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Cafundó Analise e resenha sobre o filme Cafundó

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Cafundó
Bruno Simões Baptista
&
Fernanda Bittencourt
São Paulo
2020
A História do filme já transporta para um Brasil com os escravos libertos, um dos seus personagens é João de Camargo um ex-escravo que deseja desfrutar da sua liberdade. Ele trabalha como transportador de Mulas para um Barão rural junto com seu amigo Cirino, é levado como soldado raso na revolução federalista, porém não precisou lutar, após retorno conhece uma bela jovem, ainda neste relacionamento conflituoso, enfrenta mais uma adversidade em sua trajetória: A Peste Negra, que mata diversos dos conterrâneos e desola a cidade. após ser traído por sua esposa, sucumbe ao alcoolismo. Nesse meio tempo é interessante ressaltar que Brasil passa por uma pandemia na qual toda a população é afetada, assim como representado no filme. Devido ao percurso de sua história, João começa a ter visões tanto das divindades de matrizes africanas quanto da católica.
Antes de entrarmos no contexto religioso, vamos dar foco em como eram as condições dos ex-escravos no Brasil, o preconceito ainda era muito presente, a segregação racial se sustentava mesmo em sistema supostamente não escravocrata como a Republica, muitos não eram letrados, outros eram submetidos a trabalhos desumanos com salários baixos que mal davam para sobreviver, era necessário roubar comida para passar um dia e não morrer de fome. No filme uma conhecida de João que trabalhava em uma casa como cozinheira e serviçal sofria abusos sexuais de seu patrão, mostrando a condição na qual as mulheres negras eram submetidas no seu cotidiano para subsistir com pouco recurso monetário. 
Ainda neste cenário, era possível perceber a clara desigualdade intelectual e a mão de obra escravocrata que ainda era submetidos os afrodescendentes, a maioria dos libertos eram analfabetos e tinham trabalhos nas fazendas, porém as fabricas tomavam conta do cenário Brasileiro, tornando assim a mão de obra dos ex-escravos inúteis para elas. João tenta a sorte de arrumar emprego em uma fábrica na qual não possuía conhecimento dessa mão de obra inovadora para a época e devido seu baixo nível de escolaridade é expulso e recebe injurias raciais do proprietário que diz “Fora daqui seu negro” mostrando a discriminação que assombra toda a sociedade atual.
Dentro do viés religioso que o filme aborda, os afrodescendentes tinham fortes ligação com seus Deuses e Orixás, representando suas raízes culturais independente de não estarem próximos de sua terra natal, mas o interessante aqui é que grande parte dos escravos foram catequisados a força quando vieram para o Brasil, mostrando que não sofreram apenas fisicamente e moralmente durante a escravidão mas também o assassinato de sua cultura. João nosso personagem principal se mostra devoto do catolicismo, porém sofre inúmeros conflitos internos graças a suas visões. Ele é “visitado” por um dos Orixás Exu, que conversa com nosso personagem principal inúmeras vezes, avisando dos perigos que ele vai passar, porém João também tem visões da Santa Maria, mostrando seu conflito interno entre ambas as religiões e crenças nas quais teve influência.
Sabemos que o Brasil antes do cenário do filme, estava passando por um momento nebuloso, a revolução constitucional foi um fator determinante. Portugal sendo ocupado pelos franceses e logo depois pelos ingleses, não obtinham direitos de determinar a ordem direta de suas colônias. O regente português que estava no país, demonstrava interesse em se fixar no Brasil.
Com essa notícia Portugal sofre em seu seio interno, pois o país sendo de política monárquica tem um efeito catastrófico internamente, nesse caso a sua economia. Todo fruto comercial do Brasil passa diretamente para os ingleses, que estavam sob controle da capital, isso faz com que a economia portuguesa desmorone, lembrando que todos os produtos que eram gerados na capital eram diretamente encaminhados ao brasil, produtos esses que eram de condições deploráveis, agora com esse novo cenário Brasil passa a poder consumir produtos da Inglaterra, mostrando ainda mais o desmoronamento da economia portuguesa. Os Mercadores portugueses se viram em uma situação que todos seus privilégios que o sistema colonial proporcionava indo embora ou desaparecendo quase que completamente, isso gera insatisfação interna na capital, esses começam a ver o Brasil como uma oportunidade devido a agora sua liberdade comercial, liberdade religiosa etc.
Outro fator determinante são as diferenças étnicas que se apresentavam nas coloniais, no filme cafundó por mais que seja um pouco adiante ainda mostra suas feridas não cicatrizadas, o preconceito com os escravos (que no filme agora são libertos) ainda é presente, a exclusão social a miséria e a falta de educar, pois boa parte era não letrada, faz com que essa massa se revolte com o sistema colonial antigo. O brasil teve uma heterogeneidade politica com a revolução constitucional que ocorrerá na capital, forças reacionárias ainda desejavam o antigo sistema colonial, para continuar desfrutando das vantagens que a colônia usufruía, Classes superiores como interpreto os mercadores, desejavam oposto, queriam consolidar com a nova revolução para ter as vantagens e liberdades adquiridas no Brasil e por ultimo mas não menos importante a massa que eram oprimidas no sistema colonial que via na constituição uma esperança de liberdade social e econômica da capital.
O Brasil, tendo sua independência agora se vê livre do passado colonial, os senhores da classe burguesa agora estão livres mais do que nunca para alimentar as relações de poder dentro do país, devido a influencia inglesa e do novo mundo, no filme mostra como já dissemos as industriais tomando conta do novo cenário político, porém sabemos como isso foi administrado. A liberdade que tanto a população diz (as massas) logo demonstram benéficas, porém mal administradas pelas classes dominantes, boa parte de sua população ex escravos se veem abandonados, excluídos e desesperados.
· Prevalência da religião branca
· Fim da escravidão
· Solidão da mulher negra
· Intolerância religiosa
· Pandemia da peste
· Industrialização 
· Sistema político: republica 
· Segregação racial
· A linguagem cinematográfica retrata sobre esses assuntos de maneira acessível e de modo compreensível a quem assiste
Este filme pode abrir o debate em sala de aula de diversas maneiras, um aspecto pertinente da trama nos instiga a refletir sobre a prevalência da religião branca na nossa sociedade, traduzindo uma vertente do racismo estrutural que se materializa na marginalização das manifestações religiosas negras de forma geográficas e políticas e na prevalência da cultura branca como referencial histórico e atual.
Questiona também, sobre a persistência do racismo velado dentro das estruturas sociais e de relações interpessoais, dado a forma que a empregada é tratada pela sua patroa podemos fazer a relação com as cenas do filme quando as comadre de João está trabalhando na casa de senhores brancos e é submetida a tratativas racistas e tal como um objeto de posse.
 
 O filme também nos permite conhecer um pouco do contexto socio político do Brasil no sec. XIX, dando-nos a abertura para estudar e debater com os alunos os processos de industrialização e a ascensão da republica, tal como o aparecimento da burguesia a diversidade de mercantil deste período.
 
 A abordagem cinematográfica sobre o contexto socio político do sec. XIX, conta com um roteiro de profundidade problematizadora, que visa entretenimento ficcional dentro de aspectos de nossa realidade e reverbera dimensões históricas e de subjetividade que demandam diálogos abertos e respaldos em pesquisas e leituras que dentro de sala de aula podem repercutir rodas de conversas e aulas embasadas no contexto histórico, social e político da época.
 Em uma analogia contemporânea de um dos arcos da produção audiovisual de Clóvis Bueno e Paulo Betti diz respeito às pragas e pestes que assombram a população e levam a crises sanitárias, entender o histórico dessascrises pode nos ajudar em sala a fazer um paralelo com os seus respectivos sistemas econômicos e suas problemáticas que decorrem da desigualdade social e das gestões de cunho estatal.
A linguagem cinematográfica retrata sobre esses assuntos de maneira acessível e de modo compreensível a quem assiste, desta forma a aprendizagem torna-se divertida e dinâmica enquanto instiga o estudante a querer se aprofundar e conhecer mais sobre o tema abordado pela obra cinematográfica.

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