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José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 OBESIDADE DEFINIÇÃO Obesidade é uma enfermidade crônica que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura, a nível tal que comprometa a saúde, sendo considerada com Índice de Massa Corporal maior ou igual 30 (IMC ≥30). Provocada por desequilíbrio nutricional associado ou não a distúrbios genéticos ou endócrino-metabólicos. CLASSIFICAÇÃO IMC: Na população brasileira, tem-se utilizado a tabela proposta pela OMS para classificação de sobrepeso e obesidade: Cálculo:O IMC (calculado através da divisão do peso em kg pela altura em metros elevada ao quadrado, kg/m²) é o cálculo mais usado para avaliação da adiposidade corporal. É um bom indicador, mas não totalmente correlacionado com a gordura corporal. Pode haver diferenças na composição corporal em função do sexo, idade, etnia, no cálculo de indivíduos sedentários quando comparados a atletas, na presença de perda de estatura em idosos devido a cifose, em edemaciados, etc. O IMC não distingue massa gordurosa de massa magra, podendo ser menos preciso em indivíduos mais idosos, em decorrência da perda de massa magra e diminuição do peso, e superestimado em indivíduos musculosos. Além disso, o IMC não reflete a distribuição da gordura corporal. A medida da distribuição de gordura é importante na avaliação de sobrepeso e obesidade porque a gordura visceral (intra-abdominal) é um fator de risco potencial para a doença, independentemente da gordura corporal total. Indivíduos com o mesmo IMC podem ter diferentes níveis de massa gordurosa visceral. Por exemplo: a distribuição de gordura abdominal é claramente influenciada pelo sexo: para algum acúmulo de gordura corporal, o homem tem, em média, o dobro da quantidade de gordura abdominal em relação à mulher antes da menopausa. Portanto, o ideal é que o IMC seja usado em conjunto com outros métodos de determinação de gordura corporal [como a circunferência abdominal] . A combinação de IMC com medidas da distribuição de gordura pode ajudar a resolver alguns problemas do uso do IMC isolado. José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 MASSA GORDUROSA E DISTRIBUIÇÃO DE GORDURA: A relação circunferência abdominal/quadril (RCQ) foi inicialmente, a medida mais comum para avaliação da obesidade central, mas há aproximadamente 20 anos reconheceu-se que pode ser menos válida como medida relativa. No entanto, na população brasileira, a RCQ também demonstrou associar-se a risco de comorbidades. A medida da circunferência abdominal reflete melhor o conteúdo de gordura visceral que a RCQ e também se associa muito à gordura corporal total. Sugeriram-se vários locais e padrões para avaliar a CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL: →Pode-se realizar a medida no maior perímetro abdominal entre a última costela e a crista ilíaca, segundo recomendações da OMS. →Já a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica recomenda medir a circunferência abdominal no ponto médio entre o rebordo costal inferior e a crista ilíaca. Toma-se a medida do quadril, no seu maior diâmetro, com a fita métrica, passando sobre os trocânteres maiores. A Tabela 5 apresenta sugestões de pontos de corte da circunferência abdominal em caucasianos europídeos e outros grupos étnicos para diagnóstico de síndrome metabólica pelo critério da Federação Internacional de Diabetes, que estabelece como ponto de corte para risco cardiovascular aumentado a medida de circunferência abdominal ≥ 94 cm em homens e ≥80 cm em mulheres. De acordo com o National Cholesterol Education Program (NCEP), o ponto de corte deve ser de 102 cm para homens e 88 cm para mulheres. Outras medidas de circunferências que podem ser usadas são: braquial, coxa, cervical e panturrilha. →CIRCUNFERÊNCIA BRAQUIAL (ponto médio entre o acrômio e o olecrano) e a da PANTURRILHA são bons marcadores de estados de deficiência nutricional, sendo que esta última indica sarcopenia em idosos se <31 cm. →CIRCUNFERÊNCIA DA COXA (medida logo abaixo da prega glútea) tem alta correlação com o IMC, com gordura periférica, e tem correlação inversa com doença CV. José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 →RELAÇÃO CINTURA-ESTATURA: um conjunto de estudos mostraram que a relação cintura-estatura foi um preditor melhor do que o IMC do risco de mortalidade e também de anos de vida perdidos para ambos os sexos; desfechos que dão apoio à mensagem simples de que a circunferência abdominal deve ser menor que a metade da estatura. O ponto de corte da relação cintura estatura é 0,5 (a cintura deve ser menor que a metade da altura). A relação cintura-estatura é uma medida simples para avaliação do risco associado ao estilo de vida e excesso de peso em adultos, mas não confirmado em crianças e adolescentes. AVALIAÇÃO COMBINADA: A associação da medida da circunferência abdominal com o IMC pode oferecer uma forma combinada de avaliação de risco e ajudar a diminuir as limitações de cada uma das avaliações isoladas, mas no rastreamento inicial (prevenção primária) o IMC pode ser usado isoladamente. →Prevenção da obesidade: José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 ETIOLOGIA/FATORES DE RISCO A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais (estresse). INFLUÊNCIA DO AMBIENTE: A diminuição dos níveis de atividade física (sedentarismo) e o aumento da ingestão calórica são fatores determinantes ambientais mais fortes. ESTILO DE VIDA URBANO MODERNO: A maior taxa de aumento da obesidade ocorre em populações com maior grau de pobreza e menor nível educacional. I)Alta palatabilidade e baixo custo de alimentos de grande densidade energética: pode-se explicar a associação da obesidade com populações de maior grau de pobreza pela maior palatabilidade e pelo baixo custo de alimentos de José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 grande densidade energética. Estas características favorecem o aumento da ingestão alimentar e, portanto, contribuem para o desequilíbrio energético. II) Gestação: o ganho de peso excessivo durante a gestação e falta de perda de peso após o parto são importantes preditores de obesidade em longo prazo. III) Cessação do tabagismo: em média, os indivíduos que abandonam o tabagismo ganham de cinco a seis quilogramas. O ganho de peso pode ser atenuado pela terapia com bupropiona. A nicotina tem efeitos termogênicos e redutores do apetite e seus efeitos sobre o apetite são reforçados pela cafeína. IV) Início da vida profissional: interromper a prática de esportes e diminuir o gasto energético diário são mecanismos influenciadores de ganho de peso, o que pode estar ligado a início da vida profissional e falta de tempo. GENÉTICA: A obesidade é uma das manifestações descritas em 24 doenças mendelianas, como, por exemplo, a síndrome de Prader-Willi, e em nove tipos de doenças monogênicas não mendelianas, todas causando obesidade precoce na infância. A obesidade comum, no entanto, tem herança poligênica. Nem todos os indivíduos ganham a mesma quantidade de peso quando expostos a dietas hipercalóricas. O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, enquanto, quando um dos genitores é obeso, eleva- se a 50%, atingindo 80% quando ambos são obesos. O risco de desenvolvimento de obesidade é maior na presença de história familiar de obesidade mórbida, com IMC ≥ 40 kg/m2, ou com níveis mais moderados de obesidade, IMC <40 kg/m2 ESTRESSE: Sintomas de estresse, tais como ansiedade, depressão, nervosismo e o hábito de se alimentar quando problemas emocionais estão presentes são comuns em pacientes com sobrepeso ou obesidade, sugerindo relação entre estresse, compulsão por comida palatável, transtorno de compulsão alimentar e obesidade. Descreve-se hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que leva a feedbacknegativo no núcleo paraventricular. Esse feedback negativo inicia com a produção de CRH pelas células neuroendócrinas do hipotálamo que estimula a hipófise a produzir ACTH que por sua vez estimula a produção e secreção de cortisol pelas adrenais. O cortisol exerce um feedback negativo nos neurônios do hiportálamo que produzem CRH com ação pré-sináptica inibitória que leva a redução da produção do CRH e em consequência reduz a sensação de estresse. Levando a produção de endocanabinóides que têm efeito no núcleo accumbens, o que leva a busca de comida palatável calórica que tem propriedades de recompensa poderosas, influenciando o comportamento futuro e levando a maior acúmulo de gordura visceral. IATROGÊNIA FARMACÊUTICA: Muitos medicamentos utilizados para tratamento de condições outras além da obesidade podem contribuir para aumento de peso ou para exacerbação do ganho de peso em indivíduos suscetíveis. Uma revisão sistemática e metanálise mostrou que o ganho de peso ocorreu com o uso dos antidepressivos amitriptilina e mirtazapina; dos antipsicóticos atípicos olanzapina, quetiapina e risperidona, do anticonvulsivante e estabilizador do humor gabapentina; e com as drogas hipoglicemiantes tolbutamida, pioglitazona, glimepirida, gliclazida, glibenclamida, glipizida, sitagliptina, e nateglinida. Ocorreu perda de peso com o uso dos antidiabéticos metformina, acarbose, miglitol, pramlintida, liraglutida e exenatida; dos anticonvulsivantes zonisamida e topiramato; e dos antidepressivos bupropiona e fluoxetina. Além dos medicamentos estudados na metanálise, que tinham placebo como comparador, classicamente, é comum observarmos ganho de peso com o uso de corticosteroides. José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 Os anti-histamínicos também parecem induzir ganho de peso, com anti-histamínicos mais potentes produtores de maior ganho de peso. No tratamento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida com medicamentos anti-retrovirais e inibidores da protease também ocorre ganho de peso e aumento da adiposidade abdominal. REDUÇÃO DO SONO E PRODUÇÃO DE MELATONINA O número de horas de sono por noite está inversamente relacionado ao IMC e obesidade em estudos transversais e obesidade incidente em estudos longitudinais. Privação do sono provoca diminuição da secreção de leptina e TSH, aumento dos níveis de grelina e diminuição da tolerância à glicose em animais e em seres humanos, incluindo aumento da fome e do apetite. Estas mudanças são consistentes com a privação de sono crônica levando ao aumento do risco de obesidade. Nos mamíferos, a melatonina secretada na glândula pineal funciona como um hormônio cronobiótico, desempenhando um papel importante na regulação da ordem temporal interna circadiana. Evidências experimentais demonstram que a melatonina é necessária para a síntese adequada, secreção e ação da insulina. Melatonina atua regulando a expressão de GLUT4 e da fosforilação do receptor de insulina e de substratos intracelulares da via de sinalização de insulina. A redução na produção de melatonina, tal como durante o envelhecimento, o trabalho em plantões e turnos ou ambientes cada vez mais iluminados durante a noite induz a resistência à insulina, intolerância à glicose, perturbações do sono, e a desorganização circadiana metabólica caracteriza um estado de cronoruptura que leva à obesidade. AUMENTO DA IDADE DAS GRÁVIDAS: O risco de obesidade na criança aumenta em cerca de 15% para cada incremento de 5 anos na idade materna. OBESIDADE DE ORIGEM INFECCIOSA: SMAM-1, um adenovírus aviário da Índia, atua nos adipócitos e é o único vírus animal que está associado com a obesidade humana. Os 3 adenovírus humanos, adenovírus (Ad) 36, Ad-37, e Ad-5 também afetam diretamente os adipócitos. Estes vírus estimulam as enzimas e os fatores de transcrição que causam acúmulo de triglicérides e a diferenciação de pré- adipócitos em adipócitos maduros. Ad-5 e Ad-37 causam obesidade em animais. O Ad-36 causa obesidade em galinhas, camundongos, ratos e macacos e está presente em 30% dos humanos obesos e 11% dos não obesos. A composição microbiana intestinal alterada pode originar a obesidade, aumentando a captação de energia. Tanto no intestino grosso como no delgado, alterações nas populações microbianas podem aumentar a permeabilidade do intestino facilitando a translocação de bactérias inteiras ou de componentes bacterianos endotóxicos. Além disso, as comunidades microbianas alteradas podem afetar a produção de sinais de indução de saciedade, e produtos metabólicos bacterianos; podem alterar a sinalização imune e metabólica mudando a função do tecido adiposo, cérebro, fígado, músculo e pâncreas e induzindo inflamação de baixo grau, resistência à insulina e aumento de peso. José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE RESISTÊNCIA À INSULINA: a capacidade da insulina para estimular a absorção, oxidação e o armazenamento da glicose nos músculos e de suprimir as concetrações de Ácidos graxos livres (AGL) é reduzida nos casos de obesidade da parte superior do corpo. Concentrações altas de AGL no plasma induzem um estado de resistência à insulina tanto nos músculos (absorção da glicose) como no fígado (liberação de glicose), independente da obesidade. A relação molecular entre a obesidade e a resistência à insulina na gordura, nos músculos e no fígado tem sido pesquisada há muitos anos. São alguns fatores importantes: (1) a própria insulina, ao induzir a subregulação do receptor; (2) os ácidos graxos livres, que ficam elevados e podem dificultar a ação da insulina; (3) o acúmulo intracelular de lipídeos e (4) os vários peptídeos circulantes produzidos pelos adipócitos, como as citocinas TNF-α e IL-6, RBP4, bem como as adipocinas adiponectina e resistina, que apresentam expressão alterada nos adipócitos dos obesos e podem modificar a ação da insulina. Outros mecanismos são inflamação ligada à obesidade, como infiltração de macrófagos nos tecidos como gordura, e indução de resposta ao estresse de retículo endoplasmático, que pode produzir resistência à ação da insulina nas células. A resistência à insulina conduz, inicialmente, à hiperinsulinemia e pode, eventualmente, levar ao desenvolvimento do diabetes tipo 2. A obesidade é um importante fator de risco para o diabetes, e até 80% dos pacientes com diabetes melito tipo 2 são obesos. A perda de peso e o exercício, ainda que modestos, aumentam a sensibilidade à insulina e muitas vezes melhoram o controle da glicose no diabetes. HIPERTENSÃO: a pressão arterial pode ser aumentada por uma série de mecanismos: →Volume circulatório aumentado, vasoconstrição anormal, relaxamento valvular diminuído e aumento do débito cardíaco. Todos esses fatores contribuem para a hipertensão na obesidade. → Alterações na resistência vascular podem, também, contribuir para a fisiopatologia da hipertensão relacionada a obesidade. Sob determinadas condições experimentais, os níveis elevados de AGL foram apontados como causadores do aumento da vasoconstrição e redução do relaxamento vascular mediado por óxido nítrico. →Alguns obesos apresentam atividade do SNS aumentada, o que poderia contribuir para a hipertensão associada à obesidade. → O angiotensinogênio (também é produzido pelos adipócitos) é um precursor da angiotensina II, e sua secreção pode contribuir para a pressão sanguínea elevada. DISLIPIDEMIA: a obesidade da parte central e o diabetes mellitus tipo 2 estão associados com o aumento de triglicerídeos, com o decréscimo de HDL e com a alta produção de LDL. A hipertrigliceridemia de jejum é causada pelo aumento da secreção hepática de VLDL que pode ser desencadeada pelo aumento da oferta de AGL ofertados pelo tecido adiposo ao fígado. A redução das concentrações de HDL e o aumento das concentrações de LDL associadas a obesidade central são provavelmenteuma consequência indireta da elevação das VLDL, ricas em triglicerídeos. José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 DOENÇA CARDIOVASCULAR O estudo Framingham revelou que a obesidade foi um fator de risco independente para a incidência durante 26 anos de doenças vasculares em homens e mulheres (como doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico e insuficiência cardíaca congestiva). A obesidade, sobretudo a abdominal, está associada a um perfil lipídico aterogênico com aumento no LDL, na lipoproteína de muito baixa densidade e nos triglicerídeos, além de diminuição no HDL e nos níveis da adipocina vascular protetora adiponectina. DOENÇA PULMONAR: A obesidade pode ser associada a inúmeras anormalidades pulmonares, as quais incluem diminuição da complacência da parede torácica, aumento no trabalho respiratório, aumento do volume-minuto devido à maior atividade metabólica e diminuição da capacidade pulmonar total, da capacidade residual funcional e do volume expiratório de reserva. A obesidade grave pode estar associada à apneia obstrutiva do sono e à “síndrome de hipoventilação da obesidade”, com respostas ventilatórias hipóxicas e hipercapneicas atenuadas. →A apneia obstrutiva do sono, é provavelmente explicada pelo aumento de volume dos tecidos moles das vias respiratórias superiores, resultando em seu colapso na inspiração durante o sono. A obstrução leva a apneia, com hipoxemia, hipercapnia e uma resposta ao estresse (altos níveis de catecolaminas e endotelinas). Como a pessoa acorda frequentemente para reestabelecer a respiração, a apneia obstrutiva do sono leva ao sono interrompido e de má qualidade. A apneia do sono se associa ao aumento de risco de hipertensão e, se a apneia for grave, à insuficiência cardíaca e à morte súbita. DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS: a doença do refluxo gastroesofágico e os cálculos biliares são mais prevalentes nos pacientes obesos. A infiltração gordurosa do fígado pode evoluir para esteato-hepatite não alcoólica(EHNA) inflamatória e, mais raramente, para cirrose e carcinoma hepatocelular. CÂNCER: A obesidade masculina está associada a maior mortalidade por câncer de esôfago, cólon, reto, pâncreas, fígado e próstata; a obesidade feminina está associada a maior mortalidade por câncer da vesícula biliar, dos ductos biliares, das mamas, do endométrio, do colo uterino e dos ovários. O aumento da taxa de conversão da androstenediona em estrona, que ocorre no tecido adiposo de obesos, pode causar alguns desses tumores. MANIFESTAÇÕES ENDÓCRINAS: Síndrome dos ovários policísticos. Em homens a obesidade pode estar associada ao hipogonadismo hipotalâmico. José Eduardo Palacio Soares – Bloco vida adulta – GT4 FISIOPATOLOGIA
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