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10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 1/16 Direito Processual Penal Aplicado Aula 7 - Interceptação telefônica. Sistemas de valoração de provas. Das provas em espécie INTRODUÇÃO Nesta aula, iremos fazer uma breve análise da interceptação telefônica e seu procedimento. Faremos ainda, sem pretendermos analisar a evolução histórica dos sistemas de valoração das provas, uma sumária exposição dos três 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 2/16 sistemas mais relevantes. Ao abordarmos o tema “sistema de valoração de provas” teremos em vista a relação existente entre o julgamento da causa pelo juiz natural e as provas produzidas em juízo. Buscar-se-á investigar a vinculação (ou não) do magistrado a alguma modalidade de prova. OBJETIVOS Interceptações Telefônicas (Lei 9296/96). Sistemas de valoração de provas. 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 3/16 A Constituição Federal prevê, no art. 5º, XII, ser inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegrá�cas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para �ns de investigação criminal ou instrução processual penal. As comunicações telefônicas, de per si, são fontes de prova, pois é delas que se extrai a comprovação de uma infração penal ou do envolvimento de um agente com um crime. A interceptação telefônica, por sua vez, funciona como meio de obtenção de prova, mais especi�camente como medida cautelar processual, de natureza coativa real, consubstanciada em uma apreensão imprópria. Pela redação do texto constitucional, é forçoso concluir que a interceptação telefônica requer autorização judicial e não se aplica de forma ampla e irrestrita, mas para �ns de investigação criminal ou instrução processual penal, e é regulamentada pela Lei 9296/96. O conceito de interceptação telefônica: distinção entre interceptação, escuta e gravação telefônica. É comum a confusão entre os conceitos de interceptação telefônica. Vejamos cada um deles. Interceptação telefônica Ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre duas pessoas, sem que nenhum dos interlocutores saiba. Para que a interceptação seja válida é indispensável que haja autorização judicial (entendimento pací�co). Ex.: polícia, com autorização judicial, grampeia os telefones dos membros de uma quadrilha e grava os diálogos mantidos entre eles. Escuta telefônica Ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre duas pessoas, sendo que um dos interlocutores sabe que está sendo realizada a escuta. Para que seja realizada é indispensável que haja autorização judicial (posição majoritária). Ex.: polícia grava a conversa telefônica que o pai mantém com o sequestrador de seu �lho. 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 4/16 Gravação telefônica Ocorre quando o diálogo telefônico travado entre duas pessoas é gravado por um dos próprios interlocutores, sem o consentimento ou a ciência do outro. Também é chamada de gravação clandestina (obs.: a palavra “clandestina” está empregada não na acepção de ilícito, mas sim no sentido de “feito às ocultas”). A gravação telefônica é válida mesmo que tenha sido realizada sem autorização judicial. A única exceção em que haveria ilicitude se dá quando a conversa é amparada por sigilo (ex.: advogados e clientes, padres/pastores e �éis). Ex.: mulher grava a conversa telefônica na qual o ex-marido ameaça matá-la. No entanto, existem outras situações similares à interpretação, mas que com esta não se confundem. Nesse sentido, Renato Brasileiro (2016) traz outros conceitos: Comunicação ambiental Refere-se às comunicações realizadas diretamente no meio ambiente, sem transmissão e recepção por meios físicos, arti�ciais, como �os elétricos, cabos óticos etc. En�m, trata-se de conversa mantida entre duas ou mais pessoas sem a utilização do telefone, em qualquer recinto, privado ou público. Interceptação ambiental é a captação sub-reptícia de uma comunicação no próprio ambiente dela, por um terceiro, sem conhecimento dos comunicadores. Não difere, substancialmente, da interceptação em sentido estrito, pois, em ambas as hipóteses, ocorre a violação do direito à intimidade, porém, no caso da interceptação ambiental, a comunicação não é telefônica. A título de exemplo, suponha-se que, no curso de investigação relativa ao crime de trá�co de drogas, a autoridade policial realize a �lmagem de indivíduos comercializando drogas, em uma determinada praça, sem que os tra�cantes tenham ciência de que esse registro está sendo efetuado. Escuta ambiental 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 5/16 é a captação de uma comunicação, no ambiente dela, feita por terceiro, com o consentimento de um dos comunicadores. Por exemplo, imagine-se a hipótese de cidadão vítima de concussão que, com o auxílio da autoridade policial, efetue o registro audiovisual do exato momento em que funcionário público exige vantagem indevida para si em razão de sua função. Gravação ambiental É a captação no ambiente da comunicação feita por um dos comunicadores (ex.: gravador, câmeras ocultas etc.). Segundo Renato Brasileiro (2016), assiste razão a essa corrente. Não �ca incluída a gravação de conversa por terceiro ou por um dos interlocutores, à qual se aplica a regra genérica de proteção à intimidade e à vida privada do art. 5°, X, da Carta Magna. A Lei n° 9.296/96 não abarca, portanto, a gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o conhecimento do outro. Fica esta hipótese fora do regime da lei, sendo considerada válida a gravação como prova quando houver justa causa, como ocorre em casos de sequestro. Nada impede que o juiz autorize a escuta, se houver requerimento nesse sentido. Mas, não é necessária a autorização judicial, pois se houver a gravação sem ela, mas estiver fundada em justa causa, a prova pode ser utilizada. Prevalece, então, o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que as gravações telefônicas não estão amparadas pelo art. 5°, XII, da Constituição Federal, devendo ser consideradas meios lícitos de prova, mesmo que realizadas sem ordem judicial prévia, pelo menos em regra. No entanto, certo é que a realização de escuta telefônica poderá ser determinada pela autoridade judiciária sempre que houver justa causa, por força do princípio da proporcionalidade, como se dá nos casos de gravações efetuadas pela polícia de conversas entre sequestradores e familiares da vítima, com prévia autorização destes. Sobre o tema, vejamos alguns entendimentos jurisprudenciais: Gravação ambiental feita pela polícia para obter con�ssão — prova ilícita: 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 6/16 Gravação clandestina de "conversa informal" do indiciado com policiais. 3. Ilicitude decorrente — quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião, ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação ambiental — de constituir, dita "conversa informal", modalidade de "interrogatório" sub-reptício, o qual — além de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial (C.Pr.Pen., art. 6º, V) —, se faz sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio.” (STF, 1ª T, HC 80949/RJ, j . 30.10.01) Em processo que apure a suposta prática de crime sexual contraadolescente absolutamente incapaz, é admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica efetivada a pedido da genitora da vítima, em seu terminal telefônico, mesmo que solicitado auxílio técnico de detetive particular para a captação das conversas. (STJ. 6ª Turma. Resp 1.026.605-ES, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/05/2014) 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 7/16 A conversa realizada em "sala de bate papo" da internet, não está amparada pelo sigilo das comunicações, pois o ambiente virtual é de acesso irrestrito e destinado a conversas informais. Relação das últimas ligações na memória do celular: Não con�gura nem interceptação telefônica, nem quebra de sigilo telefônico. Especial atenção também deve ser dispensada ao denominado e-mail corporativo, assim compreendida a comunicação eletrônica disponibilizada ao empregado para �ns estritamente pro�ssionais, podendo o empregador monitorar e 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 8/16 rastrear a atividade do empregado, no ambiente laboral, daí por que não se pode considerar ilícita a prova assim obtida. Nesses casos, não há expectativa de privacidade do usuário, mormente quando advertido de que o e-mail se destina a mensagens pro�ssionais. Nessa linha, como já se pronunciou o Tribunal Superior do Trabalho (TST), se se cuida de e- mail corporativo, declaradamente destinado somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, o que está em jogo, antes de tudo, é o exercício do direito de propriedade do empregador sobre o computador capaz de acessar a internet e sobre o próprio provedor. QUEBRA DO SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS E INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA A interceptação das comunicações telefônicas não se confunde com a quebra de sigilo de dados telefônicos, diz respeito a algo que está acontecendo; já a quebra do sigilo de dados telefônicos está relacionada aos registros documentados e armazenados pelas companhias telefônicas, tais como: 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 9/16 Destarte, o objeto da Lei n° 9.296/96 não abrange a quebra do sigilo de dados telefônicos. Como já se manifestou a jurisprudência, a referida lei é aplicável apenas às interceptações telefônicas (atuais, presentes), não alcançando os registros telefônicos relacionados a comunicações passadas. Logo, a quebra do sigilo dos dados telefônicos contendo os dias, os horários, a duração e os números das linhas chamadas e recebidas, não se submete à disciplina das interceptações telefônicas regidas pela Lei 9.296/96. Em outras palavras, a proteção a que se refere o art. 5°, inciso XII, da Constituição Federal, é da comunicação de dados, e não dos dados em si mesmos. Portanto, diversamente da interceptação telefônica, a quebra do sigilo de dados telefônicos não está submetida à cláusula de reserva de jurisdição. Logo, além da autoridade judiciária competente, Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) também podem determinar a quebra do sigilo de dados telefônicos com base em seus poderes de investigação (CF, art. 58, §3°), desde que o ato deliberativo esteja devidamente fundamentado. Ainda em relação à quebra do sigilo de dados telefônicos, há precedente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido de que a veri�cação direta por parte da autoridade policial das últimas chamadas efetuadas ou recebidas pelo agente não con�gura prova obtida por meios ilícitos. Con�ra-se: O fato de ter sido veri�cado o registro das últimas chamadas efetuadas e recebidas pelos dois celulares apreendidos em poder do corréu, cujos registros se encontravam gravados nos próprios aparelhos, não con�gura quebra do sigilo telefônico, pois não houve requerimento à empresa responsável pelas linhas telefônicas, no tocante à lista geral das chamadas originadas e recebidas, tampouco conhecimento do conteúdo das conversas efetuadas por meio destas linhas. É dever da autoridade policial apreender os objetos que tiverem relação com o fato, o que, no presente caso, signi�cava saber se os dados constantes da agenda dos aparelhos celulares teriam alguma relação com a ocorrência investigada. (HC 66368; Rel. Min. Gilson Dipp). PROCEDIMENTO Poderão requerer a diligência: autoridade policial civil ou militar, representante do Ministério Público, ou ordenada ex ofício. 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB195310… 10/16 Nos casos de crime de ação penal privada, o ofendido ou seu representante legal poderão requerer. A queixa, representação ou simples requerimento para a instauração de inquérito policial são su�cientes para se legitimar, por exemplo, ao Ministério Público (MP) nos crimes de ação penal privada. A requisição deverá ser encaminhada ao juízo competente da ação principal, seja em razão da matéria ou da hierarquia. Deferida a requisição, a interceptação será mantida em segredo de justiça e autuada em apenso aos autos de inquérito policial ou de processo criminal. O auto de interceptação conterá todos os atos realizados, de que forma foram feitos e a transcrição da gravação. A estes elementos só terão acesso: o juiz, os auxiliares da justiça, o MP, as partes e seus procuradores. A quebra deste segredo de justiça, havendo divulgação do conteúdo das gravações por pessoa que tenha acesso aos dados da interceptação, bem como a interceptação sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei, constituem crimes apenados com reclusão de dois a quatro anos, e multa conforme o disposto no artigo 10 da Lei de Interceptação Telefônica. UTILIZAÇÃO DAS GRAVAÇÕES Apenas serão utilizadas para �ns de apreciação do juiz aquelas interceptações que forem tomadas como prova do processo, as demais serão inutilizadas por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Sempre será assistido este incidente pelo MP. , Deverá sempre preservar o sigilo das diligências, gravações e transcrições que forem feitas sob pena do artigo 10 dessa lei estudada. As interceptações serão usadas para que o processo tenha uma prova contundente, podendo ajudar o juiz a fundamentar sua decisão. O seu prazo é de 15 dias renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Quanto ao número de vezes em que o prazo da interceptação telefônica pode ser renovado, há quatro correntes distintas: Logo, a duração máxima da interceptação seria de 30 dias; Em caso concreto em que as interceptações telefônicas perduraram por quase 2 anos, a 6ª Turma do STJ concluiu haver evidente violação ao referido princípio, daí por que considerou ilícita a prova resultante de tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas; 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB195310… 11/16 Esse estado não pode superar o prazo de 60 dias (CF, art. 136, §2°). Se durante o Estado de Defesa a limitação não pode durar mais de 60 dias, em estado de normalidade esse prazo também não pode ser maior; Renato Brasileiro (2016) defende ser essa a posição mais acertada, ao fundamento de que, com a crescente criminalidade em nosso país, é ingênuo acreditar que uma interceptação pelo prazo de 30 dias possa levar ao esclarecimento de determinado fato delituoso. A depender da extensão, intensidade e complexidade das condutas delitivas investigadas, e desde que demonstrada a razoabilidade da medida, o prazo para a renovação da interceptação pode ser prorrogado inde�nidamente enquanto persistir a necessidadeda captação das comunicações telefônicas O art. 5º, da Lei 9.296/96, dispõe que o prazo é de 15 dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. O STF e o STJ já decidiram que a renovação por 15 dias pode ocorrer quantas vezes forem necessárias, desde que fundamentada a necessidade de cada prorrogação. SISTEMAS DE VALORAÇÃO DE PROVAS Sistema da prova legal, da certeza moral do legislador, da verdade legal, da verdade formal ou tarifado: A norma estabelece que o magistrado deva ater-se aos seus ditames preestabelecidos, incorrendo, portanto, qualquer margem a discricionariedade. 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB195310… 12/16 Sistema da certeza moral do juiz ou da intima convicção: Distintamente do descrito anteriormente, a norma dá toda liberdade de decidir como queira, não �xando quaisquer regras de valoração das provas, portanto, sua convicção intima é capaz, não importando quais os critérios que este se pautou para o julgamento. Assim, é usualmente entre nós este sistema, porém, como exceção, pois, tratando-se de Tribunal do Júri, o jurado profere seu voto, não necessitando de fundamentá-lo. Sistema da livre (e não íntima) convicção, da verdade real, do livre convencimento ou da persuasão racional do juiz ou livre convencimento motivado: Trata-se de uma mescla de ambos mencionados anteriormente, pois o magistrado é livre para formar sua convicção, não estando preso a qualquer critério legal de pre�xação de valores probatórios, mas, é de forma relativa, porque deverá ser necessária sua fundamentação. Para tanto, o juiz decide conforme sua liberdade, contudo deverá explicitar de modo motivado suas razões em que optou, obedecendo as normas. É adotado pelo CPP, em que o art. 155, caput. São efeitos da adoção desse sistema: ELEMENTOS INFORMATIVOS E PROVA Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. , Outro detalhe importante é a �nalidade desses elementos: Se não são produzidos com o contraditório, qual seria a sua relevância? Esses elementos informativos são aqueles colhidos na fase investigatória e sem a participação dialética das partes. E aí, quando falamos isso, lembrem-se: não há contraditório. São úteis para: Em relação à prova, você vai ter que de lembrar, que vai ser, em regra, colhida na fase judicial, ou seja, na presença do juiz e, como detalhe extremamente importante, a agora adoção do princípio da identidade física do juiz. Sabemos que esse princípio, até 2008, era exclusivo do processo civil, agora também passa a ser adotado no processo penal. 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB195310… 13/16 A prova tem como elemento fundamental, pressuposto inafastável, a observância do contraditório. Há a participação dialética das partes. Você tem aí, sintetizada, a diferença entre elementos informativos e prova. Essa distinção foi colocada na própria lei pelo legislador, no art. 155 do CPP. O art. 155 traz o advérbio ‘exclusivamente’ que está provocando muita confusão. Quanto ao ‘exclusivamente’, devemos entender o seguinte: Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vivamus diam enim, interdum sit amet ultricies vitae, malesuada in ipsum. Nulla aliquam pharetra ornare. Class aptent taciti sociosqu ad litora torquent per conubia nostra, per inceptos himenaeos. Essa é uma premissa básica. Você, como juiz, não pode só usar o inquérito para fundamentar sua sentença. “No entanto, não devem ser completamente ignorados, podendo se somar à prova produzida em juízo, servindo como mais um elemento na formação da convicção do juiz.” (DE LIMA, 2016) Para a conclusão da análise, do art. 155, temos que explicar conceitos de provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Se não for feita nesse exato momento, talvez amanhã você não consiga mais produzi-la. Caso do desaparecimento de fuzis do quartel. Imagine que por conta das investigações, descobrimos que dois fuzis estão sendo guardados em uma casa. Se nós não pedimos mandado de busca e apreensão e ele não é executado com rapidez, podemos perder a prova. Amanhã ou depois os fuzis podem não mais estar lá. Outro exemplo: interceptação telefônica. Nessas provas cautelares, por razões óbvias, o contraditório não se dá no momento de produção da prova. Se 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB195310… 14/16 avisarmos a pessoa que nós vamos pegar o fuzil, ela vai tirar o fuzil de lá. “Em relação a essas provas cautelares, o contraditório é diferido, ou seja, é um contraditório que se dá a posteriori.” (DE LIMA, 2016) Como é que o contraditório, geralmente, é exercido em interceptação telefônica? A pessoa que teve sua voz gravada, diz que a voz não é dela. Nesse caso, é preciso fazer um laudo de veri�cação de autenticidade de voz. Os dois conceitos se assemelham só que, em regra, a prova cautelar depende de autorização do juiz. Já a prova não repetível, não. Melhor exemplo de prova não repetível: perícia em um crime de lesões corporais, perícia em um crime de estupro. Se não fazemos imediatamente, talvez a materialidade já não possa mais ser aferida pelo perito. A perícia não depende de autorização judicial. O delegado de polícia não precisa pedir autorização judicial. Para concluir, o contraditório como �ca? Em relação à prova não repetível, o contraditório também é diferido. Esse conceito talvez seja o mais importante dos três porque a prova antecipada é a mais diferente. Aqui, o contraditório não e diferido, ele é real, acontece no momento da produção/realização da prova. A prova é produzida na presença do juiz, com as partes, acusação e defesa. E é produzida de maneira antecipada por conta da urgência. Pode surgir tanto na fase do IP, quanto no processo. Exemplo de prova antecipada que vem sendo citada pela doutrina é o art. 225, do CPP: Art. 225 - Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. Nesse caso, se você tem uma vítima de tentativa de homicídio, e ela está gravemente internada em hospital, pode ouvi-la antecipadamente. Peça ao juiz para ouvi-la com contraditório e ampla defesa e o juiz pode usar esse depoimento na sentença. Outro exemplo é o art. 366, do CPP. Nessa situação, imaginando alguma prova que seja urgente e extremamente relevante, o juiz pode antecipar. ATIVIDADES 1 - Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de determinada Assembleia Legislativa, regularmente instaurada, determina a interceptação de comunicações telefônicas de Jorge, com base na Lei nº 9.296/96, bem como a quebra do sigilo de dados telefônicos de João, sendo que ambos �guravam na condição de investigados. 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB195310… 15/16 Apenas com base nas informações obtidas por esses meios, o Ministério Público (MP) ofereceu denúncia em face de Jorge e João, encaminhando junto com a inicial acusatória a transcrição das conversas obtidas com a interceptação de Jorge e a relação de dados telefônicos de João. Apenas com base nas informações narradas e na posição majoritária do Supremo Tribunal Federal, é correto a�rmar que: a) A relação de dados telefônicos de João con�gura prova válida, enquanto a transcrição a partir da interceptação das conversas telefônicas de Jorge con�guraprova ilícita. b) Ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, devem ser consideradas válidas. c) Ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, são ilícitas, devendo ser desentranhadas dos autos. d) Ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, são ilícitas, mas podem continuar nos autos em razão da teoria da fonte independente. e) O registro dos dados telefônicos de João con�gura prova ilícita, enquanto a transcrição das conversas de Jorge, obtidas por interceptação telefônica, con�gura prova válida. Justi�cativa 2- Sobre a lei de Interceptação Telefônica (Lei n o 9.296/96), está correto a�rmar: a) As interceptações das comunicações telefônicas são admitidas como meio de prova para qualquer crime. b) A interceptação de comunicações telefônicas sem autorização judicial, por parte do agente policial, constituiu apenas infração administrativa, nos termos do artigo 10 da Lei no 9.296/96. c) A conversa telefônica gravada por um dos interlocutores não caracteriza crime, não estando, portanto, sujeita às disposições da Lei n o 9.296/96. d) Sendo infrutífera a interceptação de conversas telefônicas, ao �nal do prazo, a autoridade policial arquivará o material gravado, comunicando ao juiz apenas o resultado negativo da interceptação. e) As interceptações telefônicas, no curso das investigações, dependem da ordem da autoridade policial e, no curso da ação penal, dependem de ordem judicial. Justi�cativa 10/02/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB195310… 16/16 Glossário
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