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Conteúdo Interativo - Aula 04

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10/02/2021 Disciplina Portal
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Direito Processual Penal
Aplicado
Aula 4 - Teoria Geral da Prova
INTRODUÇÃO
Nesta aula, serão estudadas a Teoria Geral da Prova, os destinatários das provas, o objeto da prova. Analisaremos ainda
a classi�cação e o ônus da prova.
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O estudo da teoria geral da prova visa à adoção de um sistema voltado à proteção e efetividade dos direitos e garantias
fundamentais. Para tanto, é necessária a compreensão da relevância do estudo das teorias sobre a natureza jurídica e o
ônus da prova, bem como a adoção de um Sistema Processual Acusatório e suas características atinentes à gestão
probatória para �ns de efetivação de um Sistema de Garantias.
OBJETIVOS
Reconhecer a terminologia, os conceitos, os destinatários das provas, as fontes de prova, os sujeitos da prova e os
objetos da prova;
Analisar a classi�cação e o ônus da prova.
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TERMINOLOGIA DA PROVA
Conceito de prova
→ Conceito de prova como atividade probatória
Devemos raciocinar que, a partir do momento em que a CF assegura o direito de ação, entende-se que o direito à prova é
um desdobramento do direito de ação. É um raciocínio que pode parecer bobo, mas é muito importante.
De que haveria poder ingressar em juízo sem produzir provas? Meu direito e minha ação estariam prejudicados. O direito
à prova é um desdobramento, seja do direito de ação, seja do direito de defesa.
→ Conceito de prova como resultado
→ Conceito de prova como meio
DESTINATÁRIO DA PROVA
No processo penal, o destinatário da prova é o órgão jurisdicional (pode ser juiz, desembargador, ministro). Podemos
dizer que o Ministério Público é destinatário da prova? Há doutrina dizendo que sim: se o MP tem a atribuição de propor
a ação penal, na fase pré-processual, a prova também tem �nalidade de formar a convicção do MP.
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Sustenta-se que o MP é destinatário porque ele recebe o inquérito policial, forma o seu convencimento e, se for o caso,
propõe a ação penal. Isso está correto? Não está! Até mesmo porque, no I.P., onde não há contraditório e ampla defesa,
não produzimos prova. Produzimos elementos de informação. Apesar de alguns doutrinadores dizerem que o MP seria
destinatário da prova, o ideal é dizer que o MP seria destinatário dos elementos de informação.
SUJEITOS DA PROVA
São as pessoas responsáveis pela produção da prova:
FONTE DE PROVA
A doutrina se divide:
O acusado pode ser fonte de prova. Todos sabemos, e isso está reforçado, que interrogatório é meio de defesa. Tanto que,
atualmente, com o novo procedimento, é o último ato da instrução. Mas, se por acaso o acusado resolve confessar, ele se torna
fonte de prova porque vai fornecer elementos.
OBJETOS DE PROVA
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Conforme, o Professor Fernando Capez:
Trata-se de uma série de atos realizados com a �nalidade de desvendar os fatos tais como tenham esses efetivamente
ocorridos.
Fatos que independem de prova:
Fatos notórios
São os que não precisam ser provados, ou seja, aqueles que fazem parte da nossa cultura, de
conhecimento comum do homem médio de determinada sociedade.
É a situação da verdade sabida, por exemplo: não se necessita provar que no dia 7 de setembro
comemoramos a Independência do Brasil; que o Carnaval é uma festa popular e que o Brasil é
pentacampeão de futebol. Porém, não deveremos confundir notoriedade do fato com o
conhecimento do mesmo fato pelo juiz, uma vez que este pode conhecer o fato que não seja
notório, ou mesmo não deveremos confundir notoriedade com a opinião de um número
indeterminado de pessoas, que pode estar baseada em boatos, rumores infundados, frutos da
crendice popular.
Presunções absolutas ou legais
Decorrem de conclusões da própria lei, pois assumem a veracidade de determinados fatos, não
admitindo fato em sentido contrário.
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Por exemplo, a acusação não poderá provar que o menor de 18 anos tinha plena capacidade de
entender o caráter criminoso do fato, pois a legislação presume sua incapacidade
(inimputabilidade) de modo absoluto, sem sequer admitir prova em contrário.
Fatos inúteis ou irrelevantes
São todos os fatos verídicos ou não, que nada in�uenciam na solução da causa, portanto, não
necessitam ser levantados.
Por exemplo, o juiz querer saber quais eram os pratos servidos no jantar; qual era a raça do cão
que passava pela rua no momento do crime.
Fatos axiomáticos ou intuitivos
São aqueles evidentes por si mesmo, em que há certeza do conhecimento ou sobre algo,
portanto, não carecem de prova, pois se o fato é evidente, a convicção já se encontra formada.
Por exemplo, se o homem respira, move e fala, não será necessário provar que este esteja vivo,
ou, se alguém encontra um corpo humano putrefato, nem mesmo um �lósofo poderia indagar
se este é um cadáver.
FATOS QUE DEPENDEM DE PROVA:
Por tanto, os fatos que dependam de prova devem ser admissíveis pelo Direito; devem ter pertinência, excluindo-se
inutilidades; que tenham como escopo, esclarecer uma questão controvertida e, por �m, seja possível de se realizar.
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Pode ser qualquer meio de prova, como um depoimento, uma testemunha, um laudo de exame de corpo de delito, um
documento, uma con�ssão do acusado, portanto, quaisquer meios (desde que lícitos, claro).
Sua natureza, formalmente é prova documental, conservando o seu caráter jurídico original. Por exemplo, testemunho
trazido a outro processo por meio de reprodução grá�ca que será apresentada como prova testemunhal.
Por outro lado, alguns autores dizem que a prova emprestada não tem força probante alguma, como teve no processo
do qual é originária; assim, para ter e�cácia plena, deverá obedecer a alguns requisitos apontados pela doutrina como:
Assim, é evidente a inadmissibilidade de prova emprestada de inquérito policial, uma vez que se trata de procedimento
não contraditório.
CLASSIFICAÇÕES DA PROVAS DE ACORDO COM DIVERSOS CRITÉRIOS
ÔNUS DA PROVA
É a responsabilidade de provar aquilo que alega (art. 156, CPP).
Cabe ressaltar que a principal distinção de ônus para obrigação é que, no primeiro, há apenas uma facultatividade, ao
passo que o seu descumprimento não signi�ca que seja contrário ao direito, mas é um encargo que tem os litigantes de
provar, por meios admissíveis, a verdade dos fatos; já no segundo, a parte tem o dever de praticar o ato, sob pena de
violar a lei.
A DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA SEGUNDO A CORRENTE
MAJORITÁRIA
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De acordo com a corrente majoritária, a acusação tem que provar a existência de fato típico e também é obrigada a
provar a autoria e a relação de causalidade (daí a importância do exame de corpo de delito). Por último, deve também
comprovar o elemento subjetivo.
Em relação à prova do elemento subjetivo, destacamos alguns pontos:
Em relação a isso, a gente sabe que a conduta é dolosa ou é culposa. A culpa, nãohá dúvida alguma, deve ser provada
pela acusação. Assim, por exemplo, você tem que provar que o acusado dirigia a 190 km, com a carteira cassada e
pulando quebra-molas em cima das pessoas.
Aí vem a pergunta:
Dolo é a vontade e a consciência de praticar fato tipi�cado.
No interrogatório, o juiz vai dizer:
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Dá para acreditar nesse susto?
Não! Isso é tentativa do homicídio.
O problema é que é difícil a comprovação do dolo, porque o dolo está na cabeça. Por isso, alguns doutrinadores dizem
que o dolo seria presumido.
Em um Estado que consagra o princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade, será que poderíamos dizer
isso? A melhor resposta é a seguinte: A acusação deve provar, não só a culpa, como também o dolo. E como é que
provamos o dolo?
A prova do dolo é feita a partir da análise dos elementos objetivos do caso concreto.
Quatro tiros na cabeça não levam à outra conclusão senão que a �nalidade era matar. Um tiro no joelho, por sua vez, não supõe
tentativa de homicídio. Lesão corporal é a melhor alternativa.
Vamos compreender uma teoria relacionada a isso chamada Teoria da Cegueira Deliberada (Willful blindness), também
conhecida como Instruções da Avestruz (Ostrich Instructions) no Direito norte-americano.
Em relação a essa teoria, pedimos sua atenção para um exemplo divertido, a título de brincadeira.
Imagine uma corretora de imóveis. Um belo dia chega um cidadão em uma moto, meio esquisitão, com jeito de quem
não tem bala na agulha para comprar nada, entra na corretora e diz que quer comprar imóveis:
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En�a a cabeça no buraco. O nome surge daí.
Isso tem acontecido muito com relação à lavagem de dinheiro.
A Lei de Lavagem de dinheiro estabelece que algumas pessoas que lidam com dinheiro em espécie têm certas
obrigações. Quais? De comunicar movimentações suspeitas como essa do nosso exemplo. Então, esse corretor tem a
obrigação de comunicar essa operação suspeita. Mas o que ele prefere fazer? Não comunicar nada, en�ar a cabeça no
buraco e continuar a receber o dinheiro.
Então, essa teoria tem sido usada para dizer o quê? Se ele prefere permanecer com essa ignorância ele estaria agindo de
que forma? Com dolo eventual, que é quando você assume o risco de produzir o resultado. É mais ou menos o que
acontece no exemplo.
Na hora que ele en�a a cabeça no buraco, assume o risco de concorrer pelo resultado da lavagem. Então, ele responderia
pelo crime a título de dolo eventual.
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No Brasil, essa teoria foi usada no caso do Banco Central em Fortaleza. Foi uma sentença redigida por um juiz federal e
ela é brilhante.
Clique aqui (glossário) e entenda como foi usada essa teoria no caso do Banco Central em Fortaleza.
A DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA SEGUNDO A CORRENTE
MINORITÁRIA
Essa segunda corrente vai enfocar, sobretudo, o princípio da presunção da inocência ou da não culpabilidade, segundo o
qual ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado. Desse princípio deriva a regra probatória, ou seja, o
MP tem que provar tudo porque, na dúvida, absolvemos.
Então, atente ao detalhe:
Essa segunda corrente é sustentada por alguns doutrinadores. Então, por conta do princípio da presunção de inocência,
o ônus é todo da acusação. Perceba um detalhe importante, que reforça essa ideia, o art. 386 teve sua redação alterada
e a nova redação, de certa forma, vem ao encontro dessa segunda corrente:
O juiz vai absolver o acusado quando estiver convencido de uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade e
absolve.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON873/galeria/aula4/docs/pdf01.pdf
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O trecho em negrito era entendimento antigo. Agora é lei. Se, ao �nal do processo, o juiz tem dúvida se ele matou ou se
matou por legítima defesa; se o juiz estiver na dúvida quanto a uma excludente da ilicitude, quanto a uma excludente da
culpabilidade, ele deve fazer o quê? Absolver, em razão do in dubio pro reo.
Se essa dúvida está gerando a absolvição,
cadê o ônus da prova da defesa?
Por que se a defesa tivesse um ônus, ela deveria provar de maneira cabal e ela não é obrigada a provar a excludente,
pois a simples dúvida já autoriza a absolvição.
Então, essa nova redação acaba reforçando a segunda corrente, eis que a defesa não tem mais esse ônus, já que a
dúvida gera a absolvição. A defesa não precisa provar com certeza a excludente da ilicitude. A dúvida já é su�ciente.
Por força do princípio da presunção de inocência, em seu desdobramento da regra de julgamento do in dubio pro reo,
com a nova redação do artigo 386, VI, a simples dúvida quanto à presença de circunstâncias excludentes da ilicitude ou
da culpabilidade autoriza a absolvição do acusado. Logo, se a dúvida autoriza a absolvição pode-se concluir que a
defesa não possui ônus da prova no processo penal.
A corrente majoritária continua sendo a outra. Só que a segunda, colocada agora, ganhou um reforço muito grande com
a nova redação desse artigo.
ATIVIDADE
Em uma briga de bar, Joaquim feriu Pedro com uma faca, causando-lhe sérias lesões no ombro direito. O promotor de
justiça ofereceu denúncia contra Joaquim, imputando-lhe a prática do crime de lesão corporal grave contra Pedro, e
arrolou duas testemunhas que presenciaram o fato. A defesa, por sua vez, arrolou outras duas testemunhas que
também presenciaram o fato.
Na audiência de instrução, as testemunhas de defesa a�rmaram que Pedro tinha apontado uma arma de fogo para
Joaquim, que, por sua vez, agrediu Pedro com a faca apenas para desarmá-lo. Já as testemunhas de acusação
disseram que não viram nenhuma arma de fogo em poder de Pedro.
Nas alegações orais, o Ministério Público pediu a condenação do réu, sustentando que a legítima defesa não havia
�cado provada. A defesa pediu a absolvição do réu, alegando que o mesmo agira em legítima defesa.
No momento de prolatar a sentença, o juiz constatou que remanescia fundada dúvida sobre se Joaquim agrediu Pedro
em situação de legítima defesa. Considerando tal narrativa, assinale a a�rmativa correta.
a) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da defesa. Assim, como o juiz não se convenceu completamente da
ocorrência de legítima defesa, deve condenar o réu.
b) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da acusação. Assim, como o juiz não se convenceu completamente da
ocorrência de legítima defesa, deve condenar o réu.
c) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da defesa. No caso, como o juiz �cou em dúvida sobre a ocorrência de
legítima defesa, deve absolver o réu.
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d) Permanecendo qualquer dúvida no espírito do juiz, ele está impedido de proferir a sentença. A lei obriga o juiz a esgotar todas
as diligências que estiverem ao seu alcance para dirimir dúvidas, sob pena de nulidade da sentença que vier a ser prolatada.
Justi�cativa
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