Resumo - Rosário dos Angolas (Lucilene Reginaldo)

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A Bahia no século XVIII

Centro político mais importante da América Portuguesa, desde sua fundação em 1523 até 1763, quando há a mudança da capital para o Rio de Janeiro. Por essa razão, concentrava a presença de governadores e vice-reis em seu interior, além de resguardar estabelecimentos militares, o comércio e a residência das principais famílias da colônia.

Expansão da cidade \u2013 desenvolvimento urbano; expansão das freguesias; crescimento populacional.

Era uma sociedade escravista que detinha mecanismos de ascensão oriundos da sociedade de ordens vigente na Metrópole.

\u201cA população de cor era notável em todas as partes da cidade. Escravos e forros, africanos e crioulos, além de mestiços de variadas classificações [...].\u201d

Os escravizados localizados na cidade (de ganho), em suma, eram responsáveis por diversas funções.

As irmandades no setecentos baiano

Bispado de Salvador \u2013 Instituído em 1551 e é o primeiro a ser criado no Brasil. Foi a primeira e única arquidiocese brasileira.

Dessa forma, a expressão e dinâmica religiosas eram muito fortes na região, o que significava a construção de Igrejas e templos suntuosos.

Não obstante, era comum a criação de associações leigas com o objetivo de darem suporte à vida religiosa local, expressa em povoados e freguesias.

Essas associações eram numerosas nos centros urbanos e classificadas como irmandades e ordens terceiras.

\u201c[...] tinham como objetivos principais: o auxílio aos membros, nos momentos de dificuldade financeira ou por motivo de doença; a garantia de um funeral cristão para os irmãos e familiares; e, de maneira especial, a promoção da devoção ao santo padroeiro da confraria.\u201d (P.115)

Criação, em 1735, de uma irmandade de pretos dedicada ao culto do Rosário de Nossa Senhora.

A população de cor, escrava e liberta, também tinha suas irmandades particulares.

Devoções e irmandades de pretos

Havia um grande interesse, por parte de escravos e libertos, na participação em irmandades.

As devoções mais populares entre cativos e forros foram a Senhora do Rosário e São Benedito.

Santos africanos de linhagem real \u2013 Santa Ifigênia, Santo Rei Baltazar.

Devoções e irmandades de pardos cativos e forros

\u201cA escolha e apropriação de devoções particulares expressavam a diversidade no interior da população de cor.\u201d (P. 144)

População heterogênea que compunha 2/3 do total de habitantes da cidade de Salvador.

\u201cAs devoções particulares dos homens pardos, no século XVIII, são expressivas de realidades sociais abrangentes. As particularidades desse grupo se revelam numa marca de distinção, fundamental em suas irmandades, e praticamente insignificante na de pretos. Ao que parece, para os pardos, a explicitação da condição jurídica era significantemente mais importante que para os pretos.\u201d (P.144)

As confrarias de pardos frequentemente se dividiam em duas mesas diretoras. Distinguindo aqueles cativos e forros.

Tinham irmandades distintas das dos pretos, crioulos e africanos. Além disso, havia uma clara distinção no que concerne a condição escrava ou livre.

As irmandades de \u201cnação\u201d

A procedência africana como um referencial na organização das confrarias baianas; As irmandades de pretos teriam se organizado de acordo com as origens de cada povo que se instalou na capitania.

Negros vindos de Angola \u2013 Confrarias do Rosário.

Jejes \u2013 Senhor da Redenção.

Nagôs (que eram, em maioria, de nação Kêto) \u2013 Nossa Senhora da Boa Morte (formada por mulheres) e Nosso Senhor dos Martírios (formada por homens).

Como explicar a procedência africana como um referencial na organização de confrarias na Bahia? \u201c[...] a relação entre as experiências identitárias africanas e aquelas vividas no outro lado do Atlântico mantêm relações mais complexas que a de simples transposição.\u201d (P.153.).

É preciso questionar o procedimento de classificar as instituições negras ou afro-brasileiras a partir de critérios identitários baseados unicamente na origem africana. GENERALIZAR é errado.

As nações africanas, tal qual ficaram conhecidas no Novo Mundo, não possuíam relação com as regiões correntes em África.

Os nomes das procedências dadas aos africanos não possuíam homogeneidade (nomes de ilhas, portos de embarque, vilas e reinos.). Eram, portanto, denominações exteriores ao grupo nomeado, mas foram lentamente sendo incorporadas como identidades sociais fundamentais na organização das comunidades negras na diáspora.

Havia rivalidade entre as diferentes nações de africanos, e destas com crioulos.

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