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Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 41 Imperfeições Estruturais Os defeitos cristalinos são imperfeições que ocorrem no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Podem envolver irregularidades na “posição dos átomos” e no “tipo de átomos”. O tipo e o número de defeitos dependem: Do material Da “história” de processamento do material. Do meio ambiente. Imperfeições cristalinas Todo Cristal exibe defeitos. A quantidade e o tipo de imperfeições depende da forma que o cristal foi formado. Defeitos modificam o comportamento (mecânico, elétrico, químico, ótico) do material. Através da introdução de defeitos, controlando o número e o arranjo destes, é possível desenvolver novos materiais com as características desejadas. Exemplos: Dopagem em semicondutores: As imperfeições são criadas para alterar o tipo de condutividade em determinadas regiões do material. Aumento da resistência por encruamento (aumento da dureza devido a deformação plástica). Tipos de defeitos Todos os cristais reais apresentam inúmeros defeitos, classificados por sua dimensionalidade. Defeitos Pontuais: (dimensão “zero”; associados com 1 ou 2 posições atômicas): vacâncias (lacunas); impurezas intersticiais e substitucionais. Defeitos Lineares: (dimensão “um”): Discordâncias (deslocamentos). Defeitos Planares: ou Interfaciais (dimensão “dois”): superfícies externas, interfaces, fronteiras de grão, contornos de macla (tipo de contorno de grão). Defeitos Volumétricos (dimensão “três”): Vazios, fraturas, inclusões e outras fases. Defeitos pontuais Em um cristal apenas uma pequena fração dos sítios atômicos é imperfeita. (menos de 1 em 1 milhão). Apesar de poucos, eles influenciam muito nas propriedades dos materiais (nem sempre de forma negativa). Devido à agitação térmica, os átomos de um cristal real estão sempre vibrando. Quanto maior a energia térmica (ou temperatura), maior será a chance de átomos sair de suas posições, deixando um vazio em seu lugar. Por outro lado, dentro da rede cristalina existem inúmeros interstícios, espaços vazios entre os átomos, nos quais é possível alojar outros átomos. Finalmente, é praticamente impossível obter um material infinitamente puro. Sempre haverá impurezas presentes na rede cristalina. Quando a deformação mecânica dos materiais promove a formação de imperfeições que geram um aumento da resistência mecânica Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 42 Visualização de Defeitos Pontuais Defeitos pontuais em metais Auto-intersticiais Consiste em um átomo da própria rede que ocupa um interstício da estrutura cristalina. Os defeitos auto- intersticiais causam uma grande distorção do reticulado cristalino a sua volta. Lacunas Lacuna (“vacancy”): ausência de um átomo em um ponto do reticulado cristalino. Podem ser formadas durante a solidificação do cristal ou como resultado do deslocamento dos átomos de suas posições normais (vibrações atômicas). As lacunas são essenciais em processo de difusão. A quantidade de lacunas aumenta com a temperatura. Pode-se projetar materiais com propriedades “pré-estabelecidas” através da criação e/ou controle desses defeitos. Impurezas nos metais (substitucional – intersticial) É impossível existir um metal consistindo de um só tipo de átomo (metal puro). As técnicas de refino atualmente disponíveis permitem obter metais com um grau de pureza no máximo de 99,9999%. Impurezas nos metais - Soluções sólidas Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 43 Soluções sólidas Ligas são combinações de dois ou mais metais num material. Estas combinações podem ser misturas de dois tipos de estruturas cristalinas. Ou em outra alternativa, as ligas podem envolver uma solução sólida. Em uma liga, o elemento presente em menor concentração denomina-se soluto e aquele em maior quantidade, solvente. Na solução sólida a adição de átomos do soluto não modifica a estrutura cristalina nem provoca a formação de novas estruturas. Solução sólida intersticial: os átomos de soluto ocupam os interstícios existentes no reticulado. Os átomos intersticiais interferem na condutividade elétrica e no movimento dos átomos que formam o retículo. Este movimento restrito torna a liga mais dura e forte do que seria o metal hospedeiro Exemplo Fe-C ; Fe-H O carbono dissolvido intersticialmente no Fe α. Embora mais estável que uma configuração substitucional de átomos de C nos sítios da rede do Fe, a estrutura intersticial produz uma considerável tensão localmente à estrutura cristalina do Fe α. O carbono está altamente comprimido nesta posição, o que implica em baixíssima solubilidade, menos de 0,1% de C é solúvel no Fe α. Solução sólida substitucional: os átomos de soluto substituem uma parte dos átomos de solvente no reticulado. Como existem pequenas diferenças no tamanho e na estrutura eletrônica, os átomos do soluto, em uma liga substitucional, distorcem a forma do retículo e dificultam o fluxo dos elétrons. Como o retículo está distorcido, é mais difícil para um plano de átomos deslizar por cima do outro. Como resultado, embora uma liga substitucional tenha condutividade térmica e elétrica mais baixa que o elemento puro, é mais forte e dura. Exemplo Cu-Zn ; Cu-Sn. As regras de Hume-Rothery Para que haja total miscibilidade entre dois metais, é preciso que eles satisfaçam as seguintes condições: Seus raios atômicos não difiram de mais de 15%; Tenham a mesma estrutura cristalina; Tenham eletronegatividades similares; Tenham a mesma valência. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 44 S. S. Substitucional Exemplos de Ligas: Cu-Ni ; Cu-Au ; K-Rb Cu Ni Au K Rb Raio atômico [Å] 1,28 1,25 1,44 2,27 2,48 Estrutura cristalina CFC CFC CFC CCC CCC Eletromegatividade 1,9 1,8 2,4 0,8 0,8 Valência +1 (+2) +2 +1 +1 +1 Solução sólida – Propriedades mecânicas Os metais com pureza elevada são quase sempre mais macios e mais fracos do que as ligas compostas pelo mesmo metal de base. O aumento da concentração de impurezas resulta em um conseqüente aumento no limite de escoamento. Defeitos pontuais em cerâmicas São possíveis tanto lacunas como intersticiais. Como os materiais cerâmicos contêm íons de pelo menos dois tipos diferentes, os defeitos podem ocorrer para cada espécie de íons. Defeitos Pontuais - Frenkel Envolve uma lacuna de cátion e um par cátion-intersticial. Um cátion deixa sua posição normal e se move para o interior de um sítio intersticial. Não existe mudança global na carga, pois o cátion mantém a mesma carga positiva quando se torna intersticial. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 45 Defeitos pontuais - Schottky Consiste em um “par composto por uma lacuna de cátions e uma lacuna de ânions”. Remoção de um cátion e de um ânion do interior do cristal, seguido pela colocação de ambos os íons em uma superfície externa. Presentes principalmente em compostos altamente iônicos (compostos que tem que manter o balanço de cargas). Os íons positivos e negativos apresentam tamanhos semelhantes. Defeitos em linha Também chamados de discordâncias são defeitos lineares ou unidimensionais em torno do qual alguns átomos estão desalinhados. As discordâncias estão associadas com a cristalização e a deformação (origem: térmica, mecânica e supersaturação de defeitos pontuais). Os defeitos lineares são associados principalmente à deformação mecânica. A presença deste defeito é a responsável pela deformação, falha e ruptura dos materiais. Existem dois tipos de principais de discordâncias: Discordância em cunha ou de aresta. Discordância em hélice ou espiral. Discordância em Cunha (Aresta) O defeito ou linha de discordância ocorre ao longo da aresta da linha extra de átomos.O vetor de Burger é perpendicular à direção da linha da discordância. Envolve zonas de tração e compressão Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 46 Discordância em hélice (espiral) Produz distorção na rede. O vetor de burger é paralelo à direção da linha de discordância. A quantidade e o movimento das discordâncias podem ser controlados pelo grau de deformação (conformação mecânica) e/ou por tratamentos térmicos. Com o aumento da temperatura há um aumento na velocidade de deslocamento das discordâncias favorecendo o aniquilamento mútuo Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 47 das mesmas e formação de discordâncias únicas. Impurezas tendem a difundir-se e concentrar-se em torno das discordâncias formando uma atmosfera de impurezas. As discordâncias geram vacâncias, influem nos processos de difusão e contribuem para a deformação plástica. Defeitos de superfície Cristais apresentam defeitos em duas dimensões, que se estendem ao longo da estrutura, gerando imperfeições de superfície: Superfícies livres Falhas de empilhamento Contornos de grão Maclas ou Twins Superfície livre Superfície externa: é a superfície entre o cristal e o meio que o circunda. Na superfície os átomos não estão completamente ligados ao número máximo de vizinhos mais próximos. Então, o estado de energia dos átomos na superfície é maior que no interior do cristal. Os materiais tendem a minimizar está energia Falhas de empilhamento Ocorre nos materiais quando há uma interrupção na seqüência de empilhamento, por exemplo na seqüência ABCABCABC.... dos planos compactos dos cristais CFC. Contornos de grão Contornos entre dois cristais sólidos da mesma fase. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 48 O contorno de grão ancora o movimento das discordâncias, pois constitui um obstáculo para a passagem das mesmas. A passagem de uma discordância através do contorno de grão requer energia. A energia interfacial total é menor em materiais com grãos grandes ou grosseiros do que em materiais com grãos mais finos, uma vez que existe menos área de contorno total nos grãos grandes. Maclas Tipo especial de contorno de grão que separa duas regiões com uma simetria tipo “espelho”. Tal defeito ocorre quando parte da rede cristalina é deformada, de modo que a mesma forme uma imagem especular da parte não deformada. As maclas resultam de deslocamentos atômicos que são produzidos a partir de forças mecânicas de cisalhamento aplicadas (maclas de deformação), e também durante tratamento térmico de recozimento realizado após deformação (maclas de recozimento). Em resumo, maclas podem surgir a partir de tensões térmicas ou mecânicas. Defeitos de volume Além dos defeitos apresentados anteriormente, os materiais podem apresentar outros tipos de defeitos, que se apresentam em escalas muito maiores. Esses defeitos normalmente são introduzidos nos processos de fabricação, e podem afetar fortemente as propriedades dos produtos. Exemplos: inclusões, poros, fases, precipitados. Inclusões: Impurezas estranhas. Porosidade: Origina-se devido a presença ou formação de gases. Fases: Forma-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando o limite de solubilidade é ultrapassado). Precipitados: São aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz. Exercícios Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 49 1)Descreva o que são as impurezas substitucionais, as impurezas intersticiais, as lacunas e os auto- interstícios nos materiais. Por que, em um dado material, o número de lacunas é maior que o número de auto-interstícios? 2)Dizer se é possível a existência de um defeito de Schottky no K2O. Se isso for possível, descrever sucintamente esse tipo de defeito. Se isso não for possível, então explicar por quê. 3)Diferencie uma liga que seja uma mistura de fases de outra que seja uma solução sólida. 4)Distinga entre soluções sólidas intersticiais e subtitucionais. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 50 Difusão Considere uma caixa que possui uma placa central impermeável, na qual em um dos lados temos inicialmente Ar e no outro lado He, ambos em estado gasoso. O que acontece se retirarmos a placa? Fácil !! Os gases irão se misturar (difusão). Mas se ao invés de gases tivermos sólidos? O que acontece se retirarmos a placa? Ocorrerá difusão? Depende !!!! Quais são as condições de contorno de nossa caixa? Conceito de Difusão Da mesma forma que a corrente elétrica está associada ao transporte de cargas elétricas através de um fio condutor quando este está sujeito a uma diferença de potencial elétrico, a difusão está associada ao transporte de massa que ocorre em um sistema quando nele existe um gradiente de concentração química. Governada por diferentes mecanismos e manifestando-se com magnitudes bastante distintas, a difusão ocorre no interior de sólidos, líquidos e gases. Uma gota de tinta que se dilui na água, é um exemplo de difusão no interior de um líquido. O odor de um perfume que se espalha por uma sala, é um exemplo de difusão no interior de um gás. No interior dos sólidos, a difusão ocorre por movimentação atômica (no caso de metais), de cátions e ânions (no caso de cerâmicas) e de macromoléculas (no caso de polímeros). Algumas aplicações Filtros para purificação de gases. Cementação (introdução de carbono em aço pelo processo de difusão). Modificação superficial de peças. Dopagem de semicondutores para controlar a condutividade. Sinterização. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 51 Par de Difusão O fenômeno da difusão pode ser demonstrado mediante o uso de um Par de Difusão, que é formado quando as superfícies de duas barras de materiais metálicos distintos são colocadas em contato íntimo. Mecanismo de Difusão De uma perspectiva atômica, a difusão é a migração passo a passo dos átomos de determinadas posições do reticulado cristalino para outras. Para ocorrer movimentação de átomos no interior do material são necessárias duas condições: 1. deve existir um espaço livre adjacente ao átomo; 2. o átomo deve possuir energia suficiente para quebrar as ligações atômicas que o une a seus átomos vizinhos e então causar uma distorção no reticulado cristalino durante seu deslocamento. Foram propostos vários mecanismos diferentes para explicar o movimento atômico durante a difusão; deles, dois são dominantes para a difusão em metais, que são a difusão por lacunas (ou difusão substitucional) e a difusão intersticial. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 52 Difusão por lacunas Na DIFUSÃO POR LACUNAS um átomo (hospedeiro ou substitucional) se desloca de uma posição normal da rede cristalina para um sítio vago, ou lacuna, adjacente. A movimentação dos átomos ocorre em uma direção e a das lacunas ocorre na direção contrária. A extensão segundo a qual a difusão por lacunas pode ocorrer é função da concentração de lacunas presente no metal. A concentração de lacunas aumenta com a temperatura. Tipos de Difusão por Lacuna Quando átomos hospedeiros se difundem, ocorre o processo de AUTODIFUSÃO e quando átomos de impurezas substitucionais se difundem, ocorre o processo de INTERDIFUSÃO. Autodifução: Ocorre em cristais “puros” quando os átomos de um mesmo metal mudam de posição. Não há variação na concentração. Interdifusão (ou difusão de impurezas): é o processo mais comum, ocorre quando os átomos de um metal se difundem para o interior de um outro. Neste caso há variação na concentração. Difusão intersticial Na DIFUSÃO INTERSTICIAL os átomos intersticiais migram para posições intersticiais adjacentes não ocupadas do reticulado. Em metaise ligas, a difusão intersticial é um mecanismo importante para a difusão de impurezas de raio atômico pequeno em relação aos do hospedeiro. Exemplos: hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio no aço. Geralmente, a difusão intersticial é muito mais rápida que a difusão por lacunas, pois os átomos intersticiais são menores e então tem maior mobilidade. Exemplo: No caso do Fe-α a 500°C, a difusão dos átomos carbono é quase 109 vezes mais rápida do que a autodifusão dos átomos de ferro. Há mais posições intersticiais que lacunas na rede, logo, a probabilidade de movimento intersticial é maior que a difusão de lacunas. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 53 Tipos de difusão Difusão volumétrica – os átomos se movem através dos sítios da rede; Difusão superficial - os átomos difundem pela superfície. Difusão através dos contornos de grão – os átomos difundem pelos contornos de grãos.; De uma maneira geral: QV > QCg > QS, onde Q é a barreira de energia. Caminhos para difusão A movimentação de átomos pode ocorrer: 1) No volume do material 2) Ao longo de defeitos lineares: discordâncias (o movimento das discordâncias produz deformação). 3) Ao longo de defeitos bidimensionais: contornos de grão, superfícies externas. A movimentação de átomos pelos defeitos cristalinos é muito mais rápida que pelo volume (apresenta maior barreira de energia). O processo de difusão se dá mais rapidamente ao longo dos contornos de grão porque esta é uma zona de imperfeições do cristal (corredor de difusão rápida). O contorno de grão age como um canal planar, com largura aproximada de dois átomos, com uma taxa de difusão local que pode chegar a ser 106 vezes maior do que na massa do cristal. Fatores que influenciam na difusão 1 - Espécie difusora - Tanto a espécie difusora quanto o material hospedeiro influenciam na taxa na qual os átomos difundem. 2 - Temperatura – A temperatura apresenta uma influência das mais profundas sobre os coeficientes de difusão. Quanto maior a temperatura maior a taxa de difusão. Temperaturas mais elevadas conduzem a Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 54 coeficientes de difusão maiores, porque os átomos têm maior energia térmica e, consequentemente, maiores probabilidades de serem ativados no sentido de vencer a barreira de energia entre os átomos. 3 - Tempo – Quanto maior a tempo maior será a quantidade difundida. Por exemplo: O que acontece se um sólido for mantido por um curto período de tempo a uma elevada temperatura e resfriado rapidamente? O processo de difusão é interrompido, “congelando” uma estrutura fora do equilíbrio, gerando novos defeitos e novas propriedades. 4 - Pressão – Quanto maior a pressão externa mais fácil ocorrerá difusão. Por exemplo: Processos de sinterização isostática a quente, e síntese pelo método hidrotérmico. Exercícios 1) Defina difusão. Como a difusão pode ocorrer em materiais sólidos? 2) Compare os mecanismos atômicos de difusão intersticial e por lacunas. Explique as razões pelas quais a difusão intersticial é mais rápida que a difusão por lacunas. 3) Explicar sucintamente a diferença entre autodifusão e interdifusão. 4) Para qual dos dois caminhos abaixo a energia de ativação para a difusão é maior? Justifique sua resposta. (a) Ao longo de defeitos cristalinos como discordâncias e contornos de grão. (b) No volume do material. 5) A difusão é mais rápida em prata policristalina com grãos de pequeno tamanho do que na prata de granulometria grosseira. 6) Com base nos valores dos raios atômicos dos elementos apresentados abaixo, defina o tipo de mecanismo de difusão para: a) difusão do carbono no aço; b) b) difusão do zinco no latão. Carbono (C): raio atômico (nm): 0,071 Cobre (Cu): raio atômico (nm): 0,1278 Ferro (Fe): raio atômico (nm): 0,1241 Zinco (Zn): raio atômico (nm): 0,1332 Aço: liga ferrosa que contém outros elementos de liga. Latão: liga de cobre e zinco, rica em cobre. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 55 Propriedades Tecnológicas Maleabilidade Propriedade que tem o material de se deixar deformar em todas as direções, a frio ou a quente, quando submetido à ação de pressões, sem que ocorram fissuras em sua superfície, como nos processos de laminação e martelamento. Quanto mais maleável for um metal, mais fina a chapa que dele pode ser obtida. Metais em ordem decrescente de maleabilidade: Au – Ag – Cu – Al – Sn – Pt – Pb – Na – Fe – Ni ... Ductibilidade Propriedade que tem o material de sofrer deformação permanente por tração, sem que ocorra a sua ruptura Metais em ordem decrescente de ductibilidade: Au – Ag – Pt - Fe – Ni – Cu – Al – Zn – Sn - Pb ... Conductibilidade Propriedade que tem o material de conduzir energia calorífica (condutibilidade térmica) ou elétrica (condutibilidade elétrica). Plasticidade Propriedade que tem o material de se deixar deformar facilmente sem ruptura, a frio. A deformação plástica dos materiais metálicos processa-se ao nível microscópico através de deslocamentos atômicos segundo os planos e as direções cristalográficas bem determinadas e que são habitualmente designados por sistemas de escorregamento. Os planos e direções de escorregamento são os mais compactos no interior da estrutura cristalina. Como a estrutura CFC é a estrutura cristalina de máxima compacidade que possui mais sistemas de escorregamento ativos, pode concluir-se que os metais que possuem este tipo de estrutura devem ser aqueles que apresentam maior deformabilidade a frio. CFC CCC HC Alumínio (Al) Crómio (Cr) Zinco (Zn) Chumbo (PB) Ferro (Fe) (CFC a 910 °C) Magnésio (Mg) Cobre (Cu) Titânio (ti) (CCC a 883 °C) Ouro (Au) Prata (Pt) Rigidez Capacidade que tem o material de resistir às deformações, a frio ou a quente. É medida pelo módulo de elasticidade do material. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 56 Exercícios 1 - Plasticidade é a propriedade que tem o material de se deixar deformar facilmente sem ruptura, a frio. A deformação plástica dos materiais metálicos processa-se ao nível microscópico através de deslocamentos atômicos segundo planos e direções cristalográficas bem determinados e que são habitualmente designados por sistemas de escorregamento. Qual das estruturas abaixo apresentará maior deformidade a frio? Justifique sua resposta. (a) CS (b) CCC (c) CFC (d) HS 2 - Indique qual das propriedades abaixo, explica o comportamento que determinados materiais têm de modificarem a sua estrutura cristalina, quando submetidos a um aquecimento prolongado, seguido de resfriamento brusco. Tal tratamento acarreta ao material extrema dureza. (a) Ductibilidade (b) Fusibilidade (c) Maleabilidade (d) Temperabilidade Propriedades elétricas Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 57 Condutividade Elétrica (σ) Facilidade com que o material é capaz de conduzir uma corrente elétrica. A condutividade elétrica é, dentre as propriedades dos materiais, a que apresenta valores mais característicos e distantes. A unidade da condutividade elétrica é (Ω.m) -1 ou (Ω.cm) -1 . Em função dos valores de condutividade ou de resistividade, os materiais podem ser classificados como: isolantes, semicondutores e condutores. A condutividade elétrica de um material depende do número de condutores ou transportadores de cargas por unidade de volume (n), da carga (q) de cada condutor e da sua mobilidade (m): σ= n q m Tanto o número de condutores (n) como a sua mobilidade (m) depende da temperatura. Os condutores ou transportadores de cargas podem ser ânions, cátions, elétrons e vazios eletrônicos (buracos). Os principais transportadores de carga nos sólidos são os elétrons. Resistividade (ρ) Grandeza que depende somente do material.A unidade da resistividade elétrica é (Ω.m) ou (Ω.cm). Definida como o inverso da condutividade => ρ = 1/σ Onde: L: comprimento do fio [m] A: área da seção reta do fio [m2]. Resistividade (ρ) em função da Temperatura Numa faixa de temperatura, não muito grande, a resistividade de um material pode ser dada por: ρT = ρT0 [1 + α (T –T0)] α é o coeficiente de temperatura da resistividade (°C-1). Comportamento da resistividade para diversos materiais: Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 58 Enquanto um aumento de temperatura aumenta a resistividade dos materiais metálicos, a condutividade dos semicondutores e isolantes é diminuída. Mobilidade Eletrônica Quando um campo elétrico é aplicado, uma força é colocada para atuar sobre os elétrons livres; como consequência disso, todos eles experimentam uma aceleração em uma direção que é oposta àquela do campo, em virtude das suas cargas negativas. De acordo com a mecânica quântica, não existe qualquer interação entre um elétron em aceleração e os átomos em uma rede cristalina perfeita. Os defeitos na rede cristalina servem como espalhamento para os elétrons de condução, o aumento do número destes também diminui a condutividade. As colisões daqueles elétrons com as imperfeições ou com as impurezas transferem energia para estas, aumentando sua energia vibracional e provocando um aumento de temperatura. Cada evento de espalhamento faz com que um elétron perca energia cinética e mude a direção do seu movimento. Espalhamento dos elétrons por imperfeições na rede cristalina: Átomos de impurezas; Lacunas; Átomos intersticiais; Discordâncias; Vibrações térmicas dos próprios átomos. Os mecanismos de espalhamento atuam de maneira independente uns dos outros. A concentração dessas imperfeições depende da temperatura da composição. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 59 Isolantes São materiais que não apresentam cargas elétricas móveis em sua estrutura. Os elétrons de valência estão rigidamente ligados aos seus átomos. Entre os próprios elementos simples, existem vários que apresentam os elétrons de valência rigidamente ligados aos átomos. Entretanto, verifica-se que se consegue uma resistividade muito maior com substâncias compostas, como é o caso da borracha, mica, teflon, baquelite etc. (os átomos se combinam, formando estruturas complexas, os elétrons ficam mais fortemente ligados a estas estruturas). Semicondutores Possuem condutividade elétrica intermediária entre os condutores e os isolantes. A condutividade elétrica é fortemente dependente da concentração de impurezas. São formados pelos elementos das colunas IIB a VIA da tabela periódica. A ligação química predominante entre os elementos é a covalente. Observação: Quanto mais separados os elementos estiverem na tabela periódica, mais iônica será a ligação química e a condutividade elétrica dos composto se aproximará de um material isolante. Semicondutores Intrínsecos São materiais cuja concentração de impurezas é tão pequena que não afeta sua condutividade. A condutividade é definida pela estrutura eletrônica do material puro. São classificados em: elementares, formados por um único elemento (Si e Ge) compostos, formados por mais de um elemento (GaAs - Arseneto de Gálio). A condutividade elétrica é definida pela existência de dois portadores de cargas: a) os elétrons (-). b) os buracos (+): ausência de uma ligação química, a qual é consequência do elétron que foi retirado da ligação covalente. Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 60 Modelo de ligação eletrônica para a condução elétrica no silício intrínseco: (a): antes da excitação; (b) e (c): após a excitação (os movimentos subsequentes do elétron livre e do buraco em resposta a um campo elétrico externo). Semicondutores Extrínsecos A condutividade é definida pela quantidade e pelo tipo da impureza adicionado ao material. Eles são do tipo-n ou do tipo-p. Extrínsecos tipo-n: São adicionados, ao material semicondutor, átomos de impureza de valência maior. Deste modo, sobram elétrons na ligação covalente, os quais serão responsáveis pela condutividade. Exemplo: Fósforo (P) (grupo VA) no Silício (Si) (grupo IVA). Modelo de semicondução extrínseca do tipo-n (ligação eletrônica): (a): Um átomo de impureza tal qual como o fósforo, que possui cinco elétrons de valência, pode substituir um átomo de silício. Isso resulta em um elétron de ligação extra, o qual está ligado ao átomo de impureza e orbita ao seu redor; (b): Excitação para formar um elétron livre; (c): O movimento desse elétron livre em resposta a um campo elétrico. Extrínsecos tipo-p: São adicionados, ao material semicondutor, átomos de impureza de valência menor. Deste modo, faltam elétrons para completar a ligação covalente, originando os buracos, os quais serão responsáveis pela condutividade. Exemplo: B (grupo IIIA) no Si (grupo IVA). Apostila de Ciências dos Materiais Profa. Márcia Rocha 61 Modelo de semicondução extrínseca do tipo-p (ligação eletrônica): (a): Um átomo de impureza tal como o boro, que possui três elétrons de valência, pode substituir um átomo de silício. Isso resulta em uma deficiência de um elétron de valência ou em um buraco que está associado ao átomo de impureza; (b): O movimento desse buraco em resposta a um campo elétrico. Condutores – Metais Nos metais os elétrons de valência não estão ligados a nenhum átomo específico (estão livres). A alta condutividade elétrica dos materiais metálicos é devida ao grande número de condutores de carga (elétrons livres) que podem ser facilmente promovidos acima do nível de Fermi. A resistência elétrica dos metais e ligas tem origem no espalhamento dos elétrons pelas vibrações da rede, pelos átomos de impureza e pelos defeitos cristalinos. A resistividade elétrica de um material metálico monofásico pode ser considerada como sendo a soma de várias parcelas: ρ = ρt + ρi + ρd onde ρt é a contribuição proveniente das vibrações térmicas; ρi é devida às impurezas e ρd é a contribuição devida à deformação, ou seja, aos defeitos cristalinos. Exercícios 1)Explique a origem da condutividade elétrica em metais. Com base em sua explicação, defina um condutor, um isolante e um semicondutor. 2)Cite alguns exemplos que dificulte a movimentação eletrônica diminuindo a condutividade elétrica nos metais. 3)As condutividades elétricas da maioria dos metais decrescem gradualmente com a temperatura, mas a condutividade intrínseca dos semicondutores sempre cresce rapidamente com a temperatura. Justifique a diferença. 4)A adição de pequenas quantidades (menos de uma parte por milhão) de arsênio no germânio aumenta drasticamente sua condutividade elétrica (semicondutor do tipo n). Explique este comportamento. 5)A adição de pequenas quantidades (menos de uma parte por milhão) de gálio no germânio aumenta drasticamente sua condutividade elétrica (semicondutor do tipo p). Explique este comportamento.
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