durante o sono, à noite. • Secreção de TSH é controlada pelo peptídeo TRH, o hormônio de liberação da tireotropina, produzido pelo hipotálamo e pela concentração de hormônios livres na circulação. • Hormônio tireoidiano em excesso, inibe a transcrição do gene TRH e dos genes que codificam as subunidades α e β da tireotropina, suprimindo secreção de TSH. Em consequência, tireoide torna-se ativa e regride. • Qualquer redução na taxa normal de secreção de hormônios tireoidianos desencadeia uma secreção aumentada de TSH na ausência de hormônio exógeno, em uma tentativa de estimular a tireoide a secretar mais hormônio. • TRH estimula liberação de TSH pré-formados dos grânulos secretores e também estimula a 2 síntese subsequente das subunidades α e β do TSH. → Somatostina, dopamina e administração de dose farmacológica de glicocorticoides inibem secreção de TSH estimulada pelo TRH. • TRH é sintetizado pelo hipotálamo e liberado na circulação porta hipofisária, onde interage com receptor de TRH nos tireotropos. Ligação do TRH ao seu receptor estimula, em última instância, a síntese e a liberação de TSH pelos tireotropos. • TSH leva a uma secreção aumentada dos hormônios tireoidianos. Todas as fases, desde a a síntese até a liberação dos hormônios, são estimuladas. Também ocorre um aumento da vascularização da glândula, assim como há hipertrofia e hiperplasia das células tireoidianas. • Função tireoidiana exige um aporte adequado de iodo; na ausência deste, é impossível haver síntese de quantidades normais do hormônio, o TSH é secretado em excesso e a tireoide torna- se hiperplásica e sofre hipertrofia (bócio). • Na deficiência leve a moderada de iodo, tireoide consegue produzir quantidade suficiente de hormônio e secreta preferencialmente T3. Já na deficiência de iodo mais grave, podem ocorrer o hipotireoidismo e cretinismo do adulto. • Cotas diárias recomendas de iodo são de são de 90-20 µg para crianças, 150 µg para adultos, 220 µg durante a gravidez e 290 µg durante a lactação. → Legumes, carne vermelhas e aves contêm quantidades mínimas de iodo, e os laticínios e os peixes apresentem teor relativamente alto → Em algumas regiões do mundo, bócio simples ou atóxico é prevalente em decorrência de dieta com iodo insuficiente – sal iodado exigido lei em alguns países • Tem incidência de 1 a cada 2.000 nascidos vivos e leva a efeitos irreversíveis no desenvolvimento neurológico se não for detectado e tratado de forma precoce. • É uma condição inata em que a tireoide não produz hormônio tireoidiano suficiente para atender às necessidades do corpo. • Causas podem ser divididas em primárias, que prejudicam diretamente a síntese do hormônio tireoidiano, e centrais, que perturbam hipófise e/ou hipotálamo quanto controle da tireoide. • Cerca de 90-95% dos casos é de causa primária, em que hormônios tireoidianos estão baixos fazendo com que haja aumento na produção de TSH. Já nos 5% restantes de causa central, a concentração de hormônios tireoidianos é baixa, mas níveis de TSH não aumentam. • Defeitos primários da glândula tireoide podem ser causados por falha no desenvolvimento de glândula anatomicamente normal (eutópica ou defeito de migração) ou falha na produção de hormônios tireoidianos (disormoniogênese). → A maioria dos hipotireoidismos congênitos é causada por disgenesia (qualquer anomalia do desenvolvimento) da tireoide. → Disgenesia abrange espectro de fenótipos, incluindo agenesia completa, migração não adequada resultando em glândula ectópica disfuncional e tireoide hipoplásica. • Apesar de disgenesia da tireoide ser a causa mais comum de hipotireoidismo congênito primário, sua incidência (1:4.000 NV) se manteve estável nos últimos 25 anos. Já a incidência da disormoniogênese aumentou acentuadamente → Assim, atualmente, 30-40% dos pacientes com hipotireoidismo congênito tem tireoide tópica. • Disormoniogênese é geralmente causada por mutações em genes que codificam maquinaria celular da síntese de hormônio tireoidiano – simporte sódio-iodo (SIM;SLC5A5), pendrina (PDS; SLC26A4), DUOX2, tireoperoxidase (TPO), tireoglobulina (TG), entre outras. • HC com tireoide eutópica pode ser causada por série de fatores transitórios e/ou extrínsecos como drogas, anticorpos maternos, carência ou 3 excesso de iodo, prematuridade, doença grave neonatal ou idiopático. → Se mãe possuir uma doença autoimune da tireoide, anticorpos passam pela placenta e levam a hipotireoidismo transitório que pode durar de 3-6 meses. • Hipotireoidismo congênito central é raro, com incidência de1 para cada 29-110 mil NV. Esses são geralmente causados por anormalidades estruturais ou de desenvolvimento da hipófise ou do hipotálamo. → No caso da hipófise, essas alterações tendem a afetar demais eixos hormonais – prolactina, GH, gonadotropinas, adrenocorticotropina → Também pode ocorrer transitoriamente em RNs expostos a hipertireoidismo materno durante gravidez. • Quadro clínico depende do grau de deficiência hormonal e tempo de evolução. • Sinais e sintomas são bócio, inapetência, edema, constipação, hipotermia, bradicardia, fontanelas aumentadas, macroglossia, icterícia prolongada hérnia umbilical, baixa taxa de crescimento e atraso no desenvolvimento. → Importante observar que são inespecíficos e podem ser encontrados em muitas outras doenças neonatais. → Por agenesia tireoidiana, principal sintoma é icterícia prolongada, seguido de mixedema. • As manifestações clínicas estão ausentes em neonatos, mesmo aqueles com hipotireoidismo severo, o que mostra a importância da triagem para diagnóstico e tratamento precoce. → Quadro clínico sem tratamento precoce: pele seca fria e pálida, fontanelas amplas, cabelos secos e quebradiços, macroglossia, choro rouco, constipação intestinal, mixedema, distensão abdominal, bradicardia, retardo de crescimento, atraso da maturação óssea e do desenvolvimento neurológico. • Cerca de 10% das crianças com hipotireoidismo congênito tem outras anomalias congênitas, sendo a mais comum defeitos cardíacos. • Hormônio tireoidiano tem importante papel no desenvolvimento da cóclea. Assim, certo grau de perda auditiva ocorre em até 10% dos casos. • Tratamento deve ser iniciado assim que o diagnóstico é confirmado, idealmente nas 2 primeiras semanas de vida. • Tratamento feito com levotiroxina (LT4), em comprimidos, pois formulações líquidas são inconsistentes. Para uso comprimidos devem ser triturados, misturados com um pouco de água ou leite e administrados através de colher ou seringa – diluir dose a ser administrada no momento da tomada. → Não deve ser dada junto com substâncias que atrapalhem a absorção como fórmulas de sojam ferro, cálcio, simeticona, hidróxido de alumínio. → Sempre administrar nos mesmos horários. Nos primeiros 6 meses de vida, 1 hora após a mamada. Já após 6º mês administrar ao acordar → Pode administrar com leite desde que seja sempre do mesmo jeito – para não ter grandes variações – não pode ser colocado na mamadeira • Dose recomendada para início é de 10-15 mg/kg, podendo ser individualizada, dentro dessa faixa, baseada na gravidade do hipotireoidismo • Objetivo do tratamento é alcançar e manter estado de eutireoidiano rapidamente (TSH < 5) • Tratamento com T4 de acordo com idade • Tratamento é monitorado através de medidas séricas de TSH e T4 livre. Deve ser checado 1-2 semanas após início do tratamento e a cada 2-4 semanas após, com ajuste da dose de L4, até que níveis normalizem. • Acompanhamento é feito com consultas de rotinas mais frequentes nos primeiros meses. Após normalizar TSH e T4 livre, consultas de 3 em 3 meses até 2 anos de idade. Com 2 ou 3 anos interromper o uso da medicação para confirmar hipotireoidsmo congênito e identificar etiologia através de uma cintilografia. • Sempre que paciente não alcançar TSH e T4 livre adequados para a idade com dose adequada de levotiroxina checar aderência. → Observar método de administração, se existe alguma condição do TGI que prejudique a absorção (ex: doença celíaca) ou associação com substâncias que prejudiquem absorção (fórmulas de soja, suplemento de cácio ou ferro) • Prognóstico depende da gravidade do defeito, etiologia e do controle a longo prazo (aderência). → Perda de 4 pontos de QI a cada semana sem tratamento adequado. → Pacientes tratados adequadamente antes de 3 semanas de vida não apresentam grandes diferenças em relação a crianças normais. 4 • No geral, prognóstico é excelente, tratamento precoce e correto com levotiroxina evita déficits neurocognitivos severos. No entanto, naqueles nascidos com T4 livre muito baixo, podem ter déficits leves mesmo com tratamento. • Etiologias:autoimue (tireoidite de Hashimoto), deficiência ou excesso de iodo, disgenesia da tireoide, disormoniogênes, doenças hipofisárias ou hipotalâmicas e exposição a algumas drogas. → Hipotireoidismo adquirido central pode ser causado por trauma, tumores hipotalâmicos ou hipofisários, cirurgia, hipofisite linfocítica, síndrome de Sheehan, entre outras. → Drogas que podem levar a hipotireoidismo são glicocorticóides, dopamina, amiodarona, lítio, etc. • Em países desenvolvidos, em áreas suficientes de iodo, tireoidite de Hashimoto é a causa mais comum de bócio e hipotiroidismo adquirido em crianças e adolescentes. Prevalência é de 1-2%, com maior incidência em meninas. • Tireoidite de Hashimoto é uma doença auto- imune clinicamente caracterizada por tireoide aumentada difusamente e histologicamente por infiltração linfocitária difusa, com gradual destruição e fibrose da glândula. • No mundo, deficiência de iodo associada ao bócio é a causa mais comum de hipotireoidismo – bócio endêmico. Deficiência de iodo é mais comum em países em desenvolvimento da Ásia, África e América do Sul que não adotam uso de sal iodado. • Quadro clínico: bócio, diminuição velocidade de crescimento, atraso de idade óssea, aumento da relação peso/altura, fatiga, intolerância ao frio, constipação,mixedema, sonolência, desatenção, retardo puberal ou puberdade precoce. • Diagnóstico diferencial de bócio: → Hashimoto: bócio firme, bosselado, tamanho moderado, anticorpos antiperoxidade e anti tireoglobulina – função pode ser eu, hipo ou hipertireoidiano – maioria das crianças são assintomáticas e eutireoidianas → Defeito de síntese: bócio difusso, macio e de tamanho variável • Para avaliar funcionamento da tireoide no bócio, pedir T4 livre e TSH – hipotireoidismo adquirido primário tem T4 livre baixo e TSH elevado. → Para avaliar a etiologia realizar cintilografia e medir os anticorpos TPO e TGB – sendo anti TPO (95%) o mais comum de estar presente na tireoidite de Hashimoto. • Objetivos do tratamento são desenvolvimento e crescimento normais, assim como cognição. • Tratamento de escolha é a levotiroxina (T4). • Na grande maioria dos pacientes, a reposição do hormônio tireoidiano reverte sinais e sintomas do hipotireoidismo e pode diminuir tamanho do bócio. • A dose recomendada para tratamento é de 100 micrograma/m2/dia – leva em consideração a superfície corporal. → Crianças de 1-3 anos: 3-4 microg/kg/dia → Crianças de 4-6 anos: 2-3 microg/kg/dia → Crianças acima de 6 anos: 1-2 microg/kg/dia • Tratamento deve ser individualizado porque a absorção e metabolismo de levotiroxina diferem entre os indivíduos. • Após normalização de TSH e T4 livre controle a cada 4-6 meses, idade óssea e ajuste da dose de acordo com TSH • Crianças que adquirem hipotireoidismo após os 3 anos geralmente não tem déficit neurológico ou prejuízo intelectual. No entanto, tratamento mal feito pode resultar em diminuição da altura final ou atraso da puberdade. • Crianças que recebem reposição adequada do hormônio tireoidiano pelo menos 5 anos antes do início da puberdade atingem altura adulta consistente com potencial genético. • Prognóstico → Hashimoto: remissão espontânea em 30% dos pacientes adolescentes. → Em hipotireoidismo de longa duração, catch- up de crescimento pode ser incompleto → Evitar altas doses de levotiroxina, pois pode acelerar a maturação óssea • Primário: TSH maior que 10 microU/mL – T4 livre diminuído ou normal • Secundário/Terciário: diminuição TSH e T4 livre – alterações de linha média • Detecção baseada em TSH é sensível para casos de hipotireoidismo primário, até quadros leves em que TSH está elevado, mas níveis de T4 se mantém normais. → Não detecta os casos de hipotireoidismo central,em que o TSH não está aumentado apesar dos níveis baixos de T4. • Programa Nacional de Triagem Neonatal é um programa de rastreamento populacional que tem como objetivo identificar distúrbios e 5 doenças no RN, dentro de tempo oportuno, para intervenção adequada, garantindo tratamento e acompanhamento contínuo às pessoas com diagnóstico positivo. Fases: → F1: fenilcetonúria+hipotireoidismo congênito → F2: F1 + hemoglobinopatias → F3: F2 + fibrose císitca → F4: F3 + hiperplasia adrenal congênita + deficiência de biotinidase • Triagem neonatal significa identificar, em uma população assintomática com idade de 0 a 28 dias de vida, indivíduos que estão sob risco de desnvolver algum distúrbio ou doença e que se beneficiariam de investigação adicional, ação preventiva ou terapêutica imediatas. • “Teste do pezinho” identifica precocemente doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que possam ser tratadas em tempo oportuno. → Fenilcetonúria, hemoglobinopatias, fibrose cística, biotinidase galactosemia, hiperplasia adrenal congênita, toxoplasmose, AIDS, homocistinúria e hipotireoidismo congênito. • É importante triar o hipotireoidismo, pois é a principal causa evitável de retardo mental, tem alta incidência (1:2.000 NV/ano) e apenas 20% dos casos apresentam sintomas, além de ter um quadro clínico inespecífico. → É uma deficiência mental evitável muito relacionada com época de início da terapia – se tratamento inicia no 1º mês média de QI é de 115, enquanto se tratamento tem início entre 6-18 meses meses média de QI abaixo de 68. → Triagem neonatal é essencial, uma vez que diagnóstico clínico é improvável pela comum ausência de sinais e sintomas nos primeiros meses. • Reposição hormonal é fácil de ser realizada e tem baixo custo. • Etapas da triagem neonatal: 1. Teste do pézinho (papel filtro) 2. Confirmação laboratorial neonatal 3. Tratamento 4. Confirmação laboratorial tardia ou Dx de hipotireoidismo congênito definitivo • Teste do pézinho deve ser coletado entre 48-72 horas de vida, após amamentação – ideal é que seja entre 3 e 5 dias de vida. • Coleta do teste do pézinho é feita com sangue da região plantar do calcanhar em contato com o papel filtro – círculos de coleta. → Papel deve ser enviado para laboratório de referência de triagem neonatal • Resultados considerados alterados na triagem neonatal serão comunicados por telefone ao responsável pela ação no ponto de coleta de origem da amostra. → Se alterada laboratório central aciona o posto de coleta para convocar família para realizar exames confirmatórios ou encaminhamento para consulta especializada. • Após resultado positivo inicial, deve ser realizada a dosagem de T4 (total e livre) e do TSH em amostra de sangue venoso, para que haja uma efetiva confirmação diagnóstica. • Para estabelecer etiologia, é indicado que sejam feitos exames de US ou cintilografia, pois na maioria das vezes origem do problema está na própria tireoide. • Se tempo de espera para realização dos exames confirmatórios significar atraso no início da terapia de reposição hormonal, estes só deverão ser efetuados após os 2 anos de vida da criança, quando medicação poderá ser suspensa, sem causar prejuízos, temporariamente • TSH TNN (papel filtro) > 15 mUI/mL. Vão para a consulta com confirmação diagnóstica de TSH e T4 livre séricos. → TSH>=10 mUI/mL – iniciar tratamento → TSH 4-9 mUI/mL – acompanhar com TSH e T4 livre pelo menos até 6 meses → TSH <=4 com T4 livre normal – alta • Tratar com levotiroxina (T4) até 2 anos se TSH confirmatório menor que 30 e até 3 anos se TSH confirmatório maior ou igual a 30 • Confirmação tardia é feita através da suspensão da levotiroxina após os 2 anos de vida. Com a realização de exames de TSH e T4 livre após 1 e 2 meses da interrupção do medicamento. → Se TSH >= 15 – tratamento e cintilografia → Se TSH entre 10 e 15 – excluir disruptores endócrinos – substâncias químicas que tem influência no sistema hormonal ex: chumbo, tolueno ou benzeno. → Se TSH entre 5 e 10 – acompanhamento por 6 meses → Se TSH abaixo de 5 – alta com relatório • Triagem neonatal tem alta sensibilidade, mas o rastreamento não é perfeito e pode ter taxa de falso-negativo de até 10%. 6 → Resultados falso-positivos são mais comuns em crianças prematuras e com baixo peso ao nascer. • Como o teste está sujeito a erros, é importante sempre investigar hipotireoidismo congênito no lactente com hipotonia, hipoatividade, retardo do DNPM, crescimento menor que 4 cm no primeiro mês , bócio e icterícia prolongada. • Diagnóstico é laboratorial (TSH) e não clínico → Na dúvida é preferível tratar com doses de T4 fisiológicas, já que criança hipotireoidiana terá sequelas mentais irreversíveis. • Tratamento deve ser iniciado mesmo que RN não apresente sinais ou sintomas 7 • 15% das crianças em idade escolar apresentam dores ocasionais, sendo que em 4,5% desses essas dores tem duração superior a 3 meses. • Invetigar queixa mesmo se à primeira vista não parecer importante ou greve. • Sede da dor pode ser osso, articulação, músculo, tendão, nervo, vaso, tegumento, psicológica ou idiopática. • Na abordagem usar acrônimo: I – Identificação do paciente L – Localização da dor I – Tempo de instalação C – Características clínicas da dor I – Presença de inflamação S – Acometimento sistêmico • Na identificação, registrar sobre idade, sexo, raça e condições de moradia. • Indagar se localização da dor é múltipla ou única – tentativa de identificar sede pode auxiliar na formulação das hipóteses diagnósticas. • Instalação pode ser aguda, subaguda, insidiosa ou indefinida. • Quanto característica, necessário diferenciar se a dor é mecânica ou inflamatória – perguntar sobre quando surge/piora e rigidez matinal. Se for mecânico, pensar em processo ortopédico, já se for inflamatório pensar em reumatológico. • Sinais de inflamação como dor, edema e calor se presentes sugerem quadro reumatológico ou infeccioso. Já na ausência desses sinais, pensar em quadro ortopédico ou neoplásico. • Paciente vem com queixa de dor no membro, mas deve ser examinado como um todo. → Estado geral: disposição e aspecto (déficit motor e movimentação) → Pele/mucosas: palidez, petéquias, úlceras, exantemas, inflamação. → Ausculta: torácica e abdominal → Músculos: trofismo, força e dor à movimento → SER: adenopatias, hepatoesplenomegalia • Fatores preocupantes: quadro agudo ou sub- agudo, envolvimento sistêmico, dor persistente sem fator desencadeante, adinamia, perda de apetite/emagrecimento. • Incidência das neoplasias segundo a idade que podem se manifestar com dor óssea: → Abaixo de 5 anos: 36% leucemia e em 7% neuroblastoma → Dos 5 aos 9 anos: 31% leucemia, 3% tumores ósseos e 3% neuroblastomas → Dos 10 aos 14 anos: 18% leucemia e em 11% tumores ósseos → Dos 15 aos 19 anos: 12% leucemias e em 7% tumores ósseos • Leucemia mais comum é a linfóide aguda que corresponde a 75% dos casos entre 2 e 6 anos. Tem quadro clínico de instalação subaguda com anorexia, irritabilidade, apatia. Em 60% dos casos com LLA apresentam adenomegalia ou hepatoesplenomegalia, 50% anemia ou púrpura 50% febre e 25-40% podem apresentar dor óssea ou artralgia → Dor óssea e artralgia: contínuas, noturna e de instalação sub-aguda. • Diagnóstico de leucemia é através do exame de hemograma – 25% apresentam Hb abaixo de 6, 25% apresentam plaquetas acima de 100 mil, 50% apresentam leucocitose acima de 10 mil, sendo que só 20% apresentam leucocitose superior a 50 mil. → Presença de blastos no esfregaço de sangue dá o diagnóstico de leucemia. → Se 2 séries diminuídas, realizar exame de MO. • Na suspeita, realizar desidrogenase lática, pois se estiver 2x aumentado em relação ao valor de referência sugere presença de leucemia. Ácido úrico aumentado também é sugestivo.• Neuroblastoma é o tumor sólido extracraniano mais comum, localizado na adrenal (40%) ou na goteira paravertebral. Maior incidência é abaixo dos 2 anos, sendo que 90% dos casos ocorrem antes dos 5 anos de idade. Quadro clínico pode ser assintomático ou apresentar febre, dor abdominal ou dor óssea. Também pode se manifestar com tumoração em pescoço, tórax e abdomen. → Dor óssea nas crianças pequenas pode ser identificada pela recusa a andar. • É um tumor ativo, secreta catecolaminas que elevam FC e PA do paciente – na suspeita pedir dosagem de vanil madéclico ou homovanílico. • Ao diagnóstico, 60-70% desses tumores já tem metástase, especialmente óssea. • Tumores ósseos malignos mais importantes são o osteossarcoma, que acomete ossos longos, e o 8 de Ewing, que acomete ossos longos e chatos – ambos tem preferência pelo sexo masculino → Osteossarcoma: cerca de 16 anos → Ewing: acima de 5 anos • Quadro clínico é de dor óssea com instalação lenta (semanas a meses), progressiva, constante, em local definido, edema e massa local • Diagnóstico é feito por exames de imagem e depois biópsia. Exames laboratoriais tem uso limitado, sendo que fosfatase alcalina pode estar aumentada. • Diferenciação de tumores na imagem: → Benignas – bordas escleróticas ou muito bem definidas, há limite entre osso normal e osso alterado, sem acometimento cortical, sem reação periosteal, sem acometimento de tecidos moles. → Malignas – limites mal definidos, acomete cortical, reação periosteal e acometimento de tecidos moles. • Tumor ósseo “benigno” mais importante é o osteoma osteóide, cursa com qudro de dor insidiosa, localizada (ossos longos), intermitente, “noturna”. Acomete crianças acima dos 10 anos, principalmente do sexo masculino. → Uso de antiinflamatório não hormonal como AAS tem grande efeito sobre a dor em cerca de 30 minutos. → Raio X: NIDUS – lesão típica • Maior incidência (80%) é em crianças abaixo dos 5 anos de idade – se presente pensar em fatores de comprometimento da imunidade. • Instalação é aguda, com dor a dias, localizada, unifocal, com intensidade crescente. → Pode “diminuir” com analgésicos AINH ou antibióticos • Manifestação de inflamação local depende da quantidade de tecido adjacente ao redor do osso. • Paciente tem sinais sistêmicos como febre, adinamia e irritabillidade. • Na anamnese, buscar algum evento de quebra na contiguidade (fratura) ou infecção recente (hematogênica – mais comum). • Paciente com dor óssea localizada e febre tem osteomielite aguda até que se prove o contrário. • Manifestações clínicas ao diagnóstico: 94% dor, 90 % impotêncial funcional, 72% febre, 58% edema, 48% calor e 44% rubor. • Qualquer osso pode sofrer com osteomielite, mas é mais comum na metáfise de ossos longos onde fica a placa de crescimento – distal do fêmur ou proximal da tíbia. • Raio X não confirma nas 2 semanas iniciais, pois alteração preoce é levantamento periostial. É importante para excluir fraturas e tumores. • No hemograma, há leucocitose e neutrofilia. • Provas inflamatórias (VHS e PCR) aumentadas. • Exames de imagem → US: guiar punção diagnóstica em local mais inflamado próximo ao osso → Cintilografia: captação aumentada → RNM: é o melhor para a visualização do osso e processo inflamatório. • Instalação aguda e precisa, dor localizada em criança previamente hígida. • Com relato é fácil de ser diagnosticado, pode ser não referido (criança esconde), não valorizado ou omitido (maus tratos) • Realizar raio X em 2 posições • Geralmente acometem membros inferiores, de início não bem definido, instalação lenta, longa evolução, piora com atividade e melhora com repouso – não há sinais sistêmicos • Síndrome patelo-femoral é uma causa comum que acomete mais adolescentes mulheres e está relacionada com excesso ou falta de atividade física. Alguns fatores que podem predispor são frouxidão ligamentar, obesidade e alterações anatômicas dos MMI. Queixa é de dor intermitente ao levantar quando sentado, ao subir/ descer escadas e agachar doloroso. → Dor ao levantar quando sentado é diferente da rigidez matinal – menor tempo → Agachamento doloroso tem sensibilidade de 91% e especificidade de 50% • Hipermobilidade ligamentar é caracterizada como articulações que se movem além da faixa normal de movimentos. As crianças possuem articulações com uma maior amplitude de movimento, com redução gradual ao longo do tempo. É mais comum em meninas em asiáticos. • Maioria das crianças é assintomática, mas algumas tem sintomas secundários a essa hipermobilidade. Prevalência de dor nessas crianças é de 30-55% que geralmente ocorre durante ou após atividades e melhora com o repouso. 9 → Também pode ser associada com luxação ou entorse articular, dor nas costas e dor anterior no joelho. • Não existe score validado para crianças, mas score de Beighton é muito usado – cotovelos, se polegar encosta na face ventral do antebraço, se dedos em hiperextensão conseguem ficar paralelos ao braço, genu recurvatum e palma da mão no chão com joelhos esticados. → Score acima de 4, hipermobilidade articular → Teste de deslizamento patelar se dor nesse local • Diagnóstico diferencial da hipermobilidade: → Doenças hereditárias do tecido conjuntivo: sd de Marfan, sd de Ehlers-Danlos e OI → Artrite idiopática juvenil → Síndromes de dor: fibromialgia, idiopática difusa e idiopática localizada → Malignidade: leucemia, sarcoma de Ewing e osteossarcoma • No manejo, é importante que criança e família sejam orientadas que sintomas melhoram com o tempo. Família deve perceber que estalos, cliques ou dor contínua nas articulações não significam danos, mas que pequenas lesões são consequências da frouxidão ligamentar. Deve ser enfatizado que tais lesões são autolimitadas e podem ser tratados com fisioterapia. • Em indivíduos longilíneos, com envergadura maior que estatura e aracnodactilia pensar na síndrome de Marfan. Também associada com escoliose, sifose, dilatação aórtica e ectopia do cristalino. • Pensar em Ehlers-Danlos na presença de hipermobilidade exrema, elasticidade cutânea e sinais de fragilidade tecidual (petéquias, equimoses e sangramentos). • Dor na coxofemoral pode ser irradiada para face anteromedial da coxa até joelho. Alguns podem referir dor somente no joelho. Tem um início insidioso, sem sinais inflamatórios ou sistêmicos, tem característica mecânica, dificulta/impede atividade e tem piora à rotação interna. Pensar em Legg-Calvé-Perthes ou epifisiolistese. • Necrose avascular da cabeça do fêmur pode ocorrer por trauma, êmbolos, trombose, vasculite, corticoterapia ou idiopática (doença de Legg-Calvé-Perthes). • Legg-Calvé-Perthes acomete meninos ao redor dos 7 anos. Em 80% dos casos é unilateral com dor e claudicação. Exames laboratoriais normais. Raio X leva a diagnóstico tardio, sendo melhor RNM para detectar precocemente. • Epifisiolistese tem quadro clínico com dor mecânica unilateral, claudicação e de instalação lenta. Acomete adolescentes obesos ou com comorbidades, como renal, hipotireoidismo, hipogonadismo ou hipopituitarismo. Exames laboratoriais são normais. Raio X é suficiente para diagnóstico – é traçada uma linha entre colo do fêmur e linha de crescimento. • Sinovite transiente tem uma etiologia não bem estabelecida, mas acredita-se que tenha origem infecciosa. Não é uma pioartrite, mas sim uma reação imunológica. Acomete principalmente meninos entre 3-8 anos. Tem instalação aguda unilateral com dor e claudicação. Criança em bom aspecto clínico, sem sinais sistêmicos e não há bloqueio articular. Hemograma sem desvio à esquerda e provas inflamatórias estão pouco aumentadas ou normais. Ultrassom colabora. → Tratamento é conservador com analgésicos, deve ter resolução em 7 dias. • Osteocondrite ou doença de Osgood-Schlatter ocorre na puberdade, principalmente nosmeninos. É insidiosa, de caráter mecânico, sem manifestação sistêmica, uni ou bilateral, com piora ao subir escadas e agachar. É encontrado dor à palpação, calor e edema na tuberosidade anterior da tíbia. Exames laboratoriais normais. Raio X de perfil e RNM auxiliam na visualização do processo inflamatório. → Diagnóstico pela palpação dolorosa da tuberosidade anterior da tíbia. → Tratamento através do repouso. 10 • Ficar atento em quadros de queixa grave com exame físco e exames complementares normais → Desproporção subjetivo/objetivo sem lógica deve levantar suspeita de quadro psicológico • !! Esse é um diagnóstico de exclusão !! • Pacientes entre 2-10 anos de idade, com queixa de dor preferencialmente MMII, não articular, não define bem o local, sem desencadeante com intensidadade variável, frequência variável de 1x/mês-1-2x/semana, pode acordar a criança, longa evolução, em criança saudável com as atividades da vida diária normais. → Não é uma dor contínua, acorda no outro dia e brinca tranquilamente. • Criança clinicamente bem, exame físico normal, eutrófica, sem alterações no EF, sem qualquer alteração nos exames laboratoriais ou imagem. • Crescer não dói, então é cientificamente errado, mas é aceito • Também é um diagnóstico de exclusão. • Diagnóstico diferencial: síndrome das pernas inquietas (raro) • Tratamento é orientação à família sobre quadro benigno, bolsa de água quente e massagem. • Complicação tardia por resposta imunológica de reação cruzada não auto-imune em um indivíduo geneticamente predisposto (3%). → Consequência de faringite por streptococco do grupo B não ou mal tratada • Manifesta-se nas articulações, no coração e SNC. • Diagnóstico através de critérios de Jones → Critérios maiores: cardite, coréia, poliartralgia ou monoartrite, eritema marginado, nódulos subcutâneos → Critérios menores: monoartralgia, aumento do intervalo PR, PCR elevado, febre acima de 38°C e VHS acima de 30mm → 1º surto – 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores → Recidiva – 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores ou 3 menores → Também é necessário evidência de infecção streptocóccica recente – escarlatina recente, ASLO (pico na 5ª semana após infecção – acima de 640 é sugestivo), cultura • População com 2 ou mais casos a cada 100.000 habitantes entre 5-14 anos é considerada de alto risco para febre reumática – Brasil é de alto risco • Acometimento articular é de instalação aguda, sendo o clássico uma poliartrite migratória, com dor importante, duração de até 7 dias, com uma preferência por grandes articulações e em MMII que desaparece sem deixar sequelas. 11 • Doenças alérgicas podem ser mistas, mediadas ou não por IgE. → Doenças atópicas mediadas por IgE: asma, rinite e eczema atópico → Doenças alérgicas não mediadas por IgE e mistas: asma/rinite/eczema não atópicos, conjuntivites, alergia alimentar, alergia ao látex, alergia às drogas, alergia à picada de inseto e anafilaxia • Diagnóstico de doenças alérgicas é feito através de história e exame físico. Em caso de provável alergia, IgE e prick patch positivo sugere a uma alergia IgE mediada. Já em caso de possível alergia, IgE e patch negativo sugerem alergia não mediada por IgE. • Marcha atópica tem início com eczema, alergias alimentares, asma e rinite. • Habitualmente, sensibilização alérgica resulta da exposição cutânea e a tolerância resulta da exposição oral ao alimento → Sensibilização: substância → célula dendrítica → células T específicas → Th2 → Células B → IgE específico → mastócitos • Crianças que geram IgE com ligação a epítopos conformacionais desenvolvem provável alergia transitória, já epítopos sequenciais desenvolvem alergia persistente. • Alergia à drogas é mais comum entre 0 e 4 anos, o padrão-ouro é através de teste de provocação com a droga. Mecanismos fisiopatológicos: → Tipo 1: Anafilática – mediada IgE – urticária e anafilaxia aguda. → Tipo 2: Citólise por complemento (IgG/IgM), nefrite intersticial, trombocitopenia – anemia hemolítica → Tipo 3: lesão por imunocomplexos, vasculites e rashes – ex: doenças séricas → Tipo 4: hipersensitividade mediada por célula, rash morbiliforme – ex: dermatite de contato • Na presença de história compatível com reação IgE mediada a beta-lactâmicos realizar testes para IgE específica para penicilina, amoxicilina e ampicilina. Se positivo, criança é alérgica. → Caso negativo, realizar teste de puntura com penicilina G 10.000 UI/mL, amoxicilina (20 mg/mL) ou droga suspeita (cefalosporina 25 mg/mL). Caso negativo, realizar um teste intradérmico com as mesmas drogas. Caso negativo, realizar teste de provocação com a droga suspeita. • Alergia alimentar é a quebra/perda da tolerância oral para proteínas alimentares. Manifestações clínicas: → Mediadas por IgE tem início rápido, de 10-20 minutos até 2 horas após exposição: urticária, broncoespasmo, angioedema, rinite, diarréia, anafilaxia e síndrome de alergia oral → Não mediadas por IgE tem início tardio: protite, dermatite atópica, doença pulmonar crônica, constipação, enterocolite, proctolite, esofagite eosinofílica, DRGE, dermatite de contato, gastroenteropatia eosinofília e falha de crescimento. → Mista: alergia ao leite de vaca, esofagite e gastroenterite eosinofílica. • 85% das alergias alimentares documentadas em crianças e adolescentes são por leite de vaca, ovo e amendoim. Dessas, 40% das crianças tem dermatite atópica e 6% asma. → Marcha alérgica alimentar tem fenômeno análogo a marcha atópica. • O teste de diagnóstico padrão-ouro é o teste de provocação duplo cego placebo controlado. Já na roina são usados Prick Teste, sIgE alérgeno específico e teste de ativação do basófilo. • Alergia alimentar associada ao pólen por reação cruzada – Bet v1 compartilha epitopos com cerejas, maçã, pera, salsão e cenoura no teste prick to prick. 12 → 70% dos alérgicos ao pólen das betuláceas fazem reação adversa com frutas vermelhas devido à reação cruzada. • O Prick Test é feito com inoculação do antígeno, para medir e interpretar resultados – delinear a pápula com caneta, recobrir com fita adesiva e transferir para papel. → Histamina controle positivo – medir em 8 minutos – diâmetro maior ou igual 3 mm. → Solução salina controle negativo – medir em 15 minutos – diâmetro menor que 3mm e eritema menor que 10mm • Para alergias alimentares não mediadas por IgE não existe teste de sensibilização padronizado disponível. O patch test pode sensibilizar e é limitado pela falta de reagentes e métodos de interpretação dos resultados. Podem ser usados teste de provocação oral DCPC, biópsia, colono e endoscopia. • Patch tem pouco impacto na prática clínica, mesmo nas crianças com reação clínica de fase tardia – falta padrão uniforme para patch → Na dermatite atópica, há muito falso positivo. • Teste para diagnóstico de alergia alimentar mista tem como padrão-ouro o teste oral de provocação duplo cego placebo controlado. O exame prick test é de rotina, com alérgenos naturais e recombinantes. Também são usados teste de ativação do basófilo, dosar soro IgE alérgeno específico e microarray. • Nível de IgE para alérgeno específico, a partir de 3,5-17,49 KU/L tem alta chance. • É uma doença inflamatória crõnica da pele que conta com defeitos na barreira epidérmica – aumento da atividade da peptidase, falta de inibidores de proteases, anormalidades lipídicas, mutação no gene da filagrina, diferenciação e compactação anormal de queratinócitos – e defeitos do sistema imune inato e adaptativo. • Início em 45% nos primeiros 6 meses de vida, 60% até 1 ano e 85% antes dos 5 anos. • Staphylococcus aureus colonizam 90% dos pacientes e S. aureus resistentes às penicilinas em 16% dos pacientes – podem infeccionar as lesões atópicas. • Infecções na dermatite atópica podem ser causadas por vírus (Molluscumcontagiosu ou eczema herpeticum) e fungos (Candida spp. ou Malassessia furfurans). → Na dermatite atópica é frequente a infecção por S. aureus e Candida. • Há maior frequência de S. aureus expressando enterotoxinas, adesinas, PVL, produção biofilme e resistência às penicilinas. A cavidade nasal é uma fonte de colonização. Para descolonizar, usar mupirocina nasal e lavar com clorexidina 4% quando termina episódio agudo. → Deve ser realizado exame microbiológico da pele e do nariz do paciente e dos membros da família. • Tratamento da dermatite atópica → Prurido: hidroxizina, cetirizina, loratadine e fexofenadina → Xerose: roupas, banho rápido, uso de óleo de girassol ou emoliente, cold cream e vaselina. → Inflamação: hidrocortisona 0,5-1% por 5 dias, pimecrolimus 0,1% 2x/dia por 12 meses. → Infecção: usar estearato eritromicina e a cefalosporina → Não medicamentoso: higiene do ambiente de inalantes e alimentos, profilaxia primária – leite materno exclusivo até 6 meses, dietas de restrição materna na lactação, a partir de 4-5 meses inserir na alimentação algumas frutas e papinhas, probióticos hidrolisados • Sensação do prurido atópico é mediada pelo interjogo entre as cascatas imunológicas, a disfunção de barreira epidérmica e ativação de estruturas no SNC. • Antihistamínicos de 2ª geração não eliminam o prurido crônico. • Modulação da função imune → Receptor H4 presente nas células do SI é um novo potencial para antagonistas do HR4 → Possível sinergia entre receptores H1 e H4 em várias condições inflamatórias • Para tratar a xerose é necessário hidratação e emolientes, glicerina em concentração de até 20% tem propriedade umectante e emoliente, possível usar cold cream, óleo mineral, banhos com amido para aplicar na pele úmida várias vezes ao dia e alfa hidroxi-ácidos. → Hábitos comportamentais: banhos rápidos e sem fricção, lavado sem detergente ou amaciante, vestuário leve e folgado de algodão, higienizar e cortar unhas. 13 • Doença inflamatória crônica mais comum da infância. Segundo a OMS, 4-12% da população mundial sofre de asma. → Não há explicação definitiva para aumento da prevalência de asma. • No lactente e pré-escolar, há aeroalérgenos, vírus e algumas bactérias como desencadeante de asma. Já no escolar e adolescente, em que predominam aeroalérgenos. • Atualmente é classificada em asma controlada, não controlada e parcialmente controlada. • Existe uma série de fenótipos da asma, com a heterogeneidade, variabilidade e influência de múltiplos fatores – tosse variante de asma, asma noturna, asma perene, asma em iceberg, asma induzida por exercício, asma fatal, .asma resistente ao corticoide • Na asma, há infiltrado intersticial, bronquíolo, reticulina, espessamento dos septos (alveolite) • Critérios maiores para atopia em lactentes: 1. Quatro ou mais episódios de asma 2. Sensibilização >= 1 aeroalérgeno 3. Dermatite atópica 4. História familiar de asma • Critérios menores de atopia em lactentes 1. Rinorreia na ausência de resfriado 2. Sibilância na ausência de infecção 3. Eosinofilia >= 4% 4. Sensibilização ao leite de vaca, ovo e amendoim • Atualmente, existem algumas novas estratégias de tratamento como uso de anti-IgE, uso de adjuvantes microbianos (inibem reatividade Th2), imunoterapia com alérgenos e inibidores de citocinas e quimiocinas. • 18% população européia sofre de rinite alérgica, já nos USA acomete 10-30% dos adultos e em 40% das crianças. • Histamina e sintomas nasais → H1: prurido e espirros (terminações nervos sensoriais), edema e obstrução (aumento da permeabilidade vascular) e rinorreia → H2: potencializa edema e rinorréia → H3: pode produzir congestão nasal → H4: aumenta a fase tardia da resposta inflamatória ao alérgeno. • Recomendações da medicação • Pode estar associada a outras comorbidades como asma, dermatite atópica, rinossinusite crônica com ou sem pólipo, rinoconjuntivite, otite média secretora, redução da concentração diurna e qualidade do sono. • Tratamento • Nos USA é a doença ocular mais comum, afeta de 10 a 20% da população. Há uma inflamação bilateral da pálpebra e conjuntiva. → Associada a rinite, asma ou dermatite atópica • Sinais e sintomas: prurido, vermelhidão, dor ocular significa visão comprometida e córnea envolvida, fotofobia – sempre encaminhar ao oftalmologista. • Classificação clínica e fisiopatológica: alérgica sazonal, alérgica perenial, ceratoconjuntivite vernal, ceratoconjuntivite atópica, blefaro de contato • Conjuntivite alérgica leve tem quimose na conjuntiva bulbar. • Conjuntivite alérgica sazonal e perenial há uma hiperemia conjuntival leve e queimose moderada. • Ceratoconjuntivite atópica tem hiperemia, edema de pálpebra e scaling. • No manejo inicial combinar de evitar o alérgeno e parar de esfregar. Uso de antihistamínico tópico, estabilizador de mastócito ou AINE de forma ocasional → Interromper antihistamínico de 1ª geração • Nos casos leves sem evidência de envolvimento da córnea combinar antihistamínico tópico e 14 estabilizador de mastócitos de forma bem efetiva. Sempre encaminhar ao oftalmologista para uso de antiinflamatório tópico esteroide ou não esteróide, na queixa de comprometimento visual, dor ou envolvimento da córnea. • Antihistamínico tópico tem ação mais rápida e é melhor tolerado que o oral – não causa efeitos sistêmicos, nem contribuem para olho seco. Reduz significativamente os sinais e sintomas da conjutivite alérgica por afetar a resposta da fase imediata. → Contraindicado se risco de glaucoma • 1ª geração: terfenadina, clorofenidramina, difenidramina e hidroxizina. • 2ª geração: loratadina, cetirizina, ebastina, fexofenadina, desloratadina, rupatadina e bilastine. • Efeitos adversos de antihistamínicos 1ª geração → Receptor H1: sedação, aumento do apetite, redução de neurotransmissores do SNC, redução da performance neuropsicomotora e cognitiva. → Receptor muscarínico: xerostomia, retenção urinária, taquicardia sinusal → Receptor alfa-adrenérgico: hipotensão, tontura, taquicardia reflexa → Receptor serotoninérgico: aumento apetite • No geral, são indicados para doenças alérigicas – rinites, conjutivites, dermatoses, dermatite atópica, dermatite de contato, urticária aguda, urticária crônica idiopática, hipersensibilidade à drogas e reações leves à transfusão. 15 • Causa de infecções recorrentes: → 50% - imaturidade do sistema imunológico, associada ou não à vulnerabilidade → 30% - atopia → 10% - patologias anatômicas e sds. aspirativas do sistema de clearance mucociliar → 10% - imunodeficiência primária e secundária • Sistema imunológico tem como órgãos centrais timo e medula óssea. Já os órgãos periféricos são tecido linfóide associado às mucosas, linfonodos e baço. • Tabagismo, drogadição, poluentes e infecções são fatores que influenciam sistema imune na gestação. • Linfócitos totais e subpopulações na criança normal variam com a idade. Hemograma do RN maior que 2.500 mm3 de linfócitos totais. Os valores de TCD4+ totais variam com idade: → RN > 1.500/mm3 → Entre 1 e 5 anos > 1.000/mm3 → Maior que 5 anos > 500/mm3 • Sinais que predispõe a imaturidade do SI são a prematuridade a ausência de aleitamento materno. → IgA passa pelo leite, IgG é transplacentrário. • Fatores ambientais de risco para infecção de repetição são frequentar creche, possuir irmãos mais velhos, exposição à fumaça de cigarro, exposição à poluição atmosférica, habitação com muitas pessoas, desmame precoce, baixo nível socioeconômico e anemia. • Com implementação das vacinas Hib 1999 e pneumo 10 houve diminuição da mortalidade abaixo dos 5 anos por pneumonia, meningite ou doença invasiva. • 30% das crianças com infecções recorrentes são atópicas – asma, rinite ou dermatite atópica. → Exame físico de atopia: olheiras, sulco nasal, rinite e dermatite •Atopia aumenta risco de rinossinusites e otites médias – aumenta aderência patógenos. Tem um predomínio de etiologia viral com duração de 8 dias até 2 semanas. Nos intervalos das infecções há boa recuperação e sem resposta a antimicrobianos. → Frequentar creche e DRGE aumentam risco para otites. → IVAS podem desencadear tosse e sibilância, levando a erros diagnósticos de pneumonias ou traqueobronquites bacterianas. • Anomalias anatômicas: fissura palatina ou labial, fístula traqueoesofágica, sequestro pulmonar (80% lobos inferiores pulmão E), hipoplasia pulmonar, malformações adenomatóides císticas (massa pulmonar confinada a um lobo), cisto broncopulmonar, anel vascular, enfisema lobar congênito e doença cardiovascular • Síndromes aspirativas: corpo estranho, fenda laringotraqueal, incoordenação à deglutição, incoordenação à deglutição, DRGE e fístula traqueoesofágica • Doenças metabólicas hereditárias: deficiência de alfa1 anti-tripsina e fibrose cística. • Anormalidade de clearance mucociliar: displasia broncopulmonar, discinesia ciliar, fibrose cística, traqueo/broncomalácia, poluentes e exposição à partículas orgânicas, ventilação mecânica, prematuridade, bronquiectasia, atelectasia e bronquiolite obliterante. • Desnutrição, hipovitaminose A, infecção por HIV AIDS, diabetes mellitus, nefropatias, neoplasias, enteropatia perdedora de proteínas, anemia falciforme, esplenectomia, antiinflamatórios, imunossupressores, quimioterápico, corticoides, imunobiológicos e doenças auto-imunes • Prevalência de 1:2.000 NV, predominando no sexo masculino e em populações em que os casamentos cosanguíneos são comuns. → No Brasil, 1 a cada 1.200 pessoas da população geral apresentam um IDP • As imunodeficiências primárias (IDP) são um grupo de doenças congênitas heterogêneas, caracterizadas por disfunção de um ou mais componentes do SI, ocasionando infecções recorrentes. • Infecções geralmente se apresentam com maior gravidade e duração; muitas vezes estão associadas a baixo ganho ponderoestatural; são causadas por microorganismos oportunistas, de baixa virulência, por cepas vacinais ou mesmo germes habituais, mas com complicações 16 incomuns, têm pobre resposta à terapêutica habitual. • Diagnóstico e tramento precoce melhoram o prognóstico. • Compreendem cerca de 200 doenças com base genética bem definida, sendo a maioria monogênica, de caráter congênito e hereditário. • Prevalência: 1:1.000-5.000 tem até erros inatos da imunidade – doenças monogênicas • 10 Sinais de Alerta para IDP na criança: → Duas ou mais pneumonias no último ano → Quatro ou mais otites no último ano → Estomatites de repetição ou monilíase por mais de 2 meses. → Abscessos de repetição ou ectima → Um episódio de infecção sistêmica grave – miningite, osteoartrite, septicemia → Infecções intestinais de repetição ou diarreia crônica → Asma grave, doença do colágeno ou doença autoimune. → Efeito adverso à BCG e/ou infecção por uma micobactéria → Fenótipo clínico sugestivo de sd. associada à imunodeficiência → História familiar de imunodeficiência • Antecedentes pessoais: candidíase oral após os 6 meses, rinite, dermatite, asma, intolerância alimentar, diarréia, tosse crônica, falhas ou eventos adversos à imunização, citopenias no hemograma, trasnfusões no período neonatal → História familiar: óbito, consanguinidade e atopia. • No 1º ano de vida, infecções de repetição podem ainda não estar presentes. Assim, propuseram 12 Sinais de Alerta no 1º ano de vida 1. Infecções fúngicas, bacterianas e/ou virais persistentes ou graves 2. Reações adversas a vacinas vivas – BCG 3. DM persistente ou outra doença autoimune e/ou inflamatória 4. Quadro sepse-símile, febril sem identificação de agente infeccioso 5. Lesões cutâneas extensas 6. Diarréia persistente 7. Cardiopatia congênita 8. Atraso na queda do coto umbilical (>30 d) 9. História familiar de imunodeficiência ou de óbitos precoces por infecção 10. Linfocitopenia, ou outra citopenia, ou uma leucocitose persistente sem infecção 11. Hipocalcemia com ou sem convulsão 12. Ausência de imagem tímica ao RX de tórax • Dependendo do componente do sistema imunológico primariamente envolvido, cada IDP tem características clínicas peculiares, inclusive tipos de microorganismos envolvidos. Pode ser classificadas em 9 grandes grupos: (1) imunodeficiências combinadas, (2) outras sds., (3) doenças de desregulação imunológica, (4) deficiências predomiantemente de anticorpos, (5) defeitos congênitos de fagócitos, (6) defeitos de imunidade inata, (7) deficiências sistema complemento, (8) síndromes auto-inflamatórios e (9) fenocópias de IDP – adquiridas → Algumas dessas doenças são bastante raras, à exceção das IDP predominantemente de anticorpos, que correspondem a cerca de 50% dos casos • Os defeitos predominantemente de anticorpos tem uma suscetibilidade aumentada para as infecções do trato respiratório por bactérias extracelulares capsuladas como S. pneumoniae, infecções gastrointestinais por enterovírus, artrite séptica por Mycoplasma sp. • Os defeitos da imunidade celular (células T) tem predisposição para infecções graves causadas por patógenos intracelulares micobactérias e germes oportunistas. Comorbidades podem estar associadas a um rash neonatal, diarreia persistente e falência de crescimento. • Defeitos de fagócitos tem suscetibilidade para infecções recorrentes graves causadas por S. aureus acometendo pele, trato respiratório e sistema reticuloendotelial – neutrófilos menor que 500 mm3 → Infecções recorrentes por S. aureus de curso prolongado e complicações inesperadas, podendo afetar pele, pulmões, linfonodos, figado, ossos, TGI, rim e cérebro. → Retardo na queda do coto umbilical e grau de dificuldade de cicatrização • Os defeitos de complemento podem estar associados a quadros autoimunes e infecções por bactérias capsuladas. Predispõe às infecções graves causadas por Neisseria sp. como as meningites, artrites, uretrites e quadros sépticos → N. menigitidis de repetição e C3 indetectável pensar em imunodeficiência tipo defeito de complemento – pode aparecer em qualquer idade. • Agamaglobulinemia é ligada ao X e é do tipo imunodeficiência humoral – IgA e IgE baixos • Infecções oportunistas: → Pele: S. aureus, Myxovírus, EBV, fungos 17 • No RN há retardo da queda do coto umbilical e as infecções, mesmo graves, tem poucos sinais inflamatórios. • Imunodeficiências combinadas graves são uma emergência nos primeiros 2 meses de vida. (DIAGNoSTICOS) • Para investigação da criança com suspeita de IDP, uma história médica detalhada e exame físico completo são de suma importância. • Quanto história, é importante questionar sobre idade de início, número, tipo, localização e a duração das infecções; complicações; resposta ao tratamento habitual e internações. Dados sobre crescimento ponderoestatural, reações vacinais graves, idade queda do coto umbilical, convulsões e/ou complicações neonatais, uso de medicações imunossupressoras e comorbidade (inflamatória, autoimune ou atópica) • Como muitas mutações causadoras de IDP são hereditárias, importante atentar-se para uma história familiar de IDP, consanguinidade na família ou abortos espontâneos. • Agamaglobulinemia: ausência de linfonodos e tonsilas. • Sd. ataxia-telangiectasia: ataxia e telangiectasias • Sd. de Chediak-Higashi: albinismo parcial ocular e de cabelos. • Sd. de WIskott-Aldrich: hemorragias e petéquias decorrentes de plaquetopenia associadas a eczema. • Síndrome de DiGeorge: dismorfismos faciais, cardiopatias congênitas conotruncais e certos distúrbios eletrolíticos como a hipocalcemia e hipomanesemia – possui uma série de fenótipos – hipoplasia do timo, cardiopatia congênita, leve hipertelorismo, palato alto, nariz tubular, dedos afilados e alongados. • A partir do momento em que se levantaa hipótese de IDP, triagem laboratorial inicial está indicada. Inicia-se, geralmente, com exames mais simples, de baixo custo e disponibilidade ampla. Proposta de triagem: → Hemograma completo: evidencia alterações celulares (ex: citopenias ou leucocitose), alterações específcas com microplaquetas ou granulações citoplasmáticas. → Dosagem de imunoglobulinas (IgG, IgA, IgM e IgE) ou eletroforese de proteínas → RX de tórax: avalia presença ou ausência de sombra tímica → RX de cavum: avalia presença ou ausência de tonsilas faríngeas → Testes cutâneos de hipersensibilidade tardia → Teste de redução nitro blue tetrazolium NBT: avalia a função oxidativa dos fagócitos → Complemento hemolítico total (CH50): avalia função da via clássica do complemento. → Sorologia anti-HIV – detectar AIDS (tratamento) • Diagnóstico precoce e instituição imediata de tratamento adequado são as chaves para a sobrevivência e melhor qualidade de vida das crianças afetadas. • Tratamento é complexo e envolve medidas gerais, de suporte e estratégias específicas e definitivas, dependendo da doença. • Idealmente, criança imunodeficiente deve ser acompanhada por equipe multidisciplinar composta por imunologista, pediatra geral, nutricionista, psicoterapeuta, etc. → Consultas a cada 6-12 meses • Um dos objetivos é prevenção contra infecções com a orientação de higiene para família • Vacinação com microorganismos atenuados são contraindicadas para pacientes com IDP grave, pois cepa vacinal pode causar infecção sistêmica grave. • Antibioticoproflaxia com antimicrobianos em pacientes com imunodeficiências humorais. • Tratamento das infecções deve ser iniciado rapidamente, mais agressivo e prolongado. 18 • Infância é a idade da vida que tem construção social (a partir da modernidade). É o período de crescimento, no ser humano, que vai desde o nascimento a puberdade (até 10 anos). • Adolescência vai da puberdade até adultice (contemporânea) – pela OMS 10-20 anos • Atitude para com a criança varia de acordo com organização das diferentes sociedades, culturas e períodos. • Papel que criança/infância tem, funciona como parte das estratégias de reprodução da própria sociedade. • Na modernidade é que ocorreram mudanças do papel social na criança. Antes as fases da vida não eram diferenciadas. Com surgimento da preocupação com número de habitantes para constituição e defesa dos pais, principalmente na Europa, há uma mudança na organização familiar. → Família torna-se nuclear em que a criança é o centro – futuro adulto. Necessidade de regrar a vida para o trabalho e conservação da vida • Conservação garantida pela Educação e da Medicina (Puericultura). • Puericultura: França – 1865. Constituiu modelo racional e depois cientifíco (com Pasteur e Puericultura) que fornecia as regras e normas para o relacionamento dos adultos com as crianças. • Modificações de papéis: infantilização da criança mito do amor materno (binômio mãe/filho), o homem/pai e a família que se tornou nuclear e privada pela individualização de seus membros, sendo acombpanhadas de modificações nos espaços – habitações fecharam-se para rua. → Polarização da vida social ficou em torno da família e da profissão • Estas novas constituições dos espaços, das famílias e sociedadades iniciaram-se no século 18, solidificaram-se no 19 e mantêm-se os conceitos no 20 e 21. • A partir do século 19, serviços de saúde passaram a ter o papel de garantir a reprodução da capacidade do trabalho. → Para a criança: primeiro através da higiene, depois da Puericultura e depois a Saúde Materno-Infantil. • Na atualidade constituição de família enfrenta novas situações como o trabalho da mulher fora do lar, novos formatos e famílias desintegradas com pais separados ou não. • Nas últimas décadas a criança e adolescente também foram descobertos como filões consumidores em diferentes aspectos. • Políticas e práticas sanitárias no Brasil antes do SUS: Saúde – associada à erradicação de doença. • “Início” da saúde pública em 1808 com a vinda da família real e a abertura dos portos. • Em 1830, Rio de Janeiro e Bahia – Vacina contra a varíola, abastecimento de água, destino de lixo e sepultamento de cadáveres → Teoria saúde-doença: transmissibilidade da doença por “miasma” → Práticas: controle do meio físico/ambiente • Primeiros “serviços” de saúde no Brasil foram as casas de misericória e Santas Casas – origem dos hospitais após descoberta da antissepsia e da anestesia. • No início República, teoria do processo saúde- doença envolve a bacteriologia e a engenharia sanitária – microorganismo e meio ambiente. → Controle de endemias e saneamento (centro portuário, economia cafeeira e imigração) → 1894: 1º Código Sanitário Estadual • Cuidado da criança até início do século XX é basicamente filantrópico por instituições de assistência e proteção à infância. → Para as crianças pobres, abandonadas e/ou doentes existiam as casas dos expostos ou enjeitados (Rodas) – origem dos “orfanatos” • Nas 2 primeiras décadas do século XX aumentou interesse pela criança – creches, materniades, jardins de infância. → 1ª República – leis de proteção ao trabalho de menores e mulheres • 1920 – Teoria do processo saúde-doença: agente etiológico/ meio ambiente/ hospedeiro com ênfase no homem e educação sanitária → Perspectiva médico-sanitária (Carlos Chagas) e aparecimento de rede ambulatorial e única com atendimento individual e educação para a saúde • 1923 – Departamento Nacional de Saúde Pública que aborda o saneamento rural e urbano, 19 propaganda sanitária, higiene, fiscalização e supervisão, saúde dos portos. • 1923 – Lei Eloy-Chaves marca início Previdência Social no Brasil com Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) – pago pela empresa, sendo responsável pela aposentadoria e atendimento ao trabalhador doente. → 1930: transformadas nos IAPs separadas pela categoria profissional controlada pelo Estado • Entre as décadas 20-30, coemçam os serviços materno-infantis, com puericultura oficia – início do “programa de puericultura” até 1 ano. → Vacina, orientações de higiene e suplemento • Anos 50-60 começa descentralização, mas a saúde pública é muito restrita. IAPs com alto número de previdenciários. Altos custos com assistência médica. Medicina curativa com o hospital sendo centro da atenção à saúde. → Expansão da rede de serviços de puericultura pela preocupação com mortalidade infantil, nessa época 113/1.000 NV. • 1966: IAPs foram unificados no INPS, somente trabalhadores tem acesso – era dos convênios, ampliação dos serviços contratados • 1960-1970: teoria do processo saúde-doença da multicausalidade – história natural da doença, com ação para intervir nas fases – prevenção • Na década de 70, há reorganização da atenção à criança com Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil. → Em 1976, Programa de Atenção à Criança (PAC): reduzido (higiene, vacinação, questões de suplementação alimentar e algumas morbidades – até 2 anos) • 1975: Urgência e PS universais • Até início de 1980 temos → Atenção preventiva: CS com os programas reduzidos – criança e gestante, controle de doenças endêmicas → Atenção curativa: ambulatórios do INPS, serviços privados e convênios • 1983: Programa de Atenção Integral à Saúde (PAIS) – atendimento médico integral a toda a população, regionalização, hierarquização (CS e PS são portas de entrada do sistema), comissões de saúde. • 1984: Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC) – atenção e prevenção até os 5 anos. Proposição das ações básicas de saúde da OMS para redução da mortalidade infantil. → Intervenções/estratégias que contribuíram mais para redução da mortalidade infantil são vacinação, saneamento básico e terapia de reidratação oral (TRO) • Ações básicas de saúde da criança: estímulo ao aleitamento materno, alimentação(adequação e orientação),monitorização do crescimento e desenvolvimento, vacinação, atenção à saúde específica por grupos etários, saúde bucal e mental, controle de doenças respiratórias agudas, nutricionais e diarreicas. • 1986: Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) – “pré-SUS” – faltou distribuição financeira e autonomia local. • 1986: 8ª Conferência Mundial de Saúde marcou a importância da determinação social no processo saúde-doença colocando uma grande importância na promoção de saúde • 1988: Constituição – SUS • 1990: PAICA – plano básico de ação para a proteção da crianças (PAISC ampliada até 10 anos) e do adolescente (PROSAD)– atendimento era segmentado, programação ausente ou rígida, medicalização excessiva, não garantia o acesso com qualidade e universalização. • Final dos anos 90-2000: programas nacionais como agentes comunitários, saúde da família, combate à dengue..... → Mortalidade infantil de 48/1.000 Nv • 1999: norma de atenção humanizada do RN de baixo peso – Método Canguru • 2000: Objetivos do Milênio – reduzir em 2/3 a mortalidade infantil até 2015. • 2006: Política Nacional de Atenção Básica • 2009: Estratégia Brasileirinhos e Brasileirinhas saudáveis, a qual além de priorizar o cuidado integral à criança no nascimento e à mãe enfatiza a qualidade de vida das crianças. • 2010: Política das Redes de Atenção à Saúde • 2011: Rede Cegonha – envolve uma rede de cuidados com vistas a garantir segurança e qualidade assistencial à mulher em todo seu ciclo reprodutivo, bem como garantir à criança segurança e o cuidado integral ao nascimento, crescimento e desenvolvimento → Mortalidade infantil de 16/1.000 NV • 2015: Política Nacional Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) • 2018: mortalidade infantil de 14,4/1.000 NV • Objetivo é cuidado da criança e adolescente através de um atendimento integral (clínica ampliada) e integralidade das ações (rede) • Ações de saúde (individuais ou coletivas) tem componentes investigativos, assistenciais e educativos. 20 • Ações básicas saúde da criança (UNICEF/OMS): estímulo ao aleitamento materno, alimentação (adequação e/ou orientação),monitorização do crescimento e do desenvolvimento, vacinação, atenção à saúde específica por grupos etários, saúde bucal e mental, controle de doenças respiratórias agudas, nutricionais e diarreicas • Vigilância epidemiológica: conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual e coletiva, com finalidade de adotar e recomendar medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. • Vigilância sanitária: conjunto de ações capaz de eleiminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrente do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse de saúde. • Vigilância à saúde: é um compromisso com a proteção e defesa da qualidade de vida – prevê o risco de adoecimento • Enfoque de risco é um conjunto de estratégias que visam identificar grupos sociais com maior risco de adoecer e morrer. Após reconhecer estes grupos, possibilita o desencadeamento de intervenções que objetivam o controle e a eliminação destes riscos. Permitindo assim que os serviços analisem os problemas de sua área e definam prioridades. → Fatores protetores: recurso pessoal ou social que diminuem ou neutralizam impacto de risco – bom funcionamento familiar, apoio emocional, educação, saneamento, bom estado de nutrição, acesso a serviços de saúde, educação em saúde, rede de apoio → Fatores de risco: situações com grande probabilidade de desencadearem ou se associarem ao desencadeamento de evento indesejado – biológicas, ambientais, acesso à atenção à saúde, econômicas • Fatores de risco perinatais (gestacionais): idade materna inferior a 20 anos e maior que 35 anos, gestantes portadoras de patologias, ganho de peso deficiente na gestação, desnutrição da mãe, história reprodutiva de risco, intervalo interpartal, gemelaridade, mãe solteira ou sem companheiro fixo, desemprego do chefe da família, criança indesejada, alcoolismo ou uso de drogas na família, tabagismo materno. • Fator de risco durante evolução ou término do parto: gestante sem pré-natal ou de início tardio, pré-natal de risco, APGAR menor que 5 no 1º minuto ou menor que 7 no 5º minuto, RN com baixo peso ao nascer (<2.500g) ou insuficiente (<3.000g), prematuridade (idade gestacional inferior a 37 semanas), RN que teve alguma internação, alta hospitalar sem avaliação das condições biológicas, ambientais e familiares do RN. • Fatores de risco da comunidade e do serviço de saúde: falta de leito de parto, falta de condições hospitalars adequadas, falta de alojamento conjunto, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, ausência sistema re referência, criança classificada como de risco faltosa ou não visitada criança hospitalizada, desmame precoce (<4m), ausência de acompanhamento de crescimento e desenvolvimento, crescimento pós-natal insatisfatório (curva descendente/estacionária), residente em área de risco, vacinação atrasada ou ausente, multimortalidade em crianças • Acompanhar criança com enfoque de risco (vulnerabilidade/proteção), ações tradicionais de vigilância, vigilância nutricional, vigilância do RN de risco, vigilância dos óbitos em menores de 1 ano e causas externas (acidentes domésticos ou de trânsito – prevenção de violência) • Vigilância à saúde do adolescente: monitorizar crescimento e desenvolvimento (estadiamento puberal de Tanner), orientação alimentar, vacinação, mortalidade por causas externas, drogas, gravidez indesejada, DST e AIDS • Atendimento da criança pode ser periódico (puericultura, acompanhamento) ou eventual (urgências e emergências) → Puericultura: contribuir para que a criança e o adolescente possam desenvolver todo os seus potenciais de cresc. e desenvolvimento • Caderneta da Saúde da Criança tem informação para família e cuidadores e acompanhamento da criança: informações neonatais, curvas de crescimento (idade/peso, altura e PC), vacinas, desenvolvimento neuropsicomotor, riscos e intercorrências. → É um documento – autonomia em relação à saúde • È importante inserir criança e família dentro de todas as possibilidades dos aparelhos sociais – creches, escolas, ONGs, igrejas – territorialização do PSF favorece. → Interação com outras áreas como saúde mental, bucal, da mulher, do adulto. → Interdisciplinaridade e intersetorialidade 21 • Traça uma linha de cuidado que tem origem na saúde da mulher, de forma longitudinal até vida adulta dessa criança. • “AGENDA” - Linhas de cuidado: → Atenção humanizada e qualificada à mulher, à gestante e ao RN, triagem neonatal → Incentivo ao aleitamento materno, incentivo e qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento → Combate à desnutrição e anemias carenciais, alimentação saudável e prevenção de obesidade e sobrepeso. → Imunização, atenção às doenças prevalentes → Atenção à saúde bucal → Atenção à saúde mental → Prevenção de acidentes, violência, maus tratos e trabalho infantil → Atenção à criança portadora de deficiência • 2015 – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Crianças (PNAISC). É orientada pelos princípios do SUS como direito à vida e à saúde, prioridade absoluta da criança, acesso universal à saúde, integralidade ddo cuidado, equidade em saúde, ambiente facilitador à vida, gestão participativa, humanização da atenção → Tem 7 eixos estratégicos a fim de orientar e qualificar as ações e serviços de saúde da criança no território nacional, considerando os determinantes sociais e condicionante para garantir o direito à vida e à saúde • Rede Cegonha abrange pré-natal, nascimento e parto, puerpério e atenção à crianças, além de transporte e regulação(central regulação de leitos) • Plano Nacional pela 1ª Infância: inserção na AB e educação, atenção a família por pelo menos 2 anos, visitas domiciliares conforme família e sua vulnerabilidade, co-responsabilização pela criança e intersetorialidade • Indicadores da saúde da criança: número absoluto de óbitos infantis, taxa de mortalidade infantil, nascidos vivos com baixo peso, cobertura vacinal < 1 anos • Usar genograma e ecomapa 22 • História alimentar é retrospectiva, entrevista detalhada falando sobre lista de alimentos com frequência e periodicidade de consumo – de 3 d → Vantagens: descrição mais detalhada de aspectos qualitativos, quantitativos e ingesta habitual – menor influencia sazonal → Desvantagens: padronização difícil, falta de precisão (memória-dependente) • Recordatório de 24 hrs é retrospectivo, indivíduo reporta todo alimento, sólido e/ou líquido consumidos nas 24 horas prévias. → Vantagens: tempo de administração curto, não promove alteração na dieta habitual, menor problema com memória e não requer investigador treinado → Desvantagens: um dia pode não refletir os hábitos alimentares, dados quantitativos são pouco exatos • Registro consumo de alimentos é prospectivo, com registro do tipo e quantidade alimentos ingeridos em período pré-determinado. → Vantagens: registro feito no momento do consumo, reduz problema da memória, maior exatidão das porções ingeridas. → Desvantagens: alteração da ingestão em função do registro, omissão de informações e nível cultural. • Questionário de frequência de consumo alimentar é retrospectivo para obter infos sobre alimentos usualmente ingeridos e frequências → Vantagens: custo abaixo, aplicação rápida, identificação de indivíduos com consumo acima ou abaixo da média → Desvantagens: dificuldade de avaliar total consumo por quantificação pouco exata, perda de detalhes, problemas de memória • No século XX, houve a transição epidemiológica com mudanças nos padrões de morbidade, mortalidade e esperança média de vida. → Mudanças ambientais e de comportamento, mudanças nas medidas corporais e a transição nutricional • 1912-1996 → aumento na estatura de crianças brasileiras entre 1-12 anos, em todas as faixas etárias e em ambos os sexos → Sexo masculino: aumento de 8cm com 1 ano de vida e de 12 cm com 7 anos → Sexo feminino: aumento de 7 cm com 1 ano de vida e 16.1 cm aos 10 anos • Mudanças no padrão alimentar: aumento do consumo de ovos, leite e derivados, de carne, e de gorduras de origem vegetal → Consumo relativo de gorduras na região SE em 1988 já ultrapassava o limite máximo recomendado pela OMS. → Consumo excessivo de açúcar e insuficiente de carboidratos complexos → Mudanças como as descritas para o Brasil estiveram associadas em outros países ao aumento da obesidade e de doenças crônico degenerativas. • Tendência secular do IMC mostra um aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade para ambos os sexos e em todas as faixas etárias • Em crianças menores de 6 meses, mucosa da criança é mais permeável – macromoléculas podem gerar alergia e microorganismos uma infecção. → Incapacidade de digerir amido antes 4 meses • Aleitamento materno exclusivo até 6 meses • A partir do 6º mês, introdução lenta e gradual de outros alimentos, mantendo leite materno até 2 anos. • Após 6 meses alimentação complementar (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes) – 3x/dia aleitamento materno e 5x/dia desmamados • Alimentação complementar sem uma rigidez de horários • Alimentação complementar espessa desde o início, dada com colher. Transição de papas para dieta da família ao 1 ano. • Alimentos diferentes, cores variadas • Evitar café, açúcar, enlatados, refrigerantes, balas, guloseimas – “Danoninho e sal” → Não inserir sal na dieta antes de 1 ano • Estimular consumo diário de frutas, legumes e verduras. • Cuidados na higiene, preparo, armazenamento e conservação • Estimular doentes e convalescentes a se alimentar, com sua dieta habitual, respeitando sua aceitação. • Ferro alimentar → Heme tem alta biodisponibilidade: ligado ao heme (hemoglobina e mioglobina) – de 23 origem animal (40% do Fe disponível nestas fontes) – elevada absorção → Não-heme tem baixa biodisponibilidade de alimentos de origem vegetal (cereais, raízes e frutas), presente na forma de complexos férricos – digestão redução parcial a ferroso. • Reservas de ferro de uma criança a termo é de 4 meses, já de pré-termo 2-3 meses • Facilitadores de absorção são frutose, citrato e ácido ascórbico e aminoácidos. Já elementos que pioram absorção são cálcio, fosfatos, fibras, taninos (chá preto, verde, mate) e fitatos (aveia, farelos de trigo e arroz) • Causas mais importantes de anemia carencial são desmame precoce, fases de crescimento acelerado, ingestão deficiente de ferro heme, perdas sanguíneas ocultas, má absorção, doença celíaca e síndrome inflamatória. • Laboratório anemia – critérios da OMS → Hb < 11g/dL em maiores de 6 anos e gestantes → Hb < 12g/dL entre 6-14 anos e mulheres → Hb <13g/dL em homens adultos → Hipocromia (HbCM) abaixo da referência para idade e sexo, microcitose (VCM) abaixo da referência e RDW acima de 14% • Ferro profilático: suplementação profilática dos 3 aos 24 meses com 1 mg/kg/dia. Em regiões com prevalência de anemia superior a 40%, suplementar com 30 mg/dia entre 2-12 anos. → Pré-termo ou peso < 1.500g → 2 mg/kg/dia a partir do 30° dia → Prematuros 1.000 a 1.500g → 3 mg/kg/dia a partir do 30° dia → Abaixo de 1.000g → 4 mg/kg/dia – manter até 12 meses, depois 1 mg/kg/dia • Tratamento de anemia carencial com dose terapêutica de 3-5 mg/kg/dia por no mínimo 8 semanas. Critério para interromper tratamento de Hb maior que o mínimo definido para idade e sexo e ferritina maior que 15microg/dL • As vitaminas são micronutrientes essenciais, relacionados ao metabolismo energético de carboidratos, gorduras e minerais. → Lipossolúveis: A, D, E, K → Hidrossolúveis: C, complexo B. • Vitamina A tem origem vegetal, de carotenóides pré-vitamina A em hortaliças e frutas amarelo- alaranjadas com cozimento levando a perdas de 10-50%, e origem animal, retinol é a vitamina A pré-formada de leite integral e derivados, ostras, óleos de fígado de peixes, gema de ovo, fígado. → 10-20% dos pré-escolares tem deficiência → Vitamina A tem função de hematopoese, desenvolvimento embrionário, diferenciação celular, integridade epitelial, sistema imune, transcrição genética e função reprodutiva → Déficit de vitamina A: infecções neonatais, prematurida, comprometimento da resposta imunológica à vacinação oral ou nasal, fisiologia e plasticidade neuronal do cérebro e retardo do crescimento → Profilaxia: megadoses semestrais de 100.000 UI entre 6-11 meses ou 200.000 entre 12-59 meses – fortalecimento de alimentos • Vitamina D é resultante de irradiação UV sobre os precursores. Prevenção através de exposição direta ao sol 30 minutos/semana com criança despida ou 2 horas/semana só na cabeça e em membros. Interferências por melanina cutânea, vidros e poluição. → Profilaxia: 200 UI/dia até 18 meses • Vitamina C pode levar a escorbuto, fenômenos osteomusculares, hemorrágicos e cutâneo- mucosos e hemorrágicos. Esse é um importante coadjuvante de absorção de Fe. Pode vir de fontes vegetais, frutas, hortaliças verdes. → Necessidades diárias de lactentes é de 100 mL de suco por dia – gotas farmacêuticas em geral de 10 mg/gota • Complexo B: carência vai ocorrer em situações de desnutrição, determinando quadros como beribéri e pelagra, anemia megaloblásticas. As carências envolvem vários componentes do complexo B, sem quadro clínico associado a carências de componentes específicos (niacina, tiamina, riboflavina, ác. fólico) → Se ingesta de leite de cabra necessário uma suplementação de ácido fólico • Cálcio é metade do contúdo mineral
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