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67 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 4 Parâmetros para classificação de impactos No capítulo anterior, exploramos alguns elementos importantes para a caracterização de impactos em um EIA/Rima – a descrição, a área de estudo e também como avaliar os tipos cumulativo e sinérgico. Neste capítulo, prosseguiremos no estudo dos impactos, agora visando clas- sificá-los de acordo com alguns parâmetros ou atributos. Essa classificação é chamada em alguns EIAs de “valoração de im- pactos”, pois é um momento em que se atribui as características espa- ciais e temporais da ocorrência de cada um deles. Na sequência, essa etapa resultará na análise da importância e magnitude dos impactos em questão. 68 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Vamos iniciar com a apresentação dos atributos legais e seguir com sugestões de outras possibilidades e procedimentos para sua determi- nação. Ao final, serão exploradas ferramentas usadas para demonstrar esses parâmetros. Vale ressaltar, desde já, que a definição destes é fun- damental para a delimitação da importância de cada um dos impactos, o que será explorado no próximo capítulo. 1 Preceitos legais A legislação federal sobre licenciamento ambiental traz importantes parâmetros a serem observados na etapa de análise dos impactos. No artigo 6o da Resolução Conama no 1/1986, em que é definido o conteú- do mínimo dos estudos de impacto ambiental, consta: II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alterna- tivas, através de identificação, previsão da magnitude e interpre- tação da importância dos prováveis impactos relevantes, discrimi- nando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporá- rios e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios so- ciais. (BRASIL, 1986) Do texto legal, é possível depreender sete classificações distintas para os impactos identificados no EIA: 1. positivo ou negativo, ou então benéfico ou adverso; 2. direto ou indireto; 3. imediato e a médio e longo prazos; 4. temporário e permanente; 5. grau de reversibilidade; 6. propriedades cumulativas e sinérgicas; e 69Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 7. distribuição dos ônus e benefícios sociais. Desses parâmetros, na prática, observa-se ampla utilização dos pri- meiros cinco, que são adotados na grande maioria dos EIAs. Já o quinto e o sexto atributo, sobre a avaliação de impactos cumulativos e sinér- gicos, ou, nas palavras da resolução, das propriedades cumulativas e sinérgicas, e a distribuição dos ônus e benefícios sociais, são mais rara- mente empregados, mesmo constando em legislação desde 1986. Além desses atributos, é possível encontrar alguns outros na literatura técnica. O objetivo de se apresentar essas classificações é reunir informa- ções que sejam relevantes para demonstrar rapidamente característi- cas dos impactos. Além disso, esses parâmetros podem ser usados para compor duas etapas da análise: previsão da magnitude e interpre- tação da importância dos prováveis impactos relevantes. A previsão da magnitude será uma projeção das alterações am- bientais ou sociais. Ao fazer a previsão de impacto a partir de análises qualitativas ou quantitativas, várias características são evidenciadas, como a extensão e a duração, e a magnitude pode ser definida a par- tir de diferentes combinações dessas características/parâmetros. Já a interpretação da importância, além de características dos impactos, deve considerar também as do ambiente receptor, como a possibilida- de de recuperação do ambiente afetado, sensibilidade/importância da região afetada, nível de preocupação pública e repercussões políticas (SÁNCHEZ, 2013). Os métodos para definição da magnitude e impor- tância serão explorados com mais detalhes no capítulo 5. 70 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .IMPORTANTE A seleção e definição dos parâmetros adotados em estudos de impacto ambiental são bastante variáveis. Em muitos casos, o órgão ambiental aceita as definições apresentadas nos diferentes estudos; todavia, vale destacar que alguns termos de referência citam quais parâmetros de- vem, obrigatoriamente, ser adotados e analisados. 2 Parâmetros para a classificação e valoração de impactos Nesta seção descreveremos os principais parâmetros adotados (atributos do impacto), seguidos de uma breve descrição do objetivo, das classes e também de orientações gerais para a definição delas. Serão considerados tanto os parâmetros citados na Resolução Conama no 1/1986 quanto outros que têm sido adotados na prática e recomen- dados na literatura técnica nacional ou internacional. Entre eles, temos a probabilidade de ocorrência e a dinâmica do impacto. 2.1 Natureza A natureza do impacto é um atributo de simples classificação, mas fundamental para verificar se a medida a ser adotada será de mitigação ou potencialização, uma vez que indica se o impacto ambiental é defini- do como positivo ou negativo (benéfico ou adverso). Ele é considerado positivo quando a implantação do empreendimento melhora a qualidade de um ou mais fatores ou parâmetros ambientais. Impactos positivos são mais raros e, normalmente, ocorrem em menor número na análise de impacto de novos empreendimentos. Muitas vezes, eles são confundidos com os próprios objetivos do projeto, como é o caso da geração de energia elétrica, que, em obras desse setor, geralmente é 71Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. elencada nos impactos. Alguns empreendimentos têm efeitos positivos como desdobramentos de seu objetivo principal. Esses efeitos poderiam ser apresentados apenas como justificativa, mas, para terem uma análise mais extensa, usualmente são definidos como impactos. Esse é o caso, por exemplo, da construção de novos trechos de li- nhas de metrô, em que o objetivo de transportar milhares de pessoas afeta toda a rede de transportes, as linhas de ônibus, o uso do carro, a circulação de pessoas na região e também a economia. Por isso, mes- mo próximas ao objetivo de transportar pessoas, essas alterações são tratadas como impactos e recebem uma análise detalhada no EIA em re- lação às suas características e também às medidas potencializadoras. Os impactos negativos são os principais focos no EIA, pois comu- mente ocorrem em maior número e provocam efeitos adversos na qua- lidade de um ou mais fatores ou parâmetros ambientais. Existem EIAs que estabelecem um impacto comogeração de expectativa da popula- ção como de natureza positiva e negativa. Esses casos devem ser ob- servados com atenção, pois se trata de dois impactos distintos, e que, portanto, deveriam ser apresentados separadamente, cada qual com sua previsão, valoração e medidas de mitigação ou potencialização. No entanto, é preciso que isso seja explicado de forma clara no EIA, para não indicar ao leitor uma possível contradição ao se apresentar impac- tos com sentidos opostos. 2.2 Ordem A ordem está associada à ocorrência do impacto. Ela se dá de for- ma direta (fruto de atividades ou ações realizadas pelo empreendedor, por empresas por ele contratadas ou que por eles possam ser contro- ladas) quando há relação de causa e efeito; ou seja, quando se executa uma atividade, como a limpeza de um terreno, e o impacto (perda de indivíduos da flora) é de ordem direta. 72 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Já a forma indireta de impactos é resultante de uma associação se- cundária em relação à ação ou se dá quando é parte de uma cadeia de reações. Observe o exemplo da figura 1: a contratação de mão de obra por um empreendimento atrai famílias para a região; estas, por sua vez, buscam uma série de serviços públicos, entre eles, vagas nas escolas para seus filhos. Cada município terá uma capacidade de absorver no- vos alunos em seu sistema de ensino com a estrutura e recursos atu- ais. Dependendo do aumento na demanda, pode ocorrer a sobrecarga do sistema local, que exigirá uma expansão para que sejam oferecidas novas vagas na rede de ensino. Caso não ocorra essa expansão, um novo impacto poderia se dar: o aumento da exclusão escolar, ou seja, ampliação do número de crianças em idade escolar que não frequenta- riam a escola. Figura 1 – Exemplo de impacto direto e indireto Contratação de mão de obra Atração de pessoas e/ou famílias Aumento da demanda por serviços públicos – vagas em escolas e em creches Aumento da exclusão escolar, devido à falta de vagas na rede pública de ensino Atividade Aspecto ambiental Impacto direto Impacto indireto É comum que os impactos de segunda ou terceira ordem se ma- nifestem em médio ou longo prazo e em áreas geográficas mais abrangentes. 2.3 Probabilidade de ocorrência A probabilidade de ocorrência refere-se ao grau de incerteza acer- ca da ocorrência do impacto, podendo ser classificada como: certa, quando há certeza sobre a ocorrência do impacto; alta, quando basea- da em casos similares e na observação de projetos semelhantes, esti- mando-se que é muito provável o impacto acontecer; média, quando é pouco provável que haja o impacto, mas sua ocorrência não pode ser 73Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. descartada; e baixa ou improvável, quando é muito pouco provável a ocorrência do impacto em questão. Associando-se ao atributo citado, normalmente os impactos diretos têm maior probabilidade de ocorrência, e os indiretos, maior grau de incerteza. Outro caráter que contribui para o grau de incerteza está as- sociado às medidas preventivas e de controle; por exemplo, a utilização de recursos hídricos (atividade) gerará efluentes industriais, o que pode causar a perda da qualidade de água (impacto); no entanto, consideran- do que o tratamento da ETE é eficiente e bem controlado, a probabili- dade de prejuízo à qualidade da água pode ser baixa. 2.4 Prazo de ocorrência O atributo de prazo de ocorrência está associado ao início dos efei- tos (impacto) após se iniciar uma atividade do empreendimento. A ocor- rência do impacto pode ser imediata (curto), em médio ou longo prazo. Impactos imediatos são aqueles que se dão simultaneamente à ação que os gera. Já os de médio ou longo prazo são os que ocorrem com certa defasagem em relação à ação que os causa; podendo-se adotar o prazo médio para os impactos que ocorrem em até 12 meses após o iní- cio da ação impactante, e o longo, acima de um ano (SÁNCHEZ, 2013). Pode-se citar como impactos imediatos os relacionados ao afugen- tamento da fauna pela emissão de ruídos. Se esses ruídos permanecem por um período mais longo, a fauna mais sensível poderá alterar seus hábitos de movimentação e seu nicho ecológico (área onde vivem), o que representaria um impacto em médio prazo. Esse novo nicho pode ou não oferecer as condições ideais para a continuidade da espécie da região; caso não ofereça, a migração para outra área poderá levar à ex- tinção local dessa espécie, o que seria um impacto em longo prazo. Outro impacto comum em longo prazo está relacionado à mudança de uso do solo no entorno de rodovias. 74 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2.5 Duração Este item está associado ao comportamento dos impactos ao longo do tempo, os quais podem ser classificados como temporários, cíclicos ou permanentes. Os impactos temporários são aqueles que só se ma- nifestam durante uma ou mais fases do projeto e que cessam quando termina essa fase (quando acaba a ação que os causou). Como exem- plo, pode-se citar o incômodo à população por geração de poeira, em consequência da movimentação de veículos e maquinários. Ao termi- nar a obra, esse incômodo também cessa. Os impactos cíclicos ocorrem de forma intermitente e se manifes- tam período sim, período não. Por exemplo, o aumento de doenças cau- sadas por insetos vetores associados à água se dá em toda estação de chuva. Isso implicará a adoção de medidas pelo empreendimento para acompanhar essa periodicidade. Os impactos de duração permanente representam uma alteração definitiva, continuando depois de ter se encerrado a ação que os cau- sou (SÁNCHEZ, 2013). Exemplos deles são a perda de indivíduos da flora pela supressão de vegetação, que ocorre durante a limpeza do terreno para sua ocupação pela infraestrutura do projeto, ou ainda a mudança de ambiente lótico para lêntico dos rios, quando se instala uma barragem. 2.6 Reversibilidade A análise de reversibilidade está pautada na possibilidade de o componente ambiental ou social afetado retornar à condição anterior ao impacto, ou muito próxima a essa condição por uma atividade do empreendimento. Nesse sentido, os impactos são classificados como reversíveis quando, ao cessar a ação impactante ou caso seja im- plantada uma ação corretiva, o componente afetado retorna às suas 75Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. características anteriores. No sentido oposto, os impactos são classifi- cados como irreversíveis quando promovem modificações permanen- tes, com efeitos não mitigáveis na sua totalidade ou em parte, de forma que não é possível retornar à condição anterior. Os impactos são reversíveis quando o ambiente/componente afe- tado tem capacidade de retornar às características iguais ou similares ao seuestado anterior, caso cesse a ação impactante ou caso seja im- plantada uma ação corretiva; ou irreversíveis, quando o ambiente/com- ponente não tem capacidade de retornar ao seu estado anterior, sendo inviável economicamente a sua recomposição, portanto são impactos não mitigáveis na sua totalidade ou em parte. Exemplo de impacto reversível é a perda da qualidade da água em um rio que recebe efluentes orgânicos (que não contenham metais ou poluentes orgânicos persistentes). Pelo processo de autodepuração, o rio poderá tratar essa carga orgânica ao longo da calha, de forma que, após um certo trecho, a qualidade da água poderá ter características se- melhantes às do trecho anterior ao lançamento do efluente. O rio tam- bém poderá, naturalmente, voltar à sua condição anterior de qualidade caso a emissão do efluente cesse. Já a perda de diversidade genética causada pela supressão de grandes áreas de vegetação não pode ser recuperada; neste caso, ou se faz um plantio compensatório, que não necessariamente terá a mesma diversidade perdida, ou se conserva uma área similar à que foi suprimida. 2.7 Abrangência espacial A abrangência espacial de um impacto contribui para a identifica- ção da escala espacial de sua ocorrência. A classificação pode ter di- ferentes limites territoriais, sendo muito comuns as categorias local e regional, mas são também frequentes as categorias pontual, municipal, extrarregional e global. Uma vez que o conceito de abrangência espacial 76 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .e suas variações podem ser subjetivos, é importante que o estudo deixe claro quais foram os limites adotados. Muitos EIAs, por exemplo, defi- nem impactos de abrangência local como aqueles que ocorrem den- tro da ADA (área diretamente afetada); e de abrangência regional como aqueles que ocorrem na AID (área de influência direta) ou AII (área de influência indireta). A partir dessa definição, poderíamos classificar a in- tensificação de processos erosivos na fase de obras como um impacto de abrangência local, e a redução de espécies da fauna, em decorrência da redução de habitats, como um impacto de abrangência regional. 2.8 Cumulatividade e sinergia No caso da classificação feita a partir de parâmetros, tem sido co- mum apenas indicar se o impacto pode resultar em impactos cumula- tivos ou sinérgicos. Não são muitos EIAs que incluem esse parâmetro, mas quando isso é feito, está relacionado à cumulatividade entre im- pactos do próprio empreendimento em análise, sem que haja estudos regionais quanto aos empreendimentos vizinhos ao que está sendo proposto. Nesse sentido, as classificações desse parâmetro estão ausentes quando o impacto ambiental não apresentar efeitos combinados a par- tir da interação com outros processos; ou presentes, quando mostrar efeitos combinados a partir da interação com outros processos. Em regiões associadas a distritos industriais, por exemplo, muitas vezes, a instalação de um novo empreendimento intensifica o tráfego na região, resultando no incômodo para a população ou o risco de aciden- tes; do mesmo modo, em uma região rural, onde não há outros empre- endimentos, esse processo se repetirá – geração de tráfego, incômodos à população e risco de acidentes. 77Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2.9 Magnitude A magnitude, também chamada de intensidade ou severidade em al- guns EIAs, tem como objetivo traduzir se as consequências da ocorrência dos impactos representam modificações maiores ou menores. A magni- tude e a importância são dois parâmetros que podem ser considerados como conclusões da análise dos impactos. Por isso, pode-se definir a magnitude considerando outros atributos, como duração, abrangência espacial e reversibilidade, entre outros, que indiquem características do impacto. Com base nessa análise, a magnitude de um impacto pode ser classificada como crítica ou muito alta, alta, média ou baixa. Uma vez que essa análise pode ser subjetiva, deve-se justificar o método utilizado para avaliar o atributo magnitude por meio da des- crição da escala e dos demais itens utilizados para compor a análise. Detalharemos diferentes formas para se demonstrar e justificar a mag- nitude dos impactos em capítulos posteriores. 2.10 Importância A importância do impacto, também chamada de significância ou rele- vância, deve ser avaliada considerando sua magnitude e a sensibilidade ou valor do componente ambiental ou social potencialmente afetado pelo projeto (LAWRENCE, 2007; GLASSON; THÉRIVEL; CHADWICK, 2012). É possível também encontrar em alguns EIAs o uso de dois parâmetros distintos relacionados a esse tema, como no exemplo dado no quadro 1, a seguir, em que foram adotadas a importância e significância como pa- râmetros. É preciso que o EIA apresente a fundamentação dessa diferen- ciação, uma vez que essa opção não é encontrada na literatura técnica. O ponto de partida para avaliar a importância do impacto se baseia no fato de que ele será tão significativo quanto mais essencial e vulnerá- vel for o recurso ambiental ou cultural afetado, e também quanto maior 78 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .for a solicitação ou pressão sobre esse recurso causada pelo impacto. A perda de indivíduos da flora, por exemplo, sempre dependerá de ca- racterísticas e condições do contexto em que esses indivíduos estão inseridos. Ainda que a supressão da vegetação ocorra em área de mata atlântica, é possível que haja indivíduos exóticos ou de espécies inva- soras, o que representa uma perda, do ponto de vista ecológico, muito menos importante do que a supressão de uma vegetação em estágio avançado de regeneração ou de floresta primária. Mais critérios e for- mas de definir a importância serão discutidos no próximo capítulo. 3 Ferramentas para demonstração e análise de parâmetros Para auxiliar na tarefa de classificação dos impactos de acordo com os parâmetros que acabamos de explorar, algumas ferramentas adota- das anteriormente, na etapa de identificação, podem ser úteis. O uso de redes de impactos permite visualizar rapidamente quais são os diretos e os indiretos, e também identificar impactos que decorrem de várias atividades, e que, portanto, são formados a partir da lógica de impactos cumulativos. Da mesma forma, as matrizes de identificação de impactos tam- bém permitem a observação de cumulatividade sobre diferentes com- ponentes ambientais ou sociais. Caso haja muitos impactos afetando um mesmo recurso, como os recursos hídricos ou a fauna, isso pode demonstrar uma área que requer maior atenção e que demandará medi- das mitigadoras relacionadas. Isso é importante tanto para que não haja sobreposição de propostas de medidas, como também para que o EIA ofereça soluções integradas, que em conjunto sejam de fato capazes de impedir danos potenciais ou minimizá-los. A matriz de identificação também permite a visualização de atividades que sejam responsáveis por um grande número de impactos,o que também auxilia na prioriza- ção de medidas de gestão e acompanhamento. 79Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Além dessas ferramentas, uma nova matriz é frequentemente em- pregada nos estudos de impacto ambiental. Diferente da matriz de iden- tificação, a chamada matriz de impactos apresenta uma síntese das características de cada um deles. Os estudos que não apresentam ma- triz de impactos mostram apenas uma descrição dos parâmetros no texto descritivo de cada um dos impactos. Esse formato, apesar de ser também bastante empregado, não permite uma visualização conjunta das características de todos os impactos. Essa matriz consiste em uma tabela em que são apresentados todos os parâmetros para cada um dos impactos, como mostram os exem- plos a seguir. No quadro 1, a matriz exibe a fase do empreendimento, as atividades desenvolvidas, os aspectos ambientais ou a fonte do im- pacto, e então os impactos potenciais, com tipo, categoria, abrangência, duração, reversibilidade, magnitude e prazo. Nesse EIA, a matriz é cha- mada de planilha de classificação de impactos. Quadro 1 – Planilha de classificação dos prováveis impactos ambientais do Mineroduto Morro do Pilar/MG a Linhares/ES F SE P CT O S E CI AI S N RE TO RE TO S IV O IT AT IV O OC A L G O N A L AT ÉG IC A O RÁ RI O N EN TE E SÍ VE L R SÍ VE L AC O TIPO CATEGORIA ABRANGÊNCIA DURAÇÃO REVERSIBILIDADE MAGNITUDE DI O O RT E IÁ VE L A IM A PO T Interferências DI IN DI PO N EG L RE I ES TR TE M P PE RM A RE V IR RE VE R FR M É F VA R com atividades çã o e ob ra minerárias. la nt a Alteração da Im p qualidade dos recursos hídricos. (cont.) 80 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . TIPO CATEGORIA ABRANGÊNCIA DURAÇÃO REVERSIBILIDADE MAGNITUDE FA SE IM PA CT O S PO TE N CI AI S DI RE TO IN DI RE TO PO SI TI VO N EG AT IV O LO CA L RE GI O N A L ES TR AT ÉG IC A TE M PO RÁ RI O PE RM A N EN TE RE VE RS ÍV EL IR RE VE RS ÍV EL FR AC O M ÉD IO FO RT E VA RI ÁV EL Im pl an ta çã o e ob ra Interferências em terra indígena e comunidades tradicionais. Interferências na qualidade de vida. O exemplo do quadro 2 traz uma matriz que incluiu as medidas de mitigação e/ou programas associados, além de meio, natureza, forma, duração, prazo de ocorrência, probabilidade, abrangência, magnitude, importância e significância, com os impactos apresentados para as di- ferentes fases do empreendimento. Quadro 2 – Matriz de impactos de um estaleiro e base naval M EI O N AT UR EZ A FO RM A DU RA ÇÃ O ZO D E OC O RR ÊN CI A IMPACTOS AMBIENTAIS PR O BA BI LI DA DE RE VE RS IB IL ID A DE A BR A N GÊ N CI A M AG N IT UD E IM PO RT Â N CI A SI GN IF IC Â N CI A MEDIDAS MITIGADORAS E/OU COMPENSATÓRIAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS PR A Considerar as medidas mitigadoras listadas a seguir no plano ambiental de construção, nos programas de monitoramento e controle de emissão de ruídos e de comunicação social: • manter as máquinas e equipamen- tos regulados e com silenciadores; AUMENTO DOS NÍVEIS DE RUÍDO • utilizar equipamento de proteção individual – EPI; • evitar trabalho noturno em locais próximos às aglomerações urbanas; • no que concerne aos explosivos, obedecer às normas de segurança e instruções do fabricante; proceder à supervisão constante das obras; • avisar a comunidade local sempre que ocorrer atividades que gerem muito ruído. (cont.) 81Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPACTOS AMBIENTAIS M EI O N AT UR EZ A FO RM A DU RA ÇÃ O PR A ZO D E OC O RR ÊN CI A PR O BA BI LI DA DE RE VE RS IB IL ID A DE A BR A N GÊ N CI A M AG N IT UD E IM PO RT Â N CI A SI GN IF IC Â N CI A MEDIDAS MITIGADORAS E/OU COMPENSATÓRIAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS AUMENTO DA EMISSÃO DE POEIRAS Considerar as medidas listadas a seguir no plano ambiental de construção, nos programas de monitoramento e controle de emissões de material particulado e no programa de comunicação social: • manter o máximo de vegetação nas proximidades da boca do túnel a fim de filtrar poeira; • usar, preferencialmente, tecnologia de perfuração pneumática e hidráulica; • manter tapume ou cortina úmida ao redor da abertura; • caso necessário e conforme a proximidade, manter tapume de proteção nas casas; • manter sistema de aviso de explosão. Fonte: MRS Estudos Ambientais e Marinha do Brasil (2009, p. 7-41). Já no exemplo do quadro 3, além dos parâmetros, a matriz de im- pactos traz mais informações sobre indicadores, grau de resolução das medidas e responsabilidade pelas ações. Note que cada uma das matrizes apresenta diferentes parâmetros, em tipo e em número, para classificação dos impactos. A importância, que é considerada a princi- pal síntese da relevância do impacto, não é analisada no exemplo do quadro 1, aparece duas vezes no exemplo do quadro 2 e é chamada de grau de relevância no quadro 3. Isso mostra que a prática é bastante diversificada e que esses diferen- tes conceitos e escolhas têm sido aceitos pelos órgãos ambientais. Essa flexibilidade, por um lado, é interessante para que os estudos e as equipes possam escolher trabalhar da forma como preferem e adaptar situações ao contexto do caso, mas por outro lado, dificulta o trabalho de análise dos 82 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .estudos para os analistas em órgãos ambientais e outros interessados, à medida que exige o entendimento particularizado do que está sendo pro- posto em cada estudo. Outro ponto negativo de se ter uma prática tão heterogênea é que isso dificulta, ou mesmo torna impossível, comparar impactos semelhantes em casos distintos, o que poderia trazer benefícios para a melhoria contínua do conteúdo dos estudos baseado no aprendiza- do, como indicam os métodos da área de gestão do conhecimento. Quadro 3 – Matriz de impactos do centro de lançamentos espaciais ATRIBUTOS MEDIDAS IM PA CT O S N AT UR EZ A PR O BA BI LI DA DE PR A ZO ES PA CI A LI DA DE FO RM A IN TE RF ER ÊN CI A DU RA ÇÃ O M AG N IT UD E DE SC RI ÇÃ O GR AU D E RE SO LU ÇÃ O GR AU D E RE LE VÂ N CI A GERAÇÃO DE EXPECTATIVA C C D1 C T Programa de comunicação social e implantação do programa de aperfeiçoamento, treinamento e capacitação da mão de obra A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA C C D C T Contratação de mão de obra local e implantação do programa de recrutamento e execução do programa de monitoramento dos aspectos socioeconômicos A AUMENTO TEMPORÁRIO DE FLUXO DE PESSOAS C M D1 C T Implantação dos programas de educação ambiental, educaçãopatrimonial, execução do programa de monitoramento dos aspectos socioeconômicos, programa de aperfeiçoamento, treinamento e capacitação de mão de obra, programa de saúde e política pública de controle de uso de ocupação do solo (900 empregos diretos na implantação) A Fonte: Atech Fundação Aplicações de Tecnologias Críticas e Allerce Soluções Ambientais Ltda. (2009, p. 10.1-78). 83Parâmetros para classificação de impactos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerações finais Neste capítulo, exploramos parâmetros para classificação e valo- ração de impactos ambientais, partes da etapa de análise dos impac- tos ambientais. A Resolução Conama no 1/1986 indica sete diferentes parâmetros para classificação: natureza (positivo ou negativo), ordem (direto ou indireto), prazo de ocorrência (imediato, em médio ou longo prazo), duração (temporário e permanente), grau de reversibilidade, pro- priedades cumulativas e sinérgicas, e distribuição dos ônus e benefícios sociais, sendo estes dois últimos itens menos aplicados. Outro parâme- tro comumente empregado nos estudos de impacto ambiental que não consta na Resolução Conama é a abrangência espacial. Esses parâmetros são úteis para caracterização dos impactos e au- xiliam em sua valoração, que consiste na definição da magnitude. Além disso, são essenciais para a determinação da importância, o que deta- lharemos no próximo capítulo. Referências ATECH FUNDAÇÃO APLICAÇÕES DE TECNOLOGIAS CRÍTICAS; ALLERCE SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA. Alcântara Cyclone Space – ACS: estudo de im- pacto ambiental do Complexo Terrestre Cyclone-4. Brasília: Atech, 2009. BRASIL. Resolução Conama no 01, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial [da] União, Ministério do Meio Ambiente, Brasília, DF, 1986. Disponível em: <http:// www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001. pdf>. Acesso em: 27 set. 2017. ECONSERVATION ESTUDOS E PROJETOS AMBIENTAIS LTDA; ECOLOGY AND ENVIRONMENT DO BRASIL LTDA; MANABI LOGÍSTICA S.A. Estudo de impac- to ambiental do Mineroduto Morro do Pilar (MG) – Linhares (ES) e do Porto Norte Capixaba. Rio de Janeiro: Econservation, 2012. 84 Impactos ambientais: análise e medidas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .GLASSON, J.; THÉRIVEL, R.; CHADWICK, A. Introduction to Environmental Impact Assessment. 4th ed. London: Routledge, 2012. INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION. Cumulative Impact Assessment and Management: Guidance for the Private Sector in Emerging Markets. Washington, D.C.: IFC, 2013. LAWRENCE, D. P. Impact Significance Determination – Back to Basics. Environmental Impact Assessment Review, Amsterdam, v. 27, n. 8, p. 755-769, 2007. MRS ESTUDOS AMBIENTAIS; MARINHA DO BRASIL. 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