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Aula Recurso Adesivo

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Curso	Ênfase	©	2019
PROCESSO	DO	TRABALHO	–	FELIPE	BERNARDES
AULA116	-	RECUSO	ADESIVO
1.	TEORIA	GERAL	DOS	RECURSOS
1.1.	RECURSO	ADESIVO
O	recurso	adesivo	não	é	um	tipo	 recurso.	Na	verdade,	é	uma	 forma	de	 interposição	de
recursos.	Pode-se	dizer,	portanto,	que	assim	como	existe	a	possibilidade	de	 interposição	de	um
recurso	 ordinário	 autônomo,	 de	 um	 recurso	 de	 revista	 autônomo,	 de	 um	 agravo	 de	 petição
autônomo,	 existe	 também	 a	 possibilidade	 de	 interposição	 por	 adesão	 de	 um	 recurso	 ordinário
adesivo,	de	um	recurso	de	revista	adesivo,	um	recurso	de	agravo	de	petição	adesivo.
O	adesivo	é	uma	qualificação,	uma	forma	de	se	interpor	os	mesmos	recursos.	Não	é	um
recurso	 diferente	 dos	 recursos	 que	 já	 existem	 na	 lei	 e	 os	 que	 serão	 estudados	 na	 parte	 de
recursos	em	espécie.
O	 recurso	 adesivo	 é	 pertinente	 naqueles	 casos	 em	 que	 se	 tem	 uma	 sucumbência
recíproca,	ou	seja,	tanto	reclamante	quanto	reclamado	ganharam	e	perderam	no	processo.	Pode
ser	que	uma	parte	até	se	conformasse	com	a	sentença,	desde	que	a	sua	situação	não	piorasse	e
o	processo	terminasse	por	ali.
EXEMPLO:	Pode	ser	que	o	trabalhador	tenha	pedido	100,	mas	ganha	70.	E	pode	ser	que
ele	até	prefira,	do	ponto	de	vista	prático,	que	a	sentença	seja	mantida.	Contudo,	o	reclamante
poderia	ficar	com	certo	receio,	porque	no	último	dia	do	prazo	recursal	seria	surpreendido	por	um
recurso	da	parte	contrária,	tentando	fazer	cair	os	70	que	o	reclamante	tinha	ganho.
Para	este	tipo	de	situação,	evitando	a	surpresa	à	parte	recorrida,	inclusive	para	evitar	que
o	reclamante	 interpusesse	recurso	só	por	medo	da	outra	parte	recorrer,	alongando	o	processo,
que	a	legislação	criou	a	figura	do	recurso	adesivo.
É	a	situação	em	que	se	elastece	o	prazo	recursal.	O	prazo	que	era	de	08	dias,	no	caso	de
recurso	 ordinário,	 será	 elastecido,	 pois	 o	 recurso	 adesivo	 será	 interponível	 no	 prazo	 das
contrarrazões.
A	parte	tem	um	prazo	de	08	dias	para	interposição	do	recurso	ordinário	autônomo.	Se	ela
estiver	 conformada	 com	 os	 70	 que	 ganhou,	 por	 exemplo,	 pode	 esperar	 tranquilamente.	 Se	 a
outra	parte	não	recorrer,	 transitará	em	 julgado	de	 imediato.	Se	a	outra	parte	recorrer,	a	parte
terá	um	prazo	de	mais	08	dias,	que	é	o	prazo	de	contrarrazões,	para	ofertar	o	seu	recurso	adesivo
junto	com	as	contrarrazões.
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Essa	é	a	explicação	extra	jurídica	para	a	técnica	do	recurso	adesivo,	isto	é,	tentar	evitar	a
interposição	 de	 recursos	 em	 situação	 de	 sucumbência	 recíproca	 em	 que	 as	 partes	 talvez	 até
aceitassem	a	decisão,	desde	que	tivessem	a	certeza	de	que	a	outra	parte	não	recorreria.
No	caso	concreto,	pouco	importa	investigar	o	estado	anímico	do	recorrente	adesivo.	Pode
ser	 que,	 por	 exemplo,	 o	 recorrente	 adesivo	 tenha	 perdido	 o	 prazo	 de	 interpor	 o	 recurso
autônomo.	Ele	sempre	quis	recorrer	para	ganhar	os	100,	mas	perdeu	o	prazo.	Entretanto,	diante
do	recurso,	ele	pode	interpor	o	recurso	adesivo.
Essa	questão	do	estado	anímico,	de	aceitar	a	decisão	parcialmente,	é	explicação	legislativa,
do	porquê	o	legislador	ter	criado	o	instituto.	No	entanto,	a	aplicação	prática	independe	do	estado
anímico	do	recorrente	adesivo,	bastando	o	fato	objetivo	em	si	da	interposição	do	recurso	adesivo
dentro	do	prazo	das	contrarrazões.
O	 procedimento	 do	 recurso	 adesivo	 é	 muito	 simples.	 O	 recorrido	 será	 intimado	 para
contra-arrazoar	o	recurso,	que	é	uma	faculdade	do	recorrido.	E	nesse	mesmo	prazo	o	recorrido
pode	interpor	o	recurso	adesivo.
Procedimentalmente	 o	 recurso	 é	 adesivo,	 geralmente,	 é	 oferecido	 em	 peça	 distinta	 da
petição	 de	 contrarrazões.	 É	 interessante	 que	 se	 faça	 desta	 forma,	 posto	 que	 fica	 muito	 mais
evidente	o	procedimento	recursal,	delimitando	e	facilitando	o	julgamento	pelo	órgão	recursal.
Contudo,	não	existe	nenhuma	exigência	 legal	de	que	seja	dessa	 forma.	Pode	ser	que	o
recorrido,	na	própria	petição	de	contrarrazões,	já	formule	o	recurso	adesivo,	tudo	em	uma	única
peça.	Não	haveria	qualquer	vício	atinente	à	regularidade	formal,	visto	que	o	importante	é	que	haja
o	pedido	recursal	e	estejam	atendidos	os	requisitos	de	admissibilidade	do	recurso.
O	recurso	adesivo	tem	os	mesmos	requisitos	de	admissibilidade	do	recurso	autônomo,	ou
seja,	 deve	 atender	 o	 prazo	 do	 recurso,	 o	 preparo	 recursal	 (depósito	 recursal	 e	 custas),	 a
regularidade	formal.
Digamos	que	seja	um	recurso	de	revista	adesivo.	Deve	atender	todos	os	requisitos	com
legitimidade,	tempestividade	e	interesse	recursal.	Todos	os	requisitos	do	recurso	que	se	interpõe
adesivamente	devem	ser	observados.
O	 recurso	adesivo	é	uma	modalidade,	uma	 forma	de	 interposição	do	 recurso	e	não	um
recurso	diferente.
Após	a	interposição	do	recurso	adesivo,	será	necessário	abrir	prazo	para	contrarrazões	ao
recurso	adesivo.	Se	trata	de	uma	exigência	do	contraditório.
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Assim	como	houve	um	recurso	autônomo	principal	e	é	dado	prazo	para	contrarrazões	ao
recorrido,	uma	vez	que	o	recorrido	interpõe	o	recurso	adesivo,	ele	se	torna	recorrido.	O	recorrido
no	recurso	principal	é	recorrente	no	recurso	adesivo,	motivo	pelo	qual	deve	ser	aberto	prazo	para
o	 recorrido	 no	 recurso	 adesivo,	 que	 era	 o	 recorrente	 no	 recurso	 principal,	 para	 apresentar
contrarrazões.
Será	que	o	recorrido	no	recurso	adesivo,	que	era	o	recorrente	principal,	pode
ofertar	um	segundo	recurso	adesivo?
A	resposta	é	não.	O	recurso	adesivo	somente	pode	ser	interposto	pelo	recorrido	originário,
aquele	que	teve	contrarrazões	e	recorreu.
Não	é	possível	um	novo	recurso	adesivo	por	conta	da	preclusão	consumativa.	É	o	princípio
da	unirrecorribilidade	 recursal,	 para	o	qual	 cada	parte	 somente	pode	 interpor	um	único	 recurso
contra	cada	decisão	judicial.
Se	ele	interpôs	no	seu	prazo	um	recurso	autônomo,	ainda	que	em	relação	a	um	pedido	só,
sendo	que	poderia	ter	recorrido	de	três	pedidos,	por	exemplo,	não	poderá	interpor	um	segundo
recurso	contra	a	mesma	sentença.
O	recurso	adesivo	somente	será	interponível	pela	parte	recorrida	originária.	A	outra	parte
terá	apenas	prazo	de	contrarrazões.
Outro	tópico	a	ser	analisado	é	a	subordinação	ao	recurso	principal.
Digamos	 que	 o	 recurso	 ordinário	 principal	 foi	 interposto	 pelo	 reclamante	 e	 a	 reclamada
interpõe	o	recurso	ordinário	adesivo.
Os	dois	recursos	devem	passar	pelo	juízo	de	admissibilidade,	devendo	ser	tempestivo,	com
legitimidade,	preparo	e	etc.	Entretanto,	além	dos	requisitos	inerentes	ao	recurso	que	se	interpõe,
o	recorrente	adesivo	fica	subordinado	ao	conhecimento,	à	admissibilidade	do	recurso	principal.
Se	o	recurso	principal	não	for	conhecido,	não	for	julgado	no	mérito,	por	qualquer	motivo,	o
recurso	adesivo	também	não	será	conhecido.
Digamos	 que	 o	 recurso	 principal	 não	 seja	 conhecido	 porque	 o	 tribunal	 o	 considera
intempestivo	ou	por	falta	de	preparo	recursal	ou	falta	de	regularidade	formal.	Automaticamente,
mesmo	que	o	recurso	adesivo	esteja	com	todos	os	requisitos	presentes	do	recurso	principal,	não
será	conhecido	em	razão	do	não	conhecimento	do	recurso	principal.
Outro	 motivo	 é	 a	 desistência.	 Digamos	 que	 o	 recorrente	 do	 recurso	 ordinário	 principal
desista	do	 recurso.	 A	 desistência	 de	 recurso	 é	 um	ato	unilateral	 do	 recorrente	 e	 independe	de
aceitação.	 Nesse	 caso,	 o	 recurso	 ordinário	 não	 será	 julgado	 no	 mérito.	 Consequentemente,	 o
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recurso	adesivo	também	não	será	subsistir	e	será	extinto,	transitando	em	julgado	de	imediato	a
decisão	recorrida.
O	julgamento	do	mérito	do	recurso	adesivo	somente	pode	acontecer	se	o	recurso	principal
também	for	julgado	no	mérito,	somente	se	passar	pela	análise	de	admissibilidade	recursal.
A	subordinação	significa	apenas	que	deve	ser	 julgado	no	mérito.	Uma	vez	que	o	recurso
principal	seja	julgado	no	mérito,ainda	que	seja	não	provido,	o	recurso	adesivo	ainda	será	julgado.
O	conhecimento	do	recurso	adesivo	fica	subordinado	ao	conhecimento	do	recurso	principal,
mas	o	julgamento	do	mérito	de	cada	um	deles,	uma	vez	superada	a	etapa	de	admissibilidade,	é
totalmente	independente,	de	modo	que	é	possível	ter	o	julgamento	de	provimento,	de	provimento
parcial	ou	de	não	provimento	do	principal	e	também	do	adesivo.	Podem	ocorrer	várias	situações
na	prática	com	relação	ao	mérito,	todas	independentes.
Será	que	há	necessidade	de	correlação	de	matérias	no	recurso	adesivo?
O	TST	tem	súmula	no	sentido	de	que	não	há	necessidade	de	correlação	de	matérias	entre
o	recurso	principal	e	o	adesivo.
EXEMPLO:	Digamos,	por	exemplo,	que	haja	um	processo	com	três	pedidos,	sendo	P1	de
verbas	rescisórias,	o	P2	de	horas	extras	e	o	P3	de	danos	morais.	O	reclamante	recorreu	quanto
aos	danos	morais,	que	foram	indeferidos	na	sentença.	A	reclamada	recorre	adesivamente	quanto
ao	pedido	de	horas	extras,	que	foi	favorável	ao	reclamante.
O	recurso	adesivo	pode	tratar	sobre	um	tema	totalmente	desvinculado	daquele	tratado	no
recurso	 principal.	 Qualquer	 tema	 que	 se	 discuta	 no	 processo,	 desde	 que	 o	 recorrido	 originário
tenha	perdido,	pode	ser	matéria	de	recurso	adesivo.
O	próximo	ponto	é	sobre	recurso	autônomo	x	preclusão	consumativa.
Digamos	que	a	decisão	foi	publicada	em	20/09	e	que	o	prazo	recursal	fosse	até	o	dia	30/09.
No	dia	27/09	a	parte	reclamante	interpõe	o	recurso	ordinário	de	forma	autônoma.	No	dia	30/09,
ainda	dentro	do	prazo	recursal,	a	reclamada	interpõe	o	recurso	ordinário	autônomo.
Diante	desse	recurso	ordinário	autônomo	da	reclamada,	o	reclamante	não	poderia	desistir
do	 seu	 recurso	 autônomo	 e	 interpor	 recurso	 adesivo	 ao	 recurso	 da	 reclamada,	 pois	 já	 houve
preclusão	consumativa.
Se	a	parte	já	interpôs	o	recurso	ordinário,	seja	autônomo	ou	adesivo,	regerá	o	princípio	da
unirrecorribilidade.	Somente	é	possível	interpor	um	único	recurso	contra	cada	decisão.
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Ainda	que	o	primeiro	recurso	fosse	intempestivo,	incabível	ou	contivesse	algum	vício	que	o
impedisse	de	ser	conhecido,	se	o	ato	 já	 foi	praticado,	se	 já	 foi	 interposto	o	recurso,	não	poderá
interpor	um	segundo	a	título	de	recurso	adesivo.
Essa	 é	 uma	 situação	 que	 violaria	 o	 princípio	 da	 unirrecorribilidade	 recursal	 e	 a	 ideia	 da
preclusão	consumativa,	que	é	uma	decorrência	natural	da	boa-fé	objetiva	processual.
Para	finalizar,	o	ponto	mais	transcendente,	mais	difícil,	que	é	pouco	abordado	em	doutrina,
é	o	recurso	adesivo	x	litisconsórcio.
O	professor	informa	que	somente	encontrou	abordagem	do	tema	na	obra	de	José	Carlos
Barbosa	Moreira.
Como	 fica	 a	 subordinação	 na	 hipótese	 de	 litisconsórcio?	 Será	 que	 essa
aderência	é	para	os	dois	litisconsortes	ou	somente	para	um?
Deve	 ser	 feita	 uma	 distinção	 entre	 o	 litisconsórcio	 simples	 do	 litisconsórcio	 unitário.
Praticamente	em	todos	os	temas	de	litisconsórcio	deve	ser	feita	essa	separação.
Imagine	a	seguinte	situação:	 trabalhador	1	e	 trabalhador	2	x	empresa.	Digamos	que	os
dois	peçam	adicional	 de	 insalubridade.	Como	 se	 sabe,	 nessa	 situação	é	possível	 o	 litisconsórcio
ativo	facultativo,	de	modo	que	os	trabalhadores	que	trabalham	na	mesma	situação	fática	podem
optar	por	ajuizar	uma	única	reclamação,	já	que	há	a	identidade	de	matéria.
A	primeira	possibilidade	 seria	a	que	a	 sentença	 julga	 improcedentes	os	pedidos	dos	dois
trabalhadores.	Assim,	os	dois	trabalhadores	interpõem	o	recurso	ordinário	de	forma	autônoma.	A
empresa	poderia	interpor	o	recurso	adesivo	e	direcioná-lo	aos	dois	litisconsortes.
Digamos,	 contudo,	 que	 somente	 o	 trabalhador	 1	 recorreu	 e	 o	 trabalhador	 2	 não.	 Se	 o
trabalhador	 2	 não	 recorre,	 transitará	 em	 julgado	 o	 capítulo	 da	 sentença.	 Nesse	 caso,	 não	 é
possível	 a	 interposição	 de	 recurso	 adesivo	 pela	 empresa	 ao	 trabalhador	 2.	 O	 recurso	 adesivo
somente	pode	ser	àquele	recorrente	que	também	interpôs	o	recurso.
Outra	situação,	imagine	que	os	dois	trabalhadores	recorrem,	mas	o	trabalhador	2	desiste
do	recurso.	O	recurso	adesivo	da	empresa	é	interposto	em	peça	única,	na	qual	impugna	a	situação
dos	dois	trabalhadores.	Como	dito,	o	recurso	adesivo	é	sempre	subordinado	ao	recurso	principal	e
se	 o	 recorrente	 principal	 desiste	 do	 recurso,	 automaticamente	 não	 será	 conhecido	 o	 recurso
principal.	No	caso	do	exemplo,	se	o	trabalhador	2	desiste	do	recurso,	o	que	acontecerá	é	o	recurso
adesivo	da	empresa	não	ser	conhecido	no	que	tange	ao	mesmo,	pois	não	haverá	conhecimento
do	recurso	principal	deste	em	razão	da	desistência.
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Caso	seja	um	litisconsorte	simples,	a	desistência	do	recurso	de	um	dos	litisconsortes	não
afeta	 o	 recurso	 adesivo	 na	 parte	 referente	 ao	 outro	 litisconsorte.	 A	 desistência	 ou	 não
conhecimento	do	recurso	principal	somente	opera	efeitos	de	não	conhecimento	do	adesivo	no	que
tange	ao	litisconsorte	simples	que	não	teve	o	seu	recurso	conhecido.
Se	 os	 dois	 desistirem,	 o	 recurso	 adesivo	 não	 será	 conhecido	 por	 inteiro.	 Entretanto,	 se
somente	um	desiste	ou	 tem	o	 recurso	não	conhecido	por	qualquer	vício,	 somente	nessa	parte
referente	a	esse	litisconsorte	simples	que	o	adesivo	também	não	será	conhecido.
Se	for	a	situação	 inversa,	em	que	a	empresa	recorre	de	forma	principal	e	o	trabalhador
interpõe	 recurso	adesivo,	o	 raciocínio	é	o	mesmo.	Se	houver	desistência	da	empresa,	somente
será	 afetado	 aquele	 litisconsorte	 em	 relação	 ao	 qual	 se	 operou	 a	 desistência	 ou	 o	 não
conhecimento.
No	 litisconsórcio	 simples	 deve-se	 pensar	 como	 se	 fossem	 dois	 recursos	 diferentes.	 Por
mais	que	seja	uma	petição	recursal	única,	na	prática	é	como	se	pudéssemos	rasgar	o	recurso	e
separá-lo	em	recurso	do	trabalhador	1	e	o	recurso	do	trabalhador	2.
No	litisconsórcio	unitário	o	sistema	é	diferente.
O	litisconsórcio	unitário	é	aquela	situação	em	que	há	uma	única	relação	jurídica	indivisível.	E
a	 situação	 típica	 é	 a	 de	 responsabilidade	 subsidiária	 e	 a	 tomadora	 de	 serviços	 terceirizados
(Súmula	331,	inciso	IV,	do	TST).
EXEMPLO:	Imagine	uma	ação	de	anulação	de	casamento	movida	pelo	Ministério	Público
contra	o	marido	e	contra	a	mulher.	É	um	 litisconsórcio	unitário	porque	a	decisão	deve	ser	 igual
para	os	dois,	isto	é,	ou	o	casamento	vale	para	os	dois	ou	é	anulado	e	não	vale	para	nenhum	deles.
Não	pode	haver	decisão	diferente,	pois	a	relação	de	casamento	é	única	e	indivisível.	Nesse	caso,
digamos	 que	 a	 ação	 seja	 julgada	 procedente,	 mas	 o	 marido	 e	 a	 mulher	 recorram	 de	 forma
principal.	Digamos,	ainda,	que	havia	um	outro	pedido	de	 indenização	ou	obrigação	de	 fazer,	no
qual	o	Ministério	Público	teve	o	julgamento	de	improcedência,	uma	parte	secundária.
O	Ministério	Público	interpõe	o	recurso	adesivo	quanto	a	essa	parte	que	não	era	atinente
ao	casamento.	No	curso	do	processo	a	mulher	desiste	do	recurso.	Essa	desistência	ou	até	o	não
conhecimento	do	recurso	da	mulher	não	afetará	o	 recurso	adesivo	do	ministério	público,	pois	o
outro	 recurso	 principal	 do	 litisconsorte	 unitário	 poderá	 ser	 conhecido.	 Assim,	 se	 o	 recurso	 for
conhecido	e	provido,	é	evidente	que	a	decisão	beneficiará	tanto	o	marido	quanto	a	mulher,	visto
que	o	litisconsórcio	unitário.
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A	 desistência	 ou	 o	 não	 conhecimento	 do	 recurso	 de	 um	 litisconsorte	 unitário	 não
prejudicará	o	recurso	adesivo	da	outra	parte,	posto	que	o	recurso	restante	do	outro	litisconsorte	é
suficiente	para	ter	o	efeito	expansivo	do	recurso	e	afetar	a	situação	em	benefício	tanto	do	marido
quanto	da	mulher,	tanto	do	 litisconsorte	que	terá	o	recurso	apreciado	no	mérito	quanto	ao	que
não	terá.
Já	que	o	 recurso	 terá	o	mesmo	efeito	prático,	por	conseguinte,	o	 recurso	 também	será
processado	normalmente.	O	recursoadesivo	será	processado	com	relação	aos	dois	litisconsorte.
Digamos	que	fosse	uma	indenização	pedida	pelo	M.P.	devida	pelo	marido	e	pela	mulher,
sendo	que	o	recurso	da	mulher	não	será	conhecido.	Nesse	caso,	o	adesivo	pode	prejudicar	sim	a
situação	do	marido	e	da	mulher:	esta	pode	se	beneficiar	do	recurso	do	seu	litisconsorte	unitário.
Sendo	assim,	se	pode	ser	beneficiada,	também	pode	se	prejudicar	do	recurso	adesivo	da	outra
parte,	já	que	a	relação	jurídica	é	una,	indivisível.
Somente	se	os	dois	recursos	não	fossem	conhecidos	ou	se	os	dois	desistissem	do	recurso	é
que	o	recurso	adesivo	também	não	seria	conhecido.	Se	o	recurso	de	qualquer	litisconsorte	unitário
for	conhecido,	automaticamente	 também	será	conhecido,	desde	que	presentes	os	 requisitos,	o
recurso	adesivo.
Esse	raciocínio	também	é	aplicado	na	situação	da	responsabilidade	subsidiária,	visto	que	o
litisconsórcio	é	unitário	na	exata	medida	em	que	reconhecida	a	responsabilidade	subsidiária.
Se	o	juiz	condena	uma	tomadora	de	serviços	terceirizadas	como	responsável	em	todos	os
créditos,	por	exemplo,	de	01/01	a	31/12,	na	forma	da	Súmula	331,	inciso	IV,	do	TST,	o	julgamento
com	relação	as	parcelas	será	unitário.	Se	existe	qualquer	parcela	nesse	período,	responderá	tanto
a	primeira	reclamada	quanto	a	segunda	reclamada,	esta	última	subsidiariamente.
Não	pode	considerar	que	exista	hora	extra,	por	exemplo,	neste	período	somente	para	uma
ou	outra	reclamada.	Se	for	fixada	a	responsabilidade	subsidiária	da	tomadora	de	serviços,	dentro
do	período	em	que	reconhecida	a	responsabilidade,	o	litisconsórcio	é	unitário,	porque	a	tomadora
de	 serviços	 responde	 por	 todas	 as	 parcelas,	 não	 havendo	 como	 haver	 uma	 diferenciação	 de
parcelas	para	as	duas	reclamadas.

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