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Conteúdo Interativo - Aula 09

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10/02/2021 Disciplina Portal
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Direito Processual Penal
Aplicado
Aula 9 - A prova pericial, a acareação, a prova
documental e a prova indiciária.
INTRODUÇÃO
Daremos continuidade ao estudo das provas em espécie. Nesta aula, você irá reconhecer a prova pericial e sua
importância nos crimes que deixam vestígios. Irá analisar seu valor probatório e as espécies de exame de corpo de
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delito. A mais importante das perícias é exatamente o exame de corpo de delito, ou seja, o exame técnico da coisa ou
pessoa que constitui a própria materialidade do crime (portanto somente necessário nos crimes que deixam vestígios,
ou seja, nos crimes materiais).
Em seguida, passaremos a analisar a acareação e a prova documental. Você irá identi�car as espécies de documentos e
o momento da sua produção em juízo. Importante ainda analisar a prova indiciária, aquela realizada sob o contraditório
e a ampla defesa.
A análise de todos os meios de prova visa demonstrar que o processo penal, inserido na complexidade do ritual
judiciário, busca fazer uma reconstrução (aproximativa) de um fato passado. Será demonstrado que através das provas
o processo pretende criar condições para que o juiz exerça sua atividade recognitiva a partir da qual se produzirá o
convencimento externado na sentença.
OBJETIVOS
Analisar a prova pericial, os conceitos de exame de corpo de delito direto e indireto e o valor probatório da perícia.
Compreender a acareação realizada em juízo como meio de prova, a prova documental, a prova indiciária e o valor
probatório das provas produzidas em juízo.
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PROVA PERICIAL – ART. 158 E SEGUINTES DO CPP
Conceito de perícia
É o exame feito por pessoas com conhecimentos técnicos, indispensável para a comprovação de fatos que interessam à
decisão da causa.
Vale lembrar que juiz não é dotado de conhecimentos psicodélicos e precisa do auxílio dessa informação técnica e
especializada para aferir questões relacionadas à materialidade e à autoria.
Primeira pergunta para tentar complicar:
Resposta: Em regra, a autoridade policial pode determinar a realização de qualquer perícia no curso do inquérito policial.
A autoridade policial não só pode como deve. O artigo 6º, do CPP, fala em “deverá”:
Art. 6º — Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: VII — determinar, se for
caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias.
Tamanha é a importância do exame pericial que cabe à autoridade policial providenciar a preservação do local para que
a polícia técnica e cientí�ca possa realizar a perícia.
Na Justiça Militar, não há polícia judiciária (civil, federal). Quando um crime é praticado, militares são designados e a
falta de conhecimento gera certas situações. Eles não preservam o local do crime.
Acompanhemos um exemplo de disparo acidental de arma de fogo que acertou a perna de um soldado:
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Percebeu que no caso do exame de sanidade, sua realização
não pode ser determinada pela autoridade policial?
E o delegado, ao reconhecer que o investigado está com algum problema, deve representar ao juiz para autorizar o
exame. E deve fazer isso o mais rápido possível porque, se demorar e deixar para que isso ocorra na fase judicial, já não
dará mais para aferir, de forma precisa, essas situações de instabilidade.
Imagine que o crime foi praticado hoje, e 2 anos depois, começa o processo. O problema será você aferir a instabilidade
do momento do crime 2 anos depois.
CONCEITO DE PERITO
É a pessoa que possui uma formação cultural especializada (portador de diploma de curso superior, tanto para o perito
o�cial quanto para o não o�cial) e que traz seus conhecimentos ao processo auxiliando o juiz e as partes na descoberta
da verdade.
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Clique aqui (glossário) e saiba mais informações sobre Perito O�cial e Não O�cial.
O ASSISTENTE TÉCNICO
É novidade no processo penal. Até pouco tempo, essa �gura só existia no processo civil.
Conceito
, É um auxiliar das partes, dotado de conhecimentos cientí�cos, que traz ao processo informações especializadas relacionadas ao
objeto da perícia.
O perito é um auxiliar do juiz. Se for assim, signi�ca que, pelo menos em tese, tem o dever de ser imparcial. Por outro
lado, o assistente técnico é um auxiliar das partes e, sendo assim, tem uma atuação eminente e evidentemente parcial.
Exemplo
, Vejamos um exemplo que facilita a compreensão: Caso Nardoni. A perícia fez vários exames. Quando saiu o resultado o�cial,
contrataram o assistente que começou a dar entrevista malhando a perícia. Se você está pagando o assistente, ele vai falar o que
você quiser. É mais ou menos assim!
O perito está sujeito às mesmas causas de impedimento e suspeição do juiz, já que possui o dever de imparcialidade.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON873/galeria/aula9/docs/aula9_01.pdf
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(glossário)
Vamos imaginar que o Time “A” tenha sido campeão no Brasileirão. 4 a 0 contra o Time B. Os torcedores do Time A estão
todos comemorando na Av. Presidente Vargas. De repente, dois torcedores do Time B entram em um boteco. Briga certa!
Garrafa e faca voando.
Analisando o evento, aponte o corpo de delito. Cuidado com isso porque quando se fala em corpo de delito, geralmente
as pessoas acham que é o cadáver e isso está errado. Tudo o que você olha é mais ou menos o corpo.
Conceito
, Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais ou visíveis deixados pela infração penal.
A palavra corpo não signi�ca o ser físico, mas o conjunto. Corpo de delito, basicamente, está ligado à materialidade do delito.
Sabemos que, geralmente, no processo, essa materialidade é comprovada. Os problemas estão ligados à autoria. Em 95% dos
casos, a autoria não consegue ser apurada, mas a materialidade sim.
O exame de corpo de delito é aquele feito pelo perito do qual resulta o laudo, que é a peça técnica.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON873/galeria/aula9/docs/aula9_02.pdf
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Em regra, o exame de corpo de delito não é necessário para o início do processo. Cuidado com esse detalhe. Há
exceções em que se precisa do laudo.
O laudo é necessário para iniciar o processo nos seguintes casos. Clique aqui (glossário) e conheça.
OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO
Será que o exame de corpo de delito é obrigatório em
relação a toda e qualquer infração penal ou somente a
algumas infrações penais?
Infrações ou delitos de fato permanente, ou delicta facti permanentis, ou infrações penais intranseuntes: São as
infrações que deixam vestígios e, em relação a essas, o exame de corpo de delito será obrigatório;
Delitos de fato transeunte ou delicta facti transeuntis ou infrações penais transeuntes (passageiras): O próprio nome já
diz, são crimes que não deixam vestígios, como aqueles contra a honra.
Depende. Em regra sim, mas pode ser que não. Pense no caso de um estupro de uma prostituta dentro da casa de
prostituição. Você, olhando para o fato concreto, nãodeixa vestígio. O estupro, em regra, deixa vestígios, agora, a
depender do caso concreto, poderá não deixar.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON873/galeria/aula9/docs/aula9_03.pdf
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Exame de corpo de delito direto (glossário)
Exame de corpo de delito indireto (glossário)
1ª Corrente
Não.
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Pelo exame indireto que, por essa primeira corrente, nada
mais seria do que a prova testemunhal. Você traz a vítima, as
testemunhas, para dizer o que aconteceu. Na mente do juiz,
forma a convicção quanto à materialidade do delito de
estupro.
Esse primeiro conceito que você anotou é, basicamente, o conteúdo do art. 167, do CPP :
Art. 167 — Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
poderá suprir-lhe a falta.
É isso o que prevalece na jurisprudência
2ª Corrente
Podemos até dizer que é uma corrente mais técnica porque se se fala em exame de corpo de delito indireto, é preciso ter
um exame. Uma coisa é a prova testemunhal, outra é o exame.
Pelo próprio conceito anotado, esse é um exame, mas não diretamente sobre o corpo, mas vão chamar as testemunhas
que dirão o que viram. A partir do depoimento das testemunhas, o exame será elaborado.
CASUÍSTICA
Vejamos alguns exemplos relacionados a julgados recentes dos tribunais superiores:
EXEMPLO 1: MERCADORIA IMPRÓPRIA AO CONSUMO E REALIZAÇÃO DE
PERÍCIA.
Este crime está previsto no art. 7º, IX, da Lei 8137/90 (Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações
de consumo):
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: IX — vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de
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qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo.
Aí vem aquele clássico exemplo: promoção em supermercado: “Requeijão a 1 real. Prazo de validade: vencido.”
Precisa fazer perícia?
Resposta: Esse é um ponto polêmico com controvérsia na doutrina, mas há decisão do STF.
Para o STF, esse delito pressupõe a demonstração inequívoca da impropriedade do produto para o uso, sendo
indispensável a realização de perícia que ateste a imprestabilidade da mercadoria ao consumo (STF HC 90779).
Um absurdo estar vendendo produto fora do prazo. Mas, muitas vezes, esses produtos com um ou dois dias de vencido
não estão impróprios para o consumo.
EXEMPLO 2: PORTE ILEGAL DE MUNIÇÃO E DE ARMA DE FOGO E
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA.
Por que o crime de porte de arma é punido?
Resposta: Porque é um crime de perigo. Você parte do pressuposto de que uma pessoa está andando na rua com uma
arma, essa arma representa um perigo para a incolumidade pública, para lesão corporal, para ofender a vida.
Para a doutrina é indispensável a realização de exame pericial atestando a potencialidade lesiva da arma de fogo.
Quando a arma é apreendida, é feito um exame: “exame de e�ciência de arma de fogo”. Nele, o perito conclui que a arma
é idônea e capaz de efetuar disparos. Disso o juiz conclui que a periculosidade prevista pelo legislador está predita no
caso concreto porque a arma podia lesionar alguém.
Para o STF, é desnecessária a realização de perícia para a con�guração do crime. Isso foi decidido pelo plenário. O STF
entendeu que a arma, sozinha pode ser usada não só para ofender a incolumidade, mas para ofender as pessoas. (STF
HC 93866 e HC 95271)
EXEMPLO 3: ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA E
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA.
Esse tema é muito interessante. Vamos a um exemplo: o trânsito está parado na Avenida Brasil. Seu carro não é
blindado e não tem ar-condicionado. Um cidadão aponta a arma. Você passa a grana, passa tudo. Ele sai correndo. —
Wagner Montes, o jornalista, está sobrevoando com helicóptero, acompanha a fuga. — Quando o cidadão está correndo,
pega a arma e joga no rio. Ele pensa que vai deixar de incidir a majorante do artigo, mas incide.
Durante muito tempo, se entendeu que se o cidadão jogou fora a arma, signi�cava que ele estava abrindo mão da prova
e iria responder pelo crime de roubo com a pena majorada pelo emprego de arma. É um absurdo!
De quem é o ônus da prova no processo penal? Se o Estado está atribuindo a mim um roubo com emprego de arma, de
quem é o ônus de provar que eu estava usando uma arma?
Resposta: É do MP.
Vamos tomar cuidado porque esse tema está na moda, nos informativos, e houve uma alteração no entendimento:
“Para o Supremo, a caracterização da majorante do art. 157, § 2º, I, não depende de apreensão e perícia da arma, desde
que por outros meios de prova reste demonstrado seu potencial lesivo (HC 096099).”
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Isso foi decidido pelo plenário e essa decisão acaba tendo origem em uma decisão do STJ, muito bem redigida pela
Ministra Jane Silva no HC 89518. É um julgado interessante porque ela acaba com o senso comum antigo segundo o
qual, pouco importava a perícia.
O cidadão jogou a arma fora?
Vai incidir a majorante! E rediscute a questão do ônus da prova. Se o MP está imputando a você um crime, cabe ao MP
provar esse delito.
Se o crime deixa vestígio, exame de corpo de delito direto. Na hora que o cidadão joga a arma dentro do rio, ele está
apagando o vestígio.
Nós podemos provar isso?
Resposta: Podemos. A depender do caso concreto, as testemunhas poderão dizer como era essa arma, inclusive se ela
tinha potencialidade lesiva, se houve disparo, se atirou para o alto, en�m! Se a testemunha consegue dizer que aquela
arma tinha potencialidade lesiva, aquela majorante vai incidir, mesmo não tendo sido realizada a perícia porque
ninguém vai pular no rio atrás da arma.
SISTEMA DE APRECIAÇÃO DO LAUDO PERICIAL
A nota de culpa é fundamental no momento da prisão porque a própria Constituição diz que o preso será informado dos
responsáveis por sua prisão, dos motivos de sua prisão.
Dizer que a ausência da nota de culpa é mera irregularidade é um absurdo! A prisão em �agrante é medida de natureza
excepcional (você está prendendo alguém sem que haja contra ela uma decisão de�nitiva).
São dois sistemas de apreciação do laudo:
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A partir do momento em que o Código adota o Sistema do Livre Convencimento Motivado ou Sistema da Persuasão
Racional do Juiz, não há dúvida alguma que o juiz não �ca preso ao laudo, podendo decidir contrariamente ao laudo.
Apesar de que isso é muito raro. O juiz, por não ter conhecimento técnico, na maioria das vezes, acata o laudo com
con�ança. Mas pode rejeitá-lo de maneira fundamentada e, muitas vezes, isso acontece até com a ajuda do assistente
que fez um trabalho bem fundamentado.
Art. 182 — O juiz não �cará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
CONSEQUÊNCIA DA FALTA DO EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO
Quando você lê o art. 574, III, do CPP, entende que a ausência do exame de corpo de delito direto vai ser causa de
nulidade.
Art. 564 — A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III — por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: b) o exame do
corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167.
A falta do exame de corpo de delito direto, nos delitos que deixam vestígio, será causa de nulidade.
Vamos analisar um exemplo a �m de facilitar o entendimento. Clique aqui' (glossário).
EXAME COMPLEMENTAR
Talvez a única importância desse exame complementarseja o de lesão corporal grave do qual resulta a incapacidade
para as ocupações habituais por mais de 30 dias.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON873/galeria/aula9/docs/aula9_04.pdf
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, Exemplo 1, , Você se envolveu em uma briga, quebrou a perna e vai �car alguns dias parado. Entra em campo a lesão
corporal grave.
Nesse caso, é que se apresenta a importância desse exame complementar, cuja realização está prevista no art. 168:
Art. 168 — Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar
por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do
acusado, ou de seu defensor., , Exemplo 2, , Imagina que você quebrou a perna na briga. Aí você vai fazer aquele
primeiro exame no IML. Geralmente, o perito faz a exposição, fundamenta e conclui.
A primeira pergunta é sempre igual: houve ofensa à integridade corporal?
Resposta: Sim.
Nesse primeiro exame, ele pode olhar e dizer que você vai �car uns 70 dias parados? Ele pode fazer esse prognóstico ou será que é
preciso o exame complementar, um segundo exame que con�rme? Será que pode ser feito o prognóstico ou será que tem que ser
por meio de diagnóstico?
Resposta: Após o decurso do prazo de 30 dias, deve ser feito um exame complementar (diagnóstico). Não se admite um
prognóstico no primeiro exame pericial. Por mais que você tenha quebrado uma costela, o perito não pode fazer um prognóstico de
que você �cará 70 dias parado. Tem que esperar os 30 dias para fazer o diagnóstico.
Como é que contamos os 30 dias? Pelo direito penal ou pelo processo penal? Computamos a partir do dia da lesão ou do dia
seguinte à lesão?
Resposta: Incapacidade para ocupação por mais de 30 dias faz parte da tipi�cação de um crime. Este prazo, pois, deve ser contado
de acordo com as regras do direito penal (art. 10, do CP).
A acareação realizada em juízo como meio de prova. A prova documental. A prova indiciária. O valor probatório das
provas produzidas em juízo.
Acareação – art. 229 do CPP:
Trata-se de ato processual que consiste em colocar face a face duas ou mais pessoas que �zeram declarações
substancialmente diferentes acerca de um mesmo fato. Poderá ser reinquirida por qualquer das partes ou de o�cio pelo
juiz ou autoridade policial
Prova documental – art. 231 do CPP:
São quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos ou particulares. É coisa que representa um fato, destinada a
�xá-lo de modo permanente e idôneo, reproduzindo em juízo.
Instrumentos são escritos confeccionados com a �nalidade de provar determinados fatos.
Papéis são escritos não produzidos com o �m determinado de provar um fato, mas que, eventualmente pode servir
como prova.
O art. 232, CPP conceitua o que, para �ns processuais apenas, será considerado documentos. Pela leitura do citado
dispositivo legal, não �ca difícil concluir que a prova documental será todo aquele documento que possa demonstrar
uma situação fática, não devendo esquecer-se das regras constitucionais e legais quanto à sua produção (deve-se
lembrar das provas ilícitas e das provas ilegítimas).
Documento:
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É, segundo a de�nição de Vicente Greco Filho , todo objeto ou coisa do qual, em virtude de linguagem simbólica, se pode
extrair a existência de um fato. De acordo com a acepção do Código, no entanto, são apenas os “escritos, instrumentos
ou papéis, públicos ou particulares” (art. 232 do CPP), dos quais se pode extrair qualquer conclusão que represente um
fato ou circunstância conexa com o fato.
Veri�ca-se, portanto, que o termo documento é empregado com duas acepções diversas, podendo ser divididas em:
a) documentos em sentido amplo — são todos os objetos, não só os escritos, aptos a corpori�car uma manifestação
humana (fotogra�a, videofonograma, fonograma, pintura etc.);
b) documentos em sentido estrito — são apenas os escritos, ou seja, a prova literal.
CLASSIFICAÇÃO DOS DOCUMENTOS
OPORTUNIDADE
Salvo quando a lei dispuser em sentido contrário, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do
processo (art. 231 do CPP), incumbindo ao juiz cienti�car o oponente acerca do teor da prova.
O art. 479, do Código de Processo Penal, estabelece exceção a essa regra, pois proíbe que, no plenário do júri, proceda-se
à leitura de documento ou à exibição de objeto cujo teor não tenha sido informado à parte contrária, com antecedência
de, pelo menos, três dias úteis.
INICIATIVA
A introdução de documento nos autos pode decorrer de iniciativa das partes, hipótese em que se fala em produção
espontânea.
É possível, porém, ao juiz que tomar conhecimento da existência de documento relativo a ponto relevante da lide,
providenciar para sua juntada aos autos, independentemente de requerimento das partes (art. 234 do CPP). Nessa
hipótese, a produção é dita provocada (ou coacta). Ver também art. 156, CPP.
REQUISITOS PARA EFICÁCIA PROBANTE
São requisitos para que o documento faça prova do ato nele retratado:
a) a autenticidade (integridade material) — decorre da certeza de que o documento provém do autor nele indicado;
b) a veracidade (integridade ideológica) — consiste na exata correspondência entre a representação e o fato.
Acaso haja controvérsia sobre a autenticidade de documento particular, a letra e �rma nele inscritas serão submetidas a
exame pericial (art. 235 do CPP).
A cópia do documento original, desde que autenticada, terá o mesmo valor daquele (art. 232, parágrafo único, do CPP).
Para que todos possam compreender seu teor, o documento redigido em idioma estrangeiro deve ser traduzido por
tradutor público, ou, na falta, por pessoa nomeada pelo juiz.
CARTAS PARTICULARES
Realçando o princípio que determina a imprestabilidade da prova obtida por meio ilícito, o Código prevê que as cartas
interceptadas ou obtidas por meio criminoso não serão admitidas em juízo (art. 233, caput, do CPP).
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É lícito ao destinatário da correspondência, mesmo sem a anuência do signatário, exibi-la em juízo, desde que o faça
para a defesa de seu direito.
PROVA INDICIÁRIA
Trata-se de uma prova indireta, uma vez que para se chegar a uma conclusão, deve o intérprete partir de um raciocínio
lógico indutivo. A prova indiciária vem prevista no art. 239, CPP e, ainda que seja uma prova indireta, não é menos
importante do que as demais provas, notadamente pelo sistema do livre convencimento motivado.
Indícios são as circunstâncias conhecidas e provadas, que, tendo relação com o fato, autorizam, por indução, concluir-se
a existência de outra ou de outras circunstâncias (art. 239 do CPP).
O indício é, portanto, o fato devidamente comprovado que, por indução lógica, faz presumir a ocorrência ou inocorrência
do fato probando.
Valemo-nos, aqui, de exemplo citado por Tourinho Filho : se Tício é assassinado, a circunstância de que Mévio, seu
inimigo, alardeara, dias antes, que iria matá-lo, é um indício de ter sido ele o responsável pelo homicídio.
Entende-se por contraindícios as circunstâncias indiretas que, uma vez provadas, invalidam os indícios. Ex.: Caio, que foi
visto no interior de estabelecimento comercial furtado, é surpreendido na posse de relógio idêntico àquele subtraído da
loja (indício de que foi autor do furto), mas apresenta documento que comprova ter adquirido licitamente o bem em
ocasião anterior (contraindício).
VALOR DA PROVA INDICIÁRIA
À medida que o sistema da persuasão racional do juiz repudia o estabelecimento de hierarquia entre os meios de prova,
é possível concluir que o indício (prova indireta)não ocupa posição subalterna, no que respeita à e�cácia probante, em
relação à prova direta.
Não há qualquer óbice, portanto, para que o juiz fundamente a sentença condenatória com base, exclusivamente, em
prova indiciária, já que a certeza pode, em tese, advir de elementos dessa natureza. A rigor, até mesmo um único indício
pode servir de base para o acolhimento da pretensão punitiva, desde que se mostre su�ciente para convencer o juiz.
ATIVIDADES
1- Quanto à prova pericial, assinale a opção correta.
a) A con�ssão do acusado suprirá a ausência de laudo pericial para atestar o rompimento de obstáculo nos casos de furto
mediante arrombamento, prevalecendo, em tais situações, a quali�cadora do delito.
b) O exame de corpo de delito somente poderá realizar-se durante o dia, de modo a não suscitar qualquer tipo de dúvida, sendo
vedada a sua realização durante a noite.
c) Prevê a legislação processual penal a obrigatória participação da defesa na produção da prova pericial na fase investigatória,
antes do encerramento do IP e da elaboração do laudo pericial.
d) Os exames de corpo de delito serão realizados por um perito o�cial e, na falta deste, admite a lei que duas pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior e dotadas de habilidade técnica relacionada com a natureza do exame, sejam
nomeadas para tal atividade.
e) Em razão da especi�cidade da prova pericial, o seu resultado vincula o juízo; por isso, a sentença não poderá ser contrária à
conclusão do laudo pericial.
Justi�cativa
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2- Quando a infração depende de comprovação material prévia, condição de procedibilidade para a instauração da ação
penal? Dê um exemplo previsto na legislação processual penal.
Resposta Correta
Glossário
EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO
É aquele feito pelos peritos diretamente sobre o corpo de delito.
No exemplo da briga no boteco, é só imaginar que o perito o�cial foi ao local, examinou, tirou fotos, o cadáver foi levado ao instituto
de criminalística, foi examinado etc. Esse exame não oferece problema.
EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO
Há diversas correntes:
1ª Corrente: O exame indireto ocorre quando a prova testemunhal ou documental supre a ausência do exame direto, em virtude do
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desaparecimento dos vestígios deixados pela infração penal (posição que tem prevalecido na jurisprudência).
2ª Corrente: O exame indireto é feito pelos peritos, porém a partir da análise de documentos ou do depoimento das testemunhas.
Veja mais sobre as correntes a seguir.

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